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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL GOIANO – CAMPUS CERES

FRUTICULTURA

LUÍS SÉRGIO RODRIGUES VALE


Engenheiro Agrônomo - Dr. Professor

CERES-GOIÁS
2010
SUMÁRIO

1. A IMPORTÂNCIA DAS FRUTAS NA ALIMENTAÇÃO...................................................... 03


2. CALAGEM.......................................................................................................................... 07
3. NUTRIÇÃO DE PLANTAS................................................................................................. 13
4. ADUBAÇÃO....................................................................................................................... 17
5. PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS.................................................................. 18
6. A CULTURA DA UVA........................................................................................................ 25
7. A CULTURA DA BANANA................................................................................................ 49
8. A CULTURA DO CITROS ................................................................................................. 74
9. A CULTURA DO ABACAXI............................................................................................... 91
10. A CULTURA DO MARACUJÁ........................................................................................... 99
11. A CULTURA DO COCO..................................................................................................... 119
12. A CULTURA DA MANGA.................................................................................................. 123
13. A CULTURA DA GOIABA................................................................................................. 133
14. A CCULTURA DO MAMÃO............................................................................................... 139
15. A CULTURA DO FIGO....................................................................................................... 147
16. A CULTURA DA GRAVIOLA............................................................................................. 161
17. A CULTURA DO ABACATE.............................................................................................. 164
18. A CULTURA DO CAJU...................................................................................................... 171
19. A CULTURA DO PEQUI.................................................................................................... 174
20. A CULTURA DO TAMARINDO......................................................................................... 178
21. A CULTURA DA JACA...................................................................................................... 180
22. A CULTURA DA JABUTICABA........................................................................................ 182
23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 184

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1. A IMPORTÂNCIA DAS FRUTAS NA ALIMENTAÇÃO:

De acordo com o médico Fernando Sartori no livro Frutas Brasileiras Exóticas e Cultivadas
(2006), as frutas devem estar presentes todos os dias em nossas alimentações para que tenhamos
uma vida longa e saudável, e também para se dar mais vida aos anos e não mais anos à vida.
Deve-se ingerir, por dia, no mínimo 500g de frutas associadas às verduras e legumes. Deve-se
ingerir no mínimo 5 variedades de frutas, verduras e legumes de cores diferentes, com
composições e valores relacionados a fibras, proteínas hidratos de carbono, açúcares, vitaminas e
sais minerais. Alimentando-se de frutas as nossas vidas podem se prolongar em 10 a 20%,
diminuindo assim os radicais livres e previnem diversas doenças degenerativas, nutricionais e
oncogênicas.
Somente através da coloração, pode-se ter uma idéia dos componentes nutricionais que
fazem parte de sua composição. A cor amarela presente na manga (Mangifera indica), laranja
(Citrus sinensis), cajá-manga (Spondias dulcis), canistel (Pouteria campechiana), araçá-boi
(Eugenia stipitata), mangostão amarelo (Garcinia cochinchinenis) entre outras, têm quantidades
consideráveis de pigmento carotenóide, precursor da vitamina A, que é importante para os olhos.
A cor vermelha encontrada na melancia (Citrullus lanatus), laranjas sanguíneas (Citrus sinensis),
pitanga (Eugenia uniflora), goiaba vermelha (Psidium guajava), entre outras, indica serem ricas em
licopeno, substância que age como antioxidante, e que está presente nas moléculas que se ligam
ao oxigênio, impedindo-o de agir livremente nos tecidos, causando rupturas e esclerose, destruindo
os vasos sanguíneos pela oxidação e tendo como conseqüência patologias arterioescleróticas e
tromboembólicas.
A quantidade de substâncias varia em cada tipo de fruta, dependendo da família ou
mesmo da espécie em questão, da adubação e do tipo de solo. Para compreender a tabela a
seguir, veja as seguintes definições.

CALORIA: É a unidade de medida de calor, quantidade de calor necessária para elevar em um


grau centrígrado um grama de água. Uma pessoa adulta de estatura mediana (1,70m) e peso em
torno de 70Kg, necessita de 2000 calorias para sobreviver e manter suas funções, tais como,
atividade muscular, temperatura corporal e funcionamento de todos os órgãos. Uma pessoa
precisa de 30 calorias por quilo por dia para manter as funções vitais. Em relação às frutas pode-se
dividí-las caloricamente em:
a) Frutas de polpa carnudas ou suculentas – estas apresentam baixo valor calórico, por possuírem
considerável volume de água, que por sua vez é isenta de calorias. Em média apresentam de 40 a
60 calorias por 100 gramas. Laranja, melancia, cajá-manga, goiaba, grumixama (Eugênia
brasiliensis), nectarina (Prunus persica var. nucipersica), pêssego (Prunus pérsica) e a uvaia
(Eugenia pyriformis), são exemplos de frutas com baixo valor calórico.
b) Frutas amiláceas – estas apresentam maior quantidade de amido, conseqüentemente maior
quantidade de carboidratos, sendo, portanto, mais calóricas (cada grama de carboidratos oferece
quatro calorias). Banana (Musa spp), jaca (Autocarpus heterophyllus), fruta-pão (Autocarpus altilis),
conde ou condessa (Annona reticulata), pinha (Annona squamosa), cherimóia (Annona cherimola),
graviola (Annona muricata), possuem em média de 90 a 100 calorias por 100 gramas.
c) Frutas oleaginosas – são as frutas mais calóricas, contendo teores de óleos ou gorduras
insaturadas (cada grama de óleo ou gordura oferece nove gramas de calorias). Este grupo é
composto pelo abacate (Persea americana, com 180 calorias por 100 gramas), amêndoa do coco-
da-baía (Cocos nucifera, com 580 calorias por 100 gramas). A noz-pecâ (Carya illinocensis) e a
castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) possuem 700 calorias em cada 100 gramas.

ÁGUA: a porcentagem de água nas frutas pode variar muito, desde 93% na melancia até 5% na
castanha-do-Pará. As frutas carnudas, por possuírem elevado teor de água, associado às
vitaminas e sais minerais, constituem uma excelente fonte natural de hidratação, assim como
também a água de coco.

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MINERAIS:
a) Cálcio: é um importante mineral, tornando parte na constituição dos ossos, dentes e sangue,
onde atua na coagulação. Na musculatura, tem ação junto às moléculas de miosina e de actina,
produzindo a contração muscular. Na infância e adolescência, o cálcio faz parte do “cimento” entre
as células ósseas (osteoblastos), agindo nas epífises (extremidades ósseas) na fase de
crescimento. Na pós-menopausa, a redução da absorção deste mineral, juntamente com sua saída
dos ossos, causa a princípio osteopenia e posteriormente osteoporose. Frutas ricas em cálcio: açaí
(Euterpe oleracea), buriti (Mauritia flexuosa), tamarindo (Tamarindus indica). O equivalente a 2%
do corpo humano é composto por cálcio.

b) Fósforo: está intimamente relacionado ao metabolismo do cálcio, assim como associado à


vitamina D. Tem atuação nos ossos, dentes e, em menor escala, no sistema nervoso central.
Cerca de 1% do corpo humano é constituído de fósforo.
Frutas que contém maiores teores de fósforo: pupunha (Bactris gasiapes), açaí, cacau (Theobroma
cacao) e o coco-da-baía (amêndoa).

c) Ferro: Encontrado no açaí, buriti, tamarindo e na tâmara (Phoenix dactylifera), é fundamental no


transporte de oxigênio pelo sangue através de uma proteína denominada de hemoglobina. A
deficiência de ferro leva ao aparecimento da anemia, que afeta principalmente a população de
baixa renda.

d) Potássio: presente em maior quantidade na fruta-pão, tamarindo, jaca e na banana, uma das
frutas mais consumidas no mundo. É importante nas trocas intra e extra celulares, nas membranas,
fazendo parte da “bomba de sódio e potássio”. Contribui para a contração muscular (evita
cãimbras), transmissão nervosa e para a musculatura cardíaca. Atua nos rins e na fisiologia da
diurese. O nosso corpo tem cerca de 0,25% de potássio.

VITAMINAS: as vitaminas ou aminas da vida são substâncias indispensáveis para a manutenção


das atividades do nosso corpo, através de reações físico-químicas. Farmacologicamente, nada
mais somos que um agregado de átomos e moléculas, cada um desempenhando sua função
específica para manter o funcionamento do corpo. E as vitaminas são justamente indispensáveis
para essas funções. Caso não sejam sintetizadas por nosso organismo, tem-se que ingerir
alimentos que as contêm em sua composição. As vitaminas podem ser lipossolúveis (A, D, E e K) e
hidrossolúveis (C, B1, B2, B6 e B12, niacina e biotina). Apesar das dosagens que necessitamos
diariamente serem pequenas, a falta de qualquer uma delas é o suficiente para causar alterações
no nosso metabolismo e provocar disfunções e doenças. O ferro para ser absorvido necessita da
presença da vitamina C e do ácido fólico.

a) Vitamina A: a síntese da vitamina A está inter-relacionada a seus precursores como ácido


retinóico e beta caroteno. Tem funções na pele, mucosa, retina e aparelho reprodutor. Também
agem nos epitélios, na síntese de células da camada córnea da pele, na acne (espinhas) e na
tensão pré-menstrual (TPM). As frutas que contém a vitamina A, são: pequi (Caryocar brasiliense),
cacau, buriti, jaca, pêssego e kiwi (Actinidia deliciosa).

b) Vitamina B1: Conhecida como Tiamina, está presente na maioria das frutas, sendo encontrada
em maiores quantidades no Buruti, Araçá (Psidium catttleianum), Framboesa (Rubus ideus) e
tâmara. A vitamina B1 exerce maiores atividades no sistema nervoso periférico, tais como
alterações nos reflexos e diminuição das reações nervosas. A sua deficiência produz fraqueza,
dores nos membros superiores e inferiores e aumento de freqüência dos batimentos cardíacos
(taquicardia).

c) Vitamina B2: Conhecida como riboflavina, é importante em reações metabólicas de lipídios


(gorduras), glicídios (carboidratos) e proteínas. Contém no buriti, araçá, pequi, tâmara e conde
(Annona reticulata).

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d) Vitamina C: Conhecida como ácido ascórbico, proporciona um aumento na expectativa de vida.
Convém salientar que o organismo humano não sintetiza a vitamina C. Só a adquirimos ingerindo
alimentos que a contenha. A vitamina C possui ação durante a atividade física, elevando a
resistência à fadiga, dando-nos mais disposição. A ingestão de 10 mg/dia/Kg de peso corporal de
vitamina C diminui o colesterol em 5 a 7%. Atua também na arterioesclerose, como agente
antioxidante, reduzindo o processo de oxidação pela inativação da ação do oxigênio livre, processo
este que produz placa de ateromas no interior das artérias, levando a processos tromboembólicos
que causam isquemia. Atua também na síntese do colágeno, que mantém a pele mais elástica,
retardando o aparecimento das rugas.
Entre as frutas tem-se a nativa camu-camu (Myrciaria dúbia), que possui valores próximos de
3000 mg por 100 mL de suco. Uma pessoa pesando 70 Kg tomando 30 mL de suco de camu-
camu, já supre as necessidades diárias. A acerola possui 1800 mg de ácido ascóbico por 100 mL
de suco. A laranja possui 60 mg de vitamina C por 100 mL de suco. Quanto mais ácida for a
laranja, mais ácido cítrico conterá, e não mais ácido ascórbico.

Particularidades:

a) Uva (Vitis vinifera): A semente apresenta propriedades antioxidantes promotoras de benefícios


cardiocirculatórios, aumentando assim, a resistência dos capilares sanguíneos e reduzindo a
degradação do tecido colágeno nas artérias. A uva roxa ou vermelha possui grande quantidade de
antioxidantes. O vinho tinto é indicado na prevenção de problemas de coração, ou mesmo o suco
concentrado de uva. Deve-se ingerir uma taça de vinho tinto ao dia ou dois copos de suco
concentrado de uva, para suprir as necessidades antioxidantes do organismo.

b) Laranja (Citrus spp.): As fibras encontradas na parte branca do seu fruto agregam as
substâncias gordurosas e facilitam a digestão, assim por apresentarem pectina, darão em último
caso consistência às fezes diminuindo as patologias ano-retais.

c) Mamão (Carica papaya): A papaína presente no mamão, atua semelhante a uma enzima no
estômago, denominado pepsina, auxiliando a digestão de outros alimentos protéicos. Tem uma
atividade levemente laxativa e diurética.

d) Guaraná (Paullinia cupana): Além dos seus frutos serem consumidos in natura, apresentam em
sua análise, cerca de 5,8% de cafeína em suas sementes, sendo considerada um estimulante
cardiorespiratório.

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Tabela: Composição nutricional e calorias de algumas frutíferas (100g).
Fruta Caloria Água Proteína Gordura Carboidrato K Vit. A Vit. B1 Vit. B2 Vit. C
(Unid.) (g) (g) (g) (g) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg)
Abacaxi 52,2 86,0 0,45 0,2 12,15 30,6 0,03 0,09 0,04 0,33
5 1
Abacate 176,8 75,8 1,8 16,0 6,4 89,0 0,03 0,3 0,28 11,5
8
Acerola 59,0 86,5 1,24 0,14 10,49 - 0,20 0,03 0,05 1800
5 2 8
Banana 100,6 73,3 1,40 0,30 23,08 240,0 0,05 0,18 0,06 19,0
2 0
Buriti 178,7 53,6 2,97 10,50 18,1 - 3531 0,03 0,23 23,4
Caju 38,6 86,5 0,80 0,20 8,40 - 0,38 0,02 0,02 259,
5 3
Carambola 35,0 90 0,40 0,08 9 172,4 0,27 0,05 0,04 39,5
Cupuaçu 80 85,6 1,71 1,6 14,7 - 0,03 0,08 0,21 26,0
Camu- 20,9 94,4 0,5 0,01 4,7 - - 0,01 0,01 2994
camu
Coco 388,2 36,7 4,85 34 15,7 279,6 - 0,05 0,09 12,6
Figo 82 82,1 1,3 0,22 18,7 196 0,01 0,04 0,07 11,1
5
Fruta-pão 112,3 73,4 1,5 0,39 25,7 440 0,00 0,09 0,26 29,5
3
Goiaba 57,4 - 1,09 0,56 12,01 168,9 0,03 - 0,15 70,0
branca
Goiaba 42,4 86 1,13 0,15 9,13 62,0 0,10 0,12 0,10 60,0
vermelha
Graviola 69,3 82,3 1,0 0,50 15,2 265,0 0,00 0,09 0,05 25,0
6
Groselha 34,5 91,9 0,76 0,52 6,70 261,7 0,08 0,01 0,01 4,3
Ingá 97,7 - 2,62 0,10 21,6 - 0,04 0,14 0,09 19,6
Jabuticaba 51,7 87,1 0,32 0,0 12,58 13,2 - 0,04 0,09 17,7
Jaca 106 72,4 1,7 0,3 24,1 407,0 0,04 0,03 0,06 12,5
Laranja 54,2 86,4 0,75 0,2 12,37 0,06 0,10 0,04 0,4 53,0
Limão 38,0 90,1 0,60 0,3 8,2 102,2 2,5 0,05 0,04 45,5
Lichia 63,3 84,2 0,87 0,44 13,97 17 - 0,02 0,05 42
Mangaba 47,5 - 0,70 0,30 10,50 - 0,03 0,04 0,04 33
Manga 69 82,5 2,1 0,05 14,1 45 0,22 0,1 0,1 20,5
Maracujá 80 78 2,2 2 15,5 360 0,03 0,10 0,13 25,6
Melancia 27,6 93 0,55 0,2 5,9 41,7 0,2 0,03 0,04 7,1
Melão 34 91 0,77 0,1 7,5 340,2 0,22 0,04 0,03 31
Mangostão 71,6 80,8 0,52 0,35 16,6 - - 0,06 0,06 1,5
7
Mamão 34,4 90 0,73 0,30 7,2 16 0,62 0,03 0,04 56,8
Seriguela - 76,2 0,178 0,1 - - 0,04 0,06 0,03 49,7
5
Tangerina 47,9 88,3 0,75 0,5 10,1 43,2 0,01 0,09 0,04 41,2
Tamarindo 204 35,5 3 0,6 49 406 0,01 0,34 0,13 6
Uva 56,1 86 0,55 0,3 12,8 175,1 0,05 0,03 0,06 4,8

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2. CALAGEM:

Para que se tenha sucesso na indicação de corretivos e fertilizantes para as plantas,


tornam-se necessários o conhecimento de alguns aspectos relacionados com a água, solo e
planta, ou seja, de onde se obtém os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento da
massa vegetal.
Quando se faz a análise de uma planta verifica-se que a maior proporção do seu peso,
70 a 97% é constituída pela água. Secando a planta em estufa a 105O C por 72 horas,
praticamente toda essa água é eliminada por evaporação, obtendo desse modo a matéria seca.
Fazendo a análise da matéria seca obtém-se a seguinte composição: Carbono (C), Hidrogênio (H)
e Oxigênio (O) que correspondem a 95% do total e os minerais que correspondem a 5%. O
Carbono vem do ar (CO2), o Hidrogênio vem da água e o Oxigênio vem do ar e da água. Os
minerais vêm diretamente do solo ou indiretamente através da aplicação de corretivos e
fertilizantes. O solo contribui com os elementos minerais essenciais, e estes se classificam em
macronutrientes e micronutrientes de acordo com a proporção em que aparecem na matéria seca.
Os macronutrientes são: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
enxofre (S); os micronutrientes são: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn),
Molibdênio (Mo), cobalto (Co) e zinco (Zn).
Com o conhecimento destes minerais presentes no solo, tem-se como objetivo através
da calagem a correção do solo com cálcio e magnésio e conseqüentemente a elevação do pH para
a disponibilidade dos nutrientes. Com a adubação objetiva-se colocar à disposição das plantas os
nutrientes necessários às suas exigências nutricionais, ou seja, os nutrientes que estão deficientes
no solo ou na água e que são úteis para o desenvolvimento da massa vegetal. Outra forma de
aplicação de nutrientes além do solo é a utilização de fertilizantes diluídos em água e aplicados
sobre a planta, que também chamada de aplicação foliar.
Para a correção da acidez do solo pode-se dizer “aplicação de calcário, calagem ou
corretivo”. O corretivo é todo material capaz de, quando aplicado ao solo, corrigir-lhe uma ou mais
características desfavoráveis às plantas.

2.1. ACIDEZ DO SOLO:

2.1.1. Acidez e pH:

Ácido é uma substância que tende a ceder prótons (íons hidrogênio) a uma outra; base
é qualquer substância que tende a aceitar prótons.

HA H2O H+ + A-
ácido próton ânion

Em meio aquoso o H+ está sempre hidratado: H2O + H+ = H3O+ (hidrônio).


É mais comum e menos rigoroso, entretanto, falar-se em H+ em vez de em H3O+.

O pH (potencial de hidrogênio) é dado pela medida de íons H + no solo, e quando uma


solução de solo está neutra, o pH = 7; ácida quando o pH for menor que 7 e alcalina quando o pH
está acima de 7.

2.1.2. ORIGEM E TIPOS DE ACIDEZ DO SOLO:

A origem primária da acidez do solo deve estar ligada ao CO2 que, durante as
transformações do material formado desempenha um papel relevante na produção de prótons:

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A) Acidez através do CO2:

O CO2 é liberado durante o processo de respiração das raízes e organismos vivos.


Ocorre a seguinte reação no solo:

CO2 + H2O H2CO3

H2CO3 + H2O HCO3- + H3O+

H2CO3 H+ + HCO3-

B) Acidez através do Alumínio:

A hidrólise do alumínio é talvez a maior fonte de H+ no solo, cuja reação é apresentada a seguir:

Al 3+ + 3H2O Al (OH)3 + 3H+


(precipitado)

C) Acidez através da matéria orgânica:

A dissolução dos grupos terminais ácidos da matéria orgânica liberam H+ na solução do solo.
Exemplos:

Grupos carboxílicos:

RCOOH RCOO- + H+

Grupos fenólicos:

RC6H4OH RC6H4O- + H+

D) Acidez através dos adubos:

Os adubos nitrogenados principalmente na forma de NH4+ são as maiores fontes de H+ nos


solos agrícolas. Ex: sulfato de amônio ((NH4)2SO4); nitrato de amônio (NH4NO3); uréia ((NH2)2CO);
MAP e DAP.

Veja um exemplo de reação no solo do aumento da acidez:

Quando as raízes estão na presença de (NH4)2SO4 ocorre a seguinte reação:

(NH4)2SO4 + 4O2 2NO3 + SO42 – + 2H2O + 4H+

a) o NH4 é absorvido mais rapidamente que o SO4 ;


b) a entrada preferencial de NH4 na raiz é compensada pela saída de H+, para ocorrer o
equilíbrio;
c) o fluxo de H+ para a solução do solo faz baixar o pH (pH ácido).

Veja um exemplo de reação no solo da diminuição da acidez:

Quando as raízes estão na presença de NaNO3 ocorre a seguinte reação:

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NaNO3 Na+ + NO3-

a) o íon NO3- é absorvido mais rapidamente que o Na+;


b) a entrada preferencial de NO3- na raiz é compensada pela saída de OH- , para ocorrer o
equilíbrio;
c) o fluxo de OH- para a solução do solo faz aumentar o pH (pH básico).
TIPOS DE ACIDEZ DO SOLO:

Acidez ativa ou pH = H+
Acidez trocável: Al3+
Acidez potencial: H+ + Al3+
Bases trocáveis: Ca2+; Mg2+; K+; Na+

Dessas determinações são obtidos os valores calculados de Soma de Bases (SB),


Capacidade de Troca de Cátions a pH 7 (CTC), Capacidade de Troca de Cátions efetiva (CTCef),
Saturação por Bases (SB) e Saturação com alumínio (m):

SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ CTC = SB + H+ + Al3+

CTCefetiva = SB + Al 3+ V = 100 x SB
CTC

m = 100 x Al 3+

CTCefetiva

2.1.3. COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO PARA ANÁLISE:

A amostragem do solo é a fase mais crítica de um programa de recomendação de


adubação baseado em análise do solo, especialmente considerando a heterogeneidade natural
dos mesmos. A coleta de amostras de solo representativas é essencial para o correto
levantamento das necessidades de corretivos e de fertilizantes, possibilitando a obtenção de
rendimentos econômicos. Os procedimentos para a coleta de amostras de solo são:
a) dividir a área em unidades de solo homogêneas, considerando-se o tipo de solo, a
topografia, a vegetação e o histórico de utilização da lavoura;
b) os solos podem ser diferenciados pela sua cor, textura, profundidade, topografia;
c) a área que cada amostra de solo (amostra composta) representa pode variar desde o
equivalente a um vaso de flores (100 cm2) até vários hectares;
d) cada área homogênea pode representar até 20 hectares;
e) limpar o local a ser amostrado, retirando uma camada da superfície do solo;
f) andar na área em forma de zig-zag para a coleta de amostras simples;
g) em cada área homogênea coletar de 10 a 20 amostras simples de 0-20cm e de 20-40cm
para dar uma amostra completa;
h) usar um balde de 20 litros para homogeneizar as amostras simples;
i) coletar 500g da amostra de solo para enviar ao laboratório;
j) colocar a amostra em um saquinho plástico, etiquetar, preencher o formulário, colocar em
uma embalagem de papel (caixa) e enviar ao laboratório.

ATENÇÃO: para as frutíferas já implantadas coletar as amostras de solo na projeção da copa das
plantas.
Materiais a serem utilizados na coleta de amostra de solo:

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a) trado holandês, trado de rosca, calador, pá de corte ou enxadão;
b) balde de plástico com capacidade de 20 litros;
c) saquinhos plásticos, etiquetas e embalagem de papelão.

Solo Amostra para Análise no


Camada arável Laboratório Laboratório
1 ha = 2000t 500g 20g

2.1.4. APLICAÇÃO DE CALCÁRIO NO SOLO:

Vantagens:
a) aumenta o pH do solo, corrigindo a acidez;
b) disponibiliza elementos nutricionais do solo para as plantas, tais como: fósforo, molibidênio
e cloro;
c) diminui a liberação do alumínio e manganês tóxicos às plantas;
d) aumenta o teor de nutrientes como cálcio e magnésio no solo às plantas;
e) melhora a relação entre fungos, actinomicetos e bactérias no solo.

Desvantagens:
a) corrige apenas as camadas superficiais do solo;
b) não disponibilidade de boro, cobre, ferro, manganês e zinco no solo para às plantas;

2.1.5. CLASSIFICAÇÃO E REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO DO CALCÁRIO:

O calcário é uma rocha de origem sedimentar e metamórfica. Possui cerca de 38% de


CaO + MgO.

Quanto a concentração de MgO o calcário pode ser classificado em:


- Calcítico: < 5%
- Magnesiano: 5 a 12%
- Dolomítico: > 12%

A acidez do solo é provocada pelos íons H+ e pelo alumínio contidos na solução do


solo. A aplicação do calcário eleva o pH do solo e reduz o Al 3+ e Mn2+ tóxicos para as plantas. Com
a aplicação de Carbonato de Cálcio no solo ácido, ocorre a seguinte reação:

CaCO3 + H2O Ca2+ + CO32 –

CO32 - + H2O HCO3 - + OH-

Assim esses ânions podem reagir com os prótons da solução do solo:

CO32 - + 2H+ CO22 - + H2O

HCO3 - + H+ CO22 - + H2O

OH - + H+ H2O

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Nestas reações podemos observar que é o ânion que neutraliza a acidez do solo, e
que a medida que os íons H+ vão sendo removidos da solução do solo, prótons da acidez potencial
vão passando para a solução. Concomitantemente, os íons Ca 2+ vão ocupando os lugares
deixados pelos H+ da acidez potencial, a saturação por bases aumenta e, assim, a acidez ativa
decresce e o pH se eleva.
A reação dos íons hidroxila da solução do solo é feita através de reação com
componentes do solo, como o alumínio, matéria orgânica, argila e outros, responsáveis pela
acidez.

Al 3+ + 3OH Al(OH)3

O hidróxido de alumínio é insolúvel e, portanto não é absorvido pelas raízes. O


alumínio trocável apresenta relação inversa com o pH do solo, isto é, quanto maior o pH, menor é o
teor de alumínio trocável e também da saturação de Alumínio.
Através do gráfico 1, pode-se observar que a medida que se eleva a saturação por bases do solo
aumenta-se o pH, e no gráfico 2, a medida que se eleva a saturação por bases a saturação de
alumínio no solo decresce.

pH 6
em
CaCl2 5

20 40 60 80 100
Saturação por bases (%)

100

80

60
m (%)
40

20

10 20 30 40 50

Saturação por bases (V%)

No cálculo da quantidade de calcário a ser utilizada, deve-se levar em consideração que o


preço deve ser corrigido para 100% de PRNT, posto na propriedade. Assim, quando da decisão de
comprar, o preço efetivo do calcário deve ser calculado de acordo com a fórmula:

11
Preço efetivo (posto na fazenda) = Valor nominal do calcário x 100

PRNT

2.1.6. USO DO GESSO AGRÍCOLA E SUA REAÇÃO NO SOLO:

O gesso agrícola é originário da reação de ácido sulfúrico sobre rocha fosfatada,


realizada com o fim de produzir ácido fosfórico. De forma simplificada, essa reação pode ser
representada por:

Ca(PO4)6F2 + 10H2SO4 + 20H2O 10CaSO4.2H2O + 6H3PO4 + 2HF

CaSO42 - + H2O Ca2+ + SO42 -

SO42 - + Al 3+ AlSO4+

O gesso agrícola não corrige a acidez do solo, apenas leva para camadas mais
profundas o cálcio e forma na reação o complexo AlSO4+ que é indisponível às plantas, controlando
assim, o alumínio nas camadas inferiores do solo.

2.1.6.1. Critérios para a recomendação de gesso agrícola no solo:

O gesso agrícola deve ser aplicado e incorporado ao solo quando o mesmo estiver
deficiente em cálcio e enxofre. Como o gesso tem a característica de arrastar para camadas mais
profundas do solo, cálcio, magnésio, potássio e alumínio, torna-se necessário que o gesso seja
aplicado em conjunto com o calcário, ou seja, primeiramente aplica-se o gesso e posteriormente o
calcário. O gesso irá arrastar os cátions para camadas inferiores do solo e o calcário permanecerá
na camada superior.
Como critérios para a recomendação de gesso agrícola, têm-se:
a) aplicar 2 t/ha de gesso para cada 1 cmolc/dm3 de Al3+ (Malavolta e Kliemann,1985).
b) aplicar gesso quando o teor de cálcio for inferior a 0,3 cmolc/dm3; alumínio igual ou superior a 0,5
cmolc/dm3 ou saturação de alumínio superior a 40% (Lopes, 1986).
c) aplicar gesso quando for utilizado o método de saturação por bases e substituir 25%
do CaO do calcário por CaO do gesso (Lopes,1986).
d) aplicar gesso quando for utilizado o método de elevação dos teores de cálcio e magnésio e
neutralização do alumínio e adicionar 25% de CaO com base no CaO do calcário (Lopes,1986).

2.1.7. MÉTODOS UTILIZADOS PARA CALCULAR A NECESSIDADE DE CALCÁRIO EM


GOIÁS:

a) Método do alumínio trocável:

N.C (t/ha) = {2 x Al3+ + [2* – (Ca2+ + Mg2+)]} x 100/PRNT

* Para solos com teor de argila inferior a 20%, utiliza-se o índice 1,2.

12
b) Método da Saturação por Bases:

NC = (V2 – V1) x 100/PRNT

N.C = necessidade de calcário a aplicar em t/há.


CTC = capacidade de troca de cátions (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+).
V1 = saturação por bases atual do solo (%).
V2 = saturação por bases desejada (%).
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário (%).

Este método é mais indicado para a recomendação de calcário porque leva em


consideração o tipo de solo, a CTC do solo, a cultura e a qualidade do calcário.

3. NUTRIÇÃO EM FRUTICULTURA:

A análise da planta não é suficiente para caracterizar um elemento como essencial.


Por isso absorvem do solo, sem muita discriminação, os elementos essenciais, os benéficos e os
que podem trazer-lhes a morte. Todos os elementos essenciais são encontrados dentro da planta,
mas nem todos os elementos encontrados na planta são essenciais.
A lista dos elementos hoje considerados essenciais é:

a) Macronutrientes: N, P, K, S, Ca, Mg
b) Micronutrientes: B, Cl, Co, Mo, Fe, Zn, Mn, Cu
A separação entre macro e micro nutrientes baseia-se apenas na concentração em
que o elemento aparece na matéria seca, a qual vai ser refletida nas quantidades exigidas,
contidas, ou fornecidas (solo, adubo) no processo de formação da colheita.

3.1. ABSORÇÃO, TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO:


3.1.1. ABSORÇÃO DE NUTRIENTES:

A absorção é o processo pelo qual o elemento nutriente passa do substrato (solo,


solução nutritiva) para uma parte qualquer da célula (parede, citoplasma, vacúolo).
Para que o elemento nutriente penetre na raiz, é necessário, em primeiro lugar, que ele
entre em contato com a raiz. Este contato pode ser de 3 formas:
a) Interceptação radicular: a raiz, ao se desenvolver, encontra o elemento na solução do
solo, na qual ele tem que estar para que possa ser absorvido. Ex: Cálcio, Cobre, Ferro,
Zinco.
b) Fluxo de massa: consiste no movimento do elemento em uma fase aquosa móvel (solução
do solo), de uma região mais úmida, distante da raiz, até outra mais seca (próxima da
superfície radicular). Ex: Nitrogênio, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre, Boro,
Molibidênio, Zinco.
c) Difusão: o elemento caminha por distâncias muito curtas dentro de uma fase aquosa
estacionária, indo de uma região de maior concentração para outra de concentração
menor na superfície da raiz. Ex: Fósforo, Potássio, Ferro, Manganês e Zinco.

Tabela1. Forma de absorção do íon pelas raízes, tipo de contato e aplicação de adubos.
Elemento Forma de absorção Tipo de contato Aplicação de adubos
pelas raízes
N NO3- Fluxo de massa Distante e m cobertura
P H2PO4 Difusão Perto e localizado
K K+ Difusão(+); Fluxo de Perto e localizado
massa(-)

13
Ca Ca2+ Fluxo de massa(+); Lanço
Interceptação
Mg Mg2+ Fluxo de massa Lanço
S SO4- Fluxo de massa Distante e em
cobertura
B H3BO3 Fluxo de massa Distante e em
cobertura
Cu Cu2+ Interceptação(+); Lanço e localizado
Fluxo de massa(-);
Difusão(-)
Fé Fe2+ Interceptação(+); Lanço e localizado
Difusão(-); Fluxo de
massa(-)
Mn Mn2+ Difusão(+); Perto e localizado
Interceptação(-)
Mo HMoO4- Fluxo de massa Lanço
Zn Zn2+ Difusão Perto e localizado

Os elementos são absorvidos com velocidades diferentes, em geral obedecendo à


seguinte ordem decrescente:

Ânions: NO3- > Cl- > SO42- > H2PO4 –


Cátions: NH4+ > K+ > Na+ > Mg2+ > Ca2+

3.1.2. TRANSPORTE DE NUTRIENTES:

O Transporte de nutrientes na planta é o movimento do nutriente do local de absorção


para outro qualquer, dentro ou fora da raiz. Esse transporte pode ser da raiz até os vasos do
cilindro central ou através de longa distância, ou seja, da raiz até a parte aérea. Na raiz o elemento
caminha da epiderme para parênquima cortical, deste para a endoderme e deste para o cilindro
central (floema e xilema). Ocorre o transporte de longa distância predominantemente no xilema,
embora para alguns como o potássio ocorre no floema.

3.1.3. REDISTRIBUIÇÃO:

A redistribuição dos elementos nas plantas dá-se preferencialmente pelo floema. Os elementos
podem mostrar mobilidade muito diferente. Tais como:

a) Elementos móveis: N, P, K, Mg, Cl, Mo


b) Elementos pouco móveis: S, Cu, Fe, Mn, Zn
c) Elementos imóveis: Ca, B

Essa mobilidade maior ou menor no floema tem relevância prática:

Elementos móveis: deficiência em folhas mais velhas.


Elementos pouco móveis: deficiência em folhas mais velhas, geralmente.
Elementos imóveis: deficiências nas folhas e órgãos mais novos.

3.2. DIAGNOSE VISUAL E FOLIAR:

a) Diagnose visual: a diagnose consiste em comparar o aspecto da amostra com o do padrão.


Na maior parte dos casos compara-se o de um órgão, geralmente a folha. Dependendo do

14
elemento, porém, a comparação pode ou deve ser feita comparando-se outros órgãos: da
raiz ao fruto. A diagnose visual é determinada através dos sintomas de deficiências ou de
excessos de nutrientes nas partes ou no todo na planta. Na tabela 2 são apresentadas
algumas deficiências de alguns nutrientes nas plantas.

Tabela 2. Identificação de deficiências minerais nas plantas.


Nutriente Sintomas de deficiências
N Folhas amareladas, inicialmente nas mais velhas, como resultado da proteólise.
Ângulo agudo entre caule e folhas. Dormência de gemas laterais. Redução no
perfilhamento. Senescência precoce. Folhas menores devido ao menor número de
células.
P Folhas amareladas nas mais velhas, pouco brilho, cor verde azulada ou manchas
pardas. Ângulos foliares mais estreitos. Menor perfilhamento. Gemas laterais
dormentes. Número reduzido de frutos e sementes. Atraso no florescimento.
K Clorose e depois necrose das margens e pontas das folhas, nas mais velhas. Menor
tamanho dos frutos (laranja). Diminuição da dominância apical. Internódios mais
curtos em plantas anuais.
Ca Amarelecimento de uma região limitada da margem das folhas mais novas.
Crescimento não uniforme da folha, do qual resultam formas tortas. Murchamento e
morte das gemas terminais. Pequena frutificação ou produção de frutos anormais ou
podridão estilar (limão).
Mg Clorose das folhas, usualmente começando e sendo mais severa nas mais velhas.
Clorose internerval e em algumas espécies a clorose é seguida pelo
desenvolvimento de cor alaranjada.
S Clorose, primeiro nas folhas mais novas.
B Folhas pequenas, com ou sem clorose, grossas ou quebradiças, com nervuras
suberificadas e salientes às vezes tons vermelhos ou roxos. Morte do meristema
apical do caule, e sua regeneração a partir de gemas axilares pode dar galhos em
leque na parte do ramo principal ou do caule.
Zn Diminuição no comprimento dos internódios com a formação dos tufos terminais de
folhas perenes. Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas.
Cu Folhas inicialmente verdes escuras em ramos vigorosos (laranjeiras), tornando-se
cloróticas (pontas, margens).
Mo Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranjas brilhantes em
folhas mais velhas e depois necrose.

b) Diagnose Foliar: é um método de avaliação do estado nutricional das culturas em que se


analisam determinadas folhas em períodos definidos da vida da planta. O motivo pelo
qual analisam-se as folhas é conhecido: elas são os órgãos que, como regra geral,
refletem melhor o estado nutricional, isto é, respondem mais as variações no suprimento
do elemento, seja pelo solo, seja pelo adubo.

A diagnose foliar tem três aplicações:


- avaliação do estado nutricional.
- identificação de deficiências que provocam sintomas semelhantes, dificultando ou
impossibilitando a diagnose visual.
- avaliação da necessidade de adubos.
Para a diagnose foliar a amostragem deve ser muito criteriosa. Nesta operação
consideram-se: a época, a idade da planta, a posição da folha na haste, o número de amostras na
planta e por área e, finalmente o encaminhamento da amostra para o laboratório. A tabela 3
apresenta esses critérios para a amostragem.

15
Tabela 3. Critérios para a amostragem de folhas para a diagnose foliar.
Frutífera Época Folhas Tamanho da amostra
Abacate De 3 a 4 meses Limbo dos ramos não frutíferos, à 100 folhas; 4 por
após a brotação altura do ombro, nos 4 pontos planta.
de primavera cardeais.
Abacaxi No florescimento Parte basal não clorofilada da folha 50 folhas; uma por
mais longa (folha D). Essas folhas planta. Cortar em
têm inserção aproximada de 45º com pedaços e retirar
a haste e a base quebrada. 200g.
Banana Na emissão da 10 cm centrais da 3ª folha, a partir do 25 folhas; uma por
florescência ápice, eliminando-se a nervura planta.
central e as metades periféricas.
Citros No verão Folhas geradas na primavera, com 100 folhas; 4 por
cerca de 6 meses de idade, nos planta.
ramos com frutos. Nos 4 pontos
cardeais da planta.
Manga No florescimento Folha com pecíolo, da parte média 100 folhas; 4 por
dos ramos do último ano, na altura planta nos pontos
média das plantas. cardeais.
Goiaba Um mês depois 4º par, ramos terminais sem frutos. 30 folhas
de terminar o
crescimento do
ramo
Maçã Primavera-verão Inteiras, com pecíolos na parte 100 folhas de 25
mediana de ramos do ano. plantas.
Mamão Florescimento Folha “F” na axila com a primeira flor 18 folhas
expandida.
Maracujá Outono Ramos medianos, 4ª a partir da 60 folhas
ponta.
Pêra 2-3 semanas Inteiras, porção mediana dos ramos 100 folhas de 25
após do ano. plantas
florescimento
pleno
Pêssego Verão Recém amadurecidas do 100 folhas de 25
crescimento do ano. plantas.
Uva Fim do Na base do primeiro cacho 30-60 folhas.
florescimento

Com o resultado dos teores de nutrientes da análise foliar, deve-se verificar através de
tabelas os níveis críticos de macro e micronutrientes para frutíferas e observar se os resultados
obtidos estão a níveis críticos ou normais para, posteriormente, fazer a correção de nutrientes no
solo ou na planta.
A tabela 4 apresenta os teores foliares de macro e micronutrientes que, em geral,
consideram adequados. Deve-se ter presente, entretanto, que esses valores são indicações muito
gerais, tais como: condições de solo, clima e variedade poderão influenciar os mesmos,
aumentando-os ou diminuindo-os.

Tabela 4. Teores totais de macro e micronutrientes considerados adequados para as


principais frutíferas (análise de folhas).
Cultura N P K Ca Mg S B Cu Fé Mn Mo Zn
g/Kg mg/Kg
Abacate 16-2 1,2-2, 15-2 15-3 4-8 2-3 50-1 5-1 50-20 30-50 - 30-1
0 5 0 0 00 5 0 0 50
Abacaxi 20-2 2,1-2, 25-2 3-4 4-5 2-3 30-4 9-1 100-2 50-20 - 10-1
2 3 7 0 2 00 0 5

16
Banana 27-3 1,8-2, 35-5 2,5-1 3-6 2-3 10-2 6-3 80-36 200-2 - 20-5
6 7 4 2 5 0 0 000 0
Citros 25-2 1,2-1, 12-1 30-4 3-5 1,5- 36-1 5-1 60-12 25-10 0,1-1 25-1
7 6 7 9 2 00 6 0 0 00
Goiaba 30 3 30 13 3 3 - 10- 144-1 202-3 - 28-3
16 62 98 2
Maçã 23-2 2-2,5 15-2 14-2 2-4 2-3 30-6 5-1 100-2 50-10 0,15- 25-3
5 0 0 5 0 00 0 0,30 0
Mamão 45-5 5-7 25-3 20-2 10 4-6 15 11 291 70 - 43
0 0 2
Manga 10-1 1,2-1, 4-6 30-3 5-6 1,6- 30 30 70 120 - 90
2 4 3 1,8
Maracujá 40-6 4-5 35-4 15-2 3-4 3-4 40-5 10- 120-2 400-6 - 25-4
0 5 0 0 20 00 00 0
Pêra 23-2 1,4-2 12-2 14-2 3-5 1,7- 20-4 9-2 60-20 60-12 - 30-4
7 0 1 2,6 0 0 0 0 0
Pêssego 26-3 2-3 25-3 15-2 3-5 2-3 40-6 - - 100-1 - 30-4
5 0 5 0 50 0
Uva 25-2 2-3 15-2 30-4 3-4 2-3 30-4 - - 40-10 - 25-4
7 0 0 0 0 0
Fonte: Malavolta e Vitti (1989).

4. ADUBAÇÃO EM FRUTICULTURA:

A adubação deve ser realizada sempre com critério e relacionada à análise de solo.
Para o estado de Goiás as interpretações e indicações são feitas de acordo com a 5 a Aproximação
(1988). Cada adubo, seja mineral ou orgânico contém concentrações de nutrientes diferenciadas,
como mostra a tabela 5.

Tabela 5. Tipos de adubos e concentrações de nutrientes nos adubos mais utilizados em


fruticultura:

ADUBO FÓRMULA CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES (%)


N P2O5 K2O CaO MgO S
Sulfato de amônio (NH4)2SO4 20 22
Nitrato de amônio NH4NO3 35(NH4)
50(NO3)
Nitrato de potássio KNO3 14 46
Uréia N2COH4 45
Fosfato natural Ca10(PO4)6F2 35 44
Farinha de ossos - 4 26
Superfosfato Ca(H2PO4)+CaSO4.2H2 18 20 14
simples O
Superfosfato Ca(H2PO4)2.H2O 45 15
Triplo
Termofosfato - 18 21 11
Magnesiano
Yoorin
Cloreto de KCl 60
potássio
Gesso Agrícola* CaSO4.2H2O 32 18

17
*
Não é considerado adubo, e sim corretivo.

Em fruticultura, a calagem deve ser aplicada em toda a área de cultivo, já a adubação


dever ser feita em covas, de acordo com as dimensões para cada frutífera. Em fruticultura utiliza-se
a adubação de plantio (orgânica e/ou mineral), adubação de crescimento e adubação de produção.

5 - PROPAGAÇÃO DE PLANTAS EM FRUTICULTURA:

5.1. PROCESSOS DE PROPAGAÇÃO:

Há dois processos de propagação de plantas:

• Propagação sexuada ou por sementes


• Propagação assexuada ou vegetativa

Propagação sexuada ou por sementes: Este processo envolve a formação da


semente que é o óvulo fecundado e desenvolvido. A fecundação consiste na fusão dos gametas
masculino e feminino, originando o zigoto. Este dá origem ao embrião que é a parte essencial da
semente a qual ainda contém tecidos de reserva e tegumentos.

Características das sementes:


- A semente é um órgão de resistência que se conserva vivo, em condições
adversas, por muito mais tempo que qualquer outra parte da planta.
- Praticamente todo trabalho orientado de melhoramento vegetal se baseia na
propagação sexuada e na semente como portadora de carga hereditária.
- Muitas doenças de vírus não são transmitidas pela semente, embora a planta
genitora dessa semente esteja doente.

Na propagação sexuada, mesmo em espécies autofecundadas ocorre uma certa taxa


de cruzamentos e a preservação do genótipo puro é difícil em grandes populações de plantas
propagadas por sementes. Por repetidas autofecundações consegue-se, porém, uma população
bastante homozigota para efeitos práticos e muito uniformes.

Plantas hermafroditas funcionais:

Muitas plantas possuem flores hermafroditas funcionais, isto é, os órgãos reprodutivos


masculinos e femininos reunidos na mesma flor sem nenhum dispositivo morfológico, fisiológico ou
genético que impeça a autofecundação. Tais plantas apresentam uma taxa de cruzamentos muito
baixa, de 0,1 a 5% e são, portanto, bastante homozigotas. A esse grupo pertencem algumas
espécies cítricas.

Plantas hermafroditas com dicogamia:

Estas plantas têm flores hermafroditas, mas os órgãos sexuais amadurecem em


horários diferentes, impedindo a autofecundação. A fecundação é realizada por pólen de outra
planta da mesma espécie mas de horário diferente. Fala-se em protoginia quando a maturação do
pistilo acontece antes das anteras e em protandria quando as anteras amadurecem antes dos
pistilos. A dicogamia é responsável pela fecundação cruzada e ocorre, por exemplo, no abacateiro
(Persea sp) e na mangueira (Mangifera indica).

18
Plantas monóicas:

A planta monóica possui ambos os órgãos reprodutivos, mas em flores separadas,


unissexuais. Embora a autofecundação seja possível, a alogamia é predominante. Culturas para a
produção de sementes devem ficar isoladas de outras plantas da mesma espécie por vários
quilômetros para evitar a contaminação pelo vento ou por insetos polinizadores. São bastante
heterozigotas e a este grupo pertencem a Noz pecan (Carya iliinoensis) e o coco da Bahia (Cocus
nucifera).

Plantas dióicas:

As plantas dióicas possuem os sexos separados por planta, havendo plantas com
flores unissexuais masculinas e plantas com flores unissexuais femininas. O cruzamento neste
caso é obrigatório, e enquadram neste grupo a tâmara (Phoenix dactilifera), mamão (Carica
papaia) e caqui (Diospyros sp).

Propagação assexuada ou vegetativa:

A propagação vegetativa é o único meio de propagação que se preserva perfeitamente


o genótipo, sendo todos os indivíduos descendentes geneticamente idênticos entre si e à planta
mãe e constituindo, assim, um clone. A propagação vegetativa depende da capacidade de
regeneração de tecidos e órgãos a partir dos meristemas do caule, da raiz ou da folha. Ocorre
neste caso, a divisão normal das células (mitose) e posterior diferenciação.

Características da propagação vegetativa:

- Os filhos apresentam genótipo idêntico ao da planta-mãe, constituindo um clone.


- A propagação vegetativa encurta a vida das plantas perenes, e antecipa o início da
sua fase reprodutiva.
- Reduz o porte das plantas perenes em comparação com as originadas por
sementes, o que constitui uma vantagem para a fruticultura.

Apomixia:

As sementes de algumas espécies vegetais dão origem a embriões sem fecundação,


ou seja, embriões vegetativos. Estes embriões são chamados apomíticos, e resultam da divisão
celular normal (mitose) dos tecidos diplóides do óvulo e possuem, a mesma constituição genética
da planta-mãe. Os indivíduos descendentes por apomixia são um clone. Embora a fecundação não
esteja envolvida na formação dos embriões apomíticos, a polinização é necessária para estimular o
desenvolvimento dos tecidos do óvulo e dos embriões. Isso acontece nas sementes de citros
(Citrus sp) e manga (Mangifera indica) que apresentam um ou mais embriões nucelares ao lado de
um sexual.

ESTRUTURAS NATURAIS ESPECIALIZADAS:

- Estolhos:

São caules aéreos que se desenvolvem rentes ao solo e cujos nós enraízam e
originam novas plantas. Ex. morango (Fragaria sp).

19
- Rebentos:

São mudas enraizadas provenientes da base do caule aéreo ou de caule subterrâneo.


Ex. abacaxi (Ananas comosus) e banana (Musa sp).

- Filhotes:

São mudas não enraizadas originadas na parte aérea do caule. Ex. abacaxi.

- Rizomas:

São caules subterrâneos de forma variável desde curtos e arredondados até


alongados e finos. Como caule típico, o rizoma apresenta nós e entre-nós com gemas que
originam a parte aérea da planta. Ex. Banana.

- Mergulhia:

Este método de propagação consiste em provocar o desenvolvimento de raízes em


ramos, antes de destacá-los da planta-mãe. O ramo é ferido ou curvado e, neste local, envolvido
por terra úmida ou outro substrato umedecido, até que se verifique o enraizamento quando então é
destacado da planta-mãe. O ramo posto a enraizar continua recebendo água e nutrientes da
planta-mãe. Ex. Lichia (Litchi chinensis) como mergulhia simples e jabuticabeira (Myrciaria
cauliflora) como mergulhia aérea ou alporquia. Este princípio se baseia no estiolamento ou no
bloqueio total ou parcial do fluxo de seiva elaborada, resultando no acúmulo de carboidratos na
base do ramo, local de formação de raízes adventícias.

ESTAQUIA:

Estaquia é o método de propagação vegetativa pelo qual um fragmento vegetal isolado


(estaca) regenera uma planta completa. A estaca pode ser um pedaço de caule, de raiz, de folha
ou uma folha inteira. Em fruticultura utiliza-se muito a estaquia de caule, como por exemplo, a
figueira (Ficus carica), a uva (Vitis sp.), a amora (Morus nigra). Hoje quase a totalidade dos
pomares com goiaba (Psidium guajava) no Brasil, são formados com mudas obtidas por estacas. A
formação de raízes nas estacas se dá pelo movimento de hormônio na planta. As gemas apicais e
folhas novas elaboram ácido indol acético (AIA), a qual é translocada do ápice para a base, onde
estimula a emissão de raízes adventícias. Este hormônio é chamado de auxinas.

Exemplos de plantas propagadas por estaquia de caule em fruticultura:

* Figo (Ficus carica)


* Uva (Vitis sp.)
* Amora (Morus nigra)
* Marmelo (Cydonia oblonga)
* Maçã (Malus sylvestris)
* Fruta-pão (Artocarpus altilis)
* Oliveira (Olea europeae)
* Romã (Punica granatum)
* Ameixa (Prunus sp)
* Pêssego (Prunus persica)
* Pera (Pyrus communis)
* Acerola (Malpighia emarginata)
* Nêspera (Eriobotrya japonica)

20
* Goiaba (Psidium guajava)
* Lichia (Litchi chinensis)
* Umbu (Spondia tuberosa)

Tamanho das estacas de caule:

As estacas devem ter no mínimo uma gema para emitir folhas, pois, as raízes se
formam longe das gemas. Porém, as gemas favorecem o aparecimento de raízes, então, é
conveniente a presença de pelo menos duas gemas nas estacas de caule. Nas plantas que
apresentam gemas distantes, a estaca deve ser cortada, na parte inferior, logo abaixo de uma
gema. Na parte superior da estaca, onde as gemas ficam próximas, a distância entre corte e gema
não importa. As estacas devem ter no mínimo 20cm e máximo de 30cm de comprimento com
diâmetro de 0,5cm a 1,5cm. As estacas devem ser cortadas em bisel nos dois lados. Na parte
inferior da estaca é para aumentar a superfície de corte para melhor enraizamento. Na parte
superior é para não acumular água da chuva ou da irrigação.
Para facilitar o enraizamento das estacas de caule, pode-se utilizar fitoreguladores
como o ácido naftaleno acético (ANA), o ácido indolbutírico (AIB) e o ácido indol acético (AIA) que
se encontram no comércio. Em plantas de difícil enraizamento, pode-se aplicar sobre a região do
corte o AIB diluído em talco na concentração de 3%. Atualmente são encontrados no mercado
tanto ácidos prontos na forma líquida como diluídos em talco industrial. Na forma líquida as estacas
são imersas na base e o tempo de imersão será menor ou maior conforme a concentração da
mistura. Quando o hormônio for diluído em talco, umedece-se a base da estaca para que a
aderência da mistura seja melhor.

ENXERTIA:

A enxertia é a união de partes de diferentes plantas, de modo que essas partes


continuem seu crescimento como uma só planta, conservando cada parte as suas características.
A parte inferior que inclui o sistema radicular da nova planta, constitui-se o porta-enxerto ou cavalo
e a parte superior constitui-se o enxerto ou cavaleiro. Esta planta composta recebe água e
nutrientes minerais (seiva bruta) pelas raízes do porta-enxerto e carboidratos (seiva elaborada) das
folhas do enxerto. Para que ocorra um movimento normal da seiva é necessária uma ligação
perfeita entre os tecidos vasculares. A união entre o enxerto e o porta-enxerto se baseia na
presença do tecido meristemático secundário, conhecido por câmbio, o que acontece em plantas
da classe dicotiledônea.

Aplicações da enxertia:

* Perpetuação de clones que não podem ser propagados economicamente, por estaquia,
mergulhia ou outros métodos assexuados.
* Controle de pragas e doenças existentes no solo.
* Mudança de cultivar, em plantas perenes adultas.
* Recuperação de árvores frutíferas danificadas.
* Redução do tamanho de árvores.
* Estudo de viroses.

Muitas fruteiras como o citrus, abacateiro, mangueira, cajueiro e goiabeira são de difícil
propagação por outros métodos assexuados, por isso, a enxertia é mais utilizada.

Época da enxertia:

21
A época de enxertia depende das condições climáticas, do estado de desenvolvimento
dos porta-enxertos e das plantas. As plantas perenes de folhagem permanente, tropicais ou
subtropicais, devem ser enxertadas no início ou durante o período de vegetação ativa que, nas
regiões tropicais úmidas, é contínuo durante todo o ano. Na maior parte do Brasil, o fator limitante
para a vegetação durante certa época do ano é a seca, que pode ser superada pela irrigação. No
centro-sul os meses de agosto a outubro são, preferíveis para a enxertia, pois, as plantas recém-
enxertadas terão um longo período quente e chuvoso e favorável ao crescimento.

Tipos de enxertia:

- Borbulhia:

Borbulhia é o método de enxertia pelo qual se usa como enxerto uma borbulha, ou
seja, uma gema acompanhada com um pedaço de casca. A borbulhia apresenta como vantagens
um maior rendimento do material disponível para enxerto, pois cada gema pode resultar em uma
nova planta e no caso de falha, pode ser repetida.
Para que o processo da borbulhia tenha sucesso é necessário que a planta solte a
casca, isto é, que a casca cortada se desprenda do lenho e possa ser levantada através do
canivete. Se isso não ocorrer e o problema for a seca, duas ou três irrigações em intervalos
pequenos resolve o problema.

Tipos de borbulhia:

Borbulhia sob-casca:

Por este método de enxertia fazem-se duas incisões na casca do porta-enxerto: uma
vertical, maior e uma horizontal, menor, de modo a formar um “T” (direto) ou “T” (invertido). Ao
longo dos cortes levanta-se um pouco a casca. Em seguida corta-se a borbulha, ou seja, uma
gema com uma porção alongada de casca, que é introduzida debaixo da casca do porta-enxerto.
Após a introdução da gema o enxerto é amarrado com fita plástica, espera-se o pegamento da
borbulha e retira-se a fita. A borbulhia sob-casca é utilizada em citrus sp.

Borbulhia de placa embutida:

A borbulhia de placa embutida é preferível à sob-casca quando a casca do porta-


enxerto é pouco flexível e quebradiça. Neste caso, corta e retira-se um pedaço quadrangular,
elíptico ou um anel inteiro de casca com ou sem lenho do porta-enxerto, substituindo-o por um
pedaço igual de casca com uma gema do enxerto. Este método de borbulhia é usado na gravioleira
(Annona muricata).

GARFAGEM:

A garfagem é o método de enxertia pelo qual se usa como enxerto um garfo, isto é, um
pedaço de ramo que geralmente contém várias gemas. A garfagem pode ser de 3 tipos: no topo, à
inglesa e lateral. A garfagem pode ser utilizada na mangueira, abacateiro, cajueiro, pequizeiro,
mangabeira, goiabeira.

a) Garfagem no topo:

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A garfagem no topo começa pela eliminação da parte superior do porta-enxerto,
através de um corte horizontal. Pela posição do garfo, distinguem-se 4 modalidades de garfagem:
em fenda (simples, cheia e dupla), sob-casca, embutida e de superposição.

a1) Garfagem no topo em fenda:

Procedimentos:
• Elimina-se a parte superior do porta-enxerto.
• Corta-se o toco verticalmente no meio (fenda) e sem rachá-lo.
• Corta-se na forma de cunha alongada o garfo.
• Insere-se o garfo na fenda do porta-enxerto, pelo menos um dos lados
deve coincidir com a casca do porta-enxerto.
• Amarra-se com fita plástica o garfo no porta-enxerto.

a2) Garfagem no topo sob-casca:

A garfagem no topo sob-casca é feita quando a casca do porta-enxerto solta com


certa facilidade. Para realizar a garfagem sob-casca faz-se um corte vertical na casca a partir da
parte superior do porta-enxerto de alguns centímetros. O garfo deve ser cortado em bisel na parte
inferior e inserida sob a casca do porta-enxerto.

b) Garfagem à inglesa:

Para a enxertia de garfagem à inglesa, o enxerto e o porta-enxerto devem ter


aproximadamente o mesmo diâmetro.

b1) Garfagem à inglesa simples:

Consiste em cortar obliquamente ou em bisel, tanto para o porta-enxerto quanto o


garfo e justapor um ao outro de modo que haja coincidência da casca dos dois em todo perímetro,
ou pelo menos, na maior parte.

b2) Garfagem à inglesa com entalhe:

O entalhe aumenta a superfície de contato entre o porta-enxerto e o garfo, dando maior firmeza ao
conjunto. São feitos um corte em bisel e um entalhe tanto no porta-enxerto e no garfo.

ENCOSTIA:

A encostia é chamada também de enxertia por aproximação ligando galhos ou raízes.


A sua característica é que o enxerto ou cavaleiro continua ligado à planta mãe até que se verifique
o pegamento da enxertia. O enxerto continua recebendo a seiva o que aumenta muito a
probabilidade de pegamento. A encostia lateral é um tipo de encostia em que a copa do porta-
enxerto é conservada até se verificar o pegamento do enxerto. Somente após de verificado o
desenvolvimento da planta enxertada é que ela é desligada da copa do porta-enxerto.

CULTURA DE MERISTEMA OU MICROPAPAGAÇÃO:

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Este método de propagação é empregado para produzir clones, livres de viroses e
outras moléstias, como é o caso de produção de mudas de banana, morango e abacaxi, além de
propagar grandes quantidades de mudas a baixos custos. Este método baseia-se no princípio de
que o meristema apical de uma planta doente ainda está livre de patógenos, durante a fase inicial
de diferenciação. Em laboratório corta-se um pequeno pedaço do meristema apical com até 4
primórdios foliares e é colocado em um meio de cultura, dentro de um tubo de ensaio. A partir daí a
plântula começa a se desenvolver, é transplantada para pequenos vasos, saquinhos plásticos ou
tubetes e ocorre o transplantio definitivo no campo. Desde a retirada dos explantes (matrizes) até o
plantio das mudas no campo são necessários de 12 a 15 meses.
A micropropagação de mudas de bananeira é utilizada para evitar a disseminação de
doenças de solo, como a fusariose (Fusarium oxysporum) e os nematóides, bem como de pragas
danosas à cultura, como a broca ou moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus).

24
6. A CULTURA DA UVA:
1. INTRODUÇÃO:

A viticultura brasileira apresentou nos últimos anos um grande avanço com relação a
qualidade de uva tanto de mesa quanto para produção de vinho. Este fato se deve a pesquisa
desenvolvida por diversos órgãos oficiais, principalmente a EMBRAPA. As exportações brasileiras
de uvas frescas em 1999 foram de 8.033t, passando para 25.087 t em 2002. Com a pesquisa
brasileira de ponta com relação a produção de uva, é cada vez mais comum nas frutarias, feiras e
supermercados possuírem diversas variedades de uva em todas as estações do ano. Isso é devido
aos fatores climáticos apropriados para a condução da cultura em várias partes do território
nacional, além de variedades adaptadas. O Brasil possui clima, solo e variedades adaptadas para
que a produção de uva seja da melhor qualidade como produto final, seja de uva de mesa ou
vinho.
As características de clima tropical favorecem a implantação de lavoura de uva com
temperaturas médias mínimas de 20ºC e médias máximas de 31ºC, o que proporciona valores
totalmente adequados a região de Ceres. Esta amplitude térmica é ideal para o perfeito
crescimento e desenvolvimento da cultura da uva. Nas regiões de Morrinhos, Aragoiânia, Santa
Helena, Inhumas e Itaberaí são exemplos de sucesso de produção de uva no Estado de Goiás.
Em Santa Helena já possui a primeira fábrica de vinho do cerrado, produzindo vinho de acordo
com a EMBRAPA de ótima qualidade.
O vinho é o produto obtido pela fermentação alcoólica total ou parcial da uva fresca, da uva
amostada ou do mosto de uva. Mosto é o produto obtido pelo esmagamento da uva fresca e
madura. Deve-se ter presente que a composição do vinho está ligada diretamente à uva da qual
teve sua origem. Uvas para vinho corrente: com baixos teores em açúcar e acidez, dão vinhos que
se conservam pouco, insípidos e fracos. Uvas para vinho de mesa: com teores de açúcar entre 18
e 21,5% e 5 a 8% de acidez, dão bons vinhos, porém sem qualidades especiais. Uvas para
grandes vinhos: uvas com 19-21% de açúcar e 5 a 7% acidez.
A produção de uvas torna-se uma grande opção para todos os produtores, tanto pequeno,
médio ou grande, proporcionando uma grande retorno financeiro, não somente com a venda e
comercialização da uva in natura, mas também de produtos como o vinho, geléia, passas e de
suco concentrado.
A uva tem a sua origem de duas regiões, a européia (Vitis vinifera) e a americana (Vitis
labrusca), além de outras espécies, como Vitis riparia (Americana), Vitis aestivalis (Americana),
Vitis berlandieri (Americana e Asiática). As tabelas 1, 2, 3 e 4 mostram os Estados produtores no
Brasil, a área cultivada em ha, o consumo per capita dos derivados da uva até o ano de 2005 no
Brasil e o consumo per capitã de vinho no mundo. Os resultados apresentados mostram que o
Brasil tem um potencial gigantesco quando comparado aos outros dados mundiais, principalmente
quando têm-se no país fatores totalmente favoráveis como os climáticos e consumo muito baixo
dos produtos pelos brasileiros.
Tabela 1. Produção de uvas no Brasil (t).
Estado 2004 2005
Rio Grande do Sul 696.557 611.907
São Paulo 193.300 231.680
Pernambuco 151.699 153.101
Paraná 96.662 100.700
Bahia 85.910 86.338
Santa Catarina 46.007 47.971
Minas Gerais 13.068 14.374

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Tabela 2. Área plantada de uva no Brasil (ha).
Estado 2004 2005
Rio Grande do Sul 40.351 42.449
São Paulo 11.990 12.306
Pernambuco 4.692 4.742
Paraná 5.794 5.800
Bahia 3.407 3.422
Santa Catarina 3.949 4.224
Minas Gerais 917 934
Brasil 71.100 73.877

Tabela 3. Consumo per capita de derivados da uva no Brasil.


Produtos 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Vinhos (L) 1,89 1,81 1,71 1,68 1,76 2,01
Suco de 0,33 0,35 0,34 0,39 0,37 0,54
uva (L)
Uva de 2,32 3,42 3,42 3,39 3,52 3,54
mesa (Kg)
Uva seca 0,09 0,10 0,08 0,08 0,09 0,09
(Kg)

Tabela 4. Consumo per capita de vinho no mundo.


Países L/pessoa
Luxemburgo 63,4
França 56,1
Itália 48,2
Portugal 46,3
Croácia 48,1
Espanha 34,1
Argentina 31,6
Uruguai 24,0
Chile 14,7
Brasil 2,01

6.2. CULTIVARES PORTA-ENXERTOS:


Atualmente os principais porta-enxertos para a viticultura tropical brasileira são as cultivares
desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas, IAC-313 'Tropical', IAC-572 'Jales' e o
IAC-766 Campinas.
As três cultivares adaptam-se bem às condições tropicais do Brasil, porém apresentam
diferenças quanto ao vigor. As mais vigorosas são a IAC-572 e a IAC-313, seguidos pelo IAC-766.
Entre estes porta-enxertos, o IAC-572 é o mais indicado para o cultivo da cv. Niágara Rosada no
sistema em latada para a região centro-oeste do Brasil, principalmente Goiás.
6.2.1. Preparo do substrato para produção de porta-enxerto:

Para a produção de mudas de porta-enxertos em saquinhos utilizam-se as seguintes


proporções para o preparo de substrato: 1 m3 de substrato = 3 a 5 Kg Supersimples + 500g a 1,0
Kg de KCl.

6.2.2. Preparo do material para estaquia:

As estacas que se destinam ao plantio em viveiro ou diretamente no campo são cortadas


com 25-30 cm de comprimento e com duas a três gemas, ou 40 a 50cm de comprimento com 3 a 5

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gemas. O corte da base das estacas é feito sobre o nó; o do ápice é feito três a quatro centímetros
acima da gema superior, o que evita o ressecamento da mesma. As gemas que ficarão enterradas
são eliminadas, para que haja maior absorção de água, facilitando o enraizamento e evitando a
emissão de ramos ladrões. Com 90 a 120 dias após o plantio das estacas as mudas estão prontas
para serem levadas ao campo.

6.2.3. Preparo do material para enxertia em garfagem no topo em fenda cheia:

Os enxertos ou garfos são fragmentos de vara da cultivar produtora que apresentam duas
gemas, medindo de 5 a 7cm de comprimento. A extremidade superior é cortada reta, três a quatro
centímetros acima da gema, e a inferior é cortada em forma de cunha. A seguir enrola-se o enxerto
com fita plástica, deixando-se somente as gemas descobertas. A extremidade superior deve ser
bem protegida, para evitar o dessecamento do enxerto.

Porta-enxertos para enxertia de mesa:

São fragmentos de vara da cultivar escolhida como porta-enxerto. Medem em torno de 25 -


30 cm e possuem duas a três gemas. O corte inferior é feito bem junto ao nó e o superior 6-8
cm acima da gema superior. As gemas são eliminadas para favorecer o enraizamento e também
para evitar que haja emissão de ramos ladrões.

Porta-enxertos para enxertia de campo:

As mudas de porta-enxertos são plantadas no campo e seus ramos, em número de dois, são
conduzidos na vertical. Todas as brotações secundárias são eliminadas, o que favorece o
engrossamento dos ramos que serão enxertados. Por ocasião da enxertia, cortam-se dois ramos a
20 cm do solo e eliminam-se todas as folhas abaixo do corte.

Enxertia:

A enxertia consiste na união do enxerto com o porta-enxerto,já devidamente preparados. Na


enxertia de garfagem de fenda cheia, o enxertador deve observar a seguinte seqüência:
a) Cortar verticalmente a estaca ou os ramos do porta-enxerto, abrindo uma fenda de dois a três
centímetros, sem atingira nó imediatamente abaixo do local do corte;
b) Introduzir nessa fenda o enxerto com a extremidade inferior cortada em cunha;
c) Certificar-se do estabelecimento de contato entre as cascas do enxerto e do porta-enxerto, ainda
que tal contato só ocorra de um lado. Neste caso, a gema do enxerto próxima à cunha deve ficar
voltada para o lado em que as cascas se unem;
d) Após a colocação do enxerto na fenda do portaenxerto, fixaras mesmos com fita de plástico,
para evitar um possível deslocamento do enxerto, o que prejudicaria a enxertia.
Na enxertia de campo, pode-se utilizaras plantas de porta-enxerto, com os ramos verdosos e
material do enxerto em início de lignificação pois, segundo observações feitas, a cicatrização se
processa com maior rapidez e de maneira mais uniforme, não se produzindo, aparentemente,
nenhuma necrose dos tecidos.
A operação de enxertia pode ser realizada em qualquer época do ano; o crescimento da
muda, entretanto, é menor no período mais frio, ou seja, de meados de maio a agosto. Os
processos de enxertia citados apresentam alto índice de pega. Sugere-se, então, a enxertia de
mesa por apresentar as seguintes vantagens:
É possível não só antecipar em três meses ou mais a primeira colheita, como tornar a
formação da muda mais econômica;
Através da seleção das mudas que formarão o vinhedo, obtém-se maior homogeneidade da
área;
Há a redução na emissão de ramos ladrões provenientes do porta-enxerto. É possível
conseguir plantas vigorosas, semelhantes às obtidas com a enxertia de campo.

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Mudas sendo enraizadas em saquinhos (estacas); enxertia por garfagem no topo em fenda cheia.

3.
CULTIVARES COPAS:

Os cultivares copas mais plantados comercialmente no Brasil possuem as seguintes


características:

Uvas Finas Uvas Rústicas Uvas sem Sementes

Itália Niágara branca Centenial Seedles


Rubi Niágara rosada Climson Seedles
Benitaka Takashumy Thompson Seedles
Brasil Kioho BRS Morena
Red Globe BRS Clara
Ribier BRS Linda

6.3.1. CULTIVARES COPAS DE UVAS SEM SEMENTES:

•Centennial Seedless
É uma cultivar sem sementes, obtida na Califórnia, Estados Unidos, realizado em 1966 e
lançada em 1980. A planta apresenta-se vigorosa e produtiva, com folhas grandes, cachos grandes
e bagas de coloração branca, alongadas, crocantes e com sabor neutro agradável. Uma
dificuldade de cultivo diz respeito à sensibilidade à degrana, o que exige cuidados especiais na
colheita, manuseio e embalagem dos cachos.

•Thompson Seedless
Também conhecida com Sultanina em alguns países, originária da Ásia Menor, é a cultivar
sem sementes mais plantada no mundo. A planta é vigorosa, os cachos são grandes e as bagas
apresentam coloração branca-amarelada, de forma elipsóide, polpa de textura firme e sabor neutro
agradável. Embora o tamanho natural das bagas seja pequeno, aplicações com ácido giberélico
podem torná-las de tamanho adequado para a comercialização.

28
•Crimson Seedless
É uma cultivar sem sementes, da Califórnia, e lançada em 1989. Foi introduzida no Brasil
pelo IAC, em 1993. A planta é vigorosa e produtiva, com cachos soltos medianamente compactos
e bagas ovóides alongadas de coloração avermelhada, crocantes e sabor neutro agradável.

•BRS Morena
BRS Morena' é uma cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho
a partir do cruzamento Marroo Seedless x Centennial Seedless, realizado em 1998 e lançada em
2003. A planta apresenta vigor moderado e fertilidade elevada, o cacho é de tamanho médio a
grande, cilindro-cônico, solto a mais ou menos cheio, pedúnculo curto. A baga tem forma elíptica,
tamanho natural, em média, 16mm x 20mm, preta, película de espessura média, polpa incolor,
trincante, sabor neutro; traço de semente pequeno a médio, macio, imperceptível ao mastigar.

•BRS Clara
BRS Clara' é outra cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho e
lançada em 2003. Ela é oriunda do cruzamento CNPUV 154-147 x Centennial Seedless, realizado
em 1998. É uma cultivar vigorosa e produtiva, o cacho é de tamanho médio a grande, cônico, às
vezes alado, cheio, pedúnculo robusto, longo. A baga tem forma elíptica, tamanho natural, em
média, 15 mm x 20 mm, verde-amarelada, chegando a amarelo mais intenso quando exposta ao
sol, película de espessura média, resistente, polpa incolor, firme, crocante; sabor moscatel leve e
agradável, traço de semente grande e de cor marrom, porém, imperceptível à mastigação.

•BRS Linda
BRS Linda' também é uma cultivar de uva sem sementes desenvolvida pela equipe de
pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho. Ela é oriunda do cruzamento CNPUV 154-90 x Saturn,
realizado em 1998. A planta é vigorosa e muito produtiva, apresenta cacho de tamanho grande,
cilindro-cônico, cheio, pedúnculo curto. A baga é elíptica, tamanho natural, em média, de 19mm x
24mm, cor verde, tornando-se amarelada quando exposta ao sol; película de espessura média;
polpa incolor, firme, crocante, sabor neutro, traço de semente minúsculo, praticamente invisível. É
bastante sensível ao oídio (Uncinula necator), exigindo cuidados no seu controle. Em relação às
demais doenças fúngicas, tem comportamento similar à cv. Itália, devendo ser adequadamente
protegida.

6.3.2. CULTIVARES COPAS DE UVAS COM SEMENTES:

•Itália
A cultivar Itália é uma cultivar de película branca, resultado do cruzamento entre 'Bicane' e
'Moscatel de Hamburgo', realizado em 1911, por Angelo Pirovano, e originalmente chamado de
Pirovano 65. É a principal uva fina de mesa cultivada nos principais pólos produtores brasileiros.
Dentre as principais características da cultivar Itália destacam-se a produtividade, que facilmente
atinge 30t/ha/ciclo; a boa aceitação pelo mercado consumidor, tanto nacional quanto internacional;
o bom tamanho de bagas; o sabor moscatel e; a boa resistência ao transporte e ao
armazenamento.
Os principais problemas com a cv. Itália estão relacionados à sensibilidade às doenças,
principalmente míldio e oídio, e à necessidade de mão-de-obra intensiva para realização dos tratos
culturais, principalmente o raleio de bagas, que promovem perdas e aumentam o custo de
produção. Isso tem feito com que muitos produtores procurem outras cultivares para diversificarem
a produção.

29
•Rubi
A cultivar Rubi surgiu de uma mutação somática constatada em pomar comercial de uva
'Itália' do Sr. Kotaro Okuyama, em 1972, no município de Santa Mariana, Estado do Paraná.
Apresenta as mesmas características da cultivar Itália, com exceção da cor da película que
apresenta-se rosada. Para que a cv. Rubi apresente uma boa coloração, tanto em tonalidade
quanto em uniformidade, o período de maturação deve ocorrer em períodos com amplitude
térmica, ou seja, com temperaturas quentes durante o dia e frias durante a noite.

•Benitaka
Também é uma cultivar originada de mutação somática espontânea da cultivar Rubi,
encontrada na propriedade dos viticultores Sadao & Takakura, em Floraí, no Estado do Paraná, em
1988. Apresenta as mesmas características vegetativas e produtivas das cultivares Itália e Rubi,
diferindo apenas quanto à coloração rosada intensa das bagas e à coloração avermelhada do
pincel.

•Brasil
A 'Brasil' é outra cultivar originada de mutação somática espontânea da cultivar Benitaka,
encontrada na propriedade de Hideo Takakura, em Floraí, no Estado do Paraná, em 1991.
Apresenta as mesmas características vegetativas e produtivas das cultivares Itália, Rubi e
Benitaka, diferindo destas pela coloração preta das bagas e por apresentar polpa colorida. A
cultivar Brasil tem encontrado algumas dificuldades de comercialização em função da colheita em
ponto de maturação inadequado, devido à coloração preta das bagas mesmos quanto o teor de
açúcares ainda não atingiu o mínimo de 14°Brix.

•Redglobe ou Red Globe


Essa cultivar foi obtida em Davis, na Universidade da Califórnia, e introduzida no Brasil pelo
IAC, em 1988. É uma cultivar bastante vigorosa e produtiva, com cachos e bagas grandes. A
coloração das bagas é rosada a vermelha, com polpa firme e sabor neutro. As principais vantagem
do cultivo dessa uva são a produtividade elevada, a boa aceitação no mercado, a boa capacidade
de conservação pós-colheita e a resistência ao rachamento de bagas por ocorrência de chuvas
próximo e durante o período de colheita. As principais dificuldades referem-se ao controle do
crescimento vegetativo e anomalias como o dessecamento de bagas e murchamento do engaço.

•Pingo de Mel
A cultivar Pingo de Mel é uma cultivar oriunda de mutação espontânea da cultivar Itália, em
São Miguel Arcanjo-SP, por volta de 1989/90.. Apresenta características produtivas muito
semelhantes à cultivar Itália, com exceção da forma elíptica/ovóide das bagas. É um material
bastante sensível ao rachamento de bagas devido à ocorrência de chuvas. Em Pirapora, os
produtores tiveram interesse por esse material em função da boa aceitação pelos consumidores e
pelo tamanho grande das bagas. Entretanto, atualmente, os poucos plantios existentes estão
sendo substituídos por outras cultivares em função da pouca oferta dessa cultivar e,
consequentemente, pouca tradição de consumo.

.Niágara Rosada
Surgiu de uma mutação somática natural da Niágara Branca, no município de Jundiaí,
(SP), em 1933. Possui as mesmas características de Niágara Branca, exceto a cor, mais atraente
ao consumidor. Essa cultivar é a mais recomendada para o Estado de Goiás, em função de sua
dupla aptidão, ou seja, serve tanto consumo in natura como para produção de vinho.

•Isabel
Apesar de todos os esforços para substituir esta cultivar desde a década de 1930, a Isabel
persiste com 50% da uva produzida no Rio Grande do Sul e é a principal cultivar plantada em
Santa Catarina. Origina vinho típico, em anos chuvosos pouco coloridos, apreciado por uma faixa
específica de consumidores. O suco de Isabel é a base do suco brasileiro para exportação. É uma
cultivar de Vitis labrusca, muito bem adaptada às condições climáticas do Sul do Brasil. Fornece

30
produções abundantes em poda curta; resistente ao oídio e às podridões do cacho, porém está
sujeita a perdas pela incidência de antracnose e de míldio. Normalmente é enxertada mas pode ser
plantada de pé-franco; vinhedos de pé-franco normalmente exigem um período de formação mais
longo mas atingem 80-100 anos com produções econômicas.

• BRS Violeta:
A BRS Violeta’ foi obtida a partir de cruzamento ‘BRS Rúbea’ x ‘IAC 1398-21’, realizado na
Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, RS, em 1999. Deste cruzamento foram obtidas 642
sementes, originando uma população de 337 plantas. Em março de 2001, esta população foi
enxertada, sobre o porta-enxerto IAC 572, na área experimental da Embrapa Uva e Vinho/Estação
Experimental de Viticultura Tropical - EEVT, em Jales, SP. A primeira produção foi obtida em
setembro de 2002, quando a planta original foi selecionada pela produtividade e pela qualidade da
uva, destacando-se o sabor, a intensa coloração e o teor de açúcar do mosto. Imediatamente foi
propagada e, sob o código CNPUV 773-36, passou a ser avaliada em área com 30 plantas, na
EEVT. Em setembro de 2003, foi obtida a primeira produção de CNPUV 773-36 nesta área,
confirmando-se as características da planta original, observadas no ano anterior. Ainda em 2003,
foi colocada em área de validação implantada no município de Nova Mutum, MT, onde confirmou a
capacidade produtiva e a qualidade da uva em três colheitas: uma em 2004 e duas em 2005.
Resultados similares foram obtidos na EEVT em mais dois ciclos produtivos, sendo um em 2004 e
outro em 2005, confirmando a adaptação desta cultivar às condições tropicais da região.
Sob condições de clima temperado, foi avaliada nas áreas experimentais da Embrapa Uva e Vinho,
em Bento Gonçalves, RS, a partir de 2003, apresentando bom desempenho agronômico e alta
qualidade da uva. O cacho é médio, em torno de 150g, cilindrocônico, alado, solto a medianamente
cheio, pedúnculo de comprimento médio. A baga tamanho médio, 15,80mm de diâmetro, esférica,
cor preto-azulada, película espessa, resistente, polpa colorida, fundente, sabor aframboezado,
sementes normais, 2,94 g/100 sementes. Em condições normais de cultivo atinge 25 a 30 t/ha de
uvas com 19° a 21°Brix, dependendo das condições climáticas de cada safra. A acidez do mosto é
relativamente baixa, entre 50 e 60 meq/L e o pH situa-se entre 3,70 e 3,80. Produções maiores
podem ser obtidas, porém, a qualidade pode ser prejudicada. Apresenta bom comportamento em
relação às doenças fúngicas, em especial ao oídio (Uncinula necator), à antracnose (Elsinoe
ampelina), à requeima (agente não identificado) e às podridões do cacho, porém, pode ser atacada
pelo míldio (Plasmopara viticola), devendo ser protegida preventivamente para evitar possíveis
perdas. O vinho e o suco elaborados com uvas da cultivar BRS Violeta apresentam intensa
coloração violácea, sabor aframboezado característico e acidez relativamente baixa. A cultivar BRS
Violeta é recomendada paracultivo na Serra Gaúcha, no Noroeste de São Paulo e na região de
Nova Mutum, em Mato Grosso, onde já foi testada. Pode ser utilizada tanto para a elaboração de
vinho tinto de mesa, como para a elaboração de suco. Os produtos elaborados com uvas da
cultivar BRS Violeta são indicados para uso em corte com os vinhos e sucos elaborados a partir de
uvas das tradicionais cultivares Isabel e Concord, agregando-lhes mais cor. Também pode compor
com vinho e suco das cultivares Isabel Precoce e Concord Clone 30, ambas apresentando
maturação precoce, coincidente com esta nova cultivar. Esta combinação é uma alternativa para a
antecipação da safra e ampliação do período de processamento industrial na região da Serra
Gaúcha.

6.4. CALAGEM E ADUBAÇÃO:

6.4.1. Calagem:

A calagem tem como objetivos a neutralização do alumínio e manganês trocáveis, elevação


dos teores de cálcio e magnésio e aumento da disponibilidade de nutrientes como o fósforo.
A aplicação de calcário deve ser realizada, pelo menos, dois meses antes do plantio do porta-
enxerto ou das mudas. O calcário deve ser aplicado e incorporado na profundidade de 20 cm. A
dosagem a aplicar deve ser referente a necessidade corretiva para elevar o pH a 6,0. A saturação
por bases desejada varia de 70 a 80%.

31
6.4.2. Adubação de plantio:

A adubação de plantio deverá ser realizada de 15 a 30 dias antes do plantio, de forma


contínua, nos sulcos abertos para este fim. Utiliza-se esterco bovino na base de 20 litros por
cova.Os nutrientes minerais fósforo e potássio serão utilizados segundo as quantidades
recomendadas de acordo com o resultado da análise de solo (Tabela 5).

Tabela 5. Adubação fosfatada e potássica recomendada de acordo com a análise de solo.


Nutriente P (mg/dm3) K (mg/dm3)
Quantidade no solo 0-10 11-20 21-40 0-10 11-20 21-40
Quantidade a aplicar 150 100 70 80 50 30
(g/planta) P2O5 K2O

6.5. PLANTIO:
•Covas: 40cm x 40cm x 40cm
•Espaçamento: 3m x 2m; 2,5m x 2,5m; 2,5m x 2,0.
6.6. CONSTRUÇÃO DA ESTRUTURA AÉREA:

Para a produção de uva de mesa: utiliza-se a latada. Para a produção de uva para vinho:
utiliza-se a espaldeira (cerca) e ypsilon. A latada deve estar pronta antes da época da enxertia,
para evitar danos aos enxertos durante a sua construção. Devem-se utilizar materiais duráveis
(madeira de eucalipto tratado ou postes de concreto; arames com galvanização pesada e alta
resistência mecânica) para garantir boa longevidade da estrutura. O aramado deve ficar situado
numa altura de 1,8 m a 1,9 m do solo para facilitar o trabalho de máquinas e de operários.

Passos para construção de uma latada:


Demarcar os quatro cantos do parreiral.
Fincar os cantoneiros (palanques) no solo a 1,5 m de profundidade.
Colocar os três rabichos de quatro fiadas com arames n° 6 em cada cantoneiro a 1,5 m de
profundidade, sendo os dois laterais posicionados na projeção do alinhamento das duas
respectivas laterais e o terceiro no meio.
Esticar o fio de contorno, cordoalha de 7 fios, através de uma talha na altura preconizada e prendê-
lo pelas presilhas.
Fincar os postes laterais a 0,70 m de profundidade, com as bases alinhadas no perímetro do
parreiral, com seus respectivos rabichos de duas fiadas feitas com arames nº 8, posicionados nas
projeções perpendiculares das respectivas laterais. Outra opção é usar chapas âncoras, tirantes,
cordoalhas e alças pré-formadas com galvanização pesada e alta resistência mecânica. Se for
usar a tela para cobrir o parreiral, os postes externos devem ser de 2,5 m e 3,0 m de comprimento,
dispostos de forma alternada no contorno da latada. Neste caso, são necessários postes de 3 m
para esticar os arames que sustentarão a tela.
A ordem de colocação dos arames é a seguinte: primeiro coloca-se arames n° 12, ou
ovalado com bitola de 2,4 mm x 3,00 mm e galvanização pesada, no mesmo sentido da rua.
Depois, os portas fios com arame n° 12 ou ovalado, com bitola de 2,4 mm x 3,00 mm e
galvanização pesada, sobre os anteriores, no sentido perpendicular ao da rua, para sustentar os de
n° 14 comum ou de 2,10 mm de bitola, no mesmo sentido da rua, os quais sustentarão as varas.
Independente do espaçamento entre plantas, os arames da malha simples sempre serão
esticados na cordoalha externa, passando-os por cima de todos os arames que cruzam a latada no
sentido perpendicular, deixando-se uma distância entre eles de 30 cm a 35 cm. Esta distância visa
facilitar a grampeação dos ramos. Amarrar os arames da malha fina nos pontos sobre os arames
porta fios, através de arame n° 18, objetivando-se mantê-los eqüidistantes, para não haver

32
aglomeração dos mesmos durante a retirada do material de poda. Em áreas onde há riscos de
granizo, ataque de pássaros, é necessário a cobertura do parreiral com tela de polietileno especial,
com aditivos anti-raios ultravioletas e 18% de sombreamento.

Sistema de condução da videira em latada, especificando postes e fios. Postes - a) cantoneira; b)


lateral; c) interno; d) rabicho; Fios - e) cordão primário de cabeceira; f) cordão primário lateral; g) fio
da produção; h) fio da vegetação; i) fio de sustentação da malha; j) fio rabicho. (Ilustração: A.
Miele).

Tabela 6. Especificações e número de postes para formar um hectare de vinhedo na forma de


quadrado e conduzido em latada.
Tipo de poste Tamanho Diâmetro (mm) Quantidade
Cantoneira 3,0 16 a 18 4
Cabeceira 2,50 12 a 14 78
Lateral 2,50 12 a 14 38
Interno 2,20 7 a 10 741
Rabicho 1,20 15 124

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Tabela 7. Características do aramado para a formação de um hectare de vinhedo conduzido em
latada.
Fios Quantidade Número de fios Carga mínima Diâmetro
(m) (kgf) (mm)
Cordão de cabeceira 10 7 2500 6,42
Cordão lateral 10 7 2500 6,42
Fio de sustentação da 1920 3 1000 4,0
malha
Fio da produção 4000 1 800 2,40 x 2,30
Fio da vegetação 16000 1 500 2,10
Fio do rabicho 350 3 1000 4,0

6.6. PRÁTICAS CULTURAIS:

6.6.1. Tutoramento: Antes de plantar a muda ou imediatamente após, enterrar um tutor que
conduzirá a brotação verticalmente até o arame do sistema de condução.

6.6.2. Irrigação: Imediatamente após o plantio, deve-se irrigar abundantemente a área, de modo
que o nível de umidade no solo chegue a capacidade de campo (Cc). Essa primeira rega favorece
o pegamento das mudas, pelo fato de colocar suas raízes em contato com os nutrientes
previamente incorporados nos sulcos de adubação.

6.6.3. Poda de condução e amarração: Após o plantio, conserva-se um Único ramo, que é
conduzido até a latada, amarrado convenientemente ao tutor, a fim de obter uma planta de tronco
bem ereto e evitar que se quebre pela ação do vento. Os ramos ladrões que saem do porta-enxerto
e as brotações laterais são eliminadas ainda novas, evitando-se desse modo a competição com o
ramo que está sendo conduzido. Quando o ramo ultrapassar a latada de uns 30 cm, procede-se à
sua poda, deixando-se a gema imediatamente abaixo do sistema de condução. Quando as gemas
apicais do ramo podado brotarem, deixam-se apenas as duas últimas brotações, que darão origem
aos braços primários.

6.6.4. Limpeza: A partir do plantio é indispensável conservar as fileiras de plantas sempre limpas,
para evitar que as mudas novas sejam abafadas pelas plantas invasoras. Nas entre linhas utiliza-
se a roçadeira ou enxada rotativa para manter a vegetação rasteira ao solo.

6.6.5. Combate às formigas : Na fase inicial de desenvolvimento das videiras é muito importante
que se dê combate eficiente às formigas, pois se estas atacarem na época de aparecimento das
primeiras folhas, é praticamente inevitável a perda das mudas. A melhor hora para localizar os
caseiros e realizar seu controle com um formicida adequado é a partir das 17 horas.

6.6.6. Tratamento fitossanitário: Na fase de crescimento das plantas é necessário proceder ao


controle preventivo das doenças passíveis de ocorrerem, sobretudo o oídio durante o ano todo e o
míldio no período chuvoso. Desse modo, as plantas podem desenvolver-se sadias e com maior
rapidez.

6.6.7. Nutrição e adubação: A produção de uvas de qualidade decorre, em grande parte, da


nutrição equilibrada das videiras. O equilíbrio é alcançado quando as plantas recebem quantidades
de nutrientes que atende suficientemente às necessidades nutricionais da cultura para vegetar e
produzir de maneira satisfatória. A nutrição da videira compreende uma série de processos físicos,
químicos, fisiológicos e biológicos, resultantes das interações entre as plantas e o meio no qual
estão estabelecidas.
Nas áreas de clima tropical, por exemplo, a videira dá mostras de estar convenientemente nutrida
quando após a colheita e durante o período de maturação dos ramos sua folhagem e seus brotos
terminais não apresentam sintomas visuais de deficiência ou excesso de nutrientes.

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6.6.8. Adubações de cobertura na fase de crescimento: Com o objetivo de realizar-se uma
adubação equilibrada. Sugere-se que, na fase de crescimento das plantas as adubações
nitrogenadas sejam parceladas em quatro aplicações de 25 g por planta, a cada 45 dias nos solos
arenosos, e duas de 50 g por planta, a cada 90 dias nos solos argilosos, iniciando a primeira
aplicação 30 dias após o plantio e terminando na primeira poda de frutificação. Pode-se utilizar 70g
de 20-00-20 ou 20-05-20 de 30 em 30 dias ou de 45 em 45 dias.

6.6.9. Adubações de fundação na fase produtiva: Após a primeira poda de frutificação, deve-se
adubar o vinhedo a cada ciclo vegetativo, utilizandose esterco, fósforo, potássio e nitrogênio, de
forma equilibrada, considerando sempre a necessidade da cultura. O esterco e o fósforo são
aplicados 20-25 dias antes de cada poda de frutificação, em sulcos abertos alternadamente em
cada lado da linha das plantas.
Nos ciclos do primeiro ano de produção, os sulcos devem ficar localizados a 50 cm de distância
das plantas; no segundo ano, a 80 cm, e do terceiro ano em diante, a 100 cm. Essas distâncias
relacionam-se com o crescimento do sistema radicular, que deve ser constante desde o momento
em que a muda começa a expandir as raízes até o total estabelecimento da planta, quando as
raízes deverão ocupar o máximo da área do solo que lhes é destinada.

6.6.10. Adubações de cobertura na fase produtiva:

As adubações com nitrogênio e potássio são aplicadas em cobertura no local onde existir
maior umidade e o mais próximo do sistema radicular, fazendo-se a seguir uma ligeira
incorporação dos adubos. As adubações nitrogenadas são parceladas em três etapas: aplica-se
30% da dose total quando as brotações atingirem 15 cm de comprimento, 30% na fase de
chumbinho, e 40% logo após a colheita. As adubações com potássio são parceladas em duas
etapas: 30% da dose total é aplicada na fase de chumbinho e 70% na fase de amolecimento dos
bagos. As quantidades de nutrientes poderão ser alteradas de acordo com o monitoramento da
cultura através de análises foliares. As recomendações acima descritas são para adubação no
solo; no caso de utilizar-se fertilização através da água de irrigação, haverá mudanças nas épocas
e quantidades de nutrientes recomendados. Por ser o sistema de fertirrigação altamente eficiente
na administração de nutrientes às plantas, normalmente a quantidade de produto utilizado é bem
menor.

Tabela 8. Adubação de cobertura da videira (ALBUQUERQUE, 1996, adaptado).


Nutrientes no Crescimento Fase de desenvolvimento
solo Produção (ciclo)
1º 2º 3º 4º 5º
g N/planta
80g N/planta 100 120 150 180 200
Fósforo (mgP/dm3) g P205/planta
0 – 10 100g 70 70 70 100 120
P2O5/planta
11 – 20 80 50 50 50 100 90
21 – 30 40 30 30 30 60 70
Potássio (mgK g K2O/planta
/dm3)
0 – 10 80 g K2O/planta 80 100 120 150 200
11 – 20 60 60 80 100 120 160
21 – 40 40 40 60 80 90 120

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6.6.11. PODAS:
6.6.11.1. Poda de formação:

A poda de formação é a que induz o adequado desenvolvimento do tronco e dos braços


primários e secundários nas plantas ainda jovens.
Após o plantio das mudas na área do vinhedo, conduz-se um ramo principal por planta, guiado por
um tutor para que suba bem ereto até a latada. Os ramos ladrões que saem do porta-enxerto e as
brotações laterais são eliminados quando ainda novos, evitando-se que venham a competir com o
ramo que está sendo conduzido.
Quando o ramo principal ultrapassar a latada em cerca de 30 cm, efetua-se a sua poda,
preservando-se a gema situada imediatamente abaixo do corte. O desabrochamento das duas
gemas terminais, que em geral não é difícil, dá origem a dois ramos que serão conduzidos no
sentido da linha das plantas e formarão seus braços primários, os quais se estenderão por todo o
espaço que lhes é destinado. Sobre esses braços, a intervalos de 35 - 40 cm, formam-se os braços
secundários na medida em que o espaçamento definido permitir.
Um outro método de condução é aquele em que se utiliza um único braço primário,
direcionado a favor dos ventos dominantes.
Sobre os braços secundários, através de podas sucessivas, formam-se as unidades de produção
em torno de 2 a 3 por braço secundário, separadas de 1520 cm uma da outra.

6.6.11.2. Período de repouso:

No trópico, as plantas de videira caracterizam-se por um contínuo crescimento, que as


capacita a produzir duas a três safras por ano. Os cultivares de ciclos fenológicos medianos
produzem duas safras e meia por ano, em decorrência desse hábito de crescimento. É importante
ter-se, entretanto, entre uma safra e outra, um período de repouso de 20 a 30 dias, quando
acontece a maturação dos ramos, com a fase final da diferenciação das gemas (crescimento do
cacho a nível microscópio) e o acúmulo de hidratos de carbono. Para que tais atividades
fisiológicas se processem, é necessário que as videiras tenham uma folhagem sadia, sem
sintomas de deficiências nutricionais e ou doenças, o que permite que as plantas continuem
fotossintetizando ativamente, resultando num acúmulo maior de substâncias de reserva.
É ainda nesse período que as plantas demonstram estar equilibradas nutricionalmente, pois
é quando aparecem nitidamente os sintomas de carência ou excesso de nutrientes na folhagem.
Durante o período de repouso, é importante manter um certo nível de umidade no solo, para evitar
que as plantas sofram estresse hídrico. Segundo Pereira & Paez, citados por ALBUQUERQUE
(1996), a ocorrência de déficit hídrico no período de repouso compromete a brotação e a produção
das videiras no ciclo seguinte. Como essa fase do ciclo fenológico da videira em clima tropical tem
sido muito pouco estudada, há aspectos associados aos processos hormonais e metabólicos nela
desenvolvidos que são praticamente desconhecidos.

6.6.11.3. Poda de frutificação:

A poda de frutificação levada a efeito imediatamente após o repouso permite que se regule a
estrutura produtiva das plantas, facilitando a obtenção de,colheitas satisfatórias e de excelente
qualidade. Através da poda de frutificação deixa-se em cada unidade de produção, um esporão de
duas gemas e uma vara com quatro ou mais gemas. A finalidade do esporão é dar origem à vara e
ao esporão da poda do ciclo subseqüente; enquanto que a da vara é a produção de cachos. O
número de gemas por vara é determinado pelo vigor das plantas e pela localização das gemas
férteis; já a fertilidade das gemas, isto é, a sua capacidade de emitir brotações com cachos está
determinada geneticamente em cada cultivar, sofrendo também influência externa das condições
climáticas no momento da diferenciação floral, bem como do estado nutricional das plantas.

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De modo geral, é recomendável deixar-se o menor número de gemas possível por vara e
que seja compatível com a cultivar trabalhada. Pretende-se com essa recomendação minimizar os
efeitos negativos da má brotação das gemas que ocorre nas áreas de clima tropical.
No caso da cultivar Itália, deixa-se em torno de quatro a oito gemas por vara, sendo que as gemas
mais férteis estão localizadas da sexta até a oitava. Na “Piratininga”, as gemas férteis localizam-se
da quarta à sexta, podendo-se realizar uma poda média com varas de quatro a seis gemas.

• Poda curta com 2 a 3 gemas para formação de ramos:

Poda mista

Poda longa com 5 a 7 gemas

6.6.12. Brotação das gemas:

As gemas da videira, sob condições de clima tropical, apresentam uma forte dominância
apical, que é caracterizada pelo desabrochamento mais vigoroso das gemas terminais das varas,
resultando numa brotação desuniforme e irregular da planta como um todo. Essa dominância está
supostamente relacionada com a produção e translocação de reguladores de crescimento, tais
como as auxinas. As auxinas promoveriam o transporte de assimilados diretamente para a região
meristemática da gema apical, bloqueando a disponibilidade dos nutrientes para as gemas laterais,
e também agiriam inibindo o desenvolvimento das conexões vasculares entre as gemas laterais e o
tecido vascular principal. Para diminuir os efeitos da forte dominância apical nas videiras, é
conveniente utilizar alguns produtos químicos que forçam a brotação rápida e uniforme das gemas.
Conforme pesquisas desenvolvidas na região do Submédio São Francisco (Albuquerque e
Albuquerque, citados por ALBUQUERQUE, 1996), os produtos mais eficientes para equilibrar a
brotação são: a cianamida hidrogenada (H2CN2), o ethephon (ác. 2-cloroetilfosfônico) e a
calciocianamida (CaCN2). Para melhorar a brotação da videira quando as podas são realizadas nos
meses de abril, maio, junho e julho na região sudeste, pode se usar o ethrel 240 (9 L/ha) ou ethrel
720 (3 L/ha) cerca de 15 a 25 dias antes da poda. A aplicação deve ser feita com 1000 L de
água/ha quando as plantas estiverem com mais de 50 % de folhas para absorção do produto e
ramos com 5,5 a 6 meses de idade. A aplicação do produto promove o amarelecimento das folhas
e queda das mesmas. A poda e a aplicação do dormex é realizada quando ocorrer a queda de
cerca de 80 a 90 % de folhas, momento em que as gemas encontram-se inchadas, antes do ponto
de 'algodão', pois neste estádio, o produto pode queimar as gemas. Em áreas onde se usar o
ethrel, o dormex deve ser usado na dosagem de 6,0 %.

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6.6.13. Elongação da ráquis e dos pedicelos:

As condições semi-áridas tropicais, com baixa umidade relativa do ar e temperaturas


elevadas, favorecem a polinização e o pegamento dos frutos. Além disso, parece diminuir o
comprimento dos pedicelos, resultando em cachos muito compactos, com bagos desuniformes e
deformados, por estarem comprimidos uns contra os outros.
Para aumentar os pedicelos, facilitando a operação do raleio, pode-se aplicar 2 ppm de ácido
giberélico em aspersão dirigida exclusivamente para os cachos florais, quando estes medirem 6 cm
ou menos de comprimento. Esse tratamento deve ser realizado, de preferência, nas primeiras
horas da manhã, para evitar problemas de fitotoxidade nos cachos florais.
Em cultivares de uvas com semente, como a “Itália” e a “Piratininga”, não se deve utilizar o ácido
giberélico para aumentar o tamanho dos bagos, por causa do efeito nocivo que o mesmo tem
sobre a fertilidade das gemas, diminuindo a produtividade do vinhedo.

6.6.14. Coloração dos bagos:

O cultivar Piratininga e outros cultivares de bagos rosados ou tintos apresentam,


principalmente no período de clima quente, bagos de coloração desuniforme, em virtude da
formação deficiente de pigmentos antociânicos que respondem pela coloração da película que
envolve as uvas, É possível corrigir esse problema pulverizando-se as plantas com uma solução de
ethephon a 200 ppm no início de maturação dos cachos.

6.6.15. Condução da parte aérea:

A condução da parte aérea das plantas em produção consta de um conjunto de práticas


realizadas para melhorar o aspecto e a qual idade dos cachos, bem como promover o equilíbrio
entre a vegetação e a frutificação. A condução da parte aérea é mais utilizada nas cultivares para
consumo “in natura”.

6.6.16. Amarração:

Logo após a poda, efetua-se a amarração das varas, não apertando muito junto aos fios de
arame, a fim de não prejudicar o seu crescimento transversal. Quando as novas brotações
atingirem 40 cm, em média, devem ser amarradas, para que não se quebrem pela ação dos
ventos, como também, para que as folhas não fiquem sobrepostas, o que iria diminuir a taxa
fotossintética em relação a área foliar total das plantas. A amarração deve ser repetida à medida
que os ramos forem crescendo, mantendo-se sempre a planta bem conduzida, o que evitará ramos
caídos e emaranhados.

6.6.17. Esladroamento:

É a remoção dos ramos estéreis, quando atingirem a faixa de 10 a 30 cm de comprimento,


para não causar ferimentos e nem desequilíbrio fisiológico nas plantas, proporcionando aos ramos
remanescentes maior crescimento. Devem-se eliminar os ramos que nascem do tronco, os que
estão em excesso e as brotações duplas ou triplas originadas de uma única gema. O aparecimento
de muitos ramos ladrões significa que o método de poda adotado é incorreto e há necessidade de
uma poda menos severa. São deixadas, de modo geral, três brotações em cada vara.

6.6.18. Eliminação das gavinhas e despontamento dos ramos:

As gavinhas devem ser eliminadas antes ou até a florada. Os ramos devem ser despontados
quando apresentarem de quinze a vinte folhas e já tiverem ocupado o espaço a eles destinado. O
objetivo dessas duas práticas é acelerar a maturação das gemas basais, evitar a filagem ou o
desavinho, melhorar a fecundação das flores, induzir a melhor formação dos frutos e equilibrar a
vegetação.

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6.6.19. Desnetamento:

Consiste no despontamento das feminelas ou ramos terciários, deixando-se apenas uma ou


duas folhinhas que auxiliam na assimilação de nutrientes, tendo em vista a melhor formação dos
frutos e das gemas frutíferas do ciclo subsequente. O desnetamento deve ser feito até o início da
floração.

6.6.20. Desfolhamento:

Deve ser feito no período de crescimento do ramo, com o propósito tanto de melhorar a
ventilação e a insolação das videiras, como de facilitar o controle das doenças que atacam os
cachos. Não se deve tirar mais de cinco folhas por ramo e. naquele que estiver com cacho, devem
ser deixadas acima deste, dez a dezoito tolhas. Essa prática, entretanto, pode ser totalmente
eliminada quando se faz o perfeito direcionamento e amarração dos ramos.

6.6.21. Desbaste de cachos:

Consiste na remoção de cachos florais, antes da floração, e de cachos novos ou de parte


deles, depois de os frutos se formarem. Eliminam-se os cachos dos ramos mais débeis, com
poucas folhas, doentes ou abafados por excesso de ramos e folhas. O objetivo dessa operação é
deixar a frutificação bem distribuída, evitando-se o amontoamento de cachos em alguns ramos e
espaços vazios em outros. Aumentando-se a relação entre as folhas e o número de cachos,
proporciona-se melhor nutrição aos cachos remanescentes. Uma poda mais longa, na qual se
deixa maior número de varas com seis a oito gemas, e a aplicação de reguladores de crescimento
destinados a melhorar a brotação das varas podem aumentar efetivamente a capacidade de
produção da videira. Ademais, com o desbaste dos cachos, é possível obter uma safra de
qualidade, sem que as plantas sofram danos posteriores. Os cachos provenientes dos netos
devem ser eliminados, tanto pelo fato de seu desenvolvimento estar atrasado como pela
concorrência que eles fazem aos cachos já formados. Resumindo, pode-se dizer que o tamanho
dos cachos está em função da superfície foliar das plantas e a relação mais equilibrada é de um
cacho para dois ramos.

6.6.22. Descompactação dos cachos:

A descompactação ou raleio dos bagos tem por objetivo dar o melhor aspecto possível aos
cachos, através da eliminação de um certo número de botões florais ou, mais tarde, de bagos já
formados em cada cacho, o que permite o desenvolvimento adequado dos bagos remanescentes.
Winkler e outros, citados por ALBUQUERQUE (1996) comentam que o raleio realizado na
abertura das flores aumenta o volume dos bagos remanescentes em 32%, e quando realizado 10
dias após, o aumento chega somente a 18%. Evidenciando a importância da realização do raleio
bem cedo. se possível, antes da florada, ou no máximo, até o estádio de chumbinho (bagos com
três a quatro milímetros).
Sempre que o raleio é feito precocemente, é necessário que se realize um toalete nos
cachos, quando os bagos se encontrarem no estádio de azeitona. É importante salientar que o
tempo dispendido com o raleio precoce e a posterior toalete dos cachos é menor do que aquele
dispendido com o raleio realizado unicamente com tesoura no estádio de chumbinho.
O raleio precoce é bastante eficiente quando executado por mão-de-obra competente e
responsável. Esta deve ser selecionada e treinada dentro da fazenda para que se conheça,
previamente, a qualidade do trabalho que será feito. Do contrário, podem sobrevir resultados
totalmente desastrosos para a empresa: cachos deformados e excessivamente raleados
(banguelos).
A descompactação dos cachos na prefloração deve ser evitada nos períodos chuvosos,
em virtude do problema de abortamento de flores e até mesmo de cachos, o que estaria
possivelmente relacionado com a penetração dos fungos: Botrytis e Alternaria. Recomenda-se,

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então, para esse período, o raleio com tesoura na fase de ervilha (cinco a seis milímetros), quando
o cacho se torna mais resistente.

6.6.23. Raleio manual na prefloração:

Os cachos são descompactados com a mão, dez dias antes da data prevista para floração.

6.6.24. Raleio com escova de plástico na prefloração:

Os cachos são descompactados com uma escova de plástico apropriada, dez dias antes da
data provável da florada.

6.6.25. Pinicado:

Os cachos são descompactados com a mão, logo após a formação dos bagos, quando estes
apresentam menos que três milímetros de diâmetro.

6.6.26. Raleio com tesoura:

Os cachos são descompactados com tesoura apropriada, quando os bagos atingirem cinco a
seis milímetros de diâmetro.

6.6.27. Irrigação:

Esta, por muito tempo era realizada através do método de sulco e hoje, na maioria das áreas
estão sendo empregados os métodos de aspersão sobre copa, no entanto, muitos já
estabeleceram seus parreirais com sistemas mais avançados como a microaspersão e outros mais
tecnificados, empregam sistemas de gotejamento. A área irrigada por microaspersão tem sido
aumentada em função da restrição hídrica regional aliada à redução de custos operacionais.
A água é essencial para o crescimento e desenvolvimento de todas as partes da videira. No
solo, afeta o crescimento do sistema radicular no que diz respeito à direção do crescimento, ao
grau de expansão lateral, às ramificações e à profundidade de penetração das raízes, bem como à
relação entre a massa foliar e o sistema radicular. À medida que se reduz a disponibilidade de
água, diminui o crescimento do sistema radicular e da parte aérea. Nesse caso, as raízes são, de
modo geral, menos afetadas que as brotações.
A primeira fase do ciclo vegetativo da videira caracteriza-se pelo crescimento acelerado das
brotações tenras. À medida que escasseia a água no solo, a velocidade de crescimento decresce
rapidamente, os entrenós diminuem e a folhagem das pontas, de uma cor verde-amarelada, toma-
se verde-escura, semelhante ao das folhas maduras.
Os sintomas descritos permitem inferir sobre a disponibilidade de água no solo, denunciando
a necessidade de mais água no vinhedo. Quando o déficit hídrico se prolonga, as folhas mais
velhas adquirem um tom amarelado e a margem do limbo desseca, tendendo a se enrolar.
Finalmente, as folhas mais próximas da base dos brotos secam e caem. Uma redução repentina da
água disponível no solo do vinhedo produz o murchamento da folhagem e das partes tenras dos
brotos, seguida do amarelecimento e queda das folhas. Este tipo de murcha é comum quando as
temperaturas são elevadas, os ventos são fortes e a água disponível no solo ocupado pelas raízes
é escassa.
A produção vitícola é afetada pela redução da água disponível para as plantas, porque essa
restrição, além de diminuir o tamanho potencial dos bagos e o comprimento e peso dos cachos,
afeta também o conteúdo de sólidos solúveis e de outros componentes. A deficiência de umidade
nos primeiros estádios de desenvolvimento dos cachos reduz marcadamente o tamanho dos
bagos, sem que este possa se recuperar com irrigações posteriores. No entanto, desde que eles
tenham alcançado um tamanho satisfatório, uma redução moderada de água pode ser favorável,
ao diminuir a taxa de crescimento dos sarmentos e estimular a acumulação de açúcares e
pigmentação nos frutos.

40
6.6.27.1. Manejo de água:

O manejo de água está diretamente relacionado com o sistema de irrigação selecionado.


Nos sistemas de irrigação por sulco e por aspersão, por exemplo, o nível de água disponível no
solo deve ser mantido acima de 50%. No caso da irrigação localizada, o nível de água disponível
no solo deve ser mantido entre 80 e 100%.
Recomenda-se na irrigação localizada que o manejo de água seja monitorado por meio de
tensiômetros instalados em pontos correspondentes a 50% da profundidade efetiva das raízes e
imediatamente abaixo destas. A proporção recomendada é de três a quatro estações de
tensiômetros instaladas numa parcela de solo uniforme e de tamanho não superior a dois hectares.
A partir dessa parcela monitora-se a irrigação das demais áreas da propriedade que apresentem o
mesmo tipo de solo.
As tensões de água no solo aceitáveis para o manejo das regas dependem dos tipos de
solos cultivados. Para solos arenosos, as tensões podem variar entre 15 e 25 centibares; para os
argilosos, podem alcançar de 40 a 60 centibares. As leituras dos tensiômetros servem, em ambos
os casos, para o ajustamento da lâmina ou do volume de água aplicado. Num solo cuja tensão de
água varie entre 15 e 25 centibares, por exemplo, deve-se reduzir em 10% o tempo de rega
quando a tensão permanecer abaixo de 15 centibares durante uma semana de irrigação. Por outro
lado, quando a tensão for superior a 25 centibares, deve-se aumentar o tempo de rega em 10%.

6.6.28. Controle de Plantas invasoras:

Nos dois primeiros anos faz-se o coroamento das plantas de uva deixando o mato rebaixado
nas entrelinhas. Este processo de controle das plantas invasoras é feito com roçadeira. Com a
utilização de herbicidas deve-se tomar cuidado com a deriva, pois as plantas com até dois anos de
idade são sensíveis aos herbicidas, causando fitotoxidez. A tabela 9 a seguir apresenta os
herbicidas recomendados pelo MAPA para a cultura da uva.

Tabela 9. Herbicidas recomendados pelo MAPA para a cultura da uva.


Nome comercial Ingrediente Ativo Dose Classe
Glifosato Nortox, Gliz Glifosato 0,48 a 2,88 Kg IV
480 CS, Roundup i.a/ha
Original e WG,
Polaris.
Gramoxone 200 Dicloreto de paraquat 2,0 Kg II
i.a/ha
Cention SC, Diuron - II
Herburon, Diuron
Nortox.
Herbazin 500 BR Simazina - III
Herbipak 500 BR Ametrina - III
Finale Glufosinato-sal de - III
amônio

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6.7. DOENÇAS:

As videiras em clima úmido e quente são mais sujeitas a doenças causadas por fungos.
Assim o cultivo da videira requer uma série de medidas de controle, sem o quais inviabilizaria o
cultivo de certas variedades. A doença que deve ter o maior cuidado e prevenção para as
condições de Goiás é o míldio. Dentre as principais, destacam-se:

6.7.1. Oídio:

Agente causal: Uncinula necator (SchW.) Burril (Oidium tuckeri Berk.). O patógeno
encontra-se disseminado por toda a zona vitícola e se desenvolve bem em clima seco. A doença é
favorecida pelo clima frio, pois o fungo se desenvolve desde temperaturas de 7°C à sombra ou luz
difusa; porém, exposta à luz, perece. A doença se manifesta em toda a planta, sendo as partes
verdes e tenras as mais atacadas, causando prejuízos nos brotos, nas flores e nos frutos.
Nas folhas novas, observa-se retraimento e murcha do limpo. As flores atacadas caem e
os frutos, quando em formação, paralisam o desenvolvimento e ocorre rachadura, devido à
alteração sofrida pela casca.
A principal medida de controle nos vinhedos comerciais é feita por meio do uso de
fungicidas, principalmente à base de enxofre, que é mundialmente utilizado pelo seu baixo custo e
elevada eficácia e fungicidas sistêmicos, tais como benomil, tiofanato metilico, fenarimol e
triadimefon. Em regiões de clima quente, não se recomenda empregar unicamente fungicidas
sistêmicos, devido ao aparecimento de raças resistentes a esses produtos.

6.7.2. Antracnose:

Agente causal: Elsinoe ampelina (de Bary) Shear (Splhaceloma ampelinum de Bary). O
fungo dessa doença acha-se presente em todas as áreas onde, durante a vegetação e a
fruticação, ocorrem chuvas freqüentes, sendo uma doença oriunda das condições úmidas, não
exigindo grande temperatura para se desenvolver, é praticamente desconhecida na viticultura do
Nordeste semi-árido. As variedades viníferas são mais suscetíveis que as americanas.
No início da brotação da videira, a antracnose é a primeira doença a aparecer, atacando todos os
órgãos verdes da planta, preferencialmente os tecidos tenros. O fungo se desenvolve sobre as
folhas e os frutos. Nas folhas, forma mancha parda deprimida. As manchas podem, ao se
desenvolver, causar rupturas, desintegrando as folhas. Nos frutos, surgem manchas pardas,
arredondadas, denominado olho de passarinho, e eles chegam a se fender e expor as sementes.
O controle, durante o inverno, é feito com calda sulfocálcica a 32° Baumé. Utiliza-se 1L de
calda para 8L de água. Durante a vegetação, recomenda-se a aplicação de calda bordalesa ou
outro preparado cúprico a cada quinze ou vinte dias, Ziram, Zineb, óxido de cobre (Salim Simão et
al. 1998).

6.7.3. Míldio:

Agente causal: Plasmopara viticola (Berk & Curtis) Berl. & de Toni. Esta doença é também
conhecida como peronóspora, mufa ou mofo e causa sérios prejuízos à viticultura, podendo a
produção ser perdida totalmente quando não forem efetuadas medidas de controle. Geralmente as
variedades de uvas européias (Vitis vinifera L.) são mais suscetíveis ao míldio que as americanas e
híbridas. É uma doença séria nas regiões úmidas e quentes.
O míldio afeta todas as partes em desenvolvimento da videira. Nas folhas os primeiros
sintomas são um amarelo pálido, na face superior folha (mancha de óleo),e, na face inferior, por
florescência branca. São esporos do fungo que se disseminam facilmente. As folhas, as flores e os
frutos secam quando o ataque é intenso. Os frutos adquirem coloração cinza-azulada e
mumificam-se. As variedades viníferas são mais suscetíveis que as americanas.

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O controle pode ser feito com calda bordalesa, ferbam, carbendazin, Dithane M-45, Captan
ou Zineb. A calda bordalesa é a que propicia melhor vegetação e, conseqüentemente, melhor
produção (Tabela 10).

Tabela 10. Eficácia média de fungicidas recomendados para o controle do míldio baseado em
resultados de três anos de avaliação. Bento Gonçalves, 1998.
Concentração Ação do Classe
Princípio Dose g.i.a/ha Eficácia (%)
g.i.a. (%) produto toxicológica
ativo
Folpet 50 90 Contato 70 a 90 IV
Oxicloreto de
50 137,5 Contato <70 IV
cobre
Oxicloreto de
cobre + 20 + 20 60 + 60 Contato 70 a 90 III
Mancozeb
Sulfato de
25 240 Contato 70 a 90 IV
cobre
Mancozeb 80 240 Contato 70 a 90 III
Ditianon 75 93.75 Contato >90 II
Cymoxanil + Penetrante +
8 + 64 20 + 160 >90 III
Mancozeb Contato
Metalaxil + Sistêmico +
8 + 64 24 + 192 >90 II
Mancozeb Contato

6.7.4. Enrolamento da folha:

Embora nos cultivares viníferas esta virose cause sérios prejuízos, em cultivares
americanas ou híbridas, por apresentarem maior tolerância, os efeitos negativos da doença são
menos pronunciados, mesmo assim, podem causar perdas consideráveis na produção, afetando,
inclusive, o teor de sólidos solúveis e a acidez titulável do mosto.
A doença do enrolamento da folha é causada por um complexo de oito vírus (Grapevine
leafroll-associated virus, GLRaV), embora cada um dos vírus do complexo possa ocorrer de forma
isolada. No Brasil, já foram detectados os vírus GLRaV-1 e -3 e, mais recentemente, o GLRaV-2
em vinhedos paulistas.
As videiras americanas e híbridas não mostram os sintomas característicos da doença. Pode ser
observado, em cultivares como Niágara Branca, Niágara Rosada e Concord, leve enrolamento e,
às vezes, "queimadura" entre as nervuras principais, bem como redução no desenvolvimento da
planta. Na cultivar Isabel, a redução no crescimento é o sintoma mais evidente. As cultivares de
porta-enxertos não mostram qualquer sintoma nas folhas quando infectadas pelo vírus, o que torna
impossível a distinção entre plantas sadias e doentes pela simples observação.

6.7.5. Escoriose:

Agente causal: Phomopsis vitícola (Sacc.) Sacc. È uma doença importante em regiões com
excesso de chuvas, principalmente quando, após a brotação, a planta permanece molhada por
vários dias.
A escoriose se manifesta principalmente na base dos ramos do ano, apresentando os
seguintes sintomas: necroses fusiformes ou arredondadas escuras, rachaduras e escoriações
superficiais no córtex. No outono os ramos poderão se tornar esbranquiçados a partir de sua base
e conter pequenos pontos negros que são os picnídios do fungo. Os ataques podem ocorrer nas
nervuras principais de folhas jovens, pecíolos e pedúnculo.
No limbo foliar, forma manchas arredondadas de 3 mm a 15 mm de diâmetro, sendo escura no
centro e amarela (cloróticas) na periferia.
Os ramos de ano podem quebrar facilmente devido ao intumescimento da sua inserção. Devido

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à morte das gemas basais a poda deve ser realizada na parte mediana do ramo, que distancia
muito a produção da cepa, causando desequilíbrio da planta.
O controle é por meio do uso de material de propagação sadio, queima dos restos de
cultura e uso de fungicidas.No inverno, reduzir o inóculo pela remoção e destruição dos ramos
doentes e/ou tratamento com calda sulfocálcica antes do inicio da brotação.
Na primavera, o controle deve ser realizado nos estádios inicias da brotação, por ser a fase
mais sensível da planta, é nesta época que as condições climáticas são mais favoráveis ao
patógeno. Sendo recomendados tratamentos nos estádios 05 (ponta verde) e 09 (duas a três
folhas separadas).

6.7.6. Fusariose:

Agente causal: Fusarium oxysporum f.sp. herbemontis. Esta doença causa redução drástica
da produtividade da videira por provocar a mortalidade de plantas, além de ser uma doença de
difícil controle.
A fusariose é uma doença vascular, provocando interrupção na translocação da seiva. A
doença reduz o crescimento de brotos, e provoca escurecimento interno da madeira, murchamento
de folhas e de cachos. Os cachos murcham ainda verdes ficando aderidos aos ramos. As plantas
infectadas podem morrer subitamente, normalmente em reboleiras. Em outras plantas pode-se
verificar brotações no tronco, que também morrerão com a evolução da doença.
As medidas de controle são preventivas, pois o controle químico não é eficaz. As medidas
preventivas recomendadas são: plantar em áreas livres da doença, adotar práticas que não
provocam ferimentos ao sistema radicular, escolher solos bem drenados para a instalação do
vinhedo, usar material de propagação sadio. Em áreas já contaminadas deve-se proceder ao
arranquio das plantas infectadas com o máximo possível de raízes e queimá-las, aplicar cal virgem
nas covas, evitar o uso de máquinas em áreas contaminadas e depois em áreas de vinhedos
sadios, controlar a erosão para evitar o escoamento de águas superficiais de áreas contaminadas
para áreas não contaminadas. A principal medida de controle é a utilização de porta-enxertos
resistentes. O porta-enxerto Paulsen 1103 tem mostrado boa tolerância à fusariose, enquanto o
porta-enxerto So4 é muito suscetível; a cv. Isabel de pé franco apresenta boa tolerância ao
patógeno.

6.8. PRAGAS:

As pragas mais comuns que atacam a cultivar Niágara Rosada cultivada sob clima tropical
são as formigas cortadeiras (quenquéns e saúvas), cochonilhas subterrâneas e da parte aérea,
coleobrocas, ácaros, vespas e abelhas.

6.8.1. Formigas Cortadeiras:

As formigas cortadeiras, tanto as saúvas (Atta spp.) quanto as quenquéns (Acromyrmex


spp.) causam sérios danos à videira devido ao corte de folhas, brotos e cachos. O ataque de
formigas é prejudicial em qualquer fase do ciclo, porém o dano é maior na fase de formação da
planta, quando paralisa temporariamente o crescimento.
Controle: algumas espécies de quenquéns têm o hábito de forragear a noite, não deixando
trilha que leve até os ninhos como fazem as saúvas. Estas formigas são mais facilmente
controladas quando se localiza o ninho, porém, muitas vezes, como os mesmos não estão
acompanhados dos montículos de terra, torna-se difícil à aplicação de formicidas de forma
localizada. Dentre os principais métodos de controle de formigas, destacam-se as iscas formicidas
e o emprego de inseticidas em pó.
As iscas formicidas (Tabela 11) devem ser utilizadas diretamente da embalagem, distribuindo
os grânulos ao lado dos carreiros, próximo aos olheiros. As espéciesde quemquéns não
conseguem carregar, satisfatoriamente, as iscas do tamanho que se utiliza para as saúvas. A
aplicação deve ser realizada com tempo seco para evitar que ocorra degradação dos grânulos
devido a umidade. As iscas não devem ser armazenadas com outros produtos químicos nem
tocadas diretamente com as mãos, sob o risco de perda de atratividade (formiga não carrega). Os

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inseticidas em pó devem ser aplicados diretamente nos ninhos, através de insufladores.
Em algumas situações, quando não é possível localizar os ninhos e o ataque está ocorrendo,
pode ser utilizado gel repelente (Eaton's) que deve ser aplicado ao redor do tronco, em faixas de 2
mm de largura visando impedir que as formigas subam para cortar as folhas. Este método não
controla a formiga, apenas evita o dano até que o formigueiro seja localizado e controlado.

Tabela 11. Inseticidas empregados no controle de formigas cortadeiras.


Ingrediente Ativo Nome Comercial Dose Formulação
Sulflaramida Mirex S S = 8-10g/m2/formigueiro Isca

QQ = 10-12g/m2/formigueiro
Fluramim Tamanduá Bandeira- S = 6-10g/m2/formigueiro Isca
S
Deltametrina K-Othrine 2 P S e QQ = 10g/ Pó
m2/formigueiro

6.8.2. Cochonilhas-do-tronco:

As principais espécies de cochonilhas-do-tronco encontradas danificando a cultivar Niágara


Rosada são a Hemiberlesia lataniae Signoret, 1869 e Duplaspidiotus fossor Newstead 1914
(Hemiptera: Diaspididae). Estas cochonilhas são semelhantes quanto ao tamanho e forma da
carapaça, dificultando a identificação no campo. Praticamente não existem informações sobre a
biologia destas cochonilhas na cultura da videira, o que dificulta o estabelecimento de medidas de
controle no período que o inseto seria mais sensível (eclosão das ninfas).
O ataque ocorre de forma agregada nos ramos velhos da parreira, abaixo do ritidoma (Figura
1). Ao se alimentarem, depauperam as plantas, podendo provocar a morte. No município de Jales,
SP, tem sido observado maior índice de infestações de cochonilhas em trocos e ramos da cultivar
Niágara Rosada quando a mesma é enxertada em IAC-766 e IAC 313 do que no porta-enxerto
IAC-572.

6.8.3. Cochonilhas de solo:

As principais cochonilhas de solo que atacam a cultura da videira são a pérola-da-terra


Eurhizococcus brasiliensis (Hemiptera: Margarodidae) e a cochonilha branca Pseudococcus sp.
(Hemiptera: Pseudococcidae) embora esta última também seja encontrada na parte aérea das
plantas.
A pérola-da-terra, Eurhizococcus brasiliensis (Hempel, 1922) (Hemiptera: Margarodidae), é
uma cochonilha subterrânea que ataca raízes de plantas cultivadas e silvestres. O inseto somente
é prejudicial na fase jovem (ninfas), visto que os adultos são desprovidos de aparelho bucal. A
cochonilha reproduz-se através de partenogênese telítica facultativa apresentando uma geração
por ano na cultura da videira.
A sucção da seiva efetuada pelo inseto nas raízes provoca um definhamento progressivo da
videira, com redução da produção e conseqüente morte das plantas. No caso de novos plantios, no
primeiro ano o vinhedo desenvolve-se normalmente; a partir do segundo ano, a brotação é fraca e
desuniforme, ocorrendo a morte das plantas geralmente no terceiro ano. Plantas adultas,
normalmente demoram mais para morrer por possuírem o sistema radicular mais desenvolvido.

6.8.4. Cochonilha branca - Pseudococcus spp. (Hemiptera: Pseudococcidae):

Este grupo é chamado de cochonilha branca em função da cera pulverulenta que recobre o
corpo dos insetos, dando aspecto algodonoso (Figura 3). São de pequeno tamanho, vivendo de
forma agregada sobre folhas, frutos, ramos e brotos podendo também afetar as raízes. Devido ao
tamanho reduzido e hábito de vida, localizando-se nas raízes ou interior dos cachos, estes insetos
têm passado de forma desapercebida pelos produtores, principalmente quando estão em pequeno

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número. Quando a população encontra-se elevada nos pomares são facilmente percebidas, pois
em função da secreção açucarada que liberam verifica-se a presença de formigas doceiras
associadas ao inseto, podendo dar origem a fumagina, que deprecia comercialmente os frutos. As
espécies presentes nos parreirais do Brasil ainda não foram estudadas quanto a bioecologia,
sendo que o principal gênero relatado em videira é o Pseudococcus.

6.8.5. Ácaro branco Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) (Acari: Tarsonemidae):

O ácaro branco é uma praga polífaga e cosmopolita, possui tamanho reduzido (machos e
fêmeas medem aproximadamente 0,17 mm e 0,14 mm de comprimento, respectivamente).
Dificilmente visualizados a olho nu. O macho, mesmo sendo menor que a fêmea, possui o hábito
de carregar a pupa desta para acasalamento no momento da emergência. Os ovos são
depositados isoladamente na face inferior das folhas. O ataque ocorre somente nas folhas novas
da videira, não havendo presença de teias.
O ataque do ácaro branco resulta num encurtamento dos ramos da videira como resultado da
alimentação contínua das folhas novas. Em situações de elevada infestação, as folhas ficam
coriáceas e quebradiças podendo ocorrer a queda das mesmas. O ataque é mais importante em
plantas novas, tanto em mudas como nos porta-enxertos, visto que a praga reduz o
desenvolvimento, atrasando a formação do parreiral.

6.8.6. Coleobrocas:

As espécies Dolichobostrychus augustas, Micrapate brasiliensis e Xylopsocus capucinus tem


sido as principais brocas encontradas atacando videira em São Paulo. O adulto é um besouro de
aproximadamente 3 a 5 mm de comprimento, coloração marrom, com a extremidade dos élitros
truncadas abruptamente e finamente pontuda. As larvas são esbranquiçadas e se transformam em
pupa no interior das galerias que abrem. A presença do inseto fica evidenciada pelo aparecimento
de goma junto ao furo de entrada da galeria (Figura 6). Pode causar destruição total ou parcial da
planta, além de facilitar a entrada de microorganismos que causam o apodrecimento de ramos e
tronco. Quando a infestação é alta pode causar a morte de ramos e até da planta devido a
obstrução da passagem de seiva. Não existem medidas de controle eficazes para o controle das
brocas. Recomenda-se manter as plantas em equilíbrio, retirar do vinhedo os restos de poda
infestados queimando-os e, caso se consiga detectar o inicio do ataque, aplicar inseticidas
fosforados de forma localizada.

6.8.7. Vespas e Abelhas:

Vespas e abelhas são insetos benéficos ao homem, porém, devido à escassez de alimentos
durante o verão, acabam indo buscá-lo nos cachos de uva em maturação. As vespas ou
marimbondos possuem mandíbulas bem desenvolvidas e rompem a película das bagas para sugar
o suco que, ao extravasar, atrai grande quantidade de abelhas. As abelhas acabam afugentando
as vespas da baga rompida, levando-as a romper outra baga em seguida, até secar todo o cacho. .
As principais vespas e abelhas que atacam a videira são Apis mellifera, Polistes spp. Polybia spp.
e Synoeca syanea, Trigona spinipes.
O ataque de vespas e abelhas aos cachos de uva deve-se à falta de alimento (floradas) no
período de maturação da uva. Estes insetos preferem néctar a qualquer exudato adocicado, sendo
a primeira fonte de alimento flores e não frutos. A falta de floradas está associada à ausência de
matas nativas próximas aos parreirais, que forneceriam flores durante os meses de verão. Outra
situação comum, é a falta de planejamento dos apicultores, que muitas vezes, superpovoam as
áreas próximas aos vinhedos.

Controle: Cultivo nas áreas marginais aos vinhedos de plantas que florescem no mesmo período
de maturação da videira para suprir as abelhas de alimento no período critico de ataque.
As áreas próximas aos parreirais devem ser reflorestadas com espécies como eucalipto, angico,
canela lageana e sassafrás, louro, pau marfim, cambuim, maricá, fedegoso, carne de vaca,

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palmeiras e butiás, ampliando a fonte de alimento para estas espécies. Também pode ser
fornecido alimento artificial às abelhas em comedouros coletivos.
Quando possível, ensacar os cachos de uva próximos à colheita. Em último caso, empregar
fungicidas repelentes às abelhas, como o captan.
A destruição dos ninhos de vespas e abelhas, normalmente localizados em árvores e
cupinzeiros abandonados, deve ser feita com muito critério, pois as mesmas são valiosas auxiliares
na predação de pragas e polinização de culturas.

Tabela 12. Produtos registrados no MAPA para o controle de pragas em uva.


Praga Ingrediente Nome Dose Carência Classe
Ativo Comercial
Cochonilha Paration metil Bravik 600 100 mL/100 L 15 I
Branca + Óleo CE
emulsionável Folidol 600
Folisuper
Cochonilha- Paration metil Bravik 600 100 mL/100 L 15 I
do-tronco CE
Folidol 600
Folisuper
Ácaro Branco Enxofre Kumulus 200 a 400 SR IV
mL/100 L
Ácaro Rajado Abamectin Vertimec 18 80 a 100 mL/ 28 III
CE 100 L

6.9. COLHEITA DE UVA:

6.9.1. Ponto de colheita:

A maturação pode ser determinada através do teor de sólidos solúveis associado a outros
atributos como aparência, cor, textura e sabor, além da contagem de dias a partir da brotação. Na
prática, os principais fatores para determinação do ponto de colheita são: teor de sólidos solúveis
(oBrix) e relação sólidos solúveis/acidez titulável. Pelas normas internacionais de comercialização
de uvas de mesa, o teor mínimo de sólidos solúveis é de 14 ºBrix, sendo que para as variedades
Itália, Rubi e similares recomenda-se relação sólidos solúveis/acidez titulável mínima de 15:1.

6.9.2. Cuidados Pré-Colheita:

Tratando-se de área irrigada, recomenda-se a redução da quantidade de água disponível à


planta, de forma a evitar a turgidez excessiva das bagas, o que as torna mais susceptíveis aos
danos no manuseio e transporte;
Aferir o diâmetro das bagas, tamanho e formato dos cachos e o teor de sólidos solúveis, bem como
avaliar as condições gerais do fruto;
Programar as colheitas, no tocante à necessidade de mão-de-obra e material necessário;
Conservar contentores de colheita em bom estado de conservação, limpos e sanitizados;
Preparar o packing-house. As instalações, equipamentos e materiais devem estar limpos e
sanitizados;
Treinar colhedores e operadores para exercer adequadamente suas funções.

6.9.3. Colheita:

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A colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia, evitando-se colher nos dias
chuvosos ou quando houver orvalho sobre o fruto.
Os contentores devem ser distribuídos ao longo das linhas de plantio, apoiados, em posição
inclinada, no caule das plantas, evitando-se o contato direto com o solo. Os contentores devem
estar limpos, sanitizados e forrados com material macio, flexível e lavável, tomando-se sempre o
cuidado de não deixar, em seu interior, restos de cultura ou quaisquer materiais que possam
danificar e/ou contaminar as uvas. Higiene e cuidado no manuseio são procedimentos simples que
resultam em frutos de elevada qualidade sem que haja aumento de custo para o produtor.
Os cachos são colhidos utilizando-se tesoura apropriada, com lâminas curtas e pontas
arredondadas para não ferir as bagas. O corte deve ser realizado rente ao ramo de produção, na
porção lignificada, segurando o cacho pelo pedúnculo e evitando o seu contato com as mãos, de
forma a preservar a pruína, espécie de cera natural que recobre e protege as bagas. Os
colhedores devem ter as mãos limpas e as unhas cortadas, além de usarem luvas, sempre que
possível. Ainda no campo, procede-se a primeira toalete, retirando-se restos foliares, ramos secos,
gavinhas e bagas defeituosas e danificadas. Em seguida, os cachos devem ser acondicionados
nos contentores, em camada única e posicionados com o pedúnculo para cima, de forma a impedir
que danifiquem outros cachos. Os contentores devem ser mantidos à sombra e transportados ao
packing-house o mais rápido possível, a fim de evitar a desidratação das uvas, com ressecamento
dos engaços e desprendimento das bagas (degrana).

6.10. CUSTOS DE PRODUÇÃO:


6.10.1. Custos de Instalação:

Para o primeiro ano considerou-se um vinhedo conduzido no sistema latada, com


espaçamento de 2,75 m entre filas por 2,00 m entre plantas. Para a instalação foram considerados
todos os custos, exceto a remuneração da terra e os juros sobre o capital empregado. Foi
considerado o preço do porta-enxerto enraizado e a enxertia em campo. Os custos totais de
implantação por hectare somam R$ 47.664,08. O sistema de irrigação e a cobertura do vinhedo
são responsáveis por mais de 45% dos custos de implantação.

6.10.2. Custos de Manutenção:

Os custos de manutenção referem-se aos gastos com insumos, mão-de-obra, máquinas,


comercialização, depreciação do vinhedo e utensílios diversos. Estes custos foram estimados em
R$ 23.922,50 por ano, assim decompostos: R$ 19.378,01 referentes aos gastos operacionais
anuais; R$ 1.152,00 referentes a colheita e embalagem; e R$ .3.392,49 referentes a outros gastos
(R$ 3.177,61 equivalente a depreciação, e R$ 214,88 de energia elétrica). A vida útil considerada
para os parreirais e para os equipamentos foi de 15 anos, sem considerar valor residual. No
entanto, estima-se que a estrutura dos vinhedos pode durar 30 anos ou mais.

6.10.3. Rentabilidade:

Para este sistema, a produtividade média esperada a partir do 2º ano para a produção em
uma única safra, programada para os meses de agosto a meados de novembro é de 5.000 caixas
de 6 quilos por hectare. Considerando os preços médios cotados no Ceagesp, dos meses de julho
a novembro dos anos de 2000 e 2002, corrigidos pelo IGP-M para setembro de 2003, obteve-se o
preço de R$ 13,58 a caixa de 6 quilos, preço este do atacadista para o varejista. Descontando-se
frete, comissão, INSS, carga e descarga, o preço recebido pelo produtor situa-se em torno de R$
10,00 a caixa. Com este preço a receita esperada é de R$ 50.000,00 e o lucro anual para um
hectare de uva Niágara Rosada, é estimado em R$ 26.077,50. A relação benefício/custo é de 2,09,
ou seja, mais de 100% de lucro bruto para remuneração da terra e juros sobre o montante
investido, muito superior a qualquer aplicação no mercado financeiro.

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7. A CULTURA DA BANANA:
7.1. INTRODUÇÃO:

A cultura da banana (Musa spp) ocupa o segundo lugar em volume de frutas produzidas e
consumidas no Brasil e a terceira posição em área colhida. As diversas camadas da população
brasileira consomem banana não só como sobremesa mas, como uma fonte alimentar. Todavia a
parcela da renda gasta na aquisição deste produto é de 0,87% do total das despesas com
alimentação.
A produção brasileira de banana está distribuída por todo o território nacional, sendo a região
Nordeste a maior produtora (34%), seguidas das Regiões Norte (26%), Sudeste (24%), Sul (10%) e
Centro-Oeste (6%). A produção de banana no mundo coloca o Brasil como 2º maior produtor
mundial e 1º consumidor, sendo a Índia o maior produtor mundial seguida pela Filipinas, Equador e
China. A área plantada no Brasil é de cerca de 520 000 ha, dos quais o Pará participa com cerca
de 54.580 ha, ocupando a primeira posição no cenário nacional. Goiás produz atualmente cerca de
124.400 t de bananas. O Brasil produziu cerca de 6.614.000 t de bananas em 2004, tendo uma
produtividade média de 13,3 t/ha em cultivo convencional. Em áreas irrigadas a produtividade
média pode atingir mais de 50 t/ha.
Várias são as pragas e doenças que afetam a cultura no Brasil, além das sigatoka-amarela,
mal-do-Panamá, moko o recente aparecimento da Sigatoka-negra tem causado grandes prejuízos
aos bananais. Vários estados do Brasil contêm o fungo da sigatoka negra, com exceção do Estado
de Goiás. O Ministério da Agricultura concedeu ao Estado de Goiás em junho de 2006 o status de
“área livre da sigatoka negra”. Com a publicação da Instrução Normativa No 29 no Diário Oficial da
União, Goiás passa a ser o primeiro Estado do Brasil a obter a declaração por tempo
indeterminado. O Estado da Bahia teve o status livre apenas por um ano, devendo passar por uma
nova avaliação ao final desse período. A sigatoka negra que chegou ao Brasil em 1998 pelo
Amazonas, se caracteriza pelo enegrecimento e secamento das folhas da bananeira, reduzindo
assim a atividade fotossintética da planta, redução drástica da produção e sua morte. Várias
Instituições de Pesquisa no Brasil, principalmente a EMBRAPA, já desenvolveram cultivares de
banana resistentes à sigatoka negra.

7.2. VALOR NUTRITIVO:

A banana é rica em vários elementos nutricionais, o que de certa forma beneficia a


população de um modo geral, uma vez que praticamente todo fundo de quintal possui uma cova de
banana plantada. O quadro abaixo apresenta os valores nutricionais da polpa da banana.

ELEMENTO VALORES
Potássio 350 a 400 mg/100 g de matéria seca
Fósforo 25 a 30 mg
Cálcio 8 a 10 mg
Sódio 40 a 50 mg
Proteínas 1,3%
Vitaminas A, B1, B2, C
Açúcar 18,7%
Água 74%

7.2. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E ORIGEM:

49
A banana teve sua origem no continente asiático, mais precisamente na Índia, disseminando
pelo mundo. A banana possui a seguinte classificação botânica:
Classe: Monocotyledoneas
Ordem: Scitaminales
Famílias: Musaceae, Lowiaaceae, Zingiberaceae, Marantaceae, Cannaceae.
Sub-Família: Musoideae, Strelitzioideae, Heliconioideae, Lowia.
Gêneros: Musa, Ensete.
Espécies: Musa acuminata Colla, Musa balbisiana Colla.

As espécies Musa acuminata (Genoma A) e Musa balbisiana (Genoma B) são as duas


espécies mais cultivadas no mundo e possui os seguintes grupos de genomas:
•Grupos diplóides: 22 cromossomos (AA e AB).
•Grupos triplóides: 33 cromossomos (AAA, AAB, ABB).
•Grupos tetraplóides: 44 cromossomos (AAAA, AAAB, AABB, ABBB).
7.3. MORFOLOGIA DA PLANTA:

A planta de banana possui raiz, caule subterrâneo (rizoma), pseudocaule, folhas, flores e
frutos. As raízes são superficiais e possui cerca de 40cm de comprimento tanto em profundidade e
lateral. O caule do tipo rizoma possui várias gemas, de onde saem as brotações (mudas). O
pseudocaule é formado por folhas e é rico em água e fibras, de onde surgirá em seu ápice além
das folhas com bainhas o cacho com frutos. As folhas são enormes, medindo mais de 1m de
comprimento e vários cm de largura e as bainhas estão inseridas no pseudocaule. O cacho de
banana com seus frutos (dedos) sai do rizoma e a medida que o pseudocaule cresce há o
acompanhamento até aparecer no ápice. O cacho possui além dos dedos as pencas, onde estas
estão inseridas no engaço. A parte do corte da penca com o engaço chama-se almofada. Após a
última penca tem-se a ráquis com restos de flores masculinas e femininas e na ponta o “coração”,
onde estão as folhas modificadas chamadas de brácteas e flores masculinas. Nas pontas dos
dedos estão os restos de flores femininas que são os pistilos.

50
A polinização (cruzamento) das flores de banana é muito baixa, os frutos surgem através da
partenocarpia.

7.4. CULTIVARES:

A escolha da variedade depende do mercado consumidor e do destino da produção


(indústria ou consumo in natura), associado com a adaptabilidade às condições do ambiente.
Existem quatro padrões ou tipos principais de variedades de bananeira: Prata, Maçã, Cavendish
(Banana D’Água ou Caturra, Nanica, Nanicão e Grand Naine) e Terra. Dentro de cada tipo há uma
ou mais variedades. Recomenda-se também, introduzir e cultivar variedades novas, desde que
com características de resistência a pragas e doenças como a sigatoka negra, como Caipira, FHIA
18 e FHIA 01, visando desenvolver novas opções de mercado. Podem-se comprar mudas de
laboratório através dos sites: www.campinas.snt.embrapa.br; www.campo.com.br;
multiplanta.com.br; www.empasc.sc.gov.br.

7.4.1. Prata Anã (AAB): Possui frutos idênticos aos do cv. Prata. É uma cultivar do grupo AAB,
com pseudocaule muito vigoroso, de cor verde-clara, brilhante, com poucas manchas escuras
próximo à roseta foliar. Porte médio a alto, cacho cônico (14kg), ráquis com brácteas persistentes,
coração grande e frutos pequenos (110g e 13cm de comprimento), com quinas, ápices em forma
de gargalo e sabor acre-doce (azedo-doce). Sem irrigação produz 15 t/ha/ano e com irrigação 35 t/
ha/ano. É suscetível às sigatokas amarela e negra e ao mal-do-Panamá, todavia apresenta boa

51
tolerância à broca-do-rizoma e aos nematóides. A sua indicação, apesar da baixa capacidade
produtiva, deve-se a grande aceitação pelos consumidores. Possui excelentes características tanto
para consumo in natura, como para a indústria. É tolerante ao frio e medianamente tolerante a
nematóides.
7.4.2. Prata Comum (AAB): Fruto reto, de até 15 cm de comprimento, casca amarelo-esverdeado
de cinco facetas, polpa menos doce que a da banana-nanica, mais consistente, porte alto, bom
perfilhamento, ciclo vegetativo de 400 dias, peso do cacho de 14kg, 82 frutos por cacho, 7,5
pencas por cacho, 161g por fruto, 13 t/ha/ano sem irrigação e de 25 t/ha/ano com irrigação, é
resistente a nematóides e susceptível à Sigatoka amarela e negra, mal-do-Panamá, moko e
moderadamente resistente a broca-do-rizoma.

7.4.3. Maçã (AAB): É bastante apreciada pelo consumidor brasileiro alcançando os melhores
preços do mercado. É altamente susceptível ao Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporium f. sp.
cubense) Por isso, deve ser plantada em áreas novas com solos ricos em matérias orgânicas. É
moderadamente susceptível à Sigatoka amarela e susceptível a negra e ao moko, é resistente a
nematóides e moderadamente resistente à broca-do-rizoma. A banana Maçã apresenta ótima
qualidade e excelente aceitação no mercado consumidor devido ao seu sabor mais delicado e
também por ser reguladora do funcionamento do intestino. Esse cultivar apresenta porte que varia
de 3.0 a 3.5 m (médio a alto), ótimo perfilhamento, com folhas, nervuras e pecíolos de coloração
verde-clara, e com aspecto de caídas. Seu cacho pesa aproximadamente 15 kg e o número de
pencas varia de 7 a 10, possuindo de 50 a 150 frutos com comprimento entre 10 a 16 cm. Os frutos
são um pouco curvos e possuem a casca fina e delicada, de cor amarelo-pálida e polpa de cor
branca, com sabor que lembra a maçã. Sem irrigação produz 10/ha/ano.

7.4.4. Maçã Tropical (AAAB): É um híbrido tetraplóide, resultante de cruzamento da variedade


Yangambi no 2 com híbrido diplóide (AA) M53, de porte médio a alto, criado pela EMBRAPA. Os
frutos são maiores, mais grossos e com sabor semelhante aos da banana maçã. Possui ciclo de
400 dias, peso do cacho de 19 Kg, 106 frutos por cacho, com 7 pencas por cacho, comprimento do
fruto de 15cm e 121g por fruto. É cultivada com uma densidade de 1333 plantas/ha. No cultivo com
irrigação consegue-se um rendimento de 30 t/ha e sem irrigação de 15 t/ha. A Tropical, além de
resistente à Sigatoka-amarela, é também tolerante ao mal-do-panamá e susceptível à Sigatoka-
negra e ao moko. Seu plantio é direcionado principalmente para regiões produtoras de banana
maçã.

7.4.5. Pacovan (AAB): Resultante de uma mutação da Prata, pertence ao grupo AAB e é mais
produtiva e vigorosa do que esta cultivar. Tem porte alto, superior ao da Prata. O pseudocaule é
verde-claro, com poucas manchas escuras. O cacho é pouco cônico, rabo limpo, coração médio e
frutos grandes, com quinas proeminentes mesmo quando maduros; ápices em forma de gargalo e
sabor azedo-doce, mais ácido do que a Prata. Possui ciclo vegetativo de 350 dias, cacho com
16kg, 85 frutos por cacho, 7,5 pencas por cacho, 14cm de fruto, 122g por fruto, 15 t/ha/ano sem
irrigação e 40 t/ha/ano com irrigação A cultivar é suscetível às Sigatokas amarela e negra e ao
mal-do-Panamá, todavia apresenta boa tolerância à broca-do-rizoma e aos nematóides. Também
tem boa aceitação pelos consumidores. Possui frutos semelhantes em forma, tamanho e sabor aos
do cv. Prata, com potencial de alcançar 40% a mais do tamanho sob as mesmas condições de
cultivo.
7.4.6. Pacovan Ken (AAAB): É um híbrido tetraplóide obtido a partir da ‘Pacovan’ com o híbrido
diplóide (AA) M53, é do grupo AAAB, pseudocaule muito vigoroso de cor verde escuro, com
manchas escuras. O porte é alto, cacho é mais ou menos cilíndrico com rabo limpo e coração
mediano. Os frutos grandes, muito quinados, são maiores que os da ‘Pacovan’, terminam sob a
forma de gargalo de garrafa e são mais doces. A cultivar é resistente às sigatokas amarela e negra
e ao mal-do-Panamá. Não há, todavia, informações suficientes sobre sua reação à broca-do-
rizoma e nematóides, mas pode-se dizer que não há grandes diferenças entre esta cultivar e a
‘Pacovan’.

52
7.4.7. Grande Naine (AAA): Possui grande semelhança com o cv. Nanicão, porém o porte é pouco
mais baixo e a ráquis masculina semi-despida de brácteas e restos florais. Tem sido o cultivar mais
plantado para o mercado externo. Possui alta capacidade de resposta em condições de alta
tecnologia, porém não tem as mesmas rusticidades do cv. Nanicão. Resistente ao Mal-do-Panamá
e susceptível a nematóides, às sigatokas, moko e a broca-do-rizoma. O ciclo é de 10,5 a 12
meses. O cacho pesa de 31 a 40Kg. O fruto possui de 16 a 25cm de comprimento. Sem irrigação
produz cerca de 25 t/ha/ano e com irrigação produz 45 t/ha/ano. Possui médio perfilhamento.

7.4.8. Nanica (AAA): É a mais disseminada no mundo. É do grupo Cavendish. Médio


perfilhamento. Tem casca fina e amarelo-esverdeada (mesmo na fruta madura) e polpa bastante
doce, macia e de aroma agradável.
Cada cacho tem por volta de 200 bananas. O pseudocaule possui de 1,5m a 2m, com manchas
que vão do castanho ao preto sobre fundo verde-oliva. O cacho apresenta forma cônica, com peso
médio de 25 a 45 Kg. O fruto mede de 14cm a 25cm e pesa de 87g a 260g. A cultivar apresenta
ciclo de 11 a 12,5 meses. Apresenta susceptibilidade ao moko, à sigatoka amarela e negra,
nematóides e a broca-do-rizoma e tolerante ao mal-do-panamá.
7.4.9. Nanicão (AAA): É uma mutação do cultivar Nanica que ocorreu no estado de São Paulo. O
porte varia de 3,0 a 3,5m. O pseudocaule apresenta coloração idêntica ao da nanica. O cacho é
cilíndrico, de porte médio com peso de 25 a 50Kg. Os frutos possuem de 15 a 26cm de
comprimento e pesam entre 90 e 290g, e são mais curvos que os da cultivar nanica. Sem irrigação
produz cerca de 25/t/ha/ano e com irrigação cerca de 75 t/ha/ano. Apresenta ciclo de 11 a 13
meses. È susceptível à sigatoka amarela e negra, moko, nematóides, broca-do-rizoma e é
tolerante ao mal-do-panamá. O
7.4.10. Caipira (AAAB): Internacionalmente conhecida como Yangambi km 5. O cultivar foi
desenvolvido pela EMBRAPA - Mandioca e Fruticultura. É resistente ao Mal-do-Panamá, Sigatoka
Negra e Sigatoka Amarela e à Broca-do-rizoma. Em relação aos nematóides tem se mostrado
suscetível ao Radopholus similis. É uma cultivar do grupo AAA, com pseudocaule delgado, porte
médio a alto de cor verde-amarelo com manchas escuras e as folhas eretas. O cacho é
praticamente cilíndrico. De sabor adocicado, semelhante ao do cv. Ouro, porém possui frutos de
maior tamanho.Os frutos curtos e grossos apresentam poucas quinas.

7.4.11. PV-0344 (AAAB): O cultivar geneticamente melhorado pela EMBRAPA - Mandioca e


Fruticultura. Resistente à Sigatoka Negra, Sigatoka Amarela e Mal-do-Panamá. Possui frutos
semelhantes ao do cv. Pacovan em tamanho e sabor, porém com maior potencial produtivo.

7.4.12. Thap Maeo (AAB): Introduzida da Tailândia e selecionada pela EMBRAPA. É uma cultivar
do grupo AAB, muito semelhante à Mysore com pseudocaule vigoroso, porte médio a alto, de cor
verde-avermelhado com manchas escuras e ótimo perfilhamento. Apresenta as margens do
pecíolo vermelhas. O cacho é praticamente cilindro (14 kg). Os frutos variam de pequenos a
médios (78g) externamente semelhantes aos da Maçã, apresentam poucas quinas e sabor doce,
mas quando consumidos antes do ponto ideal de consumo é adstringente. A cultivar é resistente às
sigatokas amarela e negra e ao mal-do-Panamá e à broca-do-rizoma. A cultivar é também
resistente aos nematóides e moderadamente resistente à broca. Apresenta rusticidade a solos de
baixa fertilidade, com produtividade média de 25 t/ha/ano. Em solos mais férteis produz 35
t/ha/ano.

7.4.13. Terra (ABB): É a maior espécie conhecida, cada fruta chega a pesar de 200g a 500g e ter
comprimento de 30 cm. O porte é alto, fraco perfilhamnento, 600 dias de ciclo, 25 kg por cacho,
160 frutos por cacho, 10 pencas por cacho, produz cerca de 20t/ha/ano sem irrigação. É achatada
em um dos lados, tem casca amarelo-escura e polpa bem consistente. Só pode ser consumida
assada, frita ou cozida. É resistente ao mal-do-Panamá e susceptível a outras doenças, pragas e
nematóides.

7.4.14. Ouro: É a menor de todas as bananas, medindo no máximo 10 cm. Tem forma cilíndrica,
casca fina de cor amarelo-ouro, polpa doce, de sabor e cheiro agradáveis.

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É muito usada para fazer croquetes. Porte médio a alto, ótimo perfilhamento, ciclo vegetativo de
536 dias, cacho com 8kg, 100 frutos por cacho, 9 pencas por cacho, 8cm de comprimento por fruto
e peso de 45g. É susceptível à sigatoka amarela e ao moko, é resistente à Sigatoka negra e ao
mal-do-Panamá.

7.4.15. Banana Figo (ABB): Esta variedade também é conhecida como Banana-Marmelo, Jasmim
ou Tanga. É um fruto grosso, curto e de pedúnculo pequeno. A casca é grossa e a polpa é doce e
macia. É a banana ótima para fazer compotas.

7.4.16. D’angola (AAB): É uma variedade do grupo Terra, de porte médio, perfilhamento fraco,
com ciclo vegetativo de 400 dias, peso do cacho de 12kg, 40 frutos por cacho, 7 pencas por cacho,
25cm de comprimento do fruto, 350g do fruto, produtividade de 12 t/ha sem irrigação, resistente à
Sigatoka amarela e ao Mal-do-Panamá, é susceptível à Sigatoka negra, ao Moko, a Nematóides e
a Broca-do-rizoma.

7.4.17. Mysore (AAB): A Mysore é uma cultivar de porte alto e com frutos externamente
semelhantes aos frutos da ‘Maçã’, embora com sabor diferente. É muito produtiva, embora
apresente o vírus BSV, patógeno que provoca uma redução no tamanho do cacho e no
crescimento da planta.
7.4.18. FHIA-01 ou Maravilha (AAAB): É um híbrido tetraplóide, resultante do cruzamento entre a
Prata Anã (AAB) com SH 3142 (AA), de porte médio, introduzida de Honduras com nome de FHIA
01 (Federacion Hondureña de Investigacion Agricola). Os frutos e a produção são maiores e a
polpa mais ácida que os da Prata Anã. Apresenta resistência à Sigatoka negra e ao mal-do-
Panamá. Possui 384 dias de ciclo, 20kg de peso do cacho, 125 frutos por cacho, 8 pencas por
cacho, 17cm de fruto, 160g peso por fruto, rendimento de 20t/ha/ano e de 50t/ha/ano com
irrigação..

7.4.19. FHIA 18 (AAAB): É um híbrido da Prata-anã, de porte médio, com frutos externamente
semelhantes aos desta variedade, embora com sabor mais doce. Foi introduzida de Honduras e é
um tetraplóide pertencente ao grupo AAAB, tendo como característica mais importante a
resistência à Sigatoka-negra. É susceptível ao mal-do-Panamá e ao moko. Moderadmente
resistente à Sigatoka amarela, nematóides e a broca-do-rizoma. Possui um ciclo vegetativo de 383
dias, peso do cacho de 17 Kg, número de frutos por cacho de 130, 9 pencas por cacho,
comprimento do fruto de 16cm e peso do fruto de 113g. No cultivo sem irrigação obtém uma
produtividade de 20 t/ha, já com a irrigação de 50 t/ha. É cultivada com uma densidade de 1666
plantas/ha.

7.4.20. FHIA 21 (AAAB): É um híbrido tetraplóide AAAB, tipo Terra obtido em Honduras.
Apresenta pseudocaule verde com manchas arroxeadas, porte médio a alto, cachos cilíndricos,
frutos quase eretos, com pedicelo grosso, quinas bem definidas, com casca verde clara quando
verde e amarelo clara quando maduro e coração que vai reduzindo de tamanho à medida que os
frutos se desenvolvem. Os frutos apresentam polpa tipicamente rosada e menos firme que das
outras cultivares do subgrupo Terra. A cultivar é resistente às sigatokas amarela e negra e ao mal-
do-Panamá e muito suscetível á broca

7.4.21. Prata Baby (AAA): Conhecida como Nam, é uma variedade triplóide introduzida da
Tailândia, de porte médio a alto, bom perfilhamento, 466 dias de ciclo, cacho com peso de 15kg,
107 frutos por cacho, 7 pencas por cacho, 15cm de fruto, 113cm de comprrimento do fruto, e
rendimento de 20t/ha/ano sem irrigação. Resistente à Sigatoka amarela e ao mal-do-Panamá.
Apresenta frutos pequenos, com polpa rósea e sabor doce. É cultivada em Santa Catarina.

7.4.22. Prata Graúda (AAAB): É um híbrido tetraplóide, de porte médio, produzida em Honduras a
partir de cruzamento da Prata Anã com o híbrido diplóide SH 3393. Possui frutos e produção
maiores que os da Prata Anã, com sabor um pouco mais ácido. Não apresenta resistência às
Sigatokas amarela e negra, mas é resistente ao mal-do-Panamá.

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7.4.23. Preciosa (AAAB): É um híbrido tetraplóide, de porte alto, resultante de cruzamento da
variedade Pacovan com o híbrido diplóide (AA) M53. É rústica, porte alto e frutos grandes, doces,
apresentam resistência ao despencamento semelhante aos da Pacovan. É resistente às Sigatokas
amarela e negra e ao mal-do-Panamá, sendo recomenda para o Estado do Acre, devido a Sigatoka
negra. Possui 381 dias de ciclo, 22kg de peso do cacho, 115 frutos por cacho, 7 pencas por cacho,
18cm de fruto, 210g de peso do fruto, rendimento de 20t/ha/ano sem irrigação e 50 t/ha/ano com
irrigação.

7.4.24. BRS Conquista (AAB): A cultivar de banana BRS Conquista pertence ao grupo genômico
AAB e subgrupo cultural Conquista. Foi obtida a partir de mutação natural em uma população de
plantas da cultivar Thap Maeo no campo experimental da Embrapa Amazônia Ocidental em
Manaus. Possui resistência à sigatoka-negra, ao mal-do-Panamá e à sigatoka-amarela. É
susceptível ao moko e tolerante a nematóides. Apresenta produtividade em torno de 48 t/ha/ano.
Os frutos maduros apresentam casca de coloração amarelo-clara, polpa de coloração creme, bom
equilíbrio entre açúcares/ácidos e aroma agradável, bastante marcante, e, sobretudo, rendimento
elevado em função da alta relação polpa/casca.

7.5. FATORES CLIMÁTICOS:

A bananeira é uma planta tipicamente tropical, exige calor constante, precipitações bem
distribuídas e elevada umidade para o seu bom desenvolvimento e produção.
Temperatura: A temperatura é um fator muito importante no cultivo da bananeira, porque influi
diretamente nos processos respiratórios e fotossintéticos da planta, estando relacionada com a
altitude, luminosidade e ventos. A faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento dos
bananais é de 26-28oC, com mínimas não inferiores a 15oC e máximas não superiores a 35oC.
Abaixo de 15oC a atividade da planta é paralisada e, acima de 35 oC, o desenvolvimento é inibido,
principalmente devido à desidratação dos tecidos, principalmente das folhas.
Precipitação: Para obtenção de colheitas economicamente rentáveis, considera-se suficiente uma
precipitação, bem distribuída, de 100 mm/mês, para solos com boa capacidade de retenção de
água, a 180 mm/mês para aqueles com menor capacidade. Assim, a precipitação efetiva anual
ideal seria de 1.200 -1.800 mm/ano.
Luminosidade: A bananeira requer alta luminosidade, no entanto, o fotoperíodo parece não influir
no seu crescimento e frutificação. O efeito da luminosidade sobre o ciclo vegetativo da bananeira é
bastante evidente, influenciando a duração do ciclo de produção. Em locais de maior luminosidade
há uma redução do ciclo da cultura.
Vento: O vento é um fator climático importante, podendo causar desde pequenos danos, até a
destruição do bananal. Ventos inferiores a 30 km/h, normalmente, não prejudicam a planta, ou
seja, não é limitante para o cultivo de banana.
Umidade relativa: A bananeira, como planta típica das regiões tropicais úmidas, apresenta melhor
desenvolvimento em locais com médias anuais de umidade relativa superiores a 80%. Esta
condição acelera a emissão das folhas, prolonga sua longevidade, favorece a emissão da
inflorescência e uniformiza a coloração dos frutos.
Altitude: A bananeira é cultivada em altitudes que variam de 0 a 1.000 m acima do nível do mar. A
altitude influencia nos fatores climáticos (temperatura, chuva, umidade relativa, luminosidade, entre
outros) que, consequentemente, afetarão o crescimento, a incidência de pragas e doenças e a
produção da bananeira. Variações na altitude induzem alterações no ciclo da cultura. Há casos de
aumento de 30 a 45 dias no ciclo de produção para cada 100 m de acréscimo na altitude.

7.6. IMPLANTAÇÃO:

No planejamento do bananal o produtor deve prever e analisar alguns aspectos relevantes à


sua atividade como, o acesso à propriedade durante o ano todo, o rápido escoamento da
produção, a topografia da área de produção, a eficiência da drenagem e a escolha de variedades
demandadas pelo mercado. A construção de estradas e carreadores interligando as sub-áreas de
produção possibilitam o tráfego de veículos, máquinas e implementos agrícolas que facilitam

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operações rotineiras como o escoamento da produção, a aplicação de defensivos, a distribuição de
fertilizantes e a colheita.
Época de plantio: O plantio pode ser realizado em qualquer época do ano, desde que as chuvas
sejam bem distribuídas, no entanto, deve ocorrer após o período de maior concentração de
chuvas, uma vez que as necessidades de água para o cultivo da bananeira são maiores nos três
primeiros meses após o plantio. .

Espaçamentos: Os espaçamentos utilizados para o cultivo da banana estão relacionados com o


clima, o porte da variedade, as condições de luminosidade, a fertilidade do solo, a topografia do
terreno e o nível tecnológico dos cultivos.

- 2m x 2m: cultivares de porte baixo (Nanica, Nanicão e Grande Naine).

- 3m x 2m: cultivares de porte médio (Maçã, D’angola, Prata-anã, Terrinha, Mysore, Figo, Caipira,
Thap Maeo, Fhia 21).

- 3m x 3m: cultivares de porte alto (Terra, Prata, Pacovan).

Coveamento: Em áreas não mecanizáveis as covas devem ser abertas manualmente, com
cavador e/ou enxadas, nas dimensões variando de 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm.
Em áreas mecanizáveis pode-se utilizar sulcos com acabamento à enxada no ponto de plantio.

Plantio e replantio: A muda deve ser posicionada no centro da cova adubada, colocando-se em
seguida a terra removida, pressionando-a bem para evitar que a água de chuva ou irrigação
acumulada possa, depois do plantio, ocasionar o apodrecimento da muda. As mudas
micropropagadas, após climatizadas por um período de 45 a 60 dias, são levadas para o local de
plantio, em época de alta umidade, afim de facilitar o seu estabelecimento. Devem ser retiradas
cuidadosamente do recipiente que as contém, para não danificar as raízes, e distribuídas no centro
das covas, sobre a terra misturada, com adubo orgânico e fertilizante fosfatado, fechando-se a
cova. O plantio de mudas procedentes de viveiros ou de bananal sadio (mudas convencionais) é
feito de acordo com os tipos (chifrinho, chifre e chifrão), e devem ser plantados nesta ordem,
colocando numa mesma área mudas do mesmo tamanho. Após o plantio, coloca-se 5 a 10 cm de
terra solta sobre o pseudocaule, evitando-se que os tecidos sejam danificados pela exposição
direta da luz solar. A figura a seguir demonstra como deve ser posicionada a muda rizoma inteiro
na cova.

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7.7. TIPOS DE MUDAS:

As mudas têm papel fundamental na qualidade fitossanitária do bananal, uma vez que,
problemas como nematóides, broca-do-rizoma, mal-do-Panamá, moko, podridão-mole e vírus
podem ser levados pelas mesmas. Neste sistema recomenda-se a utilização de mudas oriundas da
micropropagação. As mudas micropropagadas são obtidas em laboratório, mediante o cultivo de
segmentos muito pequenos de plantas, os chamados explantes. Atualmente a técnica mais
empregada para a produção de mudas in vitro é a partir dos meristemas apicais retirados de
mudas tipo chifrinho. O meristema apical e parte do próprio rizoma dessas mudas são levados para
o laboratório onde passa por diversas etapas de cultivo até a obtenção das mudinhas que são
aclimatadas, transferidas para um substrato especial e comercializadas. As mudas de laboratório
são geneticamente uniformes, mais vigorosas, permitem tratos culturais e colheitas mais
uniformes. São ainda mais produtivas e evitam a disseminação de pragas e doenças.

TIPOS DE MUDAS:

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a) Rizoma Não Brotado (Inteiro e Subdividido): Ceva por 21 a 30 dias.

b) Rizoma Brotado: Chifrinho (1 Kg e 20-30cm)


Chifre (1 e 2 Kg e 50-60cm)
Chifrão (2 e 3 Kg e 60-150cm)
Muda alta (3 e 5 kg)
Guarda-chuva

7.8. CALAGEM, NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO:


7.8.1. Calagem:

Pela análise química do solo é possível determinar os teores de nutrientes nele existentes e
assim recomendar as quantidades de calcário e de adubo que devem ser aplicadas. Com a
aplicação adequada de fertilizantes, espera-se aumento mínimo de 50% na produtividade. A
quantidade de calcário pode ser calculada baseando-se na elevação da saturação por bases para
70%, quando esta for inferior a 60%. A aplicação de calcário, quando recomendada, deve ser a
primeira prática a ser realizada, com antecedência mínima de 30 dias do plantio. O calcário deve
ser aplicado a lanço em toda a área, após a aração e incorporado por meio da gradagem. Caso
não seja possível o uso da máquina, a incorporação pode ser efetuada na época da capina.
Recomenda-se o uso do calcário dolomítico, que contém cálcio (Ca) e magnésio (Mg), evitando
assim, o desequilíbrio entre potássio (K) e Mg e, consequentemente, o surgimento do distúrbio
fisiológico “azul da bananeira” (deficiência de Mg induzida pelo excesso de K). Considera-se
equilibrada a relação K:Ca:Mg nas proporções de 0,5:3,5:1 a 0,3:2:1.

A presença de camadas subsuperficiais com baixos teores de Ca e/ou elevados teores de Al


trocáveis leva ao menor aprofundamento do sistema radicular, refletindo em menor volume de solo
explorado, ou seja, menos nutrientes e água disponíveis para a bananeira. O gesso agrícola
(CaSO4.2H2O) pode ser recomendado para correção de camadas subsuperficiais, sugerindo-se
aplicar 2,0 t/ha de gesso para cada cmolc de Al, para a melhoria do ambiente radicular das
camadas abaixo da arável.
7.8.2. Nutrição:
Quando um nutriente está em deficiência, a planta expressa este desequilíbrio por sintomas
visuais que se manifestam, principalmente, por meio de alterações nas folhas, como coloração,
tamanho e outras, uma vez que este é o órgão da planta em plena atividade fisiológica e química
(Tabela 1). Além das folhas, alguns sintomas podem ocorrer também nos cachos e frutos (Tabela
2). Assim, pode-se avaliar o estado nutricional da bananeira visualmente.

No entanto, a diagnose visual é apenas uma das ferramentas para estabelecer as


deficiências nutricionais em bananeira, devendo ser complementada pelas análises químicas de
solos e folhas, que confirmarão ou não a deficiência nutricional. Segundo a norma internacional, a
folha amostrada para análise química é a terceira a contar do ápice, com a inflorescência no
estádio de todas as pencas femininas descobertas (sem brácteas) e não mais de três pencas de
flores masculinas. Coleta-se 10 a 25 cm da parte interna mediana do limbo, eliminando-se a
nervura central. Este material deve ser acondicionado em saco de papel e encaminhado para
análise o mais rápido possível.

Para interpretação dos resultados da análise foliar podem ser utilizados os teores padrões de
nutrientes estabelecidos para ´Prata Anã´, em g/kg para os macronutrientes: N = 26-30; P =
1,7-2,2; K = 28-33; Ca = 3,5-7,0; Mg = 3,0-4,0; S = 1,8-2,0 e em mg/kg para o micronutrientes: B =
29-34; Cu = 5-10; Fé = 90-125; Mn = 250-500 e Zn = 15-25. O sistema integrado de diagnose e
recomendação (DRIS) é outra maneira de interpretar o resultado da análise foliar. Este sistema tem
a vantagem de identificar aqueles nutrientes que estão limitando o crescimento e a produção,

58
mediante a relação entre eles, usando como padrão aquelas relações obtidas em plantios bem
nutridos e com alta produtividade. Por estas razões, recomenda-se que assim que as normas
estiverem estabelecidas, o sistema passa a ser utilizado para as recomendações de adubação.
A bananeira extrai muitos nutrientes do solo e em grandes quantidades, como demonstrados
no quadro a seguir.
Cultura Rendimento N P K Ca
(t/ha)
Banana 30 142 18 365 13

Tabela 1. Sintomas de deficiências de macro e micronutrientes nas folhas das plantas.


Nutrientes Idade da planta Sintomas no limbo Sintomas adicionais
N Todas as idades Verde-claro uniforme. Pecíolos róseos.

P Velhas Clorose marginal em forma Pecíolo se quebra; folhas jovens


de "dentes de serra". com coloração verde-escura
tendendo a azulada.

K Velhas Clorose amarelo-alaranjada Limbo se dobra na ponta da


e necroses nos bordos. folha, com aspecto encarquilhado
e seco.

Ca Jovens Clorose nos bordos. Engrossamento das nervuras


secundárias; clorose marginal
descontínua e em forma de
"dentes de serra"; diminuição do
tamanho da folha.

Mg Velhas Clorose da parte interna do Descolamento das bainhas.


limbo; nervura central e
bordos permanecem verdes.

S Jovens Folhas, inclusive nervuras, Engrossamento das nervuras


tornam-se verde-pálidas a secundárias.
amarelas.

Cu Todas as idades - Nervura principal se dobra.

Fe Jovens Folhas amarelas, quase -


brancas.

B Jovens Listras perpendiculares às Folhas deformadas (limbos


nervuras secundárias. incompletos).

Zn Jovens Faixas amareladas ao longo Pigmentação avermelhada na


das nervuras secundárias. face inferior das folhas jovens.

Mn Medianas Limbo com clorose em forma Ocorrência do fungo


de pente nos bordos. Deightoniella torulosa, que pode
contaminar os frutos.

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Tabela 2. Sintomas de deficiências de nutrientes nos cachos e frutos da bananeira.
Nutriente Sintomas
N Cachos raquíticos, menor número de pencas.
P Frutos com menor teor de açúcar.
K Cachos raquíticos, frutos pequenos e finos, maturação irregular, polpa pouco
saborosa.
Ca Maturação irregular, frutos verdes junto com maduros, podridão dos frutos, pouco
aroma e pouco açúcar. A sua falta pode ser uma das causas do empedramento da
banana ‘Maçã’.
Mg Cacho raquítico e deformado, maturação irregular, polpa mole, viscosa e de sabor
desagradável, apodrecimento rápido do fruto.
S Cachos pequenos.
B Deformações do cacho, poucos frutos e atrofiados. A sua falta pode levar ao
empedramento da banana ‘Maçã’.
Fe Pencas anormais, frutos curtos.
Zn Frutos tortos e pequenos, com ponta em forma de mamilo (Cavendish) e de cor
verde-pálida.

7.8.3. Adubação orgânica no plantio:


É a melhor forma de fornecer nitrogênio no plantio, principalmente quando se utiliza mudas
convencionais, pois as perdas são mínimas; além disso, estimula o desenvolvimento das raízes.
Assim, deve ser usada na cova, na forma de esterco bovino de curral (15 a 20 litros/cova) ou
esterco de galinha (3 a 5 litros/cova) ou torta de mamona (2 a 3 litros/cova) ou outros compostos
disponíveis. Vale lembrar que o esterco deve estar bem curtido para ser utilizado. A cobertura do
solo com resíduos vegetais de bananeiras (folhas e pseudocaules) pode ser uma alternativa viável
para os pequenos produtores sem condições de adubar quimicamente seus plantios, pois aumenta
os teores de nutrientes do solo, principalmente potássio (K) e cálcio (Ca), além de melhorar suas
características físicas, químicas e biológicas.

7.8.4. Adubação Mineral no plantio:

A bananeira necessita de pequenas quantidades de fósforo (P), mas se não aplicado,


prejudica o desenvolvimento do sistema radicular da planta e, conseqüentemente, afeta a
produção. A quantidade total recomendada após análise do solo deve ser colocada na cova, no
plantio. Pode ser aplicado sob as formas de superfosfato simples (18% P 2O5), superfosfato triplo
(45% P2O5), fosfato diamônico (DAP) (45% P2O5) e fosfato monoamônico (MAP) (48% P2O5).
Anualmente deve ser repetida a aplicação, após nova análise química do solo. Solos com teores
de P acima de 30 mg/dm3 (extrator de Mehlich) dispensam a adubação fosfatada.

O boro (B) e o zinco (Zn) são os micronutrientes com maior freqüência de deficiência nas
bananeiras. Como fonte, aplicar no plantio 50g de FTE BR 12 por cova. Para teores de B no solo
inferiores a 0,2 mg/dm3 (extrator de água quente), deve-se aplicar 3,5 Kg de B/ha e para teores de
Zn no solo inferiores a 0,5 mg/dm3 (extrator de DTPA), recomenda-se 15 Kg de Zn/ha.

Análise de terra (mg/dm3 de P) P2O5 (g/cova)

< 10 80

> 10 40

7.8.5. Adubação Mineral de Formação:


O nitrogênio (N) é um nutriente muito importante para o crescimento vegetativo da planta. A
primeira aplicação deve ser feita em cobertura, em torno de 30 a 45 dias após o plantio.

60
Recomendam-se como adubos nitrogenados: uréia (45%N), sulfato de amônio (20% N), nitrato de
cálcio (14% N) e nitrato de amônio (34%).

O potássio (K) é considerado o nutriente mais importante para a produção de frutos de


qualidade superior. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, no 3o ou 4o mês após o
plantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 60 mg/dm 3, iniciar a aplicação aos 30 dias,
juntamente com a primeira aplicação de N. Pode ser aplicado sob as formas de cloreto de potássio
(60% K2O), sulfato de potássio (50% K2O) e nitrato de potássio (48% K2O). Solos com teores de K
acima de 234 mg/dm3 dispensam a adubação potássica.

Época de Nitrogênio (N) mg/dm3 de K


aplicação (g/cova) < 30 30 - 60 > 60
g de K2O/cova
Brotamento dos 30 70 50 30
rizomas
Janeiro a 40 70 50 30
fevereiro
Março a abril 30 70 50 30

7.8.6. Adubação Mineral de Produção:

Época de aplicação N P2O5 K2O


g/cova
Outubro 40 - 80
Janeiro 40 - 80
Março 40 60 80

Aplicar 30g de enxofre e 2g de zinco por família/ano e 140-160g de N, 30-40g de P 2O5 e 250-300g
de K2O por planta/caixa (caixa de 25kg).

7.8.7. Adubação de Cobertura:


As adubações em cobertura devem ser feitas em círculo, numa faixa de 10 a 20 cm de
largura e 20 a 40cm distante da muda, aumentando-se a distância com a idade da planta. No
bananal adulto os adubos são distribuídos em meia-lua em frente à planta filha e neta. Em terrenos
inclinados, a adubação deve ser feita em meia-lua, do lado de cima da cova e ligeiramente
incorporada ao solo. Em casos de plantios muito adensados e em terrenos planos, a adubação
pode ser feita a lanço, nas ruas. Em plantios irrigados os fertilizantes podem ser aplicados via água
de irrigação.

7.9. TRATOS CULTURAIS:


7.9.1. Irrigação:
O método da aspersão é o que molha completamente todo o solo (área molhada de 100%) e
quando usado, os aspersores devem ficar a 1m do solo, com ângulo de inclinação no máximo de 7
graus. No caso da microaspersão, usar um microaspersor de vazão superior a 45L/h, para quatro
plantas, preferencialmente dispostas em fileiras duplas. No caso do gotejamento, deve-se usar
pelo menos dois gotejadores por planta, preferencialmente em faixa continua. É o sistema de
menor área molhada, podendo, portanto, não ter o resultado dos anteriores.

Os níveis de tensão de água do solo recomendados para a bananeira situam-se entre 0,25
atm a 0,45 atm, para camadas superficiais do solo (até 0,25 m) e entre 0,35 atm até 0,50 atm, para
profundidade próxima de 0,40 m. Se optar pelo uso de tensiômetros para monitorar a
disponibilidade de água no solo, recomenda-se instalá-los em quatro baterias por hectare, sendo
cada bateria composta por dois tensiômetros à profundidades entre 0,20 m e 0,40 m e distância de
0,30 a 0,40 m da planta em direção ao microaspersor. Em se utilizando a evaporação do tanque

61
classe A para estimar a demanda de água pela bananeira, deve-se multiplicar a leitura do tanque
por 0,6 para regiões úmidas e por 0,85 a 1,0 para regiões semi-áridas.

Estima-se que uma planta com área foliar total em torno de 14m 2 consome 30 litros de água/
dia, em dias ensolarados e de baixa umidade relativa do ar; 20 litros/dia em dias semi-cobertos e
15 litros em dias completamente nublados.

Quando chover acima de 20 mm/dia, deve-se interromper a irrigação por dois a cinco dias,
em caso de solos arenosos e argilosos, respectivamente, em condições semi-áridas. Em condições
úmidas esses intervalos podem ser de quatro a dez dias.

Os dados da tabela a seguir são do IFG – Campus Ceres, em função da idade da planta, do
solo e do clima para a aplicação de água e turno de rega.
Meses após o plantio Quantidade de água Quantidade de água Turno de rega (dias)
a aplicar (mm) a aplicar (L/planta)
01 25 20 11
02 25 20 11
03 25 20 10
04 25 20 09
05 25 20 07
06 25 20 06
07 25 20 05
08 25 20 05
09 25 20 04
10 25 20 04
11 25 20 05
12 25 20 06
13 25 20 06
14 25 20 05
15 25 20 04

7.9.2. Controle de Plantas Invasoras:

O controle de plantas daninhas, com enxada, utilizado pelos pequenos produtores, deve ser
realizado com critério para evitar danos ao sistema radicular superficial da bananeira, como
também, a penetração de patógenos de solo nos ferimentos causados às raízes. O rendimento
médio na capina manual é de 15 a 20 homens/dia/ha. O uso da grade de discos e da enxada
rotativa para o controle de plantas daninhas nas ruas dos bananais deve ser restrito aos dois
primeiros meses após o plantio. Após os primeiros cinco meses da instalação, o uso da roçagem
manual é um método viável, apresentando grande rendimento de trabalho, sem as limitações da
capina manual. Outra vantagem dessa prática cultural é a manutenção da integridade do solo, pois
evita sua manipulação e a propensão a doenças altamente destrutivas, como o mal-do-Panamá e o
moko. O rendimento pode ser ainda maior com a utilização da roçadeira motomecanizada.

Quanto ao controle químico das plantas infestantes, a escolha do herbicida ou da mistura de


herbicidas a ser utilizado vai depender da composição matoflorística presente na área e da
seletividade à cultura. Em virtude da facilidade de manuseio, do menor impacto ambiental e pela
formação de uma cobertura morta, que possibilita a conservação da umidade do solo por um
período mais longo, existe atualmente uma forte tendência de se usar em área total, os herbicidas
pós-emergentes sistêmicos como o glifosate, em substituição aos pré-emergentes. Para o controle
da maioria das plantas daninhas anuais e algumas perenes a dose do glifosate é de 1% v/v
(volume/volume). Para algumas perenes de difícil controle a dose recomendada é de 1,5% v/v.
Pode-se utilizar 3,0 L do p.c./ha (Gramoxone e Reglone) para uma calda de 400L na aplicação
tratorizada. Para a aplicação via costal utilizam-se 150 mL do p.c. para cada 20L de calda.

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7.9.3. Desbaste de Plantas:

Esta prática consiste em se selecionar um dos filhos na touceira, eliminando-se os demais.


Os filhos podem começar a surgir a partir dos 45 a 60 dias após o plantio. Selecionar,
preferencialmente, brotos profundos, vigorosos e separados 15 a 20 cm da planta mãe. Em cada
ciclo de produção do bananal estabelecido em espaçamentos convencionais deve-se conduzir a
touceira com mãe e um filho. A seleção do neto deve ocorrer quando a planta-mãe está para ser
colhida. O desbaste é feito cortando-se, com penado ou facão, a parte aérea do filho ou neto rente
ao solo. Em seguida extrai-se a gema apical ou ponto de crescimento com a lurdinha. Pode-se
também optar pelo simples corte das brotações, que neste caso teriam que ser realizadas 3 a 4
vezes por ano, para impedir o crescimento.

7.9.4. Desfolha:

Consiste em eliminar as folhas secas, doentes, com deficiência nutricional que não mais
exercem função para a bananeira, bem como todas aquelas que embora ainda verdes possam
interferir no desenvolvimento normal do fruto. O número de operações dependerá da necessidade.
Mas, de um modo geral, utilizam-se a eliminação das folhas aos 4, 6 e 10 meses após o plantio. O
corte das folhas deve ser feito de baixo para cima para que não rasgue as bainhas do
pseudocaule, evitando assim, a penetração de patógenos.

7.9.5. Eliminação da inflorescência masculina “coração”:

A eliminação do coração da bananeira proporciona aumento do peso do cacho, melhora a


sua qualidade e acelera a maturação dos frutos; reduz os danos por tombamento das bananeiras,
além de ser uma prática fitossanitária no controle do moko. A eliminação da inflorescência
masculina deve ser feita duas semanas após a emissão da última penca, mediante a sua quebra
ou corte efetuado 10 a 15 cm abaixo desta penca.

7.9.6. Ensacamento do cacho:

Com o moko presente no bananal, recomenda-se o ensacamento do cacho como parte do


controle integrado dessa doença. Além disso, é uma prática que melhora a aparência geral do
fruto, protegendo das intempéries do tempo, de insetos e de doenças. Para as exportações de
banana recomenda-se o ensacamento dos cachos para melhorar a qualidade dos frutos.

7.9.7. Escoramento:

O escoramento das plantas pode ser feito utilizando escora de madeira, bambu ou fios de
prolipropileno. O fio deve ser amarrado preferencialmente no engaço junto à roseta foliar e na base
de uma outra planta que, pela sua localização, confira maior sustentabilidade à planta com cacho.
O fio de polipropileno apresenta boa durabilidade (até a colheita do cacho), baixo custo e fácil
manejo. Plantas com porte alto, regiões com muito vento e cachos grandes devem ser escoradas
para que não haja perda da produção.

7.9.8. Corte do pseudocaule após a colheita:

Do ponto de vista prático e econômico o mais aconselhável é o corte do pseudocaule


próximo ao solo, imediatamente após a colheita do cacho, pelas seguintes razões: a) evita que o
pseudocaule, não cortado, promova a ocorrência de doenças; b) acelera a melhoria das
propriedades físicas e químicas do solo, graças à rápida e eficiente incorporação e distribuição dos
resíduos da colheita; e c) reduz custos com a realização de um único corte.

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7.9.9. Pragas:

7.9.9.1. Broca-do-rizoma ou Moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus).

A broca-do-rizoma é um besouro preto, que mede cerca de 11 mm de comprimento e 5 mm


de largura. Durante o dia, os adultos são encontrados em ambientes úmidos e sombreados junto
às touceiras, entre as bainhas foliares e nos restos culturais. Os danos são causados pelas larvas,
as quais constróem galerias no rizoma, debilitando as plantas e tornando-as mais sensíveis ao
tombamento. Plantas infestadas normalmente apresentam desenvolvimento limitado,
amarelecimento e posterior secamento das folhas, redução no peso do cacho e morte da gema
apical.

O Controle do inseto é feito com iscas do pseudocaule da bananeira do tipo telha e do tipo
queijo. De acordo com Moreira, 1979, as iscas do tipo queijo devem ser preparadas cortando-se o
pseudocaule a aproximadamente 30cm do solo, efetuando-se um novo corte à metade dessa
altura. As iscas do tipo telha consistem em pedaços de pseudocaule de 40 a 60cm de
comprimento, cortadas ao meio no sentido longitudinal. Os insetos são atraídos pelos odores do
pseudocaule em decomposição, alojando-se entre as duas porções do tipo queijo ou sob a telha.
Para o monitoramento utilizam-se 20 iscas/ha. Deve-se fazer a reposição das iscas semanalmente.
No norte de Minas Gerais faz-se o controle do inseto quando tiver 2 insetos/isca (Souto, et al.,
1997). Para o Espírito Santo o nível de controle é de 2, 4 e 5 insetos/isca, para planta matriz,
primeiro e segundo seguidores, respectivamente (Arleu, 1982). Para São Paulo o nível de controle
varia de 2 a 5 insetos/isca (Gallo et. al., 1988). Para as demais regiões produtoras adotam-se 5
insetos/isca. Os insetos capturados podem ser coletados manualmente e posteriormente
destruídos. As iscas também podem ser tratadas com inseticida biológico à base de um fungo
entomopatogênico (Beauveria bassiana), dispensando-se, nesse caso, a coleta dos insetos. O
controle químico é feito com Aldicarbe 100G (Temik): aplicar 3g/isca ou 40g/cova com carência de
21 dias. O produto é sistêmico e da Classe I; Carbaril 850 PM: aplicar 8g/isca com carência de 14
dias. O produto é sistêmico e da Classe II; Carbofuram 50G (Furadan): aplicar 5g/isca ou 80g/cova
com carência de 90 dias. O produto é sistêmico e da Classe I.

7.9.9.2. Lagartas desfolhadoras - Caligo spp., Opsiphanes spp.

As principais espécies de Caligo que ocorrem no Brasil são brasiliensis, beltrao e illioneus.
No estágio adulto, Caligo sp. é conhecida como borboleta corujão. As lagartas, no máximo
desenvolvimento, chegam a medir 12 cm de comprimento e apresentam coloração parda. No
gênero Opsiphanes, registram-se no Brasil as espécies invirae e cassiae. Na fase adulta, são
borboletas que apresentam asas de coloração marrom, com manchas amareladas. Na fase jovem,
as lagartas possuem coloração verde, com estrias amareladas ao longo do corpo, alcançando
cerca de 10 cm de comprimento. O terceiro grupo de lagartas que atacam a bananeira pertencem
às espécies Antichloris eriphia e A. viridis. Os adultos são mariposas de coloração escura, com
brilho metálico. As lagartas apresentam fina e densa pilosidade de coloração creme, medindo 3 cm
de comprimento. As lagartas pertencentes ao gênero Caligo e Opsiphanes provocam a destruição
de grandes áreas, enquanto que as do gênero Antichloris apenas perfuram o limbo foliar (Fig. 23).
A aplicação de inseticidas no bananal deve ser realizada com cautela, para evitar a destruição dos
inimigos naturais.

7.9.9.3. Tripes:

Tripes da erupção dos frutos - Frankliniella spp.

Apesar do pequeno tamanho (cerca de 1 mm de comprimento) e da agilidade, são facilmente


vistos por causa da coloração branca ou marrom-escura. Os adultos são encontrados geralmente
em flores jovens abertas. Também podem ocorrer nas flores ainda protegidas pelas brácteas. Os
danos provocados por esses tripes manifestam-se nos frutos em desenvolvimento, na forma de
pontuações marrons e ásperas ao tato, o que reduz o seu valor comercial, mas não interfere na
qualidade da fruta. A despistilagem e a eliminação do coração reduzem a população desses

64
insetos. Recomenda-se a utilização de sacos impregnados com inseticida, no momento da
emissão do cacho, para reduzir os prejuízos causados pelo tripes da erupção dos frutos.

Tripes da ferrugem dos frutos - Chaetanaphothrips spp., Caliothrips bicinctus Bagnall,


Tryphactothrips lineatus Hood:

São insetos pequenos (1 a 1,2 mm de comprimento), que vivem nas inflorescências, entre as
brácteas do coração e os frutos. Seu ataque provoca o aparecimento de manchas de coloração
marrom (semelhante à ferrugem). O dano é causado pela oviposição e alimentação do inseto nos
frutos jovens. Em casos de forte infestação, a epiderme pode apresentar pequenas rachaduras em
função da perda de elasticidade. Para o controle desses insetos, deve-se efetuar o ensacamento
do cacho e a remoção das plantas invasoras, tais como Commelina sp. e Brachiaria purpurascens,
hospedeiras alternativas dos insetos.

7.9.10. Doenças Fúngicas:


Entre as doenças fúngicas a Sigatoka-amarela, Sigatoka-negra e o mal-do-Panamá são as
mais importantes.

7.9.10.1. Sigatoka-amarela:

Esta é uma das mais importantes doenças da bananeira, sendo também conhecida como
cercosporiose ou mal-de-Sigatoka.

Agente causal: A sigatoka-amarela é causada por Mycosphaerella musicola, Leach (forma perfeita
ou sexuada)/Pseudocercospora musae (Zimm) Deighton (forma imperfeita ou assexuada).

Sintomas: A infecção ocorre nas folhas mais novas da vela até a três. Os sintomas iniciais da
doença aparecem como uma leve descoloração em forma de ponto entre as nervuras secundárias
da segunda à quarta folha, a partir da vela. A contagem das folhas é feita de cima para baixo, onde
a folha da vela é a zero e as subseqüentes recebem os números 1, 2, 3, 4, e assim por diante.
Essa descoloração aumenta, formando uma estria de tonalidade amarela. Com o tempo as
pequenas estrias amarelas passam para marrom e posteriormente para manchas pretas,
necróticas, circundadas por um halo amarelo, adquirindo a forma elíptica-alongada, apresentando
de 12-15 mm de comprimento por 2-5 mm de largura, dispondo-se paralelamente às nervuras
secundárias da folha. Em alta freqüência de lesões, dá-se a junção das mesmas e a conseqüente
necrose do tecido foliar.

Os prejuízos causadas pela sigatoka amarela são da ordem de 50% da produção, mas, em
microclimas muito favoráveis, esses prejuízos podem atingir os 100%, uma vez que os frutos
quando produzidos sem nenhum controle da doença, não apresentam valor comercial. Os
prejuízos são resultantes da morte precoce das folhas e do conseqüente enfraquecimento da
planta, com reflexos imediatos na produção. Entre os distúrbios observados em plantações
afetadas podem ser listados: diminuição do número de pencas por cacho; redução do tamanho dos
frutos; maturação precoce dos frutos no campo e/ou durante o transporte, podendo provocar a
perda total da carga; enfraquecimento do rizoma e por conseqüência perfilhamento lento.

7.9.10.2. Sigatoka-negra:

A Sigatoka-negra é a mais grave e temida doença da bananeira no mundo, implicando em


aumento significativo de perdas, que podem chegar a 100% da produção, onde o controle não é
realizado. Devido à sua agressividade, nas regiões onde a Sigatoka-negra é introduzida, a amarela
desaparece em cerca de três anos. Ataca severamente as variedades tipo Prata e Cavendish. As
variedades Thap Maeo, Caipira, Ouro FHIA 21, Pelipita, FHIA 1, FHIA 3 e outras que continuam
em estudos como: IAC 2001, FHIA 18, FHIA 2, Galil 18, Preciosa, Tropical, Pacovan Ken, Calipso,

65
Bucaneiro, Ambrósia, PA 4244, PV 4279, Caprichosa, Garantida, Pioneira, Prata Zulu e PV 0344
são resistentes a sigatoka negra.

1963: A sigatoka negra apareceu pela primeira vez nas Ilhas Fiji, no Vale de Sigatoka no
continente asiático.
1972: no continente americano, a doença foi detectada pela primeira vez em Honduras.
1979: Costa Rica.
1981: Colômbia.
1998 (fevereiro): chegou ao Brasil nos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant no
Amazonas, seguindo para o Acre, Rondônia, Pará.
1999: Mato Grosso.
2004 (22 de junho): O Instituto Biológico constatou a doença em São Paulo. Está presente também
em MG e PR. O desenvolvimento de lesões de Sigatoka e a sua disseminação são fortemente
influenciados por fatores ambientais como umidade, temperatura e vento.
Agente Causal: Mycosphaerella fijiensis Morelet (fase sexuada)/Paracercospora fijiensis (Morelet)
Deighton (fase anamórfica).

Sintomas: Os sintomas causados pela evolução das lesões produzidas pela Sigatoka-negra se
assemelham aos decorrentes do ataque da Sigatoka-amarela, também ocorrendo a infecção nas
folhas mais novas. Já os primeiros sintomas aparecem na face inferior da folha como estrias de cor
marrom, evoluindo para estrias negras. Os reflexos da doença são sentidos pela rápida destruição
da área foliar, reduzindo-se a capacidade fotossintética da planta e, consequentemente, a sua
capacidade produtiva.

7.9.10.3. Mal-do-Panamá:

O mal-do-Panamá é uma doença endêmica por todas as regiões produtoras de banana do


mundo. No Brasil, o problema é ainda mais grave em função das variedades cultivadas, que na
maioria dos casos são suscetíveis.

Agente causal: Fusarium oxysporum f. sp. cubense (E.F. Smith) Sn e Hansen. As principais
formas de disseminação da doença são o contato dos sistemas radiculares de plantas sadias com
esporos liberados por plantas doentes e, em muitas áreas, o uso de material de plantio
contaminado. O fungo também é disseminado por água de irrigação, de drenagem, de inundação,
assim como pelo homem, por animais e equipamentos.

Sintomas: Plantas infectadas exibem um amarelecimento progressivo das folhas mais velhas para
as mais novas, começando pelos bordos do limbo foliar e evoluindo no sentido da nervura
principal. Posteriormente, as folhas murcham, secam e se quebram junto ao pseudocaule dando-as
a aparência de um guarda-chuva fechado. É comum constatar-se que as folhas centrais das
bananeiras permanecem eretas mesmo após a morte das mais velhas. É possível notar, próximo
ao solo, rachaduras do feixe de bainhas, cuja extensão varia com a área afetada no rizoma.
Internamente, observa-se uma descoloração pardo-avermelhada na parte mais externa do
pseudocaule provocada pela presença do patógeno nos vasos.
O mal-do-Panamá, quando ocorre em variedades altamente suscetíveis como a banana
‘Maçã’, provoca perdas de 100% na produção. Já nas variedades tipo Prata, que apresentam um
grau de suscetibilidade bem menor do que a ‘Maçã’, a incidência do mal-do-Panamá, geralmente,
situa-se num patamar dos 20% de perdas. Por outro lado, o nível de perdas é também influenciado
por características de solo, que em alguns casos comporta-se como supressivo ao patógeno. As
variedades Nanica, Nanicão, Grande Naine são resistentes ao fungo. O controle do fungo pode ser
feito com adubação equilibrada com Ca/Mg, que proporciona bons resultados.
7.9.10.4. Doenças de pós-colheita:

Podridão-da-coroa - os fungos mais freqüentemente associados ao problema são:


Fusarium roseum (Link) Sny e Hans., Verticillium theobromae (Torc.) Hughes e Gloeosporium
musarum Cooke e Massel (Colletotrichum musae Berk e Curt.). Uma série de outros fungos

66
também têm sido isolados, porém com menor freqüência. Antracnose é considerada o mais grave
problema na pós-colheita desta fruta, sendo causada por Colletotrichum musae.

Controle: controle deve começar no campo, com boas práticas culturais, ainda na pré-colheita. Na
fase de colheita e pós-colheita todos os cuidados devem ser tomados no sentido de evitar
ferimentos nos frutos, que são a principal via de penetração dos patógenos. As práticas de
despencamento, lavagem e embalagem devem ser executadas com manuseio extremamente
cuidadoso dos frutos e medidas rigorosas de assepsia. Por último, o controle químico pode ser
feito por imersão ou por atomização dos frutos.

7.9.11. Doenças causadas por bactérias:


7.9.11.1. Moko:
No Brasil, o moko ou murcha bacteriana está presente em todos os Estados da região Norte
com exceção do Acre. Surgiu também no Estado de Sergipe em 1987 e posteriormente em
Alagoas, onde vem sendo mantida sob controle, mediante erradicação dos focos que têm surgido
periodicamente.

Agente causal: Ralstonia solanacearum Smith (Pseudomonas solanacearum), raça 2. A


transmissão e disseminação da doença pode ocorrer de diferentes formas, dentre as quais se
destaca o uso de ferramentas infectadas nas várias operações que fazem parte do trato dos
pomares, bem como a contaminação de raiz para raiz ou do solo para a raiz. Outro veículo
importante de transmissão são os insetos visitadores de inflorescências, tais como as abelhas
(Trigona spp.), vespas (Polybia spp.), mosca-das-frutas (Drosophyla spp.) e muitos outros gêneros.
Sintomas: Nas plantas jovens e em rápido processo de crescimento, uma das três folhas mais
novas adquire coloração verde-pálida ou amarela e se quebra próximo à junção do limbo com o
pecíolo. No espaço de poucos dias a uma semana muitas folhas se quebram. O sintoma mais
característico do moko, entretanto, se manifesta nas brotações novas que foram cortadas e
voltaram a crescer. Estas escurecem, atrofiam e podem apresentar distorções. As folhas, quando
afetadas, podem amarelecer ou necrosar. A descoloração vascular do pseudocaule é mais intensa
no centro e é menos aparente na região periférica, ao contrário do que ocorre na planta atacada
pelo mal-do-Panamá. Os sintomas em frutos aparecem na forma de podridão seca, firme, de
coloração parda.

Para um teste rápido, destinado a detectar a presença da bactéria nos tecidos da planta,
utiliza-se um copo transparente com água até dois terços de sua altura, em cuja parede se adere
uma fatia delgada da parte afetada (pseudocaule ou engaço), cortada no sentido longitudinal,
fazendo-a penetrar ligeiramente na água. Em menos de um minuto ocorre a descida do fluxo
bacteriano, de coloração leitosa.

As perdas causadas pela doença podem atingir até 100% da produção, mas com vigilância
permanente e erradicação de plantas afetadas, é possível conviver com a doença e mantê-la em
baixa percentagem de incidência.

7.9.12.2. Nematóides:

Os nematóides são microrganismos tipicamente vermiformes que, em sua maioria,


completam o ciclo de vida no solo. Sua disseminação é altamente dependente do homem, seja por
meio de mudas contaminadas e deslocamento de equipamentos de áreas contaminadas para
áreas sadias, ou por meio da irrigação e/ou água das chuvas. A infecção por nematóides provoca
redução no porte da planta, amarelecimento das folhas, seca prematura, má formação de cachos,
refletindo em baixa produção e reduzindo a longevidade dos plantios. Nas raízes, podem ser
observados o engrossamento e nodulações, que correspondem às galhas e massa de ovos, devido
à infecção por Meloidogyne spp. (nematóide-das-galhas) ou mesmo necrose profunda ou
superficial provocada pela ação isolada ou combinada das espécies Radopholus similis (nematóide

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cavernícola), Helicotylenchus spp. (nematóide espiralado), Pratylenchus sp. (nematóide das
lesões), ou Rotylenchulus reniformis (nematóide reniforme), que são os mais freqüentes na
bananicultura brasileira e mundial. Esses nematóides contribuem para a formação de áreas
necróticas extensas que podem também ser parasitadas por outros microrganismos.

Sintomas: Os danos causados pelos fitonematóides podem ser confundidos ou agravados com
outros problemas de ordem fisiológica, como estresse hídrico, deficiência nutricional, ou pela
ocorrência de pragas e doenças de origem virótica, bacteriana ou fúngica, devido à redução da
capacidade de absorver água e nutrientes, pelo sistema radicular. A sustentação da planta é
também bastante comprometida. A diagnose correta deve ser realizada por meio de amostragem
de solo e raízes e do conhecimento da variedade utilizada.

Controle: Após o estabelecimento de fitonematóides no bananal, o seu controle é muito difícil.


Portanto, a medida mais eficaz é a utilização de mudas sadias, micropropagadas, e o plantio em
áreas livres de nematóides. O descorticamento do rizoma combinado com o tratamento térmico ou
químico, pode reduzir sensivelmente a população de nematóides nas mudas infestadas. Neste
caso, após limpeza, os rizomas devem ser imersos em água à temperatura de 55oC por 20
minutos.

Em solos infestados, a utilização de plantas antagônicas, como crotalária (Crotalaria


spectabilis, C. paulinea), incorporadas ao solo antes do seu florescimento, pode reduzir a
população dos nematóides e favorecer a longevidade da cultura. Em pomares já instalados, a
eficiência desta estratégia está relacionada principalmente ao nível populacional, tipo de solo e
idade da planta, sendo recomendado o plantio dessas espécies ao redor das bananeiras. A
utilização de matéria orgânica junto ao rizoma é mais benéfica que a matéria orgânica depositada
entre as linhas de cultivo. Dentre os produtos químicos, registrados para a cultura da banana,
encontram-se o carbofuran, ethoprophos, aldicarb e terbufos.

Para evitar a disseminação dos nematóides, por meio de equipamentos de desbrota ou


capinas, recomenda-se a lavagem completa e a desinfestação superficial dos equipamentos com
solução de formaldeído (20g/L). Esses tratos culturais devem, sempre que possível, serem
iniciados em áreas de melhor condição nutricional e sanitária. Desta forma, evita-se a
disseminação de pragas e doenças passíveis de serem encontradas em áreas menos vigorosas.

7.10. COLHEITA:

Quando colher: Critérios como desaparecimento das quinas ou angulosidades da superfície dos
frutos ainda são utilizados. Diâmetro ideal do fruto para a colheita: 34mm. Para a exportação para
o Japão é de 32mm (Nanica e Nanicão). As variedades Prata, Prata-Anã e Maçã possuem:
ausências de quinas ou angulosidades quando no ponto de colheita. As variedades Nanica,
Nanicão, Grande Naine, Mysore, Pacovan florescem em média aos 8 meses após o plantio e a
colheita em média aos 4 meses após o florescimento (12 meses).

Como colher: Para as cultivares recomendadas para este sistema, é fundamental que a colheita
envolva dois operários. Como são plantas de porte médio a alto é necessário que um operário
corte parcialmente o pseudocaule à meia altura entre o solo e o cacho e o outro evite que o cacho
atinja o solo, segurando-o pela ráquis ou aparando-o sobre o ombro, enquanto o outro operário
corta o engaço.

Manejo pós-colheita: O transporte dos cachos para o local de despencamento e embalagem deve
ser feito por carreadores, de forma manual (no ombro) e ou mecânica, em carrocerias de veículos
automotivos ou carreta de trator, forradas com espuma sintética. Deve-se tomar cuidados especiais
para evitar ferimentos nos frutos principalmente dos cultivares Caipira e Thap Maeo, que têm casca
fina. Os cachos devem se mantidos pendurados para proceder o despencamento. As pencas
devem sair do cacho para um tanque com água e detergente, onde serão lavadas, subdivididas em
buquês e, posteriormente, embaladas em caixas de papelão, madeira ou plástico fabricadas

68
especificamente para frutos. Em todos os casos, as dimensões são de 52 x 39 x 24,5 cm
(comprimento x largura x altura), com capacidade para aproximadamente 18 kg de frutos. As
caixas devem ser revestidas com plástico de baixa densidade para proteção dos frutos contra
escoriações. Após o despencamento do cacho as pencas na forma de buquês são colocadas em
tanques com água na seguinte proporção: a) Lavagem das pencas: Usar 2 L de detergente/1000 L
de água, com o objetivo da coagulação da “cica” e desinfecção da penca contra fungos e bactérias;
b) usar 200g de Sulfato de Alumínio/1000 L de água, com o objetivo da cicatrização do corte da
almofada.

Conservação pós-colheita: As bananas podem ser conservadas sob refrigeração pelo período
de uma a três semanas, findo o qual devem ser removidas para câmaras de maturação, onde são
tratadas com etileno ou, previamente, com ethephon. A temperatura mínima de armazenagem
depende da sensibilidade da banana a danos pelo frio, sensibilidade esta que é afetada pela
cultivar, condições de cultivo e tempo de exposição a uma dada temperatura. Os danos pelo frio
são causados pela exposição a temperaturas inferiores a 13,3ºC, os quais depreciam a qualidade
do fruto, porém sem afetar a consistência e o paladar da polpa. A melhor indicação de danos pelo
frio em banana verde é a presença de pintas marrom-avermelhadas sob a epiderme. Na banana
madura, os danos são caracterizados por uma aparência cinza opaca esfumaçada, em vez da cor
amarela brilhante da casca. Outro indicador de danos é a exsudação de látex ou translucidez do
mesmo. A intensidade dos danos pelo frio é fortemente influenciada pela umidade relativa do ar, de
modo que, para uma dada temperatura, o aumento da umidade retarda o aparecimento de danos.
A umidade também afeta a qualidade da banana, sendo recomendado o seu armazenamento na
faixa de 85 a 95%. Embora esta faixa de umidade possa ser mantida em câmaras sem controle
automático, regando-se o piso com água duas vezes por dia, a operação é tediosa e consome
tempo. Por esta razão, é recomendável a frigoconservação em câmaras automatizadas, que
controlam tanto a temperatura quanto a umidade relativa.

Maturação controlada – climatização: Temperatura e umidade relativa na câmara: A faixa ótima


de temperatura do ar para a climatização é de 13,9 a 23,9ºC, na qual não ocorrem alterações na
qualidade dos frutos. O aumento da temperatura reduz o tempo para atingir-se um determinado
estágio de cor da casca. Para o grupo Cavendish a temperatura é 19ºC e 16ºC para o grupo Prata.
A manutenção da umidade relativa entre 85 e 95% durante a maturação é vital para a obtenção de
frutos de boa qualidade de cor e sabor. Alta umidade relativa com adequada temperatura contribui
grandemente para melhorar a aparência, a palatabilidade e aumentar o período de
comercialização.

Empilhamento das caixas na câmara: Uma adequada circulação de ar na câmara é essencial


para uniformização da maturação. O sistema de ventilação da câmara e o tipo de empilhamento
das caixas afetam sensivelmente a circulação do ar. Uma vez que a temperatura aumenta devido à
respiração das bananas, a área exposta do topo das caixas é muito importante para prevenir
aumento de temperatura na pilha e manter a temperatura da polpa estável durante a climatização.
Para operação paletizada usando paletes de 1,00 x 1,20 m (40 x 48), o melhor padrão de
empilhamento é o bloco alternado. As pilhas devem ser distribuídas uniformemente na câmara,
para propiciar um bom fluxo de ar, necessário ao controle da temperatura da polpa e progresso da
coloração. Os paletes não devem ser colocados a menos de 45 cm das paredes frontal e traseira
da câmara. Quando se usa o padrão 4-bloco alternado, as pilhas podem ser justapostas. No
entanto, se for usado outro padrão de empilhamento, deve-se deixar 10 cm entre cada pilha.

Procedimentos para climatização: Bananas de diferentes variedades e origens não devem ser
climatizadas numa mesma câmara. Dentro de um mesmo cacho existem pencas com distintos
graus de maturidade, sendo que as pencas do ápice (extremidade do engaço) são mais imaturas
do que as pencas da base. Por esta razão, os cachos devem ser separados em dois lotes: um
contendo as seis ou oito pencas mais velhas e o outro as demais. Quando não for possível, deve-
se colocar o lote mais jovem no fundo e o mais velho na frente da câmara, pois este amadurecerá
mais cedo. Aproximadamente 12 horas antes de aplicar-se o etileno (95% de N e 5% de etileno), a
temperatura da câmara deve ser ajustada para 15,5ºC a 16,7ºC. A dosagem recomendada para

69
climatização com etileno é 0,1% ou 28 L para cada 28 m3 da câmara. Se for usado produto
comercial (Etil-S, Azetil, AGA-etil, Frutalax) a quantidade será de 280 L por 28m3. Durante as
primeiras 24 horas após aplicação do gás, a câmara deve ser mantida hermeticamente fechada.
Após este tempo procede-se a ventilação por 15 a 20 minutos, para suprir a câmara com o
oxigênio essencial para a respiração normal das bananas. Como alternativa à utilização do gás
etileno, pode-se usar o ethefon, conforme descrito a seguir.

O ethephon (Ethrel ou similar), é utilizado na maturação em concentrações inferiores a 1%,


não oferecendo riscos durante o manuseio. Para cultivares do grupo AAB, como ‘Prata Anã’,
recomenda-se 166 mL do produto comercial para 100 litros de solução. Para ‘Nanica’ e ‘Nanicão’
utiliza-se 833 mL para 100 litros de solução e banana tipo ‘Terra’ 208 mL para 100 litros de
solução. Quando são cultivadas bananas de todos os grupos, visando facilitar o procedimento de
climatização, utiliza-se apenas a concentração mais alta. A solução pode ser reutilizada por até
200 dias.
Pode-se utilizar o carbureto de cálcio na seguinte proporção: 2,66g/m³/5,3 mL de água em
condições caseiras e em tambores de 200 L de capacidade.

Tratamento de indução da maturação: O tratamento consiste em submergir as pencas ou


subpencas de banana, contidas ou não em caixas de madeira ou de plástico, na solução de
ethephon por dez minutos. Quando se utilizam caixas de papelão, as bananas devem ser
embaladas após evaporação da solução. Pode-se utilizar tanques de cimento, amianto ou de
alvenaria ou mesmo tonéis. Como regra geral, enche-se o tanque em torno de 2/3 da sua
capacidade.
Um tanque de 1000 L comporta cerca de 250 pencas de banana e um tonel de 200 litros, 50
pencas. Assumindo-se que o tempo de tratamento de cada lote pode durar 30 minutos, incluindo o
despencamento e a lavagem prévia, num dia de trabalho é possível tratar 4.000 pencas no tanque
e 800 no tonel. A solução destinada à reutilização deve ser armazenada no próprio recipiente de
tratamento. Para evitar perda da solução por evaporação, o recipiente deve ser hermeticamente
tampado. Apesar das bananas absorverem apenas pequena quantidade de solução, durante o
tratamento sempre ocorre perda de solução quando as bananas são removidas do tanque. Quando
o nível não mais cobrir todas as bananas, pode-se completar o volume com solução recém-
preparada, na mesma concentração da anterior ou reduzir a quantidade de banana.

Instalações para climatização com ethephon: Para a obtenção de produto com qualidade ótima
de cor e de consumo, as bananas tratadas com ethephon devem ser armazenadas nas mesmas
condições de temperatura e umidade relativa utilizadas na climatização com etileno. Quando não
se dispuser de câmaras com controle de temperatura e umidade, podem-se usar galpões já
existentes na propriedade ou construí-lo. As dimensões dependerão da quantidade de banana a
ser climatizada. Idealmente, o galpão deve ser construído em local sombreado, sob árvores
dispostas nas laterais, para evitar temperaturas elevadas no seu interior. Na ausência de árvores,
podem ser plantadas variedades de banana de porte alto (Prata, Pacovan ou Terra) em
espaçamento denso (1,50m), nas laterais e no fundo do galpão. A temperatura no interior do
galpão deve ficar entre 14 e 26ºC. Para as regiões e estações do ano com umidade do ar inferior a
80%, é imprescindível construir valas impermeabilizadas no piso, ao longo das paredes, para
colocação de água; uso de forro sob o telhado e porta com boa vedação. Pode-se também, para
garantia de elevada umidade, regar o piso com água diariamente.

Exemplos:
Climatização com o Etileno (Frutalax):

-Câmaras para 250 caixas de 20Kg: 300mL.


-Câmaras para 400 a 700 caixas: 450mL.
-Câmaras para 700 a 1000 caixas: 900mL.
* 1ª aplicação: 12h após da aplicação faz-se a primeira exaustão do ar com a câmara aberta por
20`.

70
* 2ª aplicação: fecha-se a câmara e aplica-se o gás e após 12h abre-se a câmara e deixa aberta
por 20`. Fecha-se novamente e abre-se 12h após sem aplicar o gás.
*** Após 36h a própria fruta passa a produzir o gás Etileno: a fruta começa a amarelecer e a polpa
fica dura.

7.11. COEFICIENTES TÉCNICOS:

Os coeficientes técnicos diferem entre os cultivares, tratos culturais e região. As tabelas a


seguir são da EMBRAPA.

Coeficientes técnicos de produção de um hectare de banana ‘Caipira’ sob condições de sequeiro,


no espaçamento 4,0m x 2,00 m x 2,00 m, com 1667 plantas por hectare.
Especificação Unidade Quantidade Quantidade Quantidade
Ano 1 Ano 2 Ano 3
1- Insumos

Mudas (+ 10 %) Uma 2.200 0 0

Esterco de Curral m3 25 0 0

Calcário * T 2 0 0

Uréia Kg 400 300 240

Sulfato de amônio Kg 610 450 360

Superfosfato simples * Kg 500 250 250

Cloreto de potássio * Kg 900 750 500

FTE BR 12 Kg 100 100 100

Sulfato de magnésio Kg 260 260 260

Análise de nematóide Uma 1 1 1

Furadan 50G ** Kg 5 15 15

Detergente concentrado L 0 10 10
neutro

2- Preparo do solo e
plantio

Roçagem inicial h/tr 1,5 0 0

Subsolagem h/tr 3,5 0 0

Aração h/tr 3 0 0

Calagem h/tr 2,5 0 0

Gradagem (02) h/tr 2,5 0 0

Sulcamento h/tr 2,5 0 0

Adubação de fundação D/H 6 0 0

71
Seleção e tratamentos de D/H 5 0 0
mudas

Plantio D/H 20 0 0

3- Tratos culturais e
fitossanitários

Capinas D/H 90 60 40

Análise foliar Uma 1 1 1

Adubação D/H 8 8 8

Desbaste D/H 10 12 15

Desfolha D/H 5 5 5

Retirada do coração D/H 10 10 10

Tratamento fitossanitário D/H 10 10 10

5- Colheita

Colheita D/H 0 70 80
*Refere-se a recomendação máxima, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do
solo.
**O Furadan só deverá ser colocado com a ocorrência da Broca e/ou nematóides.
Obs.: Curva de produção: 2a ano (20t/ha), a partir do 3a ano (estabilização com 25t/ha).

Coeficientes técnicos de produção de um hectare de banana ‘Pacovan Ken’, de sequeiro, no


espaçamento 3,00 m x 3,00 m, com 1.111 plantas por hectare.
Especificação Unidade Quantidade Quantidade Quantidade
Ano 1 Ano 2 Ano 3

1- Insumos

Mudas (+ 10 %) Uma 1.222 0 0

Esterco de Curral m3 25 0 0

Calcário * T 3 0 0

Uréia Kg 222 222 222

Superfosfato simples * Kg 500 250 250

Cloreto de potássio * Kg 750 750 500

Furadan 50G ** Kg 5 12 12

Detergente concentrado L 0 3 3
neutro

72
2- Preparo do solo e
plantio

Aração h/tr 3 0 0

Calagem h/tr 3 0 0

Gradagem (02) h/tr 2 0 0

Marcação e abertura das h/tr 14 0 0


covas

Adubação de fundação D/H 5 0 0

Seleção e tratamentos de D/H 5 0 0


mudas

Plantio D/H 4 0 0

3- Tratos culturais e
fitossanitários

Capinas D/H 84 60 40

Adubação D/H 3 3 3

Desbaste D/H 4 4 6

Desfolha D/H 2 2 2

Tratamento fitossanitário D/H 9 9 9

5- Colheita

Colheita D/H 0 20 20

* Refere-se a recomendação máxima, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do


solo.
** O Furadan só deverá ser aplicado com a ocorrência da broca.
Obs.: Curva de produção: 2º ano (25t/ha), a partir do 3º ano (30t/ha).

7.12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARLEU, R. J. Dinâmica populacional e controle do Cosmopolites sordidus (Germ., 1824) e


Metamasius hemípteros L., 1764 (Col: Curculionidae) em bananais da cv. Prata, no Espírito
Santo. 1982. 55p. Dissertação de Mestrado – ESALQ, Piracicaba.

GALLO, D., NAKANO, O., SILVEIRA NETO, S., CARVALHO, R. P L., BATISTA, G.C. de, BERTI
FILHO, E., PARRA, J. R. P., ZUCCHI, R. A. ALVES, S. B., VENDRAMIM, J. D. Manual de
entomologia Agrícola. 2 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1988. 649p.

73
SOUTO, R. F., RODRIGUES, M. G. V., ALVARENGA, C. D., SILVA, J. T. A. da, MAENO, P.,
GONZAGA, V. Sistema de produção para a cultura da banana prata-anã no Norte de Minas. Belo
Horizonte: EPAMIG, 1997. 34p. (Boletim Técnico, 38).

INFORME AGROPECUÁRIO. Bananicultura irrigada: inovações tecnológicas. Belo Horizonte:


EPAMIG, 2008. 120p. v.29, n.245.

COMISSÃO DE FERTILIDADE DE SOLOS DE GOIÁS. Recomendações de corretivos e


fertilizantes para Goiás. 5a aproximação. Goiânia. UFG/EMGOPA. 1988. 101p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Banana para exportação: Aspectos


Técnicos da Produção. Brasília. EMBRAPA-SPI. 1996. 80p.

74
8. A CULTURA DO CITROS:

O Brasil é o maior produtor mundial de citros, sendo também o maior exportador de suco
concentrado de laranja. O Estado de São Paulo produz mais de 80% da laranja do país e possui
também a melhor tecnologia de produção. A pesquisa brasileira em citros é destaque mundial
possuindo diversos centros de pesquisa, entre eles a Fundecitros, localizada no Estado de São
Paulo. Para a economia do país os números se destacam: A citricultura brasileira caminha para
quase 90% das exportações mundiais; em 2006, o Brasil exportou US$ 1,47 bilhão em suco de
laranja; o Suco de laranja representa a fatia de 82% do mercado mundial; o consumo mundial
cresce a uma taxa de 2% a 4% ao ano; o Brasil detém cerca de 40% da produção mundial de
laranja e 60% da de suco da fruta e o sistema agroindustrial citrícola no Brasil movimenta R$ 9
bilhões por ano e gera mais de 400 mil empregos diretos e indiretos.

8.1. ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA:

Origem: Continente asiático (Índia).


Classificação Botânica:

Quadro 1. Classificação botânica do citrus.


Família Rutaceae
Subfamília Aurantioideae
Tribo Citreae

Subtribo Citrinae

Gêneros Poncirus, Fortunela e Citrus

Espécies
Citrus latifólia Lima ácida
Citrus limettioides Lima doce
Citrus medica Linn Cidra

Citrus limon (Linn) Bum. F. Limão Siciliano

Citrus aurantifolia (Christm.) Swing Laranja Lima

Citrus Aurantium Linn Laranja Azeda

Citrus Sinensis (Linn) Osbeck Laranja Doce

Citrus reticulata Blanco Tangerina, Mexerica, Bergamota

Citrus grandes (Linn) Osbeck Toranja

Citrus paradisi Macf. Pomelo

8.2. PRODUÇÃO NACIONAL E EXPORTAÇÃO:

Brasil: maior produtor mundial de citros e maior exportador de suco concentrado.

Quadro 2. Produção nacional de citros.


Citros Produção (1000 t) Área (1000 ha) Prod. (t/ha)
2003 2004 2003 2004 2003 2004
Laranja 16.903 16.978 819 810 20.6 20.9
Limão 965 985 49 50 19.5 19.6
Tangerina 1.125 1.263 63 65 17.7 19.5

Quadro 3. Exportação de citros.


Citros Exportação (t)

75
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Laranja 75.000 139.000 40.000 68.000 90.119 30.652 40.139
Limão - - - - - - -
Tangerina 12.031 17.258 19.552 18.331 18.014 12.475 10.712

Quadro 4. Produção Mundial de laranjas frescas(t).


Países 2000-2001 2001-2002 2002-2003
Produção Mundial 44.588.000 50.039.000 46.222.000
Brasil 14.730.000 18.197.000 16.524.000
Estados unidos 11.139.000 11.444.000 10.257.000
México 3.885.000 4.000.000 3.600.000
Consumo Mundial 19.161.000 20.684.000 19.601.000
Brasil 5.100.000 5.080.000 4.998.000
China 2.675.000 3.612.000 3.264.000
México 3.497.000 3.562.000 3.255.000
Exportação Mundial 3.948.000 3.745.000 4.112.000
Espanha 1.068.000 1.126.000 1.200.000
África do Sul 690.000 640.000 700.000
Brasil (10º) 122.000 61.000 102.000

Quadro 5. Produção Mundial de suco concentrado de laranja (t).


Países 2000-2001 2001-2002 2002-2003
Produção Mundial 2.147.336 2.533.549 2.158.343
Brasil 978.000 1.306.000 1.086.000
Estados Unidos 966.725 1.001.010 858.039
Importação Mundial 456.262 393.944 450.205
Estados Unidos 183.464 134.229 199.165
Japão 116.245 96.629 95.000
Exportação Mundial 1.323.200 1.556.331 1.390.000
Brasil 1.075.000 1.256.000 1.136.000
Estados Unidos 87.194 126.000 98.875
Consumo Mundial 1.359.950 1.358.747 1.380.598
Estados Unidos 1.025.296 1.029.391 1.048.024
Japão 111.445 96.829 95.200
Estoque Final Mundial 704.906 717.321 554.636
Estados Unidos 496842 473.790 384.101
Brasil 151.000 186.000 121.000

Maiores Estados Produtores (2005):

1° lugar: São Paulo: 14.366.000 t


2° lugar: Bahia: 780.400 t
3° lugar: Sergipe: 746.000 t
4° lugar: Minas Gerais: 572.000 t
5° lugar: Paraná: 404.000 t

76
8.3. VARIEDADES DE CITROS:

8.3.1. Variedades de Citros para Copa:

As variedades cítricas apresentam ciclo de desenvolvimento que pode variar de seis a


dezesseis meses entre o florescimento (que ocorre, para a maioria das variedades, na primavera)
e a maturação dos frutos, dependendo da espécie ou variedade e das condições de solo e clima do
local de cultivo. Assim, podem ser agrupadas de acordo com a principal época de maturação do
seu grupo como precoces, meia-estação e tardias.

8.3.1.1. Laranja Bahia e Baianinha - precoces: Também conhecidas como laranjas-de-umbigo por
apresentar um “umbigo” no fruto, do lado contrário do pedúnculo. Os frutos não apresentam
sementes, a casca é bem amarela, a polpa suculenta e sabor ácido e adocicado. Contém bastante
vitamina C. A Baianinha tem o fruto menor.

8.3.1.2. Laranja Lima e Piralima - precoce, e Lima Tardia: Tem casca fina, amarela esverdeada. De
todas as variedades, é considerada sem acidez, sendo por isso indicada para bebês, crianças e
idosos. É doce e suculenta, ótima para ser consumida ao natural.

8.3.1.3. Laranja Hamlin - precoce à meia estação: O fruto, pequeno, tem casca fina e cor
amarelada, tem baixo teor de suco, poucos açúcares e ligeiramente ácido. Presta-se
principalmente para a produção de suco concentrado. As árvores dessa variedade são bastante
produtivas.

8.3.1.4. Westin e Rubi - meia estação: Os frutos são bastante esféricos, com casca pouco espessa,
cor laranja intensa, com suco bastante saboroso, servindo para o consumo ao natural ou
industrializado. A planta é produtiva.

8.3.1.5. Laranja Pêra - meia-estação: Tem um formato mais alongado. Sua casca é lisa, fina,
amarela. Sua polpa é suculenta, de sabor adocicado e levemente ácido. É muito consumida ao
natural e bastante utilizada no preparo de sucos.

8.3.1.6. Laranjas Valência, Natal e Folha Murcha - tardias: apresentam frutos ovalados, a casca é
ligeiramente grossa, tem suco de coloração amarelo forte e adocicado. São consumidas in natura e
no preparo de sucos.

8.3.1.7. Tangerina Cravo - precoce: os frutos são bastante saborosos, aromáticos, apresentam
casca de coloração alaranjado intensa, de tamanho médio.

8.3.1.8. Mexerica-do-Rio - precoce: os frutos são medianos, muito aromáticos, têm casca fina e
lisa, são fáceis de descascar e paladar bastante agradável.

8.3.1.9. Tangerina Ponkan - meia-estação: mais popularmente conhecida no mercado, apresenta


frutos grandes, fáceis de descascar, com gomos que também se separam facilmente. Tem paladar
bastante agradável.

8.3.1.10. Tangor Murcott - tardia: é um híbrido (cruzamento) de tangerina e laranja, os frutos são
achatados, com casca fina e aderente, com bastante sementes e cor do suco alaranjado intensa,
doce e excelente para o consumo in natura e no preparo de sucos.

8.3.1.11. Lima ácida Tahiti: mais popularmente conhecido como “limão”, apresenta fruto ligiramente
ovalado, com casca verde intenso quando consumido, não apresenta sementes e também utilizado
em culinária e no preparo da caipirinha.

77
8.3.1.12. Lima ácida Galego: possui frutos pequenos, arredondados, com casca fina e ligeiramente
amarela quando maduro. Apresenta bastante sementes, o suco é excelente para o preparo de
temperos, limonadas, torta de “limão” e caipirinha.

8.3.1.13. Limão Siciliano: fruto ovalado, grande, de casca grossa e amarela, bastante aromático,
com acidez agradável, o que o torna bastante apreciado na cozinha.

8.3.1.14. Pomelo Marsh Seedless: fruto arredondado, grande, com casca fina e polpa com sabor
amargo. É pouco apreciado no Brasil; no exterior é conhecido como grapefruit. Pode ser
consumido como fruta fresca ou no preparo de sucos.

Outros:

Cidra;
Laranja Azeda.
Tangerina, Mexerica e Bergamota:

• Frutos doces, de casca solta e de coloração laranja forte (verdadeira tangerina): Cravo,
Ponkan, Cleópatra.
• Frutos doces, de casca solta e de coloração laranja-amarelo (verdadeira mexerica): Rio.
• Frutos doces, de casca aderente, geralmente híbridos (tangerina x laranja): Murcott,
Tangor/Ortanique (EMBRAPA, 2003).
• Frutos ácidos, casca solta e de coloração laranja-forte: Limão cravo ou China, Rosa.
Toranja.

QUADRO - Épocas principais de colheita dos frutos das principais variedades cítricas no Estado de
São Paulo (Podem ser adaptadas para as condições de Goiás):
Variedades Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Laranjas
Lima e O O X X X X O
Piralima
Hamlin O X X X X
Bahia e O X X X X O
Baianinha
Westin e O O X X X O
Rubi
Lima tardia O O O O X X X X
Pêra O O O O O O X X X X X O
Valência e O O X X X X
Natal
Folha X X X X X
murcha
Tangerinas
Cravo O O X X X O
Mexerica O X X X O
do Rio
Ponkan O O X X X X
Murcott O X X X X O O
Limas e
Limão
Galego X X X O O O O O O O X X
Tahiti X X X X O O O O O O X X
Siciliano O O O X X X X X O O O O
Pomelo
Marsh O X X X X O O O O
Seedless

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O = SAFRA PRINCIPAL
X = SAFRA EXTEMPORÂNEA

Para a formação de um pomar de citros, recomenda-se o plantio de variedades de maturação


diferenciadas da seguinte forma:

Laranjas Precoces: 10% de plantio.


Laranjas de Meia Estação: 20% de plantio.
Laranjas Meia Estação à Tardias: 40% de plantio.
Laranjas Tardias: 20% de plantio.
Tangerinas e Híbridos: 8% de plantio.
Limas ácidas e limões: 2% de plantio.

8.3.2. Variedades de Citros Porta-Enxerto:

8.3.2.1. Limão Cravo e Limão Vokameriano: apresentam boa adaptação à solos arenosos e
ligeiramente ácidos. Têm alta tolerância à seca, boa resistência à gomose de tronco e de raízes,
mas são suscetíveis ao declínio dos citros e a morte súbita dos citros. Induzem maturação precoce
dos frutos. O limão Volkameriano é incompatível com a laranja Pêra, com a qual forma plantas
pouco produtivas e de vida curta.

8.3.2.2. Tangerinas Cleópatra, Sunki e Suen-kat: apresentam melhor desempenho quando


plantadas em solos argilosos. Têm média tolerância à seca, e média resistência à gomose de
tronco e de raízes. São pouco afetadas pelo declínio e tolerantes à morte súbita dos citros.
Apresentam o inconveniente de iniciarem a produção de frutos um a dois anos mais tardiamente
que as plantas enxertadas nos limões Cravo e Volkameriano. Os frutos produzidos sobre essas
três tangerinas são menores e amadurecem mais tardiamente que os obtidos sobre os demais
porta-enxertos.

8.3.2.3. Citrumelo Swingle: mostra bom desempenho em solos arenosos e argilosos. Possui boa
tolerância à seca, alta resistência à gomose de tronco e de raízes. Favorece a produção de frutos
de alta qualidade. É pouco afetado pelo declínio e tolerante à morte súbita dos citros. Induz
maturação dos frutos mais tardia que a apresentada pelo limão Cravo. É incompatível com a
laranja Pêra e o tangor Murcott formando plantas pouco produtivas e de vida curta. As vezes
mostra sintomas de incompatibilidade com a laranja Bahia e a lima da Pérsia.

8.3.2.4. Trifoliata: apresenta melhor performance quando plantado em solos argilosos. Apresenta
média tolerância à seca, alta resistência à gomose de tronco e de raízes. É suscetivel ao declínio e
tolerante à morte súbita dos citros. Induz maturação dos frutos mais tardia que a apresentada pelo
limão Cravo. É incompatível com a laranja Pêra e o tangor Murcott.

As incompatibilidades que ocorrem entre o citrumelo Swingle e o trifoliata com a laranja Pêra
e o tangor Murcott podem ser contornadas pelo emprego de interenxertos compatíveis com esses
cultivares, como por exemplo, as laranjas Hamlin e Valência e as tangerinas Ponkan e Mexerica-
do-Rio.

79
8.4. ASPECTOS CLIMÁTICOS:

No Brasil há produção de citros desde a região amazônica até o Rio Grande do Sul. A
precipitação ideal é de 1200mm/ano. A temperatura pode variar de 25 a 31°C. Temperaturas
baixas (frutos com coloração laranja típica) e temperaturas altas (frutos de cor esverdeada ou
amarela pouco intensa). A umidade maior favorece a produção de frutos com casca lisa e fina.

8.5. IMPLANTAÇÃO:

O solo para o plantio de citros deve ser corrigo com calcário para a elevação da saturação
por bases a 70%. O espaçamento recomendado para os citros é de: 7m x 6m; 7m x 4m; 6m x 6m;
7m x 3,5m; 6m x 5m. As covas são de: 40cm a 60cm (L x C x P).
A adubação de plantio e de cobertura deve ser de acordo com a análise de solo:
Adubação de plantio:

Teor de P no solo (mg/dm3) P2O5 (g/cova)


< 10 300
> 10 100

* Orgânica: aplicar 40 litros de esterco de curral ou 10 litros de esterco de galinha. Repetir essa
adubação a cada 2 anos.
* A adubação com zinco deve ser feita com 15g/cova.

8.6. TRATOS CULTURAIS:


8.6.1. Adubação de cobertura (30 DAP):

Época de aplicação N (g/cova) K2O (g/cova)


Outubro 10 -
Novembro 10 -
Janeiro 20 -
Março 20 30

8.6.2. Adubação de crescimento e produção:

Ano de Nutriente (g/ Época de aplicação


aplicação planta)
Janeiro Novembro Janeiro Março

1 ano N 20 35 20 -
P2O5 - - - 40

K2O - 10 20 30

2° ano N 40 70 40 -
P2O5 - - - 80

K2O - 20 40 60

3° ano N 60 105 60 -
P2O5 - - - 120

K2O - 30 60 90
4° ano N 80 140 80 -

80
P2O5 - - - 160
K2O - 40 80 120
5° ano N 100 175 100 -
P2O5 - - - 200
K2O - 50 100 150
6° ano N 120 210 120 -
P2O5 - - - 240
K2O - 60 120 180
As quantidades de nutrientes a serem adicionadas por g/planta/caixa são: 100 a 120g de
N, 50 a 60g de P2O5 e 120 a 150g de K2O.
Efetuar de 3 a 4 pulverizações por ano, com sulfato de zinco a 0,5%, sendo a primeira no
início da brotação, e as demais, espaçadas de 30 dias. Fazer pulverização com bórax a 0,1% no
início da brotação.

8.6.3. Características da muda para plantio:

De acordo com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), as


características da muda de citros para plantio são:

•Ter o enxerto feito entre 10-20cm de altura.


•Enxerto e porta-enxerto constituídos em haste única, ereta e vertical.
•Apresentar acima do ponto de enxertia um diâmetro mínimo de 0,7cm para as tangerinas e de
1cm para outros citros.
•Apresentar a haste principal podada de 30-50cm de altura e possuir de 3 a 5 ramos podados com
20-25cm de comprimento.
•Não apresentar ramos quebrados ou lascados.
•Possuir no máximo 36 meses de idade desde a semeadura do porta-enxerto.
•Apresentar sistema radicular bem desenvolvido e não enovelado, enrolado.

Quadro 6. Comparativo entre características de susceptibidade x porta-enxerto:


Características Swingle Trifoliata Cleópatra Limão Limão-cravo
volkameriano
Incidência de Baixa Baixa Baixa Alta Alta
declínio
Resistência à seca Baixa Baixa Média Alta Alta
Suscetibilidade à Baixa Baixa Média Média Alta
gomose
Precocidade de Alta Alta Média Alta Alta
produção com
irrigação
Precocidade de Baixa Baixa Baixa Alta Alta
produção sem
irrigação
Incidência de MSC NE NE NE Encontrada Encontrada

8.6.3.1. Como obter mudas sadias: O que fazer na hora de escolher a muda:

O aparecimento e o agravamento de doenças e pragas já conhecidas, tornou indispensável a


aquisição de mudas sadias e de qualidade. As mudas devem ser compradas em viveiros
certificados e/ou fiscalizados, o que significa dizer, produzidas sob telado e respeitando uma série
de regras sanitárias. Hoje, essa é a forma mais segura de obter mudas, garantindo qualidade

81
genética e, principalmente, aumentando a possibilidade de que sejam livres de doenças e
pragas, como clorose variegada dos citros (CVC), cigarrinhas, cancro cítrico, minador dos citros,
gomose, nematóide e MSC.

8.6.3.2. Recomendações para o plantio:

A programação do plantio é fundamental, a começar pela entrega das mudas. Por isso, o
citricultor deve solicitar ao viveirista que realize a entrega das mudas somente quando estiver
preparado para o plantio imediato, evitando a estocagem do produto, que é prejudicial à planta.
Caso as raízes da muda estejam enoveladas no fundo da sacola, é recomendável cortá-las 3 cm a
partir da base. O substrato deve estar sempre molhado, mas não encharcado. A cova onde a
muda será plantada deve estar úmida, para facilitar o pegamento. Regue bem após o plantio.

8.6.3.2.1. Planta sadia tem origem:

O sucesso na produção da muda e de seu desenvolvimento no pomar está baseado no


conjunto de condições de como ela é trabalhada no viveiro e no campo.

a) Semente: A sanidade é fundamental na escolha da semente. Por isso, ela deve ter origem
comprovada e ser comprada de entidades ou organizações reconhecidas e registradas pelas
Secretarias de Agricultura de cada estado. No estado de São Paulo a portaria estadual estabelece
que as sementes para produção de porta-enxertos devem ser submetidas a tratamento térmico a
52°C durante 10 minutos.

b) Porta-enxerto: Os porta-enxertos (cavalinhos) devem ser formados em tubetes, bandejas ou


embalagens definitivas. Se comprar o produto de terceiro, deve exigir nota fiscal que comprove a
caracterização do vendedor, a origem e a variedade do cavalinho. Na fase final, o enxerto e o
porta-enxerto devem constituir uma haste única, ereta e vertical, tolerando um desvio de no
máximo 15 graus.

c) Borbulha: Como as sementes e os porta-enxertos, as borbulhas devem ser procedentes de


instituições reconhecidas e registradas pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.
Borbulha é um pedaço de casca da planta matriz e que tem uma gema capaz de reproduzir a
planta cítrica original. É conveniente conhecer o potencial genético da planta matriz, para avaliar
sanidade, produtividade e longevidade.

d) Água e substrato: Mudas e porta-enxertos podem ser contaminados por Phytophthora,


causador da gomose e que pode vir pela água ou pelo substrato. Por isso, é importante tratar a
água do viveiro. Na compra do substrato, prefira os comercializados em "big bags" ou em
caminhões-caçamba desinfestados com cobre e amônia quartenária. O substrato deve ter boa
porosidade e ser isento de plantas daninhas.

8.6.3.2.3. Viveiros Certificados/Fiscalizados:

Ao comprar mudas, o citricultor terá certeza de que todos os procedimentos necessários


foram adotados para a produção de um material de boa qualidade. A produção leva em conta
cuidados como:
a) Os viveiros devem estar distantes de plantas cítricas (mais de 20 metros), em uma área com
boa drenagem.
b) A produção das mudas é feita sob telado e as telas e plásticos que cobrem as estufas são
checados constantemente.
c) Os viveiros devem ter antecâmara com pedilúvio e sistema de desinfestação de materiais
utilizados no manejo do viveiro.
d) A água de irrigação e o substrato devem ter qualidade controlada, sendo isentos de nematóides,
Phytophthora e outros patógenos e pragas.

82
e) A origem das plantas matrizes, borbulhas e cavalinhos deve ser conhecida. Eles devem ser
produzidos sob telado e ter boa característica genética.
f) As mudas são produzidas sobre bancadas de concreto, a 30 centímetros do chão, ou em vasos
sobre o solo protegido com uma camada de pelo menos 5 centímetros de pedra.
g) Os recipientes para o desenvolvimento das mudas devem ter, no mínimo, 10 cm de largura por
30 cm de altura.
h) Os viveiros devem adotar medidas de prevenção contra o cancro cítrico e outras doenças e
pragas, como gomose, nematóides e CVC.
i) O citricultor deve ter acesso aos resultados de análises para detecção de Phytophthora,
nematóides e CVC.

8.6.4. Coleta de folhas para análise foliar:

A coleta de folhas de citros para a análise foliar deve obedecer aos seguintes critérios:
coletar 100 folhas de ramos frutíferos (4 folhas em 25 plantas de 2,5 a 5ha) e coletar as folhas de
números 3 e 4 dos ramos (a contagem começa da ponta). Colocar as folhas em embalagens de
papel ou plástica e enviar ao laboratório de análise foliar. A interpretação dos resultados será de
acordo com a tabela 7.

Quadro 7. Interpretação dos resultados:


Nutriente Teor adequado
N 23-27 g/Kg
P 1,2-1,6
K 10-15
Ca 35-45
Mg 2,5-4
S 2-3
B 36-100 mg/Kg
Cu 4,1-10
Fé 50-120
Mn 35-50
Zn 35-50
Mo 0,10-1,0

8.6.5. Raleamento e desbaste de frutos:

* Objetivo: aumento do tamanho médio dos frutos (maior diâmetro, altura e peso).
* Tangerinas: eliminar de 50-60% dos frutos em ramos com 5-6 frutos, deixando apenas 2-3 frutos.
Os frutos eliminados devem possuir de 2 a 3 cm de diâmetro.

8.6.6. Pragas:

8.6.6.1. Mosca-das-frutas: Ceratitis capitata e Anastrepha fraterculus:

A mosca ataca preferencialmente frutos maduros (amarelos), onde deposita seus ovos. Depois
da eclosão dos ovos, que se dá no interior dos frutos, a larva completa o ciclo, saindo apenas para
se transformar em pupa. Normalmente há mais de uma larva no interior do fruto.
O período de incubação dos ovos de A. fraterculus, à temperatura de 25oC varia de 2,5 a 3,5
dias, o desenvolvimento larval se completa em 11 a 14 dias e o período pupal varia de 10 a 15
dias, sendo o ciclo de vida completado em 23 a 33 dias. A longevidade de adultos é de
aproximadamente 160 dias. O período de pré-oviposição, em que a fêmea desenvolve e viabiliza
os órgãos do sistema reprodutivo, varia de 7 a 30 dias. A fase de oviposição tem duração de 65 a
80 dias, sendo que neste período a fêmea oviposita de 278 a 437 ovos.

83
Controle da mosca-das-frutas:

a) Armadilhas tipo McPhail: Como atrativo alimentar pode ser utilizado proteína hidrolisada, melaço
de cana, sucos de frutas, açúcar mascavo, vinagre de vinho. A proteína hidrolisada tem capturado
em maior proporção C. capitata, enquanto que o melaço de cana espécies do gênero Anastrepha,
o primeiro é diluído a 5% e o segundo a 10%. Para se obter melhor eficiência pode-se realizar a
mistura de proteína com melaço, na proporção de 2,5 e 5% respectivamente. A avaliação e troca
do atrativo devem ser realizadas a cada 10 ou 15 dias. Para se evitar a rápida decomposição pode-
se estabilizar o atrativo com Bórax (pH entre 8,5 e 9,0).
Podem utilizar armadilhas de garrafas tipo PET de 2 litros, fazendo 4 aberturas laterais de
1cm cada, por onde a mosca das frutas deve entrar.
b) Colocar 1 armadilha/ha na altura de 1,6 a 1,7m de altura na planta na parte externa.
Anastrepha: 1 inseto adulto/dia/armadilha.
Ceratitis: 2 insetos adultos/dia/armadilha.
c) Inseticidas recomendados: chlorpyriphos, deltamethrin, diazinon, dimetoato, ethion, fenthion,
parathion methyl e triclorfon.
d) Ensacar os frutos.

Mosca-das-frutas Ceratitis capitata Mosca-das-frutas Anastrepha fraterculus

8.6.6.2. Coleobroca: Cratosomus flavofasciatus (Guérin, 1844):

Biologia do inseto: o inseto adulto da broca-da-laranjeira possui coloração preta com faixas
amarelas no tórax, mede aproximadamente 22mm de comprimento por 11mm de largura. Os ovos
são depositados no tronco e nos ramos, nos quais as larvas penetram cavando galerias.
Sintomas: depósito de serragem sob as plantas com a perfuração do lenho.
Controle: fosfeto de alumínio, gasolina, querosene, formicida, introdução de arame. A planta
maria-preta é atrativa do inseto adulto com eficiência de 95%.

8.6.6.3. Cochonilha: Orthezia praelonga sp. (Douglas, 1891):

A praga ataca as variedades de citros e outras plantas, como café, ervas daninhas e cerca
de 30 espécies de plantas ornamentais. Colônias com fêmeas adultas de Ortézia e fruto coberto
por fumagina.
Ocorrência: Esta espécie de cochonilha está presente em todos os estados brasileiros. O
nome científico é Orthezia praelonga e o primeiro registro no Brasil foi em 1938, em Pernambuco.
Em 1947, sua presença foi constatada no Rio de Janeiro, chegando ao Estado de São Paulo
somente em 1978, no município de Severínia.
Biologia: A fêmea mede aproximadamente 2 mm, tem o corpo ovalado, com coloração
esverdeada e recoberto por uma lâmina de cera branca. Quando adulta, possui na parte traseira de
seu corpo o órgão chamado de ovissaco, que tem o tamanho aproximado de 6 mm de
comprimento curvado para cima. Nele são depositados os ovos. As ninfas ali permanecem até a
primeira troca de pele (ecdise). Durante o ciclo, ela tem a capacidade de colocar mais de 100 ovos.

84
Sintomas: A cochonilha ortézia prejudica a planta de forma direta e indireta. Na forma direta,
o inseto suga a seiva da planta ao mesmo tempo em que introduz toxinas e, provoca a desfolha,
enfraquecimento da árvore e a queda dos frutos (mais de 50%). Os que sobram ficam "aguados",
ou seja, com baixo teor de açúcar e ácido. Em casos mais graves, os frutos ficam muito pequenos
e imprestáveis para o comércio. O dano indireto é causado pela fumagina, uma camada de fungo
preto (Capnodium sp.) que encobre as partes verdes da planta, prejudica a fotossíntese e
enfraquece a árvore. O fungo se desenvolve no líquido açucarado eliminado pela cochonilha. Em
caso de total falta de controle, a ação conjunta da ortézia e da fumagina pode provocar a morte da
planta. É a fumagina que dá o aspecto escuro da planta com ortézia.
Formas de disseminação: A praga se espalha pelo pomar por meio do material de colheita,
roupas, homens, veículos, vento e mesmo pelo jato do pulverizador. Por isso é muito importante
fazer inspeções antes da colheita e da pulverização. Vale salientar que a ocorrência da praga se
dá em reboleira.
Controle: A ortézia, como outras espécies de cochonilhas, tem uma característica que
dificulta tanto o controle químico quanto o biológico. Ela possui o ovissaco, câmara onde os ovos
são depositados, que não é atingido pelos inseticidas e nem atacado pelo seu inimigo natural,
preservando os ovos.
Para um controle eficiente recomendam-se as seguintes medidas:

a) Encontrar todos os focos de ortézia no talhão e/ou propriedade.


b) Controlar as plantas invasoras nos focos de ocorrência da praga e num raio de pelo menos 20 m
de distância. Essa medida serve também para localização dos focos e checagem da eficiência do
controle.
c) Aplicar inseticida de contato para eliminar as ninfas e adultos e/ou aplicar inseticida sistêmico
para controle das ninfas que estão protegidas no ovissaco e que irão emergir após o término do
resíduo do inseticida de contato. Deve-se adicionar óleo mineral ou vegetal para melhorar a
eficiência do controle.
d) Reaplicar inseticida após 20 dias para eliminar as reinfestações, no caso da não utilização de
inseticidas sistêmicos.
e) Caso a incidência seja muito grande, fazer uma terceira aplicação.
f) Mesmo após este controle, é necessário continuar o monitoramento do inseto.

8.6.7. Doenças:

8.6.7.1. Gomose: Phytophthora parasítica:

Sintomas: lesões pardas na base ou no colo da planta, nas raízes e nos galhos baixos,
ocorrendo a exsudação de goma. Em estádio mais avançado ocorre o amarelecimento da copa e
morte da planta.
Controle: plantar porta-enxerto resistente; não ferir a planta; fazer enxertia alta (20-30cm);
evitar excesso de umidade debaixo da planta; aplicar pasta cúprica anualmente.

8.6.7.2. Rubelose: Corticium salmonicolor:

Sintomas: Lesões que geralmente aparecem nas axilas dos ramos, onde o teor de umidade é
maior, provocando a morte da casca dos ramos, produzindo fendilhamentos e descamações. O
desenvolvimento das lesões pode provocar o anelamento dos ramos e sua consequente seca. No
início da infecção as lesões exsudam goma. Frutos de ramos afetados não completam a
maturação e caem prematuramente.
Controle: O citricultor deve fazer a poda de inverno, de ramos afetados, improdutivos e mal
posicionados, visando reduzir a fonte de inóculo e melhorar as condições de aeração na parte
interna da copa. Deve-se proteger a região em que foi efetuada a poda com produtos à base de
cobre (1 Kg de fungicida à base de cobre em 5 litros de água). Deve-se também efetuar
pulverizações preventivas com fungicidas cúpricos.

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8.6.7.3. Cancro Cítrico: Xanthomonas axonopodis pv. Citri:

Em 1957 a doença começou em SP e depois disseminou em MG, PR, MS, SC e RS.


Sintomas: lesões de cor parda e aspecto corticoso rodeadas por um halo de cor clara nas
folhas, frutos e ramos e, consequentemente a queda dos frutos e folhas e da produção. As lesões
provocadas pelo Cancro são salientes, o que não ocorre em outras doenças e pragas. Os
primeiros sintomas aparecem normalmente nas folhas. Um de seus vetores é o homem. Altamente
contagiosa, ela é resistente e consegue sobreviver em vários ambientes por mais de 9 meses. Se
esse ambiente for a própria fruta, folha ou ramo que foi retirado de uma planta contaminada, a
sobrevivência da bactéria é ainda maior.
Controle Preventivo:
-O homem é o maior disseminador da doença.
-Controle de ferramentas, veículos, roupas, luvas, caixas e larva minadora dos citros que provoca
ferimentos nos ramos.
-Plantas contaminadas: devem ser erradicadas e queimadas.

8.6.7.4. Clorose Variegada dos Citros (CVC): Xylella fastidiosa:

A clorose variegada dos citros (CVC), conhecida como amarelinho, é uma doença causada
pela bactéria Xylella fastidiosa, que atinge todas as variedades de citros comerciais. Restrita ao
xilema da planta, a bactéria provoca o entupimento dos vasos responsáveis por levar água e
nutrientes da raiz para a copa da planta. A produção do pomar afetado cai rapidamente, os frutos
ficam duros, pequenos e amadurecem precocemente. A perda de peso do fruto pode chegar a
75%. A bactéria é transmitida e disseminada nos pomares por insetos vetores. Como ainda não há
uma forma específica de combate à Xylella fastidiosa, os citricultores devem implantar em seus
pomares as estratégias de manejo da doença.
Ocorrência: A CVC foi identificada oficialmente no Brasil, em 1987, em pomares do Triângulo
Mineiro e do Norte e Noroeste do Estado de São Paulo. Embora essas sejam as regiões mais
afetadas até hoje, ela já está presente em quase todas as áreas citrícolas do país, com
intensidades diferentes.
Sintomas: Os primeiros sintomas são vistos nas folhas, passam posteriormente para os
frutos e acabam afetando toda a planta.
Nas folhas - Os primeiros sintomas da clorose aparecem nas folhas maduras da copa. Em folhas
novas, mesmo de plantas severamente afetadas, não há manifestação da doença. Surgem
pequenas manchas amareladas, espalhadas na parte lisa da folha (frente) e que correspondem a
lesões de cor palha nas costas. Essas manchas evoluem para lesões de cor palha dos dois lados
da folha.
Nos frutos - No início, pode-se observar poucos ramos com frutos pequenos. Em estágio
avançado, toda a planta produz frutos miúdos. Quanto mais nova a planta infectada, mais
rapidamente ela será totalmente afetada. Com o agravamento da doença, os frutos ficam
queimados pelo sol, com tamanho reduzido, endurecidos e com maturação precoce. Nesse
estágio, são imprestáveis para o comércio.
Transmissão: Onze espécies de cigarrinhas são comprovadamente capazes de transmitir a
bactéria Xylella fastidiosa e, portanto, são responsáveis pela disseminação da CVC em todas as
regiões citrícolas do país. Ao se alimentarem no xilema de árvores contaminadas, as cigarrinhas
adquirem a bactéria e passam a transmiti-la para outras plantas sadias. Entre as medidas mais
importantes de manejo da doença está o controle de cigarrinhas no pomar.
Estratégias de manejo:
*Utilização de mudas sadias.
*Poda de ramos com sintomas iniciais em plantas com mais de dois anos e erradicação de plantas
abaixo dessa idade.
* Controle do vetor – cigarrinhas.
*Monitoramento: Existem vários métodos de amostragem da população de cigarrinhas, entre eles:
armadilha adesiva amarela, observação visual e por rede entomológica (puçá). Em qualquer dos
casos é necessário treinamento para identificar as cigarrinhas que transmitem a doença. O número

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de plantas inspecionadas deve corresponder a 1% ou 2% do pomar, em locais bem definidos.
Escolher plantas que apresentam vegetação intensa, que são as preferidas pelas cigarrinhas.
*Controle químico: Deve ser feito quando for constatado 10% das plantas de um talhão com
cigarrinhas, independente da espécie. Faça o controle até as plantas atingirem 6 anos. É
aconselhado monitoramentos e pulverizações periódicas em talhões mais velhos, que estão
próximos a talhões novos. A mesma recomendação vale para locais próximos a matas naturais e
baixadas.
Com o avanço da CVC, observa-se a desfolha dos ramos mais altos da planta, locais mais
atacados pelas cigarrinhas.

8.6.7.5. Greening: Candidatus liberibacter spp.

Também chamado de huanglongbing (HBL), o greening, é uma doença de difícil controle.


Provavelmente é originário da China, e hoje afeta seriamente a produção de citros na Ásia e na
África.
O agente causal é uma bactéria com crescimento limitado ao floema (vasos que distribuem a
seiva elaborada), chamada provisoriamente Candidatus Liberibacter spp. Antes da constatação no
Brasil, existiam duas formas de bactérias causadoras do greening: Candidatus Liberibacter
africanus, associado à forma africana da doença, e Candidatus Liberibacter asiaticus associada à
forma asiática.
Propõe-se que a nova forma de greening seja chamada de forma americana e seja atribuída
à bactéria Candidatus Liberibacter americanus. A transmissão das formas africana e asiática
ocorre por vetores, que são duas espécies de psilídeos: Trioza erytreae, que ocorre na África; e
Diaphorina citri, que é encontrada na Ásia, África e também nas Américas. Não existe nenhuma
variedade de copa ou porta-enxerto resistente à doença.
Histórico: A primeira observação do greening nos pomares brasileiros foi em março de 2004,
quando alguns citricultores relataram ao Fundecitrus a manifestação de sintomas por eles
desconhecidos, em várias plantas de pomares em municípios diferentes. Um grupo de
pesquisadores brasileiros e franceses iniciou os estudos para a identificação da doença.
Sintomas:
Ramos e folhas: O sintoma inicial geralmente aparece em um ramo ou galho, que se destaca pela
cor amarela em contraste com a coloração verde das folhas dos ramos não afetados. As folhas
apresentam coloração amarela pálida, com áreas de cor verde, formando manchas irregulares
(mosqueadas).
Também é comum a ocorrência de sintomas semelhantes a deficiência de zinco, cálcio e
nitrogênio nas folhas dos ramos afetados. Em alguns casos observa-se o engrossamento e
clareamento das nervuras da folha, que ficam com aspecto corticoso. Com a evolução da doença,
há intensa desfolha dos ramos afetados e os sintomas começam a aparecer em outros ramos da
planta, tomando toda a copa, inclusive com o surgimento de seca e morte de ponteiros.
Frutos:
O fruto fica deformado e assimétrico. Cortando-se um fruto afetado no sentido longitudinal, é
possível verificar internamente filetes alaranjados que partem da região de inserção com o
pedúnculo (haste que segura o fruto). A parte branca da casca, em alguns casos, apresenta uma
espessura maior que o normal.
Também ocorre redução no tamanho dos frutos e intensa queda. É comum a ocorrência de
sementes abordadas. O fruto pode apresentar internamente diferença de maturação nas diferentes
partes, ou seja, ter um dos lados maduro (amarelo) e o outro ainda verde.
Na casca podem aparecer pequenas manchas circulares verde-claras que contrastam com o
verde normal do fruto.
Transmissão: Os pesquisadores acreditam que no Estado de São Paulo a doença seja
transmitida por um vetor Diaphorina citri, um pequeno inseto que mede de 3 a 4 mm e que é
comum nos pomares brasileiro e na planta ornamental conhecida como falsa murta (Murraya
paniculata).

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Controle: As pesquisas ainda estão no início, mas já é possível fazer algumas recomendações
de controle, embora não se saiba como será o comportamento da nova doença no Brasil. As
recomendações são baseadas nas duas formas de greening - asiática e africana - conhecidas em
outros países.

As indicações se baseiam em três medidas de controle:

O primeiro passo é adquirir mudas sadias, produzidas em viveiros protegidos, que seguem a
legislação fitossanitária. Eliminar as plantas doentes assim que apresentem os primeiros sintomas,
para que não sirvam de fonte de contaminação para outras plantas da mesma propriedade e dos
vizinhos. Fazer o controle químico do vetor com a aplicação de inseticidas

8.6.7.6. Morte súbita dos citros – MSC:

Sem causa ainda confirmada, a MSC é uma doença de combinação copa/porta enxerto, que
manifesta os sintomas na região da enxertia em plantas sobre porta-enxertos intolerantes.
Suspeita-se que seja causada por um vírus transmitido de forma bastante eficiente por um vetor
aéreo. Representa uma ameaça potencial para a citricultura paulista e nacional, uma vez que, afeta
todas as variedades comerciais de laranja doce e tangerinas Cravo e Ponkan enxertadas sobre o
limão Cravo (cerca de 85% dos pomares paulistas e mineiros estão em cima de cavalos de limão
Cravo).
Combinações de laranja doce sobre limão Volkameriano, apresentaram sintomas de MSC na copa,
nas raízes e na parte interna da copa. A hipótese é que a doença tenha comportamento diferente
no Volkameriano com um tempo maior de incubação e grau de severidade menor.
Pesquisas mostram que os vasos do floema, que levam os produtos gerados na fotossíntese
para toda a planta, inclusive a raiz, ficam bloqueados. Sem alimento, a árvore definha e pode
morrer.
A morte súbita dos citros provoca diminuição no tamanho, peso e quantidade de frutos. Eles
podem ser transportados e consumidos sem nenhum problema, pois não oferecem risco à saúde.
Ocorrência: Identificada em 2001, no município de Comendador Gomes (MG), tem se
disseminado por municípios do sul do Triângulo Mineiro e Norte e Noroeste do Estado de São
Paulo.
Sintomas: O primeiro sintoma observado é a perda generalizada do brilho das folhas,
apresentando um aspecto pálido. Geralmente, ocorre perda de turgidez, acompanhado de desfolha
parcial. Em estágio mais avançado ocorre a desfolha total. Raízes e radicelas apodrecem. Isso
acontece porque os vasos do floema, que transportam os produtos da fotossíntese para toda a
planta, ficam bloqueados. Pode acontecer antes de aparecerem os sintomas na copa.
O sintoma característico da doença, que permite o seu diagnóstico, é a cor amarela,
tendendo para o alaranjado, que aparece na parte interna da casca do porta-enxerto, abaixo da
zona de enxertia. Amarelecimento interno da casca do porta enxerto na região abaixo da enxertia.
Este sintoma pode ser visível ao se retirar a casca ou ao raspar as camadas internas.
Controle: A medida mais importante, é não transportar mudas, borbulhas e cavalinhos das
regiões contaminadas para aquelas onde a doença ainda não foi constatada. Este é um esforço
para retardar a disseminação e já é lei no Estado de São Paulo. Nas áreas afetadas, recomenda-
se a subenxertia com porta-enxertos tolerantes - de tangerina Cleópatra, Sunki ou citrumelo
Swingle - em árvores sobre limão Cravo. O subenxerto deve ser feito o mais cedo possível.
Produzir e plantar mudas em diferentes porta-enxertos tolerantes. Outros sintomas podem ou não
ocorrer, como seca de ponteiros, falta de brotações e morte repentina da planta com os frutos
ainda aderidos.

8.6.7.7. Pinta Preta ou Mancha Preta dos Citros - Guignardia citricarpa:

Pinta preta ou mancha preta dos citros é uma doença causada pelo fungo Guignardia
citricarpa, que afeta todas as variedades de laranjas doces, limões verdadeiros, tangerinas e
híbridos. Nunca foram observados sintomas da doença em frutos de lima ácida Tahiti. Disseminada
por meio de mudas, restos de material vegetal, água da chuva e vento, a doença não provoca

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alterações no sabor dos frutos, que podem ser comercializados para a indústria de suco, mas,
devido à aparência, tornam-se impróprios para o mercado de fruta fresca. Em ataques severos, a
pinta preta causa a queda acentuada dos frutos.
Ocorrência: A doença foi constatada pela primeira vez em pomares comerciais brasileiros
em 1980, no Estado do Rio de Janeiro.
Sintomas: Uma das principais características da pinta preta é que os frutos podem estar
contaminados, sem apresentarem os sintomas típicos da doença. O aparecimento de sintomas
pode demorar até um ano, dependendo da variedade e das condições ambientais. O aparecimento
é favorecido pela luminosidade combinada com altas temperaturas, sendo comum encontrar frutos
com maior número de lesões na face exposta à luz do sol. Há vários tipos de lesões, nomeados de
acordo com suas características, que podem variar dependendo do tamanho do fruto, condição
climática e tipo de esporo responsável pela infecção.
Sintomas em frutos: Mancha preta ou mancha dura: É a mais típica e aparece quando os
frutos estão amadurecendo. Apresenta bordas salientes com depressão no centro, tem cor clara
com pontos escuros, chamados de picnídios, onde os picnidiósporos são formados.
Falsa melanose: Lesão pequena e com numerosos pontos escuros ao seu redor. Pode ser
confundida com a doença melanose dos citros, causada pelo fungo Diaporthe citri. A diferença das
lesões está na textura: na melanose é áspera enquanto na pinta preta é lisa.
Mancha rendilhada: Lesões superficiais sem bordas definidas e textura lisa, que aparecem quando
os frutos ainda estão verdes. Essas lesões chegam a atingir grande parte da superfície do fruto.
Sintomas em folhas: Sintomas de pinta preta não são observados com frequência em
folhas. Quando ocorrem, são evidentes nas duas faces da folha e as lesões são semelhantes às da
mancha preta ou dura observada nos frutos.
Controle: O controle químico da pinta preta, assim como o manejo do pomar, deve
considerar as seguintes condições:
Histórico da doença na propriedade.
Condições climáticas.
Desenvolvimento da planta.
Destino da produção (mercado ou indústria).
Condições nutricionais e sanidade do pomar.
Uma forma de economizar e racionalizar o uso de fungicidas é conciliar o controle químico da
pinta preta com o de outras doenças fúngicas, como a verrugose e a melanose. As duas
pulverizações pós-florada realizadas para o controle de verrugose e melanose dão uma proteção
parcial a pinta preta se forem feitas com produtos adequados e com a adição de óleo mineral ou
vegetal a 0,5%. Veja logo abaixo um exemplo de calendário de pulverizações.

8.7. CUSTO DE PRODUÇÃO DE CITROS:

Quadro 8. Custo de produção de Citros (R$/ha).


Descrição Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 ao 8 Ano 9 ao 18
1. Operações 1.183,00 401,00 478,00 990,00 1.132,00
mecanizadas
2. Operações manuais 803,00 196,00 162,00 835,00 1.546,00
3. Insumos 2.198,00 460,00 746,00 1.633,00 2.491,00
4. ADM 521,00 521,00 521,00 656,00 710,00
Custo Total (R$/ha/ano) 4.705,00 1.578,00 1.906,00 4.144,00 5.879,00
Custo Total (R$/ha/planta) 11,53 3,87 4,67 10,08 14,41
Receita (R$/ha/ano) 0,00 0,00 0,00 5.138,00 7.202,00
Acumulado (R$/ha) - 4.705,00 - 6.283,00 - 8.189,00 - 3.069,00 10.170,00
Receita (R$/ha/ano) 0,00 0,00 0,00 6.604,00 9.258,00
Dados: Ano de 2004 em São Paulo.
Espaçamento: 7,0m x 3,5m
Densidade: 408 plantas/há
Caixa: 40,8 Kg
Ano 4: 0,50 caixa/planta

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Ano 5: 1,20 caixa/planta
Ano 6: 2,50 caixas/planta
Ano 7: 3,00 caixas/planta
Ano 8: 3,50 caixas/planta
Ano 9 ao 18: 3,00 caixas/planta

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9. A CULTURA DO ABACAXI:
9.1. INTRODUÇÃO:

Devido à sua excelente qualidade organoléptica, sua beleza e à existência da coroa, desde
há muito o abacaxi faz jus ao cognome de rei dos frutos. É um autêntico produto de regiões
tropicais e subtropicais, altamente consumido em todo o mundo, sobretudo sob a forma de
compotas e sucos. Além disso, presta-se também para a fabricação de doces cristalizados,
geléias, sorvetes, cremes, gelatinas e pudins.
A produção mundial de abacaxi está estimada em 12,8 milhões de t (apenas 3% da
produção mundial de todas as frutas). O Brasil é o 2o produtor mundial de abacaxi (1,62 milhão de t
em 45.000 ha plantados), somente suplantado pela Tailândia, com 1,98 milhão de t. Alguns países
são importadores de suco concentrado e de fruto in natura do Brasil, tais como: Argentina, Uruguai,
Países Baixos e Estados Unidos. Os principais Estados produtores são: Minas Gerais (523.800 t),
Paraíba (333.100 t) e Pará (177.900 t); o Estado de São Paulo ocupa, apenas, o 8o lugar (42.600 t).

9.2. ORIGEM E ASPECTOS BOTÂNICOS:

A origem é da região Central e Sul do Brasil. É uma planta monocotiledônea, herbácea perene e
família Bromeliaceae. Possui raízes adventícias com 15 a 30cm. Caule, talo ou eixo principal.
Folhas: A, B, C, D, E e F e o pedúnculo é o prolongamento do caule e sustenta a inflorescência e o
fruto. A folha ‘D’ é a folha colhida para envio ao laboratório para análise foliar, pois, é a
folha adulta mais jovem do abacaxizeiro, localizada num ângulo de 45° em relação ao
"olho" da planta.
As mudas ou rebentos são do tipo: filhote (junto ao fruto); filhote-rebentão (pedúnculo com o
caule); rebentão (parte inferior do caule). O fruto é múltiplo (sincarpo), tipo sorose, formado pelo
conjunto de diversos frutos individuais do tipo baga. A flor é uma inflorescência com 100-200 flores
individuais. A coroa é um caule foliáceo que se forma no topo do fruto.

9.3. VARIEDADES:

Características desejáveis na planta: crescimento rápido; porte semi-ereto;produção precoce


de rebentões; menos de 4 filhotes na base do fruto; folhas curtas, largas e sem espinhos;
pedúnculo curto e grosso, que sustente o fruto até a colheita. No fruto: forma cilíndrica; olhos
grandes e chatos; coroa simples de pequena a média; polpa pouca fibrosa e de cor amarela; teor
de açúcar elevado (16ºBrix). Entre os vários problemas que impedem a obtenção de altos
rendimentos da fruta no Brasil está a fusariose, com perdas estimadas em 30 a 40% nos frutos e
em até 20% nas mudas. Mas, já existem cultivares resistentes à fusariose, como a Imperial e
Vitória.

9.3.1. Smooth Cayenne:

Essa variedade representa 70% da produção mundial; planta robusta, de porte semi-ereto,
com folhas com espinhos apenas nas extremidades. Fruto cilíndrico, tem coroa pequena e peso
de 1,5 a 2,0 Kg; a cor da casca é amarelo-alaranjada, a polpa é amarela, rica em açúcares, um
pouco fibrosa. Boa para exportação “in natura” e industrialização. Produz poucas mudas. É
susceptível a fusariose.

9.3.2. Pérola:

É a mais cultivada no Brasil. Produz muitas mudas tipo filhote; tem porte ereto e folhas
espinhosas; o fruto é cônico, de casca amarela (maduro); polpa branca, sucosa; pesa de 1,0 a 1,5
kg e tem coroa grande. É susceptível a fusariose.

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9.3.3. Perolera: Cultivada na Venezuela e Colômbia; é resistente a fusariose.

9.3.4. Primavera: É resistente a fusariose.

9.3.5. Imperial:
Pesquisa da EMBRAPA:
Smooth Cayenne x Perolera
Smooth Cayenne x Primavera
Pérola x Perolera
Pérola x Primavera

Resultado: PE x SC 56 = Híbrido Imperial (2003).

Por ser resistente à fusariose e apresentar frutos de boa qualidade, o híbrido PE x SC-56 foi
lançado como variedade pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, em 2003, sob a denominação de
Abacaxi ‘Imperial’ e constitui-se no primeiro híbrido de abacaxi a ser lançado no Brasil.
É recomendado para plantio em regiões adequadas à abacaxicultura, especialmente onde a
fusariose é fator limitante para a produção. Entre as principais características dessa variedade
destaca-se a ausência de espinhos nas folhas, fruto cilíndrico, casca de cor amarela na maturação,
pesando em torno de 1,6 Kg. A polpa é amarela, com elevado teor de açúcar (14-18°Brix), acidez
moderada e excelente sabor. As mesmas recomendações técnicas utilizadas para o cultivo do
abacaxi podem ser aplicadas a essa nova variedade.

9.3.6. Gomo-de-mel:

O nome, "IAC Gomo-de-Mel", deve-se ao fato dos frutilhos ("olhos") serem soldados menos
fortemente entre si, ao contrário do que ocorre em outros cultivares, podendo ser destacáveis do
fruto maduro. Apresenta resistência a nematóides em comparação com os cultivares comerciais,
Havaí e Pérola. O novo abacaxi é especialmente recomendado para mesa e as técnicas de plantio,
manutenção e colheita de frutos idênticas às utilizadas para os demais cultivares disponíveis.

9.3.7. Vitória:

O Programa de Melhoramento Genético do Abacaxizeiro coordenado pela Embrapa


Mandioca e Fruticultura Tropical teve início em 1984. Centenas de híbridos gerados passaram por
avaliações preliminares em condições controladas e resultaram na seleção de genótipos
promissores, avaliados posteriormente em diferentes regiões produtoras. Destes, três híbridos
foram introduzidos nas Fazendas Experimentais do Incaper (ES) onde, nos últimos 10 anos, se
realizou uma seleção que deu origem à cultivar Vitória. Nas avaliações realizadas nos municípios
de Marataízes, João Neiva, Cachoeiro do Itapemirim e Sooretama, a nova cultivar destacou-se dos
demais genótipos. As recomendações técnicas de cultivo são as mesmas atualmente em uso pelos
produtores para a 'Pérola' e 'Smooth Cayenne'. O abacaxi 'Vitória' possui bom crescimento e
desenvolvimento e seu porte é praticamente o mesmo da cultivar 'Pérola'. A Vitória foi lançada no
ES em 2006, é resistente à fusariose (Fusarium subglutinans f.sp. ananas (sin.: F. guttiforme).

Características dos frutos:

Os frutos podem ser destinados ao mercado de consumo in natura e para a agroindústria,


devido às suas adequadas características sensoriais e físico-químicas. Tem polpa branca, boa

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suculência, reduzido tamanho do eixo central, elevado teor de açúcares (média de 15,8 °Brix) e
excelente sabor nas análises químicas e sensoriais. Outras características favoráveis são a cor
amarela da casca, o formato cilíndrico dos frutos e o peso em torno de 1,5 kg. “O fruto tem ainda
uma maior resistência ao transporte e ao pós-colheita, o que pode facilitar a sua adoção pelos
produtores e levar à preferência dos consumidores”. Responsável pela maior coleção de
germoplasma de abacaxi do mundo, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical possui ainda mais
seis híbridos gerados que se mostraram resistentes à fusariose, apresentaram outras
características favoráveis nas condições de Cruz das Almas (BA) e estão, atualmente, em fase de
avaliação por empresas parceiras nas principais regiões produtoras do país.

9.4. FATORES CLIMÁTICOS:

Temperatura: 22 a 32ºC.
Pluviosidade: a planta possui baixo índice de transpiração. Necessita em média de 1000 a
1500mm/ano.
Umidade relativa do ar: 75%.
Luminosidade: crescimento e qualidade do fruto (composição e coloração). Exigência mínima da
planta: 1200 a 1500 h/ano de luz. Faixa ideal: 2500-3000 h/ano.
Fotoperiodismo: planta de dias curtos (menos de 8h).

9.5. PROPAGAÇÃO:

As sementes são utilizadas para pesquisa para melhoramento. As mudas devem estar
isentas de sintomas de fusariose (gomose) e cochonilhas. As mudas podem ser do tipo filhote,
filhote-rebentão, rebentão, coroa, seccionamento de caule (viveiro) e clonadas (laboratório).
Também podem produzir mudas com seccionamento de caule com corte de 10cm e bipartidas.
Aplicar solução de defensivos a base de triadimefon (40g) e etion (75mL) em 100 L de água.
Plantar as mudas com seccionamento de caule em canteiros (viveiros). A variedade pérola é a que
mais produz mudas tipo filhote. As mudas tipo filhotes devem ser retiradas das plantas após a
colheita do fruto, e deixadas viradas para baixo e voltadas para o sol para controle de cochonilhas
durante uma a duas semanas. Não levar mudas com cochonilhas e fusariose para novas áreas de
implantação da cultura.

9.6. NUTRIÇÃO MINERAL, CALAGEM E ADUBAÇÃO:

9.6.1. NUTRIÇÃO MINERAL:

O potássio, maior responsável pela qualidade do abacaxi, é também o nutriente mais exigido
em termos de quantidade, seguido pelo nitrogênio, cálcio, magnésio, enxofre e fósforo. Os
micronutrientes obedecem à seguinte ordem decrescente de exigência: ferro, manganês, zinco,
boro, cobre e molibdênio.
Nitrogênio: Quando apresentam quantidades deficientes de nitrogênio, seus frutos são pequenos,
deformados e muito doces, ao passo que o excesso desse elemento provoca, sobretudo, a
diminuição da acidez titulável e uma fragilidade da polpa, aumentando os riscos da anomalia
verde-maduro (jaune) , que se caracteriza por uma polpa amarela e translúcida, e a casca verde. A
acentuada fragilidade da polpa torna-os impróprios para exportação. Também a época de
aplicação e a forma disponível do elemento podem exercer influências sobre o fruto. Tem-se
observado o alongamento do pedúnculo do abacaxi devido ao excesso de nitrogênio, o que
acarreta o tombamento do fruto e a sua depreciação. A colocação do adubo nitrogenado logo após
a diferenciação floral não surte efeito sobre a qualidade do fruto, mas quando aplicado nos dois
meses seguintes, podem-se obter maior peso do fruto e diminuição da acidez, sobretudo, quando o
suprimento do elemento na fase vegetativa foi insuficiente. Quanto à forma, os nitratos apresentam
a tendência de diminuir a acidez e antecipar a colheita dos frutos.
Fósforo: O fósforo melhora a qualidade dos frutos, aumentando-lhes o teor de vitamina C, a
firmeza da polpa e o seu tamanho. A deficiência de fósforo acarreta a formação de frutos

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pequenos, com coloração avermelhada ou arroxeada. O excesso causa a diminuição dos açúcares
e da acidez, com perda de sabor. Mas, como o fósforo intervém na assimilação do K, a aplicação
dos adubos fosfatados em solos deficientes desse elemento proporciona efeito inverso ao citado.
Potássio: O potássio aumenta o teor de sólidos solúveis totais e a acidez, aumentando, também, o
peso médio e o diâmetro do fruto. O excesso de K acarreta a formação de frutos muitos ácidos,
com miolo muito desenvolvido, polpa pálida e enrijecida, enquanto que, na deficiência desse
nutriente, a maturação do fruto é tardia e incompleta, ficando sua parte superior sem amadurecer.
Se por um lado, o aumento do nível de potássio na planta proporciona melhor sabor e
aroma dos frutos, além de aumentar o diâmetro do pedúnculo, evitando, com isso, o tombamento;
por outro lado, o rendimento em fatia é reduzido pelo aumento do eixo da inflorescência. Ocorrem
ainda melhor coloração da casca e o clareamento da polpa. Contudo, os efeitos mais
surpreendentes desse elemento verificam-se sobre o estrato seco e na acidez do fruto, que
aumenta com as doses crescentes de potássio.
O potássio eleva o teor de ácido ascórbico que reduz as quinonas produzidas pela
oxidação enzimática, convertendo-se em ácido de hidroascórbico e atuando como inibidor da
atividade da enzima polifenoloxidase, responsável pelo escurecimento interno da polpa. Esse
escurecimento interno é um distúrbio fisiológico importante no abacaxi, induzido por baixas
temperaturas, ocasionando depreciação do produto, sobretudo daquele destinado à exportação,
tendo em vista a necessidade da frigoconservação. Os efeitos de fontes e níveis crescentes de
potássio nos teores de acidez e ácido ascórbico dos frutos têm sido demonstrados por vários
autores. Na Côte d’Ivoire, tem-se aplicado cloreto de potássio antes da indução floral, para
minimizar o problema de escurecimento interno. Enfim, a ação do potássio e dos cátions sobre o
rendimento converge para a melhoria da qualidade. Os níveis foliares de K devem sempre ser
superiores ao nível crítico do rendimento para assegurar a qualidade do fruto no que diz respeito
ao aroma, ao sabor, à resistência ao armazenamento e ao transporte. Entretanto, em condições
climáticas quentes e úmidas, há necessidade de maiores cuidados sobre a nutrição potássica, em
particular na relação com o N, para que sejam obtidos frutos de qualidade comercial. Nesse caso,
a relação K/N na folha D no momento da indução floral deve ser pelo menos igual a 3. Em casos
de carência desse elemento, os frutos apresentam-se pequenos, com baixo aroma e acidez.
Cálcio e Magnésio: O cálcio e o magnésio podem exercer influência sobre o aroma dos frutos.
Também há relatos de que suprimentos adequados de cálcio podem diminuir a incidência da
mancha-negra-do-fruto ou tâches noires, causada principalmente pelo patógeno Penicillium
funiculosum, em razão da sua ação na resistência da parede celular. Na deficiência de cálcio, os
frutos ficam com aparência gelatinosa e com ausência de cor; além disso, a frutificação ocorre de
forma prematura. As desordens fisiológicas também podem ser reduzidas com o aumento do teor
de cálcio no fruto. O teor médio de cálcio no fruto é de 0,07% a 0,16%. A deficiência de magnésio
tem um efeito depressivo bem nítido sobre o teor de açúcares na polpa. Porém, o suprimento de
magnésio é mais importante sobre a coloração do fruto do que o de cálcio.
De acordo com relatos e trabalhos executados pelo Prof. Charles Robbs, fitopatologista de
larga experiência, é importante para a resistência dos frutos à fusariose Gibberella fujikuroi var.
subglutinans, verificar o equilíbrio nutricional da planta na época da formação do fruto. Para o
abacaxi, por exemplo, é indispensável manter-se a relação K2O:MgO em torno de 7:1, o que
permite uma boa resistência ao patógeno.
Enxofre: O enxofre é responsável pelo equilíbrio entre a acidez e os açúcares no fruto dando-lhe
sabor. A deficiência desse elemento, além de prejudicar as propriedades gustativas, faz os frutos
ficarem pequenos, ocorrendo o amadurecimento do ápice para a base, o que deixa o fruto com um
buraco central.
Microelementos: Entre os micronutrientes, os que exercem maior influência na frutificação do
abacaxizeiro são o boro, o ferro e o zinco. Na deficiência de boro, os frutos ficam pequenos, com
coroas múltiplas e acentuada separação dos frutilhos. Deficiência de ferro provoca a cor
avermelhada do fruto, com coroa clorótica e possível adiantamento da maturação; excesso de ferro
pode causar a translucidez da polpa. O pescoçotorto (crookneck), que é o curvamento da parte
apical do fruto, aparece devido à deficiência combinada de cobre e cálcio em solos turfosos ou
arenosos. A rachadura (cracking) aparece por causa da deficiência de boro ou aplicação de
nitrogênio no final do período de formação do fruto.

94
9.6.2. Calagem:

A planta de abacaxi tolera certa acidez de solo. O pH deve ser em torno de 4,5 a 5,5 e
saturação por bases desejada de 60%.

9.6.3. Adubação de plantio:

A adubação deve ser feita no sulco ou cova de plantio das mudas. Se possível aplicar 30 t/ha
de esterco bovino ou 10 t/ha de esterco de aves. A adubação mineral fosfatada de acordo com a
análise de solo deve ser feita de acordo com a tabela abaixo:

Teor de P no solo (mg/dm³) P2O5 (g/cova)


< 10 4
> 10 2

9.7. PLANTIO:

Aumentando-se a densidade de plantio, consegue-se aumentar o número de frutos


produzidos por área cultivada, mas o tamanho diminui a partir de um certo limite, chegando a perda
de peso de 70 g a 140 g por cada aumento de 10.000 plantas/ha no caso da cultivar Smooth
Cayenne. É preciso, portanto, adequar a densidade de plantio à finalidade da cultura, mas mesmo
quando o objetivo é a produção de frutos menores (por exemplo, abacaxis Smooth Cayenne com
peso de 1 kg a 1,5 kg, para fins de exportação) pode-se aumentar a população de plantas, por
meio da redução nos espaçamentos nas entrelinhas e entre as plantas na linha. Não é
recomendado o uso de densidades superiores a 60.000 a 70.000 plantas por hectare (não se
considerando as perdas com carreadores), pois aumentam muito a heterogeneidade do tamanho
dos frutos, uma vez que existe maior concorrência entre as plantas, principalmente com relação à
água, à luminosidade e aos nutrientes.
O aumento da densidade de plantas, muitas vezes, tende a alongar o pedúnculo do fruto,
propiciando o seu tombamento, com conseqüente exposição aos raios solares. A maturação dos
frutos é, habitualmente, retardada em altas densidades de plantio. O plantio das mudas deve ser
feito em fileiras simples ou duplas. O plantio em fileiras simples é feito de acordo com o
espaçamento: 80cm a 120cm x 30cm a 40cm. O plantio com espaçamento duplo é o mais utilizado
pode ser feito nas dimensões: 70cm a 90cm x 30cm a 40cm x 22cm a 35cm. Após o plantio das
mudas fazer o alinhamento das mudas nas linhas para que não ocorra o tombamento das mesmas
posteriormente.

9.8. TRATOS CULTURAIS:


9.8.1. Plantas invasoras:

O controle de plantas invasoras na cultura do abacaxi pode ser feito manualmente e


quimicamente. O controle manual necessita de 8 a 16 capinas durante o ciclo. O controle químico
requer bicos tipo leque (Teejet 80.02 a 80.04) com aplicação de 30 a 50cm acima do solo com um
consumo de 400 L de calda/ha. A tabela abaixo indica alguns herbicidas e suas dosagens para a
aplicação em função da época.

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Herbicida Dosagens Época de aplicação
Diuron 1,6 a 3,2 kg i.a/ha 30-60 DAP
Simazina 2,4 a 3,2 L/ha 30-60 DAP
Ametrina 2,4 a 3,2 L/ha 30-60 DAP
Ametrina + Simazina 2,4 a 3,2 kg/ha 30-60 DAP
Bromacil + Diuron 1,6 a 3,2 kg/ha 30-60 DAP

9.8.2. Irrigação:

O método mais utilizado é o de aspersão. A planta necessita em média de 45 - 90 mm/mês.

Época de aplicação de água Quantidade Turno de rega


2 a 5 meses após o plantio 12,0 mm 7 dias
5 meses após o plantio até a 16,0 mm 7 dias
indução da floração
Floração à frutificação 23,0 mm 7 dias

9.8.3. Indução Floral:

-Objetivos da indução floral:


** Antecipação da floração e da colheita de frutos.
** Uniformização da floração e consequentemente a colheita acontece na mesma época.
** Aumento do rendimento de frutos.
** Programação da colheita em função de melhores preços de mercado.

Produtos Fitorreguladores: aplicar quando a planta estiver bem desenvolvida e com 7 a 14


meses de idade, no período da noite (20h a 5h) ou em dias nublados ou nas horas mais frescas do
dia.

Fitorreguladores Dosagens Observações


Carbureto de Cálcio (acetileno) - 0,5 a 1,0g/planta - Aplicar na roseta foliar
- 50 mL/planta (150 L - Aplicar na roseta foliar
de água + 400-500g
de Carbureto)
Ethephon - 50 mL/planta (10-20 mL do - Pode-se fazer uma
pc. para 100 L de água) pulverização total na planta
Etileno (gás) - 800g de gás em 6000-8000 L - Pode-se fazer uma
de água pulverização total na planta

9.8.4. Adubação de cobertura:

Época de N (g/cova) Teor de K no solo


aplicação (mg/dm³)
< 30 30 - 60 > 60
20 DAP 3 3 2 1
90 a 120 DAP 4 5 3 2
30 dias da 3 7 4 3
indução floração

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9.8.5. Pragas:

9.8.5.1. Cochonilha-do-abacaxi: Dysmicoccus brevipes.

Controle: As mudas infestadas pela cochonilha devem ficar viradas para baixo expostas ao sol,
após a colheita. Fazer pulverização preventiva entre 60 e 150 dias após o plantio utilizando de 50
a 70 mL/planta de paration etílico ou paration metílico (90 mL/100 L de água), ou dimetoato (60 mL/
100 L de água), ou vamidotion (30 mL/100 L de água). Nos períodos chuvosos podem-se usar
produtos granulados como o aldicarbe e dissulfoton na dosagem de 0,5 e 1,0 g/planta,
respectivamente. Controlar as formigas, pois, são agentes disseminadores das cochonilhas e
alimentam de sua excreção.

9.8.5.2. Broca-do-fruto: Thecla basalides

O Adulto é uma pequena mariposa de 27mm (macho) e 29mm (fêmea) que coloca os ovos
(0,08mm de diâmetro) na parte superior e mediana da inflorescência. Após 13-16 dias no interior
da inflorescência, a lagarta desce pelo pedúnculo e se dirige para as partes inferiores das folhas,
onde empupa. Sintomas: ao penetrar no frutilho (inflorescência) a lagarta destrói o tecido
parenquimatoso, ocorrendo em seguida a exsudação de uma resina incolor, que em contato com o
ar se solidifica, tornando-se marron-escura.

Controle: Químico: Pulverização com carbaril (260 g/100 L de água) ou paration metílico ou
diazinon (90 mL/100 L de água) na dosagem de 30 a 50 mL da solução por planta.
** Biológico: Pulverização com a bactéria Bacillus thuringiensis na formulação PM 3,2 aplicando-se
600g do produto comercial/ha, na dosagem de 30 a 50 mL da solução por planta.
** Época de aplicação: pulverizar no “olho da planta” desde o aparecimento da inflorescência (45
dias após a indução floral) em intervalos de 15 dias, num total de 3 a 4 aplicações. Com o controle
biológico pulverizar a cada 7 dias.

9.8.6. Doenças:

9.8.6.1. Fusariose ou gomose: Fusarium subglutinans

Sintomas: o fungo ataca todas as partes da planta, provocando uma exsudação de uma substância
de cor marron gomosa na região afetada.
Controle: Cultural: Utilização de mudas sadias e de variedades resistentes como a Imperial.
Químico: Pulverização preventiva com benomyl, thiabendazol ou tiofanato metílico (150 g do
i.a/100 L de água) aos 45 dias após a indução floral em intervalos de 10 dias em 4 aplicações.

9.8.7. Queima Solar:


Sintomas: Aquecimento excessivo de um lado do fruto pelos raios solares, em regiões
de temperatura elevada, ocasionando uma coloração amarela na casca, depois escurece e a polpa
seca.
Controle: Programar a aplicação de fitorreguladores para não coincidir a colheita na época de altas
temperaturas e de grande insolação. Cobrir os frutos com papel jornal do lado da exposição dos
raios solares.

9.9. COLHEITA:

Ao aproximar-se da maturação, a coloração da casca passa de verde para bronzeada, os


olhos mudam da forma pontiaguda para achatada, os espaços entre os olhos se estendem e
adquirem uma coloração clara, e a casca apresenta-se lisa em comparação à da fruta menos
madura. É no final da maturação, ou seja, na fase do amadurecimento, que ocorrem as mudanças
metabólicas mais importantes para a qualidade do fruto, como acréscimos acentuados nos valores
de sólidos solúveis (ºBrix), como conseqüência de aumento nos açúcares redutores e sacarose,

97
conferindo ao fruto um sabor doce. Há, paralelamente, acréscimos em compostos voláteis ligados
ao aroma. Os teores de ácidos aumentam inicialmente, atingindo um valor máximo e a seguir
decrescem. A relação sólidos solúveis/acidez pode, em alguns casos, ser responsável pelo sabor.
Aliás, deverá sempre haver um balanço adequado entre estes dois constituintes.
Entre os componentes químicos do fruto, ressalta-se a presença de açúcares e de ácidos.
Dos açúcares, sobressai a sacarose, com teores variando de 5,9% a 12,0%, o que representa, nos
frutos maduros, 66% dos açúcares totais em média. Destacam-se, também, a glicose e a frutose,
com valores nas faixas de 1,0% a 3,2% e 0,6% a 2,3%, respectivamente.
Os principais ácidos responsáveis pela acidez são o cítrico e o málico, os quais contribuem
respectivamente com 80% a 20% da acidez total. A acidez titulável total geralmente varia de 0,6%
a 1,6% e é expressa como porcentagem de ácido cítrico, enquanto o pH da polpa se enquadra na
faixa de 3,7 a 3,9.
A acidez também é variável entre cultivares e entre frutos de uma mesma cultivar, diferindo
também entre secções de um mesmo fruto, devido a diversos fatores, dentre eles, o grau de
maturação, os fatores climáticos e a nutrição mineral.
Como no caso dos açúcares, a acidez aumenta da base para o ápice. No decorrer da
maturação e, em mesmo nível de altura do fruto, é muito mais acentuada na região próxima à
casca do que na do cilindro central.
Os teores de minerais dos frutos são muito dependentes de condições de solo e adubações.
Entre os minerais sobressai o potássio, com valores médios de 141 mg/100 ml e 142 mg/100 ml.
Os teores desse mineral são muito variáveis e estão na faixa de 11 mg/100ml a 330 mg/100 ml.
Os teores de vitaminas são muito baixos, salientando-se o ácido ascórbico, com teores
médios de 17 mg/100 ml, cuja função é conferir ao fruto uma certa resistência ao distúrbio
fisiológico denominado escurecimento interno, o qual pode se tornar sério problema quando o
armazenamento é feito em baixas temperaturas.
Rendimento:
-80% de frutos de boa qualidade.
-Deste total 75% vão para os mercados de maior poder aquisitivo e 25% , de qualidade inferior, vão
para a agroindústria e mercados de menor poder aquisivo.

9.10. CUSTO DE PRODUÇÃO:

Valor de uma muda sadia produzida em viveiro: US$0,02.


Custo de produção de 1 ha de abacaxi (0,90m x 0,30m) = 37.000 plantas (US$).
Descrição Valor (US$)
1. Insumos 1,764.95
2. Preparo do solo, calagem e adubação 207,71
3. Tratos culturais 168,17
4. Colheita 87,85
5. Custo Total 2,228,68 = R$6.017,43

98
10. A CULTURA DO MARACUJÁ:
10.1. INTRODUÇÃO:

O maracujá é conhecido como fruto da paixão devido a sua estrutura floral, que
segundo alguns pesquisadores relembra os acontecimentos relativos à crucificação de Cristo. O
maracujá pertence a família botânica das Passifloraceae, que contempla um grande número de
espécies, num total de 500 a maioria delas nativa do Brasil. Atualmente é cultivado em vários
países. No Brasil a cultura tem apresentado um crescimento significativo. Itapuranga/GO e
municípios vizinhos formam o pólo goiano do maracujá, com produção anual de 7.400 toneladas. A
região já chegou a colher quase 20 mil toneladas. Hoje, é obrigada a se contentar com pouco mais
de um terço, mesmo com produtividade melhor e padrão de frutos superior ao obtido no período de
alta produção, do final da década passada ao começo da atual. À época, eram 19 mil kg/ha,
atualmente são 22 mil kg/ha. O manejo da cultura avançou muito no período. Com ajuda de
assistência técnica, os produtores venceram muitos desafios em campo e se estruturaram. Hoje,
produzem as mudas de que necessitam e conhecem as principais pragas e doenças da fruta. O
comércio está mais ágil. Há pelo menos meia dúzia de atacadistas na cidade que fornecem
inclusive para grandes empresas de outros Estados, como a Maguary e a Da Fruta, mas sempre
há novos problemas e o principal deles continua relacionado ao mercado.
Dependendo das condições climáticas, o maracujá do plantio a colheita decorrem de 8 a
12 meses dependendo do local de cultivo. A produtividade anual do maracujá pode atingir 40t/ha. A
propagação usual no Brasil é por via sexuada. No Brasil o principal cultivo é o maracujá amarelo,
com um grande potencial para o processamento de bebidas, doces, sorvetes e in natura. Na
indústria farmacêutica utiliza-se o maracujá como calmante e o uso da casca e das sementes
podem ser utilizadas como ração animal. Observa-se um crescente interesse pelo maracujá para
fins ornamentais.
O maracujá devido as suas características do suco, vida de prateleira da fruta,
apresenta boas condições de conquistar novos mercados exportadores. Saiba que o maracujá é
uma excelente fonte de vitamina A, e que a deficiência de vitamina A está relacionada à cegueira.
Aprecie além do suco puro, as misturas com outras frutas, dentre elas a de manga que
proporcionam um excelente sabor.

10.2. PROPAGAÇÃO DO MARACUJÁ:

O maracujazeiro pode ser propagado por sementes (via sexuada), estaquia, encostia,
enxertia e biotecnologia. Embora 90% da área plantada ser por via sexuada, a propagação por
estaquia é viável para algumas situações. As estacas permitem multiplicar os melhores clones,
contribuindo para a melhoria genética da cultura. As estacas precisam ser retiradas de plantas
sadias, de plantas herbáceas com 2-3 nós, onde a base deve ser um corte em bisel. Para a
propagação de plantas por sementes devem-se colher frutos maduros das plantas mais produtivas,
para se evitar no novo pomar a ser formado problemas de produção decorrentes da auto-
incompatibilidade e incompatibilidade cruzada apresentadas pelo maracujazeiro.
Os frutos maduros são cortados e as sementes coletadas são colocadas em um
recipiente. No recipiente com as sementes deve ser adicionada uma pequena quantidade de água
para auxiliar no processo de fermentação. O recipiente é colocado à sombra para fermentar pelo
período de 04 a 06 dias. Após a fermentação as sementes devem ser colocadas em peneira e
lavadas em água corrente. As sementes devem ser postas em fina camada sobre papel absorvente
e a sombra de 3 a 4 dias para secar. A seguir podem ser semeadas de imediato ou armazenadas.
As sementes podem ser armazenadas por até um ano mantendo um bom percentual de
germinação, desde que acondicionadas em saco plástico e mantidas na parte de baixo da
geladeira (±10ºC).

99
10.3. FATORES CLIMÁTICOS:

O maracujá é uma planta tropical, que não tolera geadas ou ventos frios,
desenvolvendo melhor em temperaturas ao redor de 25ºC. Trata-se de planta que cresce durante o
ano todo, a não ser num período pequeno de inverno. Exige uma boa e bem distribuída quantidade
de chuvas. Regiões sujeitas às chuvas intensas e freqüentes não são favoráveis, visto que a
polinização das flores será dificultada e as pragas e doenças serão combatidas com maior
dificuldade. Da mesma maneira, regiões sujeitas a períodos de seca prolongada, o
desenvolvimento da planta fica prejudicado, assim como sua frutificação.
Quanto ao solo, os maracujazeiros preferem os solos leves e profundos, com boa drenagem e não
toleram solos encharcados, mesmo que por pequenos períodos.

10.4. CULTIVARES:

Os cultivares de maracujá são: maracujá redondo amarelo ou maracujá azedo (Passiflora


edulis), maracujá roxo (Passiflora edulis) e maracujá doce (Passiflora alata). O maracujá-doce é a
menos conhecida entre as espécies dessa trepadeira nativa da América Tropical. A mais comum é
o maracujá-amarelo, mais azedo, ideal para sucos e doces e é mais cultivado comercialmente. Em
segundo lugar, vem o maracujá-roxo, cultivado mais nas Regiões Sudeste e Sul, por preferir clima
frio. Por último, em termos de interesse comercial, vem o maracujá-doce, de cor amarela e formato
ovalado, que praticamente não é cultivado comercialmente. Por ser, como o próprio nome indica,
mais doce, ele é indicado para o consumo ao natural. O maracujá é um fruto carnoso, do tipo baga,
com epicarpo (casca) às vezes lignificado, mesocarpo com espessura que varia de 0,5 a 4,0 cm,
endocarpo (polpa) e apresenta sementes com arilo carnoso. O tamanho e o formato dos frutos são
diferenciados conforme a espécie.
O maracujá amarelo (Passiflora edulis Sims. f. flavicarpa Deg.), possui o diâmetro de 4,9 a
7,8 cm, o comprimento de 5,4 a 10,4cm, com peso do fruto entre 52,5 e 153,4g, enquanto o
maracujá roxo (Passiflora edulis Sims.) apresenta diâmetro de 3,9 a 5,1cm, comprimento de 4,3 a
7,2cm e peso de 23,6 a 61,0g. A espécie Passiflora alata Dryander, conhecida popularmente por
maracujá-doce, apresenta frutos com peso médio de 128,3g, diâmetro de 6,6 e comprimento de 8,9
cm. As espécies cultivadas de maracujá apresentam de 200 a 300 sementes no interior do fruto.
No mercado existem cultivares para a comercialização do grupo amarelo ou azedo.

10.4.1) FB 100 (Flora Brasil) tem como destinação principalmente para a indústria, com 20 anos de
melhoramento genético, é rústica, de boa qualidade produtiva; frutos desuniformes em tamanho,
forma e cor; alto rendimento de suco (cerca de 42%); cor da polpa amarelo-alaranjado; brix com
média de 15º; potencial produtivo com média 50 t/ha/ano e peso do fruto com média de 120
gramas.

10.4.2) FB 200 (Flora Brasil) que é destinado tanto para a indústria como para consumo ao natural.
Possui frutos com maior uniformidade de tamanho, formato e cor;
casca mais grossa proporcionando maior resistência durante o transporte;
rendimento de suco em torno de 36%;
Brix: média de 14,0º;
potencial produtivo: em média 50 t/ha/ano (respeitadas as recomendações técnicas);
peso do fruto: média de 240 gramas.

10.4.3) BRS Gigante Amarelo: Foi obtido com base no melhoramento populacional por seleção
recorrente e obtenção e avaliação de híbridos intraespecíficos. É derivado das matrizes
selecionadas MSC (matriz derivada da seleção Sul Brasil) X GA (matriz derivada da seleção
Redondão). Seu N.Ref. o Registro Nacional de Cultivares - MAPA é 21712. Sua produtividade nas
condições do Distrito Federal, irrigado e plantado no período de maio a julho, no espaçamento de
2,5 m x 2,5 m, tem ficado em torno de 42 t/ha no primeiro ano, mesmo com ataque da virose. No
segundo ano de produção, essa produtividade fica em torno de 20 a 25 t/ha, dependendo do
manejo. Tem boa tolerância à antracnose e bacteriose, mas é susceptível à virose, verrugose e às

100
doenças causadas por patógenos de solo. Não há informações sobre maiores danos causados por
pragas. Homogeneidade do fruto, resistência ao transporte, coloração externa amarelo brilhante,
coloração de polpa amarelo forte (maior quantidade de vitamina C), maior tempo de prateleira, bom
rendimento de polpa. Frutos para indústria e mesa. Período de floração: Ano todo, com maior
concentração na época seca. Região de adaptação: Com base nas áreas de avaliação, há
indicadores da adaptação da cultivar na altitude de 376 a 1.100 m, latitude de 9° a 23°, plantio em
qualquer época do ano (quando irrigado), em diferentes tipos de solo. Não se adapta a regiões
sujeitas a geadas. Frutos amarelos, formato oblongo, com a base e o ápice ligeiramente
achatados, pesando de 120 a 350 g, rendimento de polpa em torno de 40 % e teor de sólidos
solúveis de 13 a 15° Brix.

10.4.4) BRS Ouro Vermelho: Foi obtido com base no melhoramento populacional por seleção
recorrente e obtenção e avaliação de híbridos intraespecíficos. Nas populações base, foram
utilizados cruzamentos inter-específicos para aumento da variabilidade. É derivado das matrizes
selecionadas (Cv. Sul Brasil Marília X Seleção de Passiflora edulis Roxo) F1 x matriz derivada do
GA-2. Seu N.Ref. no Registro Nacional de Cultivares – MAPA é 21713. roduz de 10 % a 20 % de
frutos de casca vermelha ou arroxeada. Os frutos pesam de 120 a 350 g, são arredondados, com
teor de sólidos solúveis de 13 a 15°Brix e rendimento de suco em torno de 40 %. Nas condições do
Distrito Federal, vêm-se obtendo em torno de 40 t/ha no primeiro ano de produção, se plantado de
maio a julho, com irrigação, no espaçamento de 2,5 m x 2,5 m. Tal produtividade tem sido obtida
sem a polinização manual. Tem sido tolerante a doenças foliares, incluindo a virose. Em diferentes
locais, tem-se comportado como tolerante a doenças causadas por patógenos do solo.
Homogeneidade do fruto (formato), resistência a transporte, coloração de polpa amarelo forte
(maior quantidade de vitamina C), maior tempo de prateleira, alto rendimento de polpa, maior
longevidade da produção. Frutos para indústria e mesa. Período de floração: Ano todo, com
maior concentração na época seca. Região de adaptaç ã o: Com base nas áreas de avaliação,
há indicadores da adaptação da cultivar na altitude de 376 a 1.100 m, latitude de 9° a 23°, plantio
em qualquer época do ano (quando irrigado), em diferentes tipos de solo. Não se adapta a regiões
sujeitas a geadas.

10.4.5) BRS Sol do Cerrado: Frutos amarelos, grandes, com formato oblongo, sendo afilados no
ápice e mais arredondados na base. Pesam de 150 a 350 g, apresentam rendimento de polpa em
torno de 38 %, e teor de sólidos solúveis de 13 a 14° Brix. Foi obtido com base no melhoramento
populacional por seleção recorrente e obtenção e avaliação de híbridos intraespecíficos. É
derivado das matrizes Seleção GA-2 e MA (matriz derivada da seleção Redondão). Seu N.Ref. no
Registro Nacional de Cultivares - MAPA é 21716. Sua produtividade nas condições do Distrito
Federal, com irrigação e plantado no período de maio a julho, no espaçamento de 2,5 m x 2,5 m,
tem ficado acima de 40 t/ha no primeiro ano de produção, sem o uso da polinização manual. No
segundo ano de produção, essa produtividade fica em torno de 20 a 25 t/ha, dependendo do
manejo. Tem tolerância a doenças foliares, como bacteriose, antracnose e virose. É susceptível a
doenças causadas por patógenos de solo. Não há informações sobre maiores danos causados por
pragas. Resistência ao transporte, coloração amarelobrilhante do fruto, coloração de polpa amarelo
forte (maior quantidade de vitamina C), maior tempo de prateleira e bom rendimento de polpa.
Frutos para indústria e mesa. Período de floração: Ano todo, com maior concentração na
época seca. Região de adaptaç ã o : Com base nas áreas de avaliação, há indicadores da
adaptação da cultivar na altitude de 376 a 1.100 m, latitude de 9° a 23°, plantio em qualquer época
do ano (quando irrigado), em diferentes tipos de solo. Não se adapta a regiões sujeitas a geadas.

10.4.6) Outras: No mercado tem diversas cultivares de maracujá do grupo redondo amarelo azedo,
do IAC e de empresas privadas. Para aquisição de sementes de híbridos BRS:
www.campinas.snt.embrapa.br (em janeiro de 2010 o pacote com 25g estava com valor de
R$90,00).

101
10.5. POLINIZAÇÃO:

A flor de maracujá é completa, ou seja, tem as estruturas masculinas e femininas na


mesma flor. Um dado importante, é que o maracujá possui em um grande número de espécies
estudadas, flores com diferentes curvaturas dos estiletes e posições relativas dos estigmas em
relação às anteras. Esse comportamento determina resultados diferentes na frutificação. O
produtor deve dedicar especial atenção a isso. No maracujá amarelo encontramos diferentes tipos
de flores, com comportamento diferente na frutificação.

Flor TC: Os estigmas são totalmente curvados no mesmo plano das anteras, o que favorece a
polinização pelos insetos, principalmente pelas mamangavas o seu principal polinizador. Esse tipo
de flor ocorre em maior porcentagem em uma lavoura com uma média de mais ou menos 70%.

Flor PC: Os estigmas são levantados acima das anteras formando um ângulo aproximado de 45º,
o que dificulta a polinização, mesmo pelas mamangavas. Essas flores ocorrem em uma média de
20%.

Flor SC: Os estigmas são unidos, formando um ângulo de 90º em relação as anteras. Fator esse
que dificulta a polinização. A flor SC apresenta também um problema de fêmea esterilidade,
significando que mesmo quando polinizadas artificialmente não obtem-se frutos com esse tipo de
flor. Essas flores ocorrem em uma média de 10%. Isoladamente algumas plantas apresentam
valores bem elevados de até 60%.
O principal agente na polinização do maracujá são as mamangavas, e a sua melhor
eficiência na polinização deve-se ao seu tamanho. Lembre-se que esses insetos vivem em
madeiras podres em matas e devem ser preservados. É com procedimentos simples que o
produtor poderá avaliar o pegamento de frutos nas plantas fazendo o seguinte:
a) Marcar 3 flores por planta em um dia sem chuva, depois que as flores estiverem abertas (marcar
essas flores com uma etiqueta, onde anota-se o dia, e uma fita colorida, para facilitar reconhecer a
mesma flor alguns dias depois).
b) Fazer o mesmo procedimento em mais flores de outras plantas até atingir o número de 100
flores.
c) Voltar ao campo 4 a 5 dias após, procurando as mesmas flores marcadas, contando os
frutinhos, que deverá estar do tamanho de uma azeitona, caso a polinização tenha ocorrido.
Contando os frutinhos com esse aspecto, o produtor poderá avaliar facilmente a frutificação natural
na sua propriedade. Quando não forem polinizadas, as flores estarão murchas e muitas delas já
caíram ao solo. Exemplo: Marcou 100 flores contou 45 frutinhos depois de 4-5 dias. Resultado:
45% de polinização natural. Significando que o produtor está perdendo 55% das flores.
Resultados muitos inferiores a esse número, indica que a polinização artificial é absolutamente
necessária. O produtor deve utilizar dedeiras para fazer a polinização, retirando o pólen de uma flor
e aplicando em outra flor de outra planta na parte feminina.

10.6. ÉPOCA DE PRODUÇÃO:

O maracujazeiro começa a produzir frutos no primeiro ano de plantio, mas o período de


vida econômico é relativamente curto, devendo ser substituído a partir do 4º ou 5º ano (até o 3º
ano é o ideal para produção), sendo que o seu maior rendimento é obtido no segundo ou terceiro
ano de plantio, decaindo nos anos seguintes. O maracujazeiro inicia sua produção de frutos 7 a 10
meses após o plantio das mudas no campo. Plantios efetuados nos meses mais próximos do verão
permitem o início de colheita mais precoce (6 meses) enquanto que, nos meses mais frios a
colheita é mais tardia. De acordo com as condições climáticas da região, pode-se obter duas ou
mais safras de frutos por ano.
O período de colheita é bastante longo na maioria das regiões brasileiras, sendo maior
nas regiões com calor e umidade suficientes para um prolongado período de frutificação e menor
naquelas sujeitas a frio mais intenso ou a um período de seca mais notável.

102
O maracujazeiro tem longo período de safra, variável de 8 meses no Sudeste, 10 meses no
Nordeste e até 12 meses no Norte. Nos trópicos, a produção é quase ininterrupta, mas nas regiões
subtropicais a vegetação do maracujazeiro cessa durante o inverno, não havendo produção
durante esse período e nos meses da primavera, fazendo com que nesta região o período
produtivo do maracujá se reduza a 6 ou 7 meses do ano.
Quando o maracujazeiro é plantado na região Centro-Sul, no início das chuvas, ou
seja, em agosto-setembro, começará a dar frutos em fevereiro. O período entre a abertura das
flores até a colheita são necessários em média 80 dias para o maracujá amarelo. Como o período
de florescimento apresenta uma maior intensidade de outubro a março, com um pico no mês de
dezembro, verifica-se que o período de maior colheita se estende de dezembro a junho com uma
maior concentração de janeiro a março, o que pode ser comprovado pelos menores preços obtidos
neste período, em função de uma maior oferta.

10.6.1. RENDIMENTO:

O rendimento da cultura depende de fatores como o clima, solo, espaçamento, tratos


culturais, adubação e controle fitossanitário, entre outros. Já no primeiro ano de plantio é efetuada
uma primeira colheita, embora o maracujazeiro ainda não tenha entrado em franca produção, o
que se dá no ano seguinte ou subseqüente. Pode-se estimar em termos médios, num plantio bem
conduzido, um rendimento de 8 a 10 t/ha/ano no primeiro ano, 15 a 20t/ha no segundo ano e 12 a
14 t/ha, no terceiro ano. O rendimento pode chegar a até 45t de frutos/ha/ano onde a média
nacional está estimada em torno de 10t/ha/ano devido a baixa tecnologia empregada pela maioria
dos produtores. Considera-se a produtividade média de 14 kg/planta/ano.
Recomenda-se estabelecer anualmente, a partir do segundo ano, novos plantios
correspondentes a um terço ou a um quarto da área inicial implantada, de modo que essas novas
plantações comecem a frutificar a cada ano, à medida que outros talhões entrem em declínio de
produção, para manter o nível de produção relativamente estável.

10.7. PREPARO DE MUDAS:

As mudas são preparadas no viveiro e em saquinhos plásticos ou tubetes. Para o


preparo de substratos para a produção de mudas em saquinhos plásticos, utilizam-se as seguintes
proporções: 3 partes de terra argilosa, 1 parte de areia grossa de rio, 1 parte de esterco bovino
curtido, 3 Kg de superfosfato simples e 0,5 Kg de cloreto de potássio para cada m 3. Já para os
tubetes são utilizadas misturas de substratos industriais como vermiculita, perlita, turfa e casca de
arroz carbonizada. Fazer a semeadura no período de julho a agosto, diretamente em recipientes
individuais Após o preparo colocar de duas a três sementes por recipiente, dependendo da
germinação. Após 10-20 dias da emergência, fazer o desbaste e deixar apenas uma muda por
recipiente. Transplantar as mudas após 60 a 80 dias, com 20 a 25 cm de altura, com 5 a 7 pares
de folhas definitivas para o local definitivo, irrigando-as abundantemente, até o perfeito pegamento.

10.8. PREPARO DE SOLO E IMPLANTAÇÃO:

Após o preparo de solo e a incorporação do calcário fazer as covas nas dimensões de


30cm x 30cm x 30cm ou 40cm x 40cm x 40cm. Os espaçamentos são variáveis, dependendo do
tipo de mecanização a ser utilizada na lavoura. Os espaçamentos são: 4m x 2m (entre linha e
linha); 3m x 2 m. No cultivo mecanizado o espaçamento entre linhas varia de 3,0 - 3,5m em função
da largura do trator. Já entre plantas, o espaçamento pode variar de 1,0 a 5,0m.

10.9. SISTEMAS DE CONDUÇÃO:

O sistema de condução mais utilizado atualmente é o de espaldeira com um fio de


arame liso a altura de 1,80 a 2,00m. Porém, também podem ser encontrados plantios conduzidos

103
em caramanchão ou latada e espaldeiras com dois fios de arame. As estruturas aéreas são:

• Latada ou Caramanchão.
• Espaldeira Horizontal ou em T.
• Espaldeira Vertical (com 1 ou 2 fios).

a) Latada ou Caramanchão:
- muito utilizado em pomares domésticos.
- proporciona boa vegetação e grande produção.
- desvantagens: alto custo e maior ocorrência de doenças.

b) Espaldeira Horizontal ou em T:

- sistema utilizado no Havaí.


- apresenta um alto custo.
- comporta um menor número de plantas por unidade de área.

c) Espaldeira Vertical:

É o sistema mais utilizado para o cultivar redondo amarelo.


* Material necessário:
- postes espessos separados a cada 50-70 m (mourões).

104
- ripas finas de madeira ou bambu a cada 4-7 m.
- fios de arame simples (número 10 ou 12) ou aço galvanizado número 16.
Os postes devem ser enterrados a 50-60 cm de profundidade. Os mourões devem ter
as bordas superiores inclinadas para evitar infiltração de água e conseqüente apodrecimento e
devem ficar inclinados para fora em 45º .Em terrenos com topografia ondulada os postes e as
estacas devem ser colocados em nível.

c.1) Espaldeira Vertical com 1 Fio:

- altura do solo: 1,80 m


- distância entre as ripas: 4 m
- distância entre os mourões: 50 m

c.2) Espaldeira Vertical com 2 Fios:

- altura em relação ao solo: 1º fio = 1,20 m e 2º fio = 1,80 m.


- distância entre as ripas: 7 m
- distância entre os mourões: 70 m.

10.10. DOENÇAS:
10.10.1 - DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS:
a) ANTRACNOSE:

Agente causal: A antracnose é causada pelo fungo Colletotrichum gloesporioides Penz,


cuja ação é favorecida por alta umidade, especialmente com chuvas freqüentes e abundantes e
temperatura média (de 26°C a 28°C), fatores que ocorrem conjugados apenas no verão, nas
condições do planalto paulista, no outono, no litoral, razão por que assume enorme importância de
fins de dezembro a fins de março no planalto e de março a início de junho no litoral. No inverno sua
incidência diminui mesmo que ocorram chuvas. Além da influência da temperatura e umidade para
sua ocorrência outros fatores são importantes como luminosidade reduzida, ventilação e presença
de ferimento. Sua ocorrência dá-se praticamente em todas as regiões produtoras no Brasil e
também em diversos países do globo. Ataca todos os órgãos aéreos da planta como folhas, botões
florais, gavinhas, ramos e frutos.

Sintomas: Nas folhas os sintomas apresentam-se na forma de manchas com aparência


oleosa, que evoluem em tamanho, adquirindo uma cor parda, com bordos pardo-escuros e

105
diâmetro de mais de 1 cm. Com o desenvolvimento da doença, formam-se grandes áreas de
tecidos necrosados, apresentando rachaduras e intensa queda de folhas. Nos ramos, manchas
com aspecto oleoso evoluem para cancros que expõem os tecidos do lenho e, quando estas
lesões circundam os ramos, acarretam a morte das partes acima da área afetada, ocorrendo o
desprendimento das folhas e morte dos ponteiros. Flores afetadas são abortadas e frutos em
formação caem prematuramente. Nos frutos jovens, as manchas passam da aparência oleosa para
a pardacenta, com a formação de tecido corticoso, deprimido e murcho. Nos frutos maduros, essas
manchas são deprimidas e escuras, afetando a polpa, muitas vezes apresentando-se na forma de
podridão mole e provocando queda dos frutos. As frutificações do fungo que são formadas na
superfície das lesões são disseminadas pela água de chuva ou irrigação, sendo este o principal
meio para o aumento da doença na área. Além dos meios de sobrevivência do patógeno que se
dão em restos de cultura e em tecidos afetados na própria planta. A antracnose é, portanto, mais
exigente em água para o seu alastramento quando comparado, por exemplo, com a bacteriose.
Sementes e mudas infectadas constituem-se também meios importantes para a disseminação do
patógeno.

Controle: Recomenda o uso de mudas e sementes sadias, instalação de viveiros de mudas


distantes de lavouras adultas e contaminadas, eliminação de restos culturais e aplicação de
fungicidas à base cobre (2,5 a 4,0 Kg do produto com 50% de cobre metálico para 1000 plantas) a
intervalos de 14 dias quando as condições forem favoráveis à doença passando para 30 dias sob
chuvas regulares e suspensão do tratamento quando as condições forem desfavoráveis. Produtos
à base de ditiocarbamatos e enxofre (200 e 150 g por 100L de água) também podem ser utilizados.
Recomenda também para o controle da antracnose podas de limpeza para eliminação de focos da
doença. Ela deve ser realizada quando as plantas estiverem enxutas e, posteriormente à sua
realização, deve-se realizar pulverização com fungicida cúprico.

b) CLADOSPORIOSE OU VERRUGOSE:

Agente Causal: A doença é causada pelo fungo Cladosporum herbarum Link, que ataca a
maioria das passifloriáceas. Doença típica de tecidos tenros, a cladosporiose aparece sempre em
brotações (folhas e ramos) e em frutinhos pequenos em forma de pequenas pontuações escuras e
deprimidas que à medida que crescem de diâmetro tomam forma que varia de acordo com o modo
de desenvolvimento do órgão atacado.

Sintomas: Nas folhas manchas pequenas inicialmente translúcidas se desenvolvem para


necróticas. Quando estas lesões se desenvolvem próximas ou sobre a nervura, pode haver
deformação ou encarquilhamento das mesmas, e em caso mais extremo o rompimento do tecido
no centro da mancha causa perfuração na folha. Nos ramos as lesões se transformam em cancros
de aspecto alongado, deprimido podendo formar um calo cicatricial. Com isso, os ramos se tornam
fracos e quebradiços à ação do vento. Nos frutos o sintoma principal é a verrugose caracterizada
pelo desenvolvimento de tecido corticoso e saliente sobre as lesões inicialmente planas, reduzindo
o valor comercial dos mesmos embora as sementes e a qualidade do suco não sejam afetadas.

O agente causal é um fungo muito ativo em épocas de temperaturas amenas (15 a 22°C).
Em estações ou regiões quentes só causa lesões em frutos devido ao micro clima úmido que se
forma pelo envolvimento da massa vegetativa. Em ambientes de temperaturas amenas a
cladosporiose é muito prejudicial na brotação primaveril, quando pode comprometer os ramos
novos, através de lesões cancróticas, bem como perfurações e engruvinhamentos de folhas, com
isso atrasam o início da safra. O mais recomendável é que tais brotações ocorram sob cobertura
fitossanitária utilizando-se fungicidas à base de cobre.

Controle: As medidas recomendadas para o controle da antracnose são normalmente


eficazes no controle da verrugose do maracujá.

c) SEPTORIOSE:

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A septoriose possui baixa freqüência no Brasil, mas que em algumas regiões tem sido
relatada causando prejuízos relevantes, tanto em viveiros ou em plantas adultas.

Agente Causal: a moléstia é causada por fungo do gênero Septoria sp. ocorrendo em
viveiros mal conduzidos e, principalmente sem cobertura fitossanitária. È uma moléstia grave, pois
além de desfolhar e despontar as plantinhas inibe-lhes o crescimento, tornando-as
economicamente irrecuperáveis.

Sintomas: No viveiro os primeiros sintomas são observados nos limbos das folhinhas, sob a
forma de anasarcas que, com a evolução da doença, tornam-se secas envoltas por um halo
amarelado, nesta fase as folhas se mostram enrugadas e o ponteiro morre, impedindo o
crescimento apical e as folhas se desprendem das plantas. É mencionada a ocorrência da Septoria
passiflorae, atacando ramos e folhas em plantas adultas. As folhas apresentam manchas de
aspecto aquoso e formato circular. Com a evolução da doença essas áreas ficam necrosadas
envoltas por um halo amarelado onde as frutificações do fungo podem ser observadas. Antes da
queda das folhas como o ponteiro morre, surgem brotações laterais que resultam em plantas
enfezadas e super-ramificadas.

Controle: O uso de fungicidas benzimidazóis e as demais medidas utilizadas, visando o


controle da antracnose, mostram-se eficientes para o controle da septoriose.

d) PODRIDÃO FLORAL DO MARACUJAZEIRO:

É uma doença relativamente nova para a cultura e, por isto, existem poucas informações
sobre a sua distribuição geográfica, incidência, níveis de prejuízo e controle. Inicialmente foi
verificado em Brasília, apenas em maracujá-doce e atualmente tem sido verificado em maracujá
amarelo na região Sudeste, especialmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, e na região
Norte, em plantios localizados no Pará.

Agente Causal: A doença é causada por espécies de fungos do gênero Rhizopus e ataca
principalmente as flores do maracujazeiro. Os sintomas iniciam-se pela presença de manchas de
aspecto encharcadas e escuras sobre sépalas e pétalas, e posteriormente sobre todo o botão
floral. Relata-se que a expansão do maracujá-doce no Distrito Federal enfrenta sérios problemas
com Rhizopus stolonifer em botões florais e flores durante o período chuvoso (Janeiro à Março) e
que o mesmo provocou uma queda de 63% de flores quando a chuva prolongou-se por mais de
quatro dias.

Sintomas: Os sintomas iniciais caracterizaram-se pelo aparecimento de pequenas


pontuações escuras nas sépalas, evoluindo para as pétalas que se tornam escuras e putrificadas.

Controle: Esta doença ocorre principalmente no verão durante período chuvoso prolongado e
o seu controle tem sido difícil, apenas o tecuconazole mostrou eficiência dentre os vários produtos
testados. É necessário maior conhecimento sobre o agente causal e a doença.

10.10.2 - DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS:

Diversas bactérias estão assinaladas como patogênicas ao maracujazeiro em diferentes


regiões do mundo. De acordo com Bradbury (1986), esses agentes causais e seus principais
sintomas são: Agrobacterium tumefaciens, incitando galhas ou tumores, principalmente na região
do colo; Pseudomonas syringae pv. syringae, P. s. pv. passiflorae e P. viridiflava, ocasionando
manchas foliares e Xanthomonas campestris pv. passiflorae, provocando lesões foliares, tanto na
forma angular ou como crestamento, além de morte de plantas. Dessas bactérias, as mais
importantes, são Pseudomonas syringae pv. passiflorae, observado na África do Sul, Austrália e
Nova Zelândia, e Xanthomonas campestris pv. passiflorae, assinalada na Austrália e no Brasil.
Para o Brasil, a Xanthomonas campestris pv. passiflorae é a única bacteriose até o momento, de
importância econômica causando a mancha bacteriana no maracujazeiro.

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a) MANCHA BACTERIANA:

Agente Causal: Doença causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. passiflorae foi
relatada pela primeira vez por Pereira (1968) na região de Araraquara, infectando plantas em
cultivos comerciais e desde então é observada nos principais Estados onde o maracujá é plantado
comercialmente.

Sintomas: Foram observadas ocorrências de bacteriose em maracujazeiros nos núcleos


rurais de Vargem Bonita e Vargem da Benção – DF durante a estação chuvosa observando que
além do amarelecimento, murcha e crestamento de uma área foliar com enegrecimento dos vasos
a partir do bordo, as folhas afetadas se desprendiam muito precocemente, causando desfolha e
impedindo a formação de frutos. A bacteriose causada por X. campestris pv. Passiflorae ocorre de
forma severa sob condições de clima quente e úmido. Inicialmente nas folhas internas são
observadas lesões pequenas, encharcadas, oleosas, translúcidas localizadas próximas às
nervuras, com halos visíveis, às vezes acompanhadas de enegrecimento vascular a partir dos
bordos que evoluem para marrom, deprimidas na face dorsal da folha, de formato variado,
raramente circular, que coalescendo em grandes áreas necrosadas causam seca total da folha. A
partir destas lesões foliares, a infecção pode se tornar sistêmica e atingir os ramos, que podem
apresentar caneluras longitudinais, então se segue a desfolha, seca a partir das extremidades e
redução na frutificação. Nos frutos as lesões são pardas, oleosas, circulares ou irregulares,
podendo coalescer, geralmente superficiais podendo se aprofundar até a região das sementes
tornando os frutos impróprios para comercialização. Exsudação típica de pus bacteriano pode ser
vista quando feixes vasculares infectados são comprimidos.

Atualmente em diversas regiões produtoras a forma sistêmica de infecção é predominante


em relação a forma localizada de infecção, ocasionando crestamento foliar intenso que pode atingir
grandes áreas foliares, que tornam-se pardacentas, translúcidas contra a luz, acompanhadas de
escurecimento de pequenas porções das nervuras. Estas folhas desprendem-se dos ramos,
resultando em desfolha intensa. Estudos em desenvolvimento sugerem a ação de uma toxina
produzida pela bactéria como responsável pela indução desse tipo de sintoma. A bactéria tem a
forma de bastonete, móvel por um flagelo polar e não produz esporos. Esta bactéria pode ser
inoculada, com êxito através do corte das extremidades das folhas de plantas com 3-5 folhas
verdadeiras, utilizando-se de tesoura imersa na suspensão do inoculo. O período de incubação é
geralmente de 8 a 10 dias.

Controle: Dentre todas as medidas de controle a mais importante é a utilização de mudas e


sementes sadias por disseminarem o patógeno a longas distâncias. A semente pode veicular o
patógeno tanto interna quanto externamente, sendo que a taxa de transmissão da bactéria pelas
sementes é relativamente baixa, estando em torno de 1%. Embora esses valores sejam baixos,
são suficientes para iniciar uma epidemia em novos plantios. No caso de não se conhecer a origem
das sementes, ou querer se utilizar frutos com boas características, mas, provenientes de plantios
contaminados, o tratamento térmico é uma boa opção. Dias (1990) relata que a termoterapia em
água aquecida a 50ºC, por 15, 30 ou 60 minutos é eficiente para se eliminar o patógeno sem afetar
o poder germinativo.

Para o controle químico estão registrados produtos cúpricos (hidróxido de cobre, oxicloreto
de cobre e óxido cuproso) e um à base de antibióticos (estreptomicina + oxitetraciclina).

10.10.3 - DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS:

a) VÍRUS DO ENDURECIMENTO DOS FRUTOS DO MARACUJAZEIRO (“PASSION FRUIT


WOODINESS VIRUS” – PWV):

Agente Causal: “wodiness” doença do vírus do maracujazeiro foi constatado pela primeira
vez em 1891 na Austrália e desde 1982 em plantas da coleção de passifloráceas na UNESP –
Botucatu. Embora já houvesse menções sobre a sua ocorrência no Brasil, foi só em 1979 que
Yamashiro & Chagas indicaram a presença, na Bahia, do vírus do endurecimento do fruto do

108
maracujá tanto em maracujá amarelo (Passiflora edulis) como em Passiflora alata. A distribuição
geográfica inclui também a Austrália, Suriname, Formosa, África do Sul, Sumatra, Quênia e
Inglaterra.

Sintomas: Nas plantas afetadas são observados mosaicos, clareamento das nervuras,
manchas anelares, rugosidade, distorção e mosqueado amarelo. Nos frutos distorção,
espessamento e endurecimento do pericarpo, este endurecimento também pode ser causado pelo
vírus do mosaico do pepino, fatores nutricionais e injúrias produzido por insetos. Normalmente as
plantas infectadas pelo PWV apresentam nanismo e existe uma estirpe que induz a formação de
lesões no caule e necrose na parte terminal dos ramos. Quando ocorre o complexo PWV e CMV os
sintomas intensificam, com efeito, sinérgico, provocando nanismo intenso e amarelecimento das
plantas, acompanhado de queda das folhas e necrose do topo.

b) VÍRUS DO MOSAICO DO PEPINO (“CUCUMBER VIRUS” – CMV):

No Brasil, foi constatado pela primeira vez em Botucatu – SP, em 1984, apresentando
sintomas foliares de anéis e semi anéis de coloração amarelo intensa, às vezes coalescidos,
tomando boa parte do limbo, pontuações cloróticas nas regiões das nervuras, induzindo leve
deformação nas folhas e os frutos pequenos, endurecidos e deformados. O CMV é facilmente
transmitido por afídeos principalmente pulgões e possui grande número de espécies hospedeiras
além de pertencer ao grupo dos Cucumovírus.

c) VÍRUS DO MOSAICO AMARELO DO MARACUJAZEIRO (“PASSION FRUIT YELLOW


MOSAIC VIRUS – PYMV)

Este vírus foi observado pela primeira vez no município de Cachoeira de Macacu – RJ.
Plantas atacadas são menos desenvolvidas e menos produtivas, embora o vírus não afete a
produção de modo geral. As folhas apresentam mosaico amarelo brilhante, amarelecimentos das
nervuras e leve enrugamento.

d) VÍRUS DO MOSAICO DO MARACUJÁ ROXO (“PURPLE GRANADILLA MOSAIC VIRUS –


PGMV):

Este vírus foi encontrado em Cotia, SP, infestando plantas de maracujá roxo, não havendo
relatos de sua presença em outras localidades. È transmitido pelo besouro D. speciosa e apresenta
uma gama de hospedeiros restrita ao gênero Passiflora, com expressão de sintomas apenas em
maracujá roxo. Plantas infectadas apresentam sintomas de mosaico somente em condições de
temperatura abaixo de 20°C que tendem a desaparecer a temperaturas altas.

e) VÍRUS DO ENFEZAMENTO DO MARACUJAZEIRO (“PASSION FRUIT VEINCLEARING


VÍRUS – PVCV):

Em 1981 foi descrito como uma doença cujos sintomas nas plantas afetadas eram o
endurecimento dos entrenós, folhas coriáceas, ramos de cor verde escura e quebradiços,
clareamento de nervuras e produção de frutos pequenos e mal formados. A anomalia ficou
conhecida como “enfezamento” mas observações posteriores sugerem o clareamento das nervuras
com um sintoma muito peculiar.

f) VÍRUS DA PINTA VERDE DO MARACUJAZEIRO (“PASSION FRUIT GREEN SPOT VÍRUS” –


PGSV):

A pinta verde foi constatada inicialmente na região de Vera Cruz-SP causando pequenas
manchas verdes em frutos maduros, em folhas que se tornam cloróticas por senescência e lesões
necróticas em ramos. Quando a infecção é precoce, as lesões das hastes se coalescem,
produzindo anelamento e conseqüente morte da planta. A anomalia está associada à infestação
com ácaros identificados como Brevipalpus phoenicis Geijsk e quando esta infestação se dá

109
precocemente e não for controlada, ocorre uma rápida proliferação e a cultura pode ser destruída.
Efeitos citopáticos similares àquelas descritas para o vírus da leprose do Citros foram confirmados
ao microscópio eletrônico. Os sintomas também tem sido observados em maracujazais no estado
do Rio de Janeiro e Distrito Federal sempre associados à transmissão pelo ácaro B. phoenicis.

g) FITOPLASMA DO SUPERBROTAMENTO DO MARACUJAZEIRO (“PASSION FRUIT


WITCHES” – BROOM PHYTOPLASMA):

É uma doença causada apenas no Brasil tendo sido constatada simultaneamente em Macaé,
RJ e Vitória de Santo Antão, PE. Barbosa (1999), relata sua ocorrência recente no Recôncavo
Baiano sendo que sua disseminação parece estar associada a uma cigarrinha e sua ocorrência
restrita à uma região. Neste mesmo período foi também constatada a doença “irizado do
chuchuzeiro”, o que sugere que as duas doenças sejam causadas pelo mesmo patógeno. Esta
doença ocorre juntamente com o endurecimento dos frutos em Pernambuco, no Paraná foi
detectada associada ao enfezamento causado por um vírus do gênero Rhabdovírus.

A doença é caracterizada pela redução no porte e superbrotamento dos ramos, que se


tornam eretos e sofrem encurtamento dos entrenós, as folhas apresentam-se pequenas, com forte
clorose e espessamento das nervuras, as flores abortam e caem, impedindo a frutificação,e
quando esta ocorre, os frutos caem ainda verdes. Embora de natureza grave, o superbrotamento
tem ficado restrito às áreas onde ocorre, acabando com a cultura. Isto poderia explicar, ao lado da
provável baixa densidade – ou inexistência – de hospedeiros do agente causal, a pouca
capacidade da disseminação da moléstia.

h) BEGOMOVÍRUS:

Novaes et al. (2002), inspecionando plantas que apresentavam síntomas de mosaico


dourado, encarquilhamento e drástica redução da área foliar verificaram que as mesmas também
apresentavam alta infestação de mosca branca (Bemisia tabaci), além de estarem infectadas como
o PWV. Suspeita de infecção com possível begomovírus foi avaliada através de testes de
transmissão por enxertia, por moscas brancas coletadas de folhas sintomáticas e por PCR
utilizando-se primers universais que amplificam os componentes A e B de begomovírus.
Resultados mostram que plantas de maracujazeiro enxertadas mostraram sintomas semelhantes
àquelas doentes em campo, e as plantas que foram inoculadas com mosca branca também
apresentaram sintomas, embora em menor intensidade. Alterações nucleares características do
begomovírus foram observadas em cortes ultra-finos de tecido de maracujazeiro inoculado com
mosca branca. O estudo da seqüência de nucleotídeos é o próximo passo para uma melhor
caracterização deste vírus.

CONTROLE DAS DOENÇAS VÍRÓTICAS:

Diversas medidas de controle para doenças viróticas são:

- Efetuar a fiscalização de viveiros, eliminando-se mudas com sintomas suspeitos.

- No caso de vetores conhecidos, efetuar o seu controle (químico, biológico) quando sua população
atingir níveis críticos.

- Eliminar quando possível hospedeiro de viroses, tais como leguminosas e passifloráceas


silvestres.

- Impedir que as viroses sejam introduzidas em regiões indenes, principalmente àquela trazida por
semente do exterior, sem antes passar por quarentena.

- Buscar fontes de resistência em cultivares de espécies já economicamente exploradas e em


outras espécies de Passiflora.

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- Efetuar premunização com estirpes fracas, no caso do PWV. Neste caso corre-se o risco de
aparecimento de estirpes severas rompendo o fator de proteção conferido pelas estirpes protetoras
em culturas tolerantes.

10.11. PRAGAS:

10.11.1) Lagartas:

a) Dione juno juno:

As formas adultas dessa espécie são borboletas com cerca de 60 mm de envergadura,


apresentando as asa de coloração alaranjada e as margens externas com faixas pretas. As
fêmeas, normalmente efetuam as posturas em grupos que variam de 60 a 130 ovos, situadas na
página abaxial das folhas. Quanto a sua coloração, são inicialmente amarelados e quando atingem
o final do período de incubação apresentam-se mais escuros, ou seja, marrom-avermelhado. As
lagartas recém-emergidas possuem aproximadamente 1,5 mm de comprimento de coloração
amareladas, porém, ao atingirem o máximo desenvolvimento chegam a medir entre 30 e 35 mm de
comprimento assumindo uma coloração pardo-escura; cabeça preta; corpo recoberto por espinhos,
e vivem agregadas. Durante o período larval, as lagartas passam por 4 a 5 ecdises. As pupas são
de coloração cinza-avermelhada e medem de 20 a 25 mm de comprimento. O ciclo evolutivo de
ovo a adulto encontra-se em torno de 45 dias.

b) Agraulis vanillae vanillae:

As borboletas dessa espécie possuem cerca de 60 mm de envergadura, apresentando o


corpo de coloração cinza-escuro, suas asas anteriores e posteriores são alaranjada com
pontuações esparsas pretas. As nervuras são salientes e possuem também, a coloração preta,
com faixas negras nos bordos da asa, especialmente das posteriores. A postura é feita
isoladamente, na página abaxial das folhas ou ramos. As larvas recém-emergidas medem
aproximadamente 1 a 2 mm de comprimento, com coloração branca-pardacentas, caracterizando-
se por viverem isoladamente. No último instar chegam a medir 30 mm e apresentam uma
coloração amarela mais escura, com duas faixas laterais de cor marrom, corpo recoberto por
espinhos pretos e cabeça bem escura. Em estudo realizado entre janeiro e fevereiro de 1952, na
cidade de Piracicaba, SP, observou a duração de 3 três dias para o estágio de ovo, para a lagarta
17 dias e para a crisálida 7 dias, totalizando 27 dias para o período de ovo a adulto.

Sintomas: A ocorrência das lagartas é observada mais freqüentemente durante o período


seco do ano, estendendo-se normalmente em abril a agosto. O ataque dessas lagartas se
caracteriza pela redução considerável da área foliar das plantas, podendo trazer prejuízos totais à
produção. Além do elevado consumo de folhas, é comum cortarem e danificarem as brotações
novas, botões florais e as flôres do maracujazeiro. Quando iniciam seu ataque os danos causados
não são muito significativos, devido ao pequeno porte das lagartas, porém a medida que crescem,
o consumo foliar aumenta sensibilizando e comprometendo o crescimento da planta. A constatação
da presença das lagartas muitas vezes é feita pela observação dos dejetos ou resíduos, deixados
por estas de maneira aglomerada sobre a superfície foliar. Sem dúvida o ataque das lagartas é
mais prejudicial durante o período de formação da cultura (plântulas ou mudas recém-plantadas),
época em que as folhas são mais tenras, macias e consequentemente facilitam a alimentação das
mesmas, atacando também os ponteiro dos ramos. Em plantas mais desenvolvidas ou vigorosas, a
importância destas pragas vai depender do nível de infestação. Devido ao ataque nas fases jovens
da planta, estas atrasam seu desenvolvimento vegetativo, apresentando menor vigor em relação
as plantas não danificadas. É necessário grande cuidado, uma vez que desfolhas sucessivas nas
plântulas podem acarretar a morte das mesmas.

Controle: Quando as plantas são novas, encontrando-se em viveiros ou recém-plantadas,


com baixos níveis de infestação de lagartas, recomenda-se a catação manual das mesmas com
posterior eliminação. Este processo pode ser feito esmagando-se as lagartas com as mãos ou

111
mesmo cavando-se pequenas covas no solo, jogando-as em seu interior e enterrando-as
firmemente. Em plantações bem formadas, onde as plantas já possuem grande porte, com baixos
níveis de infestação, torna-se desnecessária a aplicação de inseticidas.
Tratando-se de controle biológico, na natureza ocorrem vários predadores destas lagartas, e dentre
eles destacam-se Polistes spp., Polybia spp. (Hymenoptera: Vespidae); Heza spp. (Hemiptera:
Reduviidae), além de diversos parasitóides como Opius spp. (Hymenoptera, Braconidae),
Pteromalus spp. (Hymenoptera: Pteromalidae), entre outros.
O uso de microrganismos como o Bacillus thuringiensis, pode resultar em um eficiente controle das
lagartas. Os produtos a base de microrganismos devem ser aplicados preferencialmente a tarde,
sendo verificado seu efeito somente após 6 a 10 dias da aplicação. Outros inimigos naturais
encontrados na natureza trata-se dos pássaros (andorinhas, tesourinha e anus), os quais
alimentam-se de lagartas e borboletas. A tabela 1 indica os produtos indicados para o controle das
lagartas no maracujá.

112
113
10.12. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO NA CULTURA DO MARACUJÁ:

10.12.1. NUTRIÇÃO:

A descrição dos sintomas de deficiência que se segue, é baseada em revisão de literatura


citada por Ruggiero et al. (1996).
Nitrogênio: As plantas deficientes em nitrogênio apresentam pequeno porte e menor números de
ramos que são mais finos e com tendência para crescimento vertical. O sintoma característico da
deficiência é o amarelecimento generalizado das folhas por falta da clorofila, iniciando-se nas
folhas mais velhas.
Fósforo: As plantas deficientes em fósforo acumulam açúcar nos tecidos e, a partir deste,
sintetizam pigmentos escuros, as antocianinas que conferem coloração mais escura às folhas.
Então, o sintoma inicial de deficiência de fósforo no maracujazeiro é o aparecimento desta
coloração nas folhas mais velhas que evolui rapidamente para a cor amarelada que é progressiva

114
da margem para o centro das folhas. Por falta de energia (ATP) as plantas apresentam pequeno
desenvolvimento e atraso no ciclo, prejudicando a floração e provocando queda de frutos novos.
Potássio: Na deficiência do potássio ocorre clorose seguida de necrose nas margens das folhas,
inicialmente nas folhas mais velhas. Quando a necrose atinge as nervuras das folhas, esta se
curva para baixo, ocorrendo em seguida sua queda prematura. A floração atrasa e ocorre
diminuição no tamanho dos frutos. Ocorre ainda, redução significativa da área verde foliar,
afetando a fotossíntese e, por conseguinte, o teor de sólidos solúveis dos frutos.
Cálcio: Os sintomas de deficiência de cálcio são: morte da gema apical, clorose e necrose
internervais nas folhas mais novas, uma vez que o elemento tem baixa mobilidade na planta.
Magnésio: Com a deficiência de magnésio aparecem inicialmente manchas amareladas entre as
nervuras das folhas mais velhas, que se unem e evoluem para coloração mais escura até o
marrom, enquanto as nervuras permanecem verdes. Ressalta-se que a deficiência de Mg, no
maracujazeiro, pode ser induzida por excesso de adubação potássica, como já tem sido verificada
em diversas culturas.
Enxofre: Os sintomas gerais de deficiência de enxofre são semelhantes ao nitrogênio, diferindo
porém, quanto à localização. No caso do enxofre o amarelecimento ocorre, inicialmente, nas folhas
mais novas (baixa mobilidade) e para o nitrogênio nas folhas mais velhas (alta mobilidade). A
deficiência de enxofre pode induzir, ainda, coloração avermelhada nas nervuras da página inferior
das folhas.
Cobre: Com a deficiência deste nutriente as células terão paredes mais delgadas e,
conseqüentemente, as folhas serão mais finas e apresentarão aspecto de murchamento. É
comum, também, o aparecimento de folhas grandes e largas, mais finas e com nervuras salientes.
Ferro: O ferro tem importância na síntese de clorofila, sendo o sintoma típico de sua deficiência a
presença do verde muito claro na lâmina foliar, com permanência de estreita faixa verde ao redor
das nervuras, inicialmente nas folhas mais novas. Acentuando-se a deficiência, a clorose atinge as
folhas do terço médio dos ramos e também as nervuras, de forma que toda a lâmina foliar adquira
coloração amarelo-esbranquiçada.
Manganês: Na deficiência de manganês, aparecem manchas cloróticas entre as nervuras das
folhas superiores, permanecendo as nervuras, e uma parte do tecido ao redor delas, com
coloração verde, dando aspecto de reticulado grosso de nervuras. Acentuando-se a deficiência, a
clorose se generaliza e aparecem pontos necróticos no limbo foliar.
Zinco: A deficiência de zinco afeta acentuadamente o crescimento de ramos e de folhas, havendo
formação de internódios curtos, com o aparecimento de "rosetas" (folhas miúdas) na extremidade
dos ramos.
Boro: As plantas deficientes em boro sofrem atrofia e posterior necrose das pontas de ramos,
podendo ocorrer ou não excesso de brotações laterais, logo abaixo da gema atrofiada. As folhas
novas crescem pouco e apresentam uma textura coriácea, com ondulações dos bordos e
encurvamento. Há formação de manchas necróticas internervais e nos bordos das folhas.
Molibdênio: O molibdênio, componente da enzima redutase do nitrato, está implicado no
metabolismo do nitrogênio, e sua deficiência deverá provocar sintomas semelhantes à deficiência
deste macronutriente.
Cloro: Os sintomas de deficiência do elemento para o maracujazeiro, não foram ainda descritos.

Os teores de macro e micronutrientes deverão ser determinados na 3ª ou 4ª folha, a partir do


ápice de ramos não sombreados, utilizando-se como referência os valores da tabela:
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
g/Kg mg/Kg
43-55 2,3-2, 20-30 19-28 1,9-2, 3,2-4, 40-10 10-15 120-200 40-250 25-60
7 4 0 0

10.12.2. CALAGEM:

A calagem deve ser feita de acordo com a análise de solo e elevar a saturação do solo a
80%, e quando a quantidade de calcário exceder a 4 t/ha, dividir em duas aplicações.

115
10.12.3. ADUBAÇÃO DE PLANTIO:

*Adubação orgânica: aplicar 10 litros de esterco bovino por cova ou 5 litros de esterco de aves por
cova.
* Adubação mineral: As tabelas a seguir apresentam as recomendações de adubação no plantio
(adaptado de dados de Goiás e São Paulo).

Para a adubação fosfatada aplicar 80 g, 55 g e 30 g de P 2O5 por cova para os níveis de P no solo,
teores baixos, médios e altos, respectivamente (Observar tabela a seguir).

Para a adubação potássica aplicar 120 g, 80 g e 40 g de K2O por cova para os níveis de K no solo,
teores baixos, médios e altos, respectivamente (Observar tabela a seguir).

Para a adubação com micronutrientes aplicar 20 g de sulfato de zinco e 10 g de bórax por cova ou
50 g de FTE por cova.

Teor de argila no solo Teor de P no solo (mg/dm3)


(%) Baixo Médio Alto
61 a 80 1,1 a 2 2,1 a 3 >3
41 a 60 3,1 a 6 6,1 a 8 >8
21 a 40 5,1 a 10 10,1 a 14 >14
< 20 6,1 a 12 12,1 a 18 >18

Nível de K no solo K trocável (mg/dm3)


Baixo < 25
Médio 25 a 50
Alto > 50

10.12.4. ADUBAÇÃO DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO:

* Adubação nitrogenada: aplicar 160 g de N por ano e por cova divididas em 4 vezes por ocasião
das chuvas.

* Adubação fosfatada: aplicar 40 g, 25 g e 10 g de P2O5 por ano e por cova de acordo com os
níveis de P no solo, baixos, médios e altos, respectivamente, durante o florescimento (Observar
tabela anterior).

* Adubação potássica: aplicar 360 g, 240 g e 120 g de K2O por ano e por cova de acordo com os
níveis de K no solo, baixos, médios e altos, respectivamente, divididas em 3 vezes ao ano, junto às
doses de nitrogênio (Observar tabela anterior).

* Adubação com micronutrientes: aplicar 20 g de sulfato de zinco e 10 g de bórax por cova ou 50 g


de FTE por cova, durante a estação chuvosa.

10.13. DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA:

O conhecimento da morfologia e características dos frutos e suco é fundamental para auxiliar


na tomada de decisão com relação ao momento exato de colheita, bem como para padronizar os
frutos que serão colhidos. Na prática, os princípios que se usam para a colheita dos frutos
baseiam-se no número de dias decorridos desde a floração até o tamanho normal do fruto, na

116
coloração e na resistência do pedúnculo. Outros métodos para confirmação objetiva do grau de
maturação dos frutos que podem ser aplicados são os físicos e químicos.

10.13.1. CARACTERÍSTICAS DOS FRUTOS E SUCO:

O rendimento em suco está relacionado com o número de óvulos fecundados, os quais serão
transformados em sementes envolvidas por um arilo ou sarcotesta e que, por sua vez, encerram o
suco propriamente dito. Este rendimento em suco varia de 30 a 40% em relação ao peso do fruto
nas espécies P. edulis e P. edulis f. flavicarpa. Na espécie P. alata, Oliveira et al. (1982), citado por
Silva e Durigan (2000), encontraram variações de 14,01 a 21,30% de suco, enquanto, para
Vasconcellos et al. (1993), este rendimento foi de apenas 12,49%. Um fruto com peso de 95g
possui em média 42g de casca (44,2%), 48g de suco (50,5%) e 5g de sementes (5,3%).
Dentre as principais características químicas do suco do maracujá-amarelo citam-se o pH
entre 2,7 e 3,1, o teor de sólidos solúveis totais (SST) de 14,9% a 18,6%, e a acidez total titulável
(AAT) de 4,9% em ácido cítrico, o que proporciona um ratio (SST/ATT) de 3,4. No suco de
maracujá-roxo observou-se valor médio para o pH de 2,8, sólidos solúveis totais de 17,88%, acidez
total titulável de 3,3% e ratio de 5,51. O maracujá doce possui suco com teores médios de 16,25
º Brix, 0,49 g de ácido cítrico e pH de 3,31.
Os açúcares são os principais componentes dos sólidos solúveis totais do suco de maracujá.
No maracujá-amarelo 38,1% dos açúcares são constituídos por glicose, 32,4% por sacarose e
29,4% por frutose. No maracujá-roxo o principal açúcar também é a glicose, que representa 37,1%
dos açúcares totais, seguido pela frutose, 37,1% e sacarose, 29,1%.
O teor de ácido ascórbico no suco da fruta, um dos principais indicadores do seu valor
nutritivo, é muito variável, segundo o local de produção, estádio de desenvolvimento,
amadurecimento, temperatura de armazenamento e fotoperiodismo. A variedade roxa, com
29,80mg de ácido ascórbico por 100g de suco, em média, apresenta maior teor de vitamina C do
que a variedade amarela, que possui, em média, 20,00mg de ácido ascórbico por 100g. Para o
maracujá-doce, os teores médios de vitamina C são de 18,20mg por 100g de suco.

10.13.2. NÚMERO DE DIAS DA FLORAÇÃO AO PONTO DE COLHEITA:

A colheita, diretamente da planta, é realizada em função do tempo entre a polinização e o


amadurecimento do fruto. São necessários, em média de 60 a 70 dias da polinização da flor à
maturação do fruto para o maracujá-amarelo. Assim, duas ou mais safras por ano são possíveis,
dependendo das condições climáticas tratos culturais, situação geográfica entre outros fatores. O
ponto de maturação para a colheita depende da utilização que vai ser dada à fruta. Para o
maracujá-roxo, em torno de 85 dias e para o maracujá-doce, de 71 a 96 dias.
Nas condições de São Paulo, um fruto de maracujá leva cerca de 60 a 80 dias para se
desenvolver, a partir da polinização da flor.
Estudando diferentes épocas de colheita de frutos de maracujá-amarelo Aular-Urrieta (1999)
verificou que aos 53 dias após a antese, quando os frutos estavam com 20% da superfície da
casca com a cor amarela, amadureceram depois de colhidos, tanto em condições ambiente (24ºC,
60% UR) como refrigerado a 12ºC, 90% UR. Os frutos colhidos aos 63 dias, com coloração da
casca 40-50% amarela também amadureceram e apresentaram melhor qualidade do que aqueles
colhidos aos 53 dias. Os frutos colhidos aos 73 dias, com mais de 80% da superfície da casca
amarela, já possuíam todas as características de qualidades, estando maduros.

10.13.3. COLORAÇÃO DA CASCA:

A coloração da casca, que é utilizada por grande parte dos produtores como índice de
referência para indicar a maturação dos frutos, muitas vezes não é indicativa da constituição
química da polpa, quando se pretende saber, qual é o teor de açúcar ou de acidez que o fruto
contém. Esta coloração pode dar uma falsa indicação quando se compara fruto em posições
diferenciado na planta, sendo que, os que recebem mais raios solares durante boa parte do dia
adquirem uma coloração muito mais intensa. Em maracujá-roxo os frutos no estádio inicial
apresentam casca com coloração verde-escura, que com o amadurecimento, torna-se mais clara e

117
brilhante, e muda, progressivamente para o roxo. Após o 85º dia da antese, a casca estará
completamente roxa e o fruto completamente maduro. Durante o amadurecimento, o fruto do
maracujá-amarelo apresenta importantes mudanças nas características dos frutos e do suco.
Inicialmente, o fruto mostra predomínio da cor verde, misturada com áreas brancas, e, no final, sua
cor é a amarelo-intensa, cuja distribuição é uniforme. Com o avanço do estádio de maturação, a
espessura de sua casca diminui gradualmente e a coloração do suco muda de amarela para
amarelo-escura e finalmente para amarelo-alaranjado. O início das mudanças na cor externa desta
fruta acontece antes do começo da ascensão climatérica, quando há rápida transição da cor verde-
amarela para a amarelada e este incremento na degradação da clorofila foi associado com a
evolução do etileno autocatalítico.

10.13.4. RESISTÊNCIA DO PEDÚNCULO:

A resistência do pedúnculo pode ser considerada, em parte como um índice de maturação


da fruta, principalmente nas espécies de frutas que apresentam o pedúnculo no pedicelo. A
antracnose é uma doença que pode atacar os frutos, e provocar a perda de resistência do
pedúnculo, e o desprendimento dos frutos da planta, dando uma falsa impressão que os frutos
estão no ponto exato de colheita.

10.14. COLHEITA:

Os frutos de maracujá amarelo, ao atingirem a maturação, se desprendem das plantas e


caem naturalmente ao chão, particularmente após chuvas pesadas. Diante disso, o processo da
colheita consiste na catação dos frutos caídos, operação esta que deve ser feita pelo menos duas
vezes por semana, para evitar a possibilidade de apodrecimento ou perdas de peso por
murchamento.
Antes da colheita recomenda-se efetuar uma passagem entre as filas e derrubar os frutos
maduros que não caíram ou que estejam presos entre os ramos das plantas (Lima, 1999). Ao se
soltarem da planta alguns frutos ficam presos entre os ramos, especialmente na condução em
latada, e a catação precisa ser feita com certo cuidado, para encontrá-los e recolhê-los. Em
períodos chuvosos e épocas mais quentes do ano recomenda-se a colheita, se possível,
diariamente.
Em outras regiões produtoras brasileiras, recomenda-se a colheita entre 20 a 30 dias antes
de o fruto desprender-se da planta mãe, ponto este onde atinge seu máximo rendimento em suco
(30%) e o maior conteúdo em sólidos solúveis totais, estando com a coloração verde-amarelada.
Considera que os frutos caídos no chão estão em estádios inicias de senescência, tendo pouca
durabilidade na prateleira. Após caírem da planta mãe, os frutos já estão no início da senescência
e, portanto, além de murcharem rapidamente, têm vida útil curta e redução nos seus conteúdos de
acidez e açúcares. Assim, se não são consumidos em até cinco dias, são levados para a indústria
extratora de suco. O atraso no período de colheita compromete a comercialização, pois os frutos
geralmente são comercializados por peso, e os que possuem peso médio de 90g perdem peso
rapidamente à medida que permanecem no chão, ficando murchos, e podendo ser rejeitados pelos
consumidores de fruta fresca. Este comportamento tem dificultado a exportação da fruta fresca
pelo Brasil.

10.15. ARMAZENAMENTO:

O tempo aconselhável para armazenar o maracujá amarelo em condições ambientais é de 7


dias. Recomenda-se colher o maracujá um pouco mais cedo, ou seja, com 10 a 20% da coloração
da casca amarela, quando a utilização da refrigeração torna-se difícil. Colhidos neste estádio de
amadurecimento, os frutos amarelecem normalmente e podem durar de 7 a 10 dias com mínima
perda de água. Se os frutos forem colhidos ao redor de 30 a 40% de amarelo na casca, o
murchamento será um pouco maior que no caso anterior, mas estarão em condições bastante
razoáveis para serem comercializados em igual período.

118
11. A CULTURA DO COCO:
11.1. IMPORTÂNCIA E ORIGEM:

O coqueiro Cocos nucifera L. é tido como uma das plantas cultivadas de maior
importância no mundo, especialmente em algumas regiões, onde se constitui na principal fonte
alimentar e de renda para a população.
De origem asiática, é cultivado em mais de 80 países localizados na zona intertropical.
Considerado por muitos como a “árvore da vida”, origina mais de cem produtos ou subprodutos,
com destaque para óleos, água-de-coco, coco ralado, leite de coco, doces, sabões, cosméticos,
álcool, fibras e madeira.
No Brasil a cultura do coqueiro encontra-se basicamente distribuída na faixa litorânea
desde o Pará até o Rio de Janeiro, predominando a variedade Gigante. Entretanto, novos cultivos
têm sido implantados fora da região tradicional, utilizando-se as variedades de coqueiros anões.
Nos últimos anos, o cultivo do coqueiro vem se expandindo, tanto nas regiões tradicionais quanto
em novas regiões ou Estados como SP, MG e MT, principalmente com a utilização do coqueiro
anão verde visando a comercialização do produto na forma de fruto verde “in natura” para consumo
da água de coco.
Apesar das diferentes possibilidades para sua exploração, a cultura deve ser conduzida de
acordo com as técnicas agronômicas visando um sistema sustentável, com alta produtividade e
adequada qualidade de frutos.

11.2. VARIEDADES:

O coqueiro apresenta duas variedades principais, Gigante e Anã, sendo esta subdividida
em Verde, Amarelo e Vermelho. A variedade Gigante, introduzida no Brasil em 1553, caracteriza-
se por apresentar plantas de porte alto, entre 20 e 40 metros, início de produção de 6 a 7 anos,
frutos de tamanho grande, com aptidão para copra (albúmem sólido desidratado), destinados
basicamente para as indústrias. Apresentam rendimento médio entre 60 e 80 frutos/planta/ano. A
variedade Anã, introduzida no Brasil a partir de 1925, caracteriza-se por apresentar plantas de
porte baixo, entre 8 a 10 metros, início de produção de 2 a 3 anos, frutos de tamanho pequeno e
arredondados, com aptidão para água, destinados basicamente ao consumo “in natura”. Apresenta
rendimento médio entre 120 e 150 frutos /planta/ano. Essas características podem sofrer variações
conforme o local de cultivo, material genético utilizado, manejo e tratos culturais utilizados na
lavoura. Um terceiro tipo, o híbrido, pode ser obtido pelo cruzamento entre gigante x gigante, anão
x anão ou gigante x anão. O híbrido, resultante do cruzamento entre Gigante e Anã, tem sido muito
estudado por reunir as características favoráveis das duas variedades. Entretanto, filhos de
coqueiros híbridos não devem ser utilizados para plantio por apresentarem grande segregação,
resultando em plantas heterogêneas e com baixa produtividade.
Para o sucesso de um coqueiral, é de fundamental importância conhecer a procedência e a
qualidade genética das sementes ou mudas a serem utilizadas.

11.3. CLIMA E SOLO:

Espécie tipicamente tropical encontra condições climáticas favoráveis entre as Latitudes


20º N e 20º S. Planta característica de regiões quente, úmida e ensolarada, não tolera
sombreamento. Precipitações pluviométricas anuais (chuvas) acima de 1500 mm, com boa
distribuição mensal, temperatura média anual de 27º C, umidade atmosférica entre 80 e 85%, são
consideradas ideais. Nas regiões com baixa precipitação anual ou com distribuição irregular de
chuvas, a suplementação hídrica através da irrigação é fundamental para a obtenção de alta
produtividade e estabilidade de produção.
Solos adequados são aqueles de boa fertilidade, sem impedimentos químicos ou físicos, profundos
e bem drenados. Os solos arenosos ou areno-argilosos favorecem o seu desenvolvimento. Solos
com lençol freático entre 1 e 4 metros de profundidade são muito adequados. Entretanto, as
plantas não toleram solos encharcados.

119
A escolha da área a ser implantado o coqueiral deve ser criteriosamente avaliada, pois
áreas de baixadas, próxima a rios, podem em determinadas situações serem inundadas, formando
uma lâmina de água em sua superfície. Em situações onde o encharcamento do solo ocorre, num
período de horas ou mesmo de poucos dias, em uma lavoura adulta, não tem sido verificada a
morte das plantas nem afetado, de maneira significativa, seu desenvolvimento. Porém, se a planta
for jovem, com pouco tempo de transplantada no campo, o encharcamento poderá comprometer
definitivamente essa planta, ocasionando inclusive a sua morte.

11.4. PROPAGAÇÃO:

Após criteriosa seleção das plantas matrizes, os frutos (sementes) são colhidos
completamente secos, entre 11 e 12 meses de idade, e estocados por algumas semanas à sombra
para completar sua maturação. As mudas poderão ser produzidas por diferentes sistemas,
passando por germinadores e/ou viveiros ou em sacos de polietileno (plástico) sendo
posteriormente transplantadas no local definitivo. Em qualquer sistema é recomendável levar a
campo mudas jovens, contendo em média 3 a 4 folhas, variando entre 4 a 6 meses de idade.
Mudas com mais de 8 ou 10 meses de idade são consideradas mudas velhas, passadas, não
devendo ser utilizadas. No Espírito Santo o plantio em áreas irrigadas através de sistemas de
irrigação localizada, por microaspersão, foi efetuado plantio utilizando-se mudas bem jovens, cerca
de 30 dias após a emergência. Nessas áreas, observou-se que essas mudas apresentaram menor
estresse em relação a mudas mais velhas. Pois, em mudas de 4 a 6 meses, é prática comum
efetuar a limpeza, por ocasião de seu plantio no campo, eliminando-se todas as raízes da planta
jovem. Porém, no caso das mudas bem novas, utilizadas no citado plantio, essa prática não foi
realizada, evitando as injúrias no sistema radicular e o estresse para a planta jovem.
Quanto ao viveiro, este deverá ser instalado a pleno sol, em locais não sujeitos ao encharcamento
e sempre mantido livres de plantas invasoras. O controle de pragas e doenças é operação
importante e deverá ser efetuada sempre que necessário.
Na semeadura, os cocos sementes poderão ser dispostos no solo, na posição horizontal,
ou seja, deitados sobre a maior área plana do fruto, ou colocado na posição vertical, ou seja, em
pé, com a região embrionária, ou seja, aquela da inserção do fruto no cacho, voltada para cima.
Em ambas situações as sementes devem ser cobertas com solo até dois terços de sua altura.
Quando a semeadura for na posição horizontal, costuma-se efetuar um pequeno corte na casca do
fruto, entalhe, na parte mais saliente, próximo do local de fixação da semente ao cacho. O objetivo
desse entalhe é promover uma maior absorção de água e facilitar a germinação. Entretanto,
dependendo do estágio de desenvolvimento do embrião e da profundidade do corte realizado na
casca, esse entalhe poderá ser prejudicial se o corte atingir o embrião.
Atualmente, em sua maioria, os viveiristas tem preferido produzir as mudas no sistema
vertical, pois apesar de ser constatado maior demora para a emergência, a região do colo da
plântula fica melhor encaixada na semente, conferindo maior resistência às plantas jovens e
conseqüente menor perda no transplantio, ou seja, na retirada das mudas do viveiro e o plantio
definitivo no campo. Para uma boa formação das mudas, independentemente do sistema adotado,
é indispensável o uso correto da irrigação, de fertilizantes e defensivos.
11.5. PLANTIO:
O plantio das mudas no campo devea ser realizado no início do período chuvoso,
entretanto, essa indicação baseia-se em coqueiros gigantes cultivados sem irrigação na região
Nordeste. Em áreas sob condições irrigadas, como ocorrem na região Norte do Estado do Espírito
Santo, o período de plantio poderá ser efetuado em qualquer época do ano, desde que, não seja
constatada outra limitação climática. Em regiões onde ocorrem baixas temperaturas, a época de
plantio deve ser criteriosamente avaliada, pois a planta jovem é mais sensível ao frio que as
plantas adultas. O coqueiro quando jovem não tolera geada.
As covas de plantio devem ter dimensões mínimas de 60 x 60 x 60 cm e poderão ser
abertas manualmente ou mecanicamente. No caso de serem abertas através de broca acoplada ao
trator, o produtor deverá ter especial atenção, pois dependendo da umidade e do tipo de solo,
poderá ocasionar espelhamento na parede da cova dificultando a penetração do sistema radicular,

120
além de reduzir a infiltração da água no solo levando ao encharcamento na região da cova e
comprometendo o desenvolvimento da planta jovem no campo.
O preparo da cova deverá ser realizado com antecedência mínima de 30 dias antes do plantio,
utilizando-se normalmente, material orgânico, calcário e adubos químicos.
Especial atenção deverá ser dispensada ao preparo da cova, pois em várias situações é
necessário o uso de fertilizantes que contenham micronutrientes, por isso, é indispensável
conhecer as necessidades do solo através de análises laboratoriais.
O produtor deverá estar informado sobre a necessidade de uma cova bem feita, pois parte
do sucesso de sua lavoura será em função de um bom preparo da cova, que permita um rápido e
vigoroso desenvolvimento da planta jovem.
11.5. ESPAÇAMENTO:

A implantação do coqueiral poderá ser realizada de diferentes maneiras dependendo do


objetivo de sua condução e manejo. A instalação poderá ser em formato de quadrado, retângulo ou
triângulo, em disposição de filas simples ou duplas.
O sistema triangular é o mais utilizado para plantios solteiros, ou seja, área formada somente com
coqueiros, embora em sua fase inicial permita o consórcio com culturas temporárias para melhor
aproveitamento da área. Os demais sistemas são mais recomendados para consórcios
permanentes com outras plantas.
No sistema triangular as plantas são dispostas em triângulos equiláteros, distribuídas em
espaços eqüidistantes, conforme a variedade a ser utilizada.
Apesar de não haver trabalhos científicos regionais para a definição do melhor espaçamento para
o cultivo do coqueiro, adota-se como padrão os espaçamentos acima citados. Em caso de
criteriosa avaliação, os espaçamentos poderão ser ajustados para um outro espaçamento
permitindo modificações nas populações. Entretanto, em locais com acentuado nível de doenças
foliares, deve-se ter cuidado na escolha do espaçamento, pois espaçamentos mais adensados
podem favorecer a maior incidência dessas doenças, além de dificultar seu controle.
Durante a demarcação da área para a abertura das covas, deve-se dar especial atenção para o
correto alinhamento e distanciamento entre os piquetes. O balizamento incorreto acarretará filas
tortas, com um número de plantas por área diferente do recomendado.

Tabela 1. Recomendação de espaçamentos de plantio para diferentes variedades de


coqueiros.
Variedade Espaçamento População de plantas/ha
Anã 7,5m x 7,5m x 7,5m 205
Híbrido 8,5m x 8,5m x 8,5m 160
Gigante 9,0m x 9,0m x 9,0m 142

11.6. CALAGEM E ADUBAÇÃO:

- Calagem: elevar a saturação por bases a 70%.

- Adubação no viveiro:

Aplicar 200g de 15-10-15 por planta


1º mês: 30g
2º mês: 100g
3º mês: 70g

- Adubação de plantio: (mudas com 4 meses de idade e 3-4 folhas):

20 litros de esterco bovino


800g de superfosfato simples
400g de cloreto de potássio.

121
- Adubação de cobertura (dividir em 4 vezes ao ano):

Idade das plantas Uréia (g/planta) Supersimples Cloreto de potássio (g/


(anos) (g/planta) planta)
0 300 800 400
1 1000 400 600
2 1400 1200 800
3 1600 1200 1000
4 1800 2000 1400
5 2200 2000 1600
6 2600 2400 1800
+7 3000 3200 2000

11.7. PRAGAS E DOENÇAS:

Dentre as principais pragas destacam-se: Broca da raquis foliar (Amerrhinus ynca); Broca
do pedúnculo floral (Homalinotus coriaceus); Broca do olho do coqueiro (Rhynchophorus
palmarum); Lagarta das folhas (Brassolis sophorae); Traça dos cocos novos (Hyalospila ptychis);
Gorgulho dos frutos e flores (Parisoschoenus obesulus); Barata do coqueiro (Coraliomela brunnea,
Mecistomela marginata) e Ácaro da necrose do coqueiro (Aceria guerreronis).
As doenças encontradas em cultivos de coqueiros apresentam maior ou menor importância
dependendo da região, manejo cultural e da variedade cultivada. Destacam-se: Queima das folhas
(Botryosphaeria cocogena); Lixa pequena (Phyllacora torrendiella); Lixa grande (Sphaerodothis
acrocomiae), Helminthosporiose (Bipolaris sp); Murcha de fitomonas (Phythomonas sp.); Podridão
seca (Agente causal desconhecido) e Anel vermelho, ocasionado pelo nematóide
(Bursaphelenchus cocophilus).
Para um bom manejo fitossanitário é de fundamental importância o monitoramento das
plantas, sendo necessário o reconhecimento das principais pragas e doenças que atacam essas
plantas. O controle fitossanitário pode ser realizado com práticas manuais, culturais, mecânicas e
químicas. Caso seja necessário, os produtos químicos somente deverão ser utilizados mediante
orientação técnica para que não haja intoxicação ao trabalhador rural, contaminação dos frutos ou
do meio ambiente. Todos os esforços devem ser realizados no sentido de se buscar uma
sustentabilidade da cadeia produtiva do coco através da implantação da Produção Integrada, onde
a rastreabilidade do produto deverá ser implementada no processo de comercialização.

11.7. IRRIGAÇÃO:

Quando possível, deve-se usar a irrigação por microaspersão, aplicando-se de 100 a 150
litros de água/planta/dia.

11.8. COLHEITA E TRANSPORTE NO CAMPO:

Para coqueiros gigantes, em média são colhidos de 10 a 12 cachos por ano, com idade
variando entre 11 e 12 meses, destinados à industrialização ou ao comércio de fruto seco com
utilização na culinária. Nesta ocasião são realizadas as operações de limpeza nas plantas.
Para coqueiros anões, em média são colhidos 12 a 14 cachos por ano, com idade variando entre 6
e 8 meses, destinados ao consumo “in natura” da água de coco. Neste caso a colheita deverá ser
processada com cuidado para não ocasionar danos aos frutos. Na colheita, deve-se também,
proceder a limpeza dos cachos, eliminando-se as ráquilas (rabicho do coco) para que não haja
atritos com os frutos no transporte, evitando-se ferimentos e o escurecimento da casca do coco,
que prejudicam a aparência do fruto, dificultando a comercialização.
Em plantas adultas, gigante ou anã, deve-se evitar subir nas plantas utilizando-se esporas. Este
equipamento ocasiona ferimentos no tronco do coqueiro podendo inclusive transmitir doenças
letais ao coqueiro, como no caso do anel vermelho. Recomenda-se o uso de peias de couro ou de
nylon para esta operação.

122
12. A CULTURA DA MANGA:
12.1. ASPECTOS GERAIS:

Nome Científico: Mangifera indica L.


Origem: Sudeste Asiático (Índia)
Países produtores: Índia, México, Paquistão, China e Brasil.
Produção Nacional:
Produção (1000t) Área (1000ha) Produtividade (t/ha)
2003 2004 2003 2004 2003 2004
782 842 67 67 11.6 12.6

Exportação: 122.753 t (até julho de 2003).

12.2. BOTÂNICA:
** Flores:
-Floração de maio a setembro.
-Hermafroditas ou masculinas.
-As flores nascem do ramo amadurecido do ano anterior.
-Somente 1% dos frutos amadurecem de acordo com o total de flores.
** Fruto:
-Drupa
-Casca (exocarpo)
-Polpa (mesocarpo)
-Caroço (endocarpo)
-Da floração à maturação: 150 dias.
** Semente:
-Poliembriônica (embriões nucelares)
-Embrião (dentro do caroço).

12.3. CLIMA E SOLO:

Temperatura ideal: 20 a 26ºC.


A planta deve ter um período seco e com chuva bem definido para a floração.
Espaçamento: 10m x 10m; 8,5m x 8,5m.
Covas: 50cm x 50cm x 50cm.
Solo: todos são adequados.

12.4. VARIEDADES:

As variedades mais cultivadas comercialmente são: Kent, Keitt, Van Dyke, Ruby, Tommy Atkins,
Bourbon, Extrema, Haden, Carlota, Espada, Rosa, Coité, Ubá, Bhaudaram, IAC-100 Bourbon.

a) Espada:
- Uma das variedades brasileiras mais antigas e comuns. A árvore é muito vigorosa, porte elevado
e muito produtiva. O fruto é verde intenso ou amarelo esverdeado, de tamanho médio (em torno de
300 g), com casca lisa e espessa. A polpa tem muita fibra e coloração amarelada. Possui sabor de
regular para bom (em torno de 18º Brix) e tem lugar de destaque no mercado interno; responde ao
manejo da indução floral com o uso de paclobutrazol. É muito utilizada como porta-enxerto e a
semente é poliembriônica, coberta com fibras.

b) Rosa:

123
- A exemplo da ‘Espada’ é uma das variedades brasileiras mais conhecidas. A árvore possui porte
médio, de crescimento lento e copa arredondada. O fruto varia de amarelo para rosa-vermelho,
peso médio em torno de 350 g. A casca é espessa e lisa; a polpa é amarelo ouro e
moderadamente suculenta, fibrosa e de bom sabor (21,8º Brix). A semente é poliembriônica.
Suscetível a antracnose. Cultivar importante no mercado do Distrito Federal, sendo usado tanto
para suco como também para consumo fresco. Geralmente, produz em mais de uma época do ano
e responde ao manejo da indução floral com o paclobutrazol

c) Tommy Atkins:
- Atualmente, a Tommy Atkins é a variedade mais produzida e a que possui a maior participação
no volume comercializado no mundo, devido principalmente a sua coloração intensa, produções
elevadas e resistência ao transporte a longas distâncias. Frutos grandes com 400-600g; casca
grossa, lisa e de coloração do amarelo ao vermelho brilhante; polpa com pouca fibra, doce e 17%
de açúcares; semente pequena e monoembriônica.

d) Keitt:
- Porte da planta um tanto ereto e ramos de crescimento longos e finos. O fruto é grande, em torno
de 610 g, oval com ápice ligeiramente obliquo, verde amarelado, corado de vermelho-róseo, bom
sabor (19º Brix) fibra somente em volta da semente. A coloração do fruto não é das mais
desejáveis. É comercializada no mercado interno, no entanto vem sendo substituída, pelos
produtores, por outras cultivares. Semente monoembriônica. Relação polpa/fruto em torno de 70%.
Resistente ao míldio e suscetível à antracnose. Sua produção é tardia permitindo prolongamento
do período das safras. Possui boa vida de prateleira.

e) Kent:
- Origem Flórida, EUA. Árvore ereta, de copa aberta e vigor médio. O fruto é oval, verde
amarelado, corado de vermelho purpúreo, grande, de 550 a 1000 g (com média de 657 g), muito
saboroso (20,1º Brix) e alta qualidade de polpa (quase sem fibra), casca de espessura média,
relação polpa/fruto de 0,62%. Semente monoembriônica. Suscetível a antracnose e ao colapso
interno do fruto e baixa vida de prateleira. Ciclo de maturação médio a tardio. Com relação a
mercado apresenta boas perspectivas para exportação.

f) Van Dyke:
- Arvore moderadamente vigorosa e de copa aberta. Fruto de tamanho médio, 300 a 400 g,
coloração atraente (amarela com laivos vermelhos). A polpa é firme e sem fibras longas. Possui
sabor agradável e aroma superior ao da Tommy Atkins. A semente é monoembriônica. Apresenta
certa irregularidade na produção. Variedade de frutificação tardia. Atualmente, não apresenta
expressão significativa para comercialização.

g) Palmer:
- Variedade semi-anã, de copa aberta, originada na Flórida, em 1945. Na Austrália participa de 5%
da área de manga, e no Brasil experimenta pequeno aumento na área cultivada. Os frutos
possuem casca roxa quando “de vez” e vermelhos quando maduros. A polpa é amarelada, firme,
bom sabor (21,6º Brix), com pouca ou nenhuma fibra. Relação polpa/fruto é de 72%, teor médio de
fibras e casca fina. As sementes são monoembriônicas e compridas. Apresenta boa vida de
prateleira e produções regulares e é bem aceita no mercado interno. A produção é tardia,
permitindo prolongamento do período das safras, e responde ao manejo da indução floral com
paclobutrazol.

h) Haden:
- Origem Flórida, EUA. A árvore é grande e com copa densa. Fruto variando de 350 a 680 g,
ovalado, amarelo quase coberto com vermelho, sabor suave, com pouca terebintina e pouca fibra.
Semente monoembriônica. Relação polpa/fruto em torno de 0,66. Apresenta baixo vingamento dos
frutos, o que pode ser minimizado pela utilização de polinizadores como a Tommy Atkins e a

124
Palmer. Precoce, suscetível a antracnose. Como outras variedades selecionadas na Flórida, a
Haden apresenta o problema do colapso interno do fruto. Devido a baixa produção e ao seu sabor
alcança elevados preços no mercado interno

12.5. PROPAGAÇÃO:

Sementes: são viáveis até 10-15 dias após a colheita.


Assexuada: Enxertia por garfagem no topo em fenda cheia.
Após 4 meses da semeadura faz-se a enxertia e mais 4 meses a muda está pronta para plantio no
campo.
Viveiro:
O viveiro deve ser localizado, de preferência, em terreno plano ou com pouco declive e bem
drenado. Deve ser, também, abrigado dos ventos fortes, afastado de pomares praguejados,
estradas poeirentas e próximo a um manancial de água de boa qualidade.
O processo comumente utilizado pelos produtores consiste na utilização de solos de barranco
de boa fertilidade natural. Entretanto, pode ser feito com a mistura de três partes de terra de boa
qualidade, uma parte de esterco curtido, três quilos de superfosfato simples e 500g de cloreto de
potássio por metro cúbico, e colocados em sacos plásticos.
Os sacos para apresentarem bons resultados devem medir entre 20 a 22 cm de boca, 30 a 34
cm de altura e 0,20 mm de espessura, perfurados lateralmente e no fundo para permitir o
escoamento do excesso de água. São colocados em fileiras de 4 a 5, formando canteiros de
aproximadamente 80 cm de largura, com espaçamento entre si de 50 a 60 cm e com comprimento
máximo de 15 m.

Escolha e preparo das sementes do porta-enxerto (cavalo):


Deve-se colher frutos maduros, sadios, de plantas vigorosas e livres de doenças e pragas.
Após a escolha dos frutos, retira-se a polpa com uma faca, rente ao caroço; as sementes devem
ser limpas com água e colocadas para secar. A secagem das sementes deverá ser feita em local
sombreado e arejado, podendo ficar até 10 dias nesse local. Entretanto, a eliminação do
endocarpo (testa) é mais fácil quando é feita 24 horas depois da lavagem, pelo fato da testa estar
mais macia para cortar.
Utilizando uma tesoura de poda, a testa que envolve a amêndoa (semente) deve ser removida
cuidadosamente para não feri-la, prejudicando sua germinação. A retirada da casca possibilita a
germinação mais rápida (15 a 25 dias), maior percentagem de sementes germinadas (80 a 85%), e
a obtenção de plantas eretas, vigorosas e em condições de serem enxertadas em menor espaço
de tempo.

Seleção das amêndoas:


Selecione as amêndoas bem formadas, sem manchas ou ataque de pragas e doenças.
A semeadura deve ser feita imediatamente, porque o percentual de germinação das sementes
diminui sensivelmente nos primeiros 5 dias. A amêndoa é colocada com a face ventral voltada
para baixo, a uma profundidade de 3 a 5 cm, ocorrendo a germinação entre 15 e 25 dias após a
semeadura. A quantidade de sementes utilizadas deve ser 40% a mais do que o número de mudas
desejadas. O desbaste deve ser feito quando o porta-enxerto estiver bem definido, com 15 a 20 cm
de altura, visando o desenvolvimento de uma única planta por saco.
Aos 45 dias após a semeadura, deve ser feita uma adubação de cobertura colocando
5g/planta, da seguinte mistura: 55 g de uréia, 35 g de cloreto de potássio e 55 g de superfosfato
simples.

Métodos de enxertia:
A muda da mangueira é produzida pelo método de enxertia que envolve a junção do porta-
enxerto (cavalo) com o enxerto (copa). Os métodos mais comuns de enxertia são: Borbulhia em “T”
invertido e a borbulhia em placa ou escudo, nas quais o enxerto é uma pequena parte da casca
com uma única gema; Garfagem, com suas variações (no topo em fenda cheia, à inglesa simples e

125
lateral), em que o enxerto é o segmento de um ramo, com 10 a 15 cm de comprimento médio,
contendo várias gemas. Por este processo a muda é obtida em viveiro coberto, utilizando a
semeadura direta em sacos plásticos individuais. Para a obtenção dos garfos (ponteiros) da
variedade da copa, os ramos devem ser escolhidos com aproximadamente 7 a 8 meses de idade,
arredondados, de coloração verde a cinza, sadios, com gema apical bem formada. Com as mãos,
ou com uma tesoura, retiram-se as folhas dos ramos escolhidos, 8 a 10 dias antes da coleta do
garfo. Esta prática é realizada para forçar o entumecimento da gema apical e acelerar o
pegamento após a enxertia.
O garfo cortado deve ter aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento. Os garfos podem ser
armazenados por até 5 dias, porém, é necessário mergulhar as extremidades em parafina líquida e
acondicioná-los em recipientes contendo serragem úmida. Devem ser conservados em local fresco
e sombreado.

Enxertia:
Consiste na união do garfo da variedade copa com o porta-enxerto, de modo a formar uma
única planta. Na operação de enxertia, o porta-enxerto deve ser cortado com uma tesoura de poda,
20 cm acima do colo da planta, e com um canivete, desinfetado em álcool ou solução de água
sanitária a 5% (50 mL do produto comercial em 1 litro de água), será feita uma fenda de 3 a 4 cm
de profundidade, de cima para baixo.
O garfo deve ser preparado, com o canivete, em forma de cunha, fazendo cortes com 3 ou 4
cm de comprimento. Logo em seguida, deve ser encaixado no corte do porta-enxerto, de modo
que, pelo menos um dos lados da região do enxerto e porta-enxerto coincida casca com casca.
Para fixar o enxerto e impedir a entrada de água é necessário que seja enrolada uma fita plástica,
de baixo para cima. Para formar um ambiente úmido e proteger contra o ressecamento, deve-se
cobrir o garfo e a região da enxertia com saquinho plástico (geladinho). Se a enxertia for bem
sucedida, as gemas iniciarão a brotação entre 2 e 3 csemanas. Quando surgirem os primeiros
pares de folhas, cerca de 30 a 40 dias após a enxertia, retiram-se os saquinhos de proteção. A fita
plástica só deve ser retirada cerca de 90 a 120 dias após a enxertia.. As mudas estarão prontas
para ser plantadas quando apresentarem 2 a 3 fluxos vegetativos, com folhas maduras de
coloração verde.

12.6. CALAGEM E ADUBAÇÃO:

a) Calagem: elevar a saturação por bases a 70%. A mangueira exige um pH em torno de 5,5 a 6,0.
b) Adubação de plantio: na cova aplicar 20L de esterco de curral curtido e misturar com os adubos
de acordo com a análise de solo:

Teor de P no solo Teor de K no solo P2O5 (g/cova) K2O (g/cova)


(mg/dm³) (mg/dm³)
< 10 - 250 -
> 10 - 100 -
< 25 60
25 – 50 40
> 50 20

c) Adubação de Crescimento e Produção:


Época de Nutriente Outubro Janeiro Abril
aplicação (g/planta) (g/planta) (g/planta)
Pós-plantio N 10 20 20
P2O5 - - -
K2O - - 30
1º ano N 20 25 30
P2O5 - - 40
K2O - 35 40
2º ano N 40 50 60

126
P2O5 - - 80
K2O - 70 80
3º ano N 60 75 90
P2O5 - - 120
K2O 70 70 85
4º ano N 80 100 120
P2O5 - - 160
K2O 80 100 120
5º ano N 100 125 150
P2O5 - - 200
K2O 100 125 150
6º ano em diante N 120 150 180
P2O5 - 240
K2O 120 150 180

12.7. TRATOS CULTURAIS:


12.7.1. Podas:
A poda da mangueira tem como principais objetivos orientar a forma das plantas em função
do meio, espécie, vigor da variedade e do porta-enxerto; manter um crescimento vegetativo
equilibrado nas diferentes partes da planta; conservar o equilíbrio entre raízes e a parte aérea,
para regular o vigor e a produção das plantas e facilitar a aeração e iluminação da copa.

12.7.2. Tipos de poda:


12.7.2.1. Podas de formação:
O objetivo das podas de formação é orientar o crescimento dos ramos, quanto ao número,
distribuição e tamanho convenientes. Significa formar uma planta com uma arquitetura
caracterizada por uma copa com a parte interna aberta e um número adequado de ramos laterais
produtivos. Essas características trazem vantagens como a maior iluminação e aeração da copa,
facilidade nos tratamentos fitossanitários e obtenção de plantas menos vulneráveis aos ventos
fortes, principalmente durante a frutificação.
A poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível com o método de
exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os tratos culturais, do solo, a proteção contra
queimaduras do sol e a colheita dos frutos, além de possibilitar o aumento da densidade de plantio.
Para acelerar a maturação dos ramos das mangueiras, é necessário produzir uma estrutura
bem ramificada. Isso se faz por meio da poda de formação, despontando os brotos vegetativos no
primeiro ou segundo entrenó. A poda de formação consiste em cinco a seis operações para formar
uma planta com esqueleto equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma altura de 60 a 80
cm do solo; o local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se encontrar lignificado (maduro). Após
a brotação, selecionam-se três ramos, que formarão a base da copa, os demais ramos devem ser
eliminados. Os cortes deverão ser tratados com uma pasta à base de benomil, oxicloreto de cobre
ou pasta bordalesa.
A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito acima do nó, em tecido lignificado, com
tratamento dos ramos podados com fungicida, selecionando-se de três ramos voltados para a parte
externa da copa. Essa fase é atingida pela planta entre 2,5 e 3 anos de idade.

12.7.2.2. Podas anuais ou de produção:


As podas de produção referem-se às realizadas durante a fase produtiva da planta (essas
são naturalmente realizadas após a colheita). Nesta prática estão incluídas as atividades de
limpeza, levantamento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetura, além da poda
lateral e de topo.
a) Poda de limpeza - Consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como também,
daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita.
Aplicar pasta bordalesa após os cortes na seguinte proporção:
12L de água

127
2Kg de cal virgem ou hidratada
1Kg de sulfato de cobre

b) Levantamento da copa da planta - Consiste na eliminação dos ramos que estiverem até 0,70m
de altura. Essa operação ajuda no controle das ervas daninhas e a melhor distribuição da água de
irrigação por aspersão; também evita que os frutos dos ramos baixos entrem em contato com o
solo
c) Abertura central da planta (poda central de iluminação) - A poda de abertura central da
mangueira consiste em eliminar ramos que tenham um ângulo de inserção com o tronco menor
que 45º.
d) Poda lateral - É a poda que se efetua para manter um espaçamento adequado entre as fileiras
de plantas, e que vai permitir a passagem de máquinas e veículos, e facilitando o processo de
pulverizações, colheitas, etc.
e) Poda de topo - É a poda efetuada para manter a altura da planta num limite adequado à
condução do pomar. Normalmente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual a 55% do
espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0m x 5,0m, a altura máxima
da planta deve ser de 4,4m (55%)
f) Poda de equilíbrio - Esta poda se faz nas árvores que já alcançaram sua maturação fisiológica,
com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem da planta.
g) Correção da arquitetura - Com relação à arquitetura, procura-se definir determinada forma
para as plantas, e as mais utilizadas são as formas piramidal e vaso aberto (taça).

12.7.3. Indução Artificial:


Aplicar 200 ppm de Ethephon ou 2% de Nitrato de potássio no final do período chuvoso/início
da seca (30 dias após ocorre o florescimento).

12.7.4. Irrigação:

a) Profundidade de enraizamento:
Em Petrolina-PE, a mangueira cv. Tommy Atkins, cultivada em um Latossolo Vermelho
Amarelo, textura média (82% areia, 6% de silte e 12% de argila), com espaçamento de 8 x 5 m,
aos 6 anos de idade, e irrrigada por gotejamento (duas linhas de emissores espaçados em 1,8 m e
vazão de 4,1 L/h), apresentou raízes até a profundidade de 2 m, mas com maior presença entre
0,3 m e 1,4 m de profundidade. As raízes também estiveram presentes ao longo da linha de
plantas, o que indica um entrelaçamento das raízes devido ao hábito de crescimento da cultura e à
presença de emissores de água em toda a extensão da linha de plantas. As raízes de mangueira
atingiram a distância de 2 m da linha de planta (no sentido da entrelinha). Entretanto, houve uma
maior presença entre 0,3 e 1,6 m de distância do tronco. Pode-se sugerir que para o
monitoramento da água no solo, a instalação de tensiômetros deva ser feita nesse intervalo de
profundidade e de distância do caule. No entanto, um manejo mais criterioso deve levar em conta
toda a profundidade de 2 m, pois pode haver contribuição de camadas de solo abaixo de 1 m para
a quantidade total de água absorvida pelas plantas, principalmente no período de maior
necessidade hídrica (maturação dos frutos) e nos meses mais quentes (outubro e novembro).
b) Evapotranspiração da cultura e coeficiente de cultura:
A evapotranspiração da cultura (ETc) refere-se aos processos de transpiração pelas
plantas e evaporação direta do solo, que ocorrem simultaneamente. O valor máximo encontrado
para a ETc diária foi 7,9 mm (151,7 L/planta), na fase de maturação dos frutos, enquanto que a no
período indicado foi de 642,9 mm (12.343,7 L/planta). A produção de frutos para essa safra foi de
48493,0 kg/ha. Como a área molhada foi de 19 m2, ou seja, 48% do espaçamento da cultura (8 x 5
= 40 m2), a conversão dos valores de consumo de água em milímetros para litros por planta é feita
multiplicando-se o valor em mm pela área efetivamente ocupada por uma planta, ou seja, por 8 x 5
x 0,48 = 19,2 m2.
O coeficiente de cultura (Kc) é obtido pela relação entre a ETc em condições potenciais e
a evapotranspiração de referência (ETo). Através desse coeficiente, e conhecendo-se a ETo de um
pomar de mangueiras, pode-se estimar a ETc, e assim determinar a lâmina de irrigação a ser

128
irrigada. Em Petrolina, pode-se adotar os valores de Kc de 0,44 para a floração, 0,65 para a queda
de frutos, 0,83 para a formação do fruto, e 0,84 para a maturação do fruto.
c) Manejo da fertirrigação:
Fertirrigação é uma técnica de aplicação simultânea de fertilizantes e água, através de
um sistema de irrigação. É uma das maneiras mais eficientes e econômicas de aplicar fertilizante
às plantas, principalmente em regiões de climas árido e semi-árido, pois aplicando-se os
fertilizantes em menor quantidade por vez, mas com maior freqüência, é possível manter um teor
uniforme de nutrientes no solo durante o ciclo da cultura, o que aumentará a eficiência do uso de
nutrientes pelas plantas e, conseqüentemente, a sua produtividade.

7.5. Pragas:
a) Mosca-das-frutas: As moscas-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata) fazem parte de
um grupo de pragas responsáveis por grandes prejuízos econômicos na cultura da mangueira, não
só pelos danos diretos que causam à produção, como também, pelas barreiras quarentenárias
impostas pelos países importadores.
Controle: O monitoramento da população de moscas é feito utilizando-se armadilhas McPhail e
Jackson. A primeira utilizada para a coleta de adultos de Anastrepha spp. e, a segunda,
confeccionada em papelão parafinado e de cor branca, para a coleta de adultos de Ceratitis.
Modelos alternativos de armadilhas McPhail, podem ser confeccionados com embalagens plásticas
descartáveis, do tipo frasco de soro, garrafas de água mineral e garrafas pet.
Atrativo alimentar: Na armadilha McPhail utiliza-se hidrolisado de proteina enzimático na
concentração de 5%. Outros atrativos também são utilizados nessas armadilhas, como sucos de
uva, de pêssego, goiaba, manga e outros, vinagre de vinho.

Atrativo sexual: Para atrair C. capitata, utiliza-se feromônio sexual na armadilha tipo Jackson, que
é específico para machos desta espécie. Em intervalos de três a quatro semanas, o atrativo é
substituído, assim como o cartão adesivo colocado na parte interna inferior da armadilha. Em um
hectare, utilizar uma armadilha McPhail/10 ha na periferia do pomar. No caso de Jackson, colocar
uma armadilha para cada 5 ha. A armadilha deverá ser colocada na planta, em local protegido do
sol e do vento, a uma altura entre 1,60 e 2,00 metros acima do nível do solo.

Outras medidas de controle:


- Enterrar os frutos caídos no chão: mais de 50cm de profundidade.
- Ensacamento dos frutos: saquinhos de papel manteiga (pipoca).
- Nível permitido de inseto da mosca das frutas por armadilha: 5
- Químico: 200mL de Malathion por 100 L de água e 1 L de proteína hidrolisada. Aplicar de 100 a
200 mL da solução/m² de copa das plantas de 15 em 15 dias.

12.7.6 Doenças:

a) Manejo integrado de doenças:


No controle das doenças que ocorrem na cultura da mangueira, normalmente são
observados o uso abusivo de agrotóxicos e a agressividade crescente dos patógenos. Contudo, a
pesquisa tem investido no desenvolvimento de métodos e processos alternativos que asseguram o
cultivo com menor impacto ambiental. Assim, visando contribuir para uma mangicultura mais
racional e estável, órgãos competentes como a FAO, estabeleceram o programa de Produção
Integrada de Frutas- PIF, para todos os países exportadores. Para a cultura da manga, o programa
teve início na região semi-árida no Nordeste do Brasil, onde os pomares estão sendo monitorados
quanto a fitossanidade, adubação, irrigação e a outros manejos. A seguir, será descrita a
metodologia de monitoramento para as principais doenças incluídas na PIF.

12.7.6.1. Morte descendente ou podridão seca da mangueira: (Botryodyplodia theobromae =


Lasiodiplodia theobromae).

129
Sintomatologia, danos e importância econômica: A sintomatologia pode iniciar nos ponteiros da
copa, principalmente na panícula da frutificação anterior, progredindo para os ramos, atingindo as
gemas vegetativas, que reagem com a produção de exsudados gomosos de coloração clara a
escura.
Monitoramento na produção integrada de frutas – PIF:
Métodos de amostragem: amostrar 10 plantas em até 5 ha; 14 plantas em 06 a 10 ha e 18
plantas em 11 a 15 ha.
Freqüência: semanal (da poda até a colheita).
Folhas: avaliar a presença de sintomas (secamento de folhas iniciando nas bordas e com
escurecimento de seu pecíolo), em folhas de oito ramos por planta, sendo dois por quadrante,
fazendo uma observação de cinco folhas da parte apical de um ramo e de cinco folhas da parte
mediana do outro ramo.
Ramos: avaliar a presença de sintomas (escurecimento e exsudações em gemas ou em
rachaduras do ramo) em oito ramos por planta, sendo dois por quadrante, fazendo observações
em uma gema de brotação apical de um ramo e de uma gema de brotação da parte mediana do
outro ramo, como, também, ao longo destes.
Inflorescências: avaliar a presença ou ausência de sintomas (panículas com flores e totalmente
secas e/ou panículas com alguma queda de flores e com secamento apical de sua raque) em oito
inflorescências, sendo duas por quadrante.
Frutos: avaliar a presença ou ausência de sintomas (escurecimento peduncular e/ou basal de
aparência seca ou com amolecimento) em oito frutos por planta, sendo dois por quadrante e em
panículas distintas.
Avaliação: cálculo da % de ocorrência em folhas, ramos, inflorescências, frutos, bifurcações e
tronco.
Nível de ação: Medidas preventivas: tratamento periódico (anual) de troncos e bifurcações;
eliminação de restos da cultura no chão do pomar a cada poda.
Medidas reparadoras: > 10% de folhas com sintomas ou > 5% de ramos, ou inflorescências e
frutos com sintomas. Também, > 05% de bifurcações e > 10% de tronco com sintoma.
Controle químico:
As pulverizações com thiabendazole (240 mL/100L) ou benomyl (100g/100L), nos períodos
críticos da cultura, ou seja, na poda, estresse hídrico, indução floral, floração e frutificação, devem
ser acompanhadas de uma aplicação de iprodione após dez dias (200g/100L) a fim de evitar
resistência do fungo. Esse tratamento tem oferecido bons resultados nas áreas irrigadas do
Nordeste;
em pomares com o problema já instalado, a freqüência de pulverizações varia conforme a
incidência da doença;
tronco e bifurcações da planta devem ser pincelados com thiabendazole ou benomyl + um
espalhante adesivo a partir de dois anos de idade da planta ou antes do aparecimento de
rachaduras.

12.7.6.2. Oídio (Oidium mangiferae):

Sintomatologia, danos e importância econômica: A sintomatologia do oídio em planta adulta é


caracterizada pela presença das estruturas do fungo (micélio, conidióforo e conídio) sobre a
superfície vegetal, visível a olho nu, na forma de intenso crescimento pulverulento de cor branca
que, em seguida, deixa a área afetada com aspecto ferruginoso. Os sintomas são observados em
folhas, inflorescências, ramos e em frutos novos.
Monitoramento na produção integrada de frutas – PIF:
Método de amostragem:
Amostrar: 10 plantas em até 5 ha; 14 plantas em 06 a 10 ha e 18 plantas em 11 a 15 ha.
Freqüência: semanal, durante todo o ciclo da planta.
Folhas: avaliar as cinco primeiras folhas do último fluxo de oito ramos de cada planta, sendo dois
por quadrante, considerando presença ou ausência de sintomas (crescimento pulverulento de cor
esbranquiçada no pecíolo e invadindo para a superfície da folha).

130
Inflorescências: oito panículas por planta, sendo duas por quadrante, avaliando a presença ou
ausência de sintomas (crescimento pulverulento de cor esbranquiçada sobre as flores, provocando
sua queima).
Avaliação: cálculo da % de ocorrência em folhas e inflorescências.
Nível de ação:
Medidas preventivas: Inspeções de 2 a 3 vezes por semana em toda a área, quando o período de
floração ocorrer no 2º semestre.
Medidas reparadoras: > 10% de folhas com sintomas, estando a planta sem flores ou > 5%
estando a planta com flores ou frutos; será < 5% quando inflorescências apresentarem sintomas.

12.7.6.3. Malformação floral (embonecamento) e vegetativa (Fusarium subglutinans):

Sintomatologia, danos e importância econômica: Plantas infectadas com a estirpe do fungo da


malformação, podem apresentar ou não sintomas. O fungo afeta as inflorescências e as brotações
vegetativas da mangueira, aumentando os níveis endógenos das substâncias reguladoras do
crescimento, principalmente as giberelinas. Este desequilíbrio determina o desenvolvimento de
brotações florais e vegetativas malformadas. O sintoma característico é a inflorescência compacta,
formada pela massa de flores estéreis, com eixo primário mais curto e ramificações secundárias da
panícula.. A inflorescência apresenta, inicialmente, um crescimento vigoroso, para, em seguida,
murchar, convergindo-se numa massa negra, que permanece nas plantas por longo tempo. A
malformação vegetativa pode ser observada em planta adulta, porém é mais freqüente em mudas
no viveiro, e é caracterizada pelo superbrotamento das gemas terminais e axilares.
Variedade resistente: Bhadauram (Somente na Índia).
Monitoramento na produção integrada de frutas – PIF:
Método de amostragem:
Amostrar: 10 plantas em até 5 ha; 14 plantas em 06 a 10 ha e 18 plantas em 11 a 15 ha.
Freqüência: duas avaliações por ciclo da cultura, sendo a primeira após a poda e a segunda na
fase de florescimento.
Brotações: avaliar a presença ou ausência de sintomas (superbrotamento) em brotações ou
gemas de oito ramos por planta, sendo dois por quadrante, fazendo observação em uma brotação
na parte apical de um ramo e em uma brotação na parte mediana do outro ramo.
Inflorescências: avaliar a presença ou ausência de sintomas (embonecamento floral) em oito
inflorescências por planta, sendo duas por quadrante.
Avaliação: cálculo da % de ocorrência em brotações e inflorescências.
Nível de ação: 5% de brotações ou de inflorescências com sintomas.

12.7.6.4. Antracnose (Colletotrichum gloeosporides ):

Sintomatologia, danos e importância econômica: A antracnose ocorre em ramos, folhas, frutos


e inflorescências. Os frutos podem apresentar manchas ou lesões escuras um pouco deprimidas
por toda o sua superfície, desde o pedúnculo, e com aspecto úmido. A casca pode se romper e os
frutos infectados chegam ao mercado, geralmente apodrecidos. Quando ocorre em frutos novos,
estes podem cair prematuramente ou pode o fungo permanecer em latência até que amadureçam.
As flores afetadas enegrecem e secam o pedúnculo, prejudicando a frutificação em toda a
panícula. Na ráquis da inflorescência e suas ramificações, aparecem manchas de coloração
marrom escura, profundas e secas, alongadas no sentido longitudinal, destruindo grande número
de flores. As folhas podem ser afetadas, ficando manchadas de marrom, de forma oval ou irregular
e tamanho variável. As lesões aparecem no ápice, margem ou centro da folha, podendo esta se
romper quando a incidência da doença é muito alta.
Monitoramento na produção integrada de frutas – PIF:
Método de amostragem:
Amostrar: 10 plantas em até 5 ha; 14 plantas em 06 a 10 ha e 18 plantas em 11 a 15 ha.
Freqüência: semanal (da poda até a colheita)
Folhas: avaliar a presença ou ausência de sintomas (manchas necróticas irregulares ou circulares
de tamanho variado) em folhas de oito ramos por planta, sendo dois por quadrante, fazendo uma

131
observação de cinco folhas da parte apical de um ramo e de cinco folhas da parte mediana do
outro ramo.
Inflorescências: avaliar a presença ou ausência de sintomas (necroses nas flores e engaço ou
raquis, de coloração escura e salteadas) em oito inflorescências por planta, sendo duas por
quadrante.
Fruto: avaliar a presença ou ausência de sintomas (manchas necróticas com depressão na
superfície do fruto, progredindo para a polpa) oito frutos por planta, sendo dois por quadrante em
panículas distintas.
Avaliação: cálculo da % de ocorrência em folhas, inflorescências e frutos.
Nível de ação:
Medidas preventivas: inspeções de 2 a 3 vezes por semana em toda a área quando no 1º
semestre do ano o pomar estiver com flores.
Medidas reparadoras: > 10% de folhas com sintomas, estando a planta sem flores ou > 05%
estando a planta com flores ou frutos. Também será > 5% de flores ou de frutos com sintomas.
** Controle:
-Cultural: Poda de limpeza e arejamento da copa.
-Químico: Aplicação antes do florescimento até a colheita utilizando Benomyl a 0,03% a cada 15
dias e Mancozeb a 0,16% a cada 7 dias.
-Genético: Variedades medianamente resistentes: Tommy Atkins e Keitt.

12.8. COLHEITA:

Fruto climatérico (amadurece com 3 a 8 dias depois de colhido).


Temperatura para maturação: 21 a 24ºC.
Plantas enxertadas: produção com 3 anos de idade e 4 anos (produção comercial).
Florescimento no Brasil: inicia-se em maio
Colheita no Brasil: 5 meses depois do florescimento.
Aspecto do fruto na colheita:
-Mudança de cor da casca e da polpa.
-Fruto de “vez”.
-90 a 120 dias após o florescimento.
-Sólidos solúveis totais: 12º Brix.
-Látex leitoso: fruto verde.
-Látex transparente: fruto em fase de maturação.
-Rendimentos médios: 500 a 700 frutos por planta e 20 a 30 t/ha/ano para plantas adultas.

132
13. A CULTURA DA GOIABA:
13.1. INTRODUÇÃO:

A Goiaba Psidium guajava L. é, provavelmente, uma das frutas mais saudáveis para
consumo do planeta. Comparada com outras frutas normalmente ingeridas, a goiaba vermelha
oferece níveis excepcionais de licopeno, vitamina C e fibras, entre outros. É também uma boa fonte
de beta-caroteno, folato e das vitaminas B niacina e piridoxina. A cultivar Paluma vermelha é a
mais cultivada no Brasil. Desenvolvida no Brasil, pela UNESP de Jaboticabal, a híbrida Paluma
vermelha, oferece um fruto de cor vermelha profunda e sabor mais intenso que as variedades Pink
cultivadas em outros países. A goiaba é originária da América Tropical (sul da América Central e
norte da América do Sul). Os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco responderam,
juntos, por 74% da produção anual. Hoje há uma área acima de 3.000 ha plantados com goiabeira
no Vale do São Francisco (Ba). França, Grã-Bretanha, Dinamarca, Canadá, Suécia, Holanda e
Alemanha Ocidental (1988) são países importadores da goiaba brasileira in natura. Em 1989, o
Brasil exportou 370t de goiaba e em 1992 180t.

13.2. ASPECTOS BOTÂNICOS:

A goiabeira pertence à família Myrtaceae, gênero Psidium com a espécie Psidium guajava
L. destacando-se comercialmente. É um arbusto ou árvore de pequeno porte que pode atingir 3 a 6
m de altura, tronco tortuoso, folhas opostas que se desprendem do ramo quando amadurecem. As
flores são brancas, hermafroditas, isoladas ou em grupos de 2 ou 3, situando-se nas axilas das
folhas e nas brotações de ramos maduros. A fecundação provém de polinização cruzada
(abelha/Apis principal polinizador). Fruto é baga com tamanho, forma e coloração de polpa variada.
O fruto verde tem poder adstringente. A composição por 100g de polpa é: calorias (58), proteína (1
mg), cálcio (15 mg), Fe (1 mg), Vit. A (0,06 mg), Tiamina (0,05 mg), Vit. C (200-300 mg), Fósforo
(26 mg).

Uso medicinal das partes da planta de goiaba:

Folhas: o chá preparado é utilizado para combater desinterias em medicina caseira. O fruto in
natura e maduro é saboreado fresco, sob forma de refrescos, de sucos, sorvetes. Processada a
polpa entra na preparo de doces (de corte, em calda, em pasta), sucos concentrados, polpa
congelada, geléias, compotas. O fruto tem grande importância alimentar e elevado teor em ácido
ascórbico. Dizem que a polpa dos frutos vermelhos é apropriada para a indústria, mas, também, é
consumida fresca pelo homem. A goiaba é dos bons fornecedores de Vitamina C.

13.3. VARIEDADES:

WHITE SELECTION OF FLORIDA (IPA-PE): frutos arredondados, com 130g de peso e polpa
coloração branca.

PENTECOSTES (IPA-PE): frutos piriformes, peso médio 196g e polpa de coloração amarelada.

OGAWA BRANCA: planta vigorosa, de boa produtividade, frutos com 300-700g de peso, ovalados,
polpa espessa muito doce.

KUMAGAI – É o cultivar predominante nos pomares de goiaba para mesa do Estado de São
Paulo. Suas plantas, bastante produtivas e de médio vigor, apresentam ramos longos e
esparramados. Os frutos são grandes (300 a 400g), arredondados a oblongos, com casca lisa e
resistente, de cor verde-amarelada nos frutos maduros.

PEDRO SATO – Cultivar selecionado no Estado do Rio de Janeiro tem sido cultivado com
sucesso, também, no interior de São Paulo. Suas plantas, vigorosas e de crescimento vertical são
razoavelmente produtivas. Os frutos, levemente ovalados, de boa aparência, podem atingir peso
superior a 400g quando desbastado. A polpa é firme e rosada. O sabor é agradável.

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SASSAOKA – É cultivar de goiaba para mesa. A planta é de porte aberto e média produtividade.
Os frutos, que podem atingir peso superior a 300g, apresentam polpa rosada e espessa. A
rugosidade da casca é a principal característica de seus frutos.

PALUMA – Com cerca de 2.000.000 de mudas distribuídas nos últimos anos, este cultivar é
atualmente o mais difundido no Brasil, sendo seus frutos destinados à industrialização. É,
entretanto, importante ressaltar que a qualidade e a conservação de seus frutos vêm propiciando a
comercialização de parte significativa de sua produção como fruta fresca de mesa.
Suas plantas, altamente produtivas (mais de 50 t/ha), são vigorosas com crescimento lateral. Seus
frutos são grandes (acima de 200 g mesmo em plantas não desbastadas), piriformes com pescoço
curto e casca lisa. A polpa é firme, espessa (1,3 a 2,0 cm) de cor vermelha intensa e sabor
agradável, graças ao elevado teor de açúcar (aproximadamente 10º Brix) e equilibrada acidez.

RICA – Graças ao elevado teor de açúcar de seus frutos, este cultivar tem sido de grande
interesse à industrialização, sendo, também, procurado por consumidores de fruta fresca,
exigentes por frutas de sabor apurado.

SÉCULO XXI – Cultivar recentemente disponibilizado aos fruticultores. Graças a grande


produtividade e qualidade dos seus frutos, tem grandes possibilidades de tornar-se uma das mais
importantes goiabeiras para indústria e mesa.

13.4. FATORES CLIMÁTICOS:

A goiabeira planta nativa de região tropical, com grande adaptação a clima subtropical,
desenvolve-se muito bem em quase todo o território nacional. Pomares comerciais de goiaba para
a industrialização são encontrados desde o Rio Grande do Sul, passando por São Paulo, Minas
Gerais, Goiás até o Norte e Nordeste brasileiros. No Estado de São Paulo, praticamente não
existem limitações climáticas. Entre os fatores que interferem no desenvolvimento da goiabeira
merecem destaque:

Geadas: A goiabeira não tolera geadas, causando as mais rigorosas queimas de folhas e ramos,
chegando inclusive a tornar inviável a reconstituição dos pomares atingidos. Em plantas podadas,
normalmente os danos são mais drásticos pela maior exposição dos ramos internos. A resistência
da goiabeira à geada pode ser comparada à da mangueira.

Ventos Frios: Os ventos frios são danosos à goiabeira, devendo, em regiões expostas ao vento
sul, ser protegida por quebra-ventos.

Clima: nativa de região tropical a goiabeira vegeta e produz bem desde o nível do mar até 1.700 m
de altitude.

Temperatura: abaixo de 12ºC a planta não vegeta; a temperatura ideal para vegetação e produção
situa-se entre 25 e 30º C. Em clima frio, nublado ou chuvoso botões florais não se abrem.

Chuvas: A goiabeira requer precipitação anual bem distribuída de 1.000 mm embora medre com
chuvas 800 mm e 1.500 mm/anuais. Em regiões onde a estação seca prolonga-se por 5 meses ou
mais a goiabeira produz uma só safra.

Umidade Relativa: A faixa mais favorável está entre 50% e 80%.

Os areno-argilosos profundos, bem drenados, ricos em matéria-orgânica, pH 5,5-6,0 e protegidos


de ventos ou do frio são preferidos pela a goiabeira.

134
13.5. PROPAGAÇÃO:

A goiabeira pode ser propagada por sementes (para pomares domésticos) e por enxertia -
borbulhia de placa em janela aberta - para formação de pomares comerciais e por estaquia. As
sementes devem ser obtidas de frutos fisiologicamente maduros e autofecundados. As plantas
fornecedoras dos frutos devem ser sadias, produtivas e com raízes vigorosas. Descartar frutos fora
de padrão e com problemas físicos ou fitossanitários. Frutos selecionados são seccionados ao
meio para separar a polpa das sementes; em seguida as sementes são lavadas em água corrente
e colocadas a secar sombra sobre jornal por 48 horas. Secas podem ser tratadas com fungicida
para plantio em seguida ou serem acondicionadas em saco plástico para armazenamento em até
12 meses (refrigeradas). Uma grama pode conter 60 sementes em média.

A semeadura pode ser feita em canteiro de terra - sulcos rasos espaçados de 15cm ou sacos
de polietileno preto com furos, com dimensões 18cm x 30cm. O substrato para enchimento dos
sacos deve ser mistura de terra, esterco bem curtido e areia lavada na proporção de 5:3:1. Para
preparar 1m3 de substrato utiliza-se 3 Kg de superfosfato simples e 500g de cloreto de potássio.
Em cada saco colocar 3 a 4 sementes. Quando as plantas apresentarem 3 a 4 pares de folhas
devem ser desbastadas deixando aquela mais vigorosa. Quando a muda tiver 25cm de altura pode
ser levada ao campo (pé franco) ou para enxertia em viveiro.

A enxertia é feita em tempo quente e chuvoso em porta-enxertos com 1 ano de idade, com
1cm de diâmetro, feito a 15cm de altura. Alcançando 35cm de altura a muda enxertada é lavada
para plantio em campo. Sugere-se aquisição de mudas enxertadas de viveiristas credenciados por
órgãos oficiais.

Para a produção de mudas através de estacas, estas são retiradas de plantas vigorosas,
sadias e produtivas, cortando-se em tamanho de 10 a 12cm e deixando apenas um par de folhas
cortadas em 50%, evitando assim a transpiração e facilitando o manuseio no plantio das estacas.
As estacas são plantadas a 2cm de profundidade em substrato preparado em tubetes e colocadas
em câmaras de nebulização. As estacas enraizam em 60 a 70 dias. São transferidas para saco
plástico com 3,5L de volume até o plantio em campo aos 4 a 6 meses após o estaqueamento e
com 30 a 40cm de altura.

13.6. IMPLANTAÇÃO:

Rústica, a goiabeira adapta-se aos mais variados tipos de solo, evitando-se os solos
pesados e mal-drenados e excessivamente argilosos ou arenosos, rasos ou muito ácidos. O
preparo do solo compreende a aração e a gradagem. Em caso de necessidade de calcário aplicar
para elevar a saturação por bases a 60%. Os traçados de plantio em retângulo e em quincôncio
são os mais usados. Em áreas irrigadas e em retângulo, os espaçamentos de plantio são 8m x 5m;
6m x 5m ou 7m x 7m. As covas devem ter 40cm x 40cm x 40cm ou até 50cm. O plantio deve ser
feito no início da estação chuvosa, em dias nublados e frescos. Retirar o envoltório de plástico e
colocar o torrão na cova de tal forma que o colo fique ligeiramente acima do solo. Efetuar rega
abundante se não ocorrer chuvas e amarrar a planta, com fita plástica larga, a um tutor. Fazer
bacia em torno da muda e cobrir com palha ou maravalha.
13.6.1. Adubação de plantio:

A adubação de plantio deve ser feita 30 dias antes do plantio.

* Adubação orgânica: aplicar de 10 a 15 litros de esterco bovino por cova ou 5 litros de esterco de
aves.
* Adubação fosfatada: aplicar 250 g de superfosfato simples por cova.
* Adubação potássica: aplicar 150 g de cloreto de potássio por cova.

135
13.6.2. Adubação de formação:

Teor de P
no solo Teor de K no solo (ppm ou mg/dm3)
( mg/dm3) 0 a 15 > 15
N P2O5 K2O N P2O5 K2O
0 a 15 30 60 60 30 60 30
> 15 30 30 60 30 30 30

13.6.3. Adubação formação e de frutificação:

Teor de P no
solo (ppm ou Teor de K no solo (ppm ou mg/dm3)
mg/dm3) 0 a 15 15 a 30 > 30
g/cova
N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O
0 a 15 60 40 80 60 40 60 60 40 40
> 15 60 20 80 60 20 60 60 20 40

13.7. TRATOS CULTURAIS:

13.7.1. Controle de plantas invasoras: Pratica cultural indispensável que pode ser praticada por
meio de capina manual (mediante coroamento com enxada notadamente na fase de formação do
pomar) ou por capina mecânica (feita cuidadosamente a evitar que as raízes sofram lesões). O
controle por herbicidas (empresas de médio e grande porte) é feito por uso de produtos a base de
diurom e oryzalina (em mistura), ou ainda a base de dalapon, asulam + paraquat + diquat.

13.7.2. Podas:

Formação: para apresentar copa funcional que permita tratos e facilidade na colheita a goiabeira
necessita de poda de formação desde cedo. A planta deve ser conduzida com uma só haste até
altura de 60cm quando retira-se a gema terminal. Até 25cm abaixo do ápice da planta deixam-se 4
ramos opostos 2 a 2 e orientados para os pontos cardeais e entrando desencontradamente no
caule para formação da copa; após amadurecimento da planta esses ramos primarios são podados
para ficarem com 45cm de comprimento. Daí em diante a copa deve-se formar à vontade.

Limpeza: Devem-se eliminar brotações que se dirigirem para o solo bem como ramos
entrelaçados para ter-se copa aberta e arejada. Após a produção anual deve-se eliminar ramos
secos, doentes e entrelaçados. Os ramos inferiores da goiabeira devem estar a uma altura mínima
de 45cm. do solo.

Podas de frutificação:. A poda de frutificação (ramos maduros com gema aptas à brotação) só
deve ser feita em culturas irrigadas. Flores localizadas entre o meio e a base do ramo têm maiores
probabilidades de frutificar. Em caso de frutificação excessiva procede-se o raleio (eliminação) de
frutos deixando-se os frutos mais centralizados

13.7.3. Irrigação: Com a irrigação a goiabeira apresenta boa produção de frutos e até 2
safras/ano. Irrigação + poda adequada podem orientar a safra para épocas economicamente
desejáveis.

136
13.7.4. Pragas:

a) Broca-da-goiabeira: Timocrata albella Zeler 1939.

A lagarta violeta-amarela depreda tronco e ramos como resultado formam-se aglomerados


de excrementos ligados por fios de seda à pedaços de casca. O adulto é uma mariposa.

Controle: ao primeiro sinal de ataque ou pulverizações preventivas são feitas com inseticidas
fosforados (paratiom, malatiom). Em infestação mais intensa a superfície do tronco ou ramo deve
ser raspada (escova, luva) para expor o inseto - que é destruído e em seguida pincela-se a área
afetada com calda de carbaryl e oxicloreto de cobre.

b) Gorgulho-das-goiabas: Conotrachelus psidii, Marshall, 1922.

Ataca frutos, tornando-os imprestáveis para consumo. O adulto é besouro pardo escuro e
forma jovem é lagarta creme, cabeça parda, sem patas. A fêmea do besouro faz postura em frutos
verdes e no local de postura assemelha-se a um ponto preto que torna-se cicatriz deprimida. A
lagarta alimenta-se das sementes e induz a uma podridão seca no fruto.

Combate: pulverizações preventivas dos frutos - a partir do tamanho de azeitona - com inseticidas
organo-fosforados; ensacamento do fruto nesse estadio, com papel resistente à umidade, também
é forma de controle.

c) Mosca-das-frutas: Anastrepha sp. Ceratitis capitata.

A mosca põe os ovos dentro do fruto, saem lagartas afiladas, cremes, sem patas, que se
alimentam da polpa. "Maduras" abandonam o fruto e deixam entrada para podridões.

Controle: determinação da intensidade de ataque (frascos caça-moscas) e pulverização do pomar


(fention 50 CE, triclorfon 50 S, malation, 50 E, ). Fazer o enterrio dos frutos caídos a 70cm de
profundidade no solo. Para o controle das pragas da goiabeira pode-se ensacar os frutos
(saquinhos de pipoca papel manteiga) quando tiveram do tamanho de uma azeitona.

13.7.5. Doenças:

a) Ferrugem - Puccinia psidii, Vent.

O fungo ataca os tecidos novos de varios órgãos (folhas, gemas, flores, frutos). Os sintomas
são lesões necróticas, arredondadas, com formação de pustulas pulverulentas amarelo-
alaranjadas.

Controle: poda de limpeza (maior aeração da copa), controle de ervas daninhas, aplicação
preventiva e curativa em pulverização de produtos químicos à base de triadimefon, mancozeb,
oxicloreto de cobre, chlorothalonil.

b) Seca-bacteriana: Erwinia psidii.

A bactéria apresenta-se nas extremidades do ramo provocando murchamento repentino dos


brotos terminais (ficam avermelhados). Ocorre também em flores e frutos até metade do
desenvolvimento.

Controle: evitar podas ou colheita quando planta estiver umedecida por orvalho, chuva ou
irrigação, podas de limpeza (aeração da copa) eliminar e queimar ramos atacados, desinfetar
ferramentas (água sanitária - 1:3 em água) pulverização com produtos cúpricos (da brotação do
fruto até 3cm de diâmetro).

137
c) Antracnose: Colletotrichum gloeosporioides Penz

Também conhecida como mancha chocolate, a Antracnose causa danos medianos a


severos, principalmente em pomares velhos, fechados e mal cuidados. Característica doença de
pós-colheita, o fungo afeta frutos em estádio de maturação adiantada.

13.8. COLHEITA:

Efetuar colheita nas horas mais amenas do dia, evitar pancadas ou danos mecânicos no
fruto. Colher fruto plenamente desenvolvido e no estágio de "de vez", no máximo. Colher 2-3 vezes
por semana. Goiabas redondas são classificadas em Extra (15-21 frutos/caixa), especial (24-32
frutos por caixa) e primeira (35-45 frutos por caixa). Em áreas irrigadas a produção alcança níveis
superiores a 120 Kg/planta/ano e 10-15 toneladas de fruto/hectare. A colheita de frutos para a
industrialização se dá durante todo o ano, embora, nas principais regiões produtoras do Brasil,
concentra-se entre janeiro e abril. Os frutos são colhidos manualmente, quando maduros, e
colocados em caixas plásticas com 20 kg de capacidade.
A colheita de frutos destinados ao mercado de frutas frescas deve ser extremamente
cuidadosa, pois, frutos mesmo levemente danificados não podem ser comercializados.
O ponto de colheita é aquele em que os frutos, já totalmente desenvolvidos, ainda apresentam
coloração verde-mate.Como o desenvolvimento do fruto é rápido, a colheita deve ser realizada três
vezes por semana, pela manhã, desde que o fruto esteja seco, sem chuva ou orvalho. Quando o
ensacamento é realizado, normalmente os frutos envoltos pelo papel, são colocados em cestos
rasos e transportados para o galpão de embalagem. Nos galpões, os frutos são selecionados,
classificados e embalados manualmente, em uma só camada, em caixas de papelão de 390mm x
230mm x 80mm de dimensões internas, e em torno de 3,5 quilos de peso líquido. A classificação
leva em consideração o tamanho dos frutos sendo, normalmente, encontrado os tipos 9, 12, 15, 18,
24. A colheita de frutos para a industrialização se dá durante todo o ano, embora, nas principais
regiões produtoras do Brasil, concentra-se entre janeiro e abril. Os frutos são colhidos
manualmente, quando maduros, e colocados em caixas plásticas com 20 kg de capacidade.

138
14. A CULTURA DO MAMÃO:
14.1. INTRODUÇÃO:

O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma planta tipicamente tropical, cujo centro de origem é,
provavelmente, o Noroeste da América do Sul, onde a diversidade genética é máxima. Sendo o
Brasil, o principal produtor mundial de mamão, com a participação de 37,23% do total produzido no
mundo, seguido pela Índia (24%), Tailândia (8,8%) e Nigéria (8,1%). A cultura do mamão tem-se
caracterizado a partir da década de 70 como migratória, em função do mosaico do mamoeiro que
tem sido a principal doença desta espécie nas condições brasileiras.
A produção brasileira concentra-se atualmente nos estados da Bahia, Espírito Santo e Pará,
consideradas as maiores regiões produtoras do país. Embora o mamoeiro possa ser propagado
por via assexuada, através da enxertia, estaquia ou cultura de tecidos, a cultura é
predominantemente propagada pela via sexuada, através de sementes, num processo prático e
econômico.

14.2. FATORES CLIMÁTICOS:


Clima: temperatura entre 22 e 26ºC (21 a 33ºC), chuvas entre 1.500 a 1.800 mm (1.200 a
2.000 mm) anuais, umidade relativa do ar entre 60% e 80%, luminosidade acima de 2.000
horas/luz/ano, ventos moderados, brandos e altitude ideal de 200m (nunca acima de 800 m).

Solos: De preferência areno-argilosos, planos a levemente ondulados, porosos, profundos (2


m a mais), sem impedimentos na sub-superfície, ricos em matéria orgânica, e com pH 5,5 a 6,7.
Evitar solos em baixadas ou sujeitos a encharcamento e os pedregosos.
14.3. VARIEDADES DE MAMÃO:
O mamoeiro é uma planta herbácea, altura entre 2m e 10m, podendo viver até os 20 anos.
Sistema radicular superficial com raízes brancas e pouco abundantes, caule geralmente único,
fibro-esponjoso, verde a cinza-claro, fácil de quebrar e encimado por coroa de folhas terminal (em
capitel). Folhas grandes, alternas, lobadas com pecíolo longo (25-100cm.), ôco e frágil; flores
masculinas ou femininas ou hermafroditas (em indivíduos distintos), cor branco-amarelada a
amarela com ovário com formato arredondado ou alongado (cilíndrico). Fruto é uma baga, nasce
do caule ou de pendúnculo longo (macho) é arredondado, cilíndrico ou periforme e amarelo ou
alaranjado quando maduro; polpa de consistência suave e sucosa, cor salmão, vermelha e até
amarela com até 1000 sementes negras que se inserem na cavidade interna do fruto.

A composição por 100g de polpa é: calorias 32, água 90g, carboidratos totais 8,3g, fibra
0,6g, proteínas 0,5g, gorduras 0,1g, cálcio 20mg, ferro 0,4mg, fósforo 13mg, caroteno 110mg, Vit.
B1 0,03mg, Vit. B2 0,04,g, Vit C 46mg.

O sexo da flor do mamoeiro determina a existência de mamoeiros masculinos (mamão


macho); mamoeiro femininos e mamoeiros hermafroditas. As flores podem ser unisexuais -
masculinas ou femininas - e bisexuais (hermafroditas).

• Plantas masculinas: Com flores distribuídas por inflorescências de pendúnculos longos e


pendentes (pêndulas); órgão reprodutor masculino existente, ativo e órgão reprodutor
feminino rudimentar, mas, que pode tornar-se funcional produzindo mamões deformados -
mamão-macho, mamão-de-calo ou mamão-de-corda - sem valor comercial.

• Plantas femininas: Apresentam flores femininas, amarelas, isoladas ou em grupo de 2 a 3


que se inserem diretamente no caule. Os frutos decorrentes são arredondados a
ligeiramente ovais. Um pomar com plantas femininas necessita de mamoeiros masculinos -
em 10-12% dos indivíduos - uniformemente distribuídos no pomar para assegurar a
produção.

139
• Plantas hermafroditas: Apresentam flores com órgãos masculinos e femininos na mesma
flor e não dependem de outras para a fecundação. Tem forma alongada (elongata) ou
arredondada (pentândrica) e seus frutos podem ser cilíndricos (preferidos comercialmente)
ou arredondados.

Vários fatores induzem variabilidade nas flores ao longo do ciclo da planta; os frutos em
decorrência podem apresentar-se em formas diversas. Assim flores hermafroditas podem tornar-se
femininas, e masculinas tornarem-se hermafroditas (produzindo o mamão-macho). As flores
femininas são mais estáveis. O sexo da planta é identificado após a emissão das flores. A
variedade comercial é caracterizada por haste vigorosa com pequena distância entre nós, entra em
floração 3 a 6 meses após semeio, precoce, porte baixo e maturação do fruto em 5-6 meses pós-
floração, ausência de ramificação lateral. Algumas variedades de interesse comercial são:

a) Sunrise Solo ou Papaia: procedente do Havaí é planta precoce, frutos periformes ou


arredondados, com peso de 400-600g, polpa laranja-avermelhada de excelente sabor indicada
para consumo in natura e pode produzir 37 t/ha/ano.

b) Formosa: híbrida de origem chinesa, frutos com peso de 0,8 a 2,5 kg, polpa amarela ou
avermelhada, com produção acima de 70 t/ha/ano.

c) Tainung nº 1: Híbrido altamente produtivo (mamão da Costa Rica X Sunrise Solo), frutos
redondos ou alongados, polpa laranja-avermelhada, de ótimo sabor, produtividade média 60
t/ha/ano.

d) Improved Sunrise Solo CV. 72/12: Precoce (8 meses pós-plantio), produtivo, inserção das
primeiras flores a 60 cm de altura, fruto periforme a ovalado com 450g de peso, polpa vemelho-
alaranjada, produção abaixo da Sunrise Solo.

14.4. PROPAGAÇÃO DO MAMOEIRO:

A muda é um dos insumos mais importantes para a formação de um pomar de mamão, tendo-
se em vista o curto período de exploração da cultura (2 a 3 anos) e a elevada densidade de plantio
utilizada. A importância da muda está no fato de que o potencial máximo de produtividade e de
qualidade das frutas está diretamente relacionada à origem e obtenção do material propagativo
(semente) e somente será revelado 8 a 10 meses após o plantio, no início do florescimento e
frutificação.
Atualmente, são cultivados no Brasil mamão do grupo Formosa e Solo. As sementes do grupo
Formosa de origem F1, a exemplo de híbridos como o cultivar Tainung N.1 são quase que
exclusivamente importados do continente Asiático. As sementes do mamão do grupo Formosa
proporcionam um número médio de 70.000 sementes/kg que resultarão em aproximadamente
60.000 mudas viáveis.
Já a importação das sementes do grupo Solo, ocorre em pequena escala, uma vez que esta é
uma variedade definida. A produção destas sementes é obtida, em sua maioria, pelos próprios
produtores que fazem a seleção dos frutos e extração das sementes nas lavouras que apresentam
alto potencial de produção, em plantas previamente demarcadas. Devido a diferente densidade dos
materiais, as sementes de cultivares do grupo Solo, proporcionam cerca de 50.000 sementes/kg,
porém apresentam menor índice de aproveitamento que as do grupo Solo (25.000 mudas viáveis
por kg/semente), devido principalmente a inadequada metodologia de coleta e armazenamento.
Frutos fornecedores de sementes devem ser colhidos maduros, cortados superficialmente e
sementes retiradas com uma colher. Elas são lavadas em peneira sob jato de água (eliminar
mucilagem) e dispostas em camadas finas sobre papel jornal para secar à sombra por 2 a 3 dias.
Em seguida são tratadas com fungicidas PCNB 75 PM,13 g/kg de semente ou Thiram 70 S com
2,5 g/kg ou Captan 3,0 g/kg. Por fim, a semente é ensacada e armazenada na parte inferior da
geladeira (6ºC), se necessário.
Grande número dos produtores de mamão utiliza o processo de formação de mudas em
viveiros rústicos, de baixo custo, protegidos por tela, palhas de palmáceas ou qualquer outra

140
cobertura que permita a passagem de 50% da luz solar. Esta cobertura é retirada ou raleada de
acordo o desenvolvimento das mudas; que geralmente ficam sombreadas por aproximadamente
três semanas.
Os viveiros geralmente são instalados em local de fácil acesso, distantes de outros plantios,
próximos a fonte de água para prover o sistema de irrigação e protegido de ventos fortes. De
maneira geral, as mudas podem ser produzidas em sacolas, bandejas ou tubetes. Para produção
de mudas em sacolas utilizam-se embalagens de polietileno com dimensões: 9 cm x 18cm x 0.06
cm ou 12 cm x 18 cm x 0.06 cm, preenchidas com terriço, na seguinte proporção; três partes de
terra peneirada, uma parte de areia e uma parte de esterco de curral. Esse substrato deve sofrer
fumigação com brometo de metila e depois, cada m³ da mistura, deve receber 1 kg de cloreto de
potássio e 4,0 kg de superfosfato simples, 10 kg de calcário dolomítico. As sacolas podem ser
acondicionadas no chão ou em bancadas no qual utiliza-se uma semente por sacola para o Grupo
Formosa e duas ou mais para cultivares do Grupo Solo. Após a germinação procede-se o desbaste
nos recipientes que excederem uma planta por sacola.
Dependendo das condições climáticas, da semeadura ao plantio, em média, as mudas
atingem tamanho ideal para o plantio com 32 dias no verão e 40 a 45 dias no inverno. Para o
plantio manual utilizam-se mudas com aproximadamente 12 a 15 cm de altura e para o plantio
mecanizado 14 a 17 cm.

14.5. IMPLANTAÇÃO DA CULTURA:


O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema simples os
espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m. No sistema duplo os espaçamentos podem
ser de 3,6m x 1,8m x 1,8m ou 4m x 2,5m x 2,5m. Em terreno declivoso as linhas de plantio devem
seguir as curvas em nível; em terreno plano as linhas de plantio são marcadas no sentido da maior
dimensão (comprimento). As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os
sulcos 30 a 40cm de profundidade (grandes plantações).

Calagem: elevar a saturação por bases a 70%.

- Adubação de plantio:

* Orgânica: aplicar 20 litros de esterco de curral ou 5 litros de esterco de galinha.

* Fosfatada e potássica:

Teores de Nutrientes no solo (mg/dm3) P2O5 (g/cova) K2O (g/cova)

P < 10 120 -

P > 10 60 -

K < 25 - 40

K 25 a 50 - 20

K > 50 - 10

Aplicar 0,6g de boro por cova ou efetuar duas pulverizações foliares durante o ano, aplicando-se
250g de bórax por 100L de água.

O plantio deve ser efetuado no início do período chuvoso, em dia fresco e nublado, com
solo úmido. No plantio retira-se o envoltório plástico e o torrão é plantado ao nível do solo. Plantios
da variedade Formosa recebem 1 muda/cova. Para as outras variedades 3 mudas por cova. Cobrir
o solo, em volta da muda, com palha ou capim seco.

141
14.6. TRATOS CULTURAIS:

6.1. Adubação de crescimento e produção:

Época de aplicação Nutriente Meses de aplicação

Outubro Janeiro Março

Pós-plantio N 30 30 30

P2O5 - - -

K2O - 30 30

1º ano em diante N 30 30 30

P2O5 - 40 -

K2O 30 30 30

Controle de plantas invasoras: pode ser feito com capinas manuais ou mecânicas (grades ou
roçadeira - grades até primeiros 6 meses). Deve-se evitar lavras profundas. Capina química
(herbicida) pode ser usada.

Irrigação: o consumo anual de água pelo mamoeiro oscila entre 1.200 e 3.100mm. Há maior
exigência hídrica quando as plantas são jovens. Com déficit hídrico na produção aparecem áreas
do tronco sem frutos.

Desbaste de Plantas: no início da floração 3-5 meses pós-plantio, efetuar desbaste deixando
1 planta por cova, sempre com flores hermafroditas. Para mamoeiros do grupo Formosa
desbastam-se plantas masculinas.

Desbrota: brotações laterais que nascem nas axilas das folhas devem ser eliminadas quando
ainda pequenas. Iniciar essa prática 30 dias pós-plantio.

Desbaste de Frutos: no início da frutificação desbastam-se frutos defeituosos e de pequeno


tamanho; é uma operação periódica (uma vez por mês) em frutos pequenos e verdes. Deixar 1 a 2
frutos por axila da folha.

Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.


14.6.2. Doenças do mamoeiro:
14.6.2.1. Parte aérea:

14.6.2.1.1. Oídio: Oidium caricae Noack:

Descrita no Brasil em 1989, é uma doença de ocorrência generalizada, principalmente em


viveiros muito sombreados e nos meses mais frios e de pouca chuva do ano. Visto que, para a
germinação de conídios é necessário um breve período de alta umidade relativa, mas não de água
livre. Os conídios são disseminados pelo vento e o mamoeiro é o único hospedeiro de O. caricae.
No Brasil, a maior ocorrência de oídio se dá, notadamente de Maio a Setembro, não chegando,
portanto a causar prejuízos à região Norte do Espírito Santo.
Quando as folhas da parte superior são atacadas, a planta sofre redução no crescimento e
perda de vigor. As folhas mais velhas, localizadas na parte inferior da planta, são muito sensíveis,
e quando afetadas mostram manchas de coloração mais claras (verde-amareladas), tendo
contornos irregulares. Essas áreas descoloridas juntam-se, coalescem e apresentam-se recobertas
em sua superfície inferior por uma massa pulverulenta branca (massa de esporos) formada pela
frutificação do fungo em seu crescimento. Quando o ataque é intenso, ocorre enfraquecimento da

142
planta devido à retirada de nutrientes das células da superfície das folhas. Conseqüentemente, as
folhas caem, deixando os frutos descobertos e sujeitos a queimaduras provocadas pelos raios
solares.
Com isto, pode-se observar nos frutos manchas também de aspecto pulverulento, que
desaparecem deixando zonas do tecido morto com coloração amarronzada. Os frutos recém-
formados quando atacados, caso atinjam a maturação, apresentarão deformações, resultantes das
diferenças de crescimento entre partes sadias e afetadas, apresentando aspecto escamoso,
resultantes de formações suberosas. Não é necessário o controle da doença. Porém, um controle
eficiente em casos de maior intensidade de ocorrência e que o desejável seja a proteção das
plantas seriam aplicações com fungicidas à base de enxofre, em dias cuja temperatura seja inferior
a 21oC, evitando a queima dos frutos. Em relação à dosagem considerada eficiente, utiliza-se
600-700g/100L de água, evitando aplicações em temperaturas altas, pelos possíveis problemas
ocasionados como visto anteriormente, além da provável ocorrência de fitotoxicidade.

14.6.2.1.2. Varíola, pinta-preta ou bexiga do mamoeiro: Asperisporium caricae (Speg.) Maubl.)

É a doença mais comum no mamoeiro e ocorre tanto em pomares comerciais como em


pomares domésticos. Os esporos são disseminados pelo vento e respingos de chuva. As pintas
pretas nos frutos causam mal aspecto e grande desvalorização comercial. A perniciosidade dessa
doença se baseia tanto na freqüência de ocorrência quanto nos danos que causa. A varíola é uma
infecção do mamoeiro que se inicia nas folhas inferiores da planta, mas algumas vezes pode
começar nas folhas novas e nos frutos. Na parte inferior das folhas, o fungo desenvolve
frutificações pulverulentas, circulares e levemente angulosas. As manchas têm coloração cinza-
clara no centro, cercada por linhas concêntricas, de margens marrom-escuras ou pretas. Os
esporos desenvolvem nesta face, facilitando a contaminação dos frutos. Na face superior das
folhas, ocorrem pequenas manchas de forma arredondada, de cor pardo-clara, cercada por um
halo amarelo. Quando o ataque da doença é intenso, os sintomas podem ser amarelecimento,
queda prematura das folhas e retardamento do crescimento e vitalidade das plantas. A queda de
grande quantidade de folhas pode provocar queimaduras nos frutos, devido ao contato direto com
o sol.
Os primeiros sintomas da doença nos frutos verificam-se quando estes, ainda pequenos e
verdes, apresentam nos tecidos áreas circulares com aspecto encharcado, em cujo centro notam-
se pontos esbranquiçados, tornando-se posteriormente pardacentos e salientes. O tamanho das
manchas acompanha o desenvolvimento dos frutos, adquirindo coloração mais escura e atingindo
apenas a camada externa do fruto, que fica mais endurecida, porém sem atingir a polpa. A doença
não precisa de pulverizações específicas em campos de produção. Porém, considerando a
freqüência e intensidade da doença, quando necessárias, as medidas de controle devem ser
tomados logo que apareçam os primeiros sintomas nas folhas mais velhas. Dentre os fungicidas,
os mais eficientes são aqueles utilizados no controle de antracnose. Para o controle de mancha
nos frutos, causadas pelos produtos utilizados, deve-se iniciar o tratamento no início da frutificação,
evitando possíveis manchas nos frutos mais desenvolvidos. Atualmente os produtos à base de
cobre são registrados para o controle de varíola.
Outras medidas de importância:
a) Obter sementes tratadas e de boa origem.
b) Fazer as sementeiras e viveiros em locais distantes das plantações de mamoeiro.
c) Eliminar folhas infectadas que juntamente com aquelas caídas deverão ser queimadas por
constituírem focos ativos da disseminação do patógeno. Os frutos muito atacados devem ser
retirados e enterrados.
d) O controle da doença deve ser realizado de forma preventiva, observando-se a parte inferior da
folha e os frutos, principalmente quando ainda pequenos e verdes para descobrir os primeiros
sintomas. Pulverizar principalmente os frutos e as folhas, preferencialmente, na página inferior com
fungicidas a base de oxicloreto de cobre, mancozeb ou benzimidazol, nas dosagens
recomendadas.

143
14.6.2.1.3. Meleira - Vírus:

A Meleira foi constatada na década de 80 em Teixeira de Freitas, no Sul da Bahia, estando


hoje presente nos Estados do Espírito Santo, Pernambuco e Ceará.
Nos frutos de plantas afetadas ocorre escorrimento natural de látex, o qual apresenta
consistência bem fluida, havendo um escurecimento posterior devido à sua oxidação, dando um
aspecto melado ao fruto. Os sintomas também podem aparecer em folhas de plantas jovens, antes
da frutificação; neste caso, as margens das folhas tornam-se necróticas após o escorrimento do
látex. O látex esxudado tem coloração branca translúcida e os frutos ficam com um aspecto
“borrado” ou “melado”, depreciando então sua qualidade comercial. Observações de campo,
efetuadas por técnicos que trabalham no Espírito Santo e Bahia indicam que pode estar ocorrendo
alguma forma de transmissão mecânica da doença durante os tratos culturais e colheita. Esta
hipótese é reforçada pela distribuição da doença, sob condições de campo, que geralmente evolui
dentro da linha de plantio, indicando uma transmissão planta a planta. Considera-se ainda a
possibilidade de existência de um inseto vetor.

Desta forma, recomenda-se as seguintes medidas de controle:


- uso de semente oriundas de pomares onde não tenha se observado a doença.
- instalar pomares novos distantes de outros plantios que apresentem a doença.
- erradicar periodicamente plantas com sintomas de Meleira.
- manter o pomar limpo para evitar multiplicação de insetos.
- lavar com detergente ou água sanitária os instrumentos de corte utilizados nos tratos culturais e
colheita, antes de se trabalhar com a próxima planta.

14.6.2.1.4. Mosaico do Mamoeiro – vírus:

O mosaico do mamoeiro conhecido em inglês como “papaya ringspot virus” é considerado


uma das doenças mais destrutivas dessa frutífera, sendo um fator limitante da produção de
mamão. Causa prejuízos como: redução no vigor das plantas e queda na produção, redução na
vida econômica do pomar, depreciação dos frutos para o comércio e impossibilidade de plantios
novos em áreas afastadas.
Os sintomas causados por diferentes isolados do vírus do mosaico do mamoeiro podem
variar de intensidade. No geral, plantas de mamoeiro afetadas tornam-se cloróticas, as folhas, além
do mosaico, podem apresentar intensas deformações e bolhas que se caracterizam como áreas
elevadas, de coloração verde escura com contraste acentuado com o restante da folha que se
encontra amarelada. As plantas também apresentam manchas alongadas de cor verde escura ou
de aparência oleosa na parte nova da haste e nos pecíolos das folhas. Os pecíolos muitas vezes
apresentam-se de tamanho reduzido e curvado de forma irregular. Os frutos verdes podem
apresentar manchas anelares, oleosas, que ficam menos evidentes à medida que os mesmos
amadurecem. Em alguns casos, os frutos quase maduros podem apresentar anéis necróticos
esbranquiçados.
As plantas são suscetíveis em todas as idades e geralmente mostram sintomas de 2 a 3
semanas após de inoculadas. Plantas muito jovens, quando infectadas, nunca produzem frutos,
mas, raramente morrem. O agente causal do mosaico do mamoeiro é um potyvirus, cujas
partículas de tipo flexível apresentam comprimento médio de 800nm e 12nm de diâmetro. A estirpe
melancia causa importante doença em abobrinha-de-moita, melancia e outras espécies de
cucurbitáceas, mas não infecta o mamoeiro.
O vírus não é transmitido por sementes. Experimentalmente pode ser transmitido
mecanicamente com facilidade. Sua transmissão natural se dá por meio de afídeos, sendo a
relação vírus-vetor do tipo não persistente. No Brasil, as espécies já estudadas Mysus persicae,
Aphis gossypii, A. fabae, A. coreopsidis, Aphis spp., Daxtynotus sp. e Taxoptera citridus deram
resultados positivos de transmissão.
O vírus do mosaico é endêmico em praticamente todas as regiões produtoras de mamão
do país. Na maioria das regiões onde ocorre, o controle do mosaico é feito de forma preventiva,
através de medidas que reduzem ou retardam sua disseminação. São aplicadas principalmente às
novas plantações, pois nas velhas, onde o mosaico encontra-se bastante disseminado, não se

144
justificam medidas de controle, a não ser a destruição delas para que não funcionem como fonte
de vírus. As seguintes práticas têm sido recomendadas:
a) quando o plantio é feito com mudas, estas devem ser preparadas em locais distantes do pomar,
especialmente se neste já ocorrem plantas com mosaico.
b) implantação do pomar com mudas sadias e tão distantes quanto possíveis das plantações,
principalmente se o mosaico já ocorrer nesta.
c) destruir todos os mamoeiros velhos de plantações já terminadas ou abandonadas, bem como
aqueles que crescem nas imediações de casas, pomares e beira de estradas e que não tem valor
comercial.
d) erradicação sistemática de plantas doentes durante inspeções periódicas (rouguing), tão logo os
sintomas de mosaico possam ser reconhecidos, levá-las para longe da plantação e destruí-las.
e) evitar o crescimento de cucurbitáceas dentro e nas proximidades do plantio.
f) manter o pomar limpo, para evitar a formação de colônias de afídeos nas plantas daninhas.

14.6.3. Doenças de pós-colheita:

As perdas pós-colheita do mamão atingem proporções enormes na economia regional


brasileira, e são responsáveis pelo principal afunilamento retardador do desenvolvimento da
indústria do mamão, no entanto o principal problema não é o prejuízo monetário inicial, mas a
perda de confiança na qualidade do produto, o que pode, no futuro, afetar a demanda. A rápida
deterioração, acelerada pelos fungos, é fator que causa perda econômica e qualidade . Os
prejuízos são de 10 a 40% em embarques terrestres e de 5 a 30% em aéreos comuns, sendo que
tais perdas podem apresentar variações dependendo do manejo pós-colheita adotado, bem como
os processos de acondicionamento.

14.6.3.1. Antracnose: Colletotrichum gloeosporioides):

A antracnose constitui-se na mais importante doença incidente sobre frutos maduros em


regiões produtoras do mundo. Sendo problema em frutos não refrigerados para o comércio interno,
como em frutos refrigerados para exportação. Sua nocividade para a economia é grande, pois os
frutos atacados pela antracnose tornam-se imprestáveis para a comercialização e consumo. Ainda
que estes não apresentem os sintomas quando colhidos, a doença se manifesta posteriormente na
fase de embalagem, transporte e amadurecimento e comercialização, causando grande
percentagem de perdas. O fungo sobrevive de um ano para outro nas lesões velhas de restos de
cultura, principalmente nas folhas. Os ferimentos causados nos frutos, por insetos ou por via
mecânica, favorecem a penetração do fungo.
O estabelecimento do fungo nos frutos verdes se dá através da penetração pela cutícula. A
infecção permanece latente, mostrando atividade apenas sobre os pecíolos e folhas que
apresentam ferimentos e frutos no período de maturação. Os frutos jovens quando atacados
cessam o seu desenvolvimento, mumificam e caem.
Com o aumento da precipitação e da umidade relativa, aparecem na casca dos frutos
pequenos pontos pretos que aumentam de tamanho formando manchas deprimidas, que podem
medir até 5cm de diâmetro. Em torno das manchas, forma-se um halo de tecido aquoso, com
coloração diferente da parte central. Quando em grande quantidade, as manchas coalescem,
espalham-se pela superfície do fruto, penetram e aprofundam-se na polpa, ocasionando podridão-
mole. A frutificação do fungo concentra-se na parte central da lesão, que toma um aspecto
gelatinoso de coloração rósea, que desprende-se facilmente.
O controle efetivo pode ser realizado através da retirada e enterrio dos frutos em plantios
onde haja fonte de inóculo em grandes quantidades. Sendo a colheita realizada com os frutos
ainda em estado verde, que devem ser desinfectados em galpões de armazenamento.
O tratamento dos frutos com água quente (49ºC, 20 minutos), aplicação de thiabendazole
(frutos), embalagem em condições adequadas, manuseio delicado e seleção dos frutos no campo,
são apenas algumas medidas de controle. Outra medida importante é a eliminação dos frutos
infectados das plantas e do chão, já que eles podem servir como fonte de inóculo, principalmente
no caso de cultivos abandonados, onde se devem cortar as plantas e pulverizar com fungicidas. A

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epiderme do fruto do mamoeiro é fina e facilmente machucável e muitos fungos causadores de
doenças de pós-colheita, necessitam de ferimentos que possibilitam sua entrada no fruto, a
quantidade e a severidade dos machucados, tem um efeito direto na incidência destas doenças.
Os colhedores devem usar luvas que previnam os cortes aos frutos pela unhas e serem.

14.6.4. Pragas:

Ácaro branco: Polyphagotarsonemuis latus (Banks 1904), Tarsonemidae:

Conhecido como ácaro tropical ou ácaro da queda do chapéu. Ataca a superfície inferior de
folhas novas e brotações laterais. A folha torna-se amarelada, pálida, coriacea e por fim a lamina
rasga-se. Há perda do ponteiro (queda do chapéu), paralização do crescimento e até morte da
planta. Controle: desbastar brotações laterais, aplicar acaricidas visando ponteiros e brotações
laterais. Produtos indicados: enxofre molhável 80 PM (300g./100L), dimetoato 5.E (75g./100L
água).

Ácaro rajado: Tetranychus urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum - Acari, Tetranychidae:

Os ácaros vivem nas folhas mais velhas, face inferior, nas nervuras mais próximas ao
pecíolo onde tecem teias, efetuam posturas. Provocam amarelecimento, necrose e perfuração na
folha. Há desfolha da planta afetando o desenvolvimento e estragos nos frutos por ação direta dos
raios solares. Controle: aplicar acaricidas indicados para ácaro branco visando face inferior das
folhas e a eliminação de focos iniciais da praga.

Outras pragas: Cigarrinha (Empoasca sp.): ao sugarem a seiva causam amarelecimento e


encurvamento das folhas mais velhas que podem cair sob ataques severos. Controla-se cigarrinha
com pulverizações de triclofrom 50 S (240 mL/100L de água). Lagarta de folhas: infestações
severas são controladas com Bacillus thuringuensis 3,2 PM (250-500g/ha). Mosca-das-folhas:
monitoramento com frascos caça-moscas e pulverização com iscas tóxicas (produtos a base de
malation, fention, triclorfon).

14.7. COLHEITA E BENEFICIAMENTO:

O mamão completa a maturação 4 a 6 meses após a abertura da flor. Todavia os frutos


devem ser colhidos antes da maturação total. Para comercialização os frutos devem ser colhidos
quando apresentam estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Destinados a exportação ou
armazenamento por períodos longos, os frutos devem ser colhidos no momento em que a
coloração da casca passa do verde escuro para o verde claro (sementes negras, início de
coloração rósea da polpa). O mamão é colhido manualmente (torção) até a ruptura do pedúnculo.
Para plantas de porte alto utiliza-se o "canguru" (equipamento ligado ao hidráulico do trator) ou a
vara de colheita (de bambu com copo de borracha - pressionado contra ápice do fruto até a ruptura
do pedúnculo - semelhante a desintupidor de pia). Para evitar vias de penetração de fungos cortar
o pedúnculo do fruto à faca sem torcer o fruto. Operários devem usar luva e blusa com mangas
compridas (prevenir contato com o látex).

O tratamento dos frutos pós-colheita visa a prevenção contra doenças fúngicas e mosca-das-
frutas (tratamento térmico a 47ºC por 20 minutos e rápido resfriamento) para moscas - e de
thyabendazol ou benomyl para fungos. Após, fazer a classificação pelo tamanho em: pequenos,
médios e grandes, etiquetagem (nome/endereço do produtor) embalagem em caixa de madeira ou
de papelão (exportação). Para a frigoconservação utilizam-se temperaturas entre 13ºC e 16ºC.

146
15. A CULTURA DO FIGO:
15.1. INTRODUÇÃO:

Presume-se que as primeiras figueiras com toda a sua história e seus mistérios, tenham
chegado às terras brasileiras já no século XVI. Sob a orientação do Instituto Agronômico de
Campinas, após a queda da produção cafeeira no início dos anos 30 e muitas vezes, em
substituição a mesma, deu-se um grande impulso à produção de figos associada à de uvas no
estado de São Paulo. Ali se destacavam as regiões compreendidas entre Campinas, Itatiba,
Valinhos, Jundiaí, São Paulo e Mogi das Cruzes, sendo algumas delas até os dias de hoje,
bastante produtivas.
O figo está entre as vinte principais frutas exportadas pelo Brasil e vem mantendo a terceira
posição no ranking de volume comercializado, entre as frutas de clima temperado, com 0,900 mil t
atrás apenas da maçã com 153,0 mil toneladas e da uva com 28,8 mil toneladas, atingindo o
patamar de US$ FOB 2,109 mil milhões em 2004. Os maiores importadores do figo brasileiro são
Alemanha, França, Países Baixos, Reino Unido e Suíça, dentre mais de dez países para onde,
costumeiramente são feitos embarques aéreos.
A produção de figo nos países localizados na Bacia Arábica do Mediterrâneo representa a
maior parte da produção mundial. Em 2004, a Turquia respondeu por 26% do total; o Egito, por
18%; a Grécia e o Irã, por 7% cada um; Marrocos e Espanha, por 6% e o Brasil, na 10a colocação,
por 2% da produção mundial. A cultura no Brasil estabilizou-se por volta de 7 mil a 8 mil t no
período de 1996 a 2004. A área em 2003 foi estimada em 489,7 ha, com 712 mil plantas.
Conforme as características de suas flores e formas de frutificação, existem quatro tipos
gerais de ficus carica: caprifigo, smirna, comum e São Pedro Branco, sendo que as variedades
mais cultivadas em todo o mundo pertencem ao tipo comum. No Brasil, ocorre o mesmo: a
variedade Roxo de Valinhos (município do interior de São Paulo onde a produção de figos é
bastante antiga e volumosa) é a mais cultivada comercialmente e pertence, também, ao tipo
comum.
O fruto da figueira é geralmente identificado como o figo, propriamente dito. No entanto, este
não passa de um receptáculo carnoso, de casca fina e macia, em cujo interior encontram-se os
verdadeiros frutinhos, as sementinhas e os restos das flores da figueira, sendo todo conjunto
completamente comestível. Por dentro, a massa rosada ou esbranquiçada é refrescante e se
desmancha na boca, podendo variar o seu sabor entre o insípido e o muito doce. Assim, de acordo
com sua destinação futura, os frutos das figueiras devem ser colhidos em diferentes estágios de
maturação: os figos verdes se destinam basicamente à industrialização de doces em compotas; os
inchados são usados para a produção do figo-rami, espécie de passa de figo; os maduros são para
produção de doces em pasta ou figada, ou ainda para consumo in natura.

15.2. ORIGEM, ASPECTOS BOTÂNICOS E VALOR NUTRICIONAL:


A figueira é originária do Sul da Arábia, de onde foi difundida para a Europa e,
posteriormente, para a América. Outras fontes indicam ser a figueira oriunda da Ásia Menor, mais
especialmente da Cária. Sabe-se que a figueira foi inicialmente cultivada pelos árabes e judeus,
em regiões semi-áridas, no sudeste da Ásia. Os próprios árabes levaram a figueira para a
Península Ibérica, onde foi difundida para a África, América e Europa, junto com seus primeiros
colonizadores.

Em 1532, Martim Afonso de Souza introduziu a figueira no Brasil. Em 1585, segundo


Fernão Cardim, São Paulo já produzia figos, entre outras culturas. Porém, foi com a imigração de
europeus que a cultura teve maior impulso no Brasil, principalmente por parte dos italianos que,
chegando a São Paulo, trouxeram a maior parte dos cultivares. Cita-se que a partir de 1920 é que
realmente iniciou-se cultivo comercial de figueiras no Brasil. Na década de 1970, a região de
Valinhos apresentava cerca de 2 milhões de pés de figueira, 500 produtores e cerca de 1000
hectares. Na década de 1980, houve uma queda diminuindo para cerca de 300 mil plantas, 110
produtores e 230 hectares. Este declínio foi devido à grande ocorrência de doenças e a

147
concorrência com outras espécies frutíferas, que hoje está sendo revertido. Atualmente, está
ocorrendo uma ampliação da região produtora de figos, tanto em São Paulo quanto em Minas
Gerais, especialmente na região Sul de Minas.

O sistema radicular da figueira é superficial e fibroso. Há registros de que, em condições


adequadas para o seu desenvolvimento, o sistema radicular da figueira pode aprofundar-se até 6m
e, lateralmente, pode se expandir por até 12 metros.

A figueira é uma árvore caducifólia bastante ramificada com até 10 metros de altura e
raramente ultrapassa 3 metros, devido ao sistema de sucessivas podas drásticas. Em geral, a vida
útil produtiva está em torno de 30 anos variando conforme o manejo dado à planta. O caule
apresenta ramos robustos e sem pelos, bastante frágeis e quebradiços. No caule e em outras
partes da planta, há células lactíferas, as quais produzem um látex rico em fissiona, uma enzima
proteolítica que, em contato com a pele, causa irritação, o que requer cuidado, especialmente
quando das desbrotas e colheita dos frutos.

Embora comercialmente os figos sejam conhecidos como frutos, na verdade, não são
frutos verdadeiros, mas sim, infrutescências constituídas de tecido parequimatoso. O fruto
verdadeiro é o aquênio, resultante do desenvolvimento do ovário, com embrião envolto pelo
endosperma e tegumento. Nas condições do Brasil, como não há fecundação, os aquênios são
ocos.

Os figos são de formato piriforme, com 5 a 8 cm de comprimento, esverdeados ou


violáceo-amarronzado. Desenvolvem-se de uma inflorescência inteira, incluindo partes florais,
sépalas, pedúnculos e ovários. A inflorescência é interna, com um pedúnculo suculento externo e
as flores situadas em seu interior. A infrutescência é botanicamente chamado "sicôno" ou
"sincônio". Os primórdios florais formam-se tipicamente na axila de cada folha, onde uma gema
central vegetativa é acompanhada por duas gemas florais. Algumas cultivares desenvolvem
somente um figo por nó, enquanto que outras desenvolvem frutas de ambas as gemas. O
crescimento do figo, em termos de peso ou diâmetro, segue uma curva sigmoidal dupla.

Conforme as características florais e os hábitos de frutificação, distinguem-se quatro tipos:


caprifigos, figos de Esmirna (ou Smyrna), figos comuns e figo São Pedro, quais sejam:

a) caprifigo (Ficus carica silvestris) – Constitui a única classe de figos que apresenta,
quando maduros, estames fornecedores de pólen às demais variedades. São os únicos figos que
apresentam flor com estilo curto (brevistiladas), apropriadas a oviposição e ao desenvolvimento de
vespa polinizadora Blastophaga psenes. Há uma simbiose entre o caprifigo e a vespa, a qual não
vive por muito tempo a não ser no caprifigo. Por outro lado, a grande maioria dos caprifigos não
chega a amadurecer, se não houver o estímulo provocado pela presença de larvas da vespa em
seu interior;

b) smyrna (Ficus carica smyrniaca) – nesta classe de figos, a caprificação é


indispensável. Sem este estímulo e sem a formação de sementes, as frutas da produção principal
enrugam e caem ao atingirem cerca de 2 cm de diâmetro. Figos do tipo smyrna são mais doces,
firmes e duráveis após a colheita que os figos do tipo Comum;

c) comum (Ficus carica violaceae ou F. carica hortensis) – no Brasil, somente são


cultivadas variedades do tipo comum, cujas flores são exclusivamente femeninas. Os figos tipo
comum desenvolvem-se partenocarpicamente, ou seja, não necessitam da caprificação. Podem,
porém, serem polinizados e produzir sementes;

d) São Pedro (Ficus carica intermedia) – as figueiras do tipo São Pedro são
intermediárias entre as do tipo smyrna e comum. Os figos têm apenas flores femininas, com estilo
longo, mas enquanto as flores dos figos da primeira safra são partenocárpicas, as da segunda
safra não se desenvolvem até a maturidade sem o estímulo da fecundação.

148
Algumas variedades de figo necessitam de polinização para fixar suas frutas, enquanto que
outras podem produzir frutas partenocarpicamente. A caprificação é a fecundação das flores do
figo pelo pólen transportado pela vespa Blastophaga psenes. Em regiões onde a vespa
polinizadora ocorre, a caprificação se dá natural ou artificialmente. Apenas no segundo caso há
interferência do homem, o qual introduz, no pomar, frutas com a vespa por duas vezes a intervalos
de 8 a 10 dias entre si. Em qualquer um dos casos, a vespa completa seu ciclo no interior do
caprifigo e emerge a intervalos realizando a caprificação. Além disso, pode-se plantar caprifigos
dentro do pomar ou fazer enxertia de gemas de caprifigos nas figueiras de frutas comestíveis.
VALORES NUTRICIONAIS POR 100g DE FIGO:

Calorias 68,20
Água 81,20g
Hidratos de carbono 5,55g
Proteínas 1,35g
Gorduras 0,70g
Sais 0,60g
Vitamina A 215 UI
Vitamina B1 (tiamina) 50,00 mcg
Vitamina B2 (riboflavina) 50,00 mcg
Vitamina B5 (niacina) 0,44 mg
Vitamina C (ácido ascórbico) 7,30 mg
Potássio 384,00 mg
Cálcio 50,00 mg
Fósforo 35,00 mg
Sódio 27,00 mg
Ferro 0,70 mg

15.3. FATORES CLIMÁTICOS:


A figueira é uma espécie caducifólia e adapta-se melhor ao clima temperado, com invernos
suaves e úmidos e verões quentes e secos. No Sul e nos planaltos do Sudeste, onde se encontram
as maiores partes das áreas cultivadas com figueira, o clima é mesotérmico, com invernos suaves
e verões quentes ou relativamente suaves e úmidos. Apesar disso, a figueira comporta-se
satisfatoriamente bem nas regiões semi-úmidas, subúmidas e semi-áridas do Nordeste, se irrigada.
Em vista disso, pode-se afirmar que a figueira é uma frutífera que possui grande capacidade de
adaptação a diferentes condições climáticas. É uma espécie com pouca exigência em frio para
completar o repouso hibernal. Nas regiões de clima seco, a estação seca ajuda induzir o repouso
vegetativo, complementando o efeito do frio.

15.3.1. Temperatura:
A exigência em frio hibernal para quebra de dormência das gemas varia de 100 a 300 horas
o
de frio (abaixo de 7,2 C). Apesar disso, há boa adaptação da figueira em regiões de clima quente,
com a vantagem adicional de poder-se produzir frutas durante o ano todo, visto que a irrigação e a
poda condicionam a frutificação. Nas regiões quentes, as safras são maiores e os figos, mais
o
doces. A figueira tolera temperaturas de até 35 a 42 C. Já foi verificado que temperaturas em torno
o
de 40 C durante o período de amadurecimento das frutas provocam maturação antecipada, com
alteração na consistência da casca do fruto, que se torna coriácea e dura. Em regiões de clima
mais frio, há risco de danos por geadas tardias, pois temperaturas no final do inverno entre –3 a –
o
6 C podem matar os figos em formação e os ramos mais herbáceos. Como alternativas para
contornar os efeitos da ocorrência de geadas tardias recomenda-se que a poda seja feita mais
tardiamente (mês de agosto, na região do Rio Grande do Sul) deixando-se de quatro a cinco

149
gemas, ou seja, três a quatro entre nós. Caso seja necessário devido à morte das brotações
terminais por ocorrência da geada durante a primavera, pode-se podar novamente, retirando-se as
partes danificadas pelo frio.

15.3.2. Umidade:
A figueira é bastante sensível a falta de umidade no solo, principalmente no período de
frutificação, o que está relacionado ao seu sistema radicular superficial. A cultura exige, no período
vegetativo, chuvas freqüentes e bem distribuídas, sendo adequadas precipitações em torno de
1200 mm anuais. O emprego da cobertura morta do solo do pomar permite preservar a umidade do
solo, fundamental para o bom desenvolvimento da figueira. Em locais com precipitações
irregulares, pequenas estiagens são sentidas pelas plantas, causando a queda das folhas, com
prejuízos à produção. Neste caso a cultura deve ser irrigada. Por outro lado, a alta umidade pode
predispor as frutas ao ataque de doenças bem como causar fendilhamento das frutas quando elas
se encontram no estágio de maturação.

15.3.3. Ventos:
Geralmente, o vento não chega a causar prejuízos. Porém, ventos fortes, durante o
desenvolvimento das frutas, provocam danos mecânicos causados pelas batidas das folhas. Nos
locais muito sujeitos a ventos fortes, pode-se recomendar a instalação de quebra-ventos.

15.3.4 Luz:
A figueira em ambiente altamente iluminado adquire um crescimento vigoroso e produz
frutas de excelente qualidade. A coloração e a forma das frutas são afetadas pelo clima (luz,
temperatura, umidade) e outros fatores.
15.4. VARIEDADES:
Embora existam cerca de 25 cultivares de figueira no Brasil, apenas uma é comercial. Esta
cultivar, denominada 'Roxo de Valinhos', foi introduzida no Brasil por um imigrante italiano que
cultivou a figueira em Valinhos. É uma cultivar rústica, vigorosa e produtiva, com boa adaptação a
diversos climas que ocorrem no Brasil, além de ser adaptada ao sistema de poda drástica. O fruto
é alongado, grande e periforme, com pedúnculo curto, coloração externa roxo-escura e na região
interna da polpa, rosa-violácea. As frutas podem ser destinadas tanto para o consumo "in natura"
quanto para a industrialização, na forma de doces em calda e cristalizados. Apesar de suas
diversas vantagens, apresenta a limitação de possuir um ostíolo muito aberto, com tendência e
rachaduras, favorecendo a ocorrência de doenças e pragas. Em outros países, a cultivar Roxo de
Valinhos apresenta vários sinônimos, tais como 'Nero', 'Corbo', 'Brown Turkey', 'Granata', e 'San
Pairo'. Além desta cultivar, há outras com menor importância:

a) Pingo-de-Mel, também conhecida como 'Kadota', apresentou importância comercial


no Brasil no início do século e hoje é pouco cultivada praticamente não apresentando importância
comercial. Adapta-se bem ao sistema de poda drástica produzindo figos muito doces, de tamanho
médio, periformes e com polpa de cor âmbar;

b) Verdona longa, também conhecida como 'White Adriatc', também apresenta polpa
clara, com tons de carmin. Caracteriza-se por não tolerar podas drásticas, devendo-se realizar
podas leves para que esta cultivar produza adequadamente;

c) Nóbile, que parece ser a mesma variedade cultivada antigamente no Rio grande de
Sul com o nome de 'Branco', suporta podas drásticas, produz figos de tamanho médio, de polpa
creme e de sabor muito doce.

Apesar de somente serem cultivados figos do tipo Comum no Brasil, produtores da região de
Valinhos (SP) importaram da Turquia, em 1996, Duas mil estacas de figueira tipo smyrna, visando

150
obter plantas que através de cruzamentos, possam ampliar a base genética da cultura no Brasil e
obter cultivares com frutas de melhor qualidade e com tolerância a pragas e doenças, além de
visarem o uso desta espécie como produtora e como porta-enxerto. Como este tipo de figueira
requer fecundação para fixação do fruto, é provável que deva se buscar a indução de
partenocarpia.
15.5. PROPAGAÇÃO:
A propagação da figueira pode ser realizada por via sexuada e assexuada.
Entretanto, a propagação sexuada, ou seja, através de sementes, é utilizada exclusivamente em
trabalhos de melhoramento genético A propagação assexuada é feita principalmente através de
estaquia, embora também possam ser utilizadas a mergulhia (mergulhia de cepa e alporquia), a
enxertia e a propagação através de rebentões ou de filhotes. Embora as brotações ou filhotes
(rebentões) sejam um bom material propagativo, seu uso é bastante restrito, principalmente se as
mudas forem provenientes de solos infestados de nematóides. A utilização de brotações oriundas
do colo da planta, ou seja, rebentões, é proibida por lei na produção comercial de mudas, devido
ao risco de disseminação de nematóides.

15.5.1. Propagação por Estaquia:


A produção de mudas de figueira por estaquia é o principal método utilizado. As estacas
podem ser enraizadas em viveiros, diretamente no pomar ou em recipientes.

15.5.1.1. Mudas obtidas em recipientes:

Embora a técnica de plantio diretamente no campo venha sendo bastante utilizada, uma
vez que o rendimento é considerado satisfatório, a formação paralela de mudas em recipientes
(sacos plásticos, vasos, entre outros) constitui-se numa prática muito importante. A estaquia
lenhosa em sacos plásticos, no período hibernal pode garantir a substituição, no período de
dezembro–janeiro, daquelas estacas que não vingaram, plantando-se as mudas diretamente no
campo e obtendo-se, com isso, uma maior uniformização do estande final pretendido. Como
recipiente, é recomendado o uso de sacos plásticos pretos nas dimensões de 30cm x 20cm, ou
24cm x 18cm perfurados.

Em geral, o método mais utilizado é a propagação através de estacas lenhosas, pois


permite o uso do material descartado pela poda e enraizamento sem estruturas especiais de
nebulização. O preparo das estacas consiste em cortá-las em comprimento adequado,
submetendo-as, quando necessário, ao tratamento com fungicidas e com fitorreguladores. Com
relação ao comprimento das estacas, comumente tem sido recomendado o uso de estacas com
aproximadamente 20 a 30cm de comprimento e com 1,5 a 3,0cm de diâmetro, o que permite a
formação de mudas vigorosas. Devido à facilidade de enraizamento, em geral não são necessários
fitorreguladores, porém o tratamento com AIB (ácido indolbutírico) a 100-200 ppm durante 24 horas
parece aumentar a uniformidade do enraizamento e acelerar a emissão de raízes adventícias. O
tratamento com fungicidas das estacas consiste em submetê-las ao tratamento em feiosas,
imergindo-as totalmente ou apenas 5,0cm de suas bases em solução à base de PCNB (Kobutol a
300g/100L de água) ou outro produto como Captan e Benomyl. Este tratamento é feito
anteriormente ao plantio das estacas.

Fazem-se os tratos culturais normais, os quais consistem em capinas, irrigações, desbrotas


e controle fitossanitário, bem como adubação de cobertura. Os tratos fitossanitários referem-se à
aplicação principalmente de produtos à base de cobre, espaçadas de 3 a 4 semanas. Quando do
início da brotação, deve-se selecionar o melhor broto, através da desbrota, a qual deverá ser feita
quando as brotações atingirem de 5 a 10cm de comprimento. A muda será então, conduzida em
haste única até atingir 40 a 60cm de comprimento, sendo despontada no inverno seguinte nesse
comprimento, estando apta para ser comercializada e transplantada ao local definitivo.

15.5.1.2. Plantio das estacas diretamente no campo:

151
Atualmente, o plantio das estacas não-enraizadas diretamente no campo é um método muito
utilizado nas principais regiões produtoras, tanto de São Paulo como de Minas Gerais, com
pegamento médio em torno de 60%.

Para a estaquia direta no campo, recomenda-se utilizar estacas com um ano de idade, com
comprimento de 30 a 40cm e diâmetro entre 1,5 a 3,0cm. Dá-se preferência a solos profundos,
bem drenados e com possibilidade de uso da irrigação. A profundidade de plantio é variável, sendo
recomendável que, pelo menos, dois terços da estaca fiquem enterrados no solo. O plantio da
estaca na cova é feito no sentido vertical, deixando-se apenas 1 a 2 gemas acima do nível do solo
– sobre estas gemas, é feita uma amontoa, cobrindo-a totalmente com o solo.

A desvantagem deste método é que, em regiões ou épocas muito quentes e/ou secas,
podem ocorrer muitas falhas no pegamento. Para compensar tais falhas, recomenda-se o uso de
duas estacas por cova. Um dos principais cuidados no plantio das estacas é garantir uma boa
aderência do substrato à estaca. Por isso, deve-se compactar bem o solo junto à estaca, pelo
menos no seu terço basal, cobrindo-se normalmente o restante da mesma. Após, recomenda-se a
colocação de água, com regador sem crivo, de tal forma que a água carreie o solo da superfície,
depositando-se na base da estaca.
15.6. IMPLANTAÇÃO DA CULTURA:
15.6.1. ESPAÇAMENTO E COVEAMENTO:

A abertura das covas pode ser feita manualmente ou com o uso de sulcador acoplado ao
trator. Fazem-se covas com cerca de 40cm x 40cm x 40 cm e, se possível, faz-se a separação
entre solo superficial e o solo das camadas mais profundas. Quanto ao espaçamento, o melhor
espaçamento para o cultivo da figueira é de 2,5-3,0 x 1,5-2,0 m, especialmente se a produção for
destinada para mesa. Para produção de figo verde, o espaçamento pode ser reduzido para 2,0-2,5
x 1,0-1,5 m. O espaçamento varia em função da topografia, tratos culturais e fertilidade do solo.
Recomenda-se que as linhas de plantio não ultrapassem 60m e os carreadores estejam
localizados no mínimo a cada 20 linhas.

15.6.2. CALAGEM:

A figueira adapta-se bem a diversos tipos de solos, porém de maneira geral, os solos mais
apropriados são os solos areno-argilosos, bem drenados e com bom teor de matéria orgânica. O
pH ideal para a cultura está em torno de 5,6 a 6,8. A saturação por bases deve ser em torno de 70
a 70%.

15.6.2. ADUBAÇÃO:
15.6.2.1. Adubação de plantio:
* Orgânica: aplicar 40 litros de esterco de curral ou 10 litros de esterco de galinha. Repetir essa
adubação a cada 2 anos.
* Fosfatada:

Teor de P no solo (mg/dm3 ou ppm) P2O5 (g/cova)


< 10 200
> 10 100

15.6.2.2. Adubação de crescimento e produção:

As adubações de cobertura deverão ter início quando mais de 60% das plantas estiverem
com 3 ou mais pares de folhas. Deve-se fazer esta aplicação quando o solo estiver úmido,
distribuindo-se bem os fertilizantes e manter um intervalo entre aplicações entre pelo menos 30
dias. Junto com as caldas de defensivos, pode-se adicionar um adubo foliar, o que pode dar bons

152
resultados. Os micronutrientes mais exigidos pela figueira são o boro, ferro, manganês e zinco. A
análise foliar não substitui a análise do solo, mas ambos se complementam. A folha é o órgão que
melhor indica se a cultura está bem ou mal nutrida e a análise foliar serve para ajustar o programa
de adubação ou as doses de adubo. A análise foliar serve para ajustar os programas de adubação
porque, ao fazê-la, observa se o teor de um elemento está abaixo do nível crítico, que com o
parcelamento das adubações a sua deficiência poderá ser corrigida, durante a própria safra ou na
safra seguinte.
Quanto à amostragem de folhas para a análise foliar, não foram encontradas informações
para a figueira. De maneira geral recomenda-se a coleta de folhas recém-maduras. Na planta,
retira-se uma folha de cada ponto cardeal e forma-se uma amostra composta de cerca de 60
folhas, de um talhão homogêneo. Obtidos os resultados, deve-se compará-los com um padrão, a
fim de identificar se existe nutrientes cujos teores estejam abaixo do nível crítico, o que
conseqüentemente estará limitando a produção. Os teores foliares de nutrientes em figueiras bem
nutridas, mantidas em solução nutritiva, são os seguintes: N: 3,39%; P: 0,17% - 0,21%; K: 2,68% -
2,83%; Ca: 1,67% - 1,91%; Mg: 0,63% - 0,66%; S: 0,21%; B: 162 cmolc/dm3 – 219 cmolc/dm3.

Época de Nutriente Época de aplicação


aplicação
Agosto Outubro Dezembro Abril
g/planta
Pós-plantio N 10 10 10 -
P2O5 - - - -
K2O - 10 10 -
N 10 20 10 -
1o ano P2O5 - - - 40
K2O - 15 15 20
N 20 40 20 -
2o ano P2O5 - - - 80
K2O - 30 30 40
N 30 60 30 -
3o ano P2O5 - - - 120
K2O - 45 45 60
N 40 80 40 -
4o ano em P2O5 - - - 160
diante K2O - 60 60 80

15.7. PODA:
A poda engloba todos os tipos de intervenções que são efetuados na planta, com o propósito
de condicioná-la para umas produtividades rápidas, elevadas e mais constantes ao longo dos
anos.

A poda pode ser executada durante o inverno (poda hibernal ou em seco) e durante o
período de crescimento vegetativo (poda em verde). A poda hibernal é mais comumente utilizada
na cultura da figueira, sendo realizada no final do inverno, próximo à época da brotação. Como a
figueira produz em ramos do ano, ou seja, a produção ocorre nos ramos novos, emitidos no
mesmo ciclo em que produzem, a principal particularidade da poda desta espécie é a realização de
poda drástica, na qual são eliminados praticamente todos os ramos emitidos no ciclo anterior.

Há dois sistemas de poda: o sistema tradicional e o sistema com desponte.

No sistema convencional de poda, nos primeiros 3 anos após o plantio, busca-se formar a
estrutura adequada para inserção dos ramos produtivos. A esta técnica, denomina-se "poda de
formação". Porém, mesmo durante este período inicial, a figueira já produz, de modo que torna-se

153
difícil distinguir-se entre poda de formação e frutificação.

Em geral, a poda de formação e frutificação da figueira é feita adotando-se o cronograma a


seguir.

o o
As operações de formação da planta prosseguem até o 4 ou 5 ano pós-plantio,
duplicando-se anualmente o número de ramos da planta. A planta é considerada formada quando
atinge 8 a 12 ramos por ramo inicial ou, no total, 24 a 36 ramos por planta. Em geral, em figueiras
destinadas à produção de frutas frescas, deixa-se um menor número de ramos, para favorecer o
tamanho e a qualidade dos figos. Em figueiras destinadas à produção de frutas para indústria,

154
deixa-se maior número de ramos.
Após a formação, anualmente deve ser realizada a poda de frutificação, quando as plantas
estiverem em repouso. Esta operação consiste na retirada dos ramos que já frutificaram. Os ramos
são podados drasticamente, deixando-se apenas 5 a 10 cm de forma que possuam duas gemas
bem localizadas. Posteriormente, após a brotação, são escolhidos 1 a 2 brotos em boa posição por
galho podado, de modo que os ramos cresçam verticalmente, formando um círculo à volta do
tronco. Os demais brotos que aparecem são totalmente eliminados. A maioria das espécies de
figueira tolera bem a poda drástica, a qual também tem benefícios no controle da broca-da-figueira
(Azochis gripusalis).
Com o objetivo de acelerar ou retardar a época da colheita, a poda pode ser feita de maio
a novembro, respectivamente, conforme as condições climáticas e o desenvolvimento da planta. A
planta podada nestes períodos poderá ter sua atividade afetada, porém há vantagens econômicas.
Dependendo das condições climáticas e tratos, a colheita tem início cerca de 4 a 5 meses após a
poda de frutificação.

Uma variante do sistema de poda de frutificação é o sistema com desponte. Esta prática
vem sendo utilizada comumente por produtores de Minas Gerais. Embora faltem algumas
informações sobre o efeito destes despontes sobre as qualidades dos frutos e o crescimento da
planta, os resultados têm sido promissores. O sistema de desponte consiste em deixar-se 3 ramos
básicos após a poda hibernal, sendo emitidos de cada um deles duas brotações, as quais são
despontadas quando atingirem oito pares de folhas. Este desponte estimula a brotação das gemas
apicais do ramo despontado, de modo que são emitidos, após as desbrotas, outros dois ramos.
Estes ramos são despontados quando atingiram 3 pares de folhas. Esta última operação é repetida
até meados de abril, num total de 4 a 6 despontes por ciclo. Estes despontes têm como principal
efeito a emissão de novo ramos produtivos, escalonando e ampliando o período de safra e a
produtividade. Por ser um tecido herbáceo, os despontes são feitos manualmente. O desponte dos
ramos também é feito em pomares para figo de mesa, geralmente em janeiro e consiste na retirada
dos ponteiros dos ramos. Na rebrota, são deixados três brotos que irão produzir figos verdes. Cada
planta, devido ao desponte, pode produzir de 1,5 a 2,5 Kg de figos verdes para a indústria,
denominados "figos de ponteiro".
15.8. PRAGAS:
15.8.1. Broca-dos-ramos, Broca-da-figueira ou Broca-dos-ponteiros (Azochis gripusalis).

O adulto é uma mariposa (Lepidóptera) com 30 mm de envergadura, as asas são marrom-


amareladas, quase de cor palha, intercaladas com manchas estriadas marrom-escuras, dispostas
longitudinalmente. A maior infestação da praga verifica-se depois de novembro, podendo chegar
até abril. A mariposa põe os ovos sobre os ramos ou na base do pecíolo das folhas. As larvas
atingem 25 mm de comprimento, têm coloração rosada e cabeça marrom. Inicialmente, as larvas
se alimentam da casca tenra dos ramos onde se deu a eclosão. À medida que se desenvolvem,
atinge a parte lenhosa dos ramos, restringindo-se seu ataque à medula. No local de penetração da
broca, notam-se excrementos ligados por uma teia de natureza sedosa, que vai obstruir a entrada
da galeria, protegendo a broca. No que se refere aos danos, como a broca tem o hábito de
penetrar nos ramos, à medida que vai se aprofundando, as folhas vão murchando e os frutos
atrofiam-se e secam, podendo comprometer a produção.

O controle deve ser feito integrando-se métodos culturais, físicos e químicos. Os métodos
culturais consistem em: a) fazer podas rigorosas dos ramos e queimá-los; b) esmagar as lagartas
nas galerias usando arame e c) manter a cultura em terreno limpo. Os métodos físicos consistem
no uso de armadilhas luminosas, provindas de lâmpadas fluorescentes ultravioletas que exercem
controle bastante eficiente. Utiliza-se uma armadilha para cada 7ha. As armadilhas devem ser
acionadas todas as noites, de setembro a março, pois atuam preventivamente na captura de
adultos. Os métodos químicos consistem em fazer pulverizações sistemáticas após os primeiros
ataques, observados de novembro em diante, época de postura da praga. Podem ser utilizados os
seguintes produtos: Dipterex-50 (300 ml/100 litros de água); Folidol-600 (100 ml/100 litros de
água); Deltametrina-2,5CE (50 ml/100 litros de água). Estes produtos podem ser aplicados junto

155
com a calda Bordalesa.

15.8.2. Coleobrocas:

Estas brocas são larvas de coleópteros que abrem galerias nos ramos e troncos da
figueira. Causam a murcha e a seca dos ramos, folhas e frutos localizados acima da região do
ataque. Os troncos atacados podem apresentar feridas e galerias, mas em todos os casos acabam
secando e levando a planta ao definhamento e morte. As principais espécies que se constituem
pragas da figueira são: Colobogaster cyanitaris; Marshallius bonelli; Trachyderes thoracicus e
Teaniotes scalaris.

Para o controle das coleobrocas, devem-se destruir as larvas com canivete ou esmagando-
as introduzindo-se um arame nas galerias. Como medida preventiva, recomenda-se mistura de um
inseticida fosforado (por exemplo, Gusathion 400, na concentração de 150 ml/100 litros de água),
pulverizando o tronco da figueira ou pode ser feito, ainda, o pincelamento do tronco após a poda
com uma das misturas: inseticidas fosforado (Díptero-50, 1,0 Kg + fungicida cúprico (1 Kg + 10
litros de água) ou (10 Kg de cal + 2 Kg de enxofre + 1 Kg de sal + 100 litros de água). Pode-se,
ainda, aplicar fosfina ou pasta para as larvas que fazem galerias profundas. O pincelamento dos
ramos com calda a 10% de Carbofuran-350F sobre a casca no local de ataque também conferem
bom resultado).

15.8.3. Cochonilhas:

As cochonilhas são bastante prejudiciais às plantas, pois vivem na superfície de diversos


órgãos vegetais aéreos, onde se fixam e sugam a seiva dos tecidos, enfraquecendo a planta. As
principais cochonilhas que causam danos à cultura da figueira são: Morganella longispina e
Asterolecanium pustulans. O controle das cochonilhas deve ser feito no período de entressafra,
após a poda dos ramos, dada a dificuldade de se fazer o controle durante a brotação e a
frutificação. Como muitas cochonilhas se reproduzem de setembro a novembro, deve-se efetuar a
aplicação após o início da brotação. Devem ser feitas duas a quatro pulverizações com óleos
emulsionáveis, juntamente com fosforados a cada 20 dias (por exemplo, Éxciton-50CE ou
Feniton-50CE (150 mt litros de água).

15.9. DOENÇAS:

15.9.1. Ferrugem (Cerotelium fici):

É uma doença difundida por todas as áreas em que se cultiva a figueira e é considerada a
doença de maior importância da cultura. É uma ameaça séria e constante e, quando não
controlada, pode ocasionar prejuízo de 50% ou mais na produção.

A doença caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas manchas verde-amareladas nas


folhas, sendo que na página inferior delas, corresponde à área das lesões, formam-se pústulas
recobertas por uma massa pulverulenta ferruginosa constituída de esporos do fungo. Em
conseqüência do ataque, causa a queda prematura de folhas, fazendo com que os figos cresçam
minguados, com péssima qualidade e caiam prematuramente. Isso provoca o depauperamento da
planta. Se o ataque se der muito precocemente, pode impedir totalmente a frutificação.

O fungo sobrevive durante o período de repouso vegetativo da figueira nas folhas afetadas
que permanecem no chão. O período de repouso vegetativo da figueira é relativamente curto (maio
a agosto), havendo a possibilidade de se ter folhas doentes na planta até a época da poda, julho a
agosto, quando o inverno não é muito frio nem seco. As condições ambientais favoráveis à
infecção são a umidade e temperatura elevadas.

O controle da ferrugem deve começar com os tratamentos de inverno, poda, eliminação de


todos os órgãos passíveis de se constituírem em fonte de inóculo primário para a estação seguinte,

156
inclusive as folhas caídas no chão, as quais devem ser queimados. Pulverizações com calda-
o
sulficálcia a 32 Be na proporção de 1:8 de água são úteis como preventivos. Na época da
vegetação, desde a brotação até a maturação dos frutos, toda a folhagem, principalmente aquela
em desenvolvimento, deve ser protegida com calda bordalesa a 1%, fazendo-se pulverizações
quinzenais das plantas. Pode-se utilizar outros fungicidas a base de cobre insolúvel. A calda
bordalesa é o produto mais utilizado pelos ficicultores devido ao preço e porque confere maior
rigidez à casca do figo, um fator desejável para a comercialização.

15.9.2. Antracnose (Colletotrichum gloesporioides):

Esta doença também é conhecida como podridão do fruto, pois pode causar a formação de
manchas necróticas e o apodrecimento dos frutos em estágio adiantado de maturação,
inutilizando-os ou reduzindo seu valor comercial. A antracnose caracteriza-se pelo aparecimento
de manchas deprimidas, mais ou menos circulares, sobre as quais se observa um crescimento
branco constituído das hifas do fungo. As frutas são internamente flácidas e de gosto ruim,
apodrecidas. O fungo persiste de um ano para outro no solo, nos restos de cultura. A disseminação
dentro de uma cultura se dá pelos respingos de chuva.

Nas culturas onde é feito um bom controle da ferrugem, esta doença não constitui
problema. Após a colheita, deve-se fazer a imediata destruição, pelo fogo, de todas as partes
vegetativas atacadas pelo fungo. Além disso, podem-se fazer pulverizações com fungicidas à base
de Maneb a 0,2%, a cada 12 a 15 dias, reduzindo o intervalo das aplicações em caso se chuvas e
altas infestações.

15.9.3. Murcha ou Seca da Figueira (Ceratocystes frimbriata)

Há cerca de uma década, vem sendo notada a ocorrência, principalmente na região de


Valinhos (SP), de definhamento e seca da figueira, provocando queda na produtividade e na
redução da área cultivada. Os sintomas são semelhantes aos observados em mangueiras
atacadas pela doença de mesmo nome. Provavelmente, a doença tem como agente casual o fungo
Ceratocystes frimbriata, o qual é transmitido pelo besouro (broca) Phloetribus picipennis Eggers.
Os danos ocasionados pela doença são economicamente importantes, pois as plantas atacadas
geralmente morrem e o plantio de novas mudas na mesma área torna-se inviável.

Para o controle, deve-se evitar a ocorrência de ferimentos nos troncos, para evitar a
formação de portas de entrada para o fungo. Faz-se também a eliminação de plantas mortas ou
em vias de secamento, queimando-as em local distante da cultura. No início do aparecimento do
sintoma, faz-se poda e queima dos ramos atacados, tratando as áreas feridas com pasta cúprica.

O controle preventivo da broca é feito pulverizando o tronco e ramos com calda bordalesa,
adicionada de inseticidas fosforados e espalhante adesivos após a poda drástica. Um exemplo de
pasta a ser usada é o seguinte inseticida (Carbaryl 85%, 140g/100 litros de água) 1 kg de fungicida
a base de cobre + 10 litros de água.

Como medidas de controle, recomenda-se eliminar todas as plantas doentes e adjacentes,


2
colocar cal virgem (0,5 kg/m de cova), e não fazer plantio no local durante um ano. Além disso,
deve-se queimar todo o material descartado pela poda, tratar com calda sulfocálcia no inverno,
desinfestar ferramentas, aplicar inseticida junto com o fungicida (para matar o besouro), não utilizar
estacas provenientes de regiões onde ocorre à doença, desinfestar as estacas, evitando o contato
com o solo antes do plantio e não utilizar mudas de rebentos.

15.10.4. Nematóides:

A figueira é parasitada por dois gêneros de nematóides que são: Meloidogyne incognita,
denominado nematóides das galhas e o Heterodera fici, denominado nemetóide dos cistos. Este
último não causa formação de galhas. Atualmente, os nematóides são considerados o maior

157
problema fitossanitário da ficicultura, especialmente nas regiões tradicionais produtoras de figos.

Os nematóides causam a formação a de galhas que obstruem o fluxo normal da seiva dos
assimilados, fazendo com que diminua a taxa fotossintética e criando uma porta de entrada para
outros microorganismos como fungos, vírus e bactérias. As raízes atacadas apodrecem e morrem,
ao passo que a planta tenta reagir emitindo novas raízes para substituir as destruídas. Quando o
ataque é intenso, a figueira é enfraquecida visivelmente e pode chegar a morrer, dependendo da
intensidade do ataque. Além das galhas, têm-se outros sintomas como: deslocamento do córtex
radicular, paralisação do crescimento da ponta da raiz, rachaduras, deformação das raízes e
sintomas de deficiência nutricional na planta.

A forma mais eficiente de controle é através da utilização de porta-enxertos resistentes.


Porém, estes ainda não são encontrados no Brasil, embora já estejam presentes nos EUA. É o
caso da seleção de Ficus glomerata, que é compatível com as variedades comerciais.

O controle deve ser preventivo e como principais medidas de controle do nematóide,


podem ser citadas:

a) uso de mudas sadias oriundas de estacas e nunca de rebentos ou filhotes enraizados;

b) usar terrenos livres de nematóides, evitando-se os arenosos, pois, nesta condição, o


nematóide se difunde mais rapidamente;

c) usar grande quantidade de matéria orgânica, incorporada e em cobertura, pois isto


aumenta a quantidade de fungos endo e ectoparasitas, favorecendo o controle biológico;

d) áreas infestadas devem ser isoladas do resto do figueiral por meio de valetas profundas.
Devem-se arrancar as figueiras infestadas com o máximo do seu sistema radicular queimar estas
no local;

e) fazer arações pesadas para expor os nematóides à superfície, deixar o terreno sempre
limpo e fazer rotações de cultura com Crotalaria spectabilis ou cravo de defunto (Tagetes sp.);

f) como o principal disseminador é o próprio agricultor, deve-se evitar ao máximo a entrada


de solo de área contaminada. Deve-se, também, observar a procedência da água que será
utilizada para a irrigação;

g) no caso de se utilizar controle químico, fazer duas aplicações no início do período


chuvoso. Por exemplo, pode-se usar Temik, Furadan, Nemacur, Mocap ou Fenix. Estes produtos
apresentam custo muito elevado de aplicação e, em culturas perenes instaladas no campo, apenas
reduz a população a um nível não-prujudicial. Estes produtos, juntamente com o brometo de metila
são bastante utilizados em canteiros para a produção de mudas sadias;

h) para se prolongar a vida da planta e aumentar a produção, deve-se fazer adubações mais
pesadas, podas, pulverizações e cobrir o solo com uma cobertura morta, bem como plantar
Crotalaria spectabilis entre as ruas e, se possível, utilizar o máximo de composto orgânico possível
curtido.

No quadro abaixo tem-se um calendário com as principais doenças da cultura e as medidas


a serem tomadas:

158
15.11. IRRIGAÇÃO:

A figueira é uma planta perene que necessita de 1.200 mm de água bem distribuídos ao
longo do ano. Quando se deseja implantar a cultura em áreas onde não se dispõe desta condição
climática, pode-se utilizar a irrigação, sendo que os métodos recomendados são o gotejamento e a
microaspersão. Ambos são sistemas de irrigação localizada.

15.12. COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO:

A época de colheita na região de Valinhos (SP) se estende desde novembro até maio. O
período de colheita pode ser estendido de outubro a agosto, dependendo da época da poda. Na
maior parte das regiões produtoras, o período da safra está ao redor de novembro a abril.

O látex ou "leite da figueira", liberado do pedúnculo do figo recém-colhido é bastante irritante


para a pele humana, de modo que os trabalhadores, para fazerem a colheita, devem utilizar
camisas de manga comprida e luvas de plástico ou algodão. Outra medida preventiva interessante
é untar as mãos com substâncias oleosas ou lavá-las constantemente com vinagre, que é o melhor
solvente para o "leite".

Um figueiral bem formado, depois do sexto ano de idade, pode produzir 20 a 30 t de figos
maduros/ha, o que equivale a 15 a 25 Kg/planta, quando se tem cerca de 1.600 pés/ha.

O figo, quando utilizado pela indústria para a produção de figo em calda e doces para cortes,
é colhido 20 a 30 dias antes do figo para a mesa e deve ser colhido quando a cavidade central
estiver completamente cheia. Em geral, obtém-se rendimentos de 8 a 15kg/planta. Na região de
Valinhos, é comum a prática da colheita durante 6 meses do ano, utilizando cestos de bambu,
dentro dos quais são acondicionadas caixas pequenas com 32 frutos. Quando à comercialização,
utilizam-se caixas de madeira, dentro das quais são colocadas as caixas de papelão com 24 frutas
cada (3 caixas de papelão por caixa de madeira). A exportação de frutas para a Europa é feita por
via aérea. Para diversificar a colheita o produtor pode modificar a época de poda ou utilizar a
técnica de oleação. Esta técnica consiste em se tocar levemente, com uma gota de óleo, o ostíolo
("olho") do figo em vias de amadurecer, a fim de acelerar a sua maturação. Antigamente, usava-se
o óleo de oliva, mas hoje são utilizados vários óleos, tais como o de caroço de algodão, de milho e

159
de soja. A operação é feita 10 a 15 dais antes da época normal de maturação e depois de dois
dias, o figo começa a inchar. Dentro de sete dias, completa a maturação para a colheita. Outra
técnica para a antecipação da colheita é a aplicação de Ethephon, que permite ao produtor colher
parceladamente sua produção. O Ethephon é aplicado no figo em jato dirigido com um pequeno
pulverizador manual, na dosagem de 250ppm. A fruta, para receber este tratamento, deve estar de
15 a 20 dias da maturação natural, sendo que depois de 8 dias ela pode ser colhida. As frutas
pulverizadas fora do estágio adequado tendem a murchar.

A conservação do figo de mesa (maduro) em câmaras frigoríficas, à temperatura de 0 a 4ºC


e com 85% de umidade relativa do ar permite sua conservação por até 10 dias, mas apresenta o
inconveniente de uma vez retirado, terem de ser consumidos no mesmo dia, devido ao risco de
apodrecimento. A conservação pode se prolongar por até 2 meses se armazenados à 5ºC e
colocados numa calda com cerca de 30% de açúcar.

O valor do figo no mercado atacadista é dado principalmente pelo seu tamanho, pela sua cor
e pela sua aparência. Quanto ao tamanho, a classificação utilizada está relacionada à quantidade
de frutos que cabe em uma gaveta denominada tipo, ou seja, tipo10, tipo 8 e tipo 6. Este último, o
mais valorizado, consegue melhor preço no mercado. Quanto mais arroxeada a coloração, uma
característica da variedade, maior a aceitação. A aparência está ligada à integridade do ostíolo e à
isenção de defeitos. Os produtores utilizam marcas próprias, que não visam ao efeito promocional
direto sobre os consumidores, mas ficam conhecidas pelos comerciantes. Ou seja, o bom produtor
que tem uma fruta de qualidade, transmite confiança e torna-se conhecido pelo mercado, o que lhe
dá preferência nas vendas praticadas no atacado. Conseqüentemente, há uma procura maior pela
marca, valorizando o produto.

O Entreposto Terminal de São Paulo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de


São Paulo (ETSP - CEAGESP)17 é o principal local de comercialização do figo, com influência na
formação de preço da fruta no mercado nacional. Foi responsável, em 2004, pela comercialização
de aproximadamente 30% do figo roxo de Valinhos consumido in natura no Brasil.

160
16. A CULTURA DA GRAVIOLA:
16.1. ASPECTOS GERAIS DA GRAVIOLA:

A graviola é uma fruta das regiões tropicais da América com grande aceitação pelas
pessoas e, por isso, tem um bom valor de mercado, principalmente nos países da América Latina.
Sua Origem está nas terras baixas da América Central e Vales Peruanos.
Diz a história que os conquistadores espanhóis encontraram grandes plantações na América
Central e se encarregaram de espalhar a gravioleira para outras regiões tropicais do mundo.
Daí que em cada região do Planeta a graviola tem um nome diferente.
Por exemplo: guanábana dos países de língua espanhola; sourop, nos países de língua inglesa;
corossolier ou grand corossol, na França; durian belanda, na Malásia; Katu-anodo ou seetah, no
Sri Lanka e zuurzak, na Holanda.
No Brasil chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses no século XVI. Aqui no Brasil, a
graviola também tem seus sinônimos em cada região; jaca de pobre, jaca-do-Pará, coração de
rainha, araticum manso, araticum grande, entre outro.
A Venezuela é um dos principais produtores desta fruta com mais de mil hectares plantados.
No Brasil o cultivo e conseqüente consumo da poupa de graviola para sucos e sorvetes vem
crescendo a cada dia. Nos países europeus onde há um crescente interesse por frutas tropicais, a
graviola tem um mercado forte. O interesse é grande e a demanda comercial ainda é pequena
diante de um mercado em expansão. Por isso, cultivar gravioleiras, é portanto, uma atividade
desafiadora e de futuro, e, apostando nisso, é que produtores rurais e industriais de sucos estão
investindo, principalmente no Nordeste brasileiro, destacando-se Bahia, Pernambuco e Ceará. O
Ceará é o maior produtor brasileiro de graviola.
Assim, a Graviola já ocupa lugar de importância entre as frutas tropicais brasileiras de excelente
valor comercial.
A gravioleira é uma árvore de pequeno porte (atinge de 4m a 6m de altura), originária das
Antilhas e encontrada em quase todos os países tropicais, com folhas verdes brilhantes e flores
amareladas, grandes e isoladas, que nascem no tronco e nos ramos. A planta pertence à família
Anonaceae, que congrega cerca de 75 gêneros e mais de 600 espécies. No entanto, apenas 4
gêneros produzem frutos comestíveis: Annona, Rollinia, Uvaria e Asimina. O Annona possui por
volta de 60 espécies, sendo a graviola (Annona muricata L.) uma das frutas mais importantes
desse gênero. Os frutos têm forma ovalada, casca verde-pálida, são grandes, chegando a pesar
entre 750g a 8Kg e dando o ano todo. Contém muitas sementes, pretas, envolvidas por uma polpa
branca, de sabor agridoce, muito delicado e semelhante a fruta-do-conde. Dá um suco delicioso e
presta-se muito bem ao preparo de sorvetes e compotas.. Os produtores recorrem à poda dos
ponteiros para reduzir essa relação e obter plantas de baixo porte, facilitando os tratos culturais e
colheita. As folhas possuem pecíolo curto, são elípticas, medem de 14 a 16 cm de comprimento e
de 5cm a 7cm na maior largura, com nervuras pouco perceptíveis. Cada planta produz, em média,
de 12 a 24 frutos. A polpa é branca, muito sucosa e subácida, com sementes geralmente pretas,
quando retiradas do fruto, ficando, alguns dias depois com coloração marrom escura a marrom-
clara ou castanha, encontradas em número aproximado de 100 por fruto. Em estado silvestre,
ocorre tanto nas Antilhas como em vários pontos da Amazônia, podendo sua origem ser
compartilhada por várias regiões. Como em grande parte das áreas de ocorrência a presença da
planta se dá na forma domesticada, fica ainda mas difícil estabelecer exatamente sua região de
origem.
Quando bem maduros, têm sabor agradável, podendo ser consumidos em pedaços puros
ou polvilhados com açúcar ou calda. Quando verdes, podem ser cozidos e consumidos como
legume. São muito utilizados na culinária. Com a polpa se fazem ótimos purês e chutneys
agridoces - para acompanhar carne assada ou filé de peixe grelhado. Fazem-se também geléias e
refrescos. Seu sabor se acentua quando recebe adição de suco cítricos, resultando em deliciosos
coquetéis.
É boa fonte de vitaminas do complexo B, importantes para o metabolismo de proteínas,
carboidratos e gorduras, incrementando o cardápio com vitaminas e minerais, bom para a saúde. É
ruim para pessoas com caxumba, aftas ou ferimentos na boca, que devem evitar consumí-la in

161
natura, pois sua acidez é irritativa e pode provocar dor.
Pode ser comprada em feiras e supermercados. Se não for para consumo imediato, escolha
frutas bojudas de coloração verde-clara opaca, com saliências bem afastadas umas das outras,
porém firmes. Se quiser maduras, escolha as que estiverem macias e com as pontas dos espinhos
pretas. Para amadurecer em casa, deixe-as em cesto arejado em local protegido da luz até que
fiquem macias. Para confirmar se estão maduras pela maciez, pressione a casca levemente, pois
se estiverem maduras não resistem e se rompem. Evite as que estiverem com a casca preta,
rachadas, moles demais e com sinal de mofo.

16.2. ASPECTOS TÉCNICOS DA GRAVIOLA:

Temperatura: A temperatura ideal para a indução floral é de 19º C a 23º C e a temperatura ideal
para o desenvolvimento dos frutos é de 22º C a 26º C. Temperaturas inferiores a 19º C os frutos
se desenvolvem muito pouco.
Altitude: até 1200m.
Precipitação: 1000m (as chuvas não podem ocorrer durante a frutificação).
Solo: Adapta-se a qualquer tipo de solo. O pH pode ser ligeiramente ácido (5,0 a 5,5). A saturação
por bases é de 70%.
Espaçamento: Varia de 4m x 4m até 8m x 8m (depende do manejo da altura da planta).
Covas: 40cm x 40xm x 40cm até 60cm x 60cm x 60cm.
Variedades: Entre as variedades a mais cultivada é a Morada, que produz cerca de 16
frutos/planta e 8 t/ha.
Adubação de plantio: 600 a 800g de superfosfato simples; 100g de cloreto de potássio e 15 Kg de
esterco de curral curtido por cova.
Adubação de cobertura:
Idade da N P2O5 K2O
planta
0-10 11-20 > 20 0-45 46-90 >90
g/planta
1º ano 50 - - - 70 40 20
2º ano 100 80 60 40 60 40 20
3º ano 120 120 80 60 120 80 60
4º ano 180 160 120 80 200 140 80

Irrigação: Uma planta com 3m de raio (60% de cobertura do solo) necessita de 3,72 mm/planta/dia
de água em média e 6,2 mm/planta/dia (100% de cobertura de solo) com a microaspersão.
Pragas:

a) Broca-do-fruto (Cerconata anonella) – O inseto adulto é uma mariposa de hábito noturno, de


coloração branco-acinzentada, com reflexos prateados, que tem em torno de 2,5cm de
envergadura. A fêmea deposita os ovos sobre a casca do fruto e as larvas ao nascerem, penetram
na polpa. Controle: Fazer pulverizações a cada 15-20 dias com trichlotfon, deltametrina mais óleo
mineral.
b) Broca-do-tronco (Cratosomus bombina bombina e Euripages pennatus) – São besouros que
atacam ramos, galhos e o tronco da gravioleira. Os primeiros sinais são exsudações escuras, na
forma de um escorrimento preto, que aparece nos ramos mais novos, sempre associados à
presença de pequenos furos nos ramos. Com o passar do tempo a pragas vai fazendo galerias nos
ramos e troncos. Essa broca ocorre principalmente na época da seca. Controle: Localizar o
escorrimento escuro e os furos e aplicar dentro dos furos inseticidas caseiros à base de D-aletrina,
D-detrametrina, cifenotrina.

Doenças:
a) Cancro depressivo ou cancrose (Phomopsis sp.) – O fungo ataca plantas de qualquer idade.
Os sintomas iniciais são pelo aparecimento, nas intersecções ou nas axilas dos ramos, de
exsudações ou manchas pretas, e sobre elas pode ser encontrado um tecido necrosado ou morto.

162
Controle: Podar e destruir os ramos secos ou raspar os ramos atacados nas esxudações escuras e
pincelar com uma pasta à base de benomyl (6g) + óleo de soja (50mL para plantas jovens e 100mL
para plantas adultas) + caulim ou argila moída (500g) + água (300 a 500mL).

b) Podridão da casca e podridão seca do fruto (Botryodiplodia theobromae) – Este fungo ataca
os ramos, tronco e principalmente os botões florais e frutinhos. Para o ataque nos ramos e troncos
o controle é o mesmo para a cancrose. Nos botões florais e frutinhos recomenda-se a catação dos
frutinhos caídos e pulverização em intervalos de 7 a 10 dias nos botões florais e frutos com 0,5g de
benomyl (1g de Benlate) + 0,25mL de deltrametrina (1mL de Decis 25 CE) + 1,5mL de óleo mineral
(1,5mL de Assist) + 1L de água.

c) Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) – O fungo ataca ramos jovens frutinhos recém-


nascidos, botões florais e frutos desenvolvidos. Nos ramos jovens, provoca lesões, nos frutinhos e
nos botões florais provoca lesões escuras, causando a sua morte e sua queda. Em frutos
desenvolvidos o fungo causa lesões escuras com formações de cor rosa no centro, que são os
seus esporos ou propágulos. Em algumas situações ocorrem rachaduras na casca, seguidas de
aprodecimento do fruto. O controle da doença é a mesma para o cancro depressivo e podridão da
casca e podridão seca do fruto.

d) Podridão parda do fruto (Rhizopus stolonifer): Denominada de podridão aquosa e ataca


principalmente os frutos desenvolvidos, provocando uma podridão aquosa e tornando a polpa
escura e com odor desagradável. A incidência é maior no período de fevereiro a junho,
principalmente, se houver chuvas prolongadas, aliadas a temperaturas noturnas abaixo de 15ºC.
Não há fungicida específico para o controle da doença.

Polinização: É uma planta hermafrodita e floresce o ano todo quando ocorre a irrigação. Seis
pétalas compõem os dois verticilos (interno e externo), cada um com 3 pétalas. A abertura da flores
(antese) inicia de manhã e transcorre lentamente, sendo que, em geral completada após 6 horas
do seu início. Essa abertura lenta da flor dificulta a presença dos insetos polinizadores diminuindo
a taxa de fecundação e a produção de frutos. Com isso, faz-se então a polinização artificial, que
tem alcançado cerca de 96% de eficiência contra 9% da natural. Para a polinização artificial, o
florescimento no Brasil geralmente ocorre em setembro e janeiro. A recomendação é que as flores
sejam polinizadas na porção basal e média dos ramos. As flores sadias e do final do ramo devem
ser usadas como fornecedoras de pólen, pois recebem menos fluxo de seiva e estão mais
expostas aos raios solares, havendo maior probabilidade de queima e secamento dos frutos
vingados. As flores devem ser colhidas no final da tarde, quando em geral, apresentam uma
coloração amarelo-cremosa. Retiram-se seis pétalas dos dois verticilos, e o restante da flor deve
ser colocado em saco de papel mantido em temperatura ambiente amena e seca por 20 horas. Na
manhã seguinte, retiram-se os estames, colocando-os em recipientes de plástico para facilitar a
liberação do pólen que, após liberado da antera, forma uma massa de coloração amarelo-cremosa-
intensa. Passa-se um pincel de pêlo de camelo de 1,5cm de largura na massa de pólen e, em
seguida, sobre os carpelos. Cada flor coletada tem pólen suficiente para polinizar de 10 a 20 flores.
A polinização deve ser feita a partir das 9 horas da manhã, quando as flores estão iniciando a sua
abertura.
Produção: A gravioleira inicia a sua produção a partir do 3º ano. Da antese à produção de frutos
(colheita) são necessários, em média, de 5 a 7 meses.

163
17. A CULTURA DO ABACATE:
17.1. INTRODUÇÃO:
O abacateiro, originário do México e América Central, pertence à família Lauraceae, gênero
Perseal. As espécies importantes em fruticultura são a Persea Americana Mill (Guatemalense e
Antilhana) e a Persea drymifolia Chan e Schelect (Mexicana). As variedades da raça Mexicana
toleram melhor temperatura baixa; as da Antilhana são de clima tropical; e das Guatemalense de
clima subtropical e não toleram extremos de temperatura.

O abacate é uma das frutas tropicais mais valiosas, rica em proteínas e vitaminas
lipossolúveis A, D e B, com quantidade variável de óleo na polpa, grandemente utilizado na
indústria farmacêutica e de cosméticos, e na obtenção de óleos comerciais substitutivos do óleo de
oliva.Incerta e discutível é a sua presença no Brasil nos séculos XVI e XVII. Sabe-se que Luís de
Abreu Vieira e Silva trouxe da Ilha da França (hoje Guiana Francesa), em 1809, algumas mudas e
sementes para o Rio de Janeiro, que foram plantadas na Real Quinta, de onde se expandiram para
todo o País devido ao sucesso de sua aclimatização, sendo a maioria das plantas Guatemalenses
ou híbridos Guatemalenses.

O maior produtor mundial de abacate é o México ficando o Brasil em quarto lugar no ranking,
com uma produção, em 2004, de 173 mil toneladas em área de 12 mil ha, para uma produção
mundial de, aproximadamente, 3,2 milhões de toneladas e área de 416 mil ha (FAO, 2004). No
Brasil, a abacaticultura teve grande desenvolvimento na década de 1970 devido aos incentivos
fiscais concedidos pelo Governo Federal, dentro do programa de reflorestamento do Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que financiou pomares com características
comerciais a partir de mudas enxertadas.

A produção brasileira está distribuída principalmente pela Região Sudeste, seguida pelo
Nordeste e Sul, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor, com produção estimada, em 2003,
de 78 mil toneladas (59% do total nacional). O segundo Estado maior produtor, o Paraná,
apresenta participação ao redor de 14%, seguido dos Estados de Espírito Santo com 6%, Rio
Grande do Sul com 6% e Ceará com 3% (IBGE, 2004). Diferenças nos rendimentos agrícolas entre
os Estados devem-se, principalmente, às formas de cultivo, de tratos culturais além da diversidade
de cultivares em função das preferências dos consumidores das várias regiões.

17.2. ASPECTOS BOTÂNICOS:

As flores unissexuadas do abacateiro têm um comportamento típico da funcionalidade dos


órgãos feminino e masculino, caracterizando uma dicogamia protogínica, isto é, o órgão feminino
está sempre pronto para funcionar antes dos órgãos masculinos. Dependendo do período desse
comportamento, convencionou-se classificar as variedades de abacateiro nos tipos A ou B.
Portanto, para seguir a regra geral, o interplantio de variedades dos tipos A e B atende à
necessidade de polinização cruzada, aumentando assim as possibilidades de fecundação e
formação de frutos. Acrescente-se que as variedades citadas devem ter períodos coincidentes de
floração.
O conhecimento da biologia floral do abacateiro é de suma importância para a obtenção de
uma boa produção do pomar devido à característica de suas flores serem hermafroditas. As suas
flores se comportam de duas formas diferentes determinando a classificação de cultivares em dois
grupos, A e B. O grupo A é composto por variedades em que a primeira abertura da flor ocorre no
período da manhã pronta para receber o pólen (feminina) reabrindo novamente à tarde do dia
seguinte, porém, soltando pólen (masculino). As variedades do grupo B a primeira abertura da flor
ocorre após o meio dia (feminina), fechando-se ao entardecer e reabrindo ao amanhecer no
estágio masculino. Assim, para ocorrer uma eficiente polinização das flores, os pomares devem ser
formados com variedades pertencentes aos dois grupos para uma produção viável
economicamente.

164
O início da produção (florescimento) pode ocorrer desde os três anos de idade, nas plantas
enxertadas, até os oito anos, nas de pé-franco. A polinização e a fecundação são necessárias à
produção de frutos pelo abacateiro. Pelo comportamento floral citado é fácil entender que a
participação de insetos é essencial; dentre estes as abelhas são os mais importantes, com maior
produção obtida para diversas variedades, ocorrido nos pomares onde abelhas e variedades
interplantadas costumam conviver.

Grupo Tipo A Tipo B


Flores abertas com
Manhã estigmas receptivos -
1º dia Flores fechadas Flores abertas com
Tarde estigmas receptivos
Noite Flores fechadas Flores fechadas
Flores fechadas Flores abertas
Manhã novamente com
estames deiscentes.
2º dia As flores abrem
Tarde novamente com -
estames deiscentes

Na sua parte aérea o abacateiro possui uma copa aberta, com ramos bifurcados,
principalmente no caso de planta enxertada. Sua altura pode atingir até 20m, com diâmetro do
tronco aos 30 anos de até 1 m, porém com menos da metade desta medida na cultura comercial. A
casca dos ramos e tronco é suberosa, recortada, grossa, com espessura de até 3cm e cor variável
entre cinza claro e escuro. O limbo é de cor creme claro, quebradiço e com vasos grandes. Os
ramos novos possuem pêlos e podem variar de cor, dependendo da raça.

As folhas são simples e inteiras, de forma elíptica. A inserção no ramo se faz por meio de um
pecíolo curto. Medições das folhas de algumas espécies mostraram varia-ções de comprimento de
14 a 19cm, largura de 7 a 9cm, com pecíolos de 3 a 4,5cm. O ápice da folha é geralmente afilado,
com a base foliar de ângulo maior, com 90 a 100 graus. A face superior é glabra e a inferior
pubescente. Apesar de as folhas serem perenes, pode haver renovação total na época da florada,
conforme a cultivar e as condições ambientais.
As flores são hermafroditas, simétricas, verde-amareladas, com aproximadamente 1 cm de
diâmetro. Ocorrem em panículas de até 200 flores, originárias de gemas florais terminais, às vezes
subterminais. Há variedades que têm crescimento determinado; outras o têm indetermi-nado, isto
é, após a emissão das panículas saem ramos vegetativos.
Uma planta adulta pode produzir milhões de flores, embora apenas 1% ou menos vá originar
frutos. Não há correlação positiva entre maior florescimento e maior produção.
O fruto é uma drupa que possui uma casca (pericarpo), delgada, grossa ou quebradiça, um
mesocarpo carnoso (parte comestível contendo entre 5 e 30% de óleo) e uma semente coberta
pelo endocarpo, envoltório coriáceo que recobre os cotilédones da semente. O pedúnculo do
abacate, de tamanho médio a longo, é inserido no centro ou lateralmente no fruto por uma parte
mais grossa chamada pedicelo. Grandes variações de cor, formato, tamanho, casca, polpa e
semente podem ocorrer nos frutos do abacateiro, dependendo das raças e variedades. Seu peso,
por exemplo, pode ir de 50g a 2,5Kg.
Com relação ao valor nutricional, os frutos do abacateiro possuem a seguinte composição,
de acordo com a tabela a seguir.

Composição média por 100 gramas


Calorias 162
Lipídios 16g
Carboidratos 6,4g
Fibras 2g
Proteínas 1,8g

165
17.3. PROPAGAÇÃO:

O abacateiro durante muitos anos foi propagado exclusivamente por meio de sementes.
Devido a isso ocorreram dois fatos que marcaram o início da abacaticultura comercial no Brasil.
Primeiramente devido à propagação seminífera obteve-se um grande número de híbridos, visto
que a semente do abacate é monoembriônica e desta forma todas as plantas obtidas são híbridos
e normalmente diferentes entre si. Geralmente a semente de abacate quando germina apresenta
vários caules, que podem ser confundidos com a poliembrionia, mas neste caso trata-se de
policaulia, ou seja a formação de vários caules provenientes de apenas um embrião gamético. Por
esse fato, alguns cultivares com interesse comercial surgiram e posteriormente foram fixadas
através da enxertia. Por outro lado os pomares que foram formados com mudas propagadas
através de sementes apresentavam grande variabilidade na forma e dimensão das copas das
árvores e os frutos colhidos também eram muito diferentes em relação à forma, tamanho,
qualidade da polpa e época de maturação.
Desta forma a utilização de sementes restringe-se à formação de porta-enxertos para serem
enxertados com cultivares melhoradas.
A utilização da clonagem através da formação de plantas obtidas através da estaquia,
alporquia e cultura de tecidos tem apresentado resultados animadores, mas, ainda não pode-se
adaptá-los à produção em larga escala em bases comerciais.
As sementes de abacate para formação dos porta-enxertos devem ser retiradas de plantas
adultas, sadias e produtivas, colhendo-se os frutos quando maduros ou ‘de vez’, com o maior
cuidado possível para que não caiam ao chão e danifiquem a semente. As sementes devem ser
lavadas retirando-se a película que as envolve. Utiliza-se um banho com água quente a 49 - 50 oC
por 30 minutos e após devem ser lavadas com água fria colocando-as para secarem a sombra. Se
não for utilizado o banho com água quente, recomenda-se utilizar um fungicida específico para
proteção de sementes. A semeadura deve ser realizada o mais rápido possível, pois o poder
germinativo cai rapidamente.
Recomenda-se a utilização de sementes da raça mexicana (Gottfried), raça guatemalense
(Nimlioh) que amadurecem entre fevereiro e abril e da raça antilhana (grupo manteiga) e seus
híbridos que amadurecem normalmente entre dezembro e fevereiro. Geralmente os viveiristas
retiram as sementes de plantas vigorosas e produtivas e que amadurecem até março - abril.
Normalmente são híbridos da raça antilhana que se adaptam melhor às condições tropicais.
O local para implantação do viveiro deve ser bem arejado em local protegido de ventos frios e
geadas e em terreno livre do fungo causador da podridão radicular (Phytophthora cinnamomi) que
é o principal problema para a formação de pomares de abacate.
O método de semeadura atualmente utilizado é em sacos plásticos medindo 20cm de
diâmetro por 40cm de altura. A maioria dos viveiristas utiliza uma lâmina de madeira que forma um
canudo dentro do saco plástico, que protegerá o torrão da muda por ocasião do plantio no pomar.
O substrato para preenchimento dos sacos plásticos consiste de terra de boa qualidade isenta de
pragas e detritos, com 3,0 Kg de superfosfato simples, 0,5 Kg de cloreto de potássio e 100 litros de
esterco de gado curtido, por metro cúbico de terra. Os sacos plásticos são encanteirados em
viveiros cobertos com tela sombrite 50% ou com cobertura de bambu ou folhas de palmeiras.
Normalmente são viveiros de baixo custo de implantação e sem sofisticação. Apenas deve-se ter
uma fonte de água de boa qualidade para a irrigação.
O viveirista poderá também formar as mudas no campo plantando os porta-enxertos no
compasso de 1,00m x 0,30m. Neste caso as sementes devem ser semeadas em canteiros de areia
em condições semelhantes às utilizadas para a formação de mudas em sacos plásticos, e após a
germinação das sementes, as plantas são transplantadas para o viveiro. Entretanto esse método
tem poucos adeptos e não é aconselhada, pois existem vários fatores negativos para a formação
deste tipo de muda, como a necessidade de retirada das mudas do chão e envasamento em
jacazinhos ou outras embalagens semelhantes. Essas mudas necessitam de maior tempo de
aclimatação, pois o corte de raízes durante o arranquio da muda causa um traumatismo muito
grande. Essa muda deverá ser podada e permanecer em local protegido do sol e receber irrigação
constante. Além disto a formação do porta-enxerto diretamente no solo poderá causar a
contaminação das raízes com o fungo causador da podridão das raízes. Outro fator negativo é o

166
tempo de formação da muda que neste caso é de pelo menos 24 meses, ao passo que a muda
formada em saco plástico estará pronta com 12 meses.
Apesar de existirem vários métodos de enxertia, basicamente utiliza-se a garfagem no topo
em fenda cheia e a borbulhia. Entretanto a enxertia por borbulhia é empregada apenas no caso de
porta-enxertos formados no campo, pois necessita de maior diâmetro destes para a enxertia da
borbulha que deverá ser mais lenhosa. Devido às inúmeras vantagens da garfagem em fenda
cheia, como o uso de sacos plásticos para formação dos porta-enxertos, melhor pegamento da
enxertia, maior rapidez de aclimatação da muda e melhor pegamento das mudas no campo,
atualmente a borbulhia tornou-se obsoleta para a produção de mudas de abacate.
Os porta-enxertos estarão em condições propícias para a enxertia quando atingirem a altura
de 20cm a 30cm de altura, com o caule de coloração bronzeada e diâmetro de um lápis. Os garfos
deverão ser retirados de plantas matrizes de cultivares selecionadas, registradas e de alta
produtividade. Os ponteiros devem ser cortados com 5 – 8 cm de comprimento retirando-se os
pecíolos das folhas. Os garfos devem ser guardados em saco plástico para evitar o ressecamento,
podendo também permanecerem em refrigerador por no máximo uma semana.
Os porta-enxertos devem ser aparados a 4cm acima do ápice da semente, efetuando-se um
corte longitudinal de 3cm de comprimento, ao longo do caule. No garfo efetua-se dois cortes
longitudinais convergentes de 3cm de comprimento formando uma cunha. Então introduz-se o
garfo dentro da fenda do porta-enxerto, fixando-o com um fitilho plástico, envolvendo-se toda a
área do corte, para proteção do local da enxertia. Após protege-se o enxerto com um saco plástico
transparente que é envolvido e fixado sobre o enxerto para evitar o ressecamento e queimaduras
do sol. Após 30 a 40 dias, o enxerto inicia a brotação, quando deve-se retirar o saco plástico e
cortar-se o fitilho plástico. De 40 a 90 dias após a enxertia, deve-se realizar a desbrota do porta-
enxerto, condução da muda e aclimatação gradativa da muda ao sol.
A muda de abacate estará pronta para o plantio no local definitivo quando atingir 40cm a
50cm de altura, que ocorrerá com 10 a 12 meses após a semeadura do porta-enxerto.

17.4. VARIEDADES:
Os cultivares mais utilizados no mercado interno são: Simmonds (grupo A), Barbieri (B),
Collinson (A), Quintal (B), Fortuna (A), Breda (A), Reis (B), Solano (B), Imperador (B), Ouro Verde
(A) e Campinas (B). No mercado externo e para a industrialização são mais empregados os
cultivares: Tatuí (grupo B), Hass (A) e Wagner (A). Os cultivares Hass e Fuerte vêm sendo
comercializados no mercado nacional sob a denominação “Avocado” e por serem cultivares
diferenciados têm sido mais valorizados. Os cultivares: Ouro Verde, Geada e Fortuna são mais
comerciáveis no exterior, devido ao seu formato.

Características de algumas variedades brasileiras de abacate.

Cultivar Período de Polpa (%) Óleo (%) Tipo Forma do Peso (g)
colheita floral fruto

Geada Jan – Fev A (68% ou B B Piriforme – 600-750


mais) elíptica

Quintal Abr – Jun A B B Oblongo e 400-600


com pescoço

Fortuna Mai – Ago A M A Piriforme 600-800

Ouro verde Jul – Set A M A Elíptica 500-700

Solano Ago – Nov A M B Piriforme 600-750

Tatuí Mai – Jun M (64% até M B Arredondada 300-450


68%)

167
Dourado Out – Dez M M A Orbicular 580

Margarida Out – Dez A B (menos B Obvocada 750


de 64%)

Reis Ago – Set A B B Piriforme e 700-800


com pescoço

Campinas Set – Out A M B Elíptica 600-700

Características de algumas variedades de abacate de exportação.


Variedade Raça Peso do Época de Tipo floral País de
fruto (g) produção origem
Bacon Mexicana x 250-300 Precoce B USA -
Guatemalense Califórnia
Zutano Mexicana x 200-300 Precoce B USA -
Guatemalense Califórnia
Reed Guatemalense 300-400 Tardia A USA -
Califórnia
Ettinger Mexicana x 200-300 Precoce B Israel
Guatemalense
Edanol Guatemalense 250-350 Precoce-Média B África do Sul
Horshim Mexicana x 250-300 Média B Israel
Guatemalense
Gwen Guatemalense 200-350 Precoce A USA –
Califórnia
Rincon Mexicana x 150-300 Precoce-Média A México - USA
Guatemalense
Tova Mexicana 250 Precoce-Média A Israel
Nabal Guatemalense 300-400 Precoce B Israel
Fuerte Mexicana x 150-250 Precoce B México
Guatemalense
Hass Guatemalense 180-300 Média A Califórnia

17.5. IMPLANTAÇÃO:

- Espaçamento: 8,0m x 8,0m ou 10m x 10m; covas: 40cm x 40cm x40cm.


- Calagem: elevar a saturação por bases a 70%.
- Adubação de plantio:
* Orgânica: aplicar 40 litros de esterco de curral ou 10 litros de esterco de galinha.
* Fosfatada:

Teor de P no solo (mg/dm3 ou ppm) P2O5 (g/cova)


< 10 250
> 10 150

- Adubação de crescimento e produção:

Aplicar, por cova, aos 30 dias após o plantio, 10 g de N. No período de fevereiro a março aplicar 20
g de N e 3 g de K2O.

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Ano de aplicação Nutriente Setembro novembro Janeiro março
(g/planta)
N 20 35 20 -
1o ano P2O5 - - - 50
K2O - 10 20 30
N 40 70 40 -
2o ano P2O5 - - - 100
K2O - 20 40 60
N 60 105 60 -
3o ano P2O5 - - - 100
K2O - 30 60 90
N 80 140 80 -
4o ano P2O5 - - - 100
K2O - 40 80 120
N 100 175 100 -
5o ano P2O5 - - - 250
K2O - 50 100 150
N 120 200 120 -
6o ano em diante P2O5 - - - 300
K2O - 60 120 180

17.6. PRAGAS:
Pragas Partes atacadas Defensivos Instruções
Ácaro-das- Gemas florais Enxofre Pulverizar na base da
gemas florais inflorescência; uso de lente de
10 vezes de aumento.
Besouros Folhas Fenitrotion Pulverizar um dos inseticidas ao
Malation se observar o ataque da praga.
Tricorfon
Cochonilhas Folhas Paration etílico Proceder a pulverização no
Paration metílico início do ataque da praga.
Acrescentar 1 L de óleo mineral
a cada 100L de calda inseticida.
Coleobrocas Tronco, ramos e Eliminar os ramos afetados
esporadicamente
frutos
Lagartas Folhas e frutos Fenitrition Pulverizar um dos inseticidas no
Folhas e frutos Malation início do ataque da praga.
Frutos Tricorflon Repetir após 20-30 dias se
necessário.

169
17.7. DOENÇAS:

Doenças Partes atacadas Defensivos Instruções


Antracnose Folhas, ramos, Benomyl, mancozeb, Pulverizar na abertura
inflorescências e oxicloreto de cobre e das flores e quando os
frutos propineb. frutinhos tiverem de 2
a 3cm.
Cercosporiose Folhas, Benomyl, mancozeb, Pulverizar na abertura
inflorescências e oxicloreto de cobre e das flores e quando os
frutos propineb frutinhos tiverem de 2
a 3cm.
Gomose Raízes, colo e tronco Metalaxil, ácido Mudas sadias,
fosfórico e fosetil-Al enxertia alta, solos
drenados.
Murcha de verticillium Folhas e ramos Benomyl, mancozeb, Pulverizar na abertura
oxicloreto de cobre e das flores e quando os
propineb frutinhos tiverem de 2
a 3cm.
Oídio Flores e folhas Enxofre Pulverizar na época
da florada.
Verrugose Folhas, frutos e Benomyl, mancozeb, Pulverizar na abertura
eventualmente ramos oxicloreto de cobre e das flores e quando os
propineb frutinhos tiverem de 2
a 3cm.

170
18. A CULTURA DO CAJU:
18.1. ASPECTOS GERAIS DO CAJU:

O cajueiro ocupa lugar de destaque entre as plantas frutíferas tropicais, em face da


crescente comercialização dos seus produtos principais, a amêndoa e o líquido contido no
mesocarpo da castanha. O caju é na verdade um pseudofruto, uma vez que a castanha é que o
verdadeiro fruto, uma drupa, cuja a semente é comestível. O que chamamos de fruto é na verdade
o pedúnculo que desenvolveu de modo diferente, cujas cores variam do amarelo ao vermelho.
Do caju tudo é aproveitado, o suco, o bagaço, castanha, a casca da árvore, folhas, flores e a
madeira. Entretanto é amêndoa tostada do caju, o artigo de grande interesse no mercado mundial,
devido ao seu elevado valor nutritivo. Esta pode ser consumida ao natural com sal ou não, ou
usada no preparo de doces, farinhas.
A amêndoa é responsável por cerca de 1/3 do castanha, a sua análise revela um teor de
óleo de 55 a 60%, 15 a 205 de proteínas e em torno de 5% de açúcares.
É excelente fonte de vitamina C, sendo que os frutos amarelos são mais ricos nesta
vitamina, além de vitamina A e do complexo B. Pode ser utilizado na medicina caseira, como
vermífugo, diurético e antiinflamatório. A medicina caseira recomenda-se a decocção das folhas
por 10 minutos para banhar cicatrizes e inflamações.

Composição por 100g.


Calorias 56 kcal
Umidade 87,19g
Proteínas 0,80g
Fibras 1,50g
Cálcio 4,00mg
Fósforo 18,00mg
Ferro 1,00mg
Vitaminas B1 e B2 0,03mg cada
Niacina 0,40mg
Vitamina C 219,00mg
pH 4,10
O
Brix 11,63
Acidez 0,74

Além de ser consumido ao natural, o caju pode ser preparado em forma de suco simples
(cajuada) ou sorvetes, doces em calda ou pasta, licores, vinhos, xaropes e vinagres. Combinado
com cachaça ou gim, vira o conhecido “caju-amigo”, servido como aperitivo. Depois de extraído o
suco, sobra o bagaço do caju, muito rico em celulose, que pode ser usado na cozinha como nas
famosas “frigideiras” nordestinas – uma variação de fritada.

18.2. ASPECTOS TÉCNICOS DO CAJU:

Clima: planta tropical, com melhor adaptação ao litoral nordestino. Temperaturas entre 22 a 32 oC.
Luminosidade: sol pleno (2600 h/ano); Preciptação: acima de 1200 mm/ano; 3 a 4 meses de
estiagem (florescimento e frutificação); Altitude: 600m é fator limitante.
Solo: planta de alta rusticidade, porém não prospera em solos rasos e muito argilosos. Prefere os
profundos, férteis, areno-argilosos.
Porte: médio a alto, 1,2 a 2,0 m de altura.
Propagação: semente, estaquia e enxertia. O método mais utilizado é por garfagem no topo em
fenda cheia. As mudas obtidas através de semente são chamadas de "pé-franco" e não devem ser
utilizadas para explorações comerciais. As sementes devem ser retiradas de plantas sadias,
vigorosas, altamente produtivas, com pseudofrutos grandes; devem ser densas (afundarem em

171
meio líquido), bem conformadas, peso 9 - 12 g (cajueiro comum) e 7 - 10g (cajueiro precoce).
Obtidas as sementes, estas devem ser colocadas em vaso com água, podendo-se então eliminar
aquelas que flutuarem (teste de densidade); em seguida as castanhas (sementes) são expostas ao
sol por 2 dias, para secar ou por 5 a 6 dias à sombra, em local ventilado. Para armazenamento por
pouco tempo, pode-se usar latas fechadas e, por muito tempo, usar sacos de pano ou de papel.
Após 12 meses de armazenamento não usar mais a semente.
Calagem: se necessário aplicar calcário em quantidade suficiente para elevar V2 = 60 % e pH
entre 5 e 5,5.
Adubação de plantio: 20L de esterco de gado, 500g de Superfosfato Simples, 300g de Cloreto de
Potássio.
Cova: 40cm x 40cm x 40cm.
Espaçamentos: 10m x 10m; 6 x 6 m (caju anão)
Variedades: caju banana, caju manteiga. Não existem cultivares comerciais, sendo cultivados os
seguintes tipos: amarelo, vermelho e maçã.
Consorciação: para baratear os custos de formação e proteger o solo, recomenda-se intercalar
cultura como: mandioca, gergelim, mamona, sorgo, algodão herbáceo, girassol, de preferência
leguminosas, feijão, amendoim.
Podas: formação, limpeza e frutificação.
Pragas:
a) Broca das pontas: Anthistarcha binocularis - o adulto é uma pequena mariposa cinza; a fêmea
põe ovos na ponta dos galhos. Nascidas dos ovos, as lagartinhas penetram no tecido mole em
direção ao centro do galho abrindo galerias. O ataque resulta em folhas e inflorescências murchas,
o que afeta a produção.
b) Tripes: Selenothrips rubrocinctus – o adulto apresenta cor preta ou marrom escura e tem
aproximadamente 1mm de comprimento; a fêmea introduz os ovos dentro da folha e deles saem
formas jovens, ninfas, amareladas com faixa vermelha no abdome. Sugam a seiva das folhas, na
face inferior as partes atacadas ficam amareladas e depois tomam cor prateada. Causam seca e
queda das folhas, secamento das inflorescências e depreciação de frutos.
c) Pulgão: Aphis gossypii – o adulto é um inseto de corpo mole, pequeno, com ou sem asas,
amarelo-claro a verde-escuro, vive em colônias numerosas, que sugam intensamente as
inflorescências, causando secamento e reduzindo a produção.
d) Desfolhadores da planta:
Besouro vermelho: (Crimissa sp.) – os adultos são vermelhos e as larvas são lagartas verde lodo;
ambos destroem as folhas (larva mais voraz) após o período de produção.
Lagarta saia justa: (Cicinnus sp.) – as lagartas jovens ficam agrupadas nas folhas "maduras" e
cada qual envolve-se em uma folha. O ataque ocorre no princípio da floração, prejudicando a
produção por diminuição da área foliar.
Lagarta verde: (Eacles sp.) – o adulto é uma mariposa amarela, sendo a larva (lagarta) de cor
verde ou alaranjada ou amarela ou marrom. Pode alcançar 10cm de comprimento. Destrói o limbo
foliar, podendo desfolhar a planta.
e) Traça das castanhas: Anacampsis sp. – o adulto é uma mariposa com 2cm de comprimento e
cor escura; a forma jovem é uma pequena lagarta rosa claro e de cabeça preta, que penetra pelo
maturi (inserção castanha-pedúnculo) e destrói toda a amêndoa, onde empupa.
f) Outras pragas: larva do broto terminal, mosca branca, cigarrinha, lagarta véu de noiva,
cochonilha, ácaro amarelo e ácaro das flores, nematóides.
Doenças:
a) Antracnose: doença causada pelo fungo Glomerella cingulata - amplamente disseminada, torna-
se severa nos anos de maior intensidade de chuvas, notadamente, na floração. O agente ataca
ramos, folhas, inflorescências, pedúnculos e frutos; aparecem manchas necróticas pardo-
avermelhadas nas folhas, deformando-as; nos ramos são lesões pardas, alongadas e deprimidas;
os frutos jovens secam e caem e pedúnculos mostram lesões necróticas, rachaduras e
deformações. A doença ataca também em viveiro.
b) Oídio: doença causada pelo fungo Oidium anacardii – as folhas são o alvo do ataque; aparece,
no seu dorso, revestimento ralo branco-acinzentado e pulverulento nas áreas afetadas. Em
seguida aparecem manchas escuras, bronzeadas, extensas, recobertas pela cinza. Sob ataque
intenso, as folhas secam prematuramente.

172
c) Mofo preto: doença causada pelo fungo Perisporiospsella anacardii - causa, inicialmente,
manchas arredondadas amareladas nas folhas com pontuações negras na face superior; mais
tarde as manchas tornam-se pardas e aparece bolor negro feltroso na página inferior. Há
ressecamento e queda da folha.

Produção: Inicia no 2º ano, mas economicamente a partir do 3º ano com 10 a 15 Kg/planta. A


colheita é feita entre 60-75 dias após a floração. No 6º ano atinge 50-70 Kg/planta.
A amêndoa é responsável por cerca de 1/3 do castanha, a sua análise revela um teor de óleo de
55 a 60%, 15 a 205 de proteínas e em torno de 5% de açúcares.
É excelente fonte de vitamina C, sendo que os frutos amarelos são mais ricos nesta
vitamina. Pode ser utilizado na medicina caseira, como vermífugo, diurético e antiinflamatório. A
medicina caseira recomenda-se a decocção das folhas por 10 minutos para banhar cicatrizes e
inflamações.

173
19. A CULTURA DO PEQUI:

19.1. ASPECTOS GERAIS DO PEQUI:

O pequizeiro é arvore protegida por lei (Portaria no 54 de 03.03.87 – IBDF - ) que impede seu
corte e comercialização em todo o Território Nacional.
O pequi ou piqui Caryca brasiliense
origina-se do Tupi “pyqui”, onde py = casca, e qui = espinho, referindo-se aos espinhos do
endocarpo do fruto (parte dura do caroço). A arvore que atinge 10m de altura, o pequizeiro é uma
das mais importantes plantas para a alimentação do homem do campo e que cada vez mais
conquista destaque nos cardápios dos restaurantes de comidas típicas da região.
Ocorrendo em campo, cerrado, cerradão e em “murunduns”da Bahia, Distrito Federal, Goiás,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo, é considerado também ornamental, pelo formato
da copa e pelo arranjo externo das suas alvas flores. Floresce de junho a outubro e frutifica de
agosto a janeiro.
Suas folhas, ricas em tanino, fornecem substância tintorial, usadas pelas tecelãs. O caule, com
madeira bastante resistente é usado como fonte de carvão siderúrgico. As raízes prestam-se para
a preparação de cavernames de pequenas embarcações.
A polpa dos frutos cozidos, usada na alimentação humana, tem grande aceitação com
farinha, arroz, feijão e galinha. Tanto pode ser usada na fabricação de licores ou sabões caseiros
como na alimentação de animais domésticos, ovinos e suínos. Serve também de alimento aos
animais silvestres, como arara, cotia, tatu-peba e veados. Era comum a “espera”(caça) dos veados
na época de floração do pequi. O gado também se alimenta desses frutos, porém torna-se
problemática a ação mecânica, devido aos espinhos, não só no processo de deglutição como no
de ruminação.
É bastante disseminada na medicina popular regional a utilização do óleo do pequi
adicionado ao mel de abelha contra gripes e bronquites. Na década de 40, o óleo de piqui era
usado no preparo da “Emulsão de pequi”e o “pequióleo”, para tratamento das doenças do aparelho
respiratório. Além do aspecto medicinal, esse óleo de pequi é usado na alimentação e na indústria
de cosmético para fabricação de cremes e sabonetes.
O fruto do pequizeiro é rico em Vitamina A e C. Sua composição por 100 gramas da parte
comestível é a seguinte: Calorias: 89; Umidade: 76,0 g; Proteínas: 1,2 g; Lipídios: 0,9 g; Glicídios:
21,6 g; Fibra: 5,5 g; Cinzas: 0,3 g;Cálcio: 14 mg; Fósforo: 10 mg; Ferro: 1,2 mg; Retinol (Vit. A):
20000 mg; Vit. B1: 0,30 mg; Vit. B2: 0,46 mg; Niacina: 0,4 mg; Vit. C: 12 mg; parte não comestível:
67,1 %.

19.2. ASPECTOS TÉCNICOS DO PEQUI:

Cultivares: O pequizeiro tem grande diversidade genética, e os cultivares são originados de


seleção natural. Cultivar de porte anão e precoce, com plantas homogêneas quanto a
características desejáveis, ausência de espinhos no caroço, vem sendo desenvolvido pela
pesquisa, que em breve poderá recomendá-lo.
Local para plantio: O pequizeiro é encontrado nos solos de cerrado, geralmente ácidos, pobres
em cálcio, magnésio e matéria orgânica, profundos e porosos, com épocas chuvosa e seca bem
definidas.
Preparo e Conservação do Solo: Requer solos profundos, bem drenados e tolera solos pobres e
ácidos. É recomendável o seu plantio em sistemas agroflorestais, com outras espécies, objetivando
conciliar os interesses ecológicos e econômicos. Desta forma, o preparo do solo pode resumir-se
no preparo de covas para plantio, em clareiras e ou intercalar a outras plantas nativas ou
plantadas.
Propagação: A propagação do pequizeiro pode ser feita por sementes ou por meio de enxertia. O
plantio por sementes apresenta o inconveniente de originar cultivos desuniformes, com plantas de
características variadas, já o processo da enxertia assegura a obtenção de plantações uniformes.

174
A produção de mudas inicia com a seleção das plantas matrizes que devem ser identificadas e
preservadas para futuras coletas de sementes ou ramos para enxertia. As sementes devem ser
provenientes de plantas sadias, com boa produção de frutos e características desejadas pelo
consumidor, contendo caroço grande, polpa espessa e coloração variando do amarelo ao laranja.
A coleta vai de outubro a janeiro, dependendo da região produtora, enquanto que a enxertia pode
ser feita de outubro a março. Para se obter melhores índices de germinação, os frutos devem ser
coletados logo após a sua queda ao chão, o que é garantia de seu completo amadurecimento.
Após a coleta, retira-se a casca do fruto e as sementes ou caroços, sendo que estes devem
permanecer amontoados dentro de um recipiente limpo, à sombra, durante uma semana, para
facilitar a remoção da polpa (despolpa), procedimento esse que é realizado em água corrente. A
despolpa pode ser feita também em betoneira, por agitação da mistura das sementes com brita
média e grossa. Após despolpadas, as sementes são secadas à sombra, em lugar ventilado,
durante uma ou duas semanas e em seguida, faz-se o descarte das chochas, brocadas e
manchadas. Para plantios futuros, recomenda-se o tratamento das sementes despolpadas, com
solução de Benomyl a 50 %, via úmida, imersas em solução a 5 % por 10 minutos. Após o
tratamento e secas à sombra, as sementes podem ser acondicionadas em sacos de estopa e
armazenadas em lugar fresco. Quando bem conservadas, as sementes apresentam amêndoas
com coloração clara, não encardidas.
A germinação ao natural é baixa e lenta, atingindo 50 a 60 % ao longo do ano. Para se obter
melhor índice, rapidez e concentração da germinação num determinado período (de três a quatro
meses após a semeadura ), pode-se usar o ácido giberélico. Neste caso, as sementes devem ser
mergulhadas por 48 horas em solução de ácido giberélico (1 pacote de 10g do produto comercial
Progib, contendo 1g do ingrediente ativo para 2 litros d’água) e semeadas em seguida. Este
produto também promove maior crescimento das mudas, que ficarão prontas para o plantio no
início da estação chuvosa seguinte. As sementes mais secas apresentam maior absorção e maior
efeito do produto.
Banhos de ácido e choques térmicos são os recursos mais utilizados para estimular a
germinação, mas essas e outras técnicas vem sendo substituídas em alguns viveiros. O
pesquisador Roberto de Almeida Torres, coordenador do viveiro de mudas do CNPq/ Funape/UFG,
explica que processo de reprodução do pequi começa com a seleção das matrizes. São escolhidas
àquelas com frutos de melhor qualidade, destacando-se a espessura da polpa, a conformação e a
sanidade da árvore. Os frutos caídos são colhidos e amontoados no chão, à sombra, até que
ocorra a fermentação. Em seguida são despolpados. As primeiras e ácidas chuvas da estação
induzem a semente à germinação, o que ocorre a partir dos 28 dias. Em 60 dias, 80% do material
já está germinado.
Semeadura e Transplantio: A sementeira deve ser construída a céu aberto (sem cobertura), em
canteiros com um metro de largura e comprimento variável, com leito de 10cm de espessura, de
areia grossa de rio e peneirada. Os caroços são semeados justapostos com folga de
aproximadamente um centímetro entre eles, formando apenas uma camada de sementes, que é
recoberta com um centímetro de vermiculita média ou pó de serra curtido, ou outro material similar
disponível. Logo após a semeadura e durante o período de germinação, deve-se fazer regas
diárias, mantendo-se úmido o leito da sementeira. As mudas devem ser transplantadas para os
sacos de polietileno o mais cedo possível, assim que se perceba o início da emissão da radicela.
Deve-se evitar o transplantio de mudas já enfolhadas para não causar danos ao sistema radicular.
Os sacos devem ser de cor preta, sanfonados e perfurados na base e na lateral, e apresentar as
dimensões de 15cm x 25cm x 0,2mm, com capacidade para quatro litros de substrato. O viveiro
deve ser feito a céu aberto e, para que as mudas não fiquem muito abafadas, os sacos devem ser
dispostos em canteiros de 2, 3 ou 4 filas justapostas, espaçadas de 60 a 80 cm entre si. As mudas
devem permanecer no viveiro até a próxima estação chuvosa, quando estarão aptas para o plantio
no campo ou para a enxertia. O preparo do substrato e o enchimento dos sacos de polietileno
devem ser feitos com antecedência ao transplantio das mudas, aproveitando o período seco ou
menos chuvoso para essas atividades. A terra para o substrato deve ter de 30 a 40 % de argila e
não ser arenosa, para não provocar seu destorroamento durante o plantio da muda. A terra deve
ser coletada, de preferência, em áreas não cultivadas, utilizando o subsolo abaixo de 20 cm de
profundidade. Para uma mistura uniforme, sugere-se preparar no máximo 200 litros de substrato a
cada vez. Primeiramente misturam-se o calcário e os adubos químicos e estes com apenas 2 kg da

175
terra do substrato, para depois agregar esta mistura ao restante da terra. Para o preparo do
substrato utilizar: terra de barranco(200L), esterco de curral curtido (20L), calcário dolomítico
(PRNT=100 %)(100g), superfosfato simples(500g), cloreto de potássio (80g), FTE BR 12 (20g), ou
10g de sulfato de zinco, 5g de sulfato de cobre, 5g de sulfato de manganês, 2g de bórax e 1g de
molibidato de amônio). O superfosfato simples mais os micronutrientes ou FTE podem ser
substituídos por 500g de Termofosfato Yoorin. Durante a formação das mudas, elas devem receber
adubações nitrogenadas em cobertura, na dose de 0,5g de uréia ou 1,0g de sulfato de amônio, por
planta, mensalmente. Outra maneira prática de se fazer essas adubações é via água de irrigação,
adicionando-se 25g de uréia ou 50g de sulfato de amônio por regador de 10 litros de água,
regando normalmente as mudas encanteiradas.

Enxertia: A enxertia pode ser feita por garfagem lateral simples, por garfagem no topo em fenda
cheia ou por borbulhia, tipo escudo ou placa. A enxertia deve ser realizada somente nas mudas
vigorosas e quando atingirem de 0,6 a 1,0 cm de diâmetro do caule e 20 a 30 cm de altura. Deve
ser processada em ambiente de viveiro com 60 % de sombra. Maiores índices de pegamento se
consegue quando é realizada em meses quentes do ano, mas que não coincida com o período de
florescimento e frutificação da espécie. Se as mudas forem enxertadas, o plantio deverá ser feito
somente após a brotação, desenvolvimento e seleção dos enxertos.
Plantio:
Espaçamento: 8m a 10 metros entre plantas e entre linhas.
Covas: 40cm x 40cm x 40cm.
Adubação de plantio: Na ausência da analise do solo, pode-se usar:
a) Em solos argilosos, não corrigidos, incorporar por cova de plantio:
Calcário dolomítico ou magnesiano (PRNT=100 %): 100g.
Superfosfato simples: 250g.
Cloreto de potássio: 10g.
Sulfato de zinco: 10g.
Sulfato de cobre: 4g.
Sulfato de manganês: 4g
Bórax: 1,0g.
Molibidato de amônio: 0,1g.
Os micronutrientes podem ser substituídos por 10g de FTE BR 12. O superfosfato simples
pode ser substituído por igual quantidade de Termofosfato Yoorin, dispensando-se neste caso a
aplicação de outras fontes dos micronutrientes.
b) Em solos de textura média e arenosa, tanto as doses de calcário como de superfosfato simples
devem ser reduzidas para 80% e 60%, respectivamente. Para evitar toxidez e desequilíbrios
nutricionais nas mudas, os fertilizantes devem ser bem misturados com toda a terra da cova.
Adubação de cobertura:
Após o plantio, são recomendadas três adubações em cobertura, com 25g de sulfato de
amônio e 10g de cloreto de potássio por cova, a cada 40 dias, até o final do período chuvoso.
Sugerem-se adubações anuais nas doses de 150, 300, 450, 600 e 750g da fórmula 10-10-10 por
planta, com um, dois, três, quatro e cinco ou mais anos de idade, respectivamente. Acrescentar
sulfato de zinco, sulfato de cobre e sulfato de manganês, em doses equivalentes a 5%, 2,5% e
2,5% da fórmula, respectivamente, e parcelar essas doses em três aplicações em cobertura,
durante o período chuvoso, ao redor da planta, de modo uniforme em toda a área sob copa.
Doenças:
As doenças do pequizeiro na fase de crescimento são o Mal-do-Cipó e a morte descendente
da planta, cujo controle consiste em podar os ramos doentes 10cm abaixo das partes lesionadas e
pincelar as extremidades com calda ou pasta à base de fungicidas cúpricos. Não se deve colher
sementes de plantas doentes ou retirar seus ramos para enxertia.
Colheita e Comercialização:
O fruto está maduro quando a casca do tronco da planta apresenta-se mole. Quando os
frutos atingem a fase de maturação, eles desprendem-se da planta caindo ao chão. A maturação e
colheita ocorrem normalmente no período de novembro a março. Geralmente a colheita consiste
na catação dos frutos caídos, algumas vezes ainda pendentes na planta, que são ensacados e

176
transportados para o local de comercialização, ali são descascados e é aproveitada a semente
com a polpa, a parte descartada é utilizada na adubação e como alimento animal. A parte
comestível comercial é vendida por dúzia, embalada em sacos plásticos. Parte da produção é
levada à indústria, beneficiada em licores e outros produtos, ou beneficiada artesanalmente para a
retirada da "gordura" ou óleo de pequi, que é vendido em litros. O rendimento em polpa é de 30 a
40 % em peso do fruto descascado. A produção do pequizeiro inicia a partir do quarto ou quinto
ano após o plantio, para mudas produzidas a partir de sementes. O uso de mudas enxertadas
permite antecipar a frutificação para o segundo ou terceiro ano após o plantio. A produtividade de
pequizeiros adultos, em condições naturais, varia de 500 a 2000 frutos por planta por ano, o que
equivale a 5 a 20 caixas por planta/ano. Em sistema de cultivo homogêneo, no espaçamento de
10m x 10m, pode-se esperar uma produtividade de até 1200 caixas/ha/ano.

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20. A CULTURA DO TAMARINDO:
20.1. ASPECTOS GERAIS DO TAMARINDO:
Originário das savanas secas da África o tamarindeiro Tamarindus indica L., foi levado para
a Índia que o explora extensivamente e exporta seu produto para a Europa e EUA. Os indivíduos
que crescem nos trópicos derivam de sementes coletadas ao acaso na África e na Índia destituídas
de melhoramento genético. Ainda assim desponta como cultura atrativa e de grande futuro
comercial. É árvore frutífera e bastante decorativa; sua altura pode chegar aos 25m. Seu tronco
devide-se em numerosos ramos curvados formando copa densa e ornamental. As folhas são
compostas e sensitivas (fecham por ação do frio), flores hermafroditas amarelas ou levemente
avermelhadas (com estrias rosadas ou roxas) que se reúnem em pequenos cachos axilares. Fruto
- tamarindo ou tamarino - é uma vagem alongada com 5 a 15cm de comprimento, com casca
pardo-escura, lenhosa e quebradiça. As sementes em números de 3 a 8 estão envolvidas por uma
polpa parda e ácida contendo açucares (33%), ácido tartárico (11%), ácido acético, ácido cítrico.
Cem gramas de polpa contém 272 calorias, 54mg de cálcio, 108mg de fósforo, 1mg de ferro, 7µg
Vitamina A, 0,44mg Vitamina B e 33mg Vitamina C.

Fruto: a polpa, com sabor agridoce, é usada no preparo de doces, bolos, sorvetes, xaropes,
bebidas, licores, refrescos, sucos concentrados e ainda como tempero para arroz, carne, peixe e
outros alimentos.

Sementes: ao natural servem de forragem para animais domésticos; processadas são utilizadas
como estabilizantes de sucos, de alimentos industrializados e como goma (cola) para tecidos ou
papel. O óleo extraído delas é alimentício e de uso industrial.

Folhas: o cerne da madeira é de excelente qualidade e pode ser usado para diversas finalidades;
forte, resistente à ação de cupins, presta-se bem para fabricação de móveis, brinquedos, pilões, e
preparo de carvão vegetal.

20.2. ASPECTOS TÉCNICOS DO TAMARINDO:

Clima: A planta pode ser cultivada em regiões tropicais úmidas ou áridas; a temperatura média
anual deve estar em 25ºC, as chuvas anuais entre 600 e 1500mm. A planta requer boa intensidade
de luz e é sensível ao frio.

Solo: Devem ser profundos, bem drenados, pH entre 5,5 e 6,5, de preferência areno-argilosos.
Evitar solos pedregosos e sujeitos a encharcamento.

Mudas: as mudas são formadas a partir de sementes em sacos de polietileno 18cm x 30cm de
terra constituído de mistura de terriço (3 partes) e esterco de curral bem curtido (1 parte).
Alcançando 25cm de altura a muda estará apta ao transplantio.

Espaçamentos/Covas: espaçamentos de 10m x 10m (100 plantas por hectare), 12m x 12m (69
plantas por hectare) ou 10m x 8m (125 plantas por hectare). As covas podem ter dimensões de
50cm x 50cm x 50cm ou 60cm x 60cm x 60cm.

Adubação básica: lançar no fundo da cova 500 gramas de calcário dolomítico cobrir levemente
com terra + 15 litros de esterco de curral bem curtido + 500 gramas de superfosfato simples e +
120 gramas de cloreto de potássio e aplicar na cova 30 dias antes do plantio.

Plantio: deve ser feito no início do período chuvoso e em dias nublados. Irrigar a cova com 15
litros de água e proteger o solo, em torno da muda, com palha ou capim seco sem sementes.
Deixar colo da muda ligeiramente acima da superfície do solo.

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Adubação de cobertura (g/planta):

Idade Uréia SS KCI Uréia SS


Uréia KCI KCI
(período (período (período (final (final
(pegamento (pegamento (final das
das das das das das
das mudas) das mudas) chuvas)
chuvas) chuvas) chuvas) chuvas) chuvas)

1º ano 60 40 -- -- -- 60 -- 40

2º ano -- -- 75 200 60 75 200 60

3º ano -- -- 90 260 80 90 260 80

4º ano -- -- 120 350 110 120 350 110

5º ano
em -- -- 150 400 120 150 400 120
diante

Pragas:
Mosca-da-Madeira: O adulto é mosca escura, com asas amarelo-escuras, com 31-35mm de
comprimento. A fêmea põe ovos na casca da árvore de onde saem lagartas que perfuram o caule,
abrem galerias e penetram até o lenho. Controle: obstrução dos orifícios com tampões de madeira,
injeção, no orifício, de paratiom metálico, e caiação do tronco com calda de 3Kg de cal + 3Kg de
enxofre em 100 litros de água.

Broca-das-Sementes: O adulto é besourinho escuro com 2 mm de comprimento e que perfura a


casca do fruto, destroe a polpa e põe ovos nas sementes; as lagartas destroem as sementes.
Controle: pulverizar frutos ainda verdes com produtos à base de endolsufam ou triclorfom.

Coleobroca: O adulto é besouro com 20mm de comprimento, cor castanho-clara, antenas longas;
a forma jovem é lagarta branca e sem patas que broqueia tronco e ramos abrindo galerias.
Controle: poda e queima as partes atacadas e pulverizações preventivas de tronco e ramos com
eldosulfam; ainda aplicar 1cm. de pasta de fosfina por orifício e vedá-lo com cera de abelha.

Colheita: A planta entra em produção entre 4-6 anos pós-plantio e pode produzir ao longo de 200
anos. Após alcançar a maturação o fruto pode permanecer na árvore por várias semanas. O ponto
de maturação é reconhecido quando a casca do fruto torna-se quebradiça partindo-se facilmente à
pressão dos dedos; deve-se colher o fruto amadurecido na planta. Cada tamarindeiro adulto pode
produzir de 150 a 250 kg de frutos por ano (12 a 18 toneladas por hectare).

21. A CULTURA DA JACA:


21.1. ASPECTOS GERAIS DA JACA:

179
A jaqueira Artocarpus integrifolia L,/Artocarpus heterophilus Lam., Moraceae, Dicotyledonae -
originária da Ásia (Malásia, Índia), foi trazida para o Brasil pelos portugueses. Aqui a planta
adaptou-se muito bem.
A planta apresenta as seguintes características: Madeira: É branco-acinzentada que
escurece, ao contato com o ar, tomando a aparência de mogno. É madeira de lei, utilizada em
construção naval (cavername), e na construção mista (carpintaria e marcenaria).
Planta: Utilizada em florestamentos, em sebes quebra-ventos, para proporcionar sombra a animais
em pastos e como planta ornamental.
Folhas: Verdes, picadas ou moídas, são destinadas ao arraçoamento de aves, caprinos, ovinos e
suínos. Fruto: Ao natural os bagos são consumidos frescos pelo homem; processados compõem
doces, compotas, polpas congeladas, refrescos, sucos, bebidas (licor). Os animais consomem o
fruto fresco picado, em sua integra. Em medicina caseira o bago é utilizado no tratamento de
tosses (propriedades expectorantes).
Semente: Rica em amido pode ser consumida assada; assada e moída produzem farinha utilizável
para preparo de biscoitos, doces, outros. Em medicina caseira a semente trata desarranjos
intestinais. Ainda, lenhada, a jaqueira exsuda resina medicinal de propriedades.
A jaqueira é uma árvore de copa irregular que alcança até 25m de altura. O fruto alcança
maturação em 180 a 200 dias. Mede de 22 a 90 cm de comprimento, 13 a 50cm de diâmetro e
apresenta peso variando de 3 a 60Kg. As sementes numerosas - até 500 unidades por fruto - são
envolvidas, individualmente, por uma polpa (bago) amarela, visguenta, aromática, sabor doce, de
consistência mole à dura. A planta é melifica.A composição da polpa do fruto, por 100 gramas, é:
água 84%, carboidratos 18,9g., proteína 1,9g., gordura 0,1g., fibra 1,1g., cálcio 20mg., fósforo
30mg., ferro 0,5mg., Vit A 540 U.I., tiamina 30 U.I.; a semente contém 6,6% de proteínas e 25,8%
de carboidratos.

21.2. ASPECTOS TÉCNICOS DA JACA:

Clima e Solo: a jaqueira desenvolve-se bem e produz frutos de melhor qualidade em regiões de
clima quente úmido ou em clima semi-árido com irrigação.
Propagação: as jaqueiras podem ser propagadas por sementes ou vegetativamente. A
propagação da jaqueira pode dar-se via vegetativa - borbulhia em janela aberta e encostia
(produzem mudas para plantios comerciais) e via sexuada (utilizando-se de sementes).

Os frutos fornecedores das sementes devem ser obtidos de árvores precoces, vigorosas, sadias e
de boa produção; as sementes devem ser retiradas do fruto e mergulhadas em água fria por 24
horas e semeadas, a seguir (baixa viabilidade).
Os recipientes podem ser sacos de polietileno preto, dimensões 20cm x 30cm, cheios com mistura
de terra areno-argilosa ou terra de mata (3 partes) e esterco de curral bem curtido (1 parte). Os
sacos podem ser colocados em fileiras duplas espaçadas de 60-80cm e o viveiro deve ser coberto
com folhas de palmeiras para proporcionar, inicialmente, 50% de sombra. A medida que as mudas
desenvolvem-se vai-se permitindo entrada de mais luz. O semeio é feito colocando-se 2 a 3
sementes, em posição horizontal, a 3 a 5cm de profundidade; quando mudinhas tiverem 5cm. de
altura efetuar o desbaste deixando a mais vigorosa. Alcançando 15 a 20cm de altura a muda
estará apta a ser plantada em local definitivo. As irrigações devem ser feitas sem excessos.
Variedades: considerando a consistência da polpa dos frutos, as variedades são classificadas em
jaca dura (frutos maiores e polpa firme) e jaca mole (frutos menores, bagos moles e mais doces).
Clima: Planta de regiões quentes e úmidas, de clima tropical úmido, a jaqueira também se
desenvolve em regiões de clima subtropical e semi-árido desde que haja a utilização da irrigação
artificial (Ceará). A planta requer temperatura média anual de 25ºC, chuvas acima de 1.200
mm/ano (bem distribuídos), umidade relativa do ar em torno de 80%, dias ensolarados. Geadas
são danosas à jaqueira.
Solos: Profundos, bem drenados, férteis, areno-argilosos não sujeitos a encharcamento, pH entre
6 e 6,5.
Plantio: O preparo do solo pode necessitar das operações de derruba, destoca, queima, controle
de cupins e formigas, aração/gradagem do terreno, com antecedência hábil ao plantio.

180
Espaçamento a utilizar pode ser 10m x 10m ou 10m x 8m que proporcionam densidades de 100 a
125 plantas por hectare respectivamente. As covas podem ter dimensões de 50cm x 50cm x 50cm
ou 60cm x 60cm x 60cm e são abertas 60 dias antes do plantio quando se separa a terra dos
primeiros 15 a 20cm de altura. Sugere-se para adubação de fundação, a mistura da parte da terra
separada a 15-20 litros de esterco de curral bem curtido e a 500g de calcário dolomítico e lança-se
ao fundo (logo após sua abertura); o restante da terra é misturada a 500g de superfosfato simples
a 100g de cloreto de potássio enchendo-se a cova pouco antes do plantio.

Adubação de cobertura da jaqueira.

Ano Uréia Super simples KCl Esterco

Planta g/cova g/cova g/cova L/cova

1º 55 - 35 15

2º 65 220 65 20

3º 85 290 85 20

4º 100 350 100 20

5º 130 440 130 20

Safreira 160 450 140 20

PRAGAS:
Abelha-cachorro (Irapuá); Abelha preta que pode estragar flores; controla-se por destruição de
seus ninhos e pulverização com produtos químicos a base de diazinon, malation (Malatoe) ou
paration(Folidol).
Arlequim-da-mata: Besouro de patas longas, corpo grande, com cores verde, vermelho e preto
cuja larva branca (lagarta) broqueia abrindo galerias no tronco; controla-se limpando-se orifícios -
por onde lagarta expele serragem - e aplicando 1cm. de pasta fosfina (Gastoxim) ou paration (2cc)
ou gasolina (2cc), vedando-se o orifício, logo após, com argila ou cera de abelha, objetivando-se
matar a larva do besouro.
Besouro-do-fruto: Besouro pardo com riscos escuros nas asas, que ataca frutos destruindo a
polpa. É controlado pela pulverização dos frutos com produtos a base de malation, diazinon,
carbaryl.
Cigarrinhas dos brotos: Ataca brotos e pedúnculo do fruto; mesmo controle da Irapuá.
Cochonilhas: Atacam folhas; podem ser controladas pela pulverização de mistura de óleo mineral
para agricultura + inseticidas fosforados (malatiom, diazinom, paratiom).
Bicho-cesto: Lagarta que se alimenta de folhas. Pode ser controlada pela pulverização de
produtos químicos inseticidas à base de triclorfom e carbaryl.
Colheita/Rendimento: O ponto de colheita é demonstrado pelo aroma forte que os frutos exalam e
por som oco que emitem quando neles se bate. Uma jaqueira pode produzir frutos por um período
de 100 anos. Plantas provenientes de mudas de sementes iniciam frutificação no 5º ou 6º ano pós
transplantio com frutos pequenos e pouco numerosos. Após, tamanho e número aumentam. A
produção de uma jaqueira adulta pode alcançar 50 a 100 frutos por árvore e por ano.
Os frutos devem ser conservados em ambiente fresco e seco e consumidos o mais rapidamente
possível.

22. A CULTURA DA JABUTICABA:


22.1. ASPECTOS GERAIS DA JABUTICABA:

181
Na jabuticabeira, são milhares de flores e de frutos que nascem e crescem grudadinhas por
toda a superfície dos galhos e, até mesmo, do tronco até o rés do chão. Nessas ocasiões, as
jabuticabeiras estão sempre repletas de frutos em todas as fases de maturação, colorindo, em
geral, toda a ávore por tonalidades que variam entre o verde e o roxo quase negro. Algumas
variedades de jabuticabeiras apresentam frutos desenhados por finas estrias de cor carmim; outras
produzem jabuticabas de tom oliváceo e listras escuras. Os frutos são redondos como bolinhas de
gude e de tamanho às vezes um pouco maiores: dependendo da variedade, algumas jabuticabas
aproximam-se da forma e do diâmetro de uma grande ameixa. Em todos os casos, porém a casca
resistente e escura rompe-se facilmente com uma leve mordida, deixando escapar a polpa
esbranquiçada e sumarenta. Na maioria das vezes, de sabor agradavelmente doce, essa polpa
envolve no máximo quatro pequenas sementes em cada fruto. Existem diversas qualidades de
jabuticabeiras e de jabuticabas, uma verdadeira coleção que alcança de 12 a 15 variedades
diferentes.
A sabará, entre todas a mais cultivada e famosa jabuticabeira, tem também o fruto mais
apreciado e mais doce. A paulista, árvore de grande porte se comparada às outras, tem duto
grande. A rajada oferece frutos grandes de cor esverdeada, e muito doce. A Ponhema é a melhor
para a produção de geléias e doces. Todas as jabuticabeiras são árvores nativas do Brasil e até
hoje, podem ser encontradas na maior parte do país. São, no entanto, mais frequentes em Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro em São Paulo e Paraná, encontrando-se também em
paragens longínquas. Tempos atrás, provavelmente as jabuticabeiras vegetaram nas áreas que
margeavam os rios e córregos da região Sudeste, dando formação a extensas capoeiras e matas
repletas pela árvore, tendo se expandido tanto naturalmente como através do cultivo.
O peso do fruto final é de cerca de 5 g. Os crescimentos em diâmetro e altura acompanham
o do peso. A curva de crescimento da casca é menos intensa do que a do fruto.
O comportamento reprodutivo da jabuticabeira, avaliado em ramos marcados, e ocorrência de
flores e frutos, mostrou que quanto mais grosso o ramo, maior a ocorrência de flores e frutos por
metro. Entre 8 clones quanto à qualidade do fruto os clones Açu e Sabará Sul de Minas deram as
maiores massas do fruto. O rendimento da polpa foi maior para Sabará Sul de Minas e Açu do
Horto de BH tinham maior firmeza. O que apresentou maior teor de sólidos solúveis totais (17,6º
Brix) foi o clone Canaã Açu.
O número de embriões após a germinação, confirmam os dados de 40 a 60%, sendo as
jabuticabeiras de média poliembrionia, enquanto os jambo e o jambolão variam de 5% a 96%. O
número de sementes pode variar de 1 a 5, os seus cotilédones são avermelhados e o seu
comprimento varia de 2 a 12 mm.
O fruto amadurece em cerca de 3 semanas após o florescimento e até 5 colheitas podem ser
feitas por ano, em condições ideais de clima e cultivo. No Brasil esta frutífera se distribui do norte
do estado do Rio Grande do Sul até a região central. Planta subtropical, necessita de temperaturas
baixas durante o inverno para florescer; no clima quente do norte e nordeste brasileiros, ocorrem
temperaturas altas no verão e no inverno e a jabuticabeira não frutifica economicamente.

Composição média por 100g de frutos.


Calorias 43
Glicídios 11,2g
Proteínas 0,54g
Cálcio 9mg
Fósforo 60mg
Ferro 1,26mg
Sódio 8,3mg
Potássio 13,2g

22.2. ASPECTOS TÉCNICOS DA JABUTICABA:

A jabuticabeira, apesar de subtropical por sua origem, se adapta também ao clima tropical e
tolera geadas de curta duração. Poucas são as informações sobre solos e requerimentos

182
nutricionais da jabuticabeira. A jabuticabeira vegeta bem em solos muito diversos, preferindo os
sílico - argilosos e argilo - silicosos, profundos, férteis e bem drenados. Desenvolve-se bem em
solos ricos, com bom suprimento de água durante o ano todo.
A jabuticabeira pode ser propagada por sementes, mergulhia, estaquia e enxertia. A
garfagem no topo em fenda cheia em jabuticabeira, pode resultar em bom pegamento, entretanto,
a demora no seu crescimento, leva ao início de produção no pomar só após o 3º ano de plantio.
Estas mudas são de custo alto e a sua produção deve ser bem cuidada, principalmente quanto às
regas, pois pode ocorrer alta mortalidade em caso de falta de água.
A propagação vegetativa foi estudada, através de vários métodos, tais como: fenda,
alporquia e estaquia. Fenda cheia foi superior à fenda parcial e lateral e também à borbulhia, que
foi a pior. A fenda cheia deu de 60 a 90% de pegamento, dependendo da época. A estaquia não
deu resultados, mesmo utilizando reguladores vegetais, como auxinas e também anelamento. A
estaquia de ramos maduros deu de 10 a 15% de enraizamento, após 10-12 meses em substrato de
areia, sob nebulização. Trabalhando com estacas terminais com folhas, o pegamento foi de mais
de 60%, entre junho e setembro, em câmara de polietileno, com 50-50% de turfa - areia. O
enraizamento iniciou-se após 4-5 meses, mas cada estaca tinha somente 2 raízes, ambas
emergindo na base da estaca. O melhor tamanho de estaca foi de 10-12 cm, terminais e com
folhas recém amadurecidas. Para cada estaca eram deixados 3 a 4 pares de folhas, no ápice. O
melhor preparo da estaca foi com corte logo abaixo de uma gema fazendo após, 4 cortes de 2 cm
na estaca e tratando a gema de enraizamento com 1.000 ppm de AIB. O efeito da época foi muito
forte, pois de junho a setembro foi muito melhor que outubro.
As podas nas árvores em formação são necessárias. A prática indica que as mudas devem
ser formadas de modo a terem troncos de 40 a 60cm de altura do solo, para engalharem
simetricamente em copa aberta. As podas de frutificação devem ser feitas para que se tenha 4 a 6
ramos primários e, a partir de 1,20 a 1,50m deverá resultar em dois novos ramos para, de 0,6 a 1,0
m acima duplicar-se novamente, e assim por diante. É necessário que os ramos fiquem afastados
cerca de 20 a 30cm uns dos outros, para uma boa produção. Podas de limpeza em plantas adultas
são preconizadas, periodicamente, com a finalidade de arejar o centro da copa, que no geral
tendem ao fechamento. Podas drásticas em plantas adultas, usualmente não são recomendadas,
principalmente as de topo, ou laterais, pois a regeneração dos ramos é lenta.
A irrigação é prática comum para a jabuticabeira, por acreditar-se que sua resposta pode ser
melhorada, em termos de emissão de várias floradas e melhor pegamento e desenvolvimento do
fruto.
A jabuticabeira é muito sensível ao transplantio, devendo as mudas ser arrancadas com
torrão intacto. Dias nublados são mais indicados para o transplantio. O local do plantio deve ser
preparado com aração e gradagens.
Para o preparo da cova o tamanho é 60cm x 60cm x 60cm, incorporando-se 15Kg de esterco
curtido e 200 g de superfosfato por cova. Faz-se o plantio 10cm acima do nível do solo, e reúne-se
a terra superficial, formando uma bacia que atinge o nível do torrão. A adubação de produção das
jabuticabeiras deve conter de 30 a 50 Kg de esterco curtido e 250g de uma mistura com 50 partes
de sulfato de amônio, 50 partes de superfosfato e 20 partes de cloreto de potássio, incorporando
na área da coroa, todo ano, por ocasião das chuvas. É conveniente se parcelar as adubações.
O espaçamento adequado para a Sabará é entre 6m a 7 m na linha e 8m a 10 m na
entrelinha, admitindo-se o plantio em quadrado ou em retângulo, mais usuais.

23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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AMARO, A. A. Comercialização de figo. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 18, n. 188, p.


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