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Ministério da Educação - MEC

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Curso Técnico em Segurança do Trabalho


Disciplina: Segurança do Trabalho
Enio Costa
Ministério da Educação - MEC
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO


SEGURANÇA DO TRABALHO
PROF. ENIO COSTA
CURSO TÉCNICO

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CRÉDITOS

Presidente Coordenador Adjunto - Reitoria


Dilma Vana Rousseff Armênia Chaves Fernandes Vieira

Ministro da Educação Supervisão - Reitoria


Aloizio Mercadante Oliva Daniel Ferreira de Castro
André Monteiro de Castro
Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica Coordenador Adjunto - Campus
Marco Antonio de Oliveira Fortaleza
Fabio Alencar Mendonça
Reitor do IFCE
Cláudio Ricardo Gomes de Lima Elaboração do conteúdo
Enio Costa
Pró-Reitor de Extensão
Gutenberg Albuquerque Filho Equipe Técnica
Manuela Pinheiro dos Santos
Pró-Reitor de Ensino Marciana Matos da Costa
Gilmar Lopes Ribeiro Kaio Lucas Ribeiro de Queiroz
Vanessa Barbosa da Silva Dias
Pró-Reitor de Administração Edmilson Moreira Lima Filho
Virgilio Augusto Sales Araripe Vitor de Carvalho Melo Lopes
Rogers Guedes Feitosa Teixeira
Diretor Geral Campus Fortaleza
Antonio Moises Filho de Oliveira Mota Supervisor Curso – Técnico em
Segurança do Trabalho
Diretor de Ensino Campus Fortaleza Francisco Alexandre de Sousa
José Eduardo Souza Bastos
Orientadora
Coordenador Geral - Reitoria Barbara Luana Sousa Marques
Jose Wally Mendonça Menezes

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O QUE É O PRONATEC?

Criado no dia 26 de Outubro de 2011 com a sanção da Lei nº 12.513/2011 pela


Presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de
cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto,
prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que
juntos oferecerão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis nos próximos
quatro anos. Os destaques do Pronatec são:
• Criação da Bolsa-Formação;
• Criação do FIES Técnico;
• Consolidação da Rede e-Tec Brasil;
• Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Profissionalizado;
• Expansão da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (EPT).

A principal novidade do Pronatec é a criação da Bolsa-Formação, que permitirá a


oferta de vagas em cursos técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também
conhecidos como cursos de qualificação. Oferecidos gratuitamente a trabalhadores,
estudantes e pessoas em vulnerabilidade social, esses cursos presenciais serão realizados
pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais
de EPT e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC e o SENAI.

Objetivos

• Expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação


Profissional Técnica de nível médio e de cursos e programas de formação inicial e
continuada de trabalhadores;
• Fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da Educação
Profissional e Tecnológica;
• Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Público, por meio da
Educação Profissional;
• Ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio do
incremento da formação profissional.

Ações

• Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Educação Profissional e


Tecnológica;
• Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Educação
Profissional;
• Incentivo à ampliação de vagas e à expansão da rede física de atendimento dos
Serviços Nacionais de Aprendizagem;
• Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades:
• Bolsa-Formação Estudante;
• Bolsa-Formação Trabalhador.
• Atendimento a beneficiários do Seguro-Desemprego;

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SUMÁRIO

Apresentação da Disciplina
AULA 1 – Introdução à Segurança do Trabalho
TÓPICO 1 – Conceitos e Definições em Segurança do Trabalho
TÓPICO 2 – Histórico da Segurança do Trabalho
AULA 2 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
TÓPICO 1 – Organização da CIPA.
TÓPICO 2 – Atribuições da CIPA
TÓPICO 3 – O Treinamento
TÓPICO 4 – O processo eleitoral
AULA 3 – Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamento de
Proteção Individual (EPI)
TÓPICO 1 – O que é um EPC?
TÓPICO 2 – O que é um EPI?
TÓPICO 3 – O que compete a cada um dos envolvidos quanto ao uso do
EPI.
AULA 4 – Investigação de acidentes de trabalho
TÓPICO 1 – Importância da investigação de acidentes
TÓPICO 2 – Conceitos básicos sobre acidentes
TÓPICO 3 – O primeiro passo para uma investigação de acidentes
TÓPICO 4 – Responsabilidade profissional dos acidentes
TÓPICO 5 – Evidências a serem observadas no local do acidente
AULA 5 – Mapeamento dos Riscos Ambientais
TÓPICO 1 – Mapa de Riscos

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Qual a primeira imagem que lhe vem à cabeça ao pronunciar a palavra “higiene”?
Esta imagem está associada à limpeza e ao asseio? Higiene é um substantivo feminino
que se refere a um ramo da medicina que visa à prevenção da doença. O termo higiene
mental pode ser entendido como a prática educativa ou psicoterápica aplicada para
prevenir perturbações mentais. No contexto de trabalho, higiene do trabalho diz
respeito às técnicas aplicadas contra os possíveis agentes geradores de agravos ou
doenças profissionais, avaliando a presença de agentes químicos, físicos, biológicos,
psicológicas e sociais, presentes no meio ambiente do trabalho.Portanto, higiene pode
ter sua raiz conceitual na limpeza, mas traz uma aplicabilidade que envolve o ambiente
físico e emocional do trabalhador, dentro e fora do seu ambiente de trabalho.

Já a Segurança do Trabalho pode ser definida como uma série demedidas técnicas,
médicas e psicológicas, destinadas a prevenir os acidentes profissionais, educando as
pessoas nos meios de evitá-los, como também procedimentos capazes de eliminar as
condições inseguras do ambiente. Tem como principal objetivo a prevenção de
Acidentes do Trabalho e a promoção da Saúde Ocupacional. Esta, por sua vez, avança
numa proposta interdisciplinar, com base na Higiene Industrial, relacionando ambiente
de trabalho-corpo do trabalhador. Incorpora a teoria da multicausalidade, na qual um
conjunto de fatores de risco é considerado na produção da doença, avaliada através da
clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos de exposição e efeito.

Inserida neste contexto, a Higiene e Segurança do Trabalho, como disciplina, aborda


tanto a importância, como a falta da higiene e segurança no trabalho e os riscos que
levam a ocorrência de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. Esta abordagem
faz com que alguns elementos se tornem fundamentais para o conhecimento,
entendimento, e aplicação dos princípios da Segurança do Trabalho. Estes elementos
estarão presentes nas Aulas e nos respectivos Tópicos durante o decorrer da disciplina
para que se possa, desta forma, atingir todos os objetivos previstos inicialmente.

É notório que esta disciplina tem uma importância significativa na formação de um


Técnico de Segurança do Trabalho, pois se o aproveitamento for satisfatório, ele aofinal
do curso estará apto a conhecer a legislação e normas técnicas para desempenhar
conscientemente a sua função, interpretar a legislação trabalhista, identificar os riscos
ambientais visando à saúde e a integridade dos trabalhadores, avaliar a organização e o
funcionamento da CIPA e do SESMT, planejar treinamentos específicos sobre combate
a sinistros, selecionar corretamente os principais dispositivos de segurança na indústria,
elaborar relatórios técnicos, além de difundir conscientemente a cultura prevencionista
e favorecer a prevenção de acidentes do trabalho e a promoção da saúde e da vida dos
trabalhadores.

Vale ressaltarlembramos que as noções aqui apresentadas são a base, mas não o
todo, dos aspectos de higiene, saúde e segurança do trabalhador no exercício de suas
atividades e que, portanto, para o estudante, complementam os conhecimentos mais
técnicos da área. São igualmente úteis para aumentar a sua eficiência no
desenvolvimento de suas atividades laborais.

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AULA 1 –Introdução à Segurança do Trabalho

Analisando a distribuição das 24 horas de um dia, teremos 8 horas reservadas para


o trabalho. As 16 horas restantes são utilizadas no ambiente da sua comunidade, onde
8horas são para o descanso e as outras 8 horas para outras atividades, tais como lazer,
estudo, necessidades básicas, etc.O ambiente ocupacional é aquele em que o
trabalhador exerce sua atividade laboral.

Esse espaço físico é preparado para receber o trabalhador nas mais diversas
atividades: fabricação de móveis, construção de edifícios, prestação de serviços,
extração de minério, dentre outras. Assim, nesses ambientes, podemos encontrar:
ferramentas manuais (alicates, facas etc), máquinas (prensa hidráulica, serra circular
etc); ruído intenso; fontes de calor e frio; produtos químicos potencialmente tóxicos –
gases, poeiras, névoas, etc.

O ambiente da comunidade é constituído pelo meio ambiente que nos envolve e


pelas modificações impostas pelo ser humano. Essas mudanças, cujo objetivo é
satisfazer o homem, geram, dentre outras, situações de risco à população. Podemos
elencar a poluição das águas e do ar, a utilização de agentes químicos potencialmente
tóxicos nos cosméticos, aditivos em alimentos – agrotóxicos e afins – drogas, agentes
de limpeza – produtos químicos, etc.

Desse modo, é de responsabilidade do próprio homem e do poder público zelar


pela segurança no ambiente da comunidade, procurando viver em harmonia com a
natureza, construindo e exigindo edificações seguras. No ambiente laboral, essa
responsabilidade passa a ser do empregador. Ele prepara o ambiente para receber o
trabalhador de forma a preservar sua saúde e segurança no desenvolvimento das
atividades.

Nesta aulaserão introduzidos os conceitos básicos relacionados à Segurança do


Trabalho, bem como suas principais definições e âmbitos de trabalho, a origem da
segurança do trabalho e seu papel na preservação da saúde e integridade física do
trabalhador no seu ambiente de trabalho e a evolução histórica da Segurança do
Trabalho. Além disso, será discutido como as ideias de conscientização sobre a
segurança do trabalho e a valorização da vida vêm sendo construídas ao longo da
história, como parte integrante do processo de desenvolvimento econômico.

Objetivos

• Perceber a importância do estudo da Segurança do Trabalho;


• Compreender as definições básicas de Segurança do Trabalho;
• Conhecer a evoluçãohistórica da Segurança do Trabalho no Brasil e no
mundo

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TÓPICO 1 –Conceitos e Definições em Segurança do Trabalho

Objetivos do tópico:

• Apresentar os principais conceitos de Segurança do Trabalho;


• Diferenciar Segurança do Trabalho de Higiene Ocupacional.

A segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são
adotadas visando a minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais,
bemcomo proteger a integridade física e a capacidade de trabalho do trabalhador.

Já a Higiene Ocupacionalpode ser entendida como ciência que visa à antecipação


(prevenção), reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos agentes
ambientais presentes ou originados nos ambientes de trabalho, que podem prejudicar
a saúde e o bem estar dos trabalhadores e/ou comunidade.

Como exemplo, podemos citar o trabalho realizado nos portos, onde o trânsito de
carga e descarga de materiais exige planejamento nas vias de movimento de carga, seja
ele efetuado por meio de cargas suspensas ou transporte viário, no sentido de se
evitaros acidentes.Medidas preventivas também devem ser observadas no transporte e
levantamento de cargas realizados por trabalhadores, objetivando evitar lesões na
coluna vertebral e dores musculares.

Para atingir a meta de saúde e segurança no ambiente de trabalho é necessário que


a engenharia, nas diversas áreas, em conjunto com a medicina, possam agir.Dessa
forma, a segurança do trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em
Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança,
Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O
Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa,
Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do
Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e
Gerência de Riscos.

Figura 1 – Engenharias em conjunto com a medicina


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Aparentemente, algumas atividades laborais parecem inofensivas, como é o caso de
uma fábrica de chocolates. Apesar de o produto final ser apreciado em quase todo
omundo, o processo de fabricação requer cuidados com a segurança dos trabalhadores
por meio da implantação de programas de saúde e segurança através de uma equipe
multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de
Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes
profissionais formam o que chamamos de Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Também os empregados da empresa
contribuem para a promoção da saúde e bem estar do trabalhador ao constituírem a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), composta por representantes do
empregador e representantes dos empregados, que tem como objetivo a prevenção de
acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador.

Figura 2 – Fábrica de chocolate

A responsabilidade pela segurança do trabalho é tripartite: poder público,


empregador e empregado. Assim, cabe ao poder público a criação e fiscalização das
normas e leis que versam sobre segurança e saúde no trabalho, cabe ao empregador
fazer cumprir essa legislação, podendo ser punido em caso de desrespeito às exigências
e cabe ao trabalhador cumprir as exigências de saúde e segurança nos locais de
trabalho, obedecendo às normas e leis específicas, contribuindo para a manutenção
das condições de trabalho saudáveis, uma vez que é para ele que o ambiente é
adaptado.

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TÓPICO 2–Histórico da Segurança do Trabalho

Objetivo do tópico:

• Conhecer a evolução histórica da Segurança do Trabalho no Brasil e no


mundo

As atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de


raciocínio e pelo seu instinto de se agrupar, o homem conseguiu, através da história,
avanços tecnológicos que possibilitaram sua existência no planeta. Partindo da
atividade predatória (caça), evoluiu para a agricultura e o pastoreio, alcançou a fase do
artesanato e atingiu a era industrial.

Apesar de o trabalho ter surgido com o primeiro homem, as relações entre


trabalhoe doenças profissionais, bem como entre trabalho e acidentes só começaram a
ser estudadas há cerca de 300 anos. Mesmo assim, esses estudos tratavam apenas de
observações individuais que não formavam um corpo comum.

Contudo, têm-se notícias de que Aristóteles – 384-322 a.C. – estudou as


enfermidades dos trabalhadores nas minas e, principalmente, a forma de evitá-las.
Hipócrates – 460-375 a.C. – pai da Medicina, quatro séculos antes de Cristo, estudou a
origem das doenças das quais eram vítimas os trabalhadores que exerciam suas
atividades em minas de estanho.

O marco da segurança do trabalho se deu em 1700, na Itália, com a publicação da


obra “De Morbis Artificium Diatriba”- As Doenças dos Trabalhadores, de autoria do
médico Bernardino Ramazzini (1633-1714) que, por esse motivo, é considerado o “Pai
da Medicina do Trabalho”. Nessa obra, o autor descreve uma série de doenças
relacionadas a 50 profissões.

Figura 3 – Aristóteles Figura 4 – Bernardino Ramazzini

Com a invenção da máquina a vapor, nasce na Inglaterra a Revolução Industrial


(1760/1830). Assim, galpões, estábulos e velhos armazéns eram rapidamente

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transformados em fábricas, colocando-se no seu interior o maior número possível de
máquinas de fiação e tecelagem.

Os ambientes improvisados destinados às fábricas mantinham em seu interior


temperatura elevada, não tinham ventilação suficiente para a renovação do ar
respirável e a umidade era constante. As máquinas ofereciam constante risco de
acidentes aos trabalhadores, uma vez que não foram desenvolvidas levando-se em
consideração seu usuário.

A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída por homens, mulheres e


crianças, sem qualquer processo seletivo quanto ao seu estado de saúde e
desenvolvimento físico, culminaram em doenças e mortes. Diante dessa situação,
reivindicações trabalhistas foram feitas pelo povo, e os órgãos governamentais tiveram
que intervir para que as fábricas oferecessem um ambiente laboral mais digno.
Em 1802, o Parlamento Britânico aprovou a primeira lei de proteção dos
trabalhadores: a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes” estabelecia o limite de 12
horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a
lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano e tornava obrigatória a ventilação do
ambiente.

Em 1830, o proprietário de uma fábrica inglesa procurou Robert Baker, médico


inglês, pedindo-lhe conselho sobre a melhor forma de proteger a saúde dos
trabalhadores. Baker, conhecedor da obra de Ramazzini, aconselhou-o a contratar um
médico da localidade em que funcionava a fábrica para visitar diariamente o local de
trabalho e estudar a possível influência das instalações sobre a saúde dos operários,
dessa forma, os operários deveriam ser afastados de suas atividades profissionais tão
logo fossem notados que estas estivessem prejudicando a saúde dos trabalhadores.
Surgia, assim, o primeiro serviço médico industrial em todo o mundo.

A produção fabril expõe os trabalhadores a diferentes situações de riscos, tais


comoestresse, fadiga, devido a períodos prolongados de trabalho, doenças
respiratórias relativas à qualidade do ar que se respira, assim como pode ser um
ambiente propício à proliferação de doenças contagiosas. Nesse aspecto, esse foi o
primeiro ambiente laboral a ser amparado por lei.Em 1833, foi baixado o “Factory Act”
– Lei das fábricas, que foi considerada como a primeira legislação realmente eficiente
no campo da proteção ao trabalhador. Aplicava-se a todas as empresas têxteis onde se
usasse força hidráulica ou a vapor; proibia otrabalho noturno aos menores de 18 anos e
restringia as horas de trabalho destes a 12 horas por dia e 69 por semana; as fábricas
precisavam ter escolas que deveriam ser frequentadas por todos os trabalhadores
menores de 13 anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos, e um médico
deveria atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia a sua idade
cronológica (NOGUEIRA, 1979, p. 11).

Em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, na Conferência da Paz, foi criada a


Organização Internacional do Trabalho (OIT) fundamentada no princípio de que a paz
universal e permanente só pode basear-se na justiça social, sendo a única das Agências
do Sistema das Nações Unidas que tem estrutura tripartite, na qual os representantes

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dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos direitos que os do governo.O
Brasil possui uma legislação relativamente recente em matéria de Segurança do
Trabalho. Até o início do século XX, a economia era baseada no braço escravo e na
agricultura, porém isso não significa dizer que, nessa época, não havia acidentes
decorrentes do trabalho.Somente após a Primeira Guerra Mundial - 1919, resultante de
tratados internacionais, como o Tratado de Versalhes, medidas legislativas foram
cogitadas no país, visando à proteção dos trabalhadores, que começavam a se
concentrar nas cidades.No Brasil, podemos fixar por volta de 1930 a nossa Revolução
Industrial e, embora tivéssemos já a experiência de outros países, em menor escala, é
bem verdade, atravessamos os mesmos obstáculos, o que fez com que se falasse, em
1970, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho.

Em 1966, foi criada oficialmente a FUNDACENTRO cuja missão é a produção e


difusão de conhecimentos que contribuam para a promoção da segurança e saúde dos
trabalhadores, visando ao desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico,
equidade social e proteção do meio ambiente.Embora o assunto fosse pintado com
cores muito sombrias, podemos observar na tabela a seguir (Tabela 1 - Número de
acidentes do trabalho ocorridos no período de 1971 a 1996) a crescente preocupação
com a segurança do trabalho evidenciada pela diminuição gradativa do número de
acidentados que só foi possível devido o esforço conjunto de todos os envolvidos:
trabalhadores, empresários e governo.No Brasil, a evolução da segurança do trabalho
se deu de forma mais tardia do que na Europa, uma vez que a nossa revolução
industrial começou por volta de 1930.

Nessa época, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, iniciou o processo de


direitos trabalhistas individuais e coletivos com a criação da CLT, em 1943. A partir daí,
outras medidas foram realizadas em benefício dos trabalhadores, como a criação da Lei
8213, em 1991, que regulamentou os Planos de Benefícios da Previdência Social,
incluindo os benefícios dos trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho.

Vejamos que fatos marcaram o desenvolvimento da segurança do trabalho no


Brasil, onde podemos observar a crescente preocupação por parte do poder público em
garantir melhores condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho:

1919 – Criada a Lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro contra o


risco profissional.

1920 – Em Tatuapé/SP , surge o primeiro médico de empresa.

1923 – Criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das


empresas ferroviárias, marco da Previdência Social brasileira.

1930 - Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual MET.

1933 – Surgiram os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), entidades de grande


porte, abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades. Tais institutos

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foram o IAPTEC (para trabalhadores em transporte e cargas), IAPC (para os
comerciários), IAPI (industriários), IAPB (bancários), IAPM (marítimos e portuários) e
IPASE (servidores públicos).

1934 – Criada no Ministério do Trabalho a Inspetoria de Higiene e Segurança do


Trabalho que, ao longo dos anos, passou a Departamento de Segurança e Saúde no
Trabalho (DSST), em nível federal, e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
(SRTE), em nível estadual.

1943 – Criada a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que trata de segurança e
saúde do trabalho no Título II, Capítulo V do Artigo 154 ao 201.

1966 – Unificação dos Institutos com a criação do Instituto Nacional de Previdência


Social – INPS, atual InstitutoNacional do Seguro Social – INSS.

1966 – Criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do


Trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica relacionada à
segurança e saúde dos trabalhadores.

1972 a 1974 – Programa Nacional de Valorização do Trabalhador.

1977 – Surgiu a lei 6514 de 22 de dezembro de 1977 alterando o capítulo V do título II


da CLT.

1978 – Criação das Normas Regulamentadoras – NRs (regulamentação da CLT, art. 154
a 201).

Hoje em está em vigor a portaria 3214 de 08 de junho de 1978, regulamentadora da


lei 6514/77 onde estão inseridas as 35 NRs.

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AULA 2–Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) foi criada com o objetivo de


prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível a
atividade laboral com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. É
composta por representantes do empregador e representantes do empregado em
número par de representações, cabendo ao empregador escolher entre seus
funcionários de confiança sua representatividade e aos trabalhadores, por processo
eleitoral, escolherem seus representantes através de voto secreto.
A preocupação de zelar pela prevenção de acidentes e doenças no ambiente de
trabalho, fez com que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) propusesse às
empresas, com mais de 25 funcionários, que organizassem um comitê de segurança para
tratar desse assunto. Assim, vários países membros passaram a adotar tal medida,
tornando obrigatórios a organização e funcionamento dos comitês.
No Brasil, através do Decreto-Lei nº 7.036, de 10 de novembro de 1944, conhecido
como Lei de Prevenção de Acidentes, foi fixado o número de 100 ou mais empregados para
que as empresas constituíssem seu comitê nas empresas.
Em 1953, por meio da Portaria 155, foi oficializada a sigla CIPA – Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes.

A CIPA é uma comissão interna, na empresa, que através da representação dos


trabalhadores é parte integrante nas questões de segurança. Pela própria constituição,
ressalta-se o valor significativo de contribuição de seus membros, uma vez que os mesmos
vivenciam o mundo do trabalho e são capazes de identificar, na medida em que são
treinadas, as situações de risco na empresa.
As empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da
administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas,
cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados
são obrigados a constituir CIPA por estabelecimento e mantê-la em regular funcionamento.

Objetivos

• Compreender a CIPA;
• Conhecer a CIPA quanto às suas normas, seus atributos esuas
responsabilidades;
• Saber dimensionar uma CIPA;
• Saber organizar o processo eleitoral de uma CIPA.

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TÓPICO 1 – Organização da CIPA.

Objetivos do tópico:

 Entender como funciona a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;


 Apresentar o dimensionamento da CIPA.

A CIPA é composta por representantes do empregador e dos empregados, sendo


seu número definido pelo Quadro I – Dimensionamento de CIPA, da NR 05, em função do
agrupamento de setores econômicos definidos pela CNAE (Classificação Nacional de
Atividades Econômicas), nos Quadros II (Agrupamento de setores econômicos pela
Classificação Nacional de Atividades Econômicas) e III (Relação da Classificação Nacional de
Atividades Econômicas) e o número de empregados da empresa.

Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes serão designados pelo


próprio empregador entre os seus empregados, por sua vez, os representantes dos
empregados, titulares e suplentes serão eleitos em escrutínio secreto, do qualparticipam,
independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregadosinteressados. O
mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano,permitida uma reeleição.

A empresa poderá designar um responsável substituindo a CIPA, quando a mesma


não se enquadrar no Quadro I da NR 05, podendo ainda ser adotados mecanismos de
participação dos empregados, através de negociação coletiva.
Uma vez composta a CIPA, o empregador designará entre seus representantes o
Presidente da CIPA, e os representantes dos empregados escolherão entre os titulares o
vice-presidente.Por sua vez, o secretário e seu substituto serão indicados, de comum
acordo, com osmembros da CIPA, podendo ser indicado entre os componentes ou não da
comissão, sendo neste caso necessária a concordância do empregador.

Exemplo:

Vamos dimensionar a CIPA de uma empresa de Comércio varejista de produtos


farmacêuticos para uso humano e veterinário, com 85 funcionários.

Figura 5 – Fragmento do quadro I da NR 05

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Figura 6 – Fragmento do quadro III da NR 05

1ª ETAPA: - de posse do tipo de atividade que a empresa desempenha você procura o


grupo ao qual ela pertence no quadro III da NR 05 – Relação daClassificação Nacional de
Atividades Econômicas – CNAE (versão 2.0), comcorrespondente agrupamento para
dimensionamento da CIPA. No nossoexemplo, a empresa pertence ao grupo C – 21;

2ª ETAPA: - de posse do agrupamento da empresa: C-21 e o número de funcionários da


mesma, você cruza essas informações no Quadro I da NR05 – Dimensionamento da CIPA e
encontra para a empresa de Comércio varejista de produtos farmacêuticos para uso
humano e veterinário, com 85 funcionários: 3 representantes do empregador, 3
representantes do empregado e 3 suplentes dos representantes do empregado.

Aos membros da CIPA é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do


empregadoeleito para cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes,
desdeo registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.Assim como
serão garantidas aos membros da CIPA condições que não descaracterizemsuas atividades
normais na empresa, sendo vedada a transferência para outroestabelecimento sem a sua
anuência, para localidade diversa da que resultar docontrato, não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente amudança de seu domicílio.

O empregador, parte integrante desse contexto, deverá garantir que seus


indicadostenham a representação necessária, número previsto no Quadro I, da NR 05, para
adiscussão e encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde notrabalho
analisadas na CIPA.
Cabe também ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios
necessáriosao desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a
realizaçãodas tarefas constantes do plano de trabalho e convocar eleições para escolha
dosrepresentantes dos empregados, até sessenta dias antes do término do mandato
emcurso, assim como a guarda de todos os documentos relativos à eleição, por um
períodomínimo de cinco anos.

Os empregados têm como obrigação participar da eleição de seus


representantes,assim como deverão colaborar com a sua gestão.Como parte integrante no
processo de prevenção de acidentes, os empregados deverãoindicar à CIPA, ao SESMT e ao
empregador situações de riscos e apresentar sugestõespara melhoria das condições de
trabalho e observar e aplicar, no ambiente detrabalho,as recomendações quanto à
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho.

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TÓPICO 2–Atribuições da CIPA

Objetivo do tópico:

• Conhecer as atribuições da CIPA.

Procurando prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, a CIPA tem


asseguintes atribuições:

a)identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o mapa de riscos,com a


participação do maior número de trabalhadores, com assessoriado SESMT, onde houver;

b)elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na soluçãode problemas de


segurança e saúde no trabalho;

c)participar da implementação e do controle da qualidade das medidas deprevenção


necessárias, bem como da avaliação das prioridades de açãonos locais de trabalho;

d)realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições detrabalho visando à


identificação de situações que venham a trazer riscospara a segurança e saúde dos
trabalhadores;

e)realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadasem seu plano de
trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;

f)divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúdeno trabalho;

g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas peloempregador,


para avaliar os impactos de alterações no ambiente eprocesso de trabalho relacionado à
segurança e saúde dos trabalhadores;

h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisaçãode máquina ou


setor onde considere haver risco grave e iminente àsegurança e saúde dos trabalhadores;

i)colaborar para o desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros


programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;

j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bemcomo cláusulas


de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativasà segurança e saúde no trabalho;

k) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador,da análise


das causas das doenças e acidentes de trabalho e propormedidas de solução dos
problemas identificados;

l) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões quetenham


interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;

17
m) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;

n) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, a Semana Interna dePrevenção de


Acidentes do Trabalho – SIPAT;

o) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas dePrevenção da


AIDS.

 Atribuições do Presidente da CIPA...

a) Convocar os membros para as reuniões da CIPA.

b) Coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando ao empregador e ao SESMT, quando


houver, as decisões da comissão.

c) Manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA.

d) Coordenar e supervisionar as atividades de secretaria.

e) Delegar atribuições ao Vice-Presidente.

 Atribuições do Vice – Presidente...

a) Executar atribuições que lhe forem delegadas.

b) Substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais ou nos seus afastamentos


temporários.

 Atribuições do Presidende e o Vice – Presidente da CIPA, em conjunto...

a) Cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o desenvolvimentode


seus trabalhos.

b) Coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os


objetivospropostos sejam alcançados.

c) Delegar atribuições aos membros da CIPA.

d)Promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver.

e)Divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento.

f) Encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da CIPA.

g)Constituir a comissão eleitoral.

18
• Atribuições do Secretário da CIPA...

a) Acompanhar as reuniões da CIPA e redigir as atas apresentado-as para aprovação e


assinatura dos membros presentes.

b) Preparar as correspondências.

c) Outras que lhe forem conferidas.

As reuniões ordinárias da CIPA serão mensais, de acordo com o calendário já pré -


estabelecido, sendo realizadas durante o expediente normal da empresa e em local
apropriado designado para este fim. As reuniões da CIPA terão suas atas assinadas pelos
presentes com encaminhamentos de cópias para todos os membros. As atas ficarão no
estabelecimento à disposição dos Agentes da Inspeção do Trabalho – AIT.
No caso de reuniões extraordinárias, as mesmas deverão acontecer quando houver
denúncia de situação de risco grave e iminente que determine a aplicação de medidas
corretivas de emergências, no caso de acidente do trabalho grave ou fatal e quando houver
solicitação expressa dos representantes do empregador ou dos empregados.

As tomadas de decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso. Não


havendoconsenso e frustradas as tentativas de negociações diretas ou com mediação,
seráinstalado processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.
Das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração, mediante
requerimentojustificado. O pedido de reconsideração será apresentado à CIPA até a
próxima reuniãoordinária, quando será analisado, devendo o Presidente e o Vice-
Presidente efetivar osencaminhamentos necessários.

O membro titular perderá seu mandato, sendo substituído por suplente,


quandofaltar a mais de quatro reuniões ordinárias sem justificativas. A vacância definitiva
de cargo, ocorrida durante o mandato, será substituída por suplente,obedecida à ordem de
colocação decrescente registrada na ata de eleição, devendo oempregador comunicar à
unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego(SRTE – MTE) as alterações e
justificar os motivos.
Para o caso de afastamento definitivo do presidente, o empregador indicará o
substituto,em dois dias úteis, preferencialmente entre os membros da CIPA; em se
tratando de afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da
representação dosempregados escolherão o substituto, entre seus titulares, em dois dias
úteis.

-----------------------------------------------------------

VOCÊ SABIA?A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não
poderáser desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus
membros,ainda que haja redução do número de empregados da empresa, exceto no caso
deencerramento das atividades do estabelecimento.
------------------------------------------------------------

19
TÓPICO 3 – O Treinamento

Objetivo do tópico:

• Apresentar os assuntos abordados no treinamento;


• Oferecer conhecimentos teóricos sobre a Prevenção de Acidentes.

Como vimos, a CIPA é composta por representantes do empregador


erepresentantes dos empregados, entre pessoas que supostamente não têmnoções a
respeito das questões de segurança do trabalho, dessa forma se faznecessário o
treinamento dos membros da CIPA sobre os assuntos relativos às suasatribuições. Assim, a
empresa deverá promover treinamentos para os cipeiros, titulares e suplentes, antes da
posse.
No caso do primeiro mandato, o treinamento será realizado no prazo máximo de
trintadias, contados a partir da data da posse.
As empresas que não se enquadrem no Quadro I – da NR 05, promoverão
anualmentetreinamento para o designado responsável pela prevenção de acidentes e
doençasdecorrentes do trabalho.

• Assuntos a serem abordados no treinamento:

a) Estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originadosdo
processo produtivo.

b)Metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho.

c) Noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos


riscosexistentes na empresa.

d) Noções sobre a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), e medidasde


prevenção.

e) Noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária, relativas à segurança esaúde no


trabalho.

f)Princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos.

g)Organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuiçõesda


Comissão.

O treinamento terá carga horária de vinte horas, distribuídas em no máximo oito


horasdiárias e será realizado durante o expediente normal da empresa, o mesmo poderá
serministrada pelo SESMT da empresa, entidade patronal, entidade de trabalhadores ou
por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados.

20
A CIPA será ouvida sobre o treinamento a ser realizado, inclusive quanto à entidade
ou profissional que o ministrará, constando sua manifestação em ata, cabendo à
empresaescolher a entidade ou profissional que ministrará o treinamento.
Havendo alguma irregularidade em relação ao que está determinado pela NR 05,
emrelação ao treinamento da CIPA, a unidade descentralizada do Ministério do Trabalho
eEmprego (SRTE – MTE) determinará a complementação ou a realização de outro, queserá
efetuado no prazo máximo de trinta dias, contados da data de ciência da empresasobre a
decisão.

Figura 7 – Curso de CIPA

21
TÓPICO 4 – O processo eleitoral

Objetivo do tópico:

• Apresentar as condições em que devem ser procedidas as eleições da CIPA.

As eleições para a escolha dos representantes dos trabalhadores deverão


serconvocadas até 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso. Cabendoa
empresa estabelecer mecanismos para comunicar o início do processo eleitoral ao
sindicato da categoria profissional.
Nos estabelecimentos onde houver CIPA, caberá ao Presidente e ao Vice-
Presidentedesignar, entre seus membros, com no mínimo 55 (cinquenta e cinco) dias antes
dotérmino do mandato em curso, a Comissão Eleitoral – CE, que será responsável
pelaorganização e acompanhamento do processo eleitoral. Quando não houver CIPA,
acomissão eleitoral será constituída pela empresa.
O processo eleitoral deverá se iniciar com a publicação e divulgação do edital,
emlocais de fácil acesso e visualização, no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias antes
dotérmino do mandato em curso.
Assim, uma vez marcados os prazos de inscrição e eleição individual, os
candidatosterão um período mínimo para inscrição de quinze dias, garantido a liberdade
deinscrição para todos os empregados do estabelecimento, independentemente desetores
ou locais de trabalho, com fornecimento de comprovante, assim como agarantia de
emprego para todos os inscritos até a eleição.
A realização da eleição será no mínimo trinta dias antes do término do mandato
emcurso, cabendo, nesse período de 30 (trinta) dias, o treinamento específi co da
novaCIPA. A eleição será realizada, através de voto secreto, em dia normal de
trabalho,respeitando-se os horários de turnos e possibilitando a participação da maioria
dosempregados.

22
Pode-se optar por meios eletrônicos da coleta e contagem dos votos.
Os votos deverão ser apurados em horário normal de trabalho, com
acompanhamento de representantes do empregador e dos empregados, em número a ser
definido pela comissão eleitoral.
Em caso de participação inferior a 50% (23inqüenta por cento) dos empregados na
votação, não haverá a apuração dos votos, e a comissão eleitoral deverá organizar outra
votação que ocorrerá no prazo máximo de 10 (dez) dias.
As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocoladas na unidade
descentralizada do TEM, até trinta dias após a data da posse dos novos membros da CIPA.
Compete à unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego (SRTEMTE),
confirmadas irregularidades no processo eleitoral, determinar a sua correção ou proceder a
sua anulação, quando for o caso. Neste último caso, a empresa convocará nova eleição no
prazo de 5 (cinco) dias, a contar da data de ciência, garantidas as inscrições anteriores.
Quando a anulação se der antes da posse dos membros da CIPA, ficará assegurada a
prorrogação do mandato anterior, quando houver, até a complementação do processo
eleitoral.

Figura 8 – Urna eletrônica

• O reultado da apuração dos votos...

Depois de contados os votos, assumirão a condição de membros titulares e


suplentes,os candidatos mais votados. Em caso de empate, assumirá aquele que tiver
maiortempo de serviço no estabelecimento.
O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem
decrescentede votos recebidos, observará o dimensionamento previsto no Quadro I da NR

23
05,ressalvado as alterações disciplinadas em atos normativos de setores
econômicosespecíficos.
Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e
apuração,em ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em caso
devacância de suplentes.
Os membros da CIPA, eleitos e designados, serão empossados no primeiro dia útil
apóso término do mandato anterior, quando a empresa já possuir CIPA. No caso da
primeiraCIPA, os membros serão empossados imediatamente após a sua composição.

24
AULA 3 – Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) eEquipamento de
Proteção Individual (EPI)

Nesta aula serão vistos os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) aplicadosnas


máquinas e processos de trabalho. Esses equipamentos benefi ciam váriostrabalhadores ao
mesmo tempo, e os Equipamentos de proteção Individual (EPI) são utilizados por um só
trabalhador parasalvaguardá-lo dos riscos no ambiente laboral.
Sabemos que a atividade laboral é primordial ao desenvolvimento do ser
humano,inserindo-o na comunidade. Faz com que o homem não seja somente
umespectador e sim um indivíduo que constrói a sociedade, contribuindo com suaforça
produtiva de trabalho. Você sabe que o ambiente laboral foi modificado parareceber o
trabalhador e essa mudança trouxe riscos à saúde e a sua segurança, assima Constituição
Federal de 1988, procurando resguardar a força produtiva do país, emseu art. 7º, inciso
XXII, cita que a redução dos riscos inerentes ao trabalho deveráser efetivada por meio de
normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, sendoeste inciso contemplado nas 33
Normas Regulamentadoras criadas até o presentemomento. Cabendo a NR 06 a
responsabilidade de inserir os EPI’s como ferramentade proteção ao trabalhador.
Outra forma de proteção, e mais importante que os EPI’s, são os EPC’s, os quais
sãocapazes de proteger mais de um trabalhador ao mesmo tempo.

Objetivos

• Entender um EPC ou EPI;


• Saber identifi car um EPC ou EPI no ambiente laboral;
• Saber escolher adequadamente um EPI.

25
TÓPICO 1 – O que é um EPC?

Objetivos do tópico:

 Definir e conceituar Equipamento de Proteção Coletiva;


 Apresentar as recomendações quanto ao uso dos Euipamentos de Proteção
Coletiva.

Equipamento de Proteção Coletiva(EPC) é todo equipamento utilizado para atender


a vários trabalhadores ao mesmotempo, destinado à proteção do trabalhador a riscos
suscetíveis de ameaçar a segurançae a saúde no trabalho.
Por exemplo: enclausuramento acústico de fontes de ruído, a ventilação dos locais
detrabalho, a proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização
desegurança, a cabine de segurança biológica, capelas químicas, cabine para
manipulaçãode radioisótopos, extintores de incêndio, tela de proteção contra quedas de
materiais,bandeja de proteção contra queda de pessoas, etc.

Figura 9 – Silenciador do carroFigura 10 – EPC’s de Sinalização

É importante saber que o Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) se caracterizaem


beneficiar um grupo de trabalhadores indistintamente. Eles eliminam ou reduzemos riscos
na própria fonte, como é o caso do dispositivo de silenciador instalado nosautomóveis para
reduzir o ruído produzido pelo motor. Os EPC’s podem intervir nosmétodos e processos de
trabalho e ações dentro da empresa. Nesse caso, podemoscitar a música ambiente, que
ajuda a reduzir o nível de estresse no trabalhador.
Um exemplo de intervenção nos métodos e processos de trabalho se refere
àdiminuição da velocidade de operação de uma máquina, com o objetivo de reduziro
número de acidentes.

Para melhor compreensão sobre a importância e o uso de EPC, serão apresentadas


algumas situações:

 Uso do EPC em relação ao trabalhador:

a) Uso de cabine de proteção;

26
b) Uso de indivíduos surdos nas áreas com alto nível de ruído;

c) Redução da jornada de trabalho nos ambientes insalubres, com deslocamentodo


pessoal para outros ambientes de menor risco, diminuindo assim o tempo
deexposição aos agentes ambientais de cada trabalhador.

 Uso do EPC em relação à fonte de risco:

a) Enclausurar a fonte: fechar os equipamentos que produzem ruído ou liberam


produtosagressivos, isolando-os do ambiente de trabalho. Ex.: Isolamento de
trituradores,moinhos e tanques de substância voláteis para que não atinjam os
demaistrabalhadores. Redução de ruídos, poeira e névoas.

b) Utilizar ventilação local e exaustora – responsável por retirar do local de trabalho,


nos pontosde geração, poeiras nocivas e/ou gases tóxicos, dando adequado destino
aos mesmos.

c) Aterrar as instalações elétricas: além de adequado isolamento, a rede


elétricanecessita de sistema de descarga na terra, visando a eliminar correntes que
possamcausar danos e/ou choques elétricos.

 Uso do EPC em relação à trajetória do risco:

a) Utilizar para-raio nas edifi cações, na prevenção de acidentes pordescargas


atmosféricas;

b) Usar ventilação geral diluidora: ventilação responsável pela manutenção do


confortotérmico e ar puro no ambiente de trabalho;

c) Realizar o controle através do ar (com obstáculos a sua propagação):


enclausuramento,barreiras acústicas, absorção e/ou isolamento acústico;

d) Realizar o controle através das estruturas: silenciadores, isolamento de vibração e


choque;

e) Isolar e sinalizar a área no transporte de carga suspensa.

 Uso do EPC nas medidas de ordem geral:

a) Ordem e limpeza: medida essencial de manutenção de um programa de


acidentesdentro de uma empresa;

27
b) Isolamento no tempo e no espaço. Ex.: atividades com maior nível de ruído
realizadas em turno inverso ao da empresa e localização de máquinas barulhentas
ou perigosas,instaladas fora do ambiente de trabalho;

c) Utilização da sinalização de segurança na prevenção de acidentes, identificação


dosequipamentos de segurança, delimitação de áreas, Identificação de tubulações
delíquidos e gases advertindo contra riscos e identificação e advertência acerca dosriscos
existentes.

Figura 11 –Placas de sinalização para prevenção de acidentes

28
TÓPICO 2 – O que é um EPI?

Objetivos do tópico:

 Definir e conceituar Equipamento de Proteção Individual;


 Apresentar as recomendações quanto ao uso dos Euipamentos de Proteção
Individual.

EPI – Equipamento de ProteçãoIndividual – é todo dispositivo ou produto de uso


individual, utilizado pelotrabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar
a segurançae a saúde no trabalho. O EPI pode ser simples ou conjugado, nacional ou
importado. Oequipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só
poderá serposto à venda ou utilizado com a indicação do Certifi cado de Aprovação – CA,
expedidopelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho
doMinistério do Trabalho e Emprego.
Todo EPI deverá apresentar, em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome
comercialda empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de
EPIimportado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.
Podem considerar como exemplo de EPI as máscaras, os protetores auriculares,
osóculos de segurança, o calçado de segurança, etc.

Figura 12 – Equipamentos de Proteção IndividualFigura 13 – Importância do EPI

A NR-06 obriga a empresa a fornecer aosempregados, de forma gratuita, o EPI


adequado ao risco e em perfeito estado deconservação e funcionamento nas seguintes
situações:

29
a) Sempre que medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra
osriscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c) Para atender situações de emergência.
A recomendação do EPI adequado ao risco, ao empregador, é de competência do
ServiçoEspecializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) ou
daComissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) quando as empresas
estiveremdesobrigadas a manter o SESMT. Ainda, nas empresas desobrigadas de
constituirCIPA, cabe ao designado, mediante orientação de profissional tecnicamente
habilitado,recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador.

Figura 14 – Entrega de EPI ao trabalhador

-----------------------------------------------------------

VOCÊ SABIA?O Equipamento Conjugado de Proteção Individual é todo aquele composto


por vários dispositivos cujo fabricante tenha-o associado contra um ou mais riscos que
possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho.

ATENÇÃO!É importante você saber que a escolha certa do EPI está diretamente
associadaao conhecimento dos tipos de riscos: riscos físicos, químicos, biológicos e
ergonômicos, aos quais o trabalhador estará exposto. Assim, a compra deveráestar
baseada na proteção que se quer dar ao trabalhador – o que se quer proteger(cabeça,
mãos, olhos, etc.), a vida útil do equipamento – uma compra mais barata pode significar
um baixo custo-benefício, quais os limites de sua utilização – o que na realidadeele elimina
ou atenua e principalmente como realizar a sua limpeza e conservação.
------------------------------------------------------------

30
TÓPICO 3 – O que compete a cada um dos envolvidos quanto ao uso do
EPI.

Objetivo do tópico:

 Apresentar as competências das partes: empregador e empregados.

Cabe ao Empregador:

a) Adquirir o EPI adequado ao risco da atividade;

b) Tornar obrigatório o seu uso;

c) Fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgãonacional competente;

d) Orientar e treinar o trabalhador quanto a seu uso, guarda e conservação;

e) Substituí-lo imediatamente quando extraviado ou danificado;

f) Responsabilizar-se por sua manutenção e higienização periódica;

g) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

Cabe ao empregado:

a) Usar o equipamento, utilizando-o apenas para a finalidade a quese destina;

b) Responsabilizar-se por sua guarda e conservação;

c) Comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para uso;

d) Cumprir as determinações do empregador sobre seu uso adequado.

Cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego:

a) Fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e à qualidade do EPI;

b) Recolher amostras de EPI;

c) Aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis


pelodescumprimento das normas relativas à EPI.

31
AULA 4 – Investigação de acidentes de trabalho

O ambiente de trabalho deverá oferecer condições seguras para aexecução da


tarefa prescrita pelo empregador, determinada no contrato de trabalho.
Quando ocorrem falhas de segurança, surge o “acidente de trabalho” e a
necessidadenatural de se questionar sobre a(s) causa(s) que motivaram esse acidente,
através deuma “Investigação de Acidentes”, que será objeto de estudo nesta aula.
A investigação de acidentes é um procedimento de segurança desenvolvido dentro
daempresa, cujo objetivo é a prevenção de novos acidentes. Para isso é imprescindívelque
se reúna o maior número de informações possíveis para serem analisadas e seobter uma
conclusão a respeito do mesmo.
Dessa forma, identifi cam-se os fatores que contribuíram para o acidente, visando
àformulação de recomendações para a prevenção de outros acidentes de mesma origem.

Objetivos

• Entender a importância da investigação de acidentes;


• Conhecer as ferramentas de coleta de informações na investigação
deacidentes;
• Identificar os possíveis fatores que geraram os acidentes.

32
TÓPICO 1 – Importância da investigação de acidentes

Objetivo do tópico:

 Compreender a relevância da análise de acidentes.

É importante fazer uma investigação de acidentes muito bem elaborada, pois


osacidentes causam grandes perdas para as empresas, para os trabalhadores e
suasfamílias, perdas para a Previdência Social e para a sociedade, dificultando, assim,
odesenvolvimento da riqueza nacional e a preservação da saúde dos seus trabalhadores.
Uma vez ocorrido o acidente, deve-se iniciar sua investigação para averiguar as
possíveiscausas e todos os fatores que contribuíram para que o mesmo ocorresse. Assim,
fazsenecessária a intervenção, na empresa, de profissionais qualificados na área
desegurança do trabalho, através do Serviço Especializado em Segurança e Medicina
doTrabalho (SESMT), quando houver, em conjunto com a Comissão Interna de
Prevençãode Acidentes – (CIPA) na investigação dos acidentes.
Após todo o processo de investigação e a determinação das causas do acidente,
éimprescindível que os mesmos erros não se repitam, ocasionando novos acidentespelos
mesmos motivos anteriormente investigados. Aplica-se, na prática, o resultadode todo o
trabalho investigativo.

Figura 15 – Investigação de causas do acidente de trabalho

33
TÓPICO 2 – Conceitos básicos sobre acidentes

Objetivo do tópico:

 Definir os principais termos relacionados a acidentes do trabalho.

Estudaremos sobre como fazer uma investigação de acidente do trabalho. Mas


antes de iniciarmos este assunto, será necessário aprender alguns conceitos importantes.

 Perigo de acidente
É toda a situação com potencial de criar danos, ferimentos ou lesões pessoais, danospara a
propriedade, instalações, equipamentos, ambiente ou perdas econômicas.

 Risco de acidente
Combinação da probabilidade de ocorrência de uma situação potencialmente perigosae
sua gravidade.

 Acidente
Evento indesejável, não programado, que resulta em morte, doença, lesão, dano ou outras
perdas.

 Incidente
Evento não planejado, não desejado, em que não há perdas de qualquer natureza.

 Desvios
São as posturas, ações ou condições ambientais inseguras que podem gerar acidentes ou
incidentes.

Figura 16 – Local confinado

34
Exemplo 1: Um trabalhador vai executar uma pintura dentro de um tanque
dearmazenamento de combustível e, devido ao tempo em que permaneceufechado, há
pouco oxigênio em seu interior e existe a presença de gasesprovenientes do combustível
armazenado. Neste caso temos:

Perigo de acidente – ar com pouco oxigênio.

Baixo risco de ocorrência de acidente – o trabalhador entra no ambientecom equipamento


de adução de ar.

Alto risco de ocorrência de acidentes – o trabalhador entra no local semtomar as devidas


medidas preventivas.

Exemplo 2: Um trabalhador da construção civil, ao executar uma tarefa na parede externa


de uma edificação, faz uso do andaime e leva suas ferramentas para auxiliá-lo na execução
da mesma. Após realizar a tarefa, ao tentar descer do andaime, uma de suas ferramentas
cai. Exemplificando os conceitos vistos, podemos afirmar:

Desvio das ações de segurança - não proteger as ferramentas adequadamente.

Incidente - a ferramenta cai do andaime sem atingir ninguém.

Acidente com lesão corporal - a ferramenta cai do andaime e atinge um colega de trabalho
que corta o ombro.

Acidente com danos materiais - a ferramenta cai do andaime e quebra.

Figura 17 – Andaime

35
TÓPICO 3 – O primeiro passo para uma investigação de acidentes

Objetivo do tópico:

 Apresentar as etapasiniciais para a análise de acidentes.

Vimos que o descaso em relação a não observância dos procedimentos de


segurançapode levar a acidentes, assim, uma boa investigação de acidentes, que aponte
realmenteessas falhas, requer um planejamento de ações. Primeiro deve-se criar um
formuláriopara investigação do acidente, contendo, no mínimo as seguintes informações:

a) Informações de identificação do acidentado: Nome, função, idade, local do


acidente,descrição da lesão, parecer do médico.

b) Informações sobre o atendimento ao acidentado: Primeiros socorros, hora


doacidente, descrição do acidente e testemunhas que presenciaram ou possam
daralguma contribuição para a investigação do acidente.

c) Histórico de segurança desenvolvido pelo acidentado: O funcionário teve


treinamentona execução de sua tarefa? Já se envolveu em um acidente antes?
Outros funcionáriosse envolveram em acidente semelhante? Usava equipamento
de proteção individual?Houve outros acidentes no mesmo local? Havia sinalização
de segurança no localdo acidente?

d) Análise do acidente: busca de informações para responder às seguintes questões


– ocorreram atos inseguros? Existem condições inseguras? Que fatores ou
pessoasforam determinantes para a causa do acidente? Quais fatores de trabalho
contribuirãopara o acidente? Qual o tipo de acidente?

e) Elaboração de um diagrama de causa e efeito:representação gráfica cujo objetivoé


levantar as causas do acidente. Cada causa levantada vai gerar uma ação a serfeita.
Resolvendo as ações, as fontes geradoras de acidentes de trabalho dentro
daempresa vão diminuindo e o número de acidentes cairá dia após dia.

f) Elaboração de uma planilha com as estatísticas de acidentes: planilha cujo objetivo


é a validação e necessidades das ações de segurança dentro da empresa.

36
 O responsável dentro da empresa pela investigação de acidentes

A investigação de acidente deve ser feita pela Comissão Interna de Prevenções


deAcidentes (CIPA) envolvendo o acidentado, as testemunhas e a supervisão direta.
Quando existirem Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina no Trabalho (SESMT) dentro da empresa, a CIPA participa das investigações
auxiliando o SESMT na busca das causas dos acidentes e das doenças ocupacionais.
A NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), em seu anexo II,
apresenta uma fi cha de análise de acidentes para auxiliar as atividades da CIPA nesta
tarefa. Assim, para se realizar uma investigação de acidentes, deve-se pesquisar e registrar
o maior número de informações possíveis. Dessa forma, a fi cha abaixo poderia ser
complementada, no que couber, com informações essenciais ao desenvolvimento da
investigação dos acidentes.

Figura 18 – Ficha de Análise de acidente

37
TÓPICO 4 –Responsabilidade profissional dos acidentes

Objetivo do tópico:

 Diferenciar e definir imprudência, negligência e imperícia.

O trabalhador/empregador deve agir sempre com segurança. A falta de cuidados na


execução da tarefa, a demora ao prevenir ou evitar um acidente podem ser enquadradas
juridicamente como imprudência, negligência ou imperícia.

a) Imprudência – é a falta de atenção, o descuido ou a imprevidência; é o resultado do


atodo agente em relação às consequências de seu ato ou de sua ação, as qual devia
e podiaprever. O trabalhador/empregador tem consciência das normas de
segurança, mas nãoas segue. Ex.: Transportar pessoas de carona na empilhadeira,
utilização imprópria do EPI– capacete no cotovelo, etc.

b) Imperícia – é o mesmo que inábil ou inexperiente. No conceito jurídico,


compreende a faltade prática ou o não-conhecimento técnico necessário para o
exercício de certa profissãoou arte. O trabalhador/empregador não tem
qualificação para executar a tarefa e, mesmoassim, tenta fazê-lo. Ex.: um mecânico
realizar a tarefa de um eletricista, manusear oelevador de carga sem ter
treinamento específico, etc.

c) Negligência – consiste em desprezar, ou desatender, ou não dar o devido cuidado.


Emsíntese, compreende a desatenção quando da execução de determinados atos,
causandodanos. Ex.: descumprimento a uma Permissão para Trabalho (PT), não
utilização deEquipamento de Proteção Individual (EPI), não fornecer o EPI em
tempo hábil da execuçãoda tarefa, etc.

Figura 19 – Operador imprudente

38
TÓPICO 5 –Evidências a serem observadas no local do acidente

Objetivo do tópico:

 Apresentar os fatos a serem percebidos quando acontece um acidente.

As evidências são tudo aquilo que é real, fundamentado e pode esclarecer os fatos.
As provasfísicas podem ser registradas, anotadas, fotografadas, medidas e analisadas,
confirmando acausa do acidente. Como evidências, podemos registrar:

 Posição das ferramentas e equipamentos

Podem oferecer dados para se detectar se as ferramentas e equipamentos estavam


sendo bem utilizadas ou não, se estavam adequados para o desenvolvimento da atividade.

 Qualidade do ar na área do acidente

Um ambiente insalubre, sem qualidade do ar que se respira, pode ter contribuído para
a causa do acidente, dessa forma, sempre que necessário, deve-se medir a concentração
do ar, procurando-se falhas administrativas, inefi ciência no controle da engenharia,
obediência ao limite de exposição permitido, efi ciência ou não dos EPC’s e EPI’s utilizados.

 Operações, manuais, quadros e arquivos dos equipamentos

Os manuais de operação fornecem informações sobre a integridade mecânica dos


equipamentos, onde e como são utilizados, informações de como foram projetados,
construídos, instalados e mantidos pela empresa, registro de antecedentes de falhas dos
equipamentos em atividade, etc.

 Número de identificação dos equipamentos

Ajuda na identifi cação das peças, na investigação de possíveis defeitos provenientes


da fabricação.

 Limpeza e cuidado físico em torno do trabalho geral

Limpeza defi ciente e manutenção inadequada de ferramentas e equipamentos podem


contribuir para a incidência de acidentes. Assim, numa investigação, devemos procurar
alguma classe de resíduo, lixo que possa ter contribuído com o acidente.

 Condições do piso, pavimento ou superfície

As condições físicas da edificação favorecem ou não o número de acidentes. Assim,


devem ser observados se: o piso é escorregadio; há buracos no piso ou nas paredes sem
proteção; há superfícies molhadas. E ainda: existe espaço suficiente destinado à passagem
de pessoas e veículos? Estão dimensionadas adequadamente para receber as cargas a que
estão impostas? São situações que merecem respostas.

39
 Condições ambientais

Em relação às condições ambientais, podemos investigar a iluminação do ambiente,


fator primordial nas atividades de controle de qualidade, nível de ruído admissível abaixo
do limite de tolerância, limitações de visibilidade com a presença de riscos químicos, tais
como: pó, fumo ou névoa, possibilidade de distrações na área de trabalho ou em seus
arredores, condições climáticas durante um acidente ao ar livre.
----------------------------------------------------------
ATENÇÃO!Uma vez identificadas às evidências, as mesmas deverão ser recolhidas. O
recolhimento consiste na localização, identificação e preservação da informação do
acidente, de modo que possa ser analisada a qualquer momento, a fim de auxiliar nas
investigações. A pressa em liberar o local do acidente não ajuda na identificação e
recolhimento das provas, difi cultando a investigação. Nesse caso, deve-se resistir às
pressões para limpar a área, recolher os resíduos ou lavar o local do acidente até que todas
as provas sejam analisadas e recolhidas.
Como recurso, no auxílio às investigações, pode-se fazer um esboço ou layout do
local do acidente, definindo suas dimensões e posições das ferramentas e equipamentos,
tirando fotografias e fazendo anotações sobre o ocorrido.
----------------------------------------------------------

 Uso de fotografias na investigação de acidentes

As fotografias são o registro fiel do acontecimento; elas podem chamar a atenção de


determinados detalhes que inicialmente não foram percebidos. Dessa forma, utilize
máquinas digitais, pois elas podem ampliar algum elemento importante, assim como ser
utilizadas na apresentação, avaliação e conclusão da investigação do acidente. Máquinas
instantâneas poderão ser utilizadas, cabendo também o uso de filmadoras que registram
com maior realismo a cena do acidente.

 Uso de desenhos na investigação de acidentes

Os desenhos feitos dos locais de acidentes, layouts, croquis, dentre outros oferecem
informações detalhadas e próximas ao acontecimento real, geralmente fornecem dados
que as fotografias não conseguem mostrar. Assim, podemos captar com o desenho o
posicionamento no norte magnético, ângulos, distâncias, posicionamento de pessoas,
máquinas e ferramentas, dados estruturais ou geográficos que poderão ser apresentados
posteriormente, na análise ou relatório final da investigação de acidentes.

 Utilização de anotações na investigação de acidentes

As anotações da investigação de acidentes são um registro de fatos que envolvem o


acidente e contêm informações sobre os acontecimentos observados pelas pessoas. A
elaboração das anotações devem ser realizadas com qualidade e as mais fiéis possíveis,
pois irão ser empregadas na elaboração do relatório final.

40
 Utilização de entrevista na investigação de acidentes

As entrevistas fazem parte de um processo posterior ao acidente e devem ser


formuladas e aplicadas visando a determinar maiores informações sobre o que não fi cou
bem esclarecido na ocasião do acidente, servindo para a determinação de detalhes que só
depois de algum tempo poderiam ser evidenciados.
Nas entrevistas realizadas com as vítimas ou testemunhas, o objetivo é apurar os fatos e
não atribuir culpas, críticas ou discussões dos custos ou prejuízos legais envolvidos no
acidente. Deixe isso bem claro para seu interlocutor, na forma como conduz a entrevista,
pois o mesmo se sentirá mais à vontade para discutir os acontecimentos de forma que
venha a colaborar com a investigação.

41
Tópico 6 – Fatores relacionados aos acidentes

Objetivo do tópico:

 Apresentar as principais causas de eventos indesejados.

São fatores decorrentes de erros operacionais, descumprimento de normas


eprocedimentos, estado psicológico do trabalhador que provocaram o acidente, falta
deconhecimento na execução da tarefa, antecedentes de saúde e segurança, uso
indevidode álcool e drogas no ambiente de trabalho.

 Erros operacionais

São aqueles decorrentes da atividade normal do trabalhador que levam a uma situação
de perigo. Podemos citar a retirada das proteções de segurança das máquinas e
ferramentas para manutenção e falha na recolocação desse item de segurança, uso de
ferramentas defeituosas na execução da tarefa, pisos ou aberturas de tetos desprotegidos,
presença de gases, vapores líquidos, emanações ou pós tóxicos, decorrentes do processo
de trabalho, exposições a ruídos e vibrações resultantes do processo produtivo.

 Descumprimento de normas e regulamentos

É operar equipamento sem a devida autorização, abreviação dos procedimentos


convencionais de segurança para ganhar tempo. Assim, podemos citar a não utilização dos
dispositivos de segurança ou contribuir para que se torne inoperante, utilização de
ferramentas ou equipamentos impróprios para o uso específico, carregamento ou
armazenamento de materiais que ultrapassem os limites de segurança, uso de EPI’s
inadequados ou mal conservados.

 Estado psicológico do trabalhador

São fatores subjetivos de influência nas causas dos acidentes. O estado de espírito, as
alternâncias de humor levam o trabalhador a proceder com negligência ou imprudência,
devido às atitudes negativas ou hostis em relação a um colega, supervisor ou alguma tarefa
de trabalho, desrespeito com as normas de segurança, negligência em aderir às instruções,
conduta inadequada.

 Falta de conhecimento na execursão da tarefa

Atitude pessoal em que o trabalhador se propõe a executar uma atividade para a qual
não está qualificado, configurando erro por imperícia.

 Antecedentes de saúde e segurança

42
Os registros de lesões no acidentado ou seus colegas de trabalho, enfermidades
registradas no setor de saúde, acidentes anteriores, ações disciplinares e treinamentos
podem ajudar na identifi cação de áreas historicamente mais problemáticas dentro da
empresa, que requerem maior atenção. Nesse caso, deve-se fazer uma pesquisa nos
relatórios da empresa, incluindo situações de ataques verbais ou condutas agressivas e
frequência nos programas de treinamentos que servirão de parâmetros na probabilidade
de ocorrência de acidentes.

 Uso indevido de álcool e drogas no ambiente de trabaho

O uso de substâncias ilícitas dentro ou fora do trabalho pode afetar o ânimo


dotrabalhador, retardar seus reflexos de resposta às situações problemas, causar
depressão, dentre outros.

Figura 20 – Combate aos acidentes de trabalho

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Você sabia?As boas investigações são baseadas em práticas justas e não em encontrar
culpados, dessa forma, o relatório final pode indicar a necessidade de uma nova forma de
proteção, outros tipos de Equipamentos de Proteção Individual, melhores procedimentos
ou atualização nos treinamentos.
-------------------------------------------------------------

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AULA 5– Mapeamento dos Riscos Ambientais

Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e


Emprego, a elaboração do Mapa de Riscos é obrigatória para empresas com grau de
risco e número de empregados que exijam a constituição de uma Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes.

De acordo com a Portaria nº 25, o Mapa de Riscos deve ser elaborado pela CIPA,
com a participação dos trabalhadores envolvidos no processo produtivo e com a
orientação do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho (SESMT) do estabelecimento, quando houver. É considerada indispensável à
colaboração das pessoas expostas ao risco.

Existem três linhas de defesa da saúde do trabalhador. Eliminar todas as


possibilidades de geração de riscos na fase de concepção ou na correção de um sistema
de produção trata-se da primeira medida a ser tomada como linha de defesa. Para isso
devem-se observar os seguintes aspectos: seleção de insumos inócuos (despesas que
não prejudica); redesenho dos diversos produtos componentes de um sistema de
produção; mudanças na organização do trabalho.

Em caso de não se poder aplicar a primeira linha, deve-se partir para a tentativa de
conviver com o risco sob controle. A intervenção passa a se manifestar através do uso
de soluções coletivas constituídas pelos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).

Na impossibilidade de utilização da segunda linha, o que se pode dar, inclusive, pelo


aspecto desfavorável do balanço custo-benefício de um empreendimento, surge a
terceira e última linha de defesa do trabalhador, que compreende a proteção individual
em suas diversas formas de aplicação. Foram enumeradas as seguintes medidas de
proteção de riscos, como sendo as mais importantes com relação ao trabalho: a)
Seleção médica e profissional; b) Exames médicos periódicos; c) Rodízio ou limitação do
tempo da exposição; d) Limpeza: higiene pessoal e das roupas; e) Equipamentos de
proteção individual (EPI).

O mapeamento possibilita o desenvolvimento de uma atitude mais cautelosa por


parte dos trabalhadores diante dos perigos identificados e graficamente sinalizados.
Desse modo, contribui com a eliminação e/ou controle dos riscos detectados.

Considerado uma das primeiras medidas não paternalistas nesta área, o Mapa de
Risco é um modelo participativo dotado de soluções práticas que visam eliminação
e/ou controle de riscos e a melhoria do ambiente e das condições de trabalho. A
adoção desta medida favorece trabalhadores (com a proteção da vida, da saúde e da
capacidade profissional) e empregadores (com a redução da falta ao trabalho, aumento
da produtividade).

A elaboração de Mapas de Riscos está mencionada na alínea “a”, do item 5.16 da


NR 05, com redação dada pela Portaria nº 25 de 29/12/1994: “identificar os riscos do

44
processo de trabalho, e elaborar o MAPA DE RISCOS, com a participação do maior
numero de servidores, com assessoria do SESMT, onde houver.”.

Objetivos

• Apresentar o conteúdo da Potaria Ministerial 25 de 29 de dezembro de 1994


• Identificar no ambiente de trabalho os diversos riscos ambientais
• Guiar na elaboração de riscos ambientais

45
TÓPICO 1 –Mapa de Riscos

Objetivos do tópico:

• Propiciar o entendimento dos principais riscos ambientais


• Facilitar a elaboração de mapas de riscos

MAPA DE RISCOS

O QUE É?

Mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes


nos locais de trabalho (sobre a planta baixa da empresa, podendo ser completo ou
setorial), capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e
doenças de trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de
trabalho (materiais, equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a
forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de
trabalho, postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento,
etc.)”.

PARA QUE SERVE?

Serve para a conscientização e informação dos trabalhadores através da fácil


visualização dos riscos existentes na empresa.

• Reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de


segurança e saúde no trabalho na empresa.
• Possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

OBJETIVOS DO MAPA DE RISCOS

Dentre os objetivos do Mapa de Riscos estão:

a) reunir informações suficientes para o estabelecimento de um diagnóstico da situação


de segurança e saúde no trabalho do estabelecimento;

b) possibilitar a troca e divulgação de informações entre os servidores, bem como


estimular sua participação nas atividades de prevenção.

ETAPAS DE ELABORAÇÃO

a) conhecer o processo de trabalho no local analisado:

46
- os servidores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e
saúde, jornada de trabalho;
- os instrumentos e materiais de trabalho;
- as atividades exercidas;
- o ambiente.

b) identificar os riscos existentes no local analisado;

c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia:

- medidas de proteção coletiva;


- medidas de organização do trabalho;
- medidas de proteção individual;
- medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro,
refeitório, área de lazer, etc..

d) identificar os indicadores de saúde:

- queixas mais frequentes e comuns entre os servidores expostos aos mesmos riscos;
- acidentes de trabalho ocorridos;
- doenças profissionais diagnosticadas;
- causam mais frequentes de ausência ao trabalho.

e) Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;

f) Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout do órgão, indicando através de círculos:

- o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada;


- o número de trabalhadores expostos ao risco;
- a especificação do agente (por exemplo: químico – sílica, hexano, ácido clorídrico; ou
ergonômico – repetitividade, ritmo excessivo);
- a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser
representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos.

DISPOSIÇÕES

Após discussão e aprovação pela CIPA, o Mapa de Riscos, deverá ser afixado em cada
local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os servidores. A falta
de elaboração e de afixação do Mapa de Riscos, nos locais de trabalho, pode implicar
em multas de valor elevado.

CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS

Os agentes que causam riscos à saúde dos trabalhadores e que costumam estar
presente nos locais de trabalho são agrupados em cinco tipos:

- agentes físicos;

47
- agentes químicos;
- agentes biológicos;
- agentes ergonômicos;
- agentes de acidentes.

Cada um desses tipos de agentes é responsável por diferentes riscos ambientais que
podem provocar danos à saúde ocupacional dos servidores. Para elaboração do mapa
de riscos, consideram-se os riscos ambientais os seguintes:

GRUPO I – AGENTES FÍSICOS

São consideradas agentes físicas as diversas formas de energia a que possam estar
expostos os trabalhadores, tais como: ruídos, vibração, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como, o
infrassom e o ultrassom.

• Riscos à saúde

Ruídos: provoca cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição (surdez


temporária, surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão arterial,
problemas no aparelho digestivo, taquicardia, perigo de infarto,

Vibrações: cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do


movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles,
lesões circulatórias.

Calor ou frios extremos: taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação,


fadiga térmica, prostração térmica, choque térmico, perturbação das funções
digestivas, hipertensão.

Radiações ionizantes: alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais,


acidentes do trabalho.

Radiações não ionizantes: queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros


órgãos. É muito importante saber que a presença de produtos ou agentes no local de
trabalho como radiações infravermelho, presentes em operações de fornos, de solda
oxiacetilênica; ultravioleta, produzida pela solda elétrica; de raios laser podem causar
ou agravar problemas visuais (ex. catarata, queimaduras, lesões na pele, etc.). Mas isto
não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde, pois depende da
combinação de muitas condições como a natureza do produto, a sua
concentração, o tempo e a intensidade que a pessoa fica exposta a eles, por exemplo.

Umidade: doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e traumatismos


por quedas.

48
Pressões anormais: embolia traumática pelo ar, embriaguez das profundidades,
intoxicação por oxigênio e gás carbônico, doença descompressiva.

GRUPO II – AGENTES QUÍMICOS

São considerados agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que


possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição,
possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Os principais tipos de agentes químicos que atuam sobre o organismo humano,


causando problemas de saúde, são: gases, vapores e névoas; aerodispersóides (poeiras
e fumos metálicos).

Aerodispersóides: ficam em suspensão no ar em ambientes de trabalho, podem ser


poeiras minerais, vegetais, alcalinas, incômodas ou fumos metálicos:

- Poeiras minerais: provêm de diversos minerais, como sílica, asbesto, carvão mineral, e
provocam silicose (quartzo), asbestos (asbesto), pneumoconioses (ex.: carvão mineral,
minerais em geral).

- Poeiras vegetais: são produzidas pelo tratamento industrial, por exemplo, de bagaço
de cana de açúcar e de algodão, que causam bagaçose e bissinose, respectivamente.

- Poeiras alcalinas: provêm em especial do calcário, causando doenças pulmonares


obstrutivas crônicas, como enfisema pulmonar.

- Poeiras incômodas: podem interagir com outros agentes agressivos presentes no


ambiente de trabalho, tornando-os mais nocivos à saúde.

- Fumos metálicos: provenientes do uso industrial de metais, como chumbo, manganês,


ferro, etc., causando doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos metálicos,
intoxicações específicas, de acordo com o metal.

• Riscos à saúde

Os gases, vapores e névoas podem provocar efeitos irritantes, asfixiantes ou


anestésicos:

Efeitos irritantes: são causados, por exemplo, por ácido clorídrico, ácido sulfúrico,
amônia, soda cáustica, cloro, que provocam irritação das vias aéreas superiores.

Efeitos asfixiantes: gases como hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno,


dióxido de carbono, monóxido de carbono e outros causam dor de cabeça, náuseas,
sonolência, convulsões, coma e até morte.

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Efeitos anestésicos: a maioria dos solventes orgânicos assim como o butano,
propano, aldeídos, acetona, cloreto de carbono, benzeno, xileno, álcoois, tolueno, tem
ação depressiva sobre o sistema nervoso central, provocando danos aos diversos
órgãos. O benzeno especialmente é responsável por danos ao sistema formador do
sangue.

GRUPO III - AGENTES BIOLÓGICOS

São considerados agentes biológicos os bacilos, bactérias, fungos, protozoários,


parasitas, vírus, entre outros.

Os riscos biológicos surgem do contato de certos microrganismos com o homem em


seu local de trabalho.

• Riscos à saúde

Podes causar as seguintes doenças: Tuberculose, intoxicação alimentar, fungos


(microrganismos causadores infecções), brucelose, malária, febre amarela.

As formas de prevenção para esses grupos de agentes biológicos são: vacinação,


esterilização, higiene pessoal, uso de EPI, ventilação e controle médico.

GRUPO IV - AGENTES ERGONÔMICOS

São os agentes caracterizados pela falta de adaptação das condições de trabalho às


características psicofisiológicas do trabalhador. Entre os agentes ergonômicos mais
comuns estão:

 trabalho físico pesado;


 posturas incorretas;
 posições incômodas,
 repetitividade;
 monotonia,
 ritmo excessivo;
 trabalho em turnos e trabalho noturno,
 jornada prolongada.

• Riscos à saúde

Trabalho físico pesado, posturas incorretas e posições incômodas: provocam


cansaço, dores musculares e fraqueza, além de doenças como hipertensão arterial,
diabetes, úlceras, moléstias nervosas, alterações no sono, acidentes, problemas de
coluna, etc.

Ritmo excessivo, monotonia, trabalha em turnos, jornada prolongada, conflitos,


excesso de responsabilidade: provoca desconforto, cansaço, ansiedade, doenças no
aparelho digestivo (gastrite, úlcera), dores musculares, fraqueza, alterações no sono e

50
na vida social (com reflexos na saúde e no comportamento), hipertensão arterial,
taquicardia, cardiopatias (angina, infarto), tenossinovite, diabetes, asmas, doenças
nervosas, tensão, medo, ansiedade.

GRUPO V - AGENTES DE ACIDENTES (MECÂNICOS)

São arranjos físicos inadequados ou deficientes, máquinas e equipamentos,


ferramentas defeituosas, inadequadas ou inexistentes, eletricidade, sinalização, perigo
de incêndio ou explosão, transporte de materiais, edificações, armazenamento
inadequado, etc.

Essas deficiências podem abranger um ou mais dos seguintes aspectos:

 arranjo físico;
 edificações;
 sinalizações;
 instalações elétricas;
 máquinas e equipamentos sem proteção;
 equipamento de proteção contra incêndio;
 ferramentas defeituosas ou inadequadas;
 EPI inadequado;
 armazenamento e transporte de materiais;
 iluminação deficiente.

• Riscos à saúde

Arranjo físico: quando inadequado ou deficiente, pode causar acidentes e desgaste


físico excessivo nos servidores.

Máquinas sem proteção: podem provocar acidentes graves.

Instalações elétricas deficientes: trazem riscos de curto circuito, choque elétrico,


incêndio, queimaduras, acidentes fatais.

Matéria prima sem especificação e inadequada: acidentes, doenças profissionais,


queda da qualidade de produção.

Ferramentas defeituosas ou inadequadas: acidentes, com repercussão


principalmente nos membros superiores.

Falta de EPI ou EPI inadequado ao risco: acidentes, doenças profissionais.

Transporte de materiais, peças, equipamentos sem as devidas precauções:


acidentes.

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Edificações com defeitos de construção a exemplo de piso com desníveis, escadas
com ausência de saídas de emergência, mezaninos sem proteção, passagens sem a
altura necessária: quedas, acidentes.

Falta de sinalização das saídas de emergência, da localização de escadas e rotas de


fuga, alarmes, de incêndios: falha no atendimento as emergências, acidentes.

Armazenamento e manipulação inadequados de inflamáveis e gases, curto circuito,


sobrecargas de redes elétricas: incêndios, explosões.

Armazenamento e transporte de materiais: a obstrução de áreas traz riscos de


acidentes, de quedas, de incêndio, de explosão etc.

Equipamento de proteção contra incêndios: quando deficiente ou insuficiente, traz


efetivos riscos de incêndios.

Sinalização deficiente: falta de uma política de prevenção de acidentes, não


identificação de equipamentos que oferecem risco, não delimitação de áreas,
informações de segurança insuficientes etc.

COMO ELABORAR?

Após o estudo dos tipos de risco, deve se dividir o órgão em setores ou pavimentos;
geralmente isso corresponde às diferentes seções do órgão. Essa divisão facilitará
a identificação dos riscos de acidentes de trabalho. Em seguida o grupo deverá
percorrer as áreas a serem mapeadas com lápis e papel na mão, ouvindo as pessoas
acerca de situações de riscos de acidentes de trabalho. Sobre esse assunto, é
importante perguntar aos servidores o que incomoda e quanto incomoda, pois isso
será importante para se fazer o mapa. Também é preciso marcar os locais dos
riscos informados em cada área.
Nesse momento, não se deve ter a preocupação de classificar os riscos. O
importante é anotar o que existe e marcar o lugar certo. 0 grau e o tipo de risco serão
identificados depois.

AVALIAÇÃO DOS RISCOS PARA A ELABORAÇÃO DO MAPA

Com as informações anotadas, a CIPA deve fazer uma reunião para examinar
cada risco identificado na visita ao órgão. Nesta fase, faz-se a classificação dos perigos
existentes conforme o tipo de agente, de acordo com a Tabela de Riscos Ambientais.
Também se determina o grau ("tamanho"): pequeno, médio ou grande.

COLOCAÇÃO DOS CÍRCULOS NA PLANTA OU CROQUI

Depois disso é que se começa a colocar os círculos na planta ou croqui para


representar os riscos. Os riscos são caracterizados graficamente por cores e círculos.

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O tamanho do círculo representa o grau do risco. E a cor do círculo representa otipo
de risco.

• VERDEFísicos
• VERMELHO Químicos
• MARROMBiológicos
• AMARELOErgonômicos
• AZULDe Acidentes

RESULTADOS E LOCALIZAÇÃO DO MAPA DE RISCOS

Caso se constate a necessidade de orientações ou recomendações nos locais


de trabalho, as mesmas devem constar no Mapa de Riscos, através de negociação
com os membros da CIPA e do SESMT.
O Mapa de Riscos deve ficar em local visível para alertar as pessoas que ali
trabalham, sobre os riscos de acidentes em cada ponto marcado com os círculos.
O objetivo final do mapa é conscientizar sobre os riscos e contribuir para eliminá-
los, reduzi-los ou controlá-los.
Graficamente, isso significa a eliminação ou diminuição do tamanho / quantidade
dos círculos. Também podem ser acrescentados novos círculos, por exemplo quando se
começa um novo processo, se constrói uma nova seção na empresa ou se descobre
perigos que não foram encontrados quando se fez o primeiro mapa.
O mapa, portanto, é dinâmico. Os círculos mudam de tamanho, desaparecem
ou surgem. Ele deve ser revisado quando houver modificações importantes que
alterem a representação gráfica (círculos) ou no mínimo de ano em ano, a cada nova
gestão da CIPA.

O AGENTE MAPEADOR

O agente mapeador é uma pessoa capacitada para elaborar o Mapeamento dos


Riscos Ambientais. São características necessárias do mapeador:

- observação;
- percepção;
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- criatividade;
- visão global;
- objetividade, poder de síntese;
- capacidade de comunicação;
- educação / discrição;
- bom senso;
- capacidade de organização;
- receptividade à segurança;
- persistência / agente de mudança;
- simpatia.

CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS

Para sua ação, o mapeador deve possuir conhecimentos básicos sobre o órgão, a
CIPA, o SESMT (Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho),
segurança patrimonial, bem como sobre aspectos legais do acidente do trabalho.

O ÓRGÃO

O mapeador deve conhecer como funcionam os diversos setores do órgão em que


trabalha (produção, administração, suprimentos etc.), bem como:

- o histórico da organização;
- sua política de ação (geral);
- a organização do trabalho;
- as normas e procedimentos;
- as instalações prediais; - o organograma administrativo;
- receptividade à segurança;
- persistência;
- simpatia.

CIPA, SESMT e SEGURANPA PATRIMONIAL

O mapeador deve conhecer os membros que compõem a CIPA, SESMT; deve


também conhecerelementos básicos de segurança patrimonial, como o bombeiro
(Brigada de Incêndios) e a vigilância.

ASPECTOS LEGAIS DO ACIDENTE DO TRABALHO

O agente mapeador deve ter noção de responsabilidade civil e criminal nos


acidentes do trabalho, de acordo com a legislação.

APOIO TÉCNICO

Cabe ao mapeador, ainda, solicitar apoio de outros profissionais para conhecer


melhor as atividades desenvolvidas nos diversos setores dos órgãos, tais como:

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- centro de processamento de dados;
- departamento jurídico;
- departamento de recursos humanos (com suas áreas de assistência social,
psicologia do trabalhador, setor de pessoal, seleção e recrutamento);
- projeto e desenvolvimento de produtos etc..

ETAPAS DO MAPEAMENTO

São as seguintes as fases do trabalho do agente:

- levantamento dos riscos;


- elaboração do Mapa;
- análise dos riscos;
- elaboração do relatório;
- apresentação do trabalho;
- implantação e acompanhamento;
- avaliação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TAVARES, Cláudia R. G. Curso Técnico Em Segurança Do Trabalho, Introdução à


Segurança do Trabalho.

GONDIM, Priscylla C.A.Curso Técnico Em Segurança Do Trabalho, Segurança do


Trabalho.

COSTA, Anjelo; MARIZ, Francisco. Segurança do trabalho: defenda essa causa. Natal:
ETFRN, 1989.

MIRANDA, Carlos Roberto. Introdução à saúde no trabalho. São Paulo: Ed.


Atheneu, 1998.

NOGUEIRA, Diogo Pupo. Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho:


histórico. In: FUNDACENTRO. Curso de engenharia do trabalho. São Paulo:
FUNDACENTRO, 1979. v 1.

SAAD, Eduardo Gabriel (Org.). Introdução à segurança do trabalho: textos básicos para
estudantes de engenharia. São Paulo: FUNDACENTRO, 1981.

GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho. São Paulo:


LTr, 2008.

MANUAIS de Legislação: atlas: segurança e medicina do trabalho. São Paulo: Editora


Atlas, 1999.

ARAÚJO, Giovanni Morais. Legislação de Segurança e Saúde Ocupacional. Rio


de Janeiro: GVC, 2008. 2 ed.

TORREIRA, Raúl Peragallo. Manual de segurança industrial. São Paulo: Margus, 1999.

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