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Tanta Tinta
Ah! Menina tonta,
toda suja de tinta
mal o cu desponta!
(Sentou-se na ponte,
muito desatenta...
E agora se espanta:
Quem que a ponte pinta
com tanta tinta?...)
A ponte aponta
e se desaponta.
A tontinha tenta
limpar tinta,
ponto por ponto
e pinta por pinta...
Ah! a menina tonta!
No viu a tinta da ponte! - Ceclia Meireles.
Neste caso, Ceclia apropriou-se da consoante linguodental /t/ e da bilabial /p/ para
compor esse poema. - Paula Perin dos Santos.
A aliterao ajuda a criar uma musicalidade que valoriza o texto literrio. No so simples
sonoridades destitudas de contedo: geralmente, a aliterao sublinha (ou introduz)
determinados valores expressivos, nem sempre facilmente descritveis.
Pssaro da lua
que queres cantar
nessa terra tua
sem flor e sem mar?
A bela bola
rola:
a bela bola de Raul.
a moda
da menina muda
da menina trombuda
que muda de modos
e d medo.
Os termos houve (verbo haver) e ouve (verbo ouvir) coincidem do ponto de vista sonoro,
embora tenham grafias e significados diferentes. A coincidncia sonora cria uma tenso
semntica na poesia: ela d novas significaes relao dos tempos presente e
passado.
Referncias
CEREJA, William Roberto e MAGALHES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira em
dilogo com outras literaturas. 3 ed. So Paulo, Atual editora, 2005, p.58.
Literatura em Minha casa: Meus primeiros versos. Vol. 4. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
2001.
PIRES, Orlando. Manual de Teoria e Tcnica Literria. Rio de Janeiro, Presena, 1981, p.
91.
SAVIOLE, Francisco Plato. Gramtica em 44 lies. 15 ed. So Paulo, tica, 406
TUFANO, Douglas. Estudos de Lngua Portuguesa Minigramtica. So Paulo, Moderna,
2007.