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SITIO DÚ BASTIÃO

SEGUNDA-FEIRA, 16 DE JUNHO DE 2008


VEIM ATRAISI
RECEITA "DI MOI DI REPOI NU AI I ÓI"
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Postado por MOACIR SERTANEJO às 21:09 0 comentários
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São Pedro (1)
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PUISIA MATUTA

(Anônimo)
MEU ARQUIVO
"Ah!... dispois de tântu amô,
di tântu bêju gostôsu, ▼ 2008 (14)
di tântu chêru cherôsu, ► Dezembro (1)
nóis briguemu... ▼ Junho (13)
RECEITA "DI MOI DI REPOI NU AI I
Foi uma briga fatár
ÓI"
Ela disse: - Acabô
Eu disse: - Isso mermo. PUISIA MATUTA, MATUTA MESSS...
acabô-si tudu! VIVA SÃO PEDRO - 29 DE JUNHO
I nóis fiquêmo mudo,
sem vontádi di falá, VIVA SÃO JOÃO - 24 DE JUNHO
i, na hora da partida, VIVA SANTO ANTONIO - 13 DE
nem siqué si oiêmo, JUNHO
i nus xinguêmo,
JUNHO, MÊS DE "FESTA JUNINA"
cumu si podi xingá:
Aba de caruru!!! CULINARIA - CHOCONHAQUE
Mandinga de sapo seco!!! CULINARIA - QUENTÃO CAIPIRA
Eu dissi:
UM "CAUSO" DI FUTIBOR DI ROÇA
- Ôcê vai pru Norti
i eu pru Sur. DICIONÁRIO CAIPIRA - PEQUENO,
PORÉM ÚTIL...
Nunca mais queru ti vê, AS "FRASI" MAIS FALADA PELO
nem notíça queru tê, CAIPIRA.
ieu juro pur Deus,
nunca mais queru ti vê, DIVIRTA-SE COM PIADAS
CAIPIRAS...
nem pintada di carvão,
du fundu du quintar... CAIPIRA, A VERDADEIRA MÚSICA
DE RAIZ
Onti nóis si incontrêmo,
ninguém tentô disfarçá...
Parti pra riba dela,
Chêiu di fogo nu oiá,
i ela mim deu um arrocho
qui, si ieu fosse um cabra froxo,
tava aqui em dois pedaçu...

I aí, foi tantu bêju gostôsu,


qui nóis alembrêmo...
Cumu u Brasir é piquênu
num dá pra nus separá!

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Postado por MOACIR SERTANEJO às 19:57 0 comentários

QUINTA-FEIRA, 5 DE JUNHO DE 2008

VIVA SÃO PEDRO - 29 DE JUNHO

São Pedro - 29 de junho


O guardião das portas do céu é
também considerado o protetor das
viúvas e dos pescadores. São Pedro
foi um dos doze apóstolos e o dia 29
de junho foi dedicado a ele. Como o
dia 29 também marca o
encerramento das comemorações
juninas, é nesse dia que há o roubo
do mastro de São João, que só será
devolvido no final de semana mais
próximo. Mas como as
comemorações juninas perduram
alguns dias, as pessoas dizem que
no dia de São Pedro já estão muito
cansadas e não têm resistência para
grandes folias, sendo os fogos e o
pau-de-sebo as principais atrações
da festa.
A fogueira de São Pedro tem forma triangular. Como São Pedro é
cultuado como protetor das viúvas, são elas que organizam a festa
desse dia, juntamente com os pescadores, que também fazem a sua
homenagem a São Pedro realizando procissões marítimas.No dia 29
de junho todo homem que tiver Pedro ligado ao seu nome desse
acender fogueiras nas portas de suas casas e, se alguém amarrar
uma fita em uma pessoa de nome Pedro, este se vê na obrigação de
dar um presente ou pagar uma bebida à pessoa que o amarrou.
Quadrilha
O pesquisador Mário de Andrade a define como "dança de salão,
aos pares, de origem francesa, e que no Brasil passou a ser
dançada também ao ar livre, nas festas do mês de junho, em louvor
a São João, Santo Antônio e São Pedro. Os participantes obedecem
às marcas ditadas por um organizador de dança. O acompanhante
tradicional das quadrilhas é a sanfona" .
Créditos para: Fabíola Cassab

Postado por MOACIR SERTANEJO às 21:25 0 comentários


Marcadores: Festa Junina, Pedro, quentão, S. PEDRO, São Pedro

VIVA SÃO JOÃO - 24 DE JUNHO

São João - 24 de junho


Assim surgiu a Festa de São
João Dizem que Santa Isabel
era muito amiga de Nossa
Senhora e, por isso,
costumavam visitar-se. Uma
tarde, Santa Isabel foi à casa de
Nossa Senhora e aproveitou
para contar-lhe que, dentro de
algum tempo, iria nascer seu
filho, que se chamaria João
Batista. Nossa Senhora, então,
perguntou-lhe:- Como poderei
saber do nascimento do
garoto?- Acenderei uma
fogueira bem grande; assim
você de longe poderá vê-la e
saberá que Joãozinho nasceu.
Mandarei, também, erguer um
mastro, com uma boneca sobre
ele. Santa Isabel cumpriu a
promessa. Um dia, Nossa
Senhora viu, ao longe, uma fumacinha e depois umas chamas bem
vermelhas. Dirigiu-se para a casa de Isabel e encontrou o menino
João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes
da religião católica. Isso se deu no dia vinte e quatro de
junho.Começou, assim, a ser festejado São João com mastro, e
fogueira e outras coisas bonitas como: foguetes, balões, danças,
etc… E, por falar nisso, também gostaria de contar porque existem
essas bombas para alegrar os festejos de São João.

Pois bem, antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava
muito triste, porque não tinha um filhinho para brincar. Certa vez,
apareceu-lhe um anjo de asas coloridas, todo iluminado por uma luz
misteriosa e anunciou que Zacarias ia ser pai. A sua alegria foi tão
grande que Zacarias perdeu a voz, emudeceu até o filho nascer. No
dia do nascimento, mostraram-lhe o menino e perguntaram como
desejava que se chamasse. Zacarias fez grande esforço e, por fim,
conseguiu dizer:- João! Desse instante em diante, Zacarias voltou a
falar. Todos ficaram alegres e foi um barulhão enorme. Eram vivas
para todos os lados. Lá estava o velho Zacarias, olhando,
orgulhoso, o filhinho lindo que tinha… Foi então que inventaram as
bombinhas de fazer barulho, tão apreciadas pelas crianças, durante
os festejos juninos.
Créditos para: Fabíola Cassab
Postado por MOACIR SERTANEJO às 20:59 0 comentários
Marcadores: CAIPIRA, Festa Junina, João, Junho, São João

VIVA SANTO ANTONIO - 13 DE JUNHO


Santo Antônio - 13 de junho
Entre os santos que mais são
comemorados durante as
festas juninas, Santo Antônio
é com certeza o que mais
possui devotos espalhados
pelo Brasil e também por
Portugal.
Esse santo, que normalmente
é representado carregando o
menino Jesus em seus
braços, ficou realmente
conhecido
como "casamenteiro"e é
sempre o mais invocado para
auxiliar moças solteiras a
encontrarem seus noivos.Em
vários lugares do Brasil, há
moças que chegam a realizar
verdadeiras maldades com a
imagem de Santo Antônio a
fim de agilizarem seus
pedidos.
Não são raras as jovens que
colocam a imagem do santo
de cabeça para baixo e dizem
que só o colocam novamente na posição correta se lhes arrumar
um namorado. Também separam-no do menino Jesus e prometem
devolvê-lo depois de alcançarem o pedido. Na madrugada do dia 13
são realizadas diversas simpatias com este intuito. Mas não é só o
título de casamenteiro que Santo Antônio carrega. Ele também é
conhecido por ajudar as pessoas a encontrarem objetos
perdidos.Padre Vieira, um jesuíta, definiu assim Santo Antônio em
um sermão que realizou no Maranhão em 1663:"Se vos adoece o
filho, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo Antônio; se
perdeis a menor miudez de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez, se
quereis os bens alheios, Santo Antônio", disse Padre Vieira.Na
tradição brasileira, o devoto de Santo Antônio gosta de ter sua
imagem pequena para poder carregá-la. Por esse e tantos outros
motivos que ele é considerado o "santo do milagres".Ainda com a
tradição que são realizadas duas espécies de reza e festa em
homenagem a Santo Antônio. A primeira delas, chamada "os
responsos, é realizada quando o santo é invocado para achar
coisas perdidas e a segunda, designada "trezena", é a cerimônia
dedicada ao santo do dia 1 ao dia 13 de junho, com cânticos, fogos,
comes e bebes e uma fogueira com o formato de um
quadrado.Ainda há um outro costume que é muito praticado pela
Igreja e pelos fiéis. Todo o dia 13 de junho, as igrejas distribuem
aos pobres e afortunados os famosos pãezinhos de Santo Antônio.
A tradição diz que o pãezinhos deve ser guardado dentro de uma
lata de mantimento, para a garantia de que não faltará comida
durante todo o ano.
de junhoOutro santo muito comemorado no mês de junho é São
João. Esse santo é o responsável pelo título de "santo festeiro", por
isso, no dia 24 de junho, dia do seu nascimento, as festas são
recheadas de muita dança, em especial o forró.
No Nordeste do País, existem muitas festas em homenagem a São
João, que também é conhecido como protetor dos casados e
enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de
garganta.Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao
nascimento de São João, como a fogueira, o mastro, os fogos, a
capelinha, a palha e o manjericão.Existe uma lenda que diz que os
fogos de artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A
tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse
acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem,
não resistiria e desceria à terra.As fogueiras dedicadas a esse santo
têm forma de uma pirâmide com a base arredondada.O
levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera
do dia 24.

O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e


lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo
com a imagem dos três santos, São João, Santo Antônio e São
Pedro; ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João do
carneirinho. A bandeira é colocada no topo do mastro.O
responsável pelo mastro, que é chamado de "capitão" deve,
juntamente com o "alferes da bandeira", responsável pela mesma,
sair da véspera do dia em direção ao local onde será levantado o
mastro.Contra a tradição que a bandeira deve ser colocada por uma
criança que lembre as feições do santo.O levantamento é
acompanhado pelos devotos e por um padre que realiza as orações
e benze o mastro.Uma outra tradição muito comum é a lavagem do
santo, que é feita por seu padrinho, pessoa que está pagando por
alguma graça alcançada.A lavagem geralmente é feita à meia-noite
da véspera do dia 24 em um rio, riacho, lagoa ou córrego. O
padrinho recebe da madrinha a imagem do santo e lava-o com uma
cuia, caneca ou concha. Depois da lavagem , o padrinho entrega a
imagem à madrinha que a seca com uma toalha de linho.Durante a
lavagem é comum lavar os pés, rosto e mãos dos santos com o
intuito de proteção, porém, diz a tradição que se alguma pessoa
olhar a imagem de São João refletida na água iluminada pelas velas
da procissão, não estará vivo para a procissão do ano seguinte.
Créditos para: Fabíola Cassab
Postado por MOACIR SERTANEJO às 20:47 0 comentários
Marcadores: Arraia, batata doce, Casamenteiro, Festa Junina, Fogueira, Pipoca, Santo
Antonio

JUNHO, MÊS DE "FESTA JUNINA"

A origem da festa "Junina no Brasil" e suas influências

Junho é o mês de São João, Santo Antônio e São Pedro. Por isso, as festas
que acontecem em todo o mês de junho são chamadas de "Festa Joanina",
especialmente em homenagem a São João. O nome joanina teve origem,
segundo alguns historiadores, nos países europeus católicos no século IV.
Quando chegou ao Brasil foi modificado para junina. Trazida pelos
portugueses, logo foi incorporada aos costumes dos povos indígenas e
negros. A influência brasileira na tradição da festa pode ser percebida na
alimentação, quando foram introduzidos o aipim (mandioca), milho,
jenipapo, o leite de coco e também nos costumes, como o forró, o boi-
bumbá, a quadrilha e o tambor-de-crioula. Mas não foi somente a influência
brasileira que permaneceu nas comemorações juninas. Os franceses, por
exemplo, acrescentaram à quadrilha, passos e marcações inspirados na
dança da nobreza européia.
Já os fogos de artifício, que tanto embelezam a festa, foram trazidos pelos
chineses. A dança-de-fitas, bastante comum no sul do Brasil, é originária de
Portugal e da Espanha. Para os católicos, a fogueira, que é maior símbolo
das comemorações juninas, tem suas raízes em um trato feito pelas primas
Isabel e Maria. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e
assim ter seu auxílio após o parto, Isabel acendeu uma fogueira sobre o
monte. No Nordeste do país, existe uma tradição que manda que os festeiros
visitem em grupos todas as casas onde sejam bem-vindos levando alegria.
Os donos das casas, em contrapartida, mantêm uma mesa farta de bebidas e
comidas típicas para servir os grupos. Os festeiros acreditam que o costume
é uma maneira de integrar as pessoas da cidade. Essa tradição tem sido
substituída por uma grande festa que reúne toda a comunidade em volta dos
palcos onde prevalecem os estilos tradicionais e mecânicos do forró.

Créditos para : Fabíola Cassab

Postado por MOACIR SERTANEJO às 20:10 0 comentários

CULINARIA - CHOCONHAQUE

CHOCONHAQ
UE
Ingredientes:
500 g de açúcar cristal
100 g de cravo
1 litro de leite bem quente
4 colheres (de sopa)
cheias de chocolate em pó
Meio copo (americano) de
conhaque ou 1 copo
(americano) de vinho
tinto doce.

Modo de preparo:

Em fogo alto, misturar


o cravo e o açúcar. Com o açúcar dourado, pôr o leite e o chocolate
em pó. Mexer até obter uma mistura homogênea. Acrescentar o
conhaque ou o vinho. Misturar bem. Servir quente.

Créditos para esta receita: Maria da Conceição Ferreira,


de Itabirito: Contato (31) 3561-6628
Postado por MOACIR SERTANEJO às 19:53 0 comentários

CULINARIA - QUENTÃO CAIPIRA


QUENTÃO
CAIPIRA
Ingredientes:
- 1 pedaço de gengibre
pequeno
- 1½ xícara (chá) de
açúcar
- Canela em pau a gosto
- 4 cravos
- 2 colheres (sopa) de
mel
- Suco de 2 limões
- 1 litro de pinga

Modo de preparo:
Raspe e pique o gengibre em pedaços pequenos, coloque numa panela grande,
junte 2 litros de água, o açúcar, a canela, os cravos, o mel e o suco de limão.
Deixe ferver por 15 minutos em fogo alto. Retire e coe a mistura. Volte a calda
parara a panela junto com a canela e despeje a pinga. Deixe ferver por mais 5
minutos. Sirva em seguida, mantendo o quentão sempre em local aquecido e
em recipiente tampado. Se preferir um quentão mais fraco, reduza a quantidade
de pinga.
Créditos para esta receita: VIOLA CAIPIRA (site)

Postado por MOACIR SERTANEJO às 19:30 0 comentários

UM "CAUSO" DI FUTIBOR DI ROÇA


Uma casião nóis foi jogá um jogo ficiar lá na serra, chegano lá a coisa
garrô, deus di u cumeço, a num dá certo.
Puis, num é Qui tinha lá um fulano querenu de toda lei jogá.
Puis é! U timi tudu iscalado i u intruiz quereno intrá nu campo.
E o danado diz que era centararfo, mais gostava memo é de jogá de arfo
esquerdo.
Vai di hora eis num dêxa.
Prá quê! É baxo! U homi virô um lião.
U homi ficô brabu divera.
Catô a garrucha i sento um tiro na bola!.
Aí fiquemo sem modo jogá.
Peleja daqui, pricura dalí... fumo arrumá uma bola no São Pedo, assim
memo paguemu luguer.
Começô u jogo... vira mexe, nóis tinha que buscá a bola nu corgu, di
tanto Qui eis dava chutão.
Eu cumo era ispertu, garrava prosiá cu golero deis i dexava eli
disprivinido.
Ansinzinhu que a bola vinha, eu cascava um coice na bicha i marcava o
gôrru.
Eis intão ficava morreno di reiva!
Vai di hora, um dêis, vêiu nimim, mó di pegá a bola.
Veiu, mais Veiu cus dois pé na artura do meu peitú, antão foi quandú eu
saí fora i carquei u cutuvelu na viria dêli.
Eli sí rodopiô nu á e fucinhô nu chão.
Quá! U juize quando viu ele fucinhano nu chão e eu cá bola, inté gostô,
soprô o apito e escramô:

-Levanta marmanjo, fou jogada normá.

Eu achi que o juize num gostava dei!


No finar, ganhemú i levemú u prêmiu Qui era uma leitôa e um garrafão
de pinga de alambique e uma Quarta de fubá.
Dispois dêssi jogo de futibor, eu fiz até uma moda Qui proceis vô cantá:

Saracura é bichu dágua,


gavião du á,
u capeta num si sarva,
modi num sabê rezá;

Idi vera, justamenti tali quá,


ediceta pontú e virga,
reticença coisa e tá;

Nú leru leru,
eu tamem queru lerá,
vô falá no adjetivo,
e nu adverbiá."
Postado por MOACIR SERTANEJO às 19:10 0 comentários

DICIONÁRIO CAIPIRA - PEQUENO, PORÉM


ÚTIL...

A
Abancar-se: sentar-se
Abênça: benção
Abestalhado: tolo, abobalhado.
Acavalado: disforme, grandalhão, avantajado
Acochar: rosquear
Aguacero: bastante água. (ex: “Não deu prá ir lá, tava o maior
--aguacero na estrada.”)
Amancebado: amigado, juntado
Antisdonte: antes de ontem
Aprontar: fazer sexo (ex: “Creuzodete embuchou porque
--aprontô com o noivo”)
Arreda: parecido com “sair” (ex: “Arreda prá lá, sô!”)
Atarracado: pequeno
Até na orêia: repleto, cheio, demais

B
Badacama: em baixo da cama
Bafafá: bate-boca.
Baita: grande, bonito
Balofo: gorducho.
Banzé: briga, encrenca
Bardeá: carregar
Batê perna: sair, passear
Belzonti: capital de Minas Gerais
Berrano: gritando
Bicha: lombriga
Bom dimás: muito bom
Bucho: barriga
Buquira: Monteiro Lobato

C
Cadeque: por que?
Campeá: procurar
Carcar: colocar alguma coisa a força
Carecer: precisar
Carniça: pessoa chata
Carpi: capinar
Casopô: caixa de isopor
Catá no pulo: apanhar no flagrante
Catiça: mau olhado, azar
Catombo: calombo, caroço
Caudisquê: por causa de quê
Chamego: namoro
Chique no urtimo: elegante, bem vestido
Chispá daqui: ir embora
Chorá Pitanga: lamuriar-se
Chuçar: cutucar
Coió: bobo
Confórfô eu vô: conforme for, eu vou
Cosca: cócega

D
Dendapia: dentro da pia
Denduforno: dentro do forno
Descochar: desrosquear
Desembestiá: desgovernar-se, sair correndo
Desenxavido: sem graça, feio, velho, desajeitado
Desmilinguido: deteriorado, mau aspecto
Deu: de mim (ex :larga deu, sô !)
Diação: judiação
Dó: pena, compaixão (ex: Ai qui dó, gentch...!!!)
Dôdestombago - dor de estômago
Doidimais: doido demais
Donconvim: de onde que eu vim?

E
Embadapia: debaixo da pia
Embuchar: engravidar
Emburrar: fazer coisa de burro.
Émezzz: é mesmo?
Empacota: morrer
Emperiquitado: enfeitado.
Emprenhar: engravidar
Encher lingüiça: enrrolar
Enxotá: mandar embora
Esgueio: de lado, de raspão
Espia: ver
Espinhela caída: dor, problema na coluna
Estaçã:estação

F
Festa: participar de festa
Fidumaégua: diz-se ao caboclo que não se comporta bem
Finiquito: tremeliques
Fiote de cruiz credo: muito feio
Forfé: confusão
Fuçar: vasculhar
Futricar: fazer fofoca
Fuzarca: folia

G
Gaiato: engraçado
Gandaia: depravação
Garro: pegou, começou, realizou

I
Impreita: contrato de uma obra
Impricar: cisma
Incuado: resistente
Inhaca: mau cheiro
Inté: até
Intorná: derramar
Iscândelo: escândalo
Iscodidente: escova de dentes

J
Jabiraca: mulher valente
Jacá: cesto de palha ou taquara
Jizdifora: Juiz de Fora
Jururu: triste, quieto

K
Kidicarne: quilo de carne, quinze kidicarne = uma @
Kinem: igual

L
Lambuja: vantagem
Leva-e-traz: fofoqueiro
Levo os corno – complicou tudo
Lida: trabalho
Lidileite: Litro de leite
Lograr: mentir
Lonjura: distancia
Lundum: mau cheiro

M
Magrélin: muito magro
Malemá: mais ou menos
Manjado: muito conhecido
Mastumate: massa de tomate
Messs: mesmo
Micage: fazer imitação de alguém
Minerin: habitante das Minas Gerais
Moafo: coisa velha
Mondé: armadilha para pegar preá, peba e tatu.

N
Negócin: qualquer coisa que o mineiro acha pequeno
Némêss: não é mesmo
Nimim: o mesmo que “em mim”
Nossinhora: Nossa Senhora
Num émemo: não é mesmo
Num: não

O
Obrar – defecar
Óiaí: olha aí
Óiaqui: chamar a atenção para alguma coisa
Óiprocesvê: olha para vocês verem!
Oncotô: onde que eu estou?
Onquié: onde que é?
Óprocevê: olha pra você ver!
Oreia: pessoa burra
Ostrudia: outro dia

P
Pão di queijo: cumida fundamentar na mezz mineira
Paraiso: Paraisópolis
Parêa: comparar
Parelha: par de cavalos ou mulas
Parrudo: forte
Penico: urinol
Pereba: pequena ferida
Perrengue: deteriorado
Picá mula: fugir
Picica: azar
Pincumel: pinga com
Pindaíba: sem dinheiro
Pingaiada: bêbado
Pito: cachimbo
Pondiôns: ponto de ônibus
Ponhá reparo: reparar
Ponhar: colocar
Pópôpó: mineirinha ajudando ao marido fazer café
Pópôpoquin: resposta afirmativa do marido
Por essa luz que me lomea: dizer que está falando sério
Posar: passar a noite
Prestenção: quando eu tô falano mais cê num tá ouvino
Procêis: para vocês
Proseá: conversar

Q
Quá!: expressão de espanto, indignação
Quainahora: quase na hora
Que, que esse? – o que é isso
Quebranto: doença de menino
Qui belezura: quando gostou de alguma coisa
Quin: denominação carinhosa de Joaquim
Quiném: advérbio de comparação, igual
Quizila: aversão

R
Rapelô: levou tudo, ganhou tudo
Refestela: sorrir, rir
Regatear: pechinchar
Reinar: bagunçar
Relar: encostar
Remedar: imitar com a voz
Ridico: pão-duro
RidiJanero: Rio de Janeiro

S
Sacudido: pessoa ativa ou de porte
Santana: Sapucaí Mirim
Sapassado: sábado passado
Sapeá: intrometer-se
Sapecado: bêbado
Saracoteá: provocar
Sartei de banda: tô fora, não concordo, não quero mais
Secetembro: dia da independência do Brasil
Sô: fim de quarqué frase
Songamonga: bobalhona
Sono picado: dormir mal
Sucedeu: aconteceu
SumPaulo: São Paulo
Sustança: força, vigor
T
Tá de chico: está menstruada
Tá té no chifre: embriagado, bêbado
Tapado: sujeito grosso, idiota
Tarbaté: Taubaté
Tidiguerra: tiro-de-guerra
Tirisdaí: tira isso dai
Tradaporta: atrás da porta
Trem: qualquer coisa (ex: Lavô us trem? Comi uns trem. Vamo tomar
uns trem?)
Tresnoite: noite mal dormida.
Trosso: é quiném Trem
Tutu: Mistura de farín di mandioca cum feijão massadím e uns temperin
lá da horta.
Bão dimais da conta !

U
Uai: "Uai é uai,...uai !"
Urucubaca: azar, mal olhado

V
Varge: pé de morro
Varginha: terra dus ET
Veneta: impulso repentino
Vento encanado: corrente de ar
Vidiperfume: vidro de perfume

Z
zambeta: trôpego
Zôio: olho
Zonzo: atordoado
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Postado por MOACIR SERTANEJO às 18:23 0 comentários

AS "FRASI" MAIS FALADA PELO CAIPIRA.


"Cê falô, uai...."
"Só o pó'
"Num tem procê não"
"Quero caí dura e seca pra traiz'
"Bestera poca é bobage"
"Drumino na nota"
"Gostei, Gostei"
"Me aguarde..."
"Boa, Boa..."
"É baxo"
"Quá..."
"Tá no sar"
"Num é bem assim..."
"Tá, Tá, Tá, Tá...."
"Sartei fora"
"Voooooorta"
"Queta moço!"
"Sigura pião"
"Arrupia cauboi"
"Caba não mundão"
"Ocê discompara"
"Passa a régua"
"Passa a mão na escova"
"Tô nessa"
"Tá cua nhaça"
"O trem mastigado de gato"
"Pião tem Qui ralá"
"Ô mãe larga sô"
"Vem ni mim muié!!!"
"Ó que largura ó"
"Jóóóóóóiiiaaaaa!"
"E a véia"
"Ah cê vai"
"A minha vingança será maligna"
"Mata o véio"
"Vamo tomá uma dúra"
"Manda vim a caidera"
"Mais o papo tá bão..."
"Ai, aiaiaiai "
"Só quem tá ca coisa é Qui sabe"
"Vô caí no gabirova"
"Vô muntá no porco"
"O Sô, tô apertado"
"O trem doido sô"
"Quem faiz o Qui qué, Guenta o Qui vié"
"Dibuia"
"Esse é eu"
"Nois sofre, mais nois goza"
"A vida é boa, mais nois que avacaia"
"O trem bão".
Postado por MOACIR SERTANEJO às 18:23 0 comentários

DIVIRTA-SE COM PIADAS CAIPIRAS...


O GALO VELHO

O caipira resolve trocar o seu galo por outro


que desse conta das inúmeras galinhas. Ao chegar o
novo galo e, percebendo que perderia suas funções, o
velho galo foi conversar com seu substituto:

- Olha, sei que já estou velho e é por isso que meu


dono o trouxe aqui, mas será que você poderia deixar
pelo menos duas galinhas para mim?

- Que é isso, velhote?! Vou ficar com todas.

- Mas só duas... Ainda insistiu o galo.

- Não. Já disse! São todas minhas!

- Então vamos fazer o seguinte: Propõe o galo velho. -


Apostamos uma corrida em volta do galinheiro. Se eu
ganhar, fico com pelo menos duas galinhas. Se eu
perder, são todas suas.

O galo jovem mede o galo velho de cima abaixo e


pensa que certamente ele não será capaz de vencê-lo:

- Tudo bem, velhote, eu aceito.

- Já que realmente minhas chances são poucas, deixe-me


ficar a vinte passos a frente - Pediu o galo velho.

O mais jovem pensou por uns instantes e aceitou as


condições do galo velho.

Iniciada a corrida, o galo jovem dispara para


alcançar o outro galo. O galo velho faz um esforço
danado para manter a vantagem, mas rapidamente
está sendo alcançado pelo mais jovem.

No momento em que o mais velho ia ser alcançado


pelo mais novo, o caipira pega sua espingarda e
atira sem piedade no galo jovem. Guardando a arma,
comenta com a mulher:

- Num tô intendendo, uai! É o quinto galo viado que


a gente compra esta semana.
------------------------------------------------------------------------------------------

BRIGA DE GALO

O caipira ganhava todas as apostas das brigas de galos daquele vilarejo,


quando um sujeito da cidade, cansado de perder, chega para ele e
pergunta:

- Meu amigo, vejo que o senhor é um grande entendido em brigas de


galos.

- É... - responde timidamente o caipira.

- Pois eu já perdi quase todo meu dinheiro e não acertei uma aposta. O
senhor pode me ajudar a dizer qual é o galo bom da próxima luta?

- O bom é o galo branco - responde o caipira.

O sujeito da cidade, rapidamente, aposta todo o resto do seu dinheiro no


galo. Quando acaba a luta, ao ver o galo branco derrotado, ele vai
novamente até o caipira:

- Você não me disse que o galo branco é que era o bom?

- Uai, o galo branco era bom... o preto é que era marvado!


--------------------------------------------------------------------------------------------------
-
TOMADA...

O caipira entra numa loja de material para construção e pede:


- Ei, moço... cê tem aí uma tomada?
- Você quer uma tomada macho ou fêmea? - pergunta o balconista.
- Sei não, seu moço! Eu queria uma tomada pra acender a luz e não pra
fazer criação!
--------------------------------------------------------------------------------------------------

CAIPIRAS NA CIDADE...

O casal de caipiras velhinhos resolve finalmente deixar o torrão natal


para visitar a capital.
Eles estão num shopping e assistem a um desfile de modas para
apresentação da coleção de maiôs e
biquines de uma grife. Vendo esse espetáculo, o marido fica com os
olhos literalmente arregalados.
A mulher passa-lhe um sermão:
- Ei Tião, parece inté que ocê nunca viu perna e peito de mulher antes!
O caipira responde:
- Sabe que eu tava pensando a mesma coisa, muié...
-------------------------------------------------------------------------------------------------
MELHORES E PIORES...

Dois caipiras estão conversando, quando um pergunta:


- Cê sabe me dizê quais são as melhor coisa do mundo?
- Boi na invernada, cerveja gelada e mulher pelada!
- E as trêis pior?
- Boi doente, cerveja quente e mulher da gente!
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Postado por MOACIR SERTANEJO às 18:05 0 comentários

CAIPIRA, A VERDADEIRA MÚSICA DE RAIZ

I - INTRODUÇÃO

Iniciaremos com algumas considerações de caráter geral, que permitirão


o entendimento do movimento musical do interior, como um todo.

O movimento rural é uma forma de manifestação cultural baseada em


usos e costumes populares e regionais, retratando a vida e o
pensamento da população do campo e/ou do interior do país. Tal
manifestação cultural não sofreu, em suas bases, influências outras que
não a dos habitantes da terra descoberta e de seu colonizador/povoador.
Assim, a música da terra, como toda manifestação artística, surgiu de
uma necessidade da sociedade rural de expressar através de canções,
suas venturas e desventuras, alegrias e tristezas, prazeres e dores.
Lógico que os temas estão vinculados à sua realidade de vida, seus
modos e costumes, bem como a seus princípios éticos, religiosos e
morais. Dentro desta ótica, podemos afirmar que suas raízes são
genuinamente nacionais e sua proximidade ao country americano se dá,
exatamente, por estas razões, pois lá como aqui, o movimento está
intimamente ligado a terra e a regionalismos, resultantes da caminhada
em direção ao interior, em busca de melhores condições de vida, e
porque não dizer, de riqueza. De qualquer forma, quem se aventurou,
em passado longínquo, pelas terras virgens do Brasil e por aqui se
estabeleceu, acabou sendo responsável pela formação de uma cultura
própria, típica e regional.

Quem soube, muito bem, retratar este modo de vida, associado à


natureza, foi o poeta Castro Alves. Daí, vale mais à pena transcrever o
poema do que continuar tentando explicar.

Castro Alves

Crepúsculo Sertanejo

A tarde morria! Nas águas barrentas


As sombras das margens deitavam-se longas;
Na esguia atalaia das árvores secas
Ouvia-se um triste chorar de arapongas.
A tarde morria! Dos ramos, das lascas,
Das pedras, do líquen, das heras, dos cardos,
As trevas rasteiras com o ventre por terra
Saíam, quais negros, cruéis leopardos.
A tarde morria! Mais funda nas águas
Lavava-se a galha do escuro ingazeiro...
Ao fresco arrepio dos ventos cortantes
Em músico estalo rangia o coqueiro.
Sussurro profundo! Marulho gigante!
Tal vez um silêncio!... Tal vez uma orquestra...
Da folha, do cálix, das asas, do inseto ...
Do átomo à estrêla... do verme - à floresta!...
As garças metiam o bico vermelho
Por baixo das asas - da brisa ao açoite;
E a terra na vaga de azul do infinito
Cobria a cabeça co'as penas da noite!
Somente por vezes, dos jungles das bordas
Dos golfos enormes daquela paragem,
Erguia a cabeça surpreso, inquieto,
Coberto de limos - um touro selvagem.
Então as marrecas, em torno boiando,
O vôo encurvavam medrosas, à toa...
E o tímido bando pedindo outras praias
Passava gritando por sobre a canoa!...

II - AS ORIGENS DA MÚSICA

Voltando no tempo, podemos deduzir, pelas informações históricas


registradas, que a música tenha surgido no meio rural, provavelmente
em época próxima ao ano 2000 AC, entre os chineses ou os hindus.
Independentemente disto, tudo indica que foram os egípcios que
elevaram a música ao status de "popular", difundindo-a entre o meio
rural, a partir de dedicações a deidades vinculadas às boas safras
agrícolas. Desta forma, a arte musical egípcia influenciou outras culturas,
responsáveis pelo processo de civilização mundial e, como o campo veio
antes da cidade, esta era uma música rural.

Coube aos gregos desenvolver o movimento de racionalização da arte


musical, criando, inclusive o termo mousike (de Musas, as 9 filhas de
Zeus, responsáveis pelas artes). Anteriormente, ao que parece e se tem
notícia, a música era transmitida de forma direta, sem registro específico.
Foi a partir da Grécia que se pôde construir a história da cultura
contemporânea. Através dos poetas ("aquele que faz"), que punham a
música a serviço das palavras, pode-se depreender que sua divulgação
tenha ganhado notoriedade pública. Da mesma forma, a conjugação da
música, poesia e dança tinham em comum um ponto: o ritmo (rhytmós -
movimento regrado e medido).

E assim foi-se passando a história, até que, às vésperas dos grandes


descobrimentos, a música já era uma manifestação cultural urbana,
posto que ao camponês (a quem cabia servir ao senhor, principalmente
em épocas de guerras), não era dado o conhecimento da existência de
uma harmonia musical acadêmica e de instrumentos musicais, poesia e
danças criadas entre as paredes dos palácios. Porém, no campo, as
danças típicas, a poesia, o teatro e a música (com sua forma exclusiva),
eram valores culturais difundidos, com utilização de instrumentos,
peculiaridades e escala próprias.

Como, a essa altura, já entramos no período histórico dos grandes...

III AS ORIGENS DA MÚSICA RURAL BRASILEIRA

O Brasil do descobrimento tinha, ao que se supunha, uma população


indígena de cerca de dois milhões de habitantes, com os quais teriam os
descobridores de se defrontar, no processo de povoação ou colonização
(discussão infindável). O certo é que, de uma ou de outra forma, a
exploração das riquezas da terra estava na mente dos descobridores,
visto que sua civilização vivia do comércio e, para tanto, a convivência
com os silvícolas se impunha. Até mesmo porque, para o
estabelecimento de uma economia de subsistência era necessário
envolvê-los e aos seus relativos conhecimentos de plantio. Assim, deste
relacionamento, surgiram técnicas comuns de formação de lavoura,
desenvolvimento de engenhos e fazendas, voltadas, além da
subsistência, para a exportação.

Na manifestação musical, apesar da influência do colonizador, marcou


presença a cultura indígena, através dos urucapés, guaús, parinaterans
e tocandiras, de origem guaicuru, xavante, guarani ou bororo. Segundo a
história, Anchieta, o Apóstolo do Brasil, teria se valido de uma dança
religiosa indígena, o caateretê, para tentar convertê-los ao cristianismo.
Teria, ainda, introduzido esta dança nas festas de Santa Cruz, Espírito
Santo, Conceição e Gonçalo, num hábito que até hoje persiste nos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso, Pará e Amazonas, sob a nomenclatura de catira, cujos
elementos rítmicos da viola, do sapateado e do palmeado, lhe foram
indexados ao longo dos anos. Sendo cantado em versos, o caateretê
propiciava o surgimento de cantores e trovadores populares.

Quando os portugueses e negros proporcionaram o surgimento de


outras manifestações musicais oriundas de suas próprias culturas, já
existiam por aqui gêneros resultantes do cruzamento cultural português-
índio. Os primeiros índios, com os quais os portugueses travaram
conhecimento foram os tupis, que se espalhavam, com suas oito famílias
e dezenas de línguas e dialetos, do Rio Grande do Sul ao seu homônimo
do Norte. Assim, desde o século XVI, os herdeiros deste tipo de
cruzamento étnico, mestiço de brancos e índias, apesar das
controvérsias, pode ser definido como caboclo (ou cabocolo, como se
dizia na época). E esta controvertida figura, descrita como indolente e
pouco relacionado com os colonos, ganhou esta pejorativa conceituação,
que não condiz com a realidade.

Já na segunda metade do século XIX, calcula-se que existissem no


Brasil menos de 150.000 índios puros, deduzindo-se que o restante, ou
foi exterminado pelo colonizador/povoador ou se hajam misturado ao
branco e ao negro, ensejando uma nova espécie humana culturalmente
distinta. Desta miscigenação surgiram grupos distintos, sendo que entre
os caboclos concentrados nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul,
inúmeros traços de semelhança física e cultural são notáveis,
generalizando o que se convencionou chamar de caipira, uma
denominação tipicamente paulista. Para muitos filólogos, caipira é
expressão de etimologia desconhecida, porém, segundo Silveira Bueno,
o vocábulo é resultado da contração das palavras tupis caa (mato) e pir
(que corta), resultando em "cortador de mato". Para Câmara Cascudo,
caipira é o "homem ou mulher que não mora na povoação, que não tem
instrução ou trato social, que não sabe vestir-se ou apresentar-se em
público". Inquestionavelmente, este é um tipo rural, caboclo, mas no
sentido pejorativo, depreciativo. Assim também se posicionou Monteiro
Lobato ao criar seu personagem Jeca Tatu. Como o que nos interessa
não são os estereótipos e sim a origem da música rural, achamos que
basta o que já foi dito, para situar o ilustre visitante deste site no
ambiente rural, fonte de nossa música de raiz.

Em muitas citações do século passado, sobre o interior do Brasil,


comentava-se sobre diversos tipos de festas musicais típicas, bem como
sobre manifestações musicais associadas aos condutores de boiadas ou
tropeiros. Essas cantigas e desafios, sempre em tom de alegria,
consistiam em interpelações de um boiadeiro para outro e eram uma
derivação de dois gêneros tipicamente portugueses. A cantiga (do latim
canticula – cançãozinha), remonta ao século XIII, com acompanhamento
de instrumento de cordas, chamado no século XVIII de "poesia cantada",
formada de redondilhas ou de versos menores que estas, dividida em
estrofes iguais, com andamento melancólico e concentrado. O desafio,
sempre representou em Portugal, um gênero musical baseado no canto
de improviso e alternativo, com outras pessoas provocando o desafiante,
até que se proclamasse o vencedor. Este tipo de arte, muito divulgado
entre nós, caindo no agrado popular, acabou se alastrando pelo país, de
norte a sul.

Já no século passado, muitos narradores testemunharam várias formas


de gêneros musicas oriundos do campo. Assim são as descrições sobre
as "vésperas de São Pedro", quando todos que possuíam um Pedro na
família se sentiam na obrigação de acender uma fogueira diante da porta
e soltar rojões, disparar pistolas, morteiros ou mosquetes. Tratava-se,
também, de uma manifestação adaptada da tradição portuguesa,
acompanhada de acordeona (harmônica – sanfona), viola (caipira, com
certeza) e machete (antecessor de nosso cavaquinho). À dança cantada
dava-se o nome de cururu (ou caruru), cujo acompanhamento
instrumental se fazia através de uma viola e de um pandeiro basco. Esta
manifestação ainda existe em alguns locais no interior de Mato Grosso,
Goiás e São Paulo e é uma espécie de desafio, com a diferença que o
provocador fica de fora, instigando os contendores ao litígio, até que saia
um vencedor. Vê-se, pois, que mesmo modificadas e adaptadas por
vezes às tradições indígenas ou caboclas, a influência portuguesa era
notável.

No início do século XX, a literatura sobre o Centro-Oeste, Sudeste e Sul


do país começa a mencionar danças como o recortado (derivado do
cateretê), o fandango (de origem ibérica e com várias coreografias) e a
toada (forma livre de cantiga, ligada à pura forma musical e não à
disposição poética). Era a força da música rural, criativa, evolutiva,
diversificada, contrapondo-se aos modismos musicais das capitais,
sempre importados do exterior, principalmente...

IV - OS INSTRUMENTOS MUSICAIS

Foi de suma importância a participação de instrumentos musicais


portugueses na criação da música rural brasileira, principalmente nas
regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Destacamos aqui a CONCERTINA
(espécie de harmônica ou sanfona), a GUITARRA e a VIOLA. Os índios,
pelo que se tem notícia, sempre deram preferência a instrumentos de
sopro para musicar seus ritmos. Porém, maravilharam-se com o som da
viola portuguesa, fazendo dela surgir o que mais tarde se conheceu
como viola caipira.

A sanfona, como curiosidade, teve maior influência e participação na


música sertaneja nordestina e a viola na música caipira do Centro-Oeste,
Sudeste e Sul do país, onde a moda de viola, oriunda das modas
portuguesas da segunda metade do século XVIII, tinha como
característica principal o canto a duas vozes, tão marcante hoje na
música rural brasileira.

V - O INÍCIO DA DIVULGAÇÃO

Cidade e campo: duas economias diversas e interdependentes. Nem o


homem do campo pode prescindir das modernidades industriais, nem o
homem da cidade pode prescindir da lavoura e criação. Se existem
motivos para considerar entristecedora a situação das populações
urbanas (saneamento deficiente, habitações insuficientes e de qualidade
inferior, dificuldade de empregos, violência, drogas, etc.), também no
campo, salvo exceções, os métodos ainda são primitivos. Porém, o
homem do campo na Brasil soube sobreviver às custas de sua própria
resistência física, preso a um sentimento enraizado de amor à terra, sem
nunca ter renunciado às suas tradições. E são essas tradições, como a
linguagem própria, o vestuário típico e as tendências culturais, que
contribuem decisivamente para a criação de uma espécie de música
inconfundível. E é desse tipo de música que estamos falando. Não
devemos confundir música rural com música - digamos assim -"brega".
Esta última é o resultado do aproveitamento de dois filões (sem que haja
obrigatoriedade de misturá-los) de manifestação musical tradicional (a
música rural e a música internacional, entendida em toda a sua extensa
variedade) e se destina, primordialmente, a satisfazer às exigências,
gostos, anseios (ou o nome que se queira dar) das populações carentes,
que habitam a periferia das cidades. E poder-se-ia travar um embate
filosófico interminável sobre a questão. Não é este nosso intuito.
Queremos falar daquele outro tipo de música, que guarda profunda
relação com a tradição que a gerou: a música rural, ou música caipira. E
passaremos a tratar do assunto, com o foco no século XX.

Já deixamos claro, anteriormente, que a música rural abrange vasta


extensão territorial, pois assim é o Brasil, e que ela pode ser entendida
delimitando-se sua área de ocupação. Desta forma, vamos limitar este
resumo à música rural que envolve, principalmente, os estados das
regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. E, mais ainda, centraremos nosso
foco no estado de São Paulo.

A partir de São Paulo e seu interior, em especial, definiu-se o tipo


característico denominado "caipira", espécie de caboclo diferente dos
oriundos das regiões norte e nordeste. Na própria capital, no início deste
século, pouco se sabia sobre este personagem interiorano, além de
algumas facetas mais características, desconhecendo-se suas danças,
músicas e poesias típicas.

Foi Cornélio Pires (1884 - 1958), natural de Tietê, o primeiro a mostrar


interesse em divulgar o caipira e sua criatividade autêntica, na capital.
Em 1910, encenou na Universidade Mackenzie um velório típico do
interior paulista. A encenação incluía interpretes autênticos de cururu e
cateretê, além de cantadores e dançadores. A apresentação foi um
sucesso e abriu espaço para outras, que se seguiram, graças a
obstinação de Cornélio. E assim, quatro anos mais tarde, proferiu
diversas palestras na capital, sobre a matéria, acompanhado de
exemplos vivos desta arte desconhecida, mostrando o que já se
espalhava por outras regiões além das fronteiras do estado,
caracterizando, enfim, uma música e uma poesia paulistas, diferente de
tudo o que se criava na capital, que, na verdade, nada mais fazia do que
absorver o que vinha do Rio de Janeiro e, em última instância, da
Europa, passando por aquele importante centro cultural.

Em 1922, realizaram-se no Rio de Janeiro as festividades de


comemoração do primeiro centenário da Independência do Brasil e entre
tantas atividades programadas, Cornélio foi escalado para promover
diversas manifestações da cultura caipira, sendo-lhe reservado espaço
seleto para apresentação de suas palestras e exibições. Foi, no mínimo,
curioso que se lhe reservasse o auditório da Associação Brasileira de
Imprensa para tal, demonstrando o interesse que seu conhecimento
sobre este tipo de cultura tinha alcançado. E suas apresentações, com
muitas novidades e curiosas revelações, alcançaram êxito
surpreendente, neste ano em que se realizou a tão lembrada Semana de
Arte Moderna. Foi a oportunidade que o Rio de Janeiro teve, de
conhecer o que séculos de aculturação índio-portuguesa produziram no
interior de São Paulo.
VI - A MÚSICA E SEU REGISTRO EM DISCO

Até 1928, percebe-se a ausência, praticamente total de música caipira


nos catálogos das gravadoras. Tudo fruto de uma intolerância urbana,
existente nas grandes capitais, em relação à música caipira. Por esse
motivo, somente em 1937, o clássico do século da música rural,
Tristezas do Jeca, foi gravado por Paraguassu, com o selo Columbia
(Continental, a partir de 1947), mesmo tendo sido composta por Angelino
de Oliveira, em 1925. Existiam, à época, tres gravadoras no Brasil:
Odeon, Victor e Columbia (esta em São Paulo).

Colocada a dificuldade, abre-se o espaço para um curioso e importante


depoimento, extraído, na íntegra, do livro "Capitão Furtado - Viola
Caipira ou Sertaneja?", de J. L. Ferrete, publicado pela FUNARTE em
1985, que dá bem a idéia de como a música caipira iniciou sua trajetória
no mundo fonográfico, pelas mãos de Cornélio Pires:

Estando em São Paulo, onde também se encontrava instalada a sede de


uma das três mencionadas gravadoras - a Columbia, representação local
da Byington & Company -, Cornélio Pires não teve escolha senão optar
pela que lhe propiciava maior proximidade.

Por incrível que pareça, no entanto, ninguém falava português inteligível


na Columbia da Byington & Company. O diretor era americano - Wallace
Downey - e só com ele se tratava negócios em fase preliminar. Cornélio
soube que seu sobrinho Ariovaldo já estava no terceiro mês de aulas de
inglês e decidiu valer-se dele como possível intérprete. "Dá pra você
descalçar as botas?" perguntou-lhe, nesse sentido atual da "dá pra você
quebrar o galho?". Ariovaldo respondeu-lhe: "Olha, quem não arrisca não
petisca, eu vou até lá. Se der pra me entender com o homem, muito
bem! Se não der, a vergonha maior é dele, que está aqui em nossa terra
e não entende o que a gente quer com muito esforço chegar a
expressar".

Chegava ao fim o ano de 1928 quando isto ocorreu. E a conversa entre


Ariovaldo e Wallace Downey deu certo. Iria, aliás, resultar em algo mais
importante no destino do futuro Capitão Furtado, mas este já é um
assunto para as próximas linhas.

Downey encaminhou Cornélio Pires ao proprietário da empresa,


Byington Jr.. Este, para não fugir à regra geral do preconceito quanto
ao ‘não-artístico’, rejeitou a proposta de Cornélio Pires para que
gravassem discos com material caipira autêntico em seu selo. "Não há
mercado para isso, não interessa". Cornélio insistiu: "E se eu gravar por
conta própria?" Aí Byington Jr. tentou opor dificuldades: "Bem, nesse
caso você teria que comprar mil discos. Quero dinheiro à vista, nada de
cheque, e se o pagamento não for feito hoje mesmo, nada feito". Era
uma forma, nota-se, de descarte peremptório ou, em outras palavras,
propostas de quem não quer mesmo fazer negócio.

Ariovaldo Pires jamais pressentiu nessa atitude de Byington Jr. qualquer


intenção malevolente. Ao contrário: "Byington gostava muito de meu tio -
esclarecia ele - e só queria evitar-lhe prejuízos na certeza de um
empreendimento (ou investimento) malsucedido , Essa foi, na verdade, a
intenção".

Cornélio Pires fez com Byington Jr. o cálculo de quanto custariam mil
discos e saiu. Foi à procura de um amigo na rua Quinze de Novembro
(centro de São Paulo), um tal de Castro, e pediu-lhe dinheiro
emprestado. Retornou logo em seguida à sede da empresa e, entrando
na sala de Byington Jr., jogou sobre a mesa deste um grande pacote
emaçado em jornal. "O que é issso?", perguntou-lhe Byington
espantado. "Uai, dinheiro! Você não queria dinheiro?", respondeu
Cornélio. Byington abriu o pacote e não disfarçou seu assombro: "Mas
aqui tem muito dinheiro!". "É que, ao invés de mil discos, eu quero cinco
mil", explicou Cornélio Pires.

Meio aturdido, Byington Jr. tentou convencê-lo de que cinco mil discos
era muita coisa, era "uma loucura". Naquele tempo não se faziam
prensagens iniciais em tais quantidades nem para artistas famosos!
Cornélio, porém, foi mais além no espanto em que deixou o dono da
gravadora: "Cinco mil de cada, porque já no primeiro suplemento vou
querer cinco discos diferentes. Então, são 25 mil discos".

Deixando de lado a perplexidade e encolhendo os ombros, Byington Jr.


mandou chamar alguns funcionários e pôs-se a contar o dinheiro.
Passado o recibo, Cornélio Pires entrou sem rodeios no assunto: "Bem,
agora eu é que vou fazer minhas imposições. Quero uma série só minha.
Vou querer uma cor diferente: o selo vai ser vermelho. E cada disco vai
custar dois mil réis mais que seus sucessos. Mais ainda: você não vai
vender meus discos, só eu poderei faze-lo". Byington Jr. deu uma ligeira
risada, como que querendo dizer: "Mas, também, quem é que vai querer
comprar seus discos?!". E partiu-se para a produção e prensagem. Os
discos ficariam prontos mais ou menos por volta de maio de 1929 - no
cálculo de Ariovaldo Pires. Como ele passou a ser empregado da
Byington & Company (conforme veremos a seguir) nessa época, "mas só
foi registrado alguns meses mais tarde, em 7 de agosto de 1929",
acredita que o mês de lançamento tenha sido maio.

A série particular de Cornélio Pires (pioneira, ademais, no campo do hoje


chamado disco independente ou alternativo) iria sair do jeito que tinha
sido combinado: numeração identificável diferente (começando de
20.000, enquanto a Columbia propriamente dita seguia a série 5.000) e
selo vermelho (ou "cor de vinho", como prefere José Ramos Tinhorão). O
selo, não obstante, conservava a marca Columbia com todas as
características particulares dessa etiqueta, fazendo presumir que
Byington Jr. não tenha aberto mão da prerrogativa de evidenciar o
fabricante. Os cinco discos iniciais da série, além disso, estavam
divididos entre o humorístico e o "folk-lórico" (sic), tendo apenas Cornélio
na interpretação.

desastre comercial que Byington Jr. esperava não ocorreu. Ao contrário:


Cornélio Pires saiu em dois carros na direção de Bauru, fazendo do
automóvel de trás uma verdadeira discoteca, tendo por intenção, antes,
parar em Jaú. Ao chegar a esta cidade, todavia, já tinha vendido os
25.000 discos que transportava consigo! Teve de telegrafar para
Byington e pedir-lhe uma nova prensagem a ser distribuída em Bauru.
A notícia da existência dos discos caipiras de Cornélio Pires no interior
do estado alvoroçou o interior paulista, de Jundiaí a Assis, de Sorocaba
a São José do Rio Preto. Todos queriam essas gravações, mesmo com
preço dois mil réis mais alto. O próprio Byington Jr. reconheceu que
havia errado em seus prognósticos e, desenxabido, propôs ao
patrocinador da série que sua empresa distribuísse os discos. Muitas
lojas da capital os estavam reclamando insistentemente e havia gente
que tentava comprá-los na fábrica. "Tio Cornélio era mais idealista que
comerciante", contou-nos Ariovaldo. "Após a primeira coleção de cinco
discos, autorizou a distribuição destes e dos demais por Byington".

Mais adiante, Cornélio Pires produziria outros 43 discos para sua série
(que terminaria em meados de 1930 no número 20.047), não só fazendo
uso de artistas amadores ou já profissionais do interior - por exemplo:
Sebastião Arruda, Mariano e Caçula, Arlindo Santana, Paraguassu
(escondido por trás do pseudônimo de Maracajá), Raul Torres
(disfarçado como Bico Doce), Zé Messias e Luizinho -, como também
revelando, entre outros, um gênero tipicamente caipira só conhecido em
seu habitat: a moda de viola.

Instaurava-se no Brasil, deste modo, a era do disco caipira. Velhos tabus


caíram por terra e antigas barreiras preconceituosas vinham abaixo, ao
menos por enquamto. Mas, 1929 foi apenas o começo de alguma coisa
que se plantava artisticamente, em especial a partir do interior das
regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Havia muito a ser feito e o
caminho a percorrer irar se mostrar longo.

VII - O RÁDIO NA DIVULGAÇÃO DA MÚSICA RURAL

Em 1924, de acordo com alguns depoimentos, surge em São Paulo a


SQ-B1, Rádio Cruzeiro do Sul. Pouco depois desaparece para ressurgir
em 1927, com novo prefixo: SQ-BA. Novo fracasso. Somente em 1929,
através do grupo Byington (leia-se: Columbia), sob direção de Wallace
Downey, a Cruzeiro do Sul se firma, alicerçada em esquema inédito até
então: o patrocínio da Atlantic Motor Oil, que custeou as curtas
demonstrações do período de experiência da emissora. Assim, após
breve período de testes, ainda no primeiro semestre de 1929, a Cruzeiro
do Sul, agora PR-AO (e pouco depois PR-B6), vai ao ar com sua
programação definitiva. E assim, com sua homônima do Rio de Janeiro,
é criada a primeira rede radiofônica do Brasil: a rede Verde-Amarela.

No dia de sua inauguração, além de diversos espetáculos, entre eles


apresentações humorísticas com personagens caipiras, foi interpretada a
música "Coração", de Marcelo Tupinambá com letra de Ariovaldo Pires.

Nesta época, São Paulo contava, então, com três emissoras de rádio: a
Cruzeiro do Sul, a Record e a Educadora (mais tarde, Gazeta). Elas,
juntamente com os teatros e circos, transformariam centenas de
intérpretes musicais, que se apresentavam em bares, os
chamados "cafés-chantants", em artistas do microfone; mudança que se
perpetuou e evoluiu até os nossos dias. Assim, na esteira dessa
tendência, seguiram os compositores, músicos e instrumentistas, que
através deste tipo de divulgação, associado à evolução das gravações
em disco, se tornariam populares: nasciam os ídolos!
Contudo, na florescente capital de São Paulo, a arte popular caipira se
mantinha encoberta pelo manto "sertanejo" ou "regional". E esta
estilizada forma de apresentar a música rural, por vezes atribuía ao
interprete o direito da composição, tomando o lugar do verdadeiro autor.
Afinal, a imagem divulgada do caipira era de um ser indolente, ignorante,
especialista em fazer os outros rirem, jamais capaz de elaborar peças
musicais esmeradas. Contra esta imagem pejorativa, vários cidadãos se
insurgiram, abrindo espaço nas gravadoras e nas rádios para intérpretes
de música caipira. Assim, emergiram Zico Dias e Ferrinho, Lourenço e
Olegário, Lázaro e Machado, Plínio Ferraz e João Michalany, Arlindo
Santana e Joaquim, além dos indefectíveis imitadores urbanos
do "regionalismo". Foi nessa época que surgiram, também, os primeiros
programas humorísticos repletos de quadros típicos, como "Cascatinha
do Genaro", na rádio Cruzeiro do Sul e mais tarde transferido para a
Rádio São Paulo (1935), uma espécie precursora do "Balança Mas Não
Cai". Esses programas, repletos de caricaturas e modismos, eram um
verdadeiro redemoinho de estilos e tendências.

Desde então, surgiram diversos intérpretes, todos incumbidos de


consagrar este estilo de música que, como já dissemos, teve sua origem
em séculos de evolução cultural havida no campo, no meio rural e que,
por força da tecnologia existente nos grandes centros urbanos, pôde ter
expandido seus limites. Assim, abria-se oportunidade para muitos
artistas e, também, para muitos aproveitadores (mas isto é um outro
assunto). O importante é que com o disco e o rádio, descortinou-se um
infinito leque de oportunidades para a divulgação da música rural que,
graças à perseverança de alguns "heróis", pôde ganhar espaço dentro
das várias manifestações culturais que compõem a multivariedade
cultural brasileira.

VIII - ALGUNS DOS VERDADEIROS DESBRAVADORES

Achamos que é chegado o momento de "dar - mais - nome aos bois", por
isso, aqui citaremos aqueles que, a nosso ver, representaram com
lealdade o estilo, a cultura e a musicalidade do interior. Porém, para
evitar que este resumo, já por demais extenso, se torne infindável,
relacionaremos apenas seus nomes, omitindo suas obras (que pode ser
assunto para outro trabalho), bem como, antecipadamente, pedimos
desculpas pelos possíveis esquecimentos:

Alvarenga e Ranchinho
Raul Torres
Antenógenes Silva
Zico Dias e Ferrinho
Lourenço e Olegário
Mandy e Sorocabinha
Mariano e Caçula
Laureano e Soares
Palmeira e Piraci
Tonico e Tinoco
Orlando Silveira (acordeonista)
Mario Zan (acordeonista)
Nenete e Dorinho
Irmãs Galvão
Moreno e Moreninho
Cascatinha e Inhana
Inezita Barroso
Paraguassu
Laureano e Mariano
Mariano e Cobrinha
Lourenço e Lourival
Duo Glacial
Tião Carreiro e Pardinho
Duo Ciriema
Irmãs Castro
Xerém e Tapuia
Xerém e Bentinho
Ramoncito Gomes
Belmonte e Amaraí
Tibagi e Amaraí
Tibagi e Miltinho
Abel e Caim
Os Três Xirus
Cerejinha
Norinho e Ediles Nunes
Os Maragatos
Os Araganos
Conjunto Farroupilha
Craveiro e Cravinho
Cambuci e Cambuizinho
Biá e Dino Franco
Nhô Nardo e Cunha Jr.
Borges e Borginho
Trio Norte-a-Sul
Dairé e Coleirinha
Lázaro e Machado
Plínio Ferraz e João Michalany
Arlindo Santana e Joaquim
Trio Ortega
Milionário e José Rico

IX - RESUMO DO RESUMO (OU "E AGORA?" OU,


SIMPLESMENTE, "CONCLUSÃO") - baseado na obra de J. L.
Ferrete "Capitão Furtado - Viola Caipira ou Sertaneja?"

Quando a música caipira apareceu em discos no Brasil, não existiam


profissionais neste campo. Na música urbana, alguns intérpretes faziam
sucesso, como Francisco Alves e Vicente Celestino, entre os mais
conhecidos. Caipira, no entanto, nem poderia pensar em ganhar a vida
com sua arte, que aliás não era considerada arte.

Dentre os primeiros intérpretes, todos revelados apenas por curiosidade,


haviam trabalhadores da lavoura (Mariano, Caçula e Ferrinho,
Bastiãozinho), um motorista (Zico Dias), um artesão rural (Arlindo
Santana) e até um cocheiro com ponto no Jardim da Luz em São Paulo
(Raul Torres).
De originalidade todos eles tinham uma coisa em comum: cantavam
coisas diferentes do que se ouvia na cidade e sua pronúncia não tinha
nada a ver com o dialeto português que a gente culta falava, com nomes
e palavras estranhas, diminutivos e outros apelidos que intrigam, até
hoje, os estudiosos.

A realidade é que essa arte interiorana viveu escondida por muito tempo,
só vindo a ganhar status profissional a partir dos anos 60, com
roupagem adequada aos shows urbanos, deturpações e adaptações ao
modernismo. E aí a polêmica é imensa, com defensores da
modernização de um lado e críticos à descaracterização do gênero, de
outro. O fato é que, nos idos de 1929, as gravadoras disputavam com
empenho os poucos intérpretes existentes e hoje há que se proceder
uma muito bem feita seleção, sob pena de encontrarmos um caipira com
sotaque de gringo, tamanha é a oferta de artistas do pseudo gênero.
Naquela época, na ausência de intérpretes, gravava-se música caipira
instrumental, quase sempre com sanfoneiros, coisa inconcebível nos
dias de hoje.

Com a vinda para as cidades de grande parte da população rural (mais


de 60%), em busca de melhores condições de vida, a coisa se complicou
de vez. Que rumos tomará a música rural?; por que transformações
passará?; aonde vai chegar?; são perguntas que não nos arriscamos
responder. Deixamos para a história...

"A verdade, e isso é irrefutável, é que temos no Brasil regiões distintas


de manifestação cultural, numa desigualdade que, todavia, encontra
pontos em comum bem definidos. Por exemplo: a sanfona. Ela sempre
foi elemento característico em todas as regiões brasileiras, vulgarizada
que se tornou pelos portugueses em trezentos anos de predomínio
cultural. Certos tipos de viola, também de origem lusitana, assinalam
sonoridades de norte a sul do país em forma homogênea, demonstrando
unidade em certos aspectos da desigualdade e coesão na identidade
nacional. O caipira do Sul, por exemplo, fala diferente e canta diferente
do sertanejo do Nordeste, mas, entre ambos, sempre haverá elementos
instrumentais comuns, pois sua formação cultural nunca sofreu
impedimentos de barreira alfandegária e tampouco inibições de ordem
regional" (J.L. Ferrete).

"Conclusão: a música popular regional de norte a sul, em nosso país,


constitui uma única entidade, nesse conceito metabólico de que atende a
todos sem parecer de ninguém" (J.L. Ferrete).

Ora, sabemos que os tempos mudaram e que, muito provavelmente,


nada escapa a essa mudança, inclusive a música caipira ou rural. O
comercialismo se impôs e não lhe sobrou outra possibilidade de
sobrevivência que não a de se adaptar aos novos tempos, onde a
influência urbana exige uma transformação que lhe dê um perfil
mundano e polivalente. Assim, desde quando as Irmãs Castro, no
período da II Guerra Mundial, introduziram em seu repertório
música "caipira" de outros países, como as mexicanas e paraguaias, Bob
Nelson, adotou modismos americanos de cantigas country e Cascatinha
e Inhana imortalizaram uma versão da guarânia "India", algo estava
mudando. E essa mudança passou a ser apreciada por uma multidão
que, sem preferência pelo segmento tradicional urbano do samba, da
vertente sofisticada do jazz e do balanço americanizado e
internacionalizado do rock, adotou o "sertanejo" como principal
manifestação cultural musical.

Certo é que a música rural brasileira passou por uma reformulação geral,
trocando o velho chapéu de palha pelos vistosos chapéus de feltro e
pêlo, e a falta de dentes foi substituída por um rosto limpo ou de grandes
bigodes ou barbas hirsutas. Até óculos escuros tornaram os cantores
mais sofisticados. E a mudança trouxe em seu bojo, evidentemente, uma
grande quantidade de aproveitadores e viajantes, dispostos a fazer
fortuna, sem compromisso algum com as raízes.

Como é impossível lutar contra os novos ventos, cabe-nos, por justiça,


ressaltar que ainda existem artistas sinceros e autenticamente ligados às
origens. Deus lhes dê forças para perpetuar esse gênero musical que,
repetimos, está intimamente vinculado àquilo que melhor representa o
sentimento de nacionalidade: a terra.

Ficamos por aqui, com a certeza que não esgotamos o assunto mas,
quem sabe, abrimos espaço para novas narrativas.

AGRADECIMENTOS

Não foi fácil elaborar este resumo, pois sabemos que no Brasil as coisas
da terra se perdem no tempo e no espaço. O que fizemos, com grande
esforço, mesmo pouco representando no universo globalizado em que
vivemos, foi dar nossa parcela de contribuição, baseado nas
inestimáveis narrativas de verdadeiros garimpeiros do assunto. Na
verdade realizamos este trabalho com prazer indescritível e sentimo-nos
recompensados pelo simples fato de o havermos feito. Esperamos que
possa ser útil, despertando, pelo menos, sua atenção ou curiosidade. E,
como já dissemos antes, pode ser uma porta aberta a novas
contribuições, dentro da proposta básica da Internet, de disponibilizar
informação ao seu público, gratuitamente. Estamos a disposição para
acatar colaborações e sugestões, na busca da melhoria permanente.

Agradecemos a FUNARTE (por preservar nossas manifestações


artísticas e culturais) - Ministério da Cultura, a J.L. Ferrete (cuja feliz
lembrança de colocar no papel a história de nossa música rural,
possibilitou nosso trabalho) e a todas as fontes de pesquisa utilizadas.
Obrigado!!!

O crédito desta matéria, é do amigo Britto, que faz curso na área de


gastronomia, do Centro de Formação Profissional de Ribeirão Preto.
Obrigado amigo Britto.
Postado por MOACIR SERTANEJO às 17:30 0 comentários
Marcadores: CAIPIRA, CORNÉLIO PIRES, RAIZ, RURAL, SERTANEJA, VIOLA E
RADIO.

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