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Para haver um negócio jurídico é preciso a existência de, pelo menos, uma declaração
de vontade que o integre. Quer dizer, o primeiro passo para o negócio jurídico consiste
numa declaração de vontade.
b) Tácita: quando se deduz de factos que, com toda a probabilidade, “a” revelem,
referindo-se o “a” à vontade (art.º 217.º, n.º 1, 2.ª parte); é, portanto, uma manifestação
indirecta da vontade que se baseia num comportamento concludente do declarante. O
comportamento destina-se principalmente ou simultaneamente a um outro fim, mas
permite a conclusão no sentido da existência de uma dada vontade negocial. Assim, o
comportamento declarativo não aparece como visando directamente de uma maneira
frontal a exteriorização da vontade que se considera declarada por essa forma.
Ex: Quem estaciona o seu automóvel num parque de estacionamento,
sujeito ao pagamento de um preço, visa de uma maneira directa estacionar o carro mas
revela, implicitamente, ainda a vontade de aceitar o preço estabelecido).
Apesar de, como ficou exposto, a declaração negocial ser formada pelos elementos
interno (vontade) e externo (declaração), ela constitui um todo.
Se um dos referidos sub-elementos faltar de todo, ou for deficiente, ou se o elemento
objectivo não obedecer às exigências legais, a declaração negocial é atingida por esse
facto e, conforme os casos, não existente ou inválida (nula ou anulável), repercutindo-se
a invalidade sobre os seus efeitos, ou simplesmente irregular (podendo ser rectificada).
Deste modo, os declarantes não são obrigados, por via de regra, a adoptar uma forma,
facto que não exclui, porém, que eles próprios resolvam, dentro do princípio da
liberdade de forma, escolher voluntariamente uma forma qualquer. Neste caso fala-se da
forma convencional.
Art.º 222.º, n.º 1 – prevê o caso de o autor da declaração ter adoptado, de livre vontade,
a forma escrita e diz, ao circunscrever o âmbito desta forma voluntária, que ela não
afecta ou prejudica eventuais estipulações acessórias verbais, desde que correspondam à
vontade do declarante.
Art.º 223.º - Regula situações em que as partes convencionaram ou estipularam entre si
uma determinada forma voluntária (portanto, não só a simples forma escrita, como no
art.º 222.º) e prevê, em atenção à altura em que a estipulação foi feita, dois tipos de
efeitos diferentes provocados pela forma escolhida.
Art.º 223.º Forma Convecional
1. Podem as partes estipular uma forma especial para a declaração; presume-se,
neste caso, que as partes se não querem vincular senão pela forma
convencionada.
2. Se, porém, a forma só for convencionada depois de o negócio estar concluído
ou no momento da sua conclusão, e houver fundamento para admitir que as
partes se quiseram vincular desde logo, presume-se que a convenção teve em
vista a consolidação do negócio, ou qualquer outro efeito, mas não a sua
substituição.
Assim, a exigência de forma feita voluntariamente pode, por isso mesmo que se trata de
uma forma voluntária, ser afastada pelas partes, através de uma determinação ulterior ou
sucessiva em sentido contrário.
Princípio da liberdade declarativa ----» art.º 217.º CC -----» excepções: arts. 590.º, n.º 2;
595.º, n.º2; 731.º, n.º2 e 957.º, n.º1.
Princípio da liberdade de forma ----» art.º 219.º CC -----» excepções: arts. 875.º, 947.º,
981.º ou 1710.º -----» aqui a observância da forma legal é um pressuposto de validade
do negócio.
Acrescente-se por fim, que o formalismo legal ainda conhece – tal como sucede com a
forma convencionada – a “forma ad probationem”, sem relevância para a validade do
negócio.
Não é apenas relevante para uma declaração negocial o seu conteúdo, de acordo com o
modo em que a vontade se manifesta, ou a sua forma, observada por virtude da lei ou
convenção, mas ainda o momento da sua eficácia (ou perfeição) antecedido, por seu
lado, ainda o momento da emissão. Ao aspecto estrutural junta-se um elemento
temporal: o desenvolvimento da declaração no tempo.
Ou seja, para que os efeitos jurídicos de uma declaração negocial se produzam é preciso
que esta, depois de ter sido feita ou formulada, se tone eficaz, perfeita.
Existência de uma declaração negocial
Momentos sequenciais:
1.º - exteriorização, quando a declaração é Fenómenos que se
Fenómenos
verificam do lado
formulada ou manifestada, exprimindo o
que se
do declaratário,
declarante a sua vontade; verificam
sendodoo
2.º - expedição, quando a declaração, depois de lado do
pressuposto lógico
exteriorizada, é expedida pelo declarante; declarante
de ambos a anterior
emissão da
3.º - recepção, quando a declaração chega ao declaração negocial
poder do seu destinatário ou declaratário em
termos que normalmente lhe permitam tomar
conhecimento do seu conteúdo (entrada na esfera
de poder do declaratário);
4.º - conhecimento, quando o destinatário ou
declaratário toma, de facto, conhecimento da
declaração que lhe foi dirigida
Porém…
Nem todas as declarações negociais apresentam as fases descritas em cima, em que
aparece, primeiro, um declarante e, em seguida, um declaratário.
No que diz respeito ao momento em que a declaração negocial ganha eficácia, ou seja, o
momento em que começa a produzir os seus efeitos, existem quatro teorias, ligadas às
diversas fases que a declaração pode percorrer:
1. A declaração negocial que tem um destinatário torna-se eficaz logo que chegue
ao seu poder ou é dele conhecida (declarações receptícias); as outras, logo que
a vontade do declarante se manifesta na forma adequada (declarações não
receptícias).
2. É também considerada eficaz a declaração que só por culpa do destinatário não
foi por ele oportunamente recebida.
3. A declaração recebida pelo destinatário em condições de, sem culpa sua, não
poder ser conhecida é ineficaz.
Art.º 224.º, n.º1, 2.ª parte -----» declarações não receptícias: tornam-se eficazes logo
que a vontade se manifesta na forma adequada (aplica-se, igualmente, este regime às
declarações receptícias abrangidas pelo art.º 225.º):
- teoria da exteriorização: ex., testamento (art.º 2179.º);
- teoria da expedição: ex., promessa pública (art.º 459.º).
2. A conclusão do contrato
Deste artigo decorre que todas as propostas são, em princípio, irrevogáveis, a não ser
que haja excepções, de resto admitidas logo no início do n.º 1. Todavia, a proposta
nunca pode ser revogada depois de ter sido aceite, suposto que a aceitação leve à
conclusão do contrato (art.º 406.º, n.º1, 2.ª parte “… e só pode modificar-se ou
extinguir-se por mútuo consentimento dos contraentes ou nos casos admitidos na lei.”).
N.º 3, do art.º 230.º ---» corresponde às regras dos arts. 224, n.º1, 2.ª parte e 225.º.
Quanto aos casos em que não foi fixado prazo, nem pedida uma resposta imediata e a
proposta foi dirigida, verbalmente, a um presente, entende-se que não há razões para
não conceder ao destinatário um período de reflexão, de acordo com as circunstâncias,
antes de aceitar.
Para a conclusão do contrato são necessárias sempre uma proposta eficaz e a sua
aceitação eficaz e tempestiva, bem como a concordância entre as partes
contratantes, resultante da convergência entre o conteúdo da proposta e aceitação.
O momento da conclusão do contrato é o da eficácia
da declaração de aceitação ou, sendo esta dispensada, a altura da respectiva
conduta exterior. Os casos em que o silêncio conduz à formação do contrato estão
expressamente tipificados na lei.
B) Os efeitos da conclusão do contrato, nomeadamente os seus efeitos reais
Art.º 408.º
1. A constituição ou transferência de direitos reais sobre coisa determinada dá-se
por mero efeito do contrato, salvas as excepções previstas na lei.
Art.º 796.º
1. Nos contratos que importem a transferência do domínio sobre certa coisa ou
que constituam ou transfiram um direito real sobre ela, o perecimento ou
deterioração da coisa por causa não imputável ao alienante corre por conta
do adquirente.
Art.º 874.º