O documento descreve como vários fatores históricos contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra durante a Revolução Industrial, incluindo a tradição de direitos individuais, a consolidação do trabalho assalariado e a transformação da agricultura para produção comercial.
O documento descreve como vários fatores históricos contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra durante a Revolução Industrial, incluindo a tradição de direitos individuais, a consolidação do trabalho assalariado e a transformação da agricultura para produção comercial.
O documento descreve como vários fatores históricos contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra durante a Revolução Industrial, incluindo a tradição de direitos individuais, a consolidação do trabalho assalariado e a transformação da agricultura para produção comercial.
O contexto hist�rico no qual a Revolu��o Industrial ocorreu revela contradi��es que
explicam as mudan�as ocorridas no per�odo. Nessa �poca, ficam claras algumas tend�ncias hist�ricas presentes h� muito tempo na sociedade inglesa. A tradi��o brit�nica de reconhecimento de direitos individuais era antiga. Em 1215, quando da assinatura da Magna Carta pelo Rei John, os nobres tiveram reconhecidos alguns direitos dos quais o monarca n�o poderia dispor. De fato, o individualismo, essencial para o desenvolvimento da mentalidade capitalista, esteve sempre presente na cultura inglesa. A consolida��o dessa tradi��o ocorreu na �poca da Revolu��o Industrial, quando a sociedade come�ou a ser vista como uma soma de indiv�duos. O sistema econ�mico europeu ocidental, e em particular o ingl�s, j� estava passando por mudan�as profundas quando a industrializa��o ocorreu. A principal delas era o progressivo esvaziamento da servid�o, substitu�da rapidamente pelo trabalho assalariado. Isso dava aos homens alguma possibilidade de op��o. O resultado desse processo foi a migra��o em massa dessas popula��es 28Hist�ria mundial contempor�nea (1776-1991) desenraizadas para a cidade, fato essencial para que a industrializa��o ocorresse, pois permitia uma maior disponibilidade de m�o de obra a ser assalariada. Os indiv�duos que se tornariam oper�rios n�o s� comporiam a for�a de trabalho empregada na produ��o, mas, tamb�m, seriam parte importante do mercado consumidor de produtos manufaturados. Tal ideia de mercado, tamb�m essencial para que o capitalismo industrial se estabelecesse definitivamente como sistema econ�mico, foi uma heran�a do mercantilismo. A partir da necessidade de expandir e garantir mercados houve a forma��o de Estados territoriais (dentro dos quais haveria o monop�lio, para as companhias nacionais, da venda de produtos de todos os tipos) e de imp�rios coloniais que, al�m de consumirem os bens oriundos das metr�poles, eram importantes fornecedores de mat�rias-primas para essas. Do mesmo modo, a quest�o religiosa foi um fator influente para que o capitalismo se desenvolvesse. As ent�o recentes reformas protestantes transformaram a rela��o dos europeus com o trabalho, que passou a constar no rol de valores das sociedades ocidentais. Enriquecer deixou de ser um pecado, processo cujo resultado foi a legitima��o da acumula��o de capital enquanto objetivo pessoal a ser perseguido. Na Inglaterra, havia sido fundada, por Henrique VIII, a Igreja Anglicana, que significou a imposi��o oficial de uma religi�o. De modo contr�rio, a Coroa inglesa enfrentava constantemente a rebeldia religiosa (contesta��o �de baixo�) de diversas seitas (cujos membros optaram, muitas vezes, por exilar-se nas col�nias, principalmente nas americanas) e amea�as de restaura��o cat�lica, com inger�ncias externas. Em rela��o � cria��o da Igreja Anglicana, um de seus resultados econ�micos mais vis�veis foi a expropria��o das terras da Igreja Cat�lica. Os cercamentos � expropria��o, pela nobreza, de terras comunais ocupadas por camponeses � foram a condi��o essencial para que a agricultura inglesa se tornasse mercantil, pois permitiram a transforma��o de terras cuja produ��o era de subsist�ncia em latif�ndios voltados para o mercado. Considerando as inova��es t�cnicas que permitiram o melhor uso do solo (cultivo rotativo, uso de adubos e drenagem) e a progressiva mecaniza��o do campo, a produtividade das planta��es brit�nicas aumentou de tal modo que permitiu a venda de excedentes para outros pa�ses e viabilizou o aumento da disponibilidade de alimentos para a popula��o inglesa. O resultado desse processo foi a acumula��o de mais capital a ser usado na industrializa��o e o expressivo incremento demogr�fico (tamb�m produto do melhor controle de enfermidades e dos avan�os na �rea do saneamento), cuja consequ�ncia imediata foi o aumento do n�mero de jovens da popula��o inglesa. J� essa mudan�a significou uma maior disponibilidade de m�o de obra barata e resis 29 A hegemonia brit�nica num mundo conservador / 1776-1848 tente ao trabalho pesado, al�m de ter possibilitado que o aumento da emigra��o, que ent�o ocorria principalmente para as col�nias de povoamento da Am�rica do Norte, n�o tivesse um impacto t�o grande na for�a de trabalho local. As transforma��es ocorridas no pensamento aristocr�tico ingl�s tamb�m foram essenciais para que o capitalismo se desenvolvesse na Gr�-Bretanha. Os nobres ingleses, ao contr�rio dos da Europa continental, viram no desenvolvimento capitalista uma oportunidade de crescimento material sem precedentes, raz�o pela qual apoiaram, em grande parte, as mudan�as econ�micas e sociais ocorridas. O crescimento exponencial da economia inglesa se deu por diversos fatores. O monop�lio da produ��o industrial mundial, associado � transforma��o da agricultura de subsist�ncia em agricultura comercial, foi o mais importante deles. O Estado brit�nico beneficiava-se, entretanto, de outra relevante fonte de receitas: a pirataria. A supremacia naval brit�nica, como se v�, n�o foi utilizada apenas no com�rcio l�cito e na defesa, mas tamb�m no assalto a navios mercantes de outras bandeiras e no contrabando de diversos itens com alto valor agregado no mercado mundial, como especiarias, produtos tropicais e escravos. A superioridade inglesa nos mares possibilitou uma estrat�gia internacional que, al�m de facilitar o com�rcio l�cito e il�cito, servia � pol�tica externa da Coroa: o estabelecimento de pontos de apoio nas principais rotas mar�timas do planeta. Essa l�gica levou a Inglaterra a capturar Cingapura (Estreito de M�laca), �den (entrada do Mar Vermelho), as Ilhas Malvinas (ou Falkland, pr�ximas ao Estreito de Magalh�es), o extremo sul africano (Cabo da Boa Esperan�a, passagem do Oceano Atl�ntico para o �ndico), Gibraltar (entrada do Mar Mediterr�neo) e, mais tarde, Hong Kong (Mar do Sul da China), al�m de outros territ�rios insulares em todo o planeta, como a Ilha de Diego Garcia (no centro do �ndico). Essa estrat�gia n�o permitia � Inglaterra atacar o vasto Imp�rio Espanhol, mas possibilitava que o acesso da Espanha �s suas col�nias fosse prejudicado e que, quando necess�rio, seus dom�nios, assim como os de outras pot�ncias concorrentes, fossem atacados. Um pa�s escolheu, todavia, o caminho do alinhamento aos ingleses ao inv�s do confronto: Portugal, que foi satelizado pela Inglaterra j� no in�cio do s�culo XVIII2.