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Vulcão Água de Pau (0 - >200.000 anos B.P.

 Nº CAVW  1802-09


 Estratovulcão, vulcão central,
 Tipo de Vulcão
 vulcão poligenético com caldeira
 Latitude  37º45'46''N

 Longitude  25º28'26''W

 Altitude  947 m

 Diâmetro basal  13 km

 Área  132,8 km2

 Volume  43,5 km3


 Diâmetro - 3,2 km
 Caldeira
 Profundidade - 370 m
 Última erupção  1564

 Outras designações  Vulcão do Fogo

O Vulcão Água de Pau fica situado na zona central da ilha de S. Miguel e corresponde a um vulcão
poligenético com caldeira, no interior da qual se destaca a existência da Lagoa do Fogo.

A caldeira apresenta uma evolução complexa, sendo a sua forma mais recente o resultado da
conjugação de diversas fases de explosão e colapso, a mais significativa das quais está associada a
uma erupção paroxismal ocorrida há cerca de 15.000 anos.
Nos últimos 5.000 anos, o Vulcão Água de Pau foi palco de 5 erupções explosivas traquíticas. A erupção
pliniana datada de há 4520±90 B.P. corresponde à maior erupção ocorrida no arquipélago dos Açores
durante o Holocénico, tendo dado origem a um espesso depósito de pedra pomes denominado Fogo-A. A
actividade histórica é marcada por uma erupção explosiva intracaldeira freatopliniana, em 1563, seguida
de uma erupção basáltica do tipo havaiano, localizada no flanco NW do vulcão, mais concretamente
no Pico Queimado. Em 1564 deu-se uma explosão freática no interior da caldeira.

Presentemente, as manifestações secundárias mais relevantes localizam-se no flanco norte do


aparelho, incluindo campos fumarólicos (Caldeira Velha, Caldeiras da Ribeira Grande e Pico Vermelho),
nascentes minerais frias ricas em CO 2 (Lombadas), nascentes termais (Ladeira da Velha) e áreas de
desgaseificação difusa. Os reservatórios hidrotermais associados ao Vulcão de Água de Pau são alvo de
exploração geotérmica, existindo duas centrais em funcionamento (Pico Vermelho e Cachaço-
Lombadas).

O Vulcão de Água de Pau apresenta uma estratigrafia muito complexa, fruto de uma actividade vulcânica
diversificada desenvolvida ao longo de mais de 200.000 anos B.P.. A história evolutiva encontra-se
dividida em dois grupos. O Grupo Inferior engloba os materiais mais antigos representados por escoadas
lávicas e depósitos piroclásticos traquíticos. O Grupo Superior compreende os produtos vulcânicos
emitidos nos últimos 40.000 anos. Consistem essencialmente em depósitos piroclásticos de queda e de
fluxo de composição traquítica (escoadas piroclásticas e surges), depósitos epiclásticos (escoadas de
lama) com algumas escoadas lávicas e piroclastos de natureza basáltica intercalados. Entre os vários
depósitos o Fogo A, datado de há cerca de 5.000 anos, corresponde a um excelente nível estratigráfico
para a ilha de S. Miguel.

Situa-se a leste da Plataforma de Ponta Delgada e é constituído por um


estrato-vulcão semelhante ao das Sete Cidades. Porém, como está
implantado sobre um sistema de falhas mais complexo, mais dinâmico e mais
recente, a caldeira central encontra-se alongada e ainda em fase de
crescimento. :

A cota máxima do maciço localiza-se no Pico da Barrosa (950.0 m) e o arco da caldeira tem um
desenvolvimento elíptico apertado, com ruptura no segmento sul.

As escarpas interiores frequentemente atingem desníveis da ordem dos 250 m; a cota do topo
da lagoa é de 578 metros.

As encostas exteriores são bastante acentuadas, nomeadamente acima da cota 350 m. A


norte os pendores são condicionados pelo horst da Lagoa do Fogo, estrutura encaixada no graben da
Ribeira Grande; por esse motivo, a norte, desde aquela cidade, caminhando-se para o interior, o relevo
sobe suavemente até cerca de 300-350 m de altitude, tornando-se mais agressivo até ao
rebordo da caldeira. Para sul, após o arco da caldeira, as encostas descem rapidamente para o
mar, dissecadas por profundas grotas e ribeiras. O Maciço do Fogo é caracterizado por uma
notável riqueza de nascentes e de ribeiras cujo aproveitamento têm manifesto interesse
económico.

As vertentes orientais do Maciço do Fogo descem mais suavemente para Vila Franca e
para Porto Formoso e coalescem com o início da Plataforma Congro-Achada das Furnas. Os
declives a ocidente, embora bastante inclinados desde a Barrosa, após a cota 250 m dispersam-
se com pendores da ordem dos 8-10°.

Ao longo do Vulcão da Lagoa do Fogo (também conhecido por Serra de Água de Pau no sector sul)
situam-se numerosos cones adventícios, uns dispostos em falhas radiais e circulares à caldeira,
outros ao longo de fracturas regionais e locais.
Com a constituição do Vulcão das Sete Cidades o Atlântico passou a envolver duas ilhas — a

ilha de S. Miguel (somatório dos territórios do Nordeste com os da Povoação e os das Furnas)

separada por um longo canal (tal como hoje Faial e S. Jorge) da ilha das Sete Cidades.

Enquanto se processava o crescimento dos aparelhos activos (Furnas e Sete Cidades, c.f.

pág. 79) parecem ter surgido movimentos tectónicos de grande complexidade na fronteira NE da

microplaca dos Açores (Rifte da Terceira) que conduziram ao aparecimento dum importante

sistema de fracturas, a oeste das Furnas, também com a orientação ~ NW-SE.


Durante essas deformações, em condições ainda desconhecidas, sobre as fracturas citadas, em

pleno canal oceânico, instalou-se um novo aparelho vulcânico — o Vulcão de Santana^), hoje envolvido

pelo Complexo Vulcânico do Fogo no extremo ocidental da costa norte de S. Miguel.

Santana é um morro costeiro, de aspecto exterior semelhante a Capelas mas constituído

por materiais totalmente diferentes: ignimbritos fortemente soldados, acinzentados, brechas

coignimbriticas, bolsadas entrecruzadas do tipo surge, blocos disseminados em lahar e cinzas

compactas, traquíticas; no topo esta série (mergulhando de norte para sul) encontra-se capeada por

piroclastos traquíticos da Lagoa do Fogo, por seis paleossolos e decerto por níveis provenientes das

Sete Cidades, arrastados pelo vento.

Em frente, no mar, facilmente avistado quando existe ondulação, situa--se um cabeço

submarino (neck ?) decerto relacionado com a actividade do Vulcão de Santana. Ainda não conseguimos

uma amostragem geocronológica dadas as dificuldades de acesso quer por terra quer por mar.

Santana é um aparelho tabu; os diversos visitantes nunca se referem (que saibamos) a esta
singularidade da história geológica de S. Miguel. Porém, por simples observação costeira, tudo indica
que o Vulcão de Santana é anterior ou cogenético do Vulcão do Fogo e que alcançou importante volume.

Quanto ao Vulcão da Lagoa do Fogo, graças ao desenvolvimento do programa geotérmico, já

existem dados bastante mais consistentes.

Assim, considerando a amostragem efectuada em afloramento de base, a sul, as raízes do

Fogo devem ser surgido há cerca de 290 mil anos (= 290 K.a = 290 m.a) ao longo dum sistema de

fracturas sensivelmente NW-SE (tal como nos anteriores), na concordância do Terceira Rift.

Os materiais mais antigos são de natureza basáltica (s.l.) evoluindo rapidamente ao longo

de diversos episódios para fácies traquítica (s.l.) através de termos intermédios; uma sondagem do

projecto Moho, efectuada por cientistas da universidade canadiana de Dalhousie (em 1972) no graben

da Ribeira Grande, atravessou, por carotagem contínua (wire line) ~ 900 m dessas formações,

penetrando no substrato submarino de lavas em almofada (pillow lavas); idêntica situação de passou em

1992 com o poço geotérmico industrial CL.2 (projectado e dirigido pelo A.; avanço à rotary com

duas carotagens finais; c.f. adiante explicitado).

Presentemente o Vulcão do Fogo ocupa uma área de 166 Km 2 e é o menos erodido, a nível

costeiro, dos quatro vulcões compósitos de S. Miguel (estima-se que a faixa erodida seja da ordem dos

15%).

Durante as fases tardias^1) de crescimento de diversos locais, especialmente a norte,

foram emitidas espessas escoadas de lavas traquíticas que penetraram pelo oceano dentro,

constituindo notáveis promontórios paisagísticos (Ponta da Ribeirinha ou Calhau do Cabo, Ponta do

Cintrão, Ponta do Miradouro de Santa Iria, Ponta da Ladeira da Velha, Ponta Formosa e Ponta de S. Braz,
antes do contacto geológico C. V. Fogo / C. V. Furnas). Durante essas fases também se instalaram

belos domas e agulhas traquíticas algumas rodeadas de típicas brechas (Picos Cerrado Novo,

Mulato, Queimado, Varanda, Madeira, etc.).

Booth, Croasdale e Walker (1978) foram os primeiros a sugerir a existência duma caldeira

exterior à actual, fase antecedida e seguida por volumosas emissões de pedra-pomes e de cinzas

traquíticas que alcançam notável expressão na zona das Lombadas desde há cerca de 33 m.a

(com base nos trabalhos, já citados, de Huang et ai, em 1979, sobre amostras do fundo do mar, a

NE de S. Miguel); em terra materiais idênticos revelaram idades entre 46 e 26.5 m.a (Moore, 1990) e

30 m.a (Forjaz, 1978).

A caldeira actual, decerto a mais fascinante dos Açores, parece ter-se iniciado há cerca de 15

mil anos (Booth et ai, 1978) estimativa que nos parece consistente com a estratigrafia conhecida na

zona^l

A actual caldeira do Fogo, situada sobre as grandes fracturas NW-SE, ainda não amadoreceu,

adquirindo o aspecto subcircular característico dessas estruturas de colapso (caso das Sete

Cidades).
No Vulcão do Fogo ainda existe uma outra curiosidade — é o aparelho mde se encontram em grande
profusão interessantes xenólitos sieníticos, de variadas granulometrias, provenientes do tecto da
câmara magmática (4 Km lê prof. ?)

No Vulcão do Fogo localizam-se importante áreas de fumarolas e de

gases (Caldeiras da Ribeira Grande, Aguas Vermelhas, Pico Vermelho, Caldeira Velha, Espigão) em

fase de destruição humana; em determinadas linhas de fractura ocorrem nascentes minerais

importantes (Ladeira da Velha e Lombadas, a norte; Castelinhos, a sul, abandonada).

Durante o programa geotérmico desenvolveram-se diversas pesquisas concluindo-se que o Vulcão do


Fogo, em termos industriais, é o mais geotérmico dos Açores.
Carta da Ilha de São Miguel
Carta Vulcanológica de São Miguel

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