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LAVRAS – MG
2014
LUANA CRISTINA CUNHA FERREIRA
Orientadora
Dra. Rosana Maria Mendes
LAVRAS – MG
2014
LUANA CRISTINA CUNHA FERREIRA
_________________________________
LAVRAS – MG
2014
Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, por me
proteger e me abençoar a cada dia, ao meu marido,
Rodrigo e meu filho Gustavo, que com muito amor e
compreensão sempre estiveram ao meu lado,
acreditando em mim.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
CAPÍTULO I: O JOGO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ....................... 17
1.1 O Homem e o lúdico.................................................................................... 19
CAPÍTULO II: METODOLOGIA ................................................................. 29
2.1 Questão de investigação e objetivo da pesquisa ....................................... 29
2.2 A pesquisa, a escola e os participantes ...................................................... 29
2.3 A escolha do jogo “Roleta Matemática” e sua exploração ...................... 34
2.4 Os momentos de Jogos no jogo “Roleta Matemática” ............................. 49
2.5 Constituição dos dados ............................................................................... 55
CAPÍTULO III: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ........................... 57
3.1 Primeira Seção: “Familiarização dos alunos com o material do jogo”,
“Reconhecimento das regras do jogo”, “O Jogo pelo Jogo” ......................... 57
3.2 Segunda Seção: Intervenção Pedagógica Verbal ..................................... 85
3.3 Terceira Seção: “ Intervenção Escrita” .................................................... 99
3.4 Quarta Seção: Aula Ministrada ............................................................... 121
3.5 Quinta Seção: Jogar com “Competência” .............................................. 122
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 136
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 137
ANEXOS .......................................................................................................... 140
13
1 INTRODUÇÃO
como parte importante de sua formação, sendo assim os jogos podem ser
grandes aliados à Educação, especificamente à Educação Matemática, pois
ambos são necessários para o desenvolvimento do indivíduo, claro que com uma
metodologia adequada, e intervenções pedagógicas realizadas. Abordamos na
pesquisa que o uso dos jogos na Educação Matemática pode ter potencialidades
educacionais trazendo contribuições no aprendizado. Nessa perspectiva
apresentamos a estrutura da pesquisa na primeira pessoa do plural, pois estavam
envolvidas na pesquisa a pesquisadora discente e a pesquisadora orientadora.
No Capítulo I: O jogo na Educação Matemática, abordamos reflexões
teóricas sobre a ludicidade e sua importância na vida do ser humano.
O Capítulo II refere–se à metodologia adotada nesta pesquisa,
caracterizada em uma abordagem qualitativa, buscando responder à questão de
investigação: “Quais as potencialidades do jogo “Roleta Matemática” para o
processo de Ensino Aprendizagem de Probabilidade?” Para tanto,
procuramos alcançar o objetivo de “investigar as estratégias de resoluções de
problemas gerados pelo jogo “Roleta Matemática” para a mobilização e
apropriação de conceitos de Probabilidade”.
Apresentamos a pesquisa, a escola e os participantes, a escolha do jogo
“Roleta Matemática” e sua exploração, os momentos de jogo propostos por
Grando (2000, 2004) que representam intervenções pedagógicas ao se trabalhar
com jogos no processo ensino aprendizagem de Matemática: 1º Momento-
Familiarização dos alunos com o material do jogo; 2º Momento –
Reconhecimento das Regras; 3º Momento – O “Jogo pelo Jogo”; 4º Momento –
Intervenção Pedagógica Verbal; 5º Momento – Registro do Jogo; 6º Momento –
Intervenção Escrita; 7º Momento – Jogar com “Competência”. Apresentaremos
também como ocorreu a constituição dos dados.
16
-“O jogo é uma atividade voluntária. Sujeito a ordens, deixa de ser jogo,
podendo no máximo ser uma imitação forçada” (HUIZINGA, 2000, p. 10). Para
ser jogo o jogador tem que querer jogar, ou seja, todas as pessoas têm o direito
de decidir se quer jogar ou não.
-“O jogo não é vida corrente nem vida real. Pelo contrário, trata-se de
uma evasão da vida real para uma esfera temporária de atividade com orientação
própria” (HUIZINGA, 2000, p. 11). Isto é, não faz parte da vida cotidiana, faz
parte da vida do jogador somente na ação no jogo, no momento do jogo.
18
-“Todo jogo tem suas regras” (HUIZINGA, 2000, p. 14). As regras são
fundamentais para o jogo, se não há regras, não existe jogo. E é muito
importante que os jogadores respeitem as regras.
Contudo, entendemos que jogo é livre e não faz parte da vida das
pessoas, mas ao mesmo tempo ele consegue envolver o jogador intensamente,
fazendo-o sentir vários sentimentos em busca da vitória, alegria, temor, desafios.
As regras são indispensáveis, para ser jogo é necessário ter regras e não pode
existir nenhum interesse material. O jogo tem início e fim e os jogadores são
envolvidos dentro do seu limite de tempo.
mais preparado para inserir em sua sala de aula o jogo como instrumento de
trabalho.
Nesta pesquisa estudamos sobre jogos no processo ensino aprendizagem
de Matemática, por esse motivo é importante discutirmos um pouco sobre essa
ciência. Ponte et al. (1997) afirmam que a simples pergunta “o que é a
matemática”, é alvo de várias respostas. O que sabemos é que essa ciência é
muito antiga, estava presente na vida dos homens primitivos, que auxiliavam nas
suas contagens e no seu cotidiano. Percebemos sua grandeza e sua importância
por estar sempre presente no nosso dia a dia. A Matemática é uma ciência
mental e abstrata. É mental, mas é preciso ter a representação, seja ela numérica,
entre outros.
inserido no momento que o aluno realiza reflexões, analisa o jogo, suas jogadas,
corrigindo jogadas erradas e criando estratégias para conseguir a vitória.
A aprendizagem não está no jogo e sim nos processos, nas intervenções
que realizamos. Para Grando (2004), esses processos do uso de jogos no
processo ensino aprendizagem de Matemática são valorizados, para que possa
acontecer uma aprendizagem Matemática importante para o aluno em seu
desenvolvimento de “fazer matemática”. Dessa forma, melhorando o ensino da
Matemática, fazendo com que o aluno se aproxime do objeto de conhecimento
“a Matemática”.
Dessa forma, diante do estudo teórico apresentado neste capítulo,
tivemos o objetivo de inserir os jogos no contexto escolar na Educação
Matemática em que estudamos as potencialidades do jogo “Roleta matemática
para o processo de Ensino Aprendizagem de Probabilidade”. Pelo fato de que
temos o lúdico como parte importante da formação do ser humano, e nesse
sentido, o jogo nos revela nessa ludicidade, trazendo desafios, descontração e
envolvimento enquanto se aprende.
No próximo capítulo abordamos as metodologias adotadas nesta
pesquisa, caracterizada em uma abordagem qualitativa, apresentamos o processo
de construção dessa pesquisa, buscando responder nossa questão de investigação
e alcançar o objetivo proposto.
29
1
A análise de dados será discutida com mais detalhes no próximo capítulo.
31
2
A direção da escola assinou um Termo. de Consentimento Esclarecido–Direção da
Escola autorizando a realização da pesquisa. O termo está no Anexo A desta pesquisa.
3
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA. Disponível em:
<http://www.sgcesec.com/ index.php>. Acesso em: 13 nov. 2014.
4
PROJETO ACELERAR PARA VENCER. Disponível em
<http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/ banco_objetos_crv/%7B7CB1378C-
6FEE-42EE-BBDF-DE1FE2B9CE84%7D_Resolu+%C2%BA+%
C3%BAo%20SEE%20n-%C2%A6%201033-2008.>. Acesso em: 27 out. 2014.
32
5
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL. Disponível em:
<http://www.uberaba.mg. gov.br/portal/conteudo,750>. Acesso em: 13 nov. 2014.
33
A escolha por esse se deu uma vez que os alunos desse grupo sentiram
mais à vontade em participar da pesquisa, pois o restante da sala ficou um pouco
receoso. Toda a turma participou das atividades em todos os momentos.
Na escola, os participantes da pesquisa eram conhecidos como quarteto
fantástico, pois são amigos há muito tempo e sempre estavam juntos.
Para que não houvesse a exposição dos alunos, mantendo a integridade
dos mesmos utilizamos nomes fictícios escolhidos pelos próprios alunos. Os
participantes da pesquisa foram:
34
Para a realização desta pesquisa, optamos por estudar um jogo que faz
parte do acervo do Laboratório da Matemática (LEM) da UFLA. Esse espaço foi
criado com o objetivo de auxiliar os alunos da Licenciatura em Matemática em
sua formação docente. Nesse ambiente ocorrem as aulas de prática de ensino,
como as de Estágio Supervisionado, Metodologia de Ensino para a Matemática,
Disciplinas eletivas da área de Educação Matemática, entre outras. É um
ambiente organizado com monitores que auxiliam no seu desenvolvimento. A
sala é ampla e possui cinquenta e duas cadeiras, quatorze mesas que podem ser
agrupadas de forma hexagonal, sete computadores, uma lousa digital, um data
show, uma scanner, um quadro verde, cinco gravadores de voz, quadro de
35
6
MMP MATERIAIS PEDAGÓGICOS. Jogo dos passageiros. Disponível em:
<http://www.mmpmateriais pedagogicos.com.br/ensino-fundamental-i/jogo-dos-
passageiros-para-cuisinaire/ >. Acesso em: 13 nov. 2014.
36
7
MMP MATERIAIS PEDAGÓGICOS. Jogo probabilidado. (2014b). Disponível em:
<http://www. mmpmateriais pedagogicos.com.br/ensino-medio/jogo-probabilidado/>.
Acesso em: 13 nov. 2014.
38
8
MMP MATERIAIS PEDAGÓGICOS. Jogo “Roleta Matemática”. (2014c).
Disponível em: <http://www.mmpmateriaispedagogicos.com.br/ensino-medio/jogo-
roleta-matematica/>. Acesso em: 15 nov. 2014.
39
9
MÉTODO ROLETA. Disponível em:
<http://www.metodoroleta.com.br/demonstracao/>. Acesso em: 7 fev. 2014.
41
Probabilidade
10
PORTAL DO PROFESSOR. Roda matemática. Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ storage/recursos/917/
probabilidades/mat5_ativ1b.htm>. Acesso em: 7 fev. 2014.
42
Probabilidade Condicional
A terceira fase do jogo diz que poderiam ser feitas apostas considerando
a probabilidade de intersecção de dois eventos, que poderiam ser chamadas de
regra da adição para a probabilidade de A ou B.
O tabuleiro parecia com uma tabela de dupla entrada e para não causar
problemas no futuro sobre tabelas nós optamos em tirar as linhas laterais, pois
45
conforme Rodrigues (2010, p. 15)11 “uma tabela não deverá ser fechada
lateralmente”.
Da forma que o tabuleiro se encontrava não tinha como perceber se os
múltiplos, divisores, par, ímpar, era considerando todo o tabuleiro ou somente os
números que estavam no grupo próximo ao nome. Por exemplo, vimos a aposta
no par e ficamos em dúvida se era para ser feito olhando os pares do tabuleiro
inteiro ou somente do número 1 ao 18.
11
RODRIGUES, W. C. Estatística aplicada. 8. ed. [S. l.: s. n], 2010. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/ doc/58595185/Estatistica-Aplicada-Ed-2010>. Acesso em: 16
nov. 2014.
46
Depois o professor girava a roleta e contava o resultado para a classe. Vamos supor que
o resultado tinha sido 9 (vermelho) e portanto o aluno acertou a aposta. Agora ele
termina de preencher a ficha:
Rodada Aposta “chance” resultado débido/crédito
1 Faixa 1 1/6 9v +6
2ª fase: O jogo poderia ser usado para probabilidades condicionais. Era necessário que o
coordenador para o sorteio fosse o professor. Primeiramente o coordenador girava a
roleta, via o resultado e dizia aos jogadores alguma condição em que se enquadrava o
resultado que somente ele estava observando.
Por exemplo, se o resultado fosse 12 ele poderia dizer que “o resultado era vermelho”,
ou “o resultado era um número par”, etc.
Ao fazer isso ele estava fornecendo uma condição e somente depois os alunos deveriam
apostar. Nesse caso o aluno poderia colocar sua ficha somente nos vermelhos ou nos
pares.
Vamos supor que o professor tenha dito “o número era par”;
Aposta possível:
Rodada Aposta “chance” resultado débido/crédito
1 14 1/18 = 12 -1
Como na fase anterior as apostas deveriam ser discutidas coletivamente.
Auxiliar
Auxiliar professora
professora
/ Truncamento
... Pausa
() Fala irreconhecível
Indicações de que a fala foi tomada ou interrompida/suprimida em
[...]
determinado (ou algum) ponto.
((fala)) Superposição, simultaneidade de vozes
<...> Usando instrumentos do jogo
:: Alongamento de vogal ou consoante
- Silabação
[minúsculas] Comentários descritos do transcritor/pesquisador
#* Palavrão
Fonte: Mendes (2006)
12
WINDOWS MEDIA PLAYER. Disponível em:
<http://www.baixaki.com.br/download/ windows-media-player-11.htm>. Acesso em:
22 jul. 2014.
57
1. Ester: Sabe o que eu lembro dessa roleta aqui, até que a sorte nos separe
é isso?
2. Ana Maria: É [risos].
13
As regras e fases do jogo foram explicitadas no capítulo metodológico.
59
6. Imaculada: Fio você põe C um, ai você tem que por é doze, doze
daquele que você pois ali de três.
7. Ester: A já entendeu né? Então tá bom.
8. Elias: Não, deixa aqui.
9. Ana Maria: doze de trinta e seis.
10. Imaculada: doze de trinta e seis.
11. Imaculada: Ai você põe vinte e menos um..Vai Elias agora é a Ana
Maria que roda, vai.
Nesse momento percebemos que Elias (fala 40) analisou sua ficha de
apostas (Figura 6) verificando que, como estava com -6, se ganhasse 6 pontos,
ainda assim ficaria com zero. É importante observarmos que a aposta de Elias
estava nas faixas, por esse motivo eram seis pontos. Verificamos uma
mobilização do conceito matemático, a soma de números opostos, realizada ao
fazer este comentário. Conforme Bianchini (2011, p.16), “números que têm o
mesmo módulo são opostos ou simétricos”. Os números opostos na reta
numérica têm a mesma distância da origem, por isso suas somas sempre serão
nulas.
66
por não ter acertado a aposta (fala 50). De acordo com Grando e Marco (2007,
p. 101):
100. Ana Maria: uai, nada. Qual que é o coisa aqui mesmo?
101. Imaculada:dezoito.
102. Ester: uai oua.[risos]
120. Ester: que isso meu fio, eu não falto nenhum dia.
Nesse sentido concordamos com Grando (2004, p. 25) a qual mostra que
“o interesse está garantido pelo prazer que essa atividade lúdica proporciona,
entretanto, é necessário o processo de intervenção pedagógica a fim de que o
jogo possa ser útil na aprendizagem, principalmente para os adolescentes e
adultos”.
Iniciamos a terceira fase do jogo, a pesquisadora explicou suas regras no
quadro, fez um exemplo com todos juntos e depois retomaram os jogos.
121. Pesquisadora: Agora nós vamos começar com a 3º fase. Você vai fazer
duas apostas, vamos supor, você vai fazer a aposta na C um e faixa um. Vamos
olhar comigo ai. A C um qual é a probabilidade dela, a coluna um?
122. Ester: doze, perai.
123. Elias: perai, um,dois,três,quatro,cinco,seis,sete,oito,nove...
124. Ester: doze em trinta e seis.
125. Pesquisadora: não é (e), é (ou) tá, C um ou Faixa um. Quanto que é?
126. Ester: doze em trinta e seis e a outra é seis em trinta e seis.
127. Pesquisadora: quando é (ou )é mais.Faixa um é quanto?
128. Ester e Elias: seis em trinta e seis.
129. Pesquisadora: então ai vocês vão somar, quanto que dá aqui?
130. Elias: vixi.
131. Ester: dezoito, vai um doze::
132. Imaculada:vai um doze[risos]
133. Pesquisadora: denominador igual...
134. Elias: conserva.
135. Ester: a tá, é mesmo.
136. Imaculada: conserva o denominador ar::
74
137. Pesquisadora:certo.
138. Ester: a professora não ensinou isso não[risos]
139. Ana Maria: vai toma banho gente.
140. Ester: é isso que eu tô vendo[risos]
141. Pesquisadora: Presta atenção C um, faixa um, tem números repetindo
nos dois, então você vai estar contando dobrado, estes números que estão
repetindo. Quais são eles? Olha aqui, C um, Faixa um. Quais números tá
repetindo?
182. Pesquisadora: Não, vai ter que dividir né, pra você saber quanto[...]
184. 183. Elias: a o número que, não[risos]
185. Imaculada: não é isso.
186. Ester: a tá, o valor é dezesseis.
187. Pesquisadora: trinta e seis dividido por dezesseis.
188. Elias: como assim?
189. Pesquisadora: pra você saber o valor que você vai ganhar, se no caso
você acerta.
190. Imaculada: a:: tá tem que dividir ha::
191. Pesquisadora: e quanto que dá aqui, 36/16?
192. Imaculada: amo dividi veio, amo dividi.
214. Pesquisadora: Presta atenção, gente olha aqui ó, dois vírgula vinte e
cinco nós estamos trabalhando com número inteiro, não pode ser número com
vírgula, entendeu? Ai o que a gente tem que fazer? Arredondar.
215. Elias: arredondar.
216. Pesquisadora: A regra de arredondamento, eu vou escrever aqui no
quadro.
219. Imaculada: É, ai você tem que fazer a conta, tipo trinta e seis por
dezesseis.
220. Ester: Ai tipo, tipo eu escolhi, eu vou apostar no dez, ai vai ter que ser
dez sobre trinta e seis dividido?
221. Imaculada: Explica, nós não entendeu ainda [risos]
222. Pesquisadora: o que você não entendeu?
223. Imaculada e Ester: tudo.
Após a primeira seção, mesmo que seja nos três primeiros momentos de
jogos, em que o jogo pelo jogo é apenas para que as regras sejam
compreendidas, houve interação dos alunos, os quais criaram estratégias de jogo,
realizaram resoluções de situações–problemas contidas no decorrer do jogo, com
isso trazendo mobilização e apropriação de conceitos matemáticos existentes nos
jogos, como cálculo de probabilidade, simples, condicional e de adição de dois
eventos independentes, divisão, pares e ímpares. Ao jogar vamos criando
estratégias e assim estamos resolvendo as situações-problemas do jogo.
18. Pesquisadora: Por que Elias você acha mais fácil apostar nos múltiplos
de seis e nos ímpares?
19. Elias: é, porque a maioria dos de seis é par( ), seis,dezoito[...]
20. Pesquisadora: doze.
21. Elias:doze, é par
Concordamos com Grando (2004, p. 33) que diz “jogar é se expor, expor seus
limites e suas formas de raciocínio, o que pode vir a causar um certo “medo”
inicial”.
A pesquisadora menciona a importância do registro, ela (fala 33)
observa que Elias está anotando todos os múltiplos e relembra-os da necessidade
dos registros. Grando (2004, p. 59) diz que “para o professor, o registro é um
instrumento valioso, pois permite a ele conhecer melhor os seus alunos”. Com
esses registros percebemos o quanto o jogo trouxe mobilizações nos cálculos de
probabilidades, múltiplos e divisão.
Percebemos que quando Ester (fala 41) disse até trinta e cinco, ela fez
uma ligação com os cálculos de Elias que foram até trinta e seis os múltiplos de
91
seis, mas ela nesse momento não sabia o porquê iria até o trinta e cinco. A
pesquisadora (fala 42) fez a pergunta para Ester analisar e assim verificar o
motivo que iria somente até o trinta e cinco. Então, Ester conseguiu observar que
os cálculos iam até o trinta e seis, pois o nosso tabuleiro era até o trinta e seis.
Observamos que o conceito matemático está presente a todo instante no
jogo e percebemos a importância de trabalhar em todas as casas do tabuleiro,
para que o aluno possa usufruir de todos os conceitos matemáticos existentes no
jogo.
Dessa forma verificamos os conceitos que os alunos tinham mais
dificuldades, no episódio abaixo percebemos as dificuldades em calcular os
múltiplos de quatro.
63. Pesquisadora: Por que Elias você tá fazendo assim, escrevendo todos?
64. Elias: porque se eu consultar aqui eu vou saber quando é par, quando é
ímpar.
65. Imaculada: Eu nem puis aqui os múltiplos de todos.
66. Ester: quatro, oito, doze...né vinte e oito,trinta e dois, trinta e seis.
67. Pesquisadora: Tá mais fácil pra você saber qual que tá repetindo ? Por
isso que você tá escrevendo?
68. Elias: Sim.
69. Pesquisadora: Certinho.
70. Imaculada: Peraí.
Nesse momento observamos que Elias está mais seguro no jogo, pois
traçou estratégias, anotou em um papel todos os múltiplos para ser mais fácil
analisar os números que estão repetindo. E percebemos que Imaculada ao
observar essa questão, em seguida fez o mesmo.
Concordamos Luvison (2011, p. 76), o qual explica:
71. Imaculada: Eu esqueci como faz conta de dividir, como que faz conta de
dividir?
72. Imaculada e Ester: trinta e seis dividido por quinze.
93
127.Ana Maria: É.
128.Imaculada: trinta e seis dividido por vinte e quatro.
129.Ester: É um não é não? É um né, trinta e seis dividido por vinte e quatro?
130.Ana Maria: Vai dá zero vírgula seis então ( ).
131.Imaculada: É um.
132.Ester: É um Elias.
133.Imaculada: um vezes vinte e quatro, vinte e quatro, um vezes vinte e
quatro,vinte e quatro.
134.Ester: trinta e seis menos vinte e quatro.
135.Imaculada: Elias põe um.
136.Elias: Já puis já.
137.Ester: debaixo do trinta e seis você põe vinte e quatro, agora você soma.
138.Imaculada: diminui.
139.Ester: você diminui quer dizer.
140.Imaculada: trinta e seis menos vinte e quatro.
141.Ester: Elias você não deu conta disso ai, pelo amor de Deus.
142.Imaculada: três menos dois, um põe o um ai.
143.Ester: Vai dá doze, doze, doze Elias, doze.
144.Elias: Vem pra cá.
145.Imaculada: Então Elias.
146.Ester: Elias doze...doze agora.
147.Imaculada: Agora não dá mais não fia.
148.Ester: Agora você põe vírgula não, agora você põe vírgula zero,
arredonda, arredonda?
149.Elias: Não dá nada.
150.Pesquisadora: Não, você vai por o zero aqui ó.
151.Ester e Imaculada: É Elias.
152.Pesquisadora: Ai vai ficar cento e vinte dividido por vinte e quatro.
97
153.Ester:cento e vinte.
154.Elias: uai oua... tá cento e vinte por vinte e quatro.
155.Ester: cento e vinte por vinte quatro.
156.Imaculada: ham [risos]...cento e vinte dividido por vinte e quatro?...rê
que tamanho de número que eu fiz aqui, curuis uai...[risos]
157.Ester: oito...se for dois vai ser, dois, dois dividido por quatro, oito.
158.Imaculada: Tá me dando até áfita já veio [risos].
159.Elias: Eu já perdi tudo já.
160.Ester: por dois não dá, acho que é três...três, três vezes quatro,doze né.
161.Pesquisadora: Quanto?
162.Ester: doze, três vezes quatro, doze, vai um aqui ai, aqui é.
163.Imaculada: Não desconcentra ele.
164.Elias: passa.
165.Imaculada: três então é dois, se o três passa, quanto que você colocou?...
Então é três, se não for três é dois, se não for dois é um [risos].
166.Ester: é dois porque três tinha passado.
167.Pesquisadora: Gente, dois vezes vinte e quatro é quarenta e oito, ele tá
dividindo cento e vinte é mais... cento e vinte por vinte e quatro.
168.Imaculada: A não deu, você quis dizer não deu, não chegou ao número,
eu pensei que tinha passado.
169.Ester: É Elias, a não nós tá aqui quebrando a cabeça ar::
170.Elias: [risos] tá.
171.Imaculada: Então você tentou com quatro, então é cinco.
172.Ester: tenta vai, seis.
173.Elias: Eu tô aqui até hoje.
174.Ester: Vai Elias.
175.Imaculada: Viu, eu falei que era cinco ar::, se tivesse ido na minha, eu
sou burra mais nem tanto.
98
187.Ester: dois.
188.Pesquisadora: Então você ganhou quantos pontos?
189.Elias: dois pontos.
visualizar com mais detalhes como cada aluno desenvolve a resolução de cada
situação–problema proposta.
Concordamos com Grando (2004, p. 60) que “trata-se de um momento
em que os limites e as possibilidades do jogo são resgatados pelo professor, que
direciona os alunos para os conceitos matemáticos a serem trabalhados
(aprendizagem matemática)”.
Observamos que os alunos não ficaram muito satisfeitos ao receberam as
folhas como quando estavam jogando. Nesse sentido concordamos com Grando
(2004, p. 60) que há “perda de “ludicidade” do jogo, ao levá-lo para o contexto
de sala de aula”.
Entregamos nossa Intervenção Escrita14, duas folhas para cada aluno
com cinco situações-problemas. A atividade foi individual, pois no jogo as
apostas também eram individuais. A aluna Ester faltou à aula nesse dia, pois não
estava se sentindo bem, dessa forma a análise da Intervenção Escrita foi
realizada com três participantes: Ana Maria, Elias e Imaculada.
Nos primeiros momentos de jogo os alunos não estavam apostando em
múltiplos e divisores, por acharem as apostas nas faixas e colunas mais fáceis e
percebemos nas seções anteriores que os alunos estavam com dificuldades com
os múltiplos e divisores. Por esse motivo realizamos nossa primeira situação–
problema com múltiplos e divisores.
14
Intervenção Escrita do jogo “Roleta Matemática"está em anexo B.
101
Ele está certo porque o resultado será 5,14 e teria que arredonda
Reescrita da resposta do aluno Elias.
Observamos que Elias teve o mesmo raciocínio que Ana Maria. Em sua
resposta o aluno deixou bem claro o motivo de realizar o arredondamento,
mostrando a resposta da divisão que era o valor dos pontos.
104
problema anterior eles mostraram todos divisores de trinta e seis e nestes havia
números ímpares.
Sim. Porque nas faixas tem 6 números para apostar ela tem que apostar so em 1
então e 1/6
Reescrita da resposta da aluna Ana Maria.
Sim, por na faixa são 6 números e ela tem que apostar só em 1 então é 1/6
Reescrita da resposta da aluna Imaculada.
realizadas, por este motivo no início do jogo os alunos tiveram algumas dúvidas,
mas no momento em que começaram a jogar foram relembrando todas as regras
e conceitos matemáticos.
11. Ester: Agora deixa eu ver, a tá, ai você conta tá vendo aqui ó[mostrando
os múltiplos até o trinta e seis], até trinta e seis.
12. Imaculada: ai vai ser múltiplo de quatro e múltiplo de cinco.
13. Ester: É.
14. Imaculada: Você já rodou?
15. Ana Maria: Não.
16. Ester: Ai se agente acertar agente vai ter quantos pontos?
17. Imaculada: Ai depois você vai ter que somar seus pontos lá, dividir ( )
124
101. Pesquisadora: Por que você não vai? A vocês é espertinho [risos de
todos]
102. Elias: Dá por cinco, dá por que mais gente, dá por dez e dá por vinte
[risos]
103. Ester: E agora por vinte.
104. Ester e Imaculada: um, dois, quatro, cinco, dez e vinte.
105. Ester: Vai.
106. Pesquisadora: Todo mundo já anotou? E agora qual que é a
probabilidade?[...]
107. Imaculada: E agora como é que é a probabilidade?
108. Elias: A tá [risos]
109. Imaculada: Pensa fio.
110. Ester: Como é que agente vai fazer com a probabilidade?
111. Elias: um, dois, três, quatro, cinco, seis de trinta e seis.
112. Ester: Ó::
113. Ester:seis por trinta e seis e...
114. Imaculada: a última rodada nós tem que ganha.
115. Imaculada: dezoito.
116. Elias: dezoito perdemos.
117. Imaculada: A::
118. Elias: Vamos ver quem ganhou? Ó eu tenho um, dois, três.
119. Pesquisadora: Vamos ver quem é o grande campeão, agora soma tudo.
120. Ester: Aqui ó ela tá com nove menos um, dois, três, quatro, cinco, seis,
sete, oito.
121. Imaculada: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez.
122. Ana Maria: O meu deu menos sete [risos]
123.Imaculada: Tô com dez ai faz aqui bem.
124. Ester: A pelo amor de Deus Imaculada.
131
Após a última aposta Ester venceu o jogo e relembrou que nas primeiras
seções ela também havia ganhado (fala 143) e Imaculada comentou que nessa
seção ela iniciou ganhando (fala 144). Observamos como estavam mais
confiantes no que estavam fazendo, é importante ressaltar que o jogo foi criado
para probabilidade, mas ele ajudou muito também em divisão, múltiplos,
divisores, pares, ímpares e arredondamento. E foram nos cálculos que os alunos
perdiam mais tempo, com dúvidas em resolver.
Foi notória a evolução das jogadas dos alunos através das fichas de
apostas, nelas pudemos perceber como eles usaram mais o tabuleiro, apostando
em várias casas diferentes, faixas, coluna, pares, ímpares, múltiplos e divisores.
Abaixo as figuras das apostas para melhores entendimentos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXOS
_______________, ____________________________________________
Local/data
___________________________________________________
II - OBJETIVOS
III - JUSTIFICATIVA
IV - PROCEDIMENTOS DO EXPERIMENTO
AMOSTRA
Este trabalho será desenvolvido por meio de observações e constituição
dos dados nas aulas de Matemática, com alunos de 8° ano de uma Escola
Estadual, localizada na cidade de Campo Belo/MG.
EXAMES
Para a coleta de dados da pesquisa será usado áudio gravação, em que
denotaremos os sujeitos da pesquisa com nomes fictícios e também utilizaremos
recurso visual para gravarmos apenas as jogadas do tabuleiro, em momento
algum será exposto a imagem dos sujeitos da pesquisa.
V - RISCOS ESPERADOS
Não há riscos esperados.
VI – BENEFÍCIOS
Espera-se que este trabalho beneficie professores e alunos para um
ensino-aprendizagem da matemática mais significativo.
IX - CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
PACIENTE MENOR DE IDADE
Eu_________________________________________________________,
responsável pelo menor __________________________________________,
certifico que, tendo lido as informações acima e suficientemente esclarecido (a)
de todos os itens, estou plenamente de acordo com a realização do experimento.
Assim, eu autorizo a execução do trabalho de pesquisa exposto acima.
Campo Belo, _____ de __________________ de 20__.
NOME
(legível)___________________________________RG_________________
ASSINATURA______________________________________________
Nome: Série: