1. O documento apresenta informações sobre a vida e obra do escritor moçambicano Mia Couto.
2. A narrativa A Varanda do Frangipani é analisada em treze capítulos, onde personagens contam suas versões sobre o assassinato do diretor de um asilo.
3. Os velhos do asilo sentem que o passado e suas tradições estão ameaçados pela instabilidade política no pós-independência de Moçambique.
1. O documento apresenta informações sobre a vida e obra do escritor moçambicano Mia Couto.
2. A narrativa A Varanda do Frangipani é analisada em treze capítulos, onde personagens contam suas versões sobre o assassinato do diretor de um asilo.
3. Os velhos do asilo sentem que o passado e suas tradições estão ameaçados pela instabilidade política no pós-independência de Moçambique.
1. O documento apresenta informações sobre a vida e obra do escritor moçambicano Mia Couto.
2. A narrativa A Varanda do Frangipani é analisada em treze capítulos, onde personagens contam suas versões sobre o assassinato do diretor de um asilo.
3. Os velhos do asilo sentem que o passado e suas tradições estão ameaçados pela instabilidade política no pós-independência de Moçambique.
Antnio Emlio Leite Couto. Realizou formao superior em Biologia. Na conjuntura histrica da poca, foi colaborador da Frente de Libertao de Moambique, partido que lutava pela independncia do pas de Portugal. Tambm atuou na atividade jornalstica, aps a independncia do pas. Hoje, alm de escrever livros, colabora com jornais, rdio e televiso, com sua formao voltada para questes como impactos ambientais e ecologia. SOBRE OBRAS Poesia: Raiz de Orvalho; Idades, cidades, divindades; Tradutor de chuvas. Contos: Cada homem uma raa; Vozes anoitecidas; Estrias Abensonhadas; Contos do Nascer da Terra; entre vrios. Crnicas: Cronicando; O pas do queixa andar; Pensatempos. Textos de opinio; entre outros. Romances: Terra sonmbula; A varanda do frangipani; Vinte e zinco; O ltimo voo do flamingo; O gato e o escuro; Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra; A chuva pasmada; O beijo da palavrinha; e outros. Novela: Mar me quer. (Fonte: http://lusofonia.com.sapo.pt/mia.htm)
A varanda o frangipani 1996
COUTO, Mia. A Varanda do Frangipani. Lisboa: Caminho, 1996.
Primeiro captulo O sonho do morto
Personagem principal: Ermelindo Mucanga Contexto: Independncia de Mocambique Inutenslios Cordo desumbilical Eu nunca tive quem me deitasse lembrana, eu sou sonhado por quem? (p.13). Vai ser condecorado a heri nacional, por ter corrido assunto de que ele havia morrido em combate contra o ocupante colonial. Ele fora carpinteiro. A sua terra estava em runas Remorrer Fazvel Mordedura das cobras Ele haveria de voltar vida, num corpo de algum que estava j quase de partida; ele iria desmorrer. No bem escolheu, mas foi. Entendo que por estarem a desenterrar seus restos mortais, e por ele no ter tido um velrio digno de seus costumes, ele teria de se desprender do que restou-se; da ter de sair a procurar algum em quem adentrar. Recordava, sobretudo, o perfume da terra quando chovia. Vendo a chuva escorrendo por Janeiro, me perguntava: como sabemos que este cheiro da terra e no do cu? (p.19). Segundo captulo Estreia nos viventes Ermelindo ocupou-se de existir junto a Izidine Nata, um inspetor da polcia. Ele est a investigar o assassinato de Vasto Excelncia, diretor do asilo que se [rever essa passagem] mantinham em p, impossibilitando transeuntes. Ermelindo observava e acompanhava. Parecia uma bandeira em dia de ventania dizia do velho que se agarrava a um mastro, com as vestes flutuantes. As expectativas para o conhecimento das causas da morte de Excelncia so poucas. Izidine tem sete dias, um corpo sumido, testemunhas cuja lucidez e memria no mais se ... Para iniciar as investigaes, Izidine trataria de ouvir os sobreviventes e anotar suas verses das histrias. Terceiro captulo A confisso de Navaia No asilo, nessa fortaleza, ningum dono de nada (p.27). O menino velho, Navaia, lhe contava sua histria. A me-terra. O mal do garoto era sofrer de no ter idade, e qualquer tristeza lhe seria mortal. Em vspera de lgrima. Cdea: pouca comida Um dia sentiu-se esgotar, e a foi que tornava criana que era, no desvanescer da vida. A vida me expirava o prazo e eu desabrochava em aspecto de renascer? (p.36) se perguntava Navaia. Todos os velhos lamentavam muito, um menino no podia morrer (p.37). Iniciaram uma celebrao, pra que o menino resistisse. Quando o diretor pede para que parem com a festa, e vai de encontro ao velho-menino, se assusta do que v, pois v nos e atravs dos olhos uma criana. Navaia, por fim, encorajado pelos velhos e por foras invisveis, recobrou as foras. Quarto captulo Segundo dia nos viventes Chvena: recipiente com uma pega, onde se servem bebidas (como uma xcara). Calcorrear: Andar a p. Caminhar muito. Izidine fora aconselhado por Navaia para que escutasse o mar, e Marta frizou que todas as manhs o mar clamava por vingana, chamando pelo assassino o nome. Izidine teria de pr de lado o ceticismo, se entregando, de certa forma, viso de mundo do povo de Moambique. Rapidou-se pelo caminho de regresso (p.45). Quinto captulo A confisso do velho portugus Xidimingo diz de como o outono lhe foi devolvido pelo frangipani, essa sensao de que o tempo passa e as coisas mudam. Fala da frica que preencheu-lhe a alma, esta agora identidade-raiz do continente, na fala, nos sentimentos, no que era. Trecho que relaciona ao ttulo do livro: Digo-lhe com tristeza: o Moambique que amei est morrendo. Nunca mais voltar. Resta-me s este espaozito em que me sombreio de mar. Minha nao uma varanda (p.50). Zululuar Desfiar conversa Custa-me ir cumprindo tantas pequenas mortes, essas que apenas ns notamos, na ntima obscuridade de ns (p. 56) O portugus fala que foi ele quem assassinou Excelncio, movido pela paixo no nomeada. Ele diz do sentimento de renascer pelo mar. As guas, torrentes leves, so o leito de seu permanente refazer, gua-me de seu viver sempre novo. Sexto captulo Terceiro dia nos viventes Dilogo da pgina 59 importante! Stimo captulo A confisso de Nhonhoso Por exemplo-me Nhonhoso diz ter ele matado Vasto Excelncio, por amor Marta. Um velho como eu pode amar. Pode amar tanto que mata (p.73). Oitavo captulo Quarto dia nos viventes Estremunhado: Que desperta de repente e est estonteado com sono.
("estremunhado", in Dicionrio Priberam da Lngua
Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/estremunhado [consultado em 18-11-2014].)
Ela dormia fora porque aqueles quartos lhe davam uma
tristeza de caixo sem cova (p.75). O polcia no tinha ali autoridade. Estava a escutar histrias das mais importantes, mas no compreendia a lngua dos velhos. Estes lhe lembravam de onde tinha vindo. Quase esqueci do fantasma residente em Izidine! Nono captulo Confisso de Nozinha Tempos do antigamente que as coisas comeam mesmo antes de nascerem (p.82). Nozinha foi mulher de seu pai, que sofria de cegura de amor. Ela relata que a conversa os levaria ao cemitrio de sua memria. Sofrimento relatado. Ela conta que se transfigura em gua todas as noites. Dois ltimos pargrafos da pgina 85. Caraas: exprime espanto, impacincia ou indignao. Trecho que trata da sexualidade na velhice: pginas 93 e 94. Trocadilhar corpos, j havia se esquecido, dizia Nozinha. A vida a maior bandoleira: sabemos que existimos apenas por sustos e emboscadas (p.95). Dcimo captulo Quinto dia nos viventes Obs.: essa narrativa literria permeada por rituais, costumes, enfim, as tradies de um povo, que se orgulha de seu saber, e que impe regras participao. Uma das razes dos velhos ficarem cabreiros com Izidine, segundo Nhonhoso, era que o pas se tinha tornado num lugar perigoso para quem procurava verdades (p.99) relacionar com o contexto histrico. Marta diz a Izidine que o que est a se passar no pas inteiro um golpe de Estado contra o antigamente. H que guardar este passado. Seno o pas fica sem cho (p.103). Dcimo primeiro captulo A carta de Ernestina Ernestina escreve uma carta, destinada a ningum, a princpio, depois, a direciona a Marta. Diz de como amou e foi desamorando-se por Vasto Excelncio. Diz tambm do descaso dele para com os velhos, e como ela se sentia atormentada por isso, e mais: a guerra que assolara sua terra, o choro, e o desejo de ir sembora. Trecho que fala da destrutividade da guerra: p.107, 4 pargrafo. Ela fala de uma antiga capela na fortaleza, em que Vasto armazenava insumos como tesouro: comida, mantas e sabo (p.108). As savanas estavam todas com bombas, eram zonas de minas, risco eminente de vida. Salufo Tuco que havia sido empregado de Ernestina e Vasto planejara de fugir com os velhos do asilo que queriam lhe acompanhar. Aparentemente, passaram inclumes pela savana. Aps o ocorrido, Ernestina veio a isolar-se, sem palavras. Dizia em relao a Marta, que visitava-lhe por vezes: E ficvamos olhos nos olhos como quem contempla o sem fundo de um oceano (p.111). Asilo em So Nicolau. Maistravez (mais outra vez) Salufo voltou um dia, revelando como estava o mundo l fora. Os familiares roubando insumos dos velhos. Os dirigentes roubando fundos dados por organizaes internacionais para a assistncia social. Decidiu-se por minar os arredores do asilo, para que outros no os perturbassem. Fala de Ernestina, pgina 113. Haveria de se referir ao sistema capitalista em instaurao? SIM, no em instaurao, mas em manifestao mesma. Lusco-fusco 1. Perodo em que anoitece. = ANOITECER, ENTARDECER, NOITINHA, TARDINHA 2. Perodo em que amanhece. = ALVORADA, AMANHECER, MADRUGADA
Sinnimo Geral: ARREBOL, CREPSCULO, LUSQUE-FUSQUE
"lusco-fusco", in Dicionrio Priberam da Lngua Portuguesa
[em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/lusco- fusco [consultado em 19-11-2014].
Muito passiva, resignada, embora sensvel, a Ernestina.
Palavras valem a pena se nos esperam encantamentos. Nem que seja para nos doer como foi meu amor por Vasto (p.117). Dcimo segundo captulo De regresso ao cu Ermelindo, o fantasmoso, habitante de Izidine, regressou ao tmulo, a pedido do pangolim foi solicitado que voltasse para seu ento lar. Ermelindo conta sua histria. De formao crist e estudo na lngua portuguesa. Quem quer coro-lo so os portugueses, por ele ter participado da construo da fortaleza. Nos fins do tempo colonial, se entendeu construir uma priso para encerrar os revolucionrios que combatiam contra os portugueses. Depois da Independncia ali se improvisou um asilo para velhos (p. 13). Os companheiros de terra chamavam-lhe traidor. Tudo eram ondas, em vaivncias (p.122). Palavra de pangolim, j eu muito a sabia de cor e sal tirado (p.124). Dcimo terceiro captulo A confisso de Marta A guerra deixa em ns feridas que nenhum tempo pode cicatrizar (p.129). Somente a guerra poderia ser a grande culpada de toda essa circunstncia de descaso para com os idosos, da violncia, do isolamento para proteo, dos choros, da fome. Nessa altura eu no sabia que, bem vistas as contas, todos ns somos mulatos (p.131). Num momento de devassido de si, distanciamento da vida, dos sonhos, da alegria, Marta apaixonou-se por Vasto Exelncio. Transcrever 2 pargrafo da p. 132. Engravidou-se de Vasto. Ernestina era quem quisera ter o filho, sentia-o como se dela ventrasse a criana. Marta decidiu-se por t-lo, mas perdeu-o durante o parto. A partir de ento, o silenciamento tomou Ernestina, a indiferena instalara-se em Vasto, a ternura curava Marta, esta que permanecia em luto, pois, nela, a mancha da morte no tem gua em que se possa lavar (p.138). Dcimo quarto captulo A revelao Izidine, Izidine: voc se meteu na casa da abelha. Esta fortaleza um depsito de morte (p.142). Vasto Excelncio tinha envolvimento com armas, negcios com os homens fardados; guardava-as um monte na capela. Os velhos insatisfeitos quando souberam tomaram providncia de desfazerem-se das tais. Acontece que Nozinha realizou um feitio, que fez surgir um buraco sem fundo, o prprio nada. Neste, despejaram todas as armas. Maior que qualquer tamanho Tu sers aquele que sonha e no pergunta se verdade. Sers aquele que ama e no quer saber se certo (p. 145). Dcimo quinto captulo O ltimo sonho Ermelindo decidiu-se por de vez Izidine abandonar. Entretanto, antes de ir, foi incentivado pelo pangolim para ajudar Izidine, escondendo-o dos outros que vinham para mat-lo, no helicptero. O helicptero, ou, como todos acreditavam, na verdade, o wamulabo, a cobra das tempestades, foi-sembora com o limpar do cu. Os estragos eram evidentes, quando saram da proteo de madeira que Ermelindo em vida havia construdo. Se iluminou de infncias Foi-se remorrer no seio do frangipani, Ermelindo. Com ele foram-se todos os velhos, juntos. Ressaltar o ltimo pargrafo do livro, na pgina 152. __ FERNANDES, Evelyn Amado. A luta dos antigos pelo antigamente em A varanda do frangipani de Mia Couto. RBCEH, Passo Fundo, v. 6, n. 2, p. 174-180, mai./ago. 2009. O livro de Mia Couto corrobora com o processo de desconstruo da imagem hegemnica da velhice, que retratada como perdas, obsolescncia, passividade e negaes. O autor trata do amor na velhice, das memrias, da importncia de se escutar, dialogar, confrontar o outro, para promover a condio de alteridade. A histria se passa em Mocambique, cerca de vinte anos aps Portugal delegar o pas como independente; depois dos acordos de paz de 1992 (p.176), pois houve resistncia por parte da populao. O romance narrado pelo carpinteiro Ermelindo Mucanga, que morreu s vsperas da independncia, quando trabalhava nas obras de restauro da Fortaleza de So Nicolau, onde atualmente funciona um asilo para velhos. Esse personagem o que os nativos chamam xipoco, um fantasma que vive numa cova sob a rvore de frangipani, na varanda da fortaleza (p.176). Os portugueses queriam um dos ocupantes coloniais (moradores da colnia, originalmente) para ser tomado como heri, a fim de contentar discrdias, equilibrar as descontentaes (p.14). Escolheram-no, Ermelindo.