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O Canto Orfeônico

O canto orfeônico, originado do francês "orphéon", foi uma tradição do


século XIX em quase toda a Europa, designando o canto coral à capella.
No Brasil, o canto orfeônico era conhecido e praticado desde 1912, mas
somente com o trabalho de Villa-Lobos ganhou alcance e importância.

Para ele, o canto orfeônico era o meio eficaz de educação das massas,
pois integrava a sociedade num sentimento coletivo e disciplinado de
amor à pátria.

"O canto orfeônico integra o indivíduo dentro da herança social da Pátria", sendo "a solução lógica
para o problema da educação musical nas escolas, não somente na formação da consciência musical,
mas também como um fator de orgulho cívico e disciplina social."

Em 1932, o presidente Vargas assinou um decreto que tornava obrigatório o ensino de canto orfeônico
nas escolas. No mesmo ano, criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto Orfeônico e o Orfeão dos
Professores do Distrito Federal.

Como diretor da SEMA de 1932 a 1941, Villa-Lobos dedicou-se totalmente às pesquisas sobre
educação cívico-musical, preparando textos, aulas e métodos que melhor se aplicassem às crianças
brasileiras. Criou o sistema de sinais Manossolfa, para facilitar o ensino do ritmo, notação musical e
regência de corais.

O canto orfeônico era apresentado nas exortações cívicas, que ganharam enorme alcance no governo
Vargas, transformando-se em manifestações públicas de apoio e homenagem à figura do presidente. Os
espetáculos corais marcavam todos os feriados nacionais: Dia do Trabalho, Independência do Brasil,
Dia da Bandeira. Possuíam dimensões gigantescas e eram apresentados em estádios de futebol (Vasco
da Gama) ou no pátio do Ministério da Cultura. Congregavam cerca de 40 mil vozes infanto-juvenis e
mil bandas de música. Do alto de uma plataforma de 15 metros, Villa-Lobos conduzia a multidão.

Em 1936, Villa-Lobos foi convidado para apresentar seu plano educacional no I Congresso de
Educação Musical de Praga, sendo o único representante da América Latina. Durante essa viagem,
escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação. A partir de então, assumiu seu romance com
Arminda Neves de Almeida, que tornou-se sua companheira por toda a vida.

Participou, como jurado, do Concurso Internacional de Canto e Piano em Viena e realizou conferências
sobre seu projeto educacional em Berlim, Paris e Barcelona. De volta ao Brasil, regeu a ópera
Colombo no Centenário de Carlos Gomes e compôs o Ciclo Brasileiro e o Descobrimento do Brasil
para o filme do mesmo nome produzido por Humberto Mauro, a pedido de Getúlio Vargas.

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