Você está na página 1de 4

BENS PÚBLICOS E EXTERNALIDADES

Bens públicos e externalidades podem causar alguns efeitos econômicos, que


certamente poderão provocar intervenções governamentais na economia, com o
objetivo de restaurar as condições de eficiência do mercado, no sentido de Pareto.
Esse termo foi criado pelo economista italiano VilFredo Pareto, e, refere-se a
“situações em que não é possível melhorar a situação de um agente econômico sem
piorar a situação de pelo menos um dos demais agentes”.

Externalidades
Externalidades ocorrem quando a demanda e oferta de um bem impactam
outros mercados. Podem ser de forma positiva, que são chamados de benefícios
externos ou negativa, que são os custos externos. Por exemplo, quando uma
empresa de fundição de cobre provoca chuva ácida que prejudica a colheita dos
agricultores da vizinhança, isso gera um custo externo para a agricultura, ou seja,
essa poluição onera custos de outros mercados, menos para a indústria causadora,
cujos custos industriais envolve outras variáveis, certamente, bem aquém dos custos
impostos à coletividade.
Já a educação gera externalidades positivas, e toda a sociedade aufere os
benefícios gerados pela existência de uma população mais educada. Pesquisas
mostram que um bom nível de escolaridade contribui para melhorar os níveis de
saúde de uma determinada população e reduzem as taxas de mortalidade infantil,
além de reduzir a criminalidade. São benefícios indiretos da educação e que por não
serem apreçados não são computados nos benefícios privados.

As externalidades estão sempre presentes no nosso dia a dia. Todos nós


podemos produzir esse tipo de efeito. Os produtores podem causar externalidades
sobre os consumidores e vice-versa; os fumantes contribuem para a disseminação
de doenças entre os não fumantes (fumantes passivos); ao utilizarmos os
automóveis ocorrem os congestionamentos que por sua vez, afeta o transporte de
mercadorias; as indústrias podem provocar doenças em crianças com a poluição
que geram; enfim, tudo isso são exemplos de custos externos. A grande questão
então, é o que se pode fazer para compartilhar, corrigir ou minimizar esses custos
externos, tanto financeiramente quanto socialmente, ou seja, é necessário apreciar
com cuidado os efeitos maléficos causados à saúde da população. É evidente que
os custos das internações hospitalares, por doenças causadas pela poluição, não
são contabilizadas pelas empresas poluidoras, é também é notório, pra exemplificar
uma externalidade positiva, que o benefício gerado à população através da
vacinação contra poliomielite, não são repassados ao seu inventor.
O equilíbrio de mercado torna-se ineficiente quando se ignora esses custos
externos, tanto os positivos como os negativos, gerando uma demanda produtiva
incompatível, superior ou aquém, ao que seria socialmente desejável.

Equilíbrio dos Mercados Privados

2.1 Externalidades Negativas


Para realizar um equilíbrio de mercado, deve-se adicionar ao custo privado o
custo externo, representado pela externalidade. Assim os danos causados por essa
externalidade a terceiros, passa a ser contabilizado no custo total. Quando esses
custos são ignorados, evidencia uma falha de mercado, através de uma
superprodução a preços inferiores aos seus custos totais.

2.2 Externalidades Positivas


Quando alguém decide estudar, ele gera um benefício externo a toda a
sociedade, que é maior que os benefícios adquiridos pelo estudante em questão,
que não é compensado pelas vantagens usufruídas pelo resto da coletividade.
Enfim, O benefício marginal para o estudante é menor que o benefício social, sendo
portanto, o nível de escolaridade, que corresponde ao equilíbrio de mercado, inferior
ao que seria apurado, caso esse custo fosse considerado.

2.3 O Problema dos Recursos Comunitários (The Tragedy of Commons)


Esse problema ocorre, por exemplo, quando uma pessoa resolve trabalhar
com caça de animais, que por causa de ações predatórias no passado, hoje estão
ameaçados de extinção. Nesse caso o valor de revenda é elevado e por isso o
negócio torna-se vantajoso, porém se isso se generaliza, pode-se extinguir essa
espécie. Existe aí um conflito entre interesses públicos e privados já que o preço de
mercado do animal é superior ao benefício marginal social. O problema é o fato de
ninguém ser proprietário desses animais e por isso eles são considerados recursos
“livres”. Para solucionar esse problema, seria necessário que o governo se
apropriasse desses recursos e assim, poderia restringir, por exemplo, a quantidade
de aves silvestres que poderia ser apreendida.

2.4 Soluções para as Externalidades


A Solução para esse fenômeno, pode originar tanto no setor público quanto
no privado, através da “internalização das externalidades”, como dizem os
economistas.

2.4.1 Soluções Privadas


Esta solução pode ocorrer através de fusões, sanções sociais e pela
negociação de Coase, que será detalhada mais adiante. Isto quer dizer que se uma
atividade produtiva de determinada empresa prejudica a agricultura com chuvas
ácidas, resolve adquirir o controle da exploração agrícola, ela passa a custear os
custos da externalidade negativa, o que reduziria seus lucros, e conseqüentemente
a demanda produtiva, causadora desses efeitos negativos.

Sanções Sociais
Esta solução implica em penalizar os agentes responsáveis pelas
externalidades negativas e incentivar os que geram as positivas. No Brasil, quando
se fala em punição, principalmente financeira, existe um comprometimento maior da
sociedade. É óbvio que é mais fácil jogar lixo em qualquer lugar, mas não é uma
ação socialmente desejável, pois causa efeitos negativos a toda a população.
Visando o bem-estar comunitário, todos devem estar imbuídos dessa
responsabilidade, e perceber que ações, às vezes por mais ínfimas que sejam,
podem causar externalidades negativas.

Direitos de Propriedade e o Teorema de Coase


Hoje em dia é fácil se deparar com as externalidades negativas. Porém
quando se tem o direito de propriedade estabelecido, existe a possibilidade da parte
lesada recorrer ao sistema legal para requerer seus direitos de compensação, ou
seja, representa uma maior proteção à sociedade. Essa definição tembém é muito
importante para a aplicação do Teorema de Coase. Segundo Coase (1980), essa
“internalização” das externalidades, desde que os direitos estejam claramente
definidos e que os custos das transações sejam relativamente baixos, existe a
possibilidade de solucionar o problema das externalidades negativas, sem envolver
o governo, apenas com as partes envolvidas. Quando se envolve milhões de
agentes, como num caso de poluição e etc, é inviável que se aplique essa solução
apontada por Coase, pois é quase impossível identificar a origem dos danos
externos e atribuí-los a determinado agente.
Por outro lado, a ausência de direitos de propriedade bem estabelecidos –
como é o caso dos recursos comunitários – faz com a solução privada não seja
eficiente no sentido de Pareto, justificando assim, a intervenção do estado.

2.4.2 Soluções Públicas


Quando se fala em solução pública, não tem como deixar de falar de
tributação, ou seja, impostos, uso de esquemas regulatórios e multas.

Impostos e Subsídios Corretivos (Pigouvianos)


Ocorre quando o governo resolve penalizar os agentes causadores das
externalidades negativas com a cobrança de impostos e subsidiar, no caso de
externalidades positivas, de forma a forçá-los a considerar os efeitos externos de
suas ações.

4: Correção de Externalidades Negativas (Custos Externos)


A adoção de imposto por unidade de poluição, como já vimos, pode obrigar as
empresas a levar em conta os prejuízos causados à sociedade pelas externalidades
negativas. Assim, é possível chegar a um ponto de eficiência, onde o custo marginal
social seja igual ao benefício marginal, reduzindo também a produtividade
excessiva. Em se tratando de externalidades positivas, associadas ao consumo de
um determinado bem, o benefício marginal social excede o benefício marginal
privado e o consumo desse bem será inferior àquele que seria socialmente
desejável.

Correção de Externalidades Positivas (Benefícios Externos), em Mercados


Competitivos, Mediante o Uso de Subsídios Regulações e Multas
O governo pode obrigar o agente que provoca a poluição a reduzir a produção
da atividade que gera poluição, para níveis socialmente eficiente, sob pena de
pagamento de multas de alto valor, podendo chegar até à proibição de
funcionamento. Para que esse objetivo possa ser atingido, os custos de redução
devem incluir filtros antipoluentes e a utilização de tecnologias consideradas
“limpas“.

Eficiência na Produção em Presença de Externalidades Positivas (Benefícios


Externos) em Mercados Competitivos

3. Bens Públicos
Os bens públicos puros, que também podem ser chamados simplesmente de
bens públicos, possuem características como recursos comunitários, cuja
propriedade não pode ser individualizada em razão desse bem ou serviço não ser
divisível, além de possuir quantidade disponível para o consumo das outras
pessoas, independentemente do seu consumo.

Um belo exemplo de um bem que possui uma dessas características é um


espetáculo pirotécnico, que pode ser visto por várias, tornando impossível a
exclusão de espectadores, isto é, todos, dentro do raio de alcance, poderão vê-lo
sem a necessidade de pagar ingresso. Apesar da demanda de espectadores ser
grande, não interessa à iniciativa privada promover um show desse, pois não há
retorno financeiro para subsidiar o custo do evento. O custo do espetáculo, após
determinado, não alterará, seja qual for a demanda, portanto, o custo marginal para
a adição de mais um espectador que deseje vê-lo, é nulo.
Já os bens privados se caracterizam por um nível elevado de rivalidade no
consumo. Mas o que significa isso? quer dizer que ao consumir determinado bem,
imediatamente ele se torna indisponível para outras pessoas. Por exemplo, quando
você ocupa um assento num determinado local, como num cinema ou teatro, outra
pessoa não poderá se assentar no mesmo lugar. Basicamente, o que difere um bem
público de um bem privado são essas duas características: consumo não excludente
e não rival.

Bens Quase-Públicos ou Impuros


Tudo nessa vida é relativo, até mesmo a definição de bem público descrita no
tópico anterior. Um bem quase público ou impuro, é aquele que atende apenas
parcialmente os princípios de não exclusão e de não rival. Um exemplo disso é a
energia elétrica que é consumida em cada residência. A quantidade de quilowatts
que está sendo consumida não está disponível para as demais residências e caso a
conta de energia não seja paga você pode ser excluído, privado do seu consumo.
Mas em se tratando de energia pública, não há a possibilidade de exclusão, o
benefício é destinado à coletividade e o custo de prover esse serviço para passantes
adicionais é zero. São muitos os exemplos desse tipo de bem, como os programas
gratuitos de vacinação para imunização maciça da população, apesar do custo
marginal ser positivo e a exclusão de não pagantes ser possível. O corpo de
bombeiros ao disponibilizar uma equipe para atender a uma chamada, torna aquela
equipe indisponível para outro atendimento, deixando clara a rivalidade no consumo.
O governo conta com a participação da sociedade, através da arrecadação de
tributos, para prover a população de bens públicos puros ou impuros, porém existe
uma ineficiência nessa provisão, que pode ser ilustrado através do exemplo da
estrada vicinal pouco freqüentada. É certo que o custo marginal de uso dessa
estrada para um veículo adicional é quase nulo, portanto não faz sentido racionalizar
a sua utilização. Caso o governo resolva terceirizar a administração dessa estrada,
geraria um mal-estar à sociedade, pois seria necessário pagar para a utilização e a
consequência disso seria uma subutilização da estrada. Por isso, pode-se afirmar
que essa restrição é desnecessária e que nesse sentido, é notória, socialmente, a
ineficiência do Estado, na provisão privada desse serviço publico.
Concluindo, pode-se dizer que quando ocorrem as falhas de mercado,
especialmente, em decorrência das externalidades e de bens públicos, o governo
interfere de forma a restaurar as condições de eficiência, porém até mesmo essas
ações governamentais geram ineficiências, gerando custos que devem ser
considerados, quando se tratar da correção do funcionamento dos mercados
privados.

Você também pode gostar