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Depois, quando Deus fez um pacto com o patriarca Abraão, prometendo bênçãos sobre
sua descendência, tal pacto e tais promessas estavam diretamente ligados à vinda e a
obra redentora do Messias, o grande descendente de Abraão, pelo qual todas as nações
seriam abençoadas (Gênesis 12:3; 18:18; 22:18; cf. Gálatas 3:18).
Até quando o mesmo Abraão recebeu a ordem para sacrificar seu filho Isaque no Monte
Moriá, Deus proveu um cordeiro para substituir o menino, e claro, aquele cordeiro era
um símbolo de Cristo (Gênesis 22).
Mais tarde, quando Deus enviou as dez pragas sobre o Egito para que seu povo fosse
libertado, Moisés recebeu instruções da parte de Deus para a celebração da Páscoa
(Êxodo 12), e sob a luz do Novo Testamento, entendemos que a Páscoa apontava para o
próprio Cristo, nosso Cordeiro pascal, o Cordeiro que tira o pecado do mundo (João
1:29; 1 Coríntios 5:7).
Se Gênesis, que é o primeiro livro do Antigo Testamento, fala de Cristo, o último livro,
isto é, o livro de Malaquias, igualmente aponta para o Salvador. O profeta Malaquias
profetizou sobre a obra de um mensageiro que o Novo Testamento revela ser Jesus,
bem como sobre a pregação do Evangelho que se espalharia pelo mundo. A profecia de
Malaquias foi tão específica que contemplou até meso o arauto que prepararia o
caminho para o Messias, ou seja, o profeta João Batista (Malaquias 1:11; 3:1,2; 4:5).
Até mesmo uma expressão muito comum do Antigo Testamento, “Eu serei seu Deus”,
aplicada em diversos contextos (Jeremias 31:33; Oseias 2:23; Zacarias 8:8), em última
análise encontra seu cumprimento final na pessoa de Cristo (cf. Hebreus 8:8-13).
O próprio Isaías também profetizou que o Messias, o Emanuel, nasceria de uma virgem,
e que seu nome seria “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe
da Paz” (Isaías 7:14; 9:6).
Até mesmo o Templo, que recebe grande destaque no Antigo Testamento por ser o
local onde a presença de Deus se revelava de maneira especial, é uma figura que aponta
para Cristo e sua Igreja, visto que Ele é o Templo final (João 2:21,22), e sua presença hoje
habita em sua Igreja (1 Coríntios 6:19,20).
Também o profeta Daniel teve uma visão em que viu Um como o Filho do Homem, o
qual recebeu todo domínio e poder para reinar para sempre (Daniel 7:13). Aqui vale
lembrar que “Filho do Homem” é a principal autodesignação de Jesus no Novo
Testamento.
Talvez a passagem nos Evangelhos mais significativa nesse sentido é aquela registrada
pelo evangelista Lucas onde narra o episódio dos dois discípulos que andavam no
caminho de Emaús, onde Jesus os repreendeu dizendo que eles eram néscios e tardios
de coração para crer no que os profetas disseram, e “começando por Moisés, e por todos
os profetas”, Ele explicou-lhes “o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lucas 24:25-
27).
Depois, no mesmo capítulo 24 de Lucas, Jesus ainda declara: “São estas as palavras que
vos disse estando ainda convosco: que convinha que se cumprisse tudo o que de mim
estava escrito na Lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”(Lucas 24:44). Ao escutarem
isto, o entendimento dos discípulos se abriu e eles compreenderam as Escrituras.
Em Romanos 15:3, o apóstolo Paulo cita o Salmo 69:9 como um salmo que se refere a
Jesus, e depois, escrevendo aos cristãos de Corinto, ele afirma que em Cristo se cumpre
todas as promessas de Deus (2 Coríntios 1:20). O mesmo apóstolo, ao escrever a
Timóteo, afirma que o Antigo Testamento é eficaz ao revelar a verdade acerca da
salvação pela fé em Cristo (2 Timóteo 3:15-17).
Além de todas essas referências, ainda vale lembrar que quando o Antigo Testamento
registra Teofanias, isto é, aparições de Deus (cf. Gênesis 18:1; Isaías 6:1-5), ou mesmo
manifestações do Anjo do Senhor que apontam para esse tipo de contexto,
normalmente se entende que se trata da Segunda Pessoa da Trindade, visto que nunca
ninguém viu a Deus, “mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai”, é quem o revelou
(João 1:18).
Com tudo isso, fica mais do que claro que ao falarmos sobre Jesus no Antigo
Testamento, devemos entender que não são apenas poucas palavras que falam sobre
Ele, mas que do começo ao fim as Escrituras testificam da Pessoa de Cristo e de sua obra
redentora.