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MANUAL DO GEÓGRAFO

Associado da Aprogeo-BA

Reconhecer os direitos e deveres é o primeiro passo.


Você tem o direito de ter direitos. Mas, o segundo passo
será cumprir com os seus deveres em todas as esferas
sociais, dentre elas, a profissional.

Organização

Apoio
CONTATOS

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SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................... 5

O Geógrafo .................................................................................. 6

O Geógrafo e a Legislação Profissional ................................... 7

O Papel das Entidades ............................................................. 11

Ética Profissional e o Geógrafo ............................................... 13

Considerações Finais ............................................................... 18

Materiais de Referência ........................................................... 19


DIRETORIA DO BIÊNIO 2014-2016

Presidência
Luciana Santiago Rocha

Vice-Presidência
Alexandre Curvelo de Andrade

Secretaria
Angélica Manina de M. C. Neta
Aline Correia da Silva

Tesouraria
Felipe Serra da Silva
Carmo Elizabeth Liberato da S. Seydel

Projetos
Anderson Lobo Silva
Elicelma Carvalho dos Santos

Relações Externas e Comunicação


Jorge de Aquino Vasconcelos
Harlan Rodrigo Ferreira da Silva

Conselho Fiscal
Eduardo Morais Macedo
Augusto César Machado Copque
Daniel de Albuquerque Ribeiro
Ricardo Acácio de Almeida

Conselho Administrativo
Ricardo Santana Chaves
Danusa da Purificação Rodrigues
Ademário Dias Barbosa
Dante Severo Giudici
APRESENTAÇÃO

E ste Manual do Geógrafo pretende orientar e informar


profissionais e estudantes sobre a organização profissional
associativa dos geógrafos, sobre o papel e a atuação das entidades
de representação da classe, bem como, apresentar discussões
dos profissionais em torno da habilitação profissional. Além
disso, são abordadas as suas atribuições, responsabilidades
técnicas, além da ética profissional.
Com esta publicação, a Associação Profissional dos Geógrafos
da Bahia (Aprogeo-BA) oferece aos profissionais e à sociedade
a sua contribuição em busca da valorização profissional do
geógrafo e reafirma o compromisso com a Geografia e com o
Brasil.

Manual do Geógrafo 5
O GEÓGRAFO

É o profissional responsável pela resolução de problemas do


espaço geográfico, seja ele natural ou modificado. Cabe-
lhe analisar uma multiplicidade de variáveis que constituem a
dimensão da realidade humana e ambiental.
A atribuição básica do geógrafo é o estudo da produção do
espaço e do ordenamento territorial, onde se evidenciam as
inter-relações que a sociedade estabelece com a natureza. A
partir disso, aborda a distribuição e a dinâmica das técnicas, dos
recursos e das populações, bem como as relações de apropriação
envolvidas no espaço geográfico. Por esse considerável
arcabouço, recai sobre os geógrafos a responsabilidade de
contribuir decisivamente para a compreensão das relações que
se estabelecem entre a humanidade e a natureza, mediadas pelo
trabalho. Estuda, assim, a dimensão dos processos humanos e
naturais que moldam a superfície terrestre.
O geógrafo desenvolve pesquisa básica e aplicada, em
universidades e institutos especializados. Além disso, atua na
área técnica, tanto em órgãos públicos de diversas áreas como
em empresas privadas. A fiscalização do exercício da profissão
de geógrafo é exercida pelo Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia (Crea). A Lei nº 6.664 de 1979, que regulamenta a
profissão, habilita o geógrafo a exercer uma série de funções. A
seguir são listadas as principais:
1) dedicar-se ao planejamento territorial, ambiental e
regional, ao estudo de áreas urbanas e rurais – o que
envolve análises econômicas e políticas de questões
habitacionais, de dinâmica das classes sociais –, ao estudo
da produção do espaço, bem como da preservação do
patrimônio histórico;
2) atuar na área de cartografia, através da produção de
mapas temáticos, e manipular informações através de

6 Manual do Geógrafo
técnicas de geoprocessamento como a aerofotogrametria
e o sensoriamento remoto. Assim, lê e interpreta imagens
produzidas por sensores transportados em aeronaves e
satélites orbitais;
3) assessorar os órgãos públicos no traçado de limites de
estados, municípios e regiões administrativas;
4) elaborar Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios
de Impactos Ambientais (RIMAs), entre outros estudos
ambientais constantes na legislação ambiental brasileira;
5) orientar projetos de empreendimentos turísticos para o
desenvolvimento local, regional, nacional e mundial.

O GEÓGRAFO E A LEGISLAÇÃO
PROFISSIONAL

N o contexto da formação do geógrafo faz-se necessário


reconhecer quatro marcos legais da legislação, são eles:
· Lei nº. 6.664, de 26 de Junho de 1979 – disciplina a
profissão de geógrafo e dá outras providências, além da
definição sobre a quem cabe o exercício profissional; esta
lei ressalta as atribuições que o geógrafo possui;
· Lei nº. 7.399, de 4 Novembro de 1985 – altera a redação
do Artigo 2º da lei supracitada, amplia o contexto de
competência do exercício da profissão de geógrafo, e
ressalta no seu Artigo 5º a incumbência pelo Crea de
fiscalizar a profissão deste e de outros profissionais do
sistema Confea/Crea;
· Decreto nº. 92.290, de 10 de Janeiro de 1986 – refere-se
ao instrumento de regulamentação da lei supracitada, lei
que disciplina a quem cabe exercer a profissão e o que se
pode fazer enquanto geógrafo;

Manual do Geógrafo 7
· Resolução nº. 1.010, de 22 de Agosto de 2005 – conforme
expresso no seu caput, essa resolução dispõe sobre a
regulamentação da atribuição de títulos profissionais,
atividades, competências e caracterização do âmbito de
atuação de profissionais inseridos no sistema Confea-
Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional.
Importante salientar que essa resolução versa sobre a
concessão de atribuição de título profissional, atividade e
competência profissional, modalidade profissional, entre
outros.

O Conselho Federal publicou a Resolução nº. 1.040/2012,


que suspendeu a aplicabilidade da Resolução nº. 1.010 até
dezembro de 2013.
Mais recentemente, a Resolução nº. 1.051 suspende a
aplicabilidade da Resolução nº. 1.010, e determina o adiamento
da entrada em vigor dessa resolução, suspendendo a sua
aplicabilidade aos profissionais diplomados que solicitarem
seu registro profissional, junto ao Crea, de 1 de janeiro de 2014
até 31 de dezembro de 2014. Segundo o comunicado, esses
profissionais receberão as atribuições profissionais constantes
da resolução específica ou instrumento normativo anterior à
vigência da Resolução nº 1.010.

Salário mínimo profissional


O salário mínimo dos profissionais vinculados ao sistema
Confea/Crea foi inicialmente definido na Lei nº. 4.950-
A/1966, mas não considera o geógrafo, pois este ainda não era
vinculado a esse “órgão”. Com a Resolução nº. 397/1995, outros
profissionais, incluindo o geógrafo, passam a ter direito legal
ao salário mínimo profissional, que consiste na “remuneração
mínima devida, por força de contrato de trabalho que caracteriza
vínculo empregatício”.
Essa resolução define, nos Artigos 3º ao 6º, que:

8 Manual do Geógrafo
· para diplomados com menos de 4 anos de formação, a
remuneração para carga horária de 6 horas diárias de
trabalho consiste em 5 vezes o valor do salário mínimo
comum vigente;
· para diplomados com 4 anos ou mais de formação, a
remuneração para carga horária de 6 horas diárias de
trabalho consiste em 6 vezes o valor do salário mínimo
comum vigente;
· para carga horária superior a 6 horas diárias de trabalho,
acrescenta-se 25% do valor do salário mínimo comum
vigente.

Por exemplo, em 2014, com o valor do salário mínimo fixado


em R$ 724,00, a remuneração seria a seguinte:

6 horas diárias de 8 horas diárias de
trabalho trabalho
Menos de
5 salários 7,5 salários
4 anos de R$ 3.620,00 R$ 5.430,00
mínimos mínimos
formação
4 anos ou R$
6 salários 8,5 salários
mais de R$ 4.344,00
mínimos mínimos 6.154,00
formação


Anotação de Responsabilidade Técnica
Instituída pela Lei Federal nº. 6.496/1977, a Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) é o registro do contrato –
escrito ou verbal – entre o profissional e seu contratante. Essa
lei estabelece que todos os contratos referentes à execução
de serviços ou obras de Engenharia, Agronomia, Geologia,
Geografia ou Meteorologia deverão ser objeto de anotação
no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, Crea-
BA. Funciona como uma espécie de selo de qualidade para o
profissional e pode ser feita por todos que estejam legalmente

Manual do Geógrafo 9
habilitados no sistema Confea/Crea. Tanto para o geógrafo,
quanto para a sociedade de uma forma geral, a ART se apresenta
como um instrumento para identificar a responsabilidade
técnica e valorizar o exercício das profissões (formando um
acervo técnico).
A ART define obrigações contratuais e identifica os
responsáveis em diversas atividades, sendo exigida na
elaboração de projetos, em consultoria na execução de
obras e serviços (independentemente do nível de atuação do
profissional) ou mesmo no registro de desempenho de cargo
ou função técnica (em órgãos públicos ou empresas privadas).
Sempre que for necessário estabelecer o vínculo de um
profissional geógrafo com pessoa jurídica para o desempenho
de tarefas que envolvam atividades para as quais sejam
necessários habilitação legal e conhecimentos técnicos de
nossa profissão, a ART é obrigatória. Desta forma, nenhuma
obra ou serviço que contrate profissionais dessa área poderá
ter início sem o registro da ART (Resolução nº. 425/98 do
Confea, Artigo 3º).
Cada profissional deverá registrar individualmente a ART
(como co-responsável, em sua área de atuação) sempre que
as situações envolverem equipes, sejam multidisciplinares ou
da mesma modalidade. Para evitar a cobrança de multas, o
registro deverá ser feito com antecedência ou logo no início
do desenvolvimento da atividade. Conforme as normas, serão
declarados os principais dados do contrato firmado entre o
profissional e seu cliente (no caso de profissional autônomo),
ou ainda entre o contratado e o contratante (no caso de
profissional com vínculo empregatício).
Dando prosseguimento, o profissional deverá encaminhar o
registro (de projetos, avaliações e arbitramentos, dentre outros)
para a jurisdição onde ele mantém o seu escritório ou empresa.
Em relação às execuções de obras ou serviços técnicos, os
respectivos registros só poderão ser encaminhados para o

10 Manual do Geógrafo
Crea em cuja circunscrição for exercida a respectiva atividade
(Resolução nº 1.025/2009, do Confea).
Para mais informações, favor consultar: http://www.creaba.
org.br/servico/56/ART-Eletronica.aspx.

O PAPEL DAS ENTIDADES

Crea
O Crea é o órgão que regulamenta, fiscaliza, controla, orienta
e aprimora o exercício das atividades profissionais, com
jurisdição em todos os estados da federação.
O órgão foi criado com a finalidade de defender a sociedade
dos riscos aos quais estaria exposta, pela atuação de pessoas
leigas em profissões regulamentadas, bem como pelo mau
desempenho profissional de pessoas habilitadas nas profissões
de sua competência. O órgão desempenha também atividades
de valorização profissional.
O sistema Confea/Crea, composto pelo Confea (Conselho
Federal de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia
e Meteorologia) e pelos Creas, constituído nos termos da
Lei nº 5.194/1966, presta serviço público de normatização
e fiscalização do exercício das profissões de engenheiro,
arquiteto, agrônomo, geólogo, geógrafo, meteorologista,
tecnólogo, técnico industrial e técnico agrícola. O Confea,
dotado de personalidade jurídica própria, com sede e foro
em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional, é a
instância superior do sistema.
A importância de ser um profissional registrado no Crea
comprova que o geógrafo frequentou um curso reconhecido
pelo Ministério da Educação e está habilitado a exercer
legalmente a sua profissão.

Manual do Geógrafo 11
Sindicato
É uma associação para defesa e coordenação dos interesses
econômicos e/ou profissionais de indivíduos. São entidades de
direito privado que representam uma determinada categoria
profissional (engenheiros, professores, etc.) ou trabalhadores
de um ramo de produção (metalúrgico, químico, educação,
etc.), que tem como objetivo defender e reivindicar os interesses
trabalhistas sociais e salariais.

Associação profissional
São entidades associativas de direito privado e sem fins
lucrativos, que congregam profissionais afins e em torno de
interesses comuns, podendo ser:
· associações que congregam profissionais por modalidade
profissional;
· associações que congregam profissionais de uma mesma
cidade ou região geográfica.

Aprogeos
São entidades profissionais, com caráter de associação, que
representam os geógrafos no sistema Confea/Crea, bem como
nas demais instâncias – como em organizações de concursos
públicos que estejam excluindo geógrafos –, e visam amparar
o profissional e defender seus direitos. No Brasil já existem
Aprogeos em diversos estados: Ceará, Paraíba, São Paulo, Santa
Catarina, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Através da entidade constitui-se o quadro de associados,
buscando promover a integração e valorização do profissional.
Para isso é necessária a filiação dos associados, cabendo a
esses, colaborar através do pagamento de anuidade/doações,
ajudando na manutenção da associação.
Os objetivos da representação dos interesses e em defesa
do direito do profissional geógrafo, perante o Crea-BA e a
sociedade, são:

12 Manual do Geógrafo
· atuar para uma maior valorização dos geógrafos no estado
da Bahia, defendendo e encaminhando as reivindicações
dos mesmos aos órgãos competentes;
· fortalecer a importância da participação dos geógrafos
junto aos serviços privado e público nas instâncias
Federal, Estadual e Municipal;
· fortalecer a articulação da categoria;
· zelar pelo cumprimento da legislação, de acordos e das
convenções coletivas de sentenças normativas e similares,
que assegurem direitos à categoria;
· dialogar com as diversas entidades da sociedade visando
o fortalecimento do papel do geógrafo na mesma;
· promover o desenvolvimento da categoria de acordo
com o disposto na Lei nº. 6.664/1979, no que se refere
a reconhecimentos, levantamentos, estudos, pesquisas,
arbitramentos, organização, planejamento, produção e
disseminação da informação geográfica.

Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB)


É uma entidade científica, cultural e filosófica, na qual
participam quaisquer pessoas que tenham interesse pela ciência
geográfica.

ÉTICA PROFISSIONAL E O GEÓGRAFO

O profissional de Geografia
Todas as profissões cujas atividades receberam do legislativo
brasileiro uma regulamentação através de uma lei específica,
possuem certas normas de funcionamento, de organização e de
comportamento que devem ser observadas com rigor.

Manual do Geógrafo 13
Os profissionais de Geografia, enquanto bacharéis, são
geógrafos, e regulamentados pelo sistema Confea/Crea,
enquanto os professores de Geografia são regulamentados pelo
Ministério da Educação e Cultura (MEC).
O geógrafo, portador do diploma de bacharelado em
Geografia, deverá se inscrever no Crea do seu estado, atender
às suas normas legais e observar o seu Código de Ética.
Portanto, legalmente, geógrafo é o indivíduo com bacharelado
em Geografia e inscrito no Crea.

O geógrafo
As responsabilidades referentes à ética dos profissionais,
no entanto, não se restringe tão somente àquelas previstas
perante os seus respectivos conselhos. Há normas de conduta
que devem ser observadas na relação entre seus pares. Por
exemplo, o dever de não criticar outro profissional com o
objetivo de lograr vantagens frente aos seus colegas. Muitas
vezes os Conselhos inserem essas normas nos Códigos de Ética
Profissional. São normas imperativas, cuja desobediência pode
levar a graves punições.
Outro exemplo comum é o caso de profissionais de Geografia
sem o título de bacharel e sem o registro no Crea – não sendo
portanto um geógrafo perante o Conselho e a lei – que realizam
trabalho de consultoria técnica para empresas. Além de uma
prática antiética, configura um ato de exercício ilegal da
profissão.

A ética entre profissionais de formação diferenciada


Na Geografia e nas ciências afins, as linhas divisoras são muito
tênues e delicadas. Não são poucas as vezes que a execução de
uma tarefa suscita dúvidas sobre qual profissional deve fazê-la.
Às vezes a dúvida fica entre o geógrafo e o geólogo, outras vezes
entre o geógrafo e o agrimensor, outras vezes ainda entre o
geógrafo e o arquiteto ou ainda entre o geógrafo e o engenheiro,

14 Manual do Geógrafo
e assim por diante. São as chamadas áreas de “sombreamento”
ou as “interfaces”.
Na realidade existem conflitos e os profissionais procuram
assegurar os trabalhos, de um modo ou de outro atribuídos às
suas carreiras e aos seus respectivos campos de atuação, por
diversos meios. Por exemplo, através de lobby junto ao Poder
Legislativo para aprovação de leis que lhes convêm, ou atuando
no mercado de trabalho, mesmo não possuindo atribuição
legal para tal.
Dentro do sistema Confea/Crea também se encontram
divergências. E o que mais preocupa os geógrafos atentos ao que
se passa no interior desse sistema é a desmobilização dos colegas
enquanto classe, o que enfraquece uma categoria já pouco
representada dentro do sistema, e mesmo diante da sociedade.

A ÉTICA NAS RELAÇÕES SOCIAIS E A


RESPONSABILIDADE PERANTE À SOCIEDADE

O Código de Defesa do Consumidor


A questão ética é tão extensa que inclui ainda o posicionamento
do profissional diante das relações sociais e da própria
sociedade.
Não basta que o geógrafo esteja inscrito no Conselho, que
exerça sua atividade conforme sua competência técnica prevista
pela lei, e que respeite os colegas de profissão e de áreas afins.
É preciso, ainda, cumprir os seus deveres enquanto cidadão e
agir socialmente, sempre de acordo com as normas gerais de
direito.
Para isso, os instrumentos legais acabam por estabelecer
normas que atingem o indivíduo enquanto profissional. Entre
esses instrumentos podemos citar o Código Civil, o Código
Penal, a legislação tributária, etc. No entanto, o mais importante,
e que atinge diretamente aos profissionais, é o Código de Defesa
do Consumidor.

Manual do Geógrafo 15
O trabalho do geógrafo, ou da empresa na qual ele trabalha, é
uma prestação de serviço a alguém. Este alguém é um consumidor
e o geógrafo um fornecedor (prestador de serviço). Portanto, o
trabalho do geógrafo é regulado também pelo Código de Defesa
do Consumidor, que foi instituído pela Lei nº. 8.078/1990. Daí
a importância do geógrafo estar atento aos aspectos legais do
seu trabalho, uma vez que poderá ser acionado judicialmente
por aquele que o contrata, quando este se sentir prejudicado na
relação profissional contratado-contratante, ou constate que o
trabalho realizado não atendeu às suas expectativas.
Como exemplo de situações passíveis de serem objeto de
um contencioso judicial, poderíamos citar a hipótese da
construção de um determinado prédio, que acaba por causar
danos irremediáveis no meio ambiente local, e que não foram
previstos pelo geógrafo quando este elaborou os estudos
ambientais; ou quando o profissional promete um determinado
resultado de seu trabalho e este resultado não é alcançado.
São situações em que o geógrafo pode vir a ser processado
civilmente, para a compensação de prejuízos advindos de um
trabalho mal feito, e poderá, ainda, responder ações na área
criminal por uma conduta ilícita no relacionamento com aquele
que contratou seus serviços.
A atuação do profissional, portanto, no mercado de trabalho,
não pode se dar antes de um conhecimento seguro a respeito
das normas regulamentadoras da profissão de geógrafo e das
normas legais que regulam a sua atividade profissional. Quando
falamos em ética, portanto, não estamos apenas falando do
comportamento moral aceito. Fala-se também de regras
concretas e reais que devem pautar estritamente o trabalho do
profissional e sua postura perante à sociedade, sob pena dele se
tornar sujeito passivo em uma lide processual diante do Poder
Judiciário, e ter com isso sua carreira prejudicada, ou mesmo
encerrada de forma prematura, por força de uma decisão
administrativa e/ou judicial.

16 Manual do Geógrafo
Os Códigos de Ética
O Crea possui um Código de Ética. O profissional deve estar
formalizado em um Código de Processo Ético, que se destina a
estabelecer e uniformizar os procedimentos, dentro do Conselho,
dos atos praticados, e dentro dos processos administrativos que
apuram as faltas éticas cometidas por profissionais. O objetivo
é dar maior agilidade, segurança e igualdade de tratamento aos
processos abertos pelo Conselho contra os profissionais.
O Código de Ética estabelece alguns pontos fundamentais do
comportamento profissional, estabelecendo a forma como será
processado o profissional, caso este infrinja os dispositivos do
Código de Ética.
Com o Código de Processo Ético, o profissional que tenha
cometido uma infração, saberá a forma como será processado,
e saberá, portanto, de que forma poderá e deverá se defender,
assim como os procedimentos que são encaminhados durante
o processo e como será julgado.
O avanço nesse campo é enorme. A partir do sistema Confea/
Crea e das instituições congêneres dos demais países, temos
um Código de Ética para o Mercosul desde o final do ano de
1993. O Código, estabelecido pela Comissão de Integração
de Agrimensura, Agronomia, Arquitetura e Engenharia para
o Mercosul, é simples, porém abrangente, estipulando aos
profissionais do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, normas
bastante claras em capítulos específicos, regendo os deveres: (I)
do profissional para com a sociedade; (II) para com a dignidade
da profissão; (III) para com os demais profissionais; (IV) para
com os clientes e o público em geral; (V) entre os profissionais
que se dedicam à função pública e os que o fazem na atividade
privada; (VI) em sua atuação perante contratos, estabelecendo
ainda regras a respeito dos profissionais ligados entre si por
relação de hierarquia, dos profissionais nos concursos e das
incompatibilidades no exercício profissional.

Manual do Geógrafo 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A diretoria executiva da Associação Profissional dos


Geógrafos da Bahia, com a colaboração de geógrafos
brasileiros, tem realizado atividades com o objetivo de
promover uma efetiva inter-relação entre os diversos membros
da comunidade geográfica: alunos, professores de geografia e
geógrafos, a fim de uma maior valorização do profissional.
Ao longo de dois anos, as atividades estiveram voltadas para
a fundação da associação. Durante esse período, determinadas
atividades foram desenvolvidas, tais como a elaboração do
estatuto e a participação em discussões referentes à atuação do
profissional junto ao Crea. Finalmente, no dia 7 de fevereiro
de 2012, a Aprogeo-BA foi fundada. A partir de então, houve
reuniões para o planejamento de ações estratégicas, organização
e realização de eventos, entre outras atividades.
Vale ressaltar que durante esse período, a associação precisa
comprovar perante ao Crea a efetividade dessa atuação, a fim
de requerer direito a um assento na Câmara Especializada e
adquirir voz ativa nas decisões da mesma.
Queremos salientar que continuamos na caminhada em
busca de maior valorização dos profissionais de Geografia e
sua digna inserção no mercado de trabalho. Todos os geógrafos
podem e devem contar com a Aprogeo-BA nesse processo.
As atividades desenvolvidas atualmente concentram-se:
na consolidação da associação como representante legal do
geógrafo; na divulgação das atribuições e qualificações do
profissional perante diversos órgãos do Estado e da iniciativa
privada; na capacitação dos colegas através de palestras/cursos
oferecidos e na constante luta por reconhecimento de direitos,
incluindo a participação em concursos públicos.

18 Manual do Geógrafo
Neste sentido todo auxílio é bem-vindo. Contamos com a
participação de todos os colegas, tanto com ideias e sugestões,
quanto com a própria filiação, pois somente uma associação
forte terá condições de atuar plenamente na defesa dos direitos
do geógrafo.

MATERIAIS DE REFERÊNCIA

A Legislação que regulamenta a profissão de geógrafo, está


disponível em: http://www.agb.org.br/arquivos/geografo.
htm. Consulta: 28 de março de 2012. Veja também:

Manual do Profissional, disponível em: http://www.creaba.


org.br/ftp/Manual_Profissional.pdf, 2005. Consulta: 15 de
março de 2012.

PEDROSO, Nelson Garcia (Org.) Geógrafos: legislação,


formação e mercado de trabalho. São Paulo: AGB/CONFEA,
1996. 129p.

Regimento Interno do Conselho Regional de Engenharia e


Agronomia – Crea-BA, 2005, disponível em: http://www.
creaba.org.br/Imagens/FCKimagens/Pdf/Regimento%
20Interno.pdf. Consulta: 28 fevereiro de 2012.

Resolução nº. 1.010 (Anexo I), Sistematização das Atividades


Profissionais.

Preâmbulo, 2005. Disponível em: http://www.abepro.org.


br/arquivos/websites/1/Anexos_I_e_II_Resol._1010.pdf.
Consulta: 28 de março de 2012.

Manual do Geógrafo 19
Endereços importantes:
http://www.mutua-ba.com.br
http://www.creaba.org.br/
http://www.confea.org.br

20 Manual do Geógrafo

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