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José Ribeiro do Amaral
(1853 – 1927)
José Ribeiro do Amaral
O Maranhão Histórico
Artigos de Jornal
(1911 - 1912)
reunidos por
Luiz de Mello
Revisão de Texto
Sebastião Moreira Duarte
Editoração Eletrônica
Fabiano Pestana
Capa
Albani Ramos e Jorge Murad
FICHA CATALOGRÁFICA
CDU 981.21
SUMÁRIO
Luiz de Mello
O Maranhão Histórico
A Título de Prefácio
A
CUSO recebida sua prezadíssima cartinha de ontem, que
só hoje me foi entregue, na qual teve a gentileza de pedir-
me a minha humilde colaboração para o jornal, hoje confi-
ado à sua superior orientação, designando-me, para esse fim, as sex-
tas-feiras de cada semana, e lembrando-me, como feitio a dar a essa
mesma colaboração, a necessidade de escrever alguma coisa sobre a
nossa São Luís, isto é, sobre a história dos seus mais antigos e notá-
veis edifícios, públicos e particulares, tais como o Palácio do Gover-
no, a Catedral, templos, conventos, quartéis, fortalezas, e dos últi-
mos, para não ir mais longe, essa mesma casa da Rua da Estrela,
onde ainda agora funciona a Imprensa Oficial, e que tão conhecida
se tornou, não só nos tempos coloniais, mas ainda nos que se segui-
ram à Independência.
Satisfazendo os seus desejos, que, bem sabe, para mim são or-
dens, aqui me tem, e aqui me terá sempre: não sei se com isso aprovei-
tarão os leitores do Diário Oficial. Tudo farei para corresponder à sua
confiança. Se tal, porém, não acontecer, absolver-me-á a solicitude com
que, prestes, acudi ao seu chamado.
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José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
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O Maranhão Histórico
1
Primitivas explorações feitas nas costas do Norte do
Brasil. Primeiras tentativas de colonização para o Ma-
ranhão. João de Barros, Fernão d’Álvares e Aires da
Cunha. Versões diversas sobre a verdadeira origem da
palavra Maranhão. Fundação da povoação Nazaré,
na Ilha da Trindade (Maranhão). Segunda expedição.
Naufrágio de Luís de Melo da Silva. Vestígios da
primeira expedição.
S
ÃO DE 1535 as primeiras tentativas de colonização para o
Maranhão. Não quer isto dizer, porém, que, anteriormente,
outras explorações não se houvessem realizado já, para o nor-
te do Cabo de São Roque.
Conquanto vagas e escassas as notícias a semelhante respeito,
sabe-se que, por estas bandas andaram, no primeiro decênio do sé-
culo XVI, navios de Portugal, sendo de um deles, piloto, João de
Lisboa, que deu até seu nome a um dos rios aquém do Maranhão.
Em 1514 (e aqui já se vão tornando mais claras as notícias),
por uma carta de Estêvão de Fróis ao rei Dom Manuel, escrita da
ilha de São Domingos em 30 de julho, sabemos que, algum tempo
antes, percorrera parte da costa um João Coelho, das Portas da Cruz,
em Lisboa, e que os índios haviam morto o arauto Diogo Ribeiro,
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José Ribeiro do Amaral
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José Ribeiro do Amaral
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José Ribeiro do Amaral
(27.10.1911)
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O Maranhão Histórico
2
Bequimão e seus descendentes
C
OMEMORANDO a Pátria Maranhense neste dia, de tão tris-
tes e saudosas recordações para todos, o 226° aniversário da
execução deste grande patriota, cujas últimas palavras, ao su-
bir ao patíbulo, foram de afeto, de amor para esta terra, interrompe-
mos, por hoje, o programa que traçamos, para alguma coisa dizer
sobre os descendentes deste grande homem e de seu irmão, Tomás
Bequimão.
Assim procedendo, julgamos prestar ao Grande Supliciado de
1685 a maior e melhor de todas as nossas homenagens, contribuin-
do, de nossa parte, para que de sorte alguma se possa extinguir a
memória de seu nome.
Teve a família Bequimão dois ramos aqui no Maranhão – Ma-
nuel – o grande e glorioso mártir de 1685; e Tomás – seu irmão mais
novo e, como ele, considerado cidadão de São Luís.
Do primeiro ficaram a viúva e duas filhas, não constando das
crônicas do tempo que houvesse deixado filho varão algum, a menos
que alguma das suas filhas, casando-se, não houvesse dado a descen-
dente seu o apelido de seu pai, para assim perpetuar-lhe o nome.
Outro tanto, porém, não se deu com o segundo, cuja descen-
dência, numerosíssima, veio até os nossos dias, com variantes diversas
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José Ribeiro do Amaral
5
O Processo das Formigas é fato real. Correu no Juízo Eclesiástico do Maranhão em
1712-1714, segundo cópias parciais que dele existem no Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (Rio de Janeiro), sob código Lata 467, Documento 6. JM.
6
Não se perca de vista a data de publicação deste artigo, que é de fins de 1911. D. Luís
Raimundo da Silva Brito, nascido em 1840, faleceu em 1921. JM.
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José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
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José Ribeiro do Amaral
(3.11.1911)
7
Luís Antônio Domingues da Silva, governador do Maranhão no quadriênio 1910-1914. JM.
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O Maranhão Histórico
3
Os franceses no Maranhão
Q
UARENTA anos eram já passados do naufrágio de Luís de
Melo e, com ele, do malogro da última tentativa de coloniza-
ção, sem que a Portugal fosse dado, durante todo esse tem-
po, lançar suas vistas para esta parte de seus domínios, preocupado,
como se achava então, a princípio com as guerras da África, que lhe
consumiam o melhor de suas forças, e mais tarde, com a dolorosa
passagem da Coroa ao domínio espanhol, quando, em 1594, um fran-
cês de nome Jacques Rifault, armador de Dieppe, andando a piratear
pelas costas do Brasil, acossado por tremenda tempestade, de que
lhe resultou a perda de seu melhor navio, veio, com os dois que lhe
restavam, ter ao Maranhão.
Aqui, abrindo relações com os selvagens, e ganhando a afei-
ção do principal deles, o cacique Ovirapive, conseguiu fundar um
pequeno estabelecimento, cuja administração confiou a Carlos des
Vaux, que, depois de uma permanência de cerca de dois anos, em
que logrou a posse de toda a Ilha e a amizade dos tupinambás, seus
habitadores, partiu para a França a fim de obter de Henrique IV o
apoio e proteção para fundar aí um estabelecimento permanente.
Tais foram as informações que, dos recursos e riquezas natu-
rais da nova terra, levou ao rei, que este determinou mandar explorá-
la à custa da Coroa, fazendo voltar na mesma ocasião des Vaux,
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José Ribeiro do Amaral
(10.11.1911)
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O Maranhão Histórico
4
Caráter, fins, meios e resultados
da Ocupação Francesa em paralelo
com a Invasão Holandesa
A
QUEM ESTUDA a História do Maranhão e compara as
duas invasões estrangeiras que logo nos seus começos se
sucederam uma a outra com tão pequeno intervalo, não é
possível (disse o nosso grande historiador)8 que escape o pronunci-
ado antagonismo do caráter, fins, meios e resultados de ambas.
De fato, assim é.
E, se não, vejamos, começando pelo próprio ato, em si, da invasão.
Dos franceses não se pode propriamente dizer que invadiram
– não, eles tomaram posse, ocuparam um território totalmente aban-
donado, cujas primeiras explorações lhes eram devidas, pois haviam
sido feitas por armadores de Dieppe e datavam já de 1524, explora-
ções completadas pelas navegações de Afonso de Chaintongeois até
às bocas do Amazonas, em 1542.
Foi de toda essa imensa extensão de território que, vinte e
cinco anos mais tarde, Henrique IV fez doação a um bravo capitão
da Religião Reformada, doação de que vamos encontrar de posse a
8
Referência a João Francisco Lisboa. JM.
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José Ribeiro do Amaral
mais que seus olhos cobiçosos viram, só não havendo feito o mes-
mo às pedras das casas das nossas fortalezas por lhes ser, de todo,
impossível transportá-las nos seus já arruinados e imprestáveis navi-
os.
Eis por que na sua Introdução aos Anais históricos do Maranhão,
por Berredo, dizia o nosso grande poeta9 que a expulsão dos france-
ses levara consigo tantas esperanças, e a invasão dos holandeses es-
tragara tantas fortunas.
(17.11.1911)
9
Gonçalves Dias. JM.
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O Maranhão Histórico
5
Fundação do Maranhão
A
CIDADE de São Luís, capital do Estado do Maranhão, é
uma cidade de origem absolutamente francesa, ocupando,
ainda hoje, o mesmo lugar escolhido por seus fundadores.
Está situada a 2°30’44" de Lat. S. e 1°6’36" de Long., em arco
do meridiano do Rio de Janeiro, em uma pequena península ao sul
do Anil, a E. e N. do Bacanga, ligada à ilha do mesmo nome pela
estrada do Caminho Grande, no lugar conhecido por Alto da Carneira.
Foi na extremidade O. desta península, em um sítio previa-
mente escolhido, a cavaleiro do ponto em que se dá a confluência
dos dois já referidos rios – Anil e Bacanga – que, há 299 anos, lança-
ram os chefes da Missão Francesa os primeiros fundamentos de uma
pequena cidade a que deram o nome de São Luís, em memória eter-
na de Luís XIII, rei da França e de Navarra, e ao fundeadouro que
lhe ficava junto o de Porto de Santa Maria - em homenagem à Vir-
gem Santíssima, cuja natividade se celebrava naquele memorável dia
(8 de setembro), e também a Maria de Médicis, regente da França na
menoridade de Luís XIII, como reconhecimento aos largos favores
por ela dispensados à expedição.
Vejamos agora como tudo isto teve lugar; como foram assen-
tados os primeiros fundamentos da nossa querida São Luís.
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José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
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José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
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O Maranhão Histórico
São decorridos 299 anos das cenas que, aqui, ligeiramente fi-
cam descritas, mas ao percorrer ainda hoje aquelas páginas de Cláu-
dio de Abbeville na sua História da missão dos padres capuchinhos na Ilha
do Maranhão, como que nos parece vê-las renovarem-se aos nossos
olhos, tão viva é a narração que delas nos deixou o venerável
capuchinho, tão viva e tão verdadeira que pode e deve ser considera-
da como o auto da fundação da cidade
À obra, a que acabamos de nos referir, acompanham sete finíssimas
gravuras, das quais a primeira, na capa, representa o ato da elevação da
cruz, e as outras seis, os retratos de seis indígenas transportados para a
França. É raríssima (de 1614) e de inestimável valor.10
Não se sabe hoje, ao certo, precisamente, o lugar em que na
antiga praça, ora Avenida Maranhense, foi erguido este primeiro
monumento histórico pelos franceses.
A cruz nunca foi renovada, e o tempo, que tudo gasta e conso-
me, não nos deixou dela senão esta tradição.
A julgar, porém, pelo que nos refere o historiador da Missão, pare-
ce-nos não andarmos muito longe da verdade, aventurando que ela deve-
ria naturalmente ter sido hasteada na área que fica entre os edifícios ocupa-
dos hoje pela Capitania e Delegacia Fiscal, de modo que, mesmo ao longe,
pudesse ser vista pelos que demandassem o porto.
O nome de Forte de São Luís estendeu-se depois à nascente
cidade, e, finalmente, a toda a ilha.
E já agora não deixa de ser curioso saber os diversos nomes
por que foi conhecida na História a ilha que habitamos.
Pelos indígenas era chamada Upaon-Açu (Ilha Grande); pelos
europeus Ilha dos Tupinambás, por serem estes os ocupadores de
toda a costa, desde a foz do Jaguaribe até aqui.
10
O autor faz referência à obra original, em francês (Paris: De l’Imprimerie de François
Hvby, 1614. [7]. 394, [28], f. 7 il]. Dela, o historiador César Augusto Marques fez tradução
em 1874 (São Luís: Typ. Do Frias, [6], cii, xvi, 456, [2], iii p.), e Sérgio Milliet em 1945
[inicialmente, São Paulo: Livraria Martins, 196p. (Biblioteca Histórica Brasileira, 15; com
introdução e notas de Rodolfo Garcia), com reedição em 1975 (Belo Horizonte: Itatiaia,
297p.). Segunda edição de César Marques saiu recentemente em São Paulo (Siciliano,
2002, 363p. Coleção Maranhão Sempre). JM.
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José Ribeiro do Amaral
8 de setembro de 1612
8 de setembro de 1912
HOMENAGEM DO MARANHÃO
AOS SEUS FUNDADORES
(24.11.1911)
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O Maranhão Histórico
6
Vestígios da Ocupação Francesa.
A igreja de Santo Antônio
D
ENTRE OS RAROS e preciosos vestígios dos três anos e
quatro meses, que sob a Ocupação Francesa, tem, sob todos
os títulos, o primeiro lugar, logo após o Forte de São Luís, é
o convento de São Francisco (hoje Santo Antônio).
A primeira notícia que a seu respeito encontramos é a que nos
transmitiu Cláudio de Abbeville em sua obra, tantas vezes já por nós
citada em artigos anteriores.
Em distância de mil ou mil e duzentos passos (do Forte de São Luís)
há um bonito lugar de recreio, diz o notável missionário, onde existe uma
fonte, especial pela limpidez e bom gosto de sua água, viva e clara, que dela jorra
e corre para o mar; é cercado de palmeiras, de guaiaco, de murtas e de outras
árvores corpulentas e grandes, onde se vêem, muitas vezes, monos, macacos que
vão ali beber água.
Neste delicioso lugar os índios tupinambás derrubaram grande número de
árvores e um pouco acima da fonte construíram uma grande e espaçosa casa para
habitarmos, e outra a ela mística, para a celebração do Santo Sacrifício da Missa,
servindo de capela.
Demos a este lugar o nome de Convento de São Francisco.
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José Ribeiro do Amaral
(1°.12.1911)
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O Maranhão Histórico
7
Convento de Santo Antônio
É
O CONVENTO de Santo Antônio uma casa tradicional-
mente histórica. Grandes e importantes acontecimentos aí
se passaram desde os primeiros dias da sua fundação.
Vejamos se conseguimos, de alguma forma, reconstituir esse
longo e curioso passado.
Comecemos remontando-nos ao tempo dos seus fundadores.
Aí, nas suas primitivas celas que bem modestas deviam ser
então, foram escritas pelos notáveis capuchinhos Cláudio de Abbeville
e Ivo d’Evreux as duas primeiras obras que do Maranhão se ocupa-
ram, obras de um valor único e tal que, ainda hoje, outras não se
conhecem que possam substituí-las sobre a história naqueles primei-
ros tempos.
Essas obras, a que mais de uma vez nos havemos referido já,
nestes despretensiosos escritos, são:
– Histoire de la Mission des Pères Capucins en l’Isle de Maragnan et terres
circonvoisines (Brésil) où il est traicté des Singularitez admirables & des Meurs
merueilleuses des Indiens habitants de ce pais. Avec les missions et aduis qui ont este
enuoyez de nouveau. Avec titre gravé et 7 planches gravées par L. Gaultier, dont 6
repres. les portraits de six indigenes qui furent transportés en France.
A Paris, François Huby, 1614. Abbeville, Claude de (predicateur capucin).
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José Ribeiro do Amaral
– Voyage dans le nord du Brésil faít durant les années 1613 et 1614 par
le père Ives d’Evreux, publié d’après l’exemplair unique conservé a la Biblioteque
Imperiale de Paris, avec une introduction et des notes par M. Ferdinand Denis.
1615.
Para bem se poder ajuizar do valor delas, basta saber que, da
primeira, os raríssimos exemplares que ainda hoje aparecem, são, a
grande esforço, adquiridos a preço de 440 de marcos (cada um), sem
contar outras despesas; e que, da segunda, um único exemplar ape-
nas existe.11
E essas obras, de um valor incomparável hoje, pela verdade e
sinceridade com que foram escritas, e minúcia de que se revestem
em todas as suas descrições, a ponto de se poderem reconhecer ain-
da hoje os mesmos lugares e sítios a que se referiam os piedosos
capuchinhos – aí tiveram origem, aí foram gravadas pelos abnegados
superiores da Missão Francesa nos curtos instantes que lhes sobra-
vam dos seus labores apostólicos.
Sim, é o convento de Santo Antônio uma casa tradicional-
mente histórica.
Foi aí que, sob a presidência de Bequimão, reuniram-se pela
última vez, na noite de 23 de fevereiro, véspera de uma sexta-feira
de Passos, os conjurados de 1684, adversários dos assentistas e das
11
A menção à raridade das obras remete, outra vez, ao original francês. Em nota anterior,
apresentamos o roteiro editorial da obra de Claude d’Abbeville. Quanto à de Yves
d’Evreux, saiu em 1615, com o título de Suíte de l’histoire des choses plus mémorables advunuës en
Maragnan ès annes 1613 & 1614, e foi destruída, ainda na tipografia, por motivos políticos,
salvando-se dois exemplares (e não apenas um, como diz o autor destes artigos) mutilados,
de que Ferdinand Denis se serviu para fazer a edição moderna da obra, alterando-lhe o
título, conforme acima referido. Note-se, no entanto, que sua edição é de 1864 (Leipzig;
Paris: Librairie A. Franck, [10], xlvi, 456p. Bibliothèque Américaine. Collection d’Ouvrages
Inédits ou Rares sur l’Amérique). César Marques também traduziu o livro de d’Evreux
(Maranhão [São Luís]: [Typ. do Frias]. 1874. [6], xlv, [2], 424, iiip.). Sua tradução foi
reeditada em 1929, em coleção dirigida por Humberto de Campos (Rio de Janeiro: Livra-
ria Leite Ribeiro, 1929. 442p. Biblioteca Escritores Maranhenses). Terceira edição foi
publicada em 2002 (São Paulo: Siciliano, 436p. Coleção Maranhão Sempre). É estranho
que Ribeiro do Amaral não faça qualquer referência às traduções de César Marques, tanto
de d’Evreux como de d’Abbeville. JM.
– 54 –
O Maranhão Histórico
12
Hoje: entenda-se, à época em que escrevia o autor. Dom Carlos Luís d’Amour, nascido em
1836, foi o segundo bispo e o primeiro arcebispo de Cuiabá, onde faleceu em 1921. J. M.
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O Maranhão Histórico
(19.1.1912)
– 57 –
O Maranhão Histórico
8
Qual será a população atual de São Luís?
D
ANDO COMEÇO a estas linhas, é com o mais vivo prazer
que fazemos nosso o belíssimo artigo que, a este propósito,
em o Almanack do Maranhão de 1860, segundo se crê, atribuído
à pena de um dos homens de mais talento e gosto que já tivemos, e
também mais cheio de serviços a esta terra, o benemérito Dr. Antô-
nio Henriques Leal.
A população, diz ele, é o centro para o qual convergem todos os materiais
de uma estatística e donde partem os esclarecimentos que iluminam e dão-lhe o
cunho da verdade e exatidão.
Um país cuja população não é conhecida em suas condições sociais, dife-
renças de idade, de sexo, estado civil, classes, profissões, movimento e de desenvol-
vimento, não pode ser bem administrado, porque o governo tem necessidade de
tomar por guia o arbítrio e o acaso.
Nestas condições infelizmente estamos nós: os poderes do Estado, ainda
quando tenham veemente desejo de acertar, erram e vexam a população, princi-
palmente na distribuição dos impostos e nas divisões territorial, judiciária e
eleitoral.
Com empenho e tenacidade da parte das autoridades havia de conseguir-se
muito, embora os obstáculos que lhes oporiam a ignorância, a incúria, as preven-
ções, os preconceitos, as más paixões e os interesses feridos de muitos.
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José Ribeiro do Amaral
(2.2.1912)
* * *
Prosseguindo nas ligeiras considerações que até aqui havemos
feito, relativamente ao progressivo desenvolvimento que foi tendo a
população em São Luís, daremos começo hoje a estas linhas com o
testemunho de Raimundo José de Sousa Gaioso.
Descrevendo a cidade do seu tempo (1814), dizia o autor do
Compêndio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão: A cidade de
São Luís do Maranhão se pode dividir em dois bairros, a saber: o da Praia Gran-
de, ou freguesia de Nossa Senhora da Vitória, que é o de maior povoação, ainda que
menos extenso do que o segundo. Tem muitos sofríveis edifícios, e com muita comodi-
dade; mas a desigualdade do terreno lhes tira uma parte de sua formosura, e algu-
mas ruas mal calçadas fazem a sua serventia bastante incômoda.
A liberdade que cada qual tem de edificar como lhe parece faz que tudo é irregular.
A Praça do Comércio nada tem que admire, à exceção da ponte de pedra
e cal que se está fazendo para o desembarque das fazendas. O Palácio do Gover-
no, mandado edificar pelo governador Joaquim de Melo, é uma enfiada de casas
– 63 –
José Ribeiro do Amaral
– 64 –
O Maranhão Histórico
geral da Província, trabalho este que ainda hoje serve de base e de guia
aos que se abalançam a empresas tais, pela segurança e escrúpulo
com que foi feito – o coronel Lago, dizemos, no Mapa geral da popula-
ção da Província do Maranhão do ano de 1821, que acompanha a sua obra
Estatística histórico-geográfica da Província do Maranhão, fazendo a distri-
buição da população da antiga colônia, por freguesias, dava às duas
em que se dividia a cidade a seguinte população: Nossa Senhora da
Vitória – 1.458 fogos, com 11.713 almas; Conceição – 1.256 com
7.808, o que perfazia para a cidade daquele tempo um total de 2.714
fogos, com 19.611 habitantes, o que aproximadamente equivalia a
uma média de 8 para cada fogo.
De 1840 em diante, raro é o relatório de presidente que não se
ocupe deste importantíssimo ramo de serviço público.
No Jornal da Sociedade Filomática Maranhense, junho de 1847, nú-
mero 2, p. 85 e 86, sob a epígrafe Movimento da População da Capi-
tal, 1840-1845, encontra-se o seguinte judiciosíssimo artigo que da
máxima autoridade se reveste, por ser firmado pelo notável médico
maranhense Dr. José da Silva Maia, um dos redatores daquele jornal:
Pelos mapas que ora oferecemos ao público (diz este ilustre clínico), vê-
se que se enterraram no cemitério desta cidade nos anos que decorreram de 1840-
1845 – 7.722 pessoas, o que dá para cada ano, termo médio – 1.287, e que no
mesmo tempo batizaram-se, em ambas as freguesias (Vitória e Conceição) 4.168,
o que dá para cada ano, termo médio – 694, havendo uma diferença dos
enterramentos sobre os batizados de 593 pessoas anualmente.
Ora, se tivéssemos de julgar do movimento da população da nossa cidade
pelo que mostram os mapas, não eram precisos muitos anos para que ela desapa-
recesse completamente; entretanto, é sabido que, se a população não vai em grande
aumento, como nos primeiros anos, pelo menos conserva-se estacionária.
Convém, pois, averiguar a causa de tamanha diferença e mostrar ao mes-
mo tempo que existem erros nos dados estatísticos que apresentamos.
É na Capital que grande parte dos doentes vem procurar os socorros da
medicina que lhes faltam por lá e que infelizmente raras vezes aproveitam, porque
– 65 –
José Ribeiro do Amaral
(9.2.1912)
– 66 –
O Maranhão Histórico
* * *
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José Ribeiro do Amaral
– 69 –
José Ribeiro do Amaral
(23.2.1912)
– 70 –
O Maranhão Histórico
9
A cidade de São Luís por ocasião
da Invasão Holandesa
C
omeçado em 1615 por Jerônimo de Albuquerque, que, com
rara habilidade, se soubera aproveitar das primitivas constru-
ções francesas, pouco mais de vinte e cinco anos contava, em
1641, por ocasião da Invasão Holandesa, o pequeno estabelecimen-
to português de São Luís, que, então, tinha por governador a Bento
Maciel Parente, o feliz e opulento donatário da Capitania do Cabo
do Norte.
Da narração de Berredo (Anais históricos, Livro XI), claramente
se vê terem os holandeses dado o desembarque no Desterro, onde a
terra faz volta para o Portinho, acrescenta o Visconde de Porto Se-
guro, e daí guiado para a cidade, atacando e tomando, já à entrada
desta, uma de suas portas que, em vão, tentara valorosamente defen-
der o capitão Paulo Soares de Avelar.
Mas, o que era a cidade daquele tempo?
Entre as páginas 44 e 45, parte segunda e livro segundo da
Istoria delle guerre del Regno del Brasile accadute tra la Corona di Portogallo e la
Republica di Olanda dal P. P. Gio. Giuseppe di Santa Teresa, Carmelitano
Scalzo, impressa em Roma no ano de 1698, ornada de numerosas
estampas, cartas geográficas, etc., etc., gravadas em aço, delineadas
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José Ribeiro do Amaral
(1°.3.1912)
– 74 –
O Maranhão Histórico
10
Disposições diversas, relativas à cidade de São Luís.
Como eram, primitivamente, conhecidas as suas ruas,
ou, antes, como se diferenciavam umas das outras.
Quando começaram a ter nomes próprios. Ruas, pra-
ças, travessas, praias e fortes de São Luís: origem dos
nomes de algumas delas e mudanças por que têm pas-
sado. Ruas com mais de um nome ao mesmo tempo.
E
M VEREAÇÃO de 6 de outubro de 1646 delibera a Câmara
de São Luís que, visto as casas da cidade ou as mais delas
serem de pindoba, ninguém trouxesse ou desse fogo senão em
panela para se evitarem os incêndios, pena de mil réis pagos na cadeia.
A princípio eram de pindoba as paredes e tetos das casas, mas
com o correr dos tempos, sobretudo de 1692 em diante, foi essa
edificação sendo substituída por outra mais de acordo com o pro-
gressivo desenvolvimento que foi tendo a cidade. Passaram então as
casas a ser construídas de taipa de pilão com telha-vã sobre mal po-
lida madeira. Por aquele tempo tinha São Luís quinhentas casas.
Em 1665, deliberou a Câmara de São Luís mandar fazer cami-
nho de carro da cidade até o Cutim, caminho que, segundo se verifi-
ca de um termo de vereação de 1691, se consertava anualmente, sen-
do os moradores obrigados a concorrer para isso com seus escravos,
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José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
11
[Primitivas denominações de ruas]
É
O LANÇAMENTO de 1837-1838, a que já tivemos ocasião
de nos referir, o mais antigo e o mais seguro dos que se en-
contram no Tesouro do Estado, do tempo em que por esta
repartição corria semelhante serviço.
Por um Índice que lhe vem apenso, vê-se que tinha São Luís,
então, as seguintes ruas, travessas, becos, praias, largos, praças, fren-
tes, barracas, trapiches, etc.
Ruas: de São João, São João da Praia, São João da Divisão, da
Fonte das Pedras, da Cruz, Ferreiros, do Ribeirão, Manga, Egito,
Formosa, do Estaleiro, da Palma, Desterro, Giz, Calçada, Estrela,
Rua Velha, do Machado, do Sá Vedra, Santo Antônio, Alecrim, Bar-
queiros, Barrocas, Violas, do Nazaré, Sol, Barbeiros, Paz,
Quebra-Costas, Grande, Relação, Covoca, Direita, Fundão, Açou-
gue, Cascata, Precipício, Barraquinhas, Poço, Flores, Madre de Deus,
Craveiros, São Pantaleão, Forca Velha, Portão, Pespontão, Deserto,
Santa Rita, Santaninha, Norte, Remédios, Passeio, Hortas, Alegria,
Prazeres, do Moinho do Vento, Retiro, Tapada, da Praia de Santo
Antônio, Viração, Galhofa, Rua Cortada, Campo de Ourique, Afo-
gados, Sant’Ana, Mocambo, Inveja, Cajazeiras e Santiago.
Travessas: da Passagem, do Sineiro, do Pontal, Couto, Barqueiros,
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José Ribeiro do Amaral
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José Ribeiro do Amaral
(15.3.1912)
* * *
Outra das ruas nas condições da de Santana, isto é, dividida
em três trechos, era a de São João.
No índice que acompanha o Lançamento de décimas urbanas de
1838, apresenta-se-nos ela com três nomes distintos: São João, São
João da Praia e São João da Divisão, compreendendo, o primeiro
trecho, a parte que ia da esquina desta rua com a de Santana até sair
ao Largo de Santiago; o segundo, a que se dirigia da esquina da Rua
Grande ao lugar vulgarmente conhecido por Canto do Manuel do Bico
(Praia de Santo Antônio); e o terceiro e último, a que ficava entre as
ruas Grande e Santana, assim chamado por ser ele o marco divisório
das duas freguesias – da Conceição e Vitória – únicas então existen-
tes nesta cidade.
Das antigas ruas de São Luís, mencionadas neste lançamento,
algumas há que, positivamente, não nos foi dado saber a que outras
correspondem hoje, tal a mudança de nomes por que têm passado.
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O Maranhão Histórico
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José Ribeiro do Amaral
Uma outra rua há, ainda, sobre cuja verdadeira situação mais
de uma pessoa nos tem inquirido. É a conhecida nos documentos e
lançamentos antigos pelo nome de Tanguitá.
Em um edital da Mesa Administrativa da Santa Casa de Mise-
ricórdia desta cidade, de 7 de fevereiro de 1849, assinado pelo secre-
tário Luís Miguel Quadros, em que se fazia público o fornecimento
de diversos terrenos pertencentes a este estabelecimento de carida-
de, lê-se: Um na Rua do Tanguitá, que esteve aforado ao falecido major Joa-
quim Alves de Abreu Guimarães Picaluga, com 40 braças de frente para a rua
que corre por detrás da Quinta do Monteiro.
Ora, sabido que a Quinta do Monteiro, a que se refere o edital
supra, é a chácara onde ora se acha instalado o Hospital Português,
adquirida em 1868 pela Real Sociedade Humanitária 1° de Dezem-
bro, claro está que a Rua do Tanguitá é uma daquelas três ruas ou
travessas compreendidas entre a casa dos herdeiros do saudoso clí-
nico Dr. Afonso Saulnier de Pierrelevée e a Rua Grande.
(22.3.1912)
* * *
Rua do Egito: é conhecida nos primeiros dias de nossa histó-
ria, na história de nossas lutas com os holandeses, pelo nome de Rua
Antônio Vaz, ou rua que ia ter às casas de Antônio Vaz, sendo essas
casas, segundo o erudito senador Cândido Mendes (Memórias para a
história do extinto Estado do Maranhão, tomo II) sitas então no canto
que hoje faz a rua que vai para Santo Antônio.
Teve depois, com o correr dos tempos, o nome de Rua do Egito.
Em 1865, em homenagem ao nosso glorioso historiador, foi,
por acórdão da Câmara Municipal, denominada Rua João Lisboa,
devido à circunstância de haver ele aí morado, em 1838, em um
– 84 –
O Maranhão Histórico
(29.3.1912)
– 86 –
O Maranhão Histórico
12
O convento de Nossa Senhora do Carmo
E
M COMPANHIA de Alexandre de Moura, nomeado
capitão-mor com poderes de governador, para restaurar o
Maranhão do poder dos franceses, vieram, por capelães do
presídio, os padres frei Cosme da Anunciação, pregador, e frei Daniel
da Natividade, filhos da vigararia do Brasil, os quais chegando à Ilha
de São Luís, aos cinco de outubro de 1615, foram, aos 2 de novem-
bro seguinte, testemunhas da entrega das chaves do Forte de São
Filipe (única fortaleza que então havia), solenemente feita pelo Se-
nhor de La Ravardière ao referido capitão-mor.
Restaurada a colônia da ocupação francesa, pediram-lhe os dois
carmelitas sítio para fundar um convento, concedendo-lhes Alexandre
de Moura uma pequena ilha defronte da barra, conhecida pelo nome
de Ilha do Medo, com meia légua de terra, fundação que nunca teve
efeito na dita ilha, e mais duas léguas em quadro da ponta da terra
(Bonfim) para o sul. De tudo tomaram posse a 12 de dezembro do
dito ano de 1615, segundo constava dos livros do mesmo convento.
Foi esta a primeira doação de terras que aqui houveram os carmelitas,
ficando livres para Sua Majestade (como rezavam então todas as cartas de
data), todas as madeiras reais que nas ditas terras houvesse e que servir
pudessem para o fabrico de embarcações e de engenhos de fazer açúcar.
– 87 –
José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
terreno este que, depois de grande oposição por parte dos prelados
carmelitanos, por aforamento foi concedido a Eleutério Lopes da
Silva Varela e Estêvão Gonçalves Braga para aquele fim, graças so-
bretudo aos esforços do governador e capitão-general, de então, Paulo
José da Silva Gama, como em ofício de 3 de fevereiro daquele ano
comunicou ele para a Metrópole.
Contemporâneo da Invasão Holandesa, é o convento do Carmo
o testemunho vivo das últimas lutas feridas entre colonos e invasores.
Aí acastelaram-se os nossos antepassados. No adro que lhe
corria em frente, hoje bela e espaçosa praça, deu-se o derradeiro e
mais renhido encontro que decidiu a sorte da nascente colônia,
resgatando-a de vez da dominação batava.
Conquanto guardando as mesmas proporções, não é, todavia,
a igreja do Carmo de hoje, a mesma dos primitivos tempos, sobretu-
do depois das grandes e importantíssimas transformações ali opera-
das, a golpes de trabalho e de coragem, pelos incansáveis e benemé-
ritos capuchinhos lombardos.
Descrevendo o convento e a igreja do seu tempo, dizia um
cronista da Ordem: É o dito primeiro convento no meio da cidade de São Luís
com o frontispício para o poente, tem duas torres, uma de cada banda, as janelas
dos dormitórios são para a parte do mar, tem uma boa cerca povoada de muitas
e várias plantas frutíferas, toda murada de pedra e cal.
A igreja tem cento e sessenta palmos de comprido e cinqüenta de largo. A
capela-mor é muito formosa, o seu comprimento são sessenta palmos, a largura
trinta, a tribuna é de talha coberta de tintas, ouro, e é a melhor que há na cidade.
Tem uma milagrosa imagem de Nossa Mãe Santíssima do Carmo, de seis pal-
mos; da parte do Evangelho está o nosso protopatriarca Elias, e da parte da
Epístola, nosso Padre Santo Eliseu. Nesta capela-mor há coro que tem duas
ordens de cadeiras de pau de cedro curiosamente lavrado. Saindo da capela-mor,
tem duas capelas colaterais: a da parte do Evangelho é de Santa Luzia, a da
parte da Epístola é de Santo Amaro.
Dentro do cruzeiro há duas capelas: a da parte do Evangelho tem a milagrosa
imagem de Cristo Senhor Nosso com a cruz às costas, (hoje do Sagrado Coração
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José Ribeiro do Amaral
de Jesus), que está recolhido em uma perfeita tribuna; a principal nobreza desta
terra serve a este Senhor em uma bem governada Irmandade.
A da parte da Epístola é do Santíssimo Sacramento (hoje do Senhor
dos Passos). Em uma tribuna está a Senhora da Piedade, e da parte de fora dela
as imagens da Senhora da Penha de França e da Guia. É a Senhora festejada
nestes títulos com grande solenidade.
Tem o convento sua livraria com bastantes livros, assim de Padres Expo-
sitores, Concio-natórios, de uma e outra Teologia, e alguns de Filosofia. Nossa
Senhora do Carmo é o título deste convento.
(Vide Memórias históricas dos ilustríssimos arcebispos, bispos e escrito-
res portugueses da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, reduzidas a catálogo
alfabético que entregou na Academia Real de História Portuguesa, e a seu Pro-
tetor Augustíssimo, el-rei D. João V, Nosso Senhor, oferece e dedica o Acadêmico
Supranumerário Fr. Manuel de Sá, religioso da mesma Ordem da Província de
Portugal – Lisboa Oriental, na Oficina Ferrerigana. – MDCCXXIV).
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O Maranhão Histórico
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O Maranhão Histórico
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O Maranhão Histórico
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José Ribeiro do Amaral
(16.4.1912)
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O Maranhão Histórico
13
A imprensa no Maranhão: Jornais, revistas e outras
publicações periódicas de 1821 a 1908
C
ATÁLOGO organizado por ocasião da celebração do cente-
nário da imprensa no Rio de Janeiro:
1827 – Minerva
O Farol Maranhense
A Bandurra
– 97 –
José Ribeiro do Amaral
1830 – O Brasileiro
Semanário Oficial
O Almanack Mercantil
O Clarim
A Segunda Estrela do Norte do Brasil
1832 – O Brasileiro
O Correio do Conselho Provincial
O Mentor Liberal
O Escudo da Verdade
O Rondante Político
O Publicador da Relação
Reformatório
1836 – Cacambo
O Americano
1839 – A Revista
O Militar
O Recreio dos Maranhenses
O Amigo do País
Buscapé
– 99 –
José Ribeiro do Amaral
1840 – O Moralista
O Cometa
O Legalista
O Astro Maranhense
O Jornal Maranhense
O Guajajara
O Raio
1841 – O Imperialista
Vinte e Oito de Julho
1843 – O Maranhão
O Diário
Eco da Oposição
Liberal
A Figa
1846 – O Unitário
O Arquivo
Jornal da Sociedade Filomática Maranhense
A Palmatória
A Matraca
O Arre e Irra
O Patusco
O Azorrague
O Cacete
O Timbira
O Luzia
O Defensor do Povo
1853 – O Estandarte
O Conciliador
O Apreciador Dramático
O Bem-te-vi
1854 – O Cristianismo
O Botão de Ouro
Regeneração Política
A Saudade
1857 – A Moderação
A Imprensa
A Estrela da Tarde
O Espelho
Jornal dos Jovens
1858 – O Iguaçu
O Globo
Jornal do Comércio
Correio Maranhense
O Japi
A Tentativa
A Aurora do Norte
Álbum Maranhense
O Guaraciaba
O Porto Livre
Caldo de Boi
O Pirilampo
1863 – O País
A Situação
O Constitucional
Ginásio Literário
O Eco da Pátria
1865 – A Tribuna
A Exposição Evangélica
O Passatempo
1866 – O Futuro
O Apreciável
– 104 –
O Maranhão Histórico
Primavera
Revista Comercial
Tifon
1868 – O Artista
O Liberal
A Sensitiva
1869 – Juvenilia
A Atualidade
A Nação
O Fantasma
O Represador
1870 – O Formigão
A Situação
O 14 de Janeiro
A Opinião Pública
Monitor
Vinte e Oito de Julho
O Estudante
A Esperança
O Chicote
1871 – O Telégrafo
O Forte
O Represador
1872 – A Brisa
O Domingo
(15.12.1911)
– 105 –
José Ribeiro do Amaral
1874 – A Instrução
O Justo
1877 – Província
Revista de Instrução e Recreio
O Amigo do Povo
O Telégrafo
1878 – O Tempo
Escola
O Timbira
O Democrata
O Progresso
1879 – A Flecha
O Regenerador
1880 – Pacotilha
O Tribuno
Civilização
Cartas aos Maçons do Maranhão
O Pensador
A Lei
O Malho
Idália França
– 106 –
O Maranhão Histórico
1881 – Pacotilha
O Futuro
Antônio Pedro
1884 – O Cruzeiro
O Pigmeu
Aurora
Carapuça
Jornal da Tarde
Tribuno
O Abolicionista
1886 – O Liberal
O Mensageiro
A Luz
O Eco
O Protesto
O Repórter
– 107 –
José Ribeiro do Amaral
A Federação
O Meteoro
Homenagem do Comércio a Retalho ao Dr. João Henrique
1889 – O Globo
A República
Correio de Anúncios
Luso-Brasileiro
O Século
A Luz
O Povo
Homenagem ao Presidente da República dos Estados Unidos
– 108 –
O Maranhão Histórico
O Canudo
O Cruzeiro
1892 – O Federalista
A Cruzada (2ª. fase)
28 de Julho
O Operário
Revista Elegante
O Novidades
1893 – A Idéia
A União Postal
Diário de Notícias
O Estudante
O Bisturi
A Infância
Atenas
1894 – Pierrô
O Mefistófeles
1895 – A Alvorada
O Estudante
O Porvir
Filomatia
1896 – O Membi
A Liberdade
Camélia
O Canudo
1897 – O Argos
O Centro Caixeiral
O Estudante
– 109 –
José Ribeiro do Amaral
1898 – O Atenas
Regeneração
O Piaga
O Ideal
O Papagaio
O Pau
O Abelhudo
O Filomático
A Vassoura
1899 – O Imparcial
A Sogra
A Vassoura
1901 – O Domingo
A Revista do Norte
A Propagadora
O Anúncio
Avante
A Renascença
Jornal dos Artistas
A Crise
O Carnaval de 1901
La Tourterelle
1902 – O Apito
O Porvir
A Escola
A Campanha
– 110 –
O Maranhão Histórico
1904 – A Faísca
Corneta de Ouro
1906 – A Notícia
A Imprensa
Diário Oficial
O Combate
O Chicote
Maranhão Moderno
Revista Musical
A Mocidade
Correio da Moda
Verdade e Paz
– 111 –
José Ribeiro do Amaral
1908 – A Pátria
Primavera
Jornal dos Artistas
A Via Láctea
A Sentinela
A Boa Nova
O Boré
O Futuro
Revista da Associação Comercial do Maranhão
O Sentinela
A Negrada
O Condor
(22.12.1911)
– 112 –
O Maranhão Histórico
14
A imprensa no interior do Maranhão
CAXIAS
1847 – Marimbondo
O Telégrafo
O Povo
1848 – O Pescador
O Correio dos Municípios
O Analítico
1849 – O Lidador
A Água Benta
O Bem-te-vi Caxiense
A Aurora
1850 – O Farol
– 113 –
José Ribeiro do Amaral
1853 – A Crônica
1864 – A Rosa
1866 – O Justiceiro
1874 – O Beija-flor
A Cruz
O Comércio de Caxias
1876 – A Luz
1877 – A Situação
1880 – A Tarrafa
1881 – O Observador
– 114 –
O Maranhão Histórico
1883 – O Xixixi
Crisálida
1886 – O Brado
1887 – Gazeta
Artista Caxiense
1891 – O Pirilampo
1898 – O Timbira
Cidade de Caxias
1899 – O Lábaro
1900 – O Trepa
O Caxiense
1901 – O Zéfiro
1903 – O País
Correio do Sertão
Parnaso
1904 – O Porvir
O Janota
– 115 –
José Ribeiro do Amaral
1907 – O Binóculo
A Luz
O Independente
O Maranhão
A Luz
1908 – O Partenon
Gruta de Lourdes
COROATÁ
VIANA
1876 – O Vianense
Alavanca
A Violeta
1878 – O Guanambi
1879 – O Domingo
1881 – A Ordem
1884 – Atualidade
– 116 –
O Maranhão Histórico
BREJO
ALCÂNTARA
1906 – O Alcantarense
ROSÁRIO
1903 – O Rosariense
1904 – O Ser
PICOS13
1895 – O Município
1896 – O Carapuceiro
13
Atualmente, Colinas. J. M.
– 117 –
José Ribeiro do Amaral
O Republicano
1897 – A Estrela
1898 – A Época
A Imprensa
1899 – O Juvenil
1906 – Filolítera
BARRA DO CORDA
1888 – O Norte
– O Novo Mundo
1897 – O Porvir
1898 – O Guarani
– 118 –
O Maranhão Histórico
FLORES14
1906 – O Trabalho
LORETO
1904 – O Ideal
SÃO FRANCISCO
1905 – O Lírio
SÃO BENTO
(29.12.1911)
14
Atualmente, Timon. J. M.
– 119 –
O Maranhão Histórico
15
A Imprensa no Maranhão
(Codó)
N
O FINAL de 1869, veio à luz o primeiro número do Aristarco,
primeiro jornal que teve Codó, periódico de pequeno forma
to, de quatro páginas de duas colunas, contidas em meia folha
de papel genovês ou almaço.
Foi impresso na primeira tipografia havida naquela localidade,
sendo seu redator o ilustre Dr. Antônio de Aguiar e Silva, pai do
distinto Sr. major Alcebíades de Aguiar, atual congressista do Esta-
do, a quem pertencia a referida tipografia.
Apareceu cerca de um ano, e semanalmente.
Desejando aumentar-lhe o formato, suspendeu o major
Alcebíades a publicação do Aristarco, obteve novo material e em se-
guida (1870) fez circular O Codó, que não logrou ir além de 1871.
Mais tarde, essa tipografia, que ficara guardada em uma casa
próxima à margem do Rio Itapecuru, foi sepultada sob as ruínas da
mesma, em conseqüência do desmoronamento produzido pela grande
enchente de 1875.
Em 1880 ou 1881, reunido a outros companheiros de luta, fez
o major Alcebíades aquisição, no Piauí, de outra tipografia, nela pu-
– 121 –
José Ribeiro do Amaral
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O Maranhão Histórico
(5.12.1912)
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