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ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

Campos Sulinos

A beleza e a fragilidade dos campos austrais do Brasil

Os Campos sulinos foram assim nomeados pelo estudo de prioridades para a


conservação e o uso sustentável da biodiversidade da Mata Atlântica e dos Campos
Sulinos do MMA/Pronabio, elaborado pela CI, ISA, WWF, IBAMA. De maneira
genérica, os campos da região Sul do Brasil são denominados como “pampa”, termo
de origem indígena para “região plana”. Esta denominação, no entanto, corresponde
somente a um dos tipos de campo, mais encontrado ao sul do Estado do Rio Grande
do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.

Outros tipos conhecidos como campos do alto da serra são encontrados em áreas de
transição com o domínio de araucárias. Em outras áreas encontram-se, ainda, campos
de fisionomia semelhantes à savana.

Os campos, em geral, parecem ser formações edáficas (do próprio solo) e não
climáticas. A pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o estabelecimento
da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de distribuição dos
Campos do Sul.

A região geomorfológica do planalto de Campanha, a maior extensão de campos do


Rio Grande do Sul, é a porção mais avançada para oeste e para o sul do domínio
morfoestrutural das bacias e coberturas sedimentares. Nas áreas de contato com o
arenito botucatu, ocorrem os solos podzólicos vermelho-escuros, principalmente a
sudoeste de Quaraí e a sul e sudeste de Alegrete, onde se constata o fenômeno da
desertificação. São solos, em geral, de baixa fertilidade natural e bastante suscetíveis
à erosão.

À primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade,


apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo – de 60 cm a 1 m -,
ralo e pobre em espécies, que se torna mais denso e rico nas encostas, predominando
gramíneas, compostas e leguminosas; os gêneros mais comuns são: Stipa,
Piptochaetium, Aristida, Melica, Briza. Sete gêneros de cactos e bromeliáceas
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apresentam espécies endêmicas da região. A mata aluvial apresenta inúmeras


espécies arbóreas de interesse comercial.

Na Área de Proteção Ambiental do Rio Ibirapuitã, inserida neste bioma, ocorrem


formações campestres e florestais de clima temperado, distintas de outras formações
existentes no Brasil. Além disso, abriga 11 espécies de mamíferos raros ou
ameaçados de extinção, ratos d’água, cevídeos e lobos, e 22 espécies de aves nesta
mesma situação. Pelo menos uma espécie de peixe, cará (Gymnogeophagus sp.,
Família Cichlidae) é endêmica da bacia do rio Ibirapuitã.

A vocação da região de Campanha está na pecuária de corte. As técnicas de manejo


adotadas, porém, não são adequadas para as condições desses campos, e a prática
artesanal do fogo ainda não é bem conhecida em todas as suas conseqüências. As
pastagens são, em sua maioria, utilizadas sem grandes preocupações com a
recuperação e a manutenção da vegetação. Os campos naturais no Rio Grande do Sul
são geralmente explorados sob pastoreio contínuo e extensivo.

Outras atividades econômicas importantes, baseadas na utilização dos campos, são


as culturas de arroz, milho, trigo e soja, muitas vezes praticadas em associação com a
criação de gado bovino e ovino. No alto Uruguai e no planalto médio a expansão da
soja e também do trigo levou ao desaparecimento dos campos e à derrubada das
matas. Atualmente, essas duas culturas ocupam praticamente toda a área,
provocando gradativa diminuição da fertilidade dos solos. Disso também resultam a
erosão, a compactação e a perda de matéria orgânica.

Mata Atlântica

A Mata Atlântica é considerada como a quinta área mais ameaçada


e rica em espécies endêmicas do mundo

Em termos gerais, a Mata Atlântica pode ser vista como um mosaico diversificado de
ecossistemas, apresentando estruturas e composições florísticas diferenciadas, em
função de diferenças de solo, relevo e características climáticas existentes na ampla
área de ocorrência desse bioma no Brasil.
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Atualmente, restam cerca de 7,3% de sua cobertura florestal original, tendo sido
inclusive identificada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies
endêmicas do mundo. Na Mata Atlântica existem 1.361 espécies da fauna brasileira,
com 261 espécies de mamíferos, 620 de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios, sendo
que 567 espécies só ocorrem nesse bioma. Possui, ainda, cerca de 20 mil espécies de
plantas vasculares, das quais 8 mil delas também só ocorrem na Mata Atlântica.
Várias espécies da fauna são bem conhecidas pela população, tais como os mico-
leões e muriquis, espécies de primatas dos gêneros Leontopithecus e Brachyteles,
respectivamente. Vale lembrar que, no sul da Bahia, foi identificada, recentemente, a
maior diversidade botânica do mundo para plantas lenhosas, ou seja, foram
registradas 454 espécies em um único hectare.

A exploração da Mata Atlântica vem ocorrendo desde a chegada dos portugueses ao


Brasil, cujo interesse primordial era a exploração do pau-brasil. O processo de
desmatamento prosseguiu durante os ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, da produção
de carvão vegetal, da extração de madeira, da plantação de cafezais e pastagens, da
produção de papel e celulose, do estabelecimento de assentamentos de colonos, da
construção de rodovias e barragens, e de um amplo e intensivo processo de
urbanização, com o surgimento das maiores capitais do país, como São Paulo, Rio de
Janeiro, e de diversas cidades menores e povoados.

A sua área atual encontra-se altamente reduzida e fragmentada com seus


remanescentes florestais localizados, principalmente, em áreas de difícil acesso. A
preservação desses remanescentes vem garantindo a contenção de encostas,
propiciando oportunidades para desfrute de exuberantes paisagens e desenvolvimento
de atividades voltadas ao ecoturismo, além de servir de abrigo para várias populações
tradicionais, incluindo nações indígenas. Além disso, nela estão localizados
mananciais hídricos essenciais para abastecimento de cerca de 70% da população
brasileira.

A conservação da Mata Atlântica tem sido buscada por setores do Governo, da


sociedade civil organizada, instituições acadêmicas e setor privado. Vários estudos e
iniciativas têm sido desenvolvidos nos últimos anos, gerando um acervo de
conhecimento e experiência significativo. Vale ressaltar, também, a existência de um
amplo arcabouço legal para a proteção do bioma.

Ecossistemas de Mata Atlãntica

Ecossistemas florestais e ecossistemas associados de Mata Atlântica


A totalidade da Floresta Ombrófila Densa, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do
Norte;
Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo;
Florestas Estacionais Semideciduais de Mato Grosso do Sul (vales dos rios da
margem direita do rio Paraná), Minas Gerais (vales dos rios Paranaíba, Grande e
afluentes), Minas Gerais e Bahia (vales dos rios Paraíba do Sul, Jequitinhonha, rios
intermediários e afluentes) e de regiões litorâneas limitadas do Nordeste, contíguas às
florestas ombrófilas; Totalidade da Floresta Ombrófila Mista e os encraves de
Araucária nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
Formações florísticas associadas (manguezais, vegetação de restingas e das ilhas
litorâneas);
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Encraves de Cerrados, campos e campos de altitude compreendidos no interior das


áreas acima; Matas de topo de morro e de encostas do Nordeste (brejos e chás),
particularmente as do Estado do Ceará, com ênfase nas da Serra de Ibiapaba e de
Baturité, e nas da Chapada do Araripe; e
Formações vegetacionais nativas da Ilha de Fernando de Noronha.

Projetos Mata Atlântica

Gestão Biorregional do Maciço do Baturité


O projeto engloba o Maciço ou Serra do Baturité, no Estado do Ceará, com área de
aproximadamente 4 mil km², contendo excepcionalmente florestas tropicais úmidas de
altitude. O Maciço é cercado pela caatinga, que se caracteriza por secas periódicas,
baixos níveis médios de pluviosidade e relativa escassez de recursos hídricos. A
região possui rica biodiversidade, ocorrendo o jatobá (Hymenaea courbaryl), a
barriguda (Cavanillesia arborea), o babaçu (Orbignye matiniana), o pau-d’arco-roxo
(Tabebuia impetiginosa), o angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa) e o pau-
ferro (Caesalpinia ferrea leiostachya), dentre outros. Vale ressaltar também sua
importância como provedor de água para a população local e de parte da população
da cidade de Fortaleza.
O IBAMA incentiva e desenvolve ações no Maciço para facilitar a cooperação entre as
instituições, obter informações relevantes, refletir sobre os problemas e oportunidades
de conservação da natureza, estabelecer uma visão de futuro e objetivos, definir
atividades e implementar projetos. Esta abordagem é conhecida por “gestão
biorregional” e adotada pelo IBAMA como um reforço às demais medidas de
conservação da natureza. Recentemente, foram implementadas medidas de
articulação interinstitucional e planejamento participativo no Maciço do Baturité,
envolvendo mais de 30 organizações governamentais e não- governamentais que
atuam na região.
O IBAMA e a Universidade Estadual do Ceará estão desenvolvendo estudo para o
estabelecimento do Corredor Ecológico Baturité-Aratanha-Maranguape, e estudo para
conhecer todas as matas de altitude do Nordeste e planejar ações para a sua
conservação.
Os principais parceiros do projeto de gestão biorregional do Maçiço do Baturité são:
IBAMA, UECE, Associação dos Municípios do Maçiço do Baturité, Governo do Estado
do Ceará, organizações não-governamentais, comunitárias e empresariais.
Corredor Ecológico Atlântico de Santa Catarina
O projeto está localizado no litoral norte do Estado de Santa Catarina, em uma área
com mais de 700 quilômetros quadrados, com a presença de ecossistemas de Mata
Atlântica e marinhos, tais como, a floresta ombrófila densa, onde ocorre a canela-preta
(Ocotea catharinensis) e o palmiteiro (Euterpe edulis), floresta quaternária, restinga,
manguezais, estuários e costões, além de várias ilhas oceânicas. Também existem na
área do Corredor Ecológico diversas áreas-núcleo constituídas por unidades de
conservação, tais como, Reserva Biológica Federal do Arvoredo, Área de Proteção
Ambiental Federal de Anhatomirim, dentre outras municipais e privadas.
O projeto nasceu da mobilização das comunidades locais de Zimbros, com vistas a
impedir que modelos de ocupação do solo propostos fossem implementados. A partir
daí, sua ação foi ampliada para distritos e municípios vizinhos e apoiada por um amplo
conjunto de organizações não-governamentais e governamentais. O projeto foi
elaborado de forma participativa e resultou na definição de objetivos, metas e
orçamento. São previstas e executadas atividades relativas à educação ambiental,
fiscalização, pesquisa científica, extensão rural, dentre outras. Foi proposta ao IBAMA
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a criação de um parque nacional, com cerca de 3 mil ha, na região costeira de


Zimbros.
Os executores do projeto são: IBAMA/Decoe/Cepsul, Pelican Brasil, Universidade
Federal de Santa Catarina, Universidade do Vale do Itajaí, Governo de Santa Catarina,
Prefeituras Municipais de Bombinhas, Porto Belo e Itapema, organizações não-
governamentais e comunitárias, bem como o setor empresarial.
Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná
Este corredor estende-se pela bacia do rio Paraná desde Mato Grosso, São Paulo,
Paraná, até Foz do Iguaçu. É composto por diversas áreas protegidas: Parques
Nacionais do Iguaçu e Ilha Grande, a APA Federal do Rio Paraná, o Parque Estadual
da Serra do Diabo (SP) e outras APAs municipais.
Este projeto resultou de um convênio firmado entre o IBAMA e a Itaipu Binacional, com
o objetivo de implementar o Parque Nacional da Ilha Grande. Participam do projeto os
gestores das áreas protegidas, Governos Estaduais e ONGs.

Valoração da Mata Atlãntica

Valor de Uso Recreativo do Parque Nacional do Iguaçu - PNI


O Parque tem 185 mil hectares, está localizado na cidade de Foz do Iguaçu, extremo
oeste do Estado do Paraná, próximo à foz do rio Iguaçu, divisa territorial entre Brasil,
Argentina e Paraguai. O principal atrativo turístico do Parque é o conjunto de quedas
d’água no rio Iguaçu, chamado Cataratas do Iguaçu, que recebe um fluxo turístico de,
aproximadamente, 800 mil visitantes/ano provenientes de várias partes do Brasil e do
mundo.
O projeto foi executado no âmbito do componente IBAMA, do Subprojeto Treinamento
e Elaboração de Estudos de Análise Econômica para Valoração da Biodiversidade,
promovido pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA, com assistência do Instituto de
Pesquisas Econômicas - Ipea. O objetivo do estudo foi estimar o valor de uso
recreativo do PNI, utilizando o método Custo de Viagem e Avaliação Contingente. O
valor de uso recreativo, calculado para a média do total de visitantes, pelo método
Custo de Viagem, variou de US$ 12,5 a US$ 34,8 milhões, enquanto que pelo método
Avaliação Contingente, este valor foi da ordem de US$ 11,8 milhões.
Valoração do Parque Nacional do Superagüi - PNS
O Parque está localizado no litoral norte do Estado do Paraná, abrange as ilhas de
Peças e Superagüi com uma área de 21,4 mil hectares, além de uma área continental
de, aproximadamente, 12,8 mil hectares.
O estudo teve como objetivo desenvolver uma análise social de custo-benefício, sob
uma perspectiva ecológica, envolvendo uma análise prospectiva sobre os grupos
sociais beneficiários e as políticas públicas que dão suporte técnico-administrativo ao
parque, bem como identificação das instituições que cooperam com recursos humanos
e materiais para a sua gestão ambiental. As estimativas chegaram ao valor
aproximado de R$ 3,1 milhões para os benefícios anuais do parque, contra apenas R$
134,3 mil de custo, ou seja, a uma relação benefício/custo anual de 23,12.

Pantanal

O bioma Pantanal é a planície mais importante em áreas úmidas da América do


Sul
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A CIMA - Comissão Interministerial para Preparação da Conferência das Nações


Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento-SI/PR, 1991, define o Pantanal mato-
grossense como “a maior planície de inundação contínua do planeta”. Sua localização
geográfica é de particular relevância, uma vez que representa o elo de ligação entre o
Cerrado, no Brasil Central, o Chaco, na Bolívia, e a região Amazônica, ao Norte,
identificando-se, aproximadamente, com a bacia do alto Paraguai.

O Pantanal funciona como um grande reservatório, provocando uma defasagem de


até cinco meses entre as vazões de entrada e saída. O regime de verão determina
enchentes entre novembro e março no norte e entre maio e agosto no sul, neste caso
sob a influência reguladora do Pantanal.

Os solos, de modo geral, apresentam limitações à lavoura. Nas planícies pantaneiras


sobressaem solos inférteis (lateritas) em áreas úmidas (hidromórficas) e planossolos,
além de várias outras classes, todos alagáveis, em maior ou menor grau, e de baixa
fertilidade. Nos planaltos, embora predominem também solos com diversas limitações
à agricultura, sobretudo à fertilidade, topografia ou escassez de água, existem
situações favoráveis.

Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas


terrestres, com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em parte, com a floresta
Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes em
maior ou menor grau. Os planaltos e as terras altas da bacia superior são formados
por áreas escarpadas e testemunhos de planaltos erodidos, conhecidos localmente
como serras. São cobertos por vegetações predominantemente abertas, tais como
campos limpos, campos sujos, cerrados e cerradões, determinadas, principalmente,
por fatores de solo (edáficos) e climáticos e, também, por florestas úmidas,
prolongamentos do ecossistema amazônico.

A planície inundável que forma o Pantanal, propriamente dito, representa uma das
mais importantes áreas úmidas da América do Sul. Nesse espaço podem ser
reconhecidas planícies de baixa, média e alta inundação, destacando-se os ambientes
de inundação fluvial generalizada e prolongada. Esses ambientes, periodicamente
inundados, apresentam alta produtividade biológica, grande densidade e diversidade
de fauna.

A ocupação da região, de acordo com pesquisas arqueológicas, se deu há,


aproximadamente, dez mil anos por grupos indígenas. A adequação de atividades
econômicas ao Pantanal surgiu do processo de conquista e aniquilamento dos índios
guatós e guaicurus por sertanistas. Foi possível implantar a pecuária na planície
inundável, que se tornaria a única economia estável e permanente até os nossos dias.
Dentro de um enfoque macroeconômico, a planície representou, no passado, um
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grande papel no abastecimento de carne para outros estados do país. No entanto,


esta economia se encontra em decadência.

Uma série de atividades de impacto direto sobre o Pantanal pode ser observada, como
garimpo de ouro e diamantes, caça, pesca, turismo e agropecuária predatória,
construção de rodovias e hidrelétricas. Convém frisar a importância das atividades
extensivas nos planaltos circundantes como uma das principais fontes de impactos
ambientais negativos sobre o Pantanal.

O processo de expansão da fronteira, ocorrido principalmente após 1970, foi a causa


fundamental do crescimento demográfico do Centro-Oeste brasileiro. A região da
planície pantaneira, com sua estrutura fundiária de grandes propriedades voltadas
para a pecuária em suas áreas alagadiças, não se incorporou ao processo de
crescimento populacional. Não houve aumento significativo em número ou população
das cidades pantaneiras. No planalto, contudo, o padrão de crescimento urbano foi
acelerado. Como todas as cidades surgidas ou expandidas nessa época, as de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul não tinham e nem têm infra-estrutura adequada para
minimizar o impacto ambiental do crescimento acelerado, causado, principalmente,
pelo lançamento de esgotos domésticos ou industriais nos cursos d’água da bacia.
Esse tipo de poluição repercute diretamente na planície pantaneira, que recebe os
sedimentos e resíduos das terras altas.

O mesmo processo de expansão da fronteira foi responsável pelo aproveitamento dos


cerrados para a agropecuária, o que causou o desmatamento de vastas áreas do
planalto para a implantação de lavouras de soja e arroz, além de pastagens. O manejo
agrícola inadequado nessas lavouras resultou, entre outros fatores, em erosão de
solos e no aumento significativo de carga de partículas sedimentáveis de vários rios.
Além disso, agrava-se o problema de contaminação dos diversos rios com biocidas e
fertilizantes.

A presença de ouro e diamantes na baixada cuiabana e nas nascentes dos rios


Paraguai e São Lourenço vem atraindo milhares de garimpeiros, cuja atividade causa
o assoreamento e compromete a produtividade biológica de córregos e rios, além de
contaminá-los com mercúrio.

Segundo a WWF (1999), existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 de


mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.
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Cerrado

O bioma Cerrado é considerado como um ecossistema tropical


de Savana, com similares na África e na Austrália

A área nuclear ou core do Cerrado está distribuída, principalmente, pelo Planalto


Central Brasileiro, nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha. Há
outras áreas de Cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com
os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.

Os Cerrados são, assim, reconhecidos devido às suas diversas formações


ecossistêmicas. Sob o ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado típico, o
campo cerrado, o campo sujo de cerrado, e o campo limpo que apresentam altura e
biomassa vegetal em ordem decrescente. O cerradão é a única formação florestal.

O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas (até vinte metros),
esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa
constituída, em geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente dois
estratos: um superior, formado por árvores e arbustos dotados de raízes profundas
que lhes permitem atingir o lençol freático, situado entre 15 a 20 metros; e um inferior,
composto por um tapete de gramíneas de aspecto rasteiro, com raízes pouco
profundas, no qual a intensidade luminosa que as atinge é alta, em relação ao
espaçamento. Na época seca, este tapete rasteiro parece palha, favorecendo,
sobremaneira, a propagação de incêndios.

A típica vegetação que ocorre no Cerrado possui seus troncos tortuosos, de baixo
porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados
consideram que a vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica pela
falta de água – pois, ali se encontra uma grande e densa rede hídrica – mas sim,
devido a outros fatores edáficos (de solo), como o desequilíbrio no teor de
micronutrientes, a exemplo do alumínio.

O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em


biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais
de 10.000 espécies de plantas, com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área.. A
fauna apresenta 837 espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161
espécies e dezenove endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45
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endêmicas;120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; apenas no Distrito


Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de
abelhas e vespas.

Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da


década de 1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede
rodoviária, largos ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva,
como a soja, arroz e ao trigo. Tais mudanças se apoiaram, sobretudo, na implantação
de novas infra-estruturas viárias e energéticas, bem como na descoberta de novas
vocações desses solos regionais, permitindo novas atividades agrárias rentáveis, em
detrimento de uma biodiversidade até então pouco alterada.

Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira


agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e
agrotóxicos, que resultou em 67% de áreas do Cerrado “altamente modificadas”, com
voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Resta apenas 20% de
área em estado conservado.

A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade


debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar
tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de
produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e
outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.

As unidades de conservação federais no Cerrado compreendem: dez Parques


Nacionais, três Estações Ecológicas e seis Áreas de Proteção Ambiental.

Projetos de conservação e manejo de ecossistemas

Estudo de Representatividade Ecológica do Bioma Cerrado


Este projeto abrange toda a área core do bioma Cerrado. Por meio de estudos
científicos, o projeto objetiva delimitar as ecorregiões do Cerrado e analisar a
representatividade da vegetação e áreas protegidas do bioma, identificando as
lacunas.
Os temas básicos abordados são: geomorfologia, geologia, solos, clima, vegetação e
sistemática botânica, fauna (insetos, peixes, répteis, aves e mamíferos), e
biogeografia. Estão sendo realizados estudos de compilação e trabalhos de campo
para cobrir todas as possíveis lacunas de conhecimento dos temas que compõem o
projeto. Todas as informações são referenciadas geograficamente e estocadas em
banco de dados específico.
O Projeto é coordenado e financiado pelo IBAMA/Decoe, em parceria com a
EMBRAPA/CPAC, IBGE, UnB, UFG e UFU.
Gestão Biorregional do EcoMuseu do Cerrado
Abrange sete municípios do estado de Goiás a oeste do Distrito Federal, sobre a bacia
do alto rio Corumbá. Esta biorregião cobre, aproximadamente, 500 mil ha, com uma
população de 240 mil habitantes. O conceito de EcoMuseu pressupõe a existência de
um território com o patrimônio natural bem conservado, belezas cênicas, cachoeiras,
rios e florestas para serem visitados e apreciados pelas comunidades locais e
visitantes.
O projeto EcoMuseu do Cerrado objetiva contribuir para a conservação ambiental da
bacia do alto rio Corumbá, com base no planejamento biorregional, por meio de ações
planejadas cooperativamente, voltadas para a conservação da natureza, o uso
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sustentável dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida das populações


locais. São desenvolvidas atividades de apoio às políticas locais de conservação da
biodiversidade, saneamento ambiental, educação ambiental e ecoturismo, valorizando
o conhecimento, a cultura e a arte popular.
O projeto é uma iniciativa pioneira de gestão biorregional bem-sucedida, coordenado e
financiado pelo IBAMA/Decoe, em cooperação técnica com o Instituto Huah do
Planalto Central. Participam da implementação a UFG, a UnB, o Governo de Goiás, as
Prefeituras Municipais, as ONGs e comunidades.
Corredor Ecológico Araguaia-Bananal
O projeto abrange 10 milhões de ha dos estados de GO, TO, MT, PA, em 36
municípios da região da ilha do Bananal e bacia dos rios Araguaia e Cristalino. Por ser
uma área de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, apresenta alta
diversidade de fauna e flora, sendo considerada pela Convenção Ramsar, em 1993,
uma das sete zonas úmidas do Brasil de importância internacional. É um corredor
composto pelas seguintes áreas protegidas: Parque Nacional do Araguaia, Área de
Proteção Ambiental Meandros do Rio Araguaia, Parque Estadual do Cantão, duas
APAs estaduais e quatro reservas indígenas.
A área do corredor foi considerada como altamente prioritária para a conservação da
biodiversidade, com base em estudos realizados para o bioma Cerrado e Amazônia,
pelo MMA, CI, ISA, IBAMA. Objetiva conservar estes ecossistemas e contribuir para a
implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável para a região, por meio
de planejamento e de ações implementadas por todos os associados ao projeto. Estão
sendo desenvolvidas ações de conservação, ordenamento da pesca e do turismo,
educação ambiental e sanitária.
Este projeto está sendo executado pelo IBAMA/Decoe, Cenaqua - Centro Nacional de
Conservação e Manejo de Quelônios da Amazônia, em parceria com o IBGE, UnB,
UFG, UFU, Cebrac, CI, Fundação Emas, Governos Estaduais e Municipais, ONGs e
comunidades.
Corredor Ecológico do Cerrado
Este projeto foi aprovado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão – JICA,
que manterá peritos por dois anos no IBAMA para a implementação do corredor
ecológico do Cerrado. O projeto objetiva contribuir para a consolidação de uma política
de conservação da diversidade biológica do Cerrado, mediante a aplicação do
conceito de gestão biorregional de corredores ecológicos em áreas prioritárias.
Corredor Ecológico Jalapão – Mangabeiras
Situado na confluência dos estados do TO, PI e BA, este projeto está sendo
implementado pelo IBAMA, CI e governos estaduais e municipais. Esta região de
ecótono tem uma grande importância ecológica por conter as nascentes dos rios
Tocantins e Parnaíba; aí ocorre um intenso processo sedimentar com futuros riscos de
desertificação se não for conservada.
É considerada área altamente prioritária pelos estudos realizados pelo MMA, CI e
IBAMA. O projeto tem por objetivo manejar esses ecossistemas por meio da gestão
biorregional, visando manter a sua conectividade e analisar a criação de novas áreas
protegidas.
Corredor Ecológico Cerrado – Pantanal
Este projeto está situado na bacia do rio Taquari, GO, e interliga o Pantanal com o
Cerrado da região do Parque Nacional de Emas, sob a coordenação da CI e Fundação
Emas, em parceria com o IBAMA, Governos Estaduais e proprietários rurais. Foi
reconhecida como altamente prioritária para a conservação pelos estudos realizados
pelo MMA e CI.
Numa seqüência lógica, este corredor prossegue pelas nascentes dos rios Araguaia,
passa pelo Araguaia/Bananal até o rio Tocantins. O IBAMA/Decoe, juntamente com a
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CI e a Fundação Emas, estudam abordar toda esta área como um corredor único, para
garantir a sua integridade e conectividade.
Corredor JICA
Foram realizados workshops para a identificação dos principais problemas ambientais
e definição da área de estudo para a implantação do Corredor.
Foi definida a região do Vale do Paranã/Serra dos Pirineus, abrangendo assim partes
dos estados de Goiás, Distrito federal e Tocantins, numa área aproximada de
9.973.400 de ha, englobando os divisores de águas e nascentes de afluentes dos rios
Tocantins e Paraná.
A Região se destaca por ser uma das últimas áreas do bioma Cerrado em excelente
estado de preservação e considerada prioridade para conservação.

Valoração Cerrado

Valoração Econômica do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – PNCV


O PNCV, com uma área de 60 mil hectares, está situado no município de Alto Paraíso
- Goiás, a 250 quilômetros de Brasília. O parque preserva inúmeras plantas e animais
típicos do Cerrado, alguns ameaçados de extinção, como lobo-guará, capivara, emas
e tucanos, além de possuir grande beleza cênica retratada por cachoeiras, topografia
e vegetação.
O projeto, em andamento, tem como objetivo estimar o valor de existência atribuído
pela população de Brasília ao PNCV, utilizando o método Avaliação Contingente. As
informações necessárias à estimativa estão sendo obtidas por meio de um
levantamento de dados com aplicação de questionário específico que é enviado por
mala direta para o entrevistado, que o lê, responde e o retorna para o IBAMA.

Caatinga

A Caatinga é um ecossistema único com ocorrência de rica


vegetação em região semi-árida

O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na Região Nordeste,


estendendo-se pelo domínio de climas semi-áridos, numa área de 73.683.649 ha,
6,83% do território nacional; ocupa os estados da BA, CE, PI, PE, RN, PB, SE, AL, MA
e MG. O termo Caatinga é originário do tupi-guarani e significa mata branca. É um
bioma único pois, apesar de estar localizado em área de clima semi-árido, apresenta
grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. A ocorrência
de secas estacionais e periódicas estabelece regimes intermitentes aos rios e deixa a
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vegetação sem folhas. A folhagem das plantas volta a brotar e fica verde nos curtos
períodos de chuvas.

A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características xerofíticas –


formações vegetais secas, que compõem uma paisagem cálida e espinhosa – com
estratos compostos por gramíneas, arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7
metros de altura), caducifólias (folhas que caem), com grande quantidade de plantas
espinhosas (exemplo: leguminosas), entremeadas de outras espécies como as
cactáceas e as bromeliáceas.

Levantamentos sobre a fauna do domínio da Caatinga revelam a existência de 40


espécies de lagartos, sete espécies de anfibenídeos (espécies de lagartos sem pés),
45 espécies de serpentes, quatro de quelônios, uma de Crocodylia, 44 anfíbios anuros
e uma de Gymnophiona.

A Caatinga tem sido ocupada desde os tempos do Brasil-Colônia com o regime de


sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio de doações de terras,
criando-se condições para a concentração fundiária. De acordo com o IBGE, 27
milhões de pessoas vivem atualmente no polígono das secas. A extração de madeira,
a monocultura da cana-de-açúcar e a pecuária nas grandes propriedades (latifúndios)
deram origem à exploração econômica. Na região da Caatinga, ainda é praticada a
agricultura de sequeiro.

Os ecossistemas do bioma Caatinga encontram-se bastante alterados, com a


substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e
as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária
que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da
fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo.
Aproximadamente 80% dos ecossistemas originais já foram antropizados.

Projetos de conservação e manejo de ecossistemas

Estudo de Representatividade Ecológica do Bioma Caatinga


Este projeto abrange toda a área nuclear do bioma Caatinga. Por meio de estudos
científicos, o projeto objetiva delimitar as ecorregiões da Caatinga e analisar a
representatividade da vegetação e áreas protegidas do bioma, identificando-se as
lacunas.
Os temas básicos abordados são: geomorfologia, geologia, solos, clima, vegetação e
sistemática botânica, fauna (insetos, peixes, répteis, aves e mamíferos), e
biogeografia. Estão sendo realizados estudos de compilação e trabalhos de campo
para cobrir todas as possíveis lacunas de conhecimento dos temas que compõem o
estudo. Todas as informações são referenciadas geograficamente e estocadas em
banco de dados específico.
O Projeto é coordenado pela UFPE e IBAMA/Decoe, em parceria com outras
instituições de pesquisa.
Projeto de Conservação e Manejo do Bioma Caatinga
Este projeto foi elaborado com o objetivo de conservar, ordenar o uso sustentável dos
recursos naturais e contribuir para a divisão eqüitativa da riqueza. Pretende-se adotar
como método o planejamento e a gestão biorregionais.
Alguns dos seus componentes, relacionados a seguir, já estão sendo executados: a)
estudo da representatividade ecológica;
b) estudo de monitoramento da biodiversidade;
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c) identificação de áreas para a criação de novas unidades de conservação;


d) definição e estabelecimento de corredores ecológicos;
e) estudos de valoração econômica da biodiversidade.
Executores: IBAMA, Governos Estaduais, UECE, UFPI e UFPE.

Valoração Caatinga

Valoração Econômica do Parque Nacional da Serra da Capivara -PNSC


Com uma área de 129 mil hectares e localizado a 40 quilômetros da cidade de São
Raimundo Nonato-PI, este parque apresenta a maior concentração de sítios pré-
históricos da América. São mais de 400 sítios arqueológicos, com 30 mil pinturas
rupestres presentes em 260 deles.
O projeto, em andamento, tem como objetivo estimar o valor do uso recreativo, de
opção e de existência do PNSC

Amazônia

A maior floresta tropical do Planeta, a Amazônia sul-americana,


corresponde a 2/5 da América do Sul e a metade do Brasil

Em território brasileiro, os ecossistemas amazônicos ocupam uma superfície de


368.989.221 ha, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,
Roraima e pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A
Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente, o equivalente a 1/3
das reservas de florestas tropicais úmidas e o maior banco genético do planeta.
Contém 1/5 da disponibilidade mundial de água doce e um patrimônio mineral não
mensurado.

A grande diversidade geológica, aliada ao relevo diferenciado, resultou na formação


das mais variadas classes de solo, sob a influência das grandes temperaturas e
precipitações, características do clima equatorial quente superúmido e úmido.
Contudo, a fertilidade natural dos solos é baixa, em contraste com a exuberância das
florestas ombrófilas (úmidas) que nelas se desenvolvem.

A floresta Amazônica é um ecossistema auto-sustentável. Ou seja, é um sistema que


se mantém com seus próprios nutrientes num ciclo permanente. Os ecossistemas
amazônicos são sorvedouros de carbono, contribuindo para o equilíbrio climático
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global. Existe um delicado equilíbrio nas relações das populações biológicas que são
sensíveis a interferências antrópicas.

A floresta, apesar de ser a característica mais marcante da Amazônia, não esconde a


grande variedade de ecossistemas, dentre os quais se destacam: matas de terra firme,
florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados. Conseqüentemente,
a Amazônia abriga uma infinidade de espécies vegetais e animais: 1,5 milhão de
espécies vegetais catalogadas; três mil espécies de peixes; 950 tipos de pássaros; e
ainda insetos, répteis, anfíbios e mamíferos...

Tipos de Vegetação do bioma Amazônia

Campinaranas

Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais

Florestas Ombrófilas Abertas

Florestas Ombrófilas Densas

Formações Pioneiras

Refúgios Montanos

Savanas Amazônicas
Matas de Terra Firme
Situadas em terras altas, distantes dos rios, sujeitas a alterações. São formadas por
árvores alongadas e finas, apresentando espécies como a castanha-do-pará, o
cacaueiro e as palmeiras. Possuem grande quantidade de espécies de madeira de alto
valor econômico.
Matas de Várzea
São próprias das áreas periodicamente inundadas pelas cheias dos rios. Apresentam
maior variedade de espécies. É o habitat da seringueira e das palmáceas.
Matas de Igapós
Situam-se em áreas baixas, próximas ao leito dos rios, permanecendo inundadas
durante quase o ano todo. As árvores são altas, com raízes adaptadas às regiões
alagadas. A vitória-régia é muito comum nestas matas.

A ocupação da Amazônia

Segundo os registros arqueológicos, data de 10.000 a.C.


Quando ocorreu a conquista dos colonizadores europeus, no século XVI, estima-se
que alguns milhões de índios viviam na região. A ocupação da Amazônia pelos
europeus iniciou-se por volta de 1540, porém, até o final da II Guerra Mundial, a
presença humana na região quase não trouxe modificações à cobertura vegetal
original. Hoje, aproximadamente, 10 milhões de pessoas habitam a região, numa
densidade de dois habitantes/km2. Estima-se que 1,5 milhão de pessoas vive na
floresta.
O uso e a ocupação do solo da Amazônia são caracterizados pelo extrativismo vegetal
e animal – incluindo a extração da madeira – pela pecuária, por madeireiras e pela
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agricultura de subsistência, bem como pelo cultivo de espécies vegetais arbustivo-


arbóreas. A produção de grãos recobre parcelas contínuas expressivas. A mineração
e o garimpo (atividades pontuais) e a infra-estrutura regional (atividades pontuais e
lineares) também são responsáveis pela alteração dos ecossistemas naturais. Nos
arredores de núcleos urbanos e áreas de ocupação mais antigas, uma boa parte das
terras, outrora desmatadas, encontra-se recoberta ora por capoeiras ora por florestas
nativas nos seus vários estágios de crescimento e regeneração. Estima-se que 15%
da Amazônia já foi desmatada.

Sustentabilidade

A riqueza da biodiversidade da Amazônia e o seu delicado equilíbrio ecológico, aliados


ao grande valor econômico de seus recursos naturais, exigem da sociedade, tanto
nacional como mundial, uma nova consciência em direção ao desenvolvimento
sustentável. Este é o grande desafio da Amazônia que, apesar das várias experiências
desenvolvidas nesse sentido, continua uma incógnita para a ciência no horizonte
futuro.
“A transição entre um padrão de desenvolvimento que se esgota - a economia de
fronteira, para outro que emerge – o desenvolvimento sustentável, envolve todo o
território brasileiro” (MMA, 1995. p.18). Assim, o desenvolvimento da Amazônia tornou-
se uma questão complexa que abrange um conflito de valores acerca do meio
ambiente. Ao mesmo tempo em que a conservação da biodiversidade da Amazônia
tem enorme valor como garantia de qualidade de vida para as futuras gerações, os
seus recursos naturais tornam-se fonte e meio de sobrevivência para as populações
nativas e, ainda, base essencial de recursos para outros segmentos produtivos.
Por um lado, os conflitos de valores se materializam em fortes disputas pelas terras e
recursos. Por outro, a busca de solução para eles acaba por definir uma série de
projetos conservacionistas e busca de tecnologias sustentáveis e de apoio ao
extrativismo tradicional das comunidades locais.
Os instrumentos de conservação da natureza, presentes na Amazônia, são o manejo
de ecossistemas, as unidades de conservação e o estudo e a preservação de
espécies da fauna e flora. Adquire importância relevante à conservação, o enfoque
ecossistêmico, adotado pelo projeto de Corredores Ecológicos do PPG7. Na
Amazônia, os cinco corredores ecológicos delimitados, cujo projeto está em fase final
de negociação, se juntarão a outras iniciativas da própria comunidade local que se
mobiliza para garantir a integridade de suas áreas naturais preservadas, como é o
caso dos projetos descritos a seguir, que estão sendo desenvolvidos desde 1997.

Costeiros

A extensa costa brasileira abriga um rico mosaico de ecossistemas – mares,


estuários, ilhas,
manguezais, restingas, dunas, praias, falésias, costões rochosos e recifes de
corais
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A costa brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Ao


longo do litoral brasileiro podem ser encontrados manguezais, restingas, dunas,
praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias, estuários, recifes de corais e
outros ambientes importantes do ponto de vista ecológico, todos apresentando
diferentes espécies animais e vegetais e outros. Isso se deve, basicamente, às
diferenças climáticas e geológicas da costa brasileira. Além do mais, é na zona
costeira que se localizam as maiores presenças residuais de Mata Atlântica. Ali a
vegetação possui uma biodiversidade superior no que diz respeito à variedade de
espécies vegetais. Também os manguezais, de expressiva ocorrência na zona
costeira, cumprem funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha. Enfim,
os espaços litorâneos possuem riquezas significativas de recursos naturais e
ambientais, mas a intensidade de um processo de ocupação desordenado vem
colocando em risco todos os ecossistemas presentes na costa litorânea do Brasil.

O litoral amazônico vai da foz do rio Oiapoque ao delta do rio Parnaíba. Apresenta
grande extensão de manguezais exuberantes, assim como matas de várzeas de
marés, campos de dunas e praias. Apresenta uma rica biodiversidade em espécies de
crustáceos, peixes e aves.

O litoral nordestino começa na foz do rio Parnaíba e vai até o Recôncavo Baiano. É
marcado por recifes calcíferos e areníticos, além de dunas que, quando perdem a
cobertura vegetal que as fixam, movem-se com a ação do vento. Há ainda nessa área
manguezais, restingas e matas. Nas águas do litoral nordestino vivem o peixe-boi
marinho e as tartarugas, ambos ameaçados de extinção.

O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até São Paulo. É a área mais
densamente povoada e industrializada do país. Suas áreas características são as
falésias, os recifes e as praias de areias monazíticas (mineral de cor marrom-escura).
É dominada pela Serra do Mar e tem a costa muito recortada, com várias baías e
pequenas enseadas. O ecossistema mais importante dessa área é a mata de restinga.
Essa parte do litoral é habitada pela preguiça-de-coleira e pelo mico-leão-dourado
(espécies ameaçadas de extinção).

O litoral sul começa no Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Com
muitos banhados e manguezais, o ecossistema da região é riquíssimo em aves, mas
há também outras espécies: ratão-do-banhado, lontras (também ameaçados de
extinção), capivaras.

A densidade demográfica média da zona costeira brasileira fica em torno de 87


hab./km2, cinco vezes superior à média nacional que é de 17 hab./km2. Pela
densidade demográfica nota-se que a formação territorial foi estruturada a partir da
costa, tendo o litoral como centro difusor de frentes povoadoras, ainda em movimento
na atualidade. Hoje, metade da população brasileira reside numa faixa de até
duzentos quilômetros do mar, o que equivale a um efetivo de mais de 70 milhões de
habitantes, cuja forma de vida impacta diretamente os ecossistemas litorâneos. Dada
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a magnitude das carências de serviços urbanos básicos, tais áreas vão constituir-se
nos principais espaços críticos para o planejamento ambiental da zona costeira do
Brasil. Não há dúvida em defini-las como as maiores fontes de contaminação do meio
marinho no território brasileiro. Além do mais, as grandes cidades litorâneas abrigam
um grande número de complexos industriais dos setores de maior impacto sobre o
meio ambiente (química, petroquímica, celulose).

Enfim, observa-se que a zona costeira apresenta situações que necessitam tanto de
ações preventivas como corretivas para o seu planejamento e gestão, a fim de atingir
padrões de sustentabilidade para estes ecossistemas.

Por esses motivos, o Ministério do Meio Ambiente, em cooperação com o Conselho


Interministerial do Mar, os Governos Estaduais, o IBAMA e outras instituições tentam
ordenar e proteger os ecossistemas com a implementação do Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro (PNGC). O IBAMA desenvolve projetos e ações continuadas
de gerenciamento dos ecossistemas costeiros.

Projetos de conservação e manejo de ecossistemas

Gestão Biorregional dos Lençóis Maranhenses/Delta do Parnaíba

Esta biorregião abrange um complexo de ecossistemas costeiros e marinhos,


constituído pelos Lençóis Maranhenses e o Delta do rio Parnaíba. Envolve um
mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental, marcado pela transição de
ambientes terrestres e marinhos. Aí estão encadeados o Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses, a APA Federal do Delta do Parnaíba, e APAs estaduais numa área de
485.800 ha.
A área sedimentar denominada de Lençóis Maranhenses resultou da ação combinada
dos ventos, ondas e correntes marítimas, formando dunas que chegam a cobrir uma
extensão de 50 quilômetros da costa, atingindo até 20 metros de altura, moldando o
cenário de um verdadeiro deserto.
O Delta do rio Parnaíba caracteriza-se como uma desembocadura múltipla, ramificada
em um arquipélago, com cerca de 70 ilhas de variadas dimensões, separadas por
canais fluviais labirínticos, que desenham rios, riachos, igarapés, dunas e lagoas
cercadas por extensas e conservadas áreas de manguezais.
O projeto objetiva desenvolver ações de conservação, uso sustentável dos recursos
naturais e ordenamento da ocupação do espaço territorial de forma cooperativa. O
projeto está sendo desenvolvido pelo IBAMA/Decoe, em parceria com a UFMA, UECE,
UEPIS, Governos Estaduais e Municipais, um marco na conservação desse
ecossistema ímpar da costa brasileira.

Valoração Costeiros

Valoração Econômica dos Manguezais de Santa Catarina


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A área do projeto está situada no litoral catarinense, entre os paralelos 26° e 28°45’
sul e meridiano de 48°45’ oeste. Tem por objetivo desenvolver e aplicar, por meio de
uma função dose-resposta, metodologia para determinar os diferentes impactos a que
vêm sendo submetidos os manguezais de Santa Catarina e os valores
correspondentes ao custo de reposição dessas áreas.
A metodologia proposta está baseada no modelo de indicadores ambientais elaborado
pela Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico - OCDE, Modelo
Pressão–Estado–Resposta, que retrata a relação de casualidade entre as atividades
humanas, o estado do meio ambiente e a reação social decorrente das
transformações havidas. Os indicadores de pressão descrevem a pressão ao meio
ambiente causada pelas atividades humanas; os indicadores de estado descrevem o
estado ou situação do meio ambiente nos seus aspectos quantitativos e qualitativos; e
os indicadores de resposta descrevem os esforços realizados pela sociedade para
resolver o problema ambiental identificado.

Projeto de Valoração Econômica do Recôncavo Baiano

Originalmente conhecido como Projeto de Conservação e Valoração Socioeconômica


dos Ecossistemas de Manguezais na América Tropical – Recôncavo Baiano, objetiva
avaliar as atividades e impactos ambientais ocorrentes nas bacias de drenagem do
Recôncavo Baiano que comprometem a manutenção dos ciclos naturais dos
manguezais e outros ecossistemas associados.
Este projeto proposto pela UNESCO é coordenado pelo MMA e conta com a parceria
de IBAMA, IO/USP, UFBA e CRA.

Ecorregiões

Entende-se por ecorregião um conjunto de comunidades naturais,


geograficamente distintas, que compartilham a maioria das suas espécies,
dinâmicas e processos ecológicos, e condições ambientais similares, que são
fatores críticos para a manutenção de sua viabilidade a longo prazo
(Dinnerstein,1995).
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1. Sudoeste da Amazônia 2. Várzeas de Iquitos


3. Florestas do Caqueta 4. Campinaranas de Alto Rio Negro
5. Interflúvio do Japurá/Solimões- 6. Interflúvio do Solimões/Japurá
Negro
7. Várzeas do Purus 8. Interflúvio do Juruá/Purus
9. Interflúvio do Purus/Madeira 10. Várzeas de Monte Alegre
11. Interflúvio do Negro/Branco 12. Florestas de Altitude das Guianas
13. Savanas das Guianas 14. Florestas das Guianas
15. Tepuis 16. Interflúvio do Uamatá/Trombetas
17. Interflúvio do Madeira/Tapajós 18. Interflúvio do Tapajós/Xingu
19. Várzeas do Gurupá 20. Interflúvio do Xingu/Tocantins-
Araguaia
21. Várzeas do Marajó 22. Interflúvio do Tocantins-
Araguaia/Maranhão
23. Florestas Secas de Chiquitano 24. Cerrado
25. Pantanal 26. Chaco Úmido
27. Campos Sulinos 28. Florestas de Araucária
29. Florestas do Interior do 30. Florestas Costeiras da Serra do
Paraná/Paranaíba Mar
31. Campos Ruprestes 32. Florestas Costeiras da Bahia
33. Florestas do Interior da Bahia 34. Florestas Costeiras de
Pernambuco
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35. Florestas do Interior de 36. Brejos Nordestinos


Pernambuco
37. Caatinga 38. Manguezais do Amapá
39. Manguezais do Pará 40. Restingas Costeiras do Nordeste
41. Manguezais da Bahia 42. Manguezais do Maranhão
43. Restingas da Costa Atlântica 44. Manguezais da Ilha Grande
45. Manguezais do Rio Piranhas 46. Manguezais do Rio São
Francisco
47. Florestas Secas do Mato 48. Florestas Secas do Nordeste
Grosso
49. Florestas de Babaçu do
Maranhão

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