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Longitude 25º28'26''W
Altitude 947 m
O Vulcão Água de Pau fica situado na zona central da ilha de S. Miguel e corresponde a um vulcão
poligenético com caldeira, no interior da qual se destaca a existência da Lagoa do Fogo.
A caldeira apresenta uma evolução complexa, sendo a sua forma mais recente o resultado da
conjugação de diversas fases de explosão e colapso, a mais significativa das quais está associada a
uma erupção paroxismal ocorrida há cerca de 15.000 anos.
Nos últimos 5.000 anos, o Vulcão Água de Pau foi palco de 5 erupções explosivas traquíticas. A erupção
pliniana datada de há 4520±90 B.P. corresponde à maior erupção ocorrida no arquipélago dos Açores
durante o Holocénico, tendo dado origem a um espesso depósito de pedra pomes denominado Fogo-A. A
actividade histórica é marcada por uma erupção explosiva intracaldeira freatopliniana, em 1563, seguida
de uma erupção basáltica do tipo havaiano, localizada no flanco NW do vulcão, mais concretamente
no Pico Queimado. Em 1564 deu-se uma explosão freática no interior da caldeira.
O Vulcão de Água de Pau apresenta uma estratigrafia muito complexa, fruto de uma actividade vulcânica
diversificada desenvolvida ao longo de mais de 200.000 anos B.P.. A história evolutiva encontra-se
dividida em dois grupos. O Grupo Inferior engloba os materiais mais antigos representados por escoadas
lávicas e depósitos piroclásticos traquíticos. O Grupo Superior compreende os produtos vulcânicos
emitidos nos últimos 40.000 anos. Consistem essencialmente em depósitos piroclásticos de queda e de
fluxo de composição traquítica (escoadas piroclásticas e surges), depósitos epiclásticos (escoadas de
lama) com algumas escoadas lávicas e piroclastos de natureza basáltica intercalados. Entre os vários
depósitos o Fogo A, datado de há cerca de 5.000 anos, corresponde a um excelente nível estratigráfico
para a ilha de S. Miguel.
A cota máxima do maciço localiza-se no Pico da Barrosa (950.0 m) e o arco da caldeira tem um
desenvolvimento elíptico apertado, com ruptura no segmento sul.
As escarpas interiores frequentemente atingem desníveis da ordem dos 250 m; a cota do topo
da lagoa é de 578 metros.
As vertentes orientais do Maciço do Fogo descem mais suavemente para Vila Franca e
para Porto Formoso e coalescem com o início da Plataforma Congro-Achada das Furnas. Os
declives a ocidente, embora bastante inclinados desde a Barrosa, após a cota 250 m dispersam-
se com pendores da ordem dos 8-10°.
Ao longo do Vulcão da Lagoa do Fogo (também conhecido por Serra de Água de Pau no sector sul)
situam-se numerosos cones adventícios, uns dispostos em falhas radiais e circulares à caldeira,
outros ao longo de fracturas regionais e locais.
Com a constituição do Vulcão das Sete Cidades o Atlântico passou a envolver duas ilhas — a
ilha de S. Miguel (somatório dos territórios do Nordeste com os da Povoação e os das Furnas)
separada por um longo canal (tal como hoje Faial e S. Jorge) da ilha das Sete Cidades.
Enquanto se processava o crescimento dos aparelhos activos (Furnas e Sete Cidades, c.f.
pág. 79) parecem ter surgido movimentos tectónicos de grande complexidade na fronteira NE da
microplaca dos Açores (Rifte da Terceira) que conduziram ao aparecimento dum importante
pleno canal oceânico, instalou-se um novo aparelho vulcânico — o Vulcão de Santana^), hoje envolvido
compactas, traquíticas; no topo esta série (mergulhando de norte para sul) encontra-se capeada por
piroclastos traquíticos da Lagoa do Fogo, por seis paleossolos e decerto por níveis provenientes das
submarino (neck ?) decerto relacionado com a actividade do Vulcão de Santana. Ainda não conseguimos
uma amostragem geocronológica dadas as dificuldades de acesso quer por terra quer por mar.
Santana é um aparelho tabu; os diversos visitantes nunca se referem (que saibamos) a esta
singularidade da história geológica de S. Miguel. Porém, por simples observação costeira, tudo indica
que o Vulcão de Santana é anterior ou cogenético do Vulcão do Fogo e que alcançou importante volume.
Fogo devem ser surgido há cerca de 290 mil anos (= 290 K.a = 290 m.a) ao longo dum sistema de
fracturas sensivelmente NW-SE (tal como nos anteriores), na concordância do Terceira Rift.
Os materiais mais antigos são de natureza basáltica (s.l.) evoluindo rapidamente ao longo
de diversos episódios para fácies traquítica (s.l.) através de termos intermédios; uma sondagem do
projecto Moho, efectuada por cientistas da universidade canadiana de Dalhousie (em 1972) no graben
da Ribeira Grande, atravessou, por carotagem contínua (wire line) ~ 900 m dessas formações,
penetrando no substrato submarino de lavas em almofada (pillow lavas); idêntica situação de passou em
1992 com o poço geotérmico industrial CL.2 (projectado e dirigido pelo A.; avanço à rotary com
Presentemente o Vulcão do Fogo ocupa uma área de 166 Km 2 e é o menos erodido, a nível
costeiro, dos quatro vulcões compósitos de S. Miguel (estima-se que a faixa erodida seja da ordem dos
15%).
foram emitidas espessas escoadas de lavas traquíticas que penetraram pelo oceano dentro,
Cintrão, Ponta do Miradouro de Santa Iria, Ponta da Ladeira da Velha, Ponta Formosa e Ponta de S. Braz,
antes do contacto geológico C. V. Fogo / C. V. Furnas). Durante essas fases também se instalaram
belos domas e agulhas traquíticas algumas rodeadas de típicas brechas (Picos Cerrado Novo,
Booth, Croasdale e Walker (1978) foram os primeiros a sugerir a existência duma caldeira
exterior à actual, fase antecedida e seguida por volumosas emissões de pedra-pomes e de cinzas
traquíticas que alcançam notável expressão na zona das Lombadas desde há cerca de 33 m.a
(com base nos trabalhos, já citados, de Huang et ai, em 1979, sobre amostras do fundo do mar, a
NE de S. Miguel); em terra materiais idênticos revelaram idades entre 46 e 26.5 m.a (Moore, 1990) e
A caldeira actual, decerto a mais fascinante dos Açores, parece ter-se iniciado há cerca de 15
mil anos (Booth et ai, 1978) estimativa que nos parece consistente com a estratigrafia conhecida na
zona^l
A actual caldeira do Fogo, situada sobre as grandes fracturas NW-SE, ainda não amadoreceu,
adquirindo o aspecto subcircular característico dessas estruturas de colapso (caso das Sete
Cidades).
No Vulcão do Fogo ainda existe uma outra curiosidade — é o aparelho mde se encontram em grande
profusão interessantes xenólitos sieníticos, de variadas granulometrias, provenientes do tecto da
câmara magmática (4 Km lê prof. ?)
gases (Caldeiras da Ribeira Grande, Aguas Vermelhas, Pico Vermelho, Caldeira Velha, Espigão) em