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DEPUTADO
C. H. PINTO COELHO
NA DISGIISSÃO DO PROJECTO DE LEI
DE REFORMA 08 ENSINO
NAS S E S ~ U E S C-iJfARA I)Od 1)EPUTADOS
1),i
LISBOA
TTI'OC~II-4PIIIA DA X A $ ~ O
Iiua da Eiicarnaçiio-20
-
1863
Sr. ..;~resi(letc,e-O discurso. com que o meti
illustre amigo, o sr. B<*iriio,ii;cctou cite debate,
foi divcrsurnentli interpretado, pelos dois nobres
oradores, que se Ilie seguiram.
O sr. Casal Xibeiro, relator d a maioria da
commissáo, julgoic vi.r nas palavras eloquentes
do meu iiobre amigo urna adliesuo completa 6
generalidade do projecto que se discute.
O sr. Ferre,., defendendo o parecer que fir-
moir, como minoria da commissão, iriterpretou
aquelle voto em sentido coiitrorio a ambos os pro-
jectos. e sustentou que ambas as frarçòes do com-
missào estavam ejiualmente obrigiidas a varre-
rem, conio S. ex." disse, n sua testada, e a res-
ponderem aos voliosoe argumentos do meu amigo.
Cumpre-me, sr. presidente, esclarecer r firmar
bem n nessa posiçno, para que ambos os illustres
deputados, n carnara. e o pair, saibam perfeita-
mente a opinião, que eu e os meas amigos po-
litieos seguiinos no ol~jcctoimportante que se dis-
cute ; e o modo, e o sentido, em que havemos de
.votar.
Sr. presidente. Examinando o projecto da
maioria, e o da minoria da commissùo, c compa-
rando-os ambos, o nosso desejo seria rejeitar um
e outro.
E se tivcssemos nesta casa uma forte iniciativa,
seria decerto esse o nos50 proceder, coneltiindo
por apresentar uma s u b s t i t u i ~ ~aoambos oli pro-
jectos, na qual consi;nassemos, clara e terminan-
temeote, os nossos principias sobre ;i questão.
Privados pori:m dessa iiiiciativa forte, e attendcndo
alkm d'isso a circumstar~cias ponderosas do rno-
mento, julghmos conveniente approvnr ria gene-
ralidade o menos mau dos dois prqjectos, e reser-
varmo-nos para lhe propor na discusião da erpe-
cialidúde as emendas, que podermos.
Ambos os projectos concordam em confirmar
e ampliar a ezclusào das ordens religiosas. I3 rins,
que lamentamos a e s t i n c ç ~ od'ellos, e desejamos
v4l-as readmittidas ; náo podiamos de nenhnm
modo acompariliur a comrnissno nesse voto de ex-
clusão.
Ambos clles concordam tamhem em escluir os
religiosos d o ensino oficial. E n6s jul-amos in-
conveniente, injusta, inconstitucional, irreligiosa
até, essa exclusão.
X a s o projecto da maioria da eonmissão phra.
ahi,emquanto que o do governo abraçado pela mi-
noria, es tende a esclusào ao ensino, e mesmo aos
serviçosl~ospitalarios,~re~tudos pelos corpos de mão
morta ; e conclue por um voto de confiança ao go-
verno, que, interpretado e explicado pelo sr. Fer-
rei- no seu voto em separado, significa a acção ir-
religi~sano seu maior auge.
E a6s, sr. presidente, não podiamos deixar de,.
neste ponto nos unirmos B maioria da commissão,
e de lhe prestarmos o auxilio dos nofsos votos,
afia d c irnpedirinos, se 6 possivel, n ampliaç8o do
mal,. q.ue reprovamos, e sobretutlo a concessão
de similhante voto d e confianca.
Ap~)rovmospois, na sua o pro-
jecto da maioria da commissio, não porque este-
jamos de acordo, corn clla, no que ella concede a o
goveriio ; mas porque queremos auxilial-a com o s
riossos votos, no que ella lhe nega, rio que ella lhe
recusa.
Estas 4 que si30 as nosras vistas-esta E que 6
a verdadeira significaçùo do nosso voto.
SESSAO DE 16 DE MAIO
inglezes.
E' n fiistoria de liontern : n8o fia direito de
a ignorar.
E se nao querem05 qiii, iímaiibà nos 1iOerdrm
outra vez, a fratac~za. ou ci hispii>i/aola. que pn-
ra o caso villc o mesmo; nào estejnmas aqui a
opplaudir todos os (lias os qiio foram lil~ertar
os ducados c o reino de Nopoles ....
á picmon-
tesa.
Rcparai bem que 9 principio podo bmcinha
virar-se contra nbs !
E se de ccrto o n3a viram corn o meti asscn-
n o c bem c14ir.~incntcetnillo aqiii as
miiihns opiniões ; ricin coin o auscr~timctitoda
grande maioria dos portuguczes ...
O ar. Casal Ribeiro-De tudos.
Ourador-Eu j!i aqui o disse uma vez. NPO
o traduzi. que erpriina mo-
lia para mim f ~ t que
Ihor o estado d'ultima al)jec@o moral do i i ~ d i -
viduo, do q u e o facto, por via do qual elle en-
trega ao extrnngeiro o dominio da naçiío,a que
pertence. (Apoiados).
Mas s e toda a camara, se todo o pniz me
acompanha neste sentimento, não queiramos
uma lei para nós, e outra para os outros.
O que seria crime em Portugal, é de certo
um crime na Italia.
Zelemos e respeitemos todas as nacionalida-
des alheias, para que nos respeitem e zelem a nos-
sa.
~ d r l i g o1
.O . ~ o ri~mxr n 6 igistitt~idapara
icd~rribartodos os Eslados da Penit~sula,c de
utodos e l l ~ sfor~nar u m sú, sob o rcginien repu-
a blicano.
«Art. 2." Tendo reconhecido 09 mula kwf-
« rireis do poder abroluto, c os maiores ainda das
<r ninnarchias consi itucionaer, devtmos esfurçar-
«nos para, por rodos os meios, fundar a repu-
a filica, unica e ittdivisiu~l.
a Art. 30." Os que niio obeddcerern ás ordens
«da rocicdad8 secrera, os que rwelarevi os sew
<tmystrrios, ser60 apunhalados. sem renaiuão. O
amenrno castigo rnfrerùn os traidores.
« d r t . 31." O tribunal secreio pronuncia-
«r(# a seníença : e designara uin ou doir dos fi-
aliados para a sua execupdo itnmediat~.
n.irl. 53.'' O que sc recusar a execular n
,asentença será declarado prtjuro, r morto, co-
«mo tal, i?zslantanearnentc.
«Art. 55." Se o c~~~i'pudu condemnado s e eva-
a d b , sera incessantemente perseguido, e ferido
apor uma ?:iùo invisiuel, cst iuesse ellc reclinado
asobre o seio materno, ou no rabernaculo de
a Christo.
Sr. presidente-Aqui estó o fim; aqui cstão
os meios, aqui ests ern resumo a Jocen Ita-
lia.
O Frn 6 a republica; a republica vermelha;
wertnelha pelo sangue que derrama, que espa-
llia, e em que se afoga por toda a parte onde
chega.
Os meios sso o assassinio, legislado no codi-
go, decretado pelos tribunaes, executado pelos
proprios filiados!
Ao filiarem-se na ordem, todos se obrigam
a ser asrassinos ; todos se eompromettem a ser
<carrascos!
E carrascos dos seus proprios companheiros!
E carrascos, em toda a parte, e por todos o s
.modos, no seio da mae, no lar da familia, e no
proprio Templo!
E 6 esta a Jouen Italia,com quem o sr. Fer-
rer nos diz ligados, em estreitos laços de allian-
$a, e fratertiidáde, de princípios e fins politi-
cos?!
Duvidam de que sejam estes os principios
que regem hoje realmente na Italint
Os bandos de Fantoni, e de Fumel, o pro-
vam de sobejo.
Mas se a camara qiier ver o assassinio 0%-
cialrnente glorificado nas altas regiões officiaes,
escute-me, e admire.
((ITALIA E VICTOR AIANUEL
O DICTADOR DA ITALIA AlBRIDIONAL: B
d
O governo tem sustentado sempre que a lei vi-
geoie exclue as Irmas da C a r i d a d ~e que é em
fraude dessa lei, que ellas continuam reuni-
das.
E oáo obstante isso vem pedir lei ao parlamen-
to para as excluir.
Aqui, ou ha lei de mais, ou verdade de me-
nos.
De duas uma.
Se jh existe lei, que prohiba essa congregação,
a obrigação do governo B cumpril-a, e fazei-a
executar, que para ezecuçso das leis 6 que elle 6
g0''c''no.
Se não existe, se é por isso que se pede lei, o
governo falta enti~oá verdade, quando diz que as
irmiís estào cori-regadas em fraude da lei.
Pedir tima lei, que determine aqui110 mesmo,
qiie o governo diz estar j á determinado por lei,
8, não sh uma perfeita inutilidade, senão uma
grondr: aberraçao politica.
-
Iriiiutilidade perfeita porque se o governo
nào cumpre a lei vigente, escusado é fozer-lhe
outra, e outro; porque elle tambem as não cum-
pre.
A hcrração política-porque os poderes pu bli-
cos descenceituam-se todas as vezes, que pedem,
e dào leis, fundadas no ludibrio, e escarneo da
rnissio executiva do governo.
. ..
O sultòo.. O proprio sultão !. Curvoii a
sua cabct-a diante de tanta rirti~dee tanta dedi-
caçào !
Vrn turco foi condemnado á morte por um
crime, paro o qual essa pena era realmerite ex-
cessivo.
A.P Irrnfis da Caridade sabem-no, e resolvem
salval-o.
Dirigem-se duas immediotamente oo palacio,
e pedem confiadamente uma audiencia do sul-
tão.
O pedido parece estraoho, e O repellido logo
i~ entrada do paço.
As hm8s insistem, e conseguem emfim che-
gar 6 presença de Abdul Medjid.
Em poucas, mas ungidas palavras, lhe expli-
cam o motivo, e o fim que alli as leva.
E o sultào, responde-lhes com o sorriso nos.
labios, compungido, a ~ffarel:
..
Tremenda l i ~ à o!. Sr. presidente, tremenda
liçào rios d i o irnperio musulmnno.
O ((crê ou morre)) do Alcorão curva-se dian-
te da caridade erangelica.
F: quando o chefe dos rnusulmanos abre a5
portas todas do seu palacio aos n-Anjos de Mi-
sericordiuu, como elle proprio Ihes chama ; pro-
púe-se-nos que n6s, reino Fidelissimo, fechemos
as portns todas a esses anjos!
Terrível pairào nos allucini ! ...
Os actos dedicados dessas sanctris mulheres
fizeram que o i n f i e l corifessasse por sancta e bel-
Ia a Religião que os dieta e inspira: e nós que
nos dizemos Crentes e Fieis, chamamos a esses
actos, ou hypocrisio, ou preversão !
O cntliolico de França e do Piemonte, o pto-
testnnte inglcz, o scismatico russo, e o turco mo-
sulmano -todos se deixaram illudir por aquel-
Ias sereas enganosas !
Só nós - Paiz t ~ n i c odo homens civilisados e
espertos -resistimos á mogia desse canto, e re-
cuninos, desconfiados e confusos, á voz de aiar-
me, do sr. !ministro da marinha -n latet an-
guis ! 1)-
Muito bem ! Sr. presidente. Muito bem !
Erpulsarernos as irmãs da caridade, e guar-
daremos para n6s as outras irmas, (1113 fizeram
o admiragao e as Jelieias d'essa assernb1i.u nota-
vel do salao do thentro de D. Mariii 11. (Riqo).
Essas é que são dignas d e nós!. . . E nós
.
nào somos dignos das irinas da caridade !. . .
E escltiil-o porque?
Porque o frade fez, perante Deuq, e nno p e
rante v&, o voto de obediencia, de pobreza, c
d e castidade.
Quereis fulminar esses votos?
Não podris, e não deveis.
Não podeis, - porque esses votas náo tem
nada com o pode[ civil.
O voto é uma promessa, feita a Deus, pelo
homem; e s6 Deus, ou quem delle tiver a mis-
são divina, 6 competente para a acceitar, ou
repellir, para exigir, ou não, o cumprimento
della.
Na0 deveis-porqiie a doutrina desses votos
4 de tal evidencia moral, 6 t8o sancta, e tão
divina, que, fulminal-a, seria um sacrilegio
f riaudi to.
Fallaes em nacionalidade!. ..
Na realidade tem graça I. . ..
É porque algumas irniiis da caridade siio er-
trangeirss,. que quereis protiibir-lbes o ensino ?
Fallai sinceramente : é esse o motivo ?
Pois muito bem. Em vez de excliiirdes os re-
ligiosos. exclui os cxtrangeiros.
Estaes por isto?
8
NBo estaes.
EntBo :a nacionalidade, com qiie argumentaes,
niio 6 motivo, 6 pretexto !
-
maximas do verdadeiro ciitholicisrno.
Não somos portanto n6s os chamados reac-
cionarios fazemos polirica 6 sombra da
religião.
Quem na faz 580 aquelles, que declaram de-
sertor do campo liberal todo oconstitucional, que
se mostro submisso e fiel As determinações da ,
Egrejo.
Ligam n politica com a religião, para, h som-
bra da politica. mutilarem, e derribarem a Egreja.
Pensaiil vencer por esse meio : e n2o veem
que 6 esse o meio mais facil de cahirem!
S e p r a d o a questno politicu da questDo reli-
giosa, debater-nos-hiamos em politica. sem que
a religiáo tivesse de proteger nenhuma das es-
cl1olas.
fiIas se v6s declaraes o vosso liberalismo incom-
ptivel com o catholicismo ; oão vedes que não
faieis com isso, seniio reforçar-nos a convicçilo
politica, fazendo della tombem uma necessidade
religiosa ? !
Proclamaes que para ser liberal 6 mister guer-
rear o Papa, hostilisar o padre e o frade; que-
brar e cortar a unidade ca tholica !
Perftlbaes abertamente as doutrinas irreligiosas
sobre qne se levantou. e assenta esse chamado
reino da Itijlia ; e expulsaes do vosso gremio, e
impellis para o nosso, todos os que ao Papa não
chamam Satanaz, como lhe chama Garibaldi ;
todos os que nào v&em no padre uma Serpente
cenenosa; como elle vê !
Julgaes que com isso engrossareis as vossas
fileiras, e facilitareis a vossa victoria 4 Enganaes-
VOS.
Expulsae do vosso campo os liberaes catholi-
BOS ; e serào outros tantos' adversarios aue cnnta-
a
remos de menos no vosso campo militante.
Ligae embora a vossa causa politica com a
queda do Pontificado, e com o abatimento da
Egreja ;e servirá isso de nos dar novos brios, do-
brando-nos a necessidade de combater, e trans-
iormantlo-nos em certeza, o esperança que tinha-
mos de ,vencer.
Pdeis, com a vossa tenacidade, trazer dias azia-
60" Egreja ... e não poucos Ilie tendes dado já.
Vencer - nuaca !
Ao assentar a sua Egrejo sobre a pedra d o
Pontificado prometttu Deus que nunca os esfor-
ços dos maus prevaleceriain contra ella.
Descrentes na força da Propfiecio, Jipes v65 n
vossa c a i i;, politica com a idbn irreliiiusa. que
vos domina ;e tornaes dcpcndcnta do abatimento
da Egreja o \osso triuiupho?
Pois muito bem.
BIais filei1 serú que o Anjo do mal veja ainda
mais uma vez todos os seus esforços reduzidos a
p6 -reduzidos a terra -reduzidos a cinza e -
reduzidos a nada ; -do que falhar, nem uma
96 vez, nem n'um s6 ponto, o Palarra Divina !
E' a Propheeia que vos mata!
E' ella que rios protege, que nos ampara.
que DOS reforço, e que nos dh, em vez da espe-
rança, a certeza, completa e fundada, de vencer-
mos !
(O.Orador foi cun-primontado por mriitos se-
nhores deputados dos diferente8 lados da c a m ~ ~ * ~ ) ,