O documento discute 3 pontos principais:
1) É necessário trabalhar com pensamentos instantâneos para mudar emoções, humores e temperamento a longo prazo.
2) Devemos nos familiarizar com um novo modo de lidar com pensamentos, observando-os sem deixá-los se proliferar.
3) A prática contemplativa pode ajudar a adquirir qualidades como compaixão de forma genuína e duradoura.
O documento discute 3 pontos principais:
1) É necessário trabalhar com pensamentos instantâneos para mudar emoções, humores e temperamento a longo prazo.
2) Devemos nos familiarizar com um novo modo de lidar com pensamentos, observando-os sem deixá-los se proliferar.
3) A prática contemplativa pode ajudar a adquirir qualidades como compaixão de forma genuína e duradoura.
O documento discute 3 pontos principais:
1) É necessário trabalhar com pensamentos instantâneos para mudar emoções, humores e temperamento a longo prazo.
2) Devemos nos familiarizar com um novo modo de lidar com pensamentos, observando-os sem deixá-los se proliferar.
3) A prática contemplativa pode ajudar a adquirir qualidades como compaixão de forma genuína e duradoura.
Publicado por budavirtual s 1 de setembro de 2013 em Uncategorized | 5 Comentrios A LIBERTAO DOS PENSAMENTOS Mathieu Ricard falou: Temos falado muito da possibilidade de mudana. Como isso acontece no contexto da formao contemplativa? Sabemos que as emoes duram alguns segundos, que os humores duram, digamos, um dia, e que o temperamento algo que se modela com o passar dos anos. Portanto, se queremos mudar, obvio que precisamos primeiro agir com relao s emoes, e isso ajudar a modificar nossos humores, que, por fim, se estabilizaro na forma de um temperamento modificado. Em outras palavras, precisamos comear a trabalhar com os acontecimentos instantneos que ocorrem na mente. Como dizemos, se cuidarmos dos minutos, as horas cuidaro de si mesmas. Como proceder no tocante experincia direta? O perodo refratrio e tudo isso sero coisas um pouco abstratas para algum que queira lidar com as emoes imediatamente. Portanto, uma das questes principais tem relao com o modo como ocorre o encadeamento dos pensamentos, o modo de como um pensamento leva ao outro. Meu professor me contou uma histria a respeito de um ex-chefe guerreiro do leste do Tibet que abandonou todas as atividades marciais e mundanas, e foi para uma caverna meditar. Passou alguns anos ali. Certo dia um bando de pombos pousou em frente caverna e ele lhes deu um punhado de gros. Enquanto observava, porm, os pombos lhe lembraram as legies de guerreiros que ele tivera sob seu comando, e isso fez lembrar-se das expedies e ficou irado novamente ao pensar nos antigos inimigos. Essas recordaes logo lhe invadiram a mente e ele desceu ao vale, encontrou os antigos companheiros e voltou a guerra! Isso exemplifica como um pequeno pensamento pode tornar-se uma obsesso, como uma minscula nuvem branca cresce e se transforma numa imensa nuvem escura repleta de raios. Como lidar com isso? Quando falamos em meditao, a palavra usada em tibetano significa, na verdade, familiarizao. Precisamos nos familiarizar com um novo modo de lidar com o surgimento dos pensamentos. No incio, quando surge um pensamento de ira, desejo ou cime, no estamos preparados para ele. Portanto, em poucos segundos, esse pensamento d origem a um segundo e a um terceiro, e logo nosso panorama mental invadido por pensamentos que solidificam nossa raiva ou cime e, ento, tarde demais. Assim acontece quando uma fasca incendeia uma floresta, e estamos em apuros. A maneira elementar de intervir chama-se olhar para trs, para o pensamento. Quando surge um pensamento, precisamos observ-lo e observar sua fonte. Precisamos investigar a natureza desse pensamento que parece to slido. Ao encar-lo, sua solidez to bvia se derrete e o pensamento se extingue sem dar origem a um encadeamento de pensamentos. A questo no tentar bloquear o surgimento de pensamentos isso nem mesmo possvel mas no deix-lo invadir nossa mente. Precisamos faz-lo diversas vezes porque no estamos acostumados a lidar com os pensamentos dessa maneira. Somos iguais a uma folha de papel que ficou muito tempo enrolada. Quando tentamos abri-la sobre a mesa, ela se enrola de novo no instante em que erguemos as mos. assim que se realiza o treinamento. Talvez haja quem pergunte o que as 2
pessoas fazem nos retiros, passando oito horas por dia sentados. Fazem exatamente isso: familiarizam-se com um novo modo de lidar com o surgimento dos pensamentos. Quando comeamos a nos acostumar com o reconhecimento dos pensamentos como se fssemos capazes de identificar rapidamente numa multido algum que conhecemos. Quando surge um pensamento potente de forte atrao ou raiva sabemos que vai levar a uma proliferao de pensamentos, passamos a reconhec-lo: Ah, l vem essa idia!. Esse o primeiro passo. Ajuda muito a evitar que tal pensamento o domine. Depois de se acostumar com isso, o processo de lidar com os pensamentos se torna mais natural. No preciso lutar e aplicar antdotos especficos a cada pensamento negativo, porque sabemos como deix-lo se esvaecer sem deixar vestgios. Os pensamentos se desamarram. O exemplo dado o de uma cobra. Se ela der um n no corpo, consegue desfazer esse n sem esforo, sem precisar de nenhuma ajuda externa. Por fim, haver uma poca em que os pensamentos chegaro e partiro como um pssaro que passa pelo cu, sem deixar vestgios. Outro exemplo dado o do ladro que entra numa casa vazia. O proprietrio no tem nada a perder e o ladro no tem nada a ganhar. uma experincia de liberdade. No nos tornamos simplesmente apticos, como vegetais, mas passamos a dominar os pensamentos. Eles no nos carregam mais pelas rdeas. Isso s pode acontecer por intermdio de treinamento constante e experincia genuna. Tambm assim que podemos, aos poucos, adquirir certas qualidades que passaro a integrar nossa natureza, tornam-se um novo temperamento. Vejamos com exemplo relativo compaixo. No sculo XIX, viveu um grande eremita chamado Patrul Rinpoche. Certa feita ele disse a um dos discpulos que fosse para uma caverna e passasse seis meses meditando, no pensando em nada alm da compaixo. No incio, o sentimento de compaixo por todos seres sempre forado, artificial. Depois, gradualmente, a mente fica inundada de compaixo; ela permanece na mente sem esforo. Passados os seis meses, o meditador estava sentado entrada da caverna e viu um cavaleiro solitrio cantando no vale. O yogui teve uma espcie de premonio clara, uma sensao forte, de que o homem morreria em uma semana. A diferena entre a viso daquele homem cantando alegremente e a sbita intuio do yogue o deixara tristssimo com relao existncia condicionada, que os budhas chamam de samsara. Nesse momento, sua mente foi invadida por uma compaixo genuna e avassaladora que nunca mais partiu. Passara a fazer parte de sua natureza, o verdadeiro sentido da meditao. Ver o homem foi uma espcie de acionamento do gatilho, mas o essencial aconteceu antes da familiarizao. O incidente no teria tido a mesma repercusso se ele no tivesse passado os seis meses imerso em compaixo. Estamos falando de como ajudar a sociedade. Se pretendemos contribuir com algo para a sociedade ter uma nova idia das coisas, precisamos comear com ns mesmos. Precisamos decidir nos transformar, e isso s acontece com o treinamento, e no por meio de idias fugazes. essa a contribuio que pode provir da prtica budista. Durante toda a palestra de Matthieu, o Dalai Lama se inclinava para frente, atento. Depois, tirou os culos e, em tom sincero, disse: Muito bem, maravilhoso! Do livro: Como Lidar Com Emoes Destrutivas