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Relações de trabalho em Roma

Na Roma antiga, a agricultura era a atividade econômica fundamental dos romanos.


Inicialmente, a terra era utilizada de forma comunitária, com base em grupos de famílias
chamados clãs ou gens. Mas essa situação começara a mudar com a expansão de
territórios e o crescimento econômico e populacional. As famílias patrícias mais antigas
e poderosas, que possuiam terras mais férteis, passaram a apropriar-se de terras que até
então eram públicas.

Os grandes proprietários possuíam escravos, pois as famílias patrícias abastadas


desenvolviam sua economia com o uso da mão-de-obra escrava. Esses senhores, donos
de propriedades e escravos eram chamados de dominus.

Na Roma antiga predominava as Villae, ou seja, unidades de produção agrícola, que se


utilizava do trabalho escravo e que proporcionava grandes lucros aos senhores. Na
Sicília e no sul da península Itálica, predominava o sistema do latifundium, isto é, as
grandes propriedades nas quais trabalhavam escravos na agrícultura.

Os escravos eram essenciais na Roma Antiga, já que constituíam a maioria da mão-de-


obra. A maioria empregada no trabalho agrícola, na mineração e no serviço doméstico.
Muitos também foram utilizados como gladiadores, lutadores escravos treinados na
Roma Antiga. O nome “Gladiador” provém da espada curta usada por este lutador, o
gladius (gládio). Faziam parte da política do “pão e circo” (panis et circencis).

Com as conquistas dos séculos II e I a.C., centenas de milhares de pessoas foram


reduzidas à escravidão, em toda a bacia mediterrânica. Milhares de púnicos, númidas,
gregos, sírios, judeus, egípcios, gauleses e espanhóis eram vendidos diariamente nos
grandes mercados de escravos de Marselha, Óstia, Roma, Alexandria, Delos, Rodes,
Atenas, etc. Alguns eram prisioneiros de guerra, outros eram viajantes ou camponeses
que tiveram o azar de ser raptados por piratas ou traficantes de escravos.

Regra geral, os escravos do campo viviam em condições muito piores que os da cidade.
Fechados como gado, em grandes barracões sem as mínimas condições (os
“ergulastum”), trabalhavam nas enormes plantações pertencentes a senadores ou
cavaleiros romanos.

Os escravos das minas e das galés eram, sem dúvida alguma, os que tinham pior sorte.
Geralmente eram criminosos condenados por crimes de sangue, mas, por vezes, eram
simples escravos comprados para o efeito. Nas profundezas das insalubres minas do
Baixo Egito, ou nos porões dos trirremes imperiais, estes escravos levavam uma
existência verdadeiramente subumana. Geralmente, não duravam mais de três ou quatro
anos em tais condições.

Os escravos eram considerados “instrumentos vocais”, ou seja, que o que os distinguia


dos animais era a faculdade de falarem. Mas era, sobretudo, “res mobilis”, isto é, uma
“coisa” ou um “bem móvel”, do qual seu senhor poderia usufruir plenamente, e vendê-
lo, emprestá-lo, doá-lo, deixar como herança, etc.

O escravo não era cidadão romano, não possuía direitos sociais e políticos. O escravo
não usufruía de nenhuma liberdade: ele não possuía bens imóveis, não tinha proteção
contra a detenção ilegal, não tinha liberdade de movimento e não tinha liberdade de
escolher seu trabalho. Sua vida e atividade dependia da vontade do seu senhor; sua
situação só podia mudar se o senhor consentisse, se fosse vendido ou se morresse.

A ampla utilização da mão-de-obra escrava, entretanto, gerou resistência por parte dos
escravos através de rebeliões dos cativos. A rebelião mais significativa foi comandada
pelo gladiador escravo trácio Spartacus, de 74 a 71 a.C., ameaçando a própria cidade de
Roma. Escapando de Cápua, cidade ao sul de Roma, 74 gladiadores refugiaram-se
próximo ao vulcão Vesúvio, onde reuniram mais de 120 mil pessoas.

UMA FAMÍLIA DIFERENTE DA NOSSA            

Para os romanos o conceito de família era bem mais abrangente, englobava tudo o que
estava sob a responsabilidade do pai: a esposa e filhos, escravos, animais e todos os
bens móveis e imóveis (família extensa). Existiam as diferenças sociais, os escravos não
eram cidadãos romanos, poderiam ser depois de sua libertação, e os pobres podiam ou
não ser cidadãos.  O casamento para os ricos, antes de tudo, era uma união de famílias.
Era casamento arranjado, pouco importando o amor e sim, a posição social do noivo,
sua capacidade de tornar-se um bom chefe de família e sua possível riqueza (noiva com
12 a 15 anos, e o noivo um homem já maduro).  Os escravos não podiam casar-se, o que
não impedia que namorassem entre eles, e depois se libertados a união era reconhecida.
Mas diferente dos ricos, os casais tinham mais ou menos a mesma idade e envolviam-se
basicamente por amor.  Os pobres podiam casar-se, mas visavam ajudar-se na
sobrevivência diária, claro que também havia amor e paquera, como os escravos, e as
idades também não tinham muita diferença.    

 O DIA-A-DIA DE UMA FAMÍLIA ROMANA            

O casamento dos ricos era uma grande festa, a partir dali a menina se tornava uma dona
de casa. Já entre os pobres era diferente, uma vez que se uniam também para se ajudar.
Homem e mulher trabalhavam juntos arduamente, em geral eram as mulheres que
gerenciavam as de casa e dos negócios. A gravidez era sempre muito importante
primeiro porque era a geração de herdeiros e segundo porque muitas vezes a mãe morria
no parto. Quando acontecia a criança era criada pela família do pai ou por uma
madrasta.            As crianças das classes ricas brincavam e eram ensinadas por um
preceptor (professor particular), as outras entre 7 e 10 anos iam para escola (pequena
sala perto de uma loja), aprendiam basicamente a ler, escrever e contar. Apenas uma
parte dessas crianças, com mais de 10 anos, passavam para escola secundária. Uma
parte menor ainda, a partir dos 14 anos, seguia os estudos superiores. 

A FAMÍLIA NA CASA E NA CIDADE            

Na época do Império Romano havia diversos tipos de moradia. As mansões, na cidade,


eram chamadas de domus (daí a palavra doméstico), e no campo de villa (daí vila).    Na
mansão vivia uma família ´extensa´, podia ser imensa, com muitos aposentos. Havia
escravos guardando a entrada, as paredes pintadas do chão ao teto, abertura no teto,
diversas portas dando para diversos aposentos, ao fundo sala de estar com divãs ou
sofás, ainda havia o jardim, nos fundos da casa, ao ar livre com fontes, estátuas, altar e
pórtico coberto. Se fosse no campo ainda teriam os recintos relacionados ao trabalho
agrícola, destinados a armazenar vinho ou azeite, além de chiqueiros e estábulos.
Sempre haviam escravos e senhores convivendo, e clientes (pessoas que deviam
favores) visitando e prestando homenagens. Faziam três refeições, sendo o jantar a
principal, a mais farta, sempre acompanhadas de vinho, e comiam com as mãos. Os
pouco abastados, na cidade, viviam em apartamentos e em edifícios,podiam ter até seis
andares, o tamanho do apartamento ia diminuindo conforme ia subindo as escadas.
Havia pouca privacidade e conforto. Alguns comerciantes viviam na própria loja, num
aposento acima do térreo, e nas aldeia os camponeses viviam em casebres (daí
casa).   Só algumas mansões tinham banheiro próprio. Havia sim eram latrinas e banhos
públicos. Ricos e pobres freqüentavam esses banhos, tinha água quente e fria,
conversavam, faziam amizades, entretinham-se. Podiam ser só masculinas, só femininas
ou mistas.   As cidades eram circundadas por muralhas, os mortos ficavam fora, antes da
entrada da cidade, "a lápide seguinte nos advertiria: lembre-se de que sou você
amanhã!". Haviam os bares e lojas. Já tinham propaganda política. Tinham as bicas que
recebiam água dos aquedutos e serviam a toda população, já que água encanada não
chegava "a maioria das casas. Tinha padaria e lavanderia, onde todos usavam para lavar
e tingir sua roupas. Mais no centro tinha o fórum, uma praça onde era vendido de tudo,
um templo com uma estátua do deus Apolo e uma inscrição com o nome de quem
construí o templo. Havia ainda teatros, centro de esportes e anfiteatro onde havia os
espetáculos de caçadores e jogos de gladiadores. A iluminação era com lamparinas. 

UM IMENSO IMPÉRIO E AS MUITAS MANEIRAS DE SER ROMANO            

O Império Romano é normalmente dividido em duas partes, segundo a língua usada


para redigir documentos oficiais: o ocidente que usava o latim; e o oriente que usava o
grego. O ocidente abrangia toda a Europa ocidental, incluindo a maior parte da atual
Grã-Bretanha, parte dos territórios da Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Portugal,
Suíça e Itália, e toda a África do Norte até a Líbia. Algumas cidades atuais já existiam
antes dos romanos, como Marselha, mas a grande maioria é de origem romana.  O
oriente romano, que havia sido conquistado antes dos romanos, era constituído de
antigos grandes impérios, como o Egípcio, Atenas, Corinto, Éfeso, a atual Croácia, a
antiga Dalmácia, a Judéia e a Arábia, com tradições próprias. Todo esse império era
cortado por estradas, com técnicas tão aprimoradas,que até hoje algumas ainda são
usadas e consideradas o melhor caminho. As comunicações eram por terra, correio
público a cavalo, ou por barco, transporte mais rápido do mundo antigo.  Esse imenso
império era mantido em parte pelo exército, que não ficava estacionado nos limites do
império, ele dividia-se em províncias administradas por civis ou militares. A principal
célula do Império eram as cidades, já foi até definido como confederação das cidades.    
Mesmo sob domínio do Império Romano, as cidades tinham instituições próprias,
constituições municipais e funcionamento político independente. As cidades tinham de
tudo, uma estrutura urbana que incentivava o comércio, o intercâmbio cultural e levava
a civilização letrada aos rincões mais distantes. Tudo que se tinha acesso na Grã-
Bretanha tinha-se no norte da África ou na Arábia.  Pela imensidão que era o Império, é
claro que haviam as diferenças, climáticas, culturais e sociais. As construções nas
regiões mais frias tinham como prioridades as calefações. Mesmo tendo como base da
alimentação o pão, azeite e vinho, também eram usados produtos da região como
manteiga, cevada, queijo e a cerveja. E claro que os camponeses que moravam nas
proximidades de uma cidade, tinham muito menos contato com produtos importados e
com a cultura romana. Os romanos exigiam o uso do latim e do grego apenas no que se
referisse ao Estado, portanto muitos que não dominavam essas línguas, falavam e
escreviam em outros idiomas.

            O mundo romano era, por definição, heterogêneo e variado, sempre em


mudança.Roma foi constituída por pessoas e grupos de diferentes origens, e a expansão
do Império continuou e aprofundou essa diversidade.

BIBLIOGRAFIA- Livro: Império e família em Roma.    Autor: Pedro Paulo


Funari

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