1. A virada do século
História
A Europa do século XVIII havia visto a consolidação e a derrota de
um absolutismo baseado no direito divino, cujos mais famosos
exemplos estavam entre as dinastias Tudor, Stuart e Bourbon.
Avanços
No século XVIII, a Inglaterra, que reinava praticamente absoluta em
todos os sete mares, dispunha de um mercado praticamente
ilimitado, através do qual escoava toda a sua produção de
manufaturados. Devido à explosão demográfica, o país dispunha de
mão-de-obra abundante, bem como de grandes capitais privados; a
aristocracia investia e incentivava as atividades comerciais e a
população começava a concentrar-se nas áreas urbanas.
2. A sociedade
(Texto adaptado do livro “França Fin-de-Siècle”, de Eugene Weber,
1988)
Outra prática que vinha do século XVII era a de que as mulheres que
desejassem usar roupas masculinas deveriam obter permissão
oficial; as que o faziam, porém, eram consideradas excêntricas. E,
embora na década de 1890 algumas mulheres da sociedade,
especialmente as intelectuais, já adotassem a calça comprida, em
1892, o Ministro do Interior distribuiu uma circular por todas as
prefeituras francesas avisando que o uso de roupas masculinas por
mulheres só seria tolerado para fins de “esporte velicípede”.
4. Art Nouveau
Arquitetura
A arquitetura Art Nouveau relacionava motivos decorativos
característicos do período aplicados a modernas técnicas de
engenharia. Se, por um lado, surgia um novo tipo de cliente, o
industrial – um proprietário que pagava por um projeto que deveria
adequar o edifício à especificações funcionais da fábrica –, por outro
a moda determinava uma decoração moderna, adequado a um
espírito progressista.
Arquitetos
Mobiliário
Procurou-se desenvolver um mobiliário a partir do espírito da
máquina. Na Áustria, Alemanha e Escócia, o estilo foi mais abstrato e
despojado, às vezes pouco representativo do Art Nouveau. Na
França, os dois principais pólos foram a Escola de Nancy (um dos
fundadores desta Escola foi o simbolista Emile Gallé que, a partir de
1885, dedicou-se à produção de um mobiliário pesado, naturalista e
regionalista, inspirado em motivos fitomorfos locais); e a própria Paris,
responsável por um trabalho mais estilizado e elegante da madeira.
Vidro
Material muito explorado em luminárias, vasos, vitrais etc., o vidro
caracterizou o Art Nouveau através de nomes como:
5. O Art Déco
O estilo Art Déco surgiu na França, no início do século XX, mas suas
origens remetem ao final do séc. XIX. O estilo alcançou o auge em
1925, na Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels
Modernes, realizada em Paris, a partir do que começou a
desaparecer. O nome “déco” vem de “décoratif”, e o estilo também foi
chamado “Estilo 25” por causa de Exposição.
O Déco abrangeu arquitetura, moda, artes gráficas, mobiliário,
têxteis, vidros, escultura, joalheria e cerâmica, e recebeu influência
de inúmeras fontes: da África, das arquiteturas Maia e Asteca, do
Egito (principalmente depois da descoberta da tumba de
Tutankamon, em 1922), da imaginária clássica, do rococó, dos estilos
Luís XV, Luís VXI, Diretório e Império, e ainda dos movimentos
Cubista, Futurista, Fauvista e Neoplasticista. Uma das únicas áreas
onde praticamente não se manifestou foi na pintura: não havia um
pavilhão de pintura de Exposição de 25, e poucos artistas (dentre os
quais a retratista Tamara de Lempicka – Polônia, 1900-1980 – e Jean
Dupas – França, 1882-1964 – com seus murais) podem ser
classificados como Déco.
Existe uma controvésia patente sobre o Art Déco. De uma lado, numa
visão mais ampla, é o momento de reconciliação da arte e da
indústria, onde a ordem era um design mais funcional e mais simples,
que facilitasse a produção em massa e que utilizasse materiais mais
baratos para tornar os preços mais acessíveis: fórmica, cromo,
plástico, faiança, etc.
Mas essa não foi mais do que uma das correntes do Déco, a corrente
racionalista, despojada de qualquer decoração, inspirada na
máquina, e que iria desenvolver-se no Modernismo de Le Corbusier.
A outra, oposta à primeira ao menos em resultados, fez uso das
formas estilizadas da natureza (em geral, animais longilíneos ou
arredondados – galgos, gazelas, pombos, pingüins e ursos), figuras
femininas, motivos geométricos e decoração profusa. Esta última
representa uma visão mais stricto senso do estilo, e é mais
comumente mencionada na bibliografia disponível. Utilizou cores
vivas e materiais preciosos e inusitados, que levavam, grande parte
das vezes, a uma triagem limitada ou mesmo à peça única: pasta de
vidro e de cristal, ferro batido, mármore, bronze prata, madeiras raras,
pedras preciosas e semi-preciosas, marfim, madrepérola e tartaruga.
A Bauhaus
A Bauhaus foi uma escola fundada em 1919 pelo alemão Walter
Gropius (1883-1969) durante a República de Weimar. Em 14 anos de
existência, ela elaborou as bases do design moderno.
Arquitetura
A transição para a arquitetura moderna
… seria um grande bem para a nossa estética que nos
abstivéssemos totalmete do emprego da decoração durante alguns
anos, a fim de que o nosso pensamento se pudesse concentrar na
produção de edifícios que, na sua nudez, fossem esbeltos e bem
formados.
(Sullivan, 1892)
Arquitetos
Escultura
A escultura Déco explorou principalmente as formas femininas, em
vulto redondo e de corpo inteiro, ou as figuras zoomorfas: panteras,
cães esguios, buldogs, ursos, galos e pingüins. Uma matriz podia ser
reproduida em diferentes tamanhos e materiais, e uma figura de
sucesso podia ser convertida em objeto utilitário, como suporte para
livros ou campainha de jantar.
Vidro
Antigas técnicas foram recuperadas e novas surgiram. Usava-se a
pasta de vidro (técnica egípcia na qual se levava ao fogo uma mistura
de pó de vidro, água e um determinado médium) e de cristal (em que
se adicionava chumbo para proporcionar maior transparência), o
ácido para trabalhar relevos, o esmate, o ouro, várias camadas de
vidro colorido e misturas químicas no próprio vidro que o tornavam
semelhante ao mármore, a pedras semi-preciosas e até a tartaruga.
Metal
Paris foi um dos grandes centros de trabalho em metal. Destacaram-
se, na França e na Alemanha, profissionais como Edgard Brandt (que
fez a porta de Honra na Exposição de 1925), Wilhelm Wagenfeld e
Marianne Brandt, na Bauhaus, o lacador Jean Dunand (1887-1942),
Jean Puiforcat (1897-1945) e outros.
Luminárias
O Art Déco criou uma grande variedade de luminárias de pé, de mesa
(as mais populares) e de parede feitas, normalmente, em metal e
vidro, mas também encontradas em plástico, bronze etc. Havia, no
mercado, peças modernas, retilíneas e arrojadas ao lado de quebra-
luzes ainda em forma de cogumelo e bases cilíndricas ou ovais. A
Bauhaus desenhou modelos funcionais: um dos mais famosos foi
o Kanden(1928), modelo de cabeceira da alemã Marianne
Brandt (1893-1983), base para muitas luminárias ainda hoje à venda.
Prata e joalheria
A prata era considerada um metal “frio”, que era necessário “aquecer”
através de uma série de artifícios. O Art Déco lançou mão de
incrustações e detalhes em ouro, marfim, pedras semi-preciosas e
madeiras raras utilizadas com parcimônia, a fim de não comprometer
a sobriedade e o equilíbrio dos objetos criados.
A jóia e a moda
As jóias Déco foras extremamente influenciadas pela moda, pela
mulher moderna e audaciosa que surgia. As jóias finas e delicadas do
início dos anos 20 deram lugar a jóias mais largas, grandes,
inspiradas nas formas encontradas em motores de carros e aviões. A
partir de 1930, por causa da Depressão, surgiam as jóias multi-uso,
formadas por dois ou mais elementos que podiam ser desmontados e
usados separadamente (por exemplo, o pingente de um colar podia
transformar-se em brinco).
Mobiliário
Duas tendências dominaram o mobiliário Déco (como, de resto, toda
a produção do estilo): a primeira escolhia os materiais visando a
produção em massa; e a segunda usava meteriais raros em trabalhos
de altíssima qualidade.
Artes gráficas
O cartaz foi um elemento Art Déco por excelência. O
desenvolvimento da propaganda inundava a cidade com impressos
de todos os tipos, vendendo desde gramofone e aparelhos de rádio a
viagens de navio e filmes de Hollywood.
Contemporaneidades
O tédio
André Gide (1869-1951) foi um romancista francês cujo estilo já
apresenta características da literatura contemporânea. O trecho
abaixo, extraído de O Imoralista (1902), retrata o tédio de um homem,
característica marcante do final do século XIX e início do XX.
6. Bibliografia
Gustave Klimt. Cleção Gênios da Pintura, vol. 83, Ed. Victor Civita.
São Paulo, Editora Abril Cultural, 1968.
Krebs, Marta K. Raphael Tuck “Belles” Paper Dolls. New York, Dover
Publications, 1990.
Tierney, Tom. More Erté Fashion Paper Dolls. New York, Dover
Publications, 1984.
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