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Esta nova coletânea traz como novidade a apresentação

2004 O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso no Sebrae


dos casos por área temática, visando facilitar a consulta teve sua origem em 2002 com o objetivo de disseminar
e melhor entendimento do conteúdo. 2004 as melhores práticas vivenciadas por empreendedores
e empresários de diversos segmentos e setores,
O primeiro volume da nova edição descreve casos participantes dos programas e projetos do Sebrae
vinculados aos temas de artesanato, turismo e cultura, em vários Estados do Brasil.
empreendedorismo social e cidadania. O segundo relata
histórias sobre agronegócios e extrativismo, indústria, A primeira fase do projeto, estruturada para escrever estudos
comércio e serviços. E o terceiro aborda exclusivamente de caso sobre empreendedorismo coletivo, publicou em
casos com foco em inovação tecnológica. 2003 a coletânea Histórias de Sucesso – Experiências

Os resultados obtidos com o projeto Desenvolvendo


Histórias de Sucesso Empreendedoras, em três livros integrados de 1.200
páginas, que contou 80 casos desenvolvidos em
Casos de Sucesso, desde sua concepção e implantação, Experiências Empreendedoras diferentes localidades e vários setores, abrangendo as
têm estimulado a elaboração de novos estudos sobre cinco regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
histórias de empreendedorismo coletivo e individual, e, Nordeste. Participaram 90 escritores, provenientes do
conseqüentemente, têm fortalecido o processo de Gestão quadro técnico interno ou externo do Sebrae.

Histórias de Sucesso
do Conhecimento Institucional. Contribui-se assim, de forma
significativa, para levar ao meio acadêmico e empresarial Esta segunda edição da coletânea Histórias de Sucesso –
o conhecimento acerca de pequenos negócios bem- Experiências Empreendedoras – 2004, composta de três
sucedidos, visando potencializar novas experiências volumes que totalizam cerca de 1.100 páginas, contou com
que possam ser adotadas e implementadas no Brasil. a participação de 89 escritores e vários profissionais de
todos os Estados brasileiros, que escreveram os 76 casos.
Para ampliar o acesso dos leitores interessados em utilizar
os estudos de caso, o Sebrae desenvolveu em seu portal A continuidade do projeto reitera a importância da
(www.sebrae.com.br) o site Casos de Sucesso, onde o disseminação das melhores práticas observadas no âmbito
usuário pode acessar na íntegra todos os 156 estudos de atuação do Sistema Sebrae e de sua multiplicação para
das duas coletâneas por tema, região ou projeto, bem o público interno, rede de parceiros, consultores, professores
como fotos, vídeos e reportagens. e meio empresarial.

Todos os casos do projeto foram desenvolvidos sob a orientação


de professores tutores, atuantes no meio acadêmico e em
diversas instituições brasileiras, que auxiliaram os autores
a pesquisar dados, entrevistar pessoas e escrever os casos,
de acordo com a metodologia elaborada pelo Sebrae.

Foto do site do Sebrae. Casos de Sucesso.

Esperamos que essas histórias de sucesso possam


produzir novos conhecimentos e contribuir para fortalecer
os pequenos negócios e demonstrar sua importância
econômica no País.
Série Histórias
Boa leitura e aprendizado! de Sucesso.
Primeira edição 2003.
COPYRIGHT © 2004, SEBRAE – SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer


forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Armando Monteiro Neto
Diretor-Presidente
Silvano Gianni
Diretor de Administração e Finanças
Paulo Tarciso Okamotto
Diretor Técnico
Luiz Carlos Barboza
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Gustavo Henrique de Faria Morelli
Coordenação do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Comitê Gestor do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Cezar Kirszenblatt, SEBRAE/RJ; Daniela Almeida Teixeira, SEBRAE/MG; Mara Regina Veit, SEBRAE/MG;
Renata Maurício Macedo Cabral, SEBRAE/RJ; Rosana Carla de Figueiredo Lima, SEBRAE Nacional
Orientação Metodológica
Daniela Abrantes Serpa – M.Sc., Sandra Regina H. Mariano – D.Sc., Verônica Feder Mayer – M.Sc.
Diagramação
Adesign
Produção Editorial
Buscato Informação Corporativa

D812h Histórias de sucesso: experiências empreendedoras / Organizado


por Renata Barbosa de Araújo Duarte – Brasília: Sebrae, 2004.

412 p. : il. – (Casos de Sucesso, v.2)

Publicação originada do projeto Desenvolvendo Casos de


Sucesso do Sistema Sebrae.
ISBN 85-7333-386-3
1. Empreendedorismo 2. Estudo de caso 3. Agronegócio
4. Extrativismo 5. Indústria, comércio e serviço I. Duarte, Renata
Barbosa de Araújo II. Série

CDU 65.016:001.87

BRASÍLIA
SEPN – Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – Asa Norte
70.770-900 – Brasília
Tel.: (61) 348-7100 – Fax: (61) 347-4120
www.sebrae.com.br
PROJETO DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO

OBJETIVO
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi concebido em 2002 a partir das prioridades
estratégicas do Sistema SEBRAE com a finalidade de disseminar na própria organização, nas
instituições de ensino e na sociedade as melhores práticas de empreendedorismo individual e
coletivo observadas no âmbito de atuação do SEBRAE e de seus parceiros, estimulando sua
multiplicação e fortalecendo a Gestão do Conhecimento do SEBRAE.

METODOLOGIA “DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO”


A metodologia adotada pelo projeto é uma adaptação do consagrado método de estudos
de caso aplicado em Babson College e Harvard Business School, que se baseia na história
real de um protagonista, que, em dado contexto, se encontra diante de um problema ou de
um dilema que precisa ser solucionado. Esse método estimula o empreendedor, o aluno ou a
instituição parceira a vivenciar uma situação real, convidando-o a assumir a perspectiva do
protagonista.

O LIVRO HISTÓRIAS DE SUCESSO – Edição 2004


Esse trabalho é o resultado de uma das ações do projeto Desenvolvendo Casos de Su-
cesso, elaborado por colaboradores do Sistema SEBRAE, consultores e professores de ins-
tituições de ensino parceiras. Esta edição é composta por três volumes, em que se
descrevem 76 estudos de casos de empreendedorismo, divididos por área temática:
• Volume 1 – Artesanato, Turismo e Cultura, Empreendedorismo Social e Cidadania.
• Volume 2 – Agronegócios e Extrativismo, Indústria, Comércio e Serviço.
• Volume 3 – Difusão Tecnológica, Soluções Tecnológicas, Inovação, Empreendedorismo e
Inovação.

DISSEMINAÇÃO DOS CASOS DE SUCESSO DO SEBRAE


O site Casos de Sucesso do SEBRAE (www.casosdesucesso.sebrae.com.br) visa divulgar as
experiências geradas a partir das diversas situações apresentadas nos casos, bem como suas
soluções, tornando-as ao alcance dos meios empresariais e acadêmicos.
O site apresenta todos os estudos de caso das edições 2003 e 2004, organizados por área de
conhecimento, região, municípios, palavras-chave e contém, ainda, vídeos, fotos, artigos de
jornal, que ajudam a compreender o cenário onde os casos se passam. Oferece também um
manual com orientações para instrutores, professores e alunos de como utilizar o estudo de caso
na sala de aula.
As experiências relatadas ilustram iniciativas criativas e empreendedoras no enfrentamento
de problemas tipicamente brasileiros, podendo inspirar a disseminação e aplicação dessas
soluções em contextos similares. Esses estudos estão em sintonia com a crescente importância
que os pequenos negócios vêm adquirindo como promotores do desenvolvimento e da geração
de emprego e renda no Brasil.
Boa leitura e aprendizado!

Gustavo Morelli
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Coordenadora do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004


PÓLO DE CONFECÇÕES DE ITABAIANINHA
SERGIPE
MUNICÍPIO: ITABAIANINHA

INTRODUÇÃO

O município de Itabaianinha está localizado a 118 quilômetros de


Aracaju, na zona sul do Estado de Sergipe. Segundo dados do IBGE,
possui 35.454 habitantes, 50 povoados e uma área de 532 km2. A economia
do município se dividia entre a agropecuária, principalmente a citricultu-
ra1, a bovinocultura e a cerâmica2. Por volta de 1990, uma crise nesses se-
tores assolou a região abalando a economia do município e causando falta
de emprego e de condições dignas de sobrevivência para a população.
Com a diminuição da geração de riquezas locais, o prefeito da cidade,
Joaldo Lima de Carvalho, enfrentou o desafio de buscar um meio de sus-
tentação para a sua comunidade. Em 1996, a partir da parceria com o gru-
po empresarial Grippon, empresa de São Paulo cujos proprietários eram
oriundos de Itabaianinha, viabilizou-se a abertura de uma indústria de con-
fecções no município e incentivou-se a proliferação de pequenas fábricas
de roupas masculinas, com o intuito de buscar um meio de sustentação
para a região.
Ainda em 1996, foram iniciadas discussões sobre a criação de um pólo
de confecções de roupas masculinas. A população do município, acostu-
mada a lidar com a terra e a cerâmica, precisava se adaptar a essa nova
atividade, que não podia ser assimilada em curto espaço de tempo.
A inserção do povo do município no mercado, a adaptação às regras
de cooperação e a utilização de tecnologias industriais eram o novo de-
safio imposto.

José Luiz Zacharias Fialho, técnico do SEBRAE/SE, elaborou o estudo de caso sob a orientação da
professora Maria Conceição M. Silva, da Universidade Federal de Sergipe, integrando as atividades
do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso do SEBRAE.
1
Produção de frutas como laranja, caju etc.
2
Produção de tijolos e telhas.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 1


Alfredo Moreira

LINHA DE PRODUÇÃO DE CAMISETAS


Alfredo Moreira

LINHA DE ACABAMENTO DE CAMISAS E CAMISETAS


PÓLO DE CONFECÇÕES DE ITABAIANINHA – SEBRAE/SE

UM POUCO DA HISTÓRIA

S egundo versão popular, no século XVII, o município de Itabaianinha


surgiu embaixo de um pé de tamarindo onde os tropeiros e retirantes,
principalmente de Itabaiana, cidade próxima, descansavam sob a sombra
da árvore. Esse ponto os viajantes apelidaram de Itabaianinha, dando ori-
gem ao nome da localidade. Alguns contam que o local era conhecido
também como Itabaianinha, a Princesa das Montanhas, onde teve início
uma pequena feira e depois uma vila. Porém, conforme os historiadores
Laudelino Freire e Clodomir Silva, o município teria sido primitivamente
uma aldeia de índios.
Oficialmente, em 6 de fevereiro de 1835, a localidade passou à condi-
ção de freguesia, conhecida como Nossa Senhora de Itabaianinha, des-
membrada de Nossa Senhora dos Campos, hoje município de Tobias
Barreto. Logo depois, no dia 19 de fevereiro do mesmo ano, passou a fa-
zer parte da freguesia de Nossa Senhora do Tomar do Geru, adquirindo a
condição de vila. No dia 19 de outubro de 1915, 80 anos depois, por
intermédio da Lei nº 680, Itabaianinha foi emancipada.
Historicamente a economia da cidade passou a ser alicerçada na agro-
pecuária, em especial na produção de frutas e bovinocultura. Logo depois
ganhou destaque a atividade cerâmica, com a produção de tijolos e telhas.
Em 1995, segundo dados da prefeitura, havia aproximadamente 15 cerâmi-
cas e 300 olarias na região. Porém, dessas ocupações, a citricultura era a
atividade que mais gerava emprego, uma vez que a maioria das olarias era
de pequeno porte, de caráter familiar e funcionava na informalidade.
Ainda nos anos 90, uma crise no setor afetou Itabaianinha, aumentan-
do o número de pessoas desempregadas e prejudicando o comércio en-
tre municípios. As indústrias de cerâmica vermelha, principalmente as
pequenas, também sofreram crise pela falta de tecnologia e de moderni-
zação. Seus efeitos, a população sentiu com a falta de emprego e de qua-
lidade de vida. Um quadro negativo estava indo além de suas fronteiras,
prejudicando a economia de vários municípios. Os jovens, sem esperan-
ça, procuravam a capital em busca de uma ocupação, e aqueles que não
tinham a mesma sorte ficavam na região convivendo com a ociosidade.
A situação vivida pela comunidade local vinha incomodando a admi-
nistração municipal e a população como um todo. Uma saída precisava
ser encontrada, sob pena da decadência total do município com a falta
de emprego.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 3


INDÚSTRIA

O DESAFIO DAS MUDANÇAS E AS PARCERIAS

N este cenário, com centenas de pessoas desocupadas, baixa arrecada-


ção, êxodo populacional e falta de desenvolvimento, o prefeito Joaldo
Lima de Carvalho e o empresário Jairo Lima de Carvalho, da Grippon,
tiveram a idéia de aproveitar a vocação da região, a partir do artesanato
em tecido produzido na cidade vizinha Tobias Barreto e em alguns po-
voados do próprio município, para diversificar a produção local.
Em 1996, a Grippon instalou a primeira indústria de confecções em Ita-
baianinha, que passou a ser a empresa âncora do projeto. A partir de um
planejamento envolvendo todos os segmentos da sociedade foi lançada,
no mesmo ano, a idéia do Pólo de Confecções de Itabaianinha. O lança-
mento foi seguido de um trabalho de conscientização e quebra de resis-
tências com os trabalhadores rurais, que até então nunca haviam tido
contato com máquinas industriais.
A Grippon, com um mercado garantido em diversas regiões do País,
oferecendo produtos populares (camisas, camisetas e bermudas), passou
a disponibilizar treinamento, máquinas, matéria-prima e modelagem.
No entanto, esse apoio não era suficiente; faltavam incentivos que garan-
tissem a infra-estrutura básica para atender a uma comunidade que estava sem
ocupação definida. Era necessário investimento em capacitação e em equipa-
mentos. O trabalho iniciado na região, a busca constante de parcerias e os
programas de incentivo ao desenvolvimento regional fizeram com que os
investimentos necessários à alavancagem do projeto começassem a aparecer.
Em 2000, iniciaram-se os projetos de qualificação; em 2001, a implan-
tação do projeto de oficinas produtivas; e, em 2003, foi a fase de conso-
lidação do Pólo de Confecções, com grande participação do SEBRAE, que
realizou uma parceria com o Instituto Europeu de Design.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai) facilitaram o acesso a máquinas e equi-
pamentos, arcando com despesas de R$ 1,2 milhão. A iniciativa priva-
da proporcionou recursos em torno de R$ 3 milhões, que foram
aplicados em galpões, instalações e aquisição de máquinas. À prefeitura
coube o investimento de R$ 600 mil na aquisição de terrenos e infra-es-
trutura. Uma parceria entre Senai, Senac e SEBRAE viabilizou recursos
de R$ 100 mil para treinamento3.

3
Dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Itabaianinha.

4 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


PÓLO DE CONFECÇÕES DE ITABAIANINHA – SEBRAE/SE

“Grande parte do sucesso do Pólo de Confecções depende diretamente


do total envolvimento de entidades parceiras. Cada um na sua
função, no seu papel, ofereceu as condições necessárias para um
ambiente favorável ao empreendedorismo de forma cooperada.
A prefeitura cedeu áreas, o governo do Estado construiu as oficinas
e as demais entidades facilitaram o acesso às máquinas de costura
industriais e proporcionaram treinamento. A população, confiante,
organizada e estimulada, apostou no projeto. Homens e mulheres,
principalmente os mais jovens, assimilaram rapidamente os
ensinamentos, e um novo cenário foi formado no município.”
Prefeito Joaldo Lima de Carvalho

A REALIDADE DO PROJETO

A realização de cursos de qualificação de mão-de-obra, como informáti-


ca, corte e costura, eletricidade e empreendedorismo, permitiu a cons-
trução de oficinas, diversificação das atividades econômicas, geração de
mais empregos e melhoria nas condições de vida da população.
Como oficina original e âncora do projeto, a Grippon empregava 350
pessoas em 2004, repassando tecnologia, design e matérias-primas para as
demais oficinas, que funcionam em forma de associação comunitária ou
pequenas empresas. Essas unidades produzem e dão acabamento nas pe-
ças, com mercado garantido para a sua produção. As definições sobre cor-
te, design e linhas de produtos continuavam sendo feitas pelo escritório
da empresa em São Paulo, até que as demais unidades possuam instru-
mentos locais para realizar essa atividade.
As oficinas operam de forma organizada, com famílias inteiras trabalhan-
do em etapas diferentes do processo. Existe a unidade que corta, outra que
costura, que dobra ou que faz a embalagem. Tudo de forma harmoniosa,
cada célula completando o trabalho da outra. Homens, mulheres e jovens
estão totalmente engajados no projeto. Em conjunto com a empresa ânco-
ra, SEBRAE e parceiros realizaram investimentos em mais capacitação, tec-
nologia e diversificação de produtos, para que essas unidades pudessem
garantir o desenvolvimento auto-sustentável.
O projeto abriu caminhos para novas parcerias com o Senac e CNI,
proporcionando aquisição de novos equipamentos, a realização de novos
treinamentos e a construção de novos galpões.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 5


INDÚSTRIA

RESULTADOS

O Pólo de Confecções de Itabaianinha trouxe desenvolvimento eco-


nômico para o município e para a região. Eram 23 oficinas em
operação que proporcionavam 1,5 mil empregos diretos e mais 3 mil
indiretos, com produção de 400 mil peças por mês. Segundo dados da
prefeitura, o projeto movimentou a economia do município e de cidades
vizinhas, injetando mensalmente R$ 500 mil referentes a salários, pro-
porcionando distribuição de renda, gerando emprego e fazendo crescer o
comércio. As cidades de Tomar do Geru, Cristinápolis, Arauá, Pedrinhas,
Umbaúba, Santa Luzia do Itanhy, Tobias Barreto e Riachão do Dantas
eram as mais beneficiadas.
Os jovens e as mulheres da região, que antes não tinham emprego nem
perspectivas de melhoria de vida, experimentaram um processo de resgate
da cidadania. É comum, por exemplo, encontrar muitos jovens trabalhando
nas empresas, desde o corte até a costura mais detalhada. Jovens que viviam
nas ruas conversando, ou em bares, com um futuro muitas vezes incerto.
“Antes as mulheres só tinham espaço nas prendas domésticas, hoje elas
podem trabalhar nas oficinas e garantir seu dinheirinho no final do mês”,
contou Rivanda Maria de Santana, dona-de-casa.
Os benefícios também chegaram aos povoados, pelas associações. Mui-
tas pessoas que dependiam de empregos temporários na agricultura, ago-
ra possuem uma nova profissão e emprego garantido o ano todo. Como
é o exemplo de dona Dilma Maria: “O que seria da gente se não existis-
sem essas oficinas. Hoje nós temos um trabalho certo, que garante a ali-
mentação de todo dia. Além disso, temos perspectivas de melhorar ainda
mais com a introdução de novos produtos. Os compradores estão aí, é só
a gente produzir”.
O Pólo de Confecções é um projeto inédito na região de Itabaianinha
e de cunho social, uma vez que beneficia toda a população da cidade.
Trabalhadores das oficinas de confecções, fornecedores e comércio local
se transformaram em defensores e disseminadores da idéia de trabalhar
de forma organizada.
A população possui nova identidade na região. A identidade de em-
preendedor, trabalhador e especialista em confecção. Um perfil que atraiu
novos investimentos, os da empresa Foravi, pertencente a um grupo de
coreanos, que veio atraída pelos incentivos e pelo estágio de conscienti-
zação dos moradores.

6 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


PÓLO DE CONFECÇÕES DE ITABAIANINHA – SEBRAE/SE

CONCLUSÃO

O projeto está passando da fase de contágio para a de maturidade. A


população está envolvida, organizada e comprometida com seu
sucesso. Com um percentual crescente de pessoas treinadas, a produção
local vem ganhando novos padrões de qualidade, além da constante preo-
cupação com modernização, avanço tecnológico e conquista de novos
mercados.
O comprometimento da população como um todo, das entidades de
representação, da prefeitura local, do SEBRAE, do Senai, do governo do
Estado e iniciativa privada, garantiu a continuidade e o sucesso do proje-
to. As oficinas distribuídas pela cidade e pelos diversos povoados de Ita-
baianinha passaram a fazer parte do cenário local. Um quadro que se
completa com as linhas de produção, com o ir e vir das pessoas, o clima
de cooperação, de entusiasmo e de confiança em um futuro melhor, con-
quistado a partir do trabalho, da criatividade e da união.
“É raro encontrar um cenário tão favorável ao empreendedorismo,
como na cidade de Itabaianinha. Os moradores, sem restrições, defendem
com toda força a idéia do Pólo. Uma idéia que saiu do sonho para reali-
dade e que mudou a história da cidade”, segundo José Leite Prado Filho,
consultor do SEBRAE em Sergipe.
Alguns desafios ainda precisam ser superados, como o da renovação de
máquinas, design, problemas trabalhistas com a informalidade de algumas
oficinas, marketing e novos canais de escoamento, uma vez que hoje todas
as unidades de produção estão atreladas a Grippon. São pontos de estrangu-
lamento que vêm sendo administrados com ações dos parceiros envolvidos.
A produção local é totalmente comercializada e estão programadas
novas ações de capacitação, de repasse de novas tecnologias, de design,
de acesso a crédito, de assistência jurídica, entre outras. Além disso, cer-
ca de 21 novas unidades produtivas estão em formação, oferecendo
ocupação para trabalhadores que viviam da cultura da terra, de forma
rudimentar, com empregos temporários e baixo rendimentos. Os empre-
sários desejam desenvolver cada vez mais o Pólo, ampliando sua atuação
para o mercado de moda feminina.
“O mercado de roupas está cada vez mais promissor, registrando um
crescimento constante na demanda. Uma realidade que traz grandes bene-
fícios para o projeto que não pára de crescer”, vislumbra José Robson,
gerente da Grippon.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 7


INDÚSTRIA

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

• Quais os benefícios e os riscos de trabalhar de forma cooperada?

• O que representam as parcerias para o sucesso do projeto?

• O pólo trabalha exclusivamente com roupas populares. Quais os riscos


e as vantagens dessa segmentação?

• Qual a importância de os empreendedores ficarem atentos à diversifi-


cação, com o objetivo de ampliar o mix de produtos?

• Quais são os canais de distribuição dos produtos? Quais os riscos de


estar atrelado a uma empresa âncora?

AGRADECIMENTOS

Diretoria Executiva do SEBRAE/SE: Emanoel Silveira Sobral, José de Oliveira Guimarães, Paulo do
Eirado Dias Filho.

Coordenação Técnica: José Leite Prado Filho.

Colaboração: Prefeitura de Itabaianinha; diretores e funcionários da Grippon; diretoria executiva


do SEBRAE/SE; José Leite Prado Filho, consultor; Josivânia Farias e Maria Conceição Melo Silva,
professoras da Universidade Federal de Sergipe.

8 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS

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