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Dércio Alcântara
26 de fevereiro de 2011
No episódio lamentável da destruição da pista do Aeroclube na última quarta feira, além da truculência
das máquinas escavando o asfalto para implodir o uso após a previsível queda da liminar, outro episódio
ocorreu paralelamente e que é tão grave quanto o vandalismo autorizado pelo prefeito Luciano Agra. O
cerceamento à liberdade de imprensa.
Em delírio pirotécnico o mesmo Lúcius Fabiani que comanda "espetáculos" de derrubada de barracas e
fiteiros, poda de cajueiro e eucaliptos na Granja Santana e ordena a pancadaria em ambulantes, teve o
cinismo de impedir o acesso da imprensa ao aeroclube naquela noite trágica e inesquecível.
Lúcius, que é um leão de chácara disfarçado, mandou um leão de chácara sem disfarces obstacular o
trabalho dos repórteres que iam chegando para registrar as cenas que depois ganharam o Brasil.
Fui um dos primeiros a chegar avisado que fui pelo meu irmão Clilson Júnior e quando percebi a
paraquedista Andreza Amaral, que é esposa do fotógrafo e paraquedista Marcus Antonius, se jogando na
frente daquela escavadeira, logo, por instinto jornalístico, tive o impulso de entrar para evitar o pior.
Apesar de várias viaturas da Polícia, era da Guarda Municipal a tarefa de impedir o acesso de jornalistas
e outros interessados no fato.
E a ordem vinha do secretário Lúcius Fabiani, conforme gritou o guarda pressionado por colegas da
imprensa que iam chegando. Lúcius estava bem ao lado dizendo jocosamente aos proprietários de aviões
que podiam retirar suas aeronaves na cabeça quando ouviu o guarda entregar que a ordem tinha sido
dele.
Olhou pra o lado e se deu conta de que toda imprensa já estava no local como em um passe de mágica.
É como diz um amigo meu: jornalista é como macaco, um se agarra no rabo do outro para ficar no mesmo
galho.
E foi aí que Lúcius saiu de fininho e percebeu que um escândalo nacional estava acontecendo bem na
sua frente e a culpa podia cair sobre os seus ombros.
Antes, eu entrei na tora dando um pitu no leão de chácara e lá dentro fui ágil para pegar o cartão de
memória da máquina fotográfica de Marcus Antônius, que mesmo vendo a esposa Andreza
transformando um gesto heróico em risco de vida, teve sangue frio suficiente para continuar clicando seu
instrumento de trabalho em defesa do Aeroclube e da notícia.
Puxei Andreza até o lado de fora, aonde cada vez chegavam mais "macacos no galho", ou jornalistas na
frente de batalha da notícia, e ela concedeu aquela entrevista a TV Cabo Branco e que depois a Rede
Globo repercutiu nacionalmente e conceituou o ato da PMJP como "vandalismo".
Ah! Ia me esquecendo. Descarreguei o cartão de memória com as fotos de Marcus na net e a várias
mãos fizemos o Brasil saber que a Paraíba pede socorro.
Valeu macacos! Agarradinhos, nenhum caiu do galho e a resistência velha de guerra agradece orgulhosa.
Estamos juntos!
EXCLUSIVO - O que vou relatar agora pode parecer surreal, mas aconteceu exatamente agora (11h46m)
em frente ao Aeroclube.
Sócios, familiares e amigos faziam uma manifestação pacífica para comemorar a liminar concedida pela
Justiça Federal em favor da permanência do Aeroclube lá no Bessa, quando o prefeito Luciano Agra
passou lentamente em um carro oficial, abriu o vidro e agrediu verbalmente o presidente Rômulo
Carvalho, proferindo palavras de baixo calão e fazendo gestos e com o dedo em riste.
O fato lamentável foi testemunhado por dezenas de pessoas e diante do ocorrido o presidente do
Aeroclube decidiu que vai pedir garantia de vida ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.
Eu sei que você deve está achando que é brincadeira ou exagero meu e antes fosse. O fato de um
prefeito perder o equilíbrio emocional e depois de ter destruído a pista de um Aeroclube estratégico, do
interesse até da segurança nacional, ir pessoalmente provocar o dirigente de uma entidade séria e de
utilidade pública é demais da conta.
Repito o que eu disse quinta em um artigo aqui no blog: Luciano Agra ou é doido, ingênuo ou pato.
Porque tanta insistência em desapropriar uma área nobre? Estaria o prefeito sendo pressionado por
interesses inconfessáveis.
O que está havendo de tão grave ao ponto de uma pessoa tida como light e equilibrada perder as
estribeiras, ordenar que máquinas destruissem uma pista de dois milhões de reais e depois ir
pessoalmente achincalhar uma manifestação pacífica?
Alguma coisa de muito podre começa a exalar seu odor por debaixo do tapete da Prefeitura de João
Pessoa.