constituição dos sujeitos letrados no mútua constituição dos sujeitos 2. Observação participante;
papéis sociais assumidos por esses interação co-construída por esses construída pelo educador-
atores na interação co-construída atores, com base nos seus papéis educando e a educadora-
Desde o início a idéia era desenvolver uma ação-intervenção que tivesse como
pressupostos teórico-metodológicos um alfabetizar para a vida, voltado para a
compreensão dos diversos usos e funções da língua materna na sociedade. O referencial
mais próximo disso que eu conhecia era a proposta freireana de alfabetização a mim
apresentada na graduação e no Projeto Tororó, quando trabalhei com a alfabetização de
jovens e adultos. Decidi adotar os princípios básicos da proposta de Paulo Freire,
adaptando-os para o trabalho com o meu único colaborador. A adequação foi
imprescindível, pois a proposta de Freire é substancialmente orientada para o trabalho em
grupo.
4
Critérios explicitados no texto Alfabetização de Angelim (1996) contido no caderno do PROALFA e
FREIRE (1985. p. 73s )
o que me levou a incluir outras palavras que sabia fazerem parte do seu universo. O quadro
abaixo traz a relação das palavras pré-selecionadas.
uma análise lingüística5 de cada palavra. A análise lingüística foi feita com o intuito de
orientar tanto a educadora-alfabetizadora como o educador-educando nas suas tarefas de
compreensão e reflexão da nossa língua escrita. Essa análise possibilitou a reflexão sobre a
estrutura da língua e a sua complexidade em termos fonológicos, fonéticos e ortográficos.
Esse mapeamento das palavras-chave foi o que viabilisou à educadora-alfabetizadora
antecipar possíveis dificuldades que o educador-educando pudesse ter no momento de
aprender a grafar as mesmas. Ao mesmo tempo, serviu também como suporte para que a
mesma interviesse de modo adequado no processo pedagógico.
5
A análise lingüística das palavras geradoras foi realizada pela professora orientadora Stella Maris Bortoni-
Ricardo e pela professora Maria do Rosário Caxangá.
PROBLEMÁTICA
PALAVRA- DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS
EXISTENCIAL Nº
CHAVE
E P V S H I
Ro: sílaba CV, canônica, tônica;
Ça: sílaba CV; letra “ç” representando o
E 05 ROÇA
fonema /s/ em um contexto fonológico em que
as duas letras são usadas (ex.: assa).
Chu: sílaba CV; dígrafo “ch” representando o
fonema /x/ em um contexto em que a letra “x”
E S 06 CHUVA
também é usada. (ex.: Xuxa);
Va: sílaba CV, canônica.
A: sílaba V;
Gua: sílaba CVV; pode ser realizada como
ditongo crescente (sinérese) ou como hiato
E S 07 ÁGUA
(diérese). Neste contexto o fonema /u/ pode ser
representado também pela letra “o” (ex.:
mágoa).
I: sílaba V;
Ta: sílaba CV, canônica;
Pu: sílaba CV, canônica, prétônica. Neste
contexto a letra “o” também tem o som de /u/, o
que pode dar ensejo a uma hipercorreção :
E 08 ITAPURANGA “Itaporanga”;
Ran: sílaba CVC com travamento nasal, que é
realizado com a letra “m” /am/ (ex.: rampa);
com a letra “n” (ex.: canto ou ainda com o til /ã/
(ex.: rã);
Ga: sílaba CV, canônica.
Re: sílaba CV, canônica, pretônica. Neste
contexto a letra “e” pode ser pronunciada como
/i/ . O fonema/i/ da sílaba seguinte favorece essa
pronúncia ( harmonização vocálica);
Li: sílaba CV, canônica;
Gi: sílaba CV;a letra “g” representando o
I 09 RELIGIÃO fonema /j/ em um contexto fonológico em que
podem ser usadas as duas letras: “g” e “j” (ex.:
jibóia, jiló);
Ão: sílaba VV; ditongo nasal, “ão” /ãw/.
Quando átono final esse ditongo é representado
por “am” ( ex. falaram). Quando tônico final o
ditongo é grafado “ão”.
Men: sílaba CVC com travamento nasal, que é
realizado com a letra “m” /am/ (ex.: rampa);
com a letra “n” (ex.: canto ou ainda com o til /ã/
(ex.: rã);
As: sílaba CV; letra “s” representando o
fonema /s/ em um contexto fonológico em que
E 10 MENSALIDADE
pode ser usado também a letra “ç” (ex.:
vizinhança);
Li: sílaba CV, canônica;
Da: sílaba CV, canônica;
De: sílaba CV; letra “e” representando o fonema
/i/ em sílaba pós-tônica.
LEGENDA: E: econômico I: ideológico S: saúde P: político H: habitação, lazer, transporte, família
CV: consoante e vogal; CVV: consoante, vogal, vogal; CVC: consoante, vogal, consoante;
VV: vogal, vogal; CCV: consoante, consoante, vogal; CCVCC: consoante, consoante, vogal,
consoante, consoante:
PROBLEMÁTICA
PALAVRA- DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS
EXISTENCIAL Nº
CHAVE
E P V S H I
Vi: sílaba CV, canônica;
Zi: sílaba CV; letra “z” representando o fonema
/z/ em contexto fonológico em que também
pode ser representado pela letra “s” (ex.: asilo),
pode ser, ainda, representado pela letra “x” (ex.:
“exílio” );
Nho: sílaba CV em que a consoante é
H 11 VIZINHO
representada pelo dígrafo. A consoante nasal
palatal (representada por “nh” despalataliza-se
em algumas variedades da língua, mantendo-se
apenas a nasalidade da vogal /vizim o/, que
pode ainda ser reduzida a /vizim/.
A letra “o”, representando o fonema /u/ em
sílaba pós-tônica.
A: sílaba V;
Roz: sílaba CVC; o fonema /R/ neste contexto é
representado pelo dígrafo “rr” (Na translineação
esse dígrafo é grafado com cada letra em uma
das linhas). Em início de palavra ou depois de
E 12 ARROZ vogal nasal em sílaba interna, o fonema /R/ é
representado pela letra “r” (ex.: genro); letra “z”
representando o fonema /s/ pós-vocálico em
contexto fonológico que pode ser representado
também pela letra “s” (ex.: “rosto” ou pela letra
“x” “texto”).
Ca: sílaba CV, canônica; letra “c”
representando o fonema /k/, que pode ser
representado, também pelo dígrafo “qu” (ex.:
“quilo”);
Sa: sílaba CV; letra “s” representando o fonema
/z/ em um contexto fonológico em que as duas
H 13 CASAMENTO letras são usadas (ex.: alfabetizado);
Men: sílaba CVC com travamento nasal, que é
realizado com a letra “m” /am/ (ex.: rampa);
com a letra “n” (ex.: canto ou ainda com o til /ã/
(ex.: rã);
To: sílaba CV; a letra “o” representando o
fonema /u/ em sílaba pós-tônica.
Car: sílaba CVC; a pronúncia do “r” nesta
posição de travamento de sílaba varia de uma
região para a outra. Na região estudada esse /r/ é
retroflexo;
E 14 CARTÃO
Tão: sílaba CVV; ditongo nasal, “ão” /ãw/.
Quando átono final este ditongo é representado
por “am” ( ex. falaram). Quando tônico final o
ditongo é grafado “ão”;
LEGENDA: E: econômico I: ideológico S: saúde P: político H: habitação, lazer, transporte, família
CV: consoante e vogal; CVV: consoante, vogal, vogal; CVC: consoante, vogal, consoante;
VV: vogal, vogal; CCV: consoante, consoante, vogal; CCVCC: consoante, consoante, vogal,
consoante, consoante:
PROBLEMÁTICA
PALAVRA- DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS
EXISTENCIAL Nº
CHAVE
E P V S H I
Tra: sílaba CCV; a letra “r” nesta posição, em
alguns falares rurais ou rurbanos pode ser
trocada pela letra “l” ou não pronunciada;
Ba: sílaba CV, canônica;
E 15 TRABALHO
Lho: sílaba CCV; dígrafo “lh” representando o
fonema /λ/, que neste contexto neutraliza-se
com a seqüência “lio” ou ‘leo” (ex.: óleo) ou
ainda ser vocalizado (yeísmo) ( trabaio).
En: sílaba VC; com travamento nasal, que é
realizado com a letra “m” /am/ (ex.: rampa);
com a letra “n” (ex.: canto ou ainda com o til /ã/
(ex.: rã). O fonema /e/ pode elevar-se para /i/;
E 16 ENXADA
Xa: sílaba CV; o fonema /x/ em um contexto
fonológico em que pode ser usado também o
dígrafo “ch” (ex.: mancha);
Da: sílaba CV, canônica.
Te: sílaba CV, canônica;
Le: sílaba CV, canônica, pretônica. O fonema
/e/ pode ser pronunciado /i/ por influência da
vogal seguinte;
Vi: sílaba CV, canônica;
São: sílaba CVV; a letra “s” representando o
I 17 TELEVISÃO
fonema /z/ em um contexto fonológico em que
as duas letras são usadas (ex.: coalizão, alazão);
Ão: sílaba VV; ditongo nasal, “ão” /ãw/.
Quando átono final este ditongo é representado
por “am” ( ex. falaram). Quando tônico final o
ditongo é grafado “ão”.
Quei: sílaba CVV; a primeira consoante /k/ é
represnada pelo dígrafo “qu” Nesse contexto o
fonema /k/ não pode ser representado pela letra
“c” (ex.: casa, esquina);
E 18 QUEIJO
EI: este ditongo tende a ser pronunciado como
uma vogal simples /e/;
Jo: sílaba CV, canônica; letra “o” representando
o fonema /u/.
Po: sílaba CV;
SSei: sílaba CVV; A consoante /s/ é
representada pelo dígrafo “ss” em contexto
E P I 19 POSSEIRO fonológico em que pode ser usada também a
letra “c” (ex.: roceiro);
Ro: sílaba CV; letra “o” representando o
fonema /u/.
LEGENDA: E: econômico I: ideológico S: saúde P: político H: habitação, lazer, transporte, família
CV: consoante e vogal; CVV: consoante, vogal, vogal; CVC: consoante, vogal, consoante;
VV: vogal, vogal; CCV: consoante, consoante, vogal; CCVCC: consoante, consoante, vogal,
consoante, consoante:
PROBLEMÁTICA
PALAVRA- DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS
EXISTENCIAL Nº
CHAVE
E P V S H I
Trans: sílaba CCVCC. As duas primeiras
consoantes formam um encontro consonantal
“tr” em que o /r/ pode ser suprimido na fala. A
nasalidade da vogal é indicada pela letra “n”
E 20 TRANSPORTE que é seguida pelo /s/, representado
obrigatoriamente pela letra “s”;
Por: sílaba CVC;
Te: sílaba CV, canônica; pós-tônica. A letra “e”
representando o fonema /i/.
LEGENDA: E: econômico I: ideológico S: saúde P: político H: habitação, lazer, transporte, família
CV: consoante e vogal; CVV: consoante, vogal, vogal; CVC: consoante, vogal, consoante;
VV: vogal, vogal; CCV: consoante, consoante, vogal; CCVCC: consoante, consoante, vogal,
consoante, consoante:
CA VA LO
A CA VA LA A
E VE LE E
I VI LI I
O CO VO LO O
U CU VU LU U
C V L
6
Todos esses cadernos, fascículos e apostilas a que me referi são materiais didáticos destinados a professores
dos anos iniciais, ou seja, aos alfabetizadores. O PRALER (Programa de Apoio a Leitura e Escrita)
desenvolveu cadernos de teoria e prática (MEC, 2004), assim como, cadernos de atividades de apoio à
aprendizagem. O GEEMPA (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia da Pesquisa e Ação) elaborou
um roteiro para a alfabetização de adultos chamado “O prazer de se fazer leitor (GROSSI, 1996). E o BB