Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pam e Capa
Pam e Capa
Autores:
Filomena C. Neto ; Joaquim Morgado ; Sofia Dias.
Colaboradores:
Dra. Júlia Rodrigues – Directora Regional Adjunta da DRAPN
Profª Mª da Conceição Pinheiro da Silva - Universidade de Trás – os - Montes e Alto Douro
Eng.º Fernando Marques – Chefe de Divisão de Gestão de Recursos da DRAPN
Eng.º Gilberto Albuquerque – Tec. Sup. da Divisão de Planeamento Estratégico da DRAPN
Fotografia:
Joaquim Morgado ( ERVITAL)
Design Gráfico:
José Pedro Rosado, Terra Quente On – Line
Impressão e acabamentos:
Gráfica Modelo
Tiragem:
40 exemplares
Agradecimentos:
Agradecemos o esforço e apoio da DRª Júlia Rodrigues, no sentido de ter assegurado acções concretas na realização
deste trabalho.
À Profª Mª Da Conceição Silva, estamos gratos pela sua amabilidade, colaboração prestada e conhecimentos, que se
tornaram decisivos no tratamento dos dados.
De igual modo, reconhecemo-nos gratos ao Engº Fernando Marques e Engº Giberto Afonso Albuquerque, pelas in-
formações prestadas que em muito contribuíram para resolver certas dificuldades, ao longo deste trabalho.
Também a amizade e sintonia desta equipa de autores permitiram concretizar o trabalho num ambiente de entusias-
mo e total dedicação. Assim ele constitui uma referência na produção das PAM, seja para estudiosos, agricultores ou
interessados nesta matéria.
Introdução 3
Colheita de PAM 4
Secagem de PAM 4
Comercialização 30
Conclusões 30
Bibliografia 31
Este trabalho surge no âmbito do Projecto Aroma – AGRO 800 e é fruto duma colaboração entre a Direcção
Regional do Norte e a empresa Ervital – Plantas Aromáticas e Medicinais, Lda., tendo como objectivo o estudo e
criação de uma base de dados para a produção de algumas Plantas Aromáticas e Medicinais (PAM). Este sector en-
contra-se em expansão no nosso país mas constata-se uma enorme carência de informação técnica sobre as várias
problemáticas do mesmo. Esperamos que estes dados possam ser úteis para os presentes e futuros agentes do sec-
tor, designadamente os produtores.
A empresa Ervital produz e prepara/transforma Plantas Aromáticas e Medicinais obtidas em modo de pro-
dução biológico (MPB), as quais, posteriormente, poderão ser utilizadas na preparação de infusões e/ou como condi-
mentos. Situada na freguesia do Mezio, pertencente ao concelho de Castro Daire e distrito de Viseu, esta exploração
está sujeita a variações climatéricas muito elevadas, as quais são determinadas pela situação geográfica interior e
pela proximidade e influência do quadro orográfico definido pelas Serras de Montemuro, situada a Oeste, Meadas,
situada a Norte, Santa Helene, situada a Este e Caramulo, situada a Sul. Encontra-se numa Região húmida, com chuvas
moderadas e frequentes, grau de nebulosidade médio, Inverno frio e Verão, por vezes, muito quente. A precipitação
anual é elevada, estando entre 1600 a 2000 mm (Fonte: IA, 1999), com uma oscilação de médias mensais entre 20 mm
em Julho e 256 mm em Janeiro. Quanto às temperaturas, a média anual está entre 10 ºC e 12,5 ºC, tendo em Janeiro,
respectivamente, médias de pouco menos de 2,5 ºC e entre 2,5 ºC e 7,5 ºC e em Agosto, pouco menos de 17,5 ºC e
valores entre este e 20 ºC. A Carta Hidro-Geológica para a região classifica os terrenos com permeabilidade reduzida,
ácidos, de textura média a grosseira e com rochas graníticas.
Uma vez que os dados obtidos e aqui publicados reflectem uma grande influência das características ecoló-
gicas desta Região, julgamos oportuno efectuar uma descrição relativamente detalhada das condições a que estão
sujeitas estas culturas, para uma melhor compreensão e, eventual, utilização dos mesmos. As condições ecológicas
do local, as exigências da cultura, o tipo de condução/manutenção cultural e a parte utilizada da planta são aspectos
determinantes nas opções a tomar. Dados técnicos como, compassos, necessidades de água (sistema rega a utilizar),
época e método de colheita, tipo e condições de secagem, etc., devem ser avaliados com sentido crítico de forma a
melhor servirem o interesse do produtor/exploração.
O estudo e conhecimento das propriedades das PAM despertam cada vez mais o interesse das populações,
que, com o estilo de vida dos nossos tempos, procuram consumir produtos mais saudáveis para si e para o ambien-
te.
A produção e utilização das PAM têm vindo a aumentar de forma acentuada nos últimos anos em todos os
Continentes. A Europa não é excepção e Portugal tem condições, designadamente ao nível do clima, para poder pro-
duzir algumas espécies com bastante sucesso. No entanto, além de outras condições, a procura pela qualidade final
dos produtos a obter deverá ser uma aposta inequívoca dos produtores, a qual será impossível caso não se pratique
um cultivo em modo de produção biológico. Trata-se dum modo de produção que, entre outras condições, privilegia
a utilização de recursos da própria exploração e exclui o uso de químicos de síntese, como fertilizantes e pesticidas.
Colheita de PAM
Deve ser efectuada no período de maior concentração de compostos químicos benéficos na parte da planta
a utilizar, o qual, na maioria dos casos, corresponde à fase do início da floração. Deve ainda ser realizada em dias secos,
evitando as primeiras horas da manhã em que as plantas possuem ainda humidade do orvalho nocturno.
O material fresco não deve permanecer muito tempo nos recipientes de colheita, assim como não deve estar
muito comprimido pois pode levar a fermentações e perdas não desejadas.
Secagem de PAM
Dado que a maioria das plantas são comercializadas em seco a operação de secagem é de extrema impor-
tância. Normalmente é uma operação que não requer a utilização de ar forçado, nomeadamente quando efectuada
nos meses de Verão, sendo realizada ao abrigo da incidência directa de luz solar, com ventilação natural e a uma
temperatura na ordem dos 25 a 35ºC.
É muito importante que o material não seja armazenado com uma humidade excessiva de forma a minimizar
a ocorrência de alguns problemas, nomeadamente provocados por fungos.
O local de conservação dos produtos deve ser seco, fresco e pouco iluminado. Os produtos devem ser guar-
dados em sacos opacos bem fechados e identificados.
A distribuição dos encargos pelas diferentes actividades coloca um certo número de problemas pelo facto
de muitos meios de produção serem distribuídos pelas várias actividades da empresa.
A Ervital explora ao ar livre uma área total de cerca de 3 hectares produzindo 74 espécies de plantas aromáticas e
medicinais, tendo as suas infra-estruturas e equipamentos as dimensões e desempenhos necessários para processar
a produção obtida nessa área.
Neste projecto são estudadas as produções e custos de 12 espécies de PAM sendo a exploração de cada uma
reportada ao hectare pelo que os custos de produção tiveram que ser reajustados para esta nova realidade. Assim,
o custo do armazém onde se efectua todo o processo de transformação é dividido por 3, bem como o da máquina
de embalar, os sistemas de frio e desumidificação. Esta opção é, em nosso entender, correcta pelo facto da produção
de cada cultura obtida num só hectare não justificar a utilização desta infra-estrutura e equipamentos. No que diz
respeito aos custos fixos totais destes materiais, somou-se à amortização 2% do custo total. Isto porque o custo fixo
total engloba a amortização mais os custos de reparações do material e, uma vez que o material é recente e ainda não
se sabe que gastos poderão implicar, julgamos mais correcto considerar este valor.
Quanto aos equipamentos de colheita, secagem, rega, sachas e tela, os custos estão calculados para as neces-
sidades de 1 hectare.
Na determinação do número de embalagens, retirou-se 5% à produção seca, pois até ao embalamento exis-
tem perdas consideráveis na preparação e manuseamento do produto.
Para os custos das operações de preparação do terreno, aplicação de estrume e correctivos recorreu-se à tabela Custo
de Execução das Principais Tarefas Agrícolas (Mão-de-obra e Máquinas) (SET2001), publicada pelo Instituto de Hidráu-
lica, Engenharia Rural e Ambiente (IHERA). O custo do motocultivador (variável e fixo) foi obtido da tabela Análise de
Encargos Horários com a Utilização das Máquinas Agrícolas (SET2001), também publicada pelo IHERA.
No que diz respeito ao cálculo das amortizações utilizou-se o método directo recorrendo às tabelas de Diário
da República para a utilização das percentagens.
O resultado económico de cada actividade está calculado pelo método das Margens Brutas a partir dos en-
cargos variáveis e fixos que cada uma suporta. Assim, a Margem Bruta I é igual ao Produto Bruto (neste caso produto
embalado vezes número de embalagens) menos os Encargos Variáveis da actividade (consumos intermédios + cus-
tos variáveis máquinas + gastos gerais + mão-de-obra eventual + segurança social). A Margem Bruta II é igual à MBI
menos os Encargos Fixos da actividade (amortizações + seguros).
Para um melhor esclarecimento dos valores apresentados, salienta-se que o valor da mão-de-obra apresentado nos
resultados económicos não tem incluido a segurança social. Este Valor só entra na rubrica da margem bruta I.
Na margem bruta II o valor referente às amortizações colocado no cálculo é o Total pois inclui também gastos
fixos que se tem com os equipamentos e máquinas, como por exemplo lubrificantes e arranjos. O seguro incluido na
margem bruta II é um seguro para trabalhadores.
É preciso não esquecer que as produções, assim como os encargos totais da actividade, são noções muito
relativas pois o seu valor depende de inúmeros factores: clima do ano na Região, parcela, variedade, estrutura de pro-
dução da empresa, condições socioeconómicas, etc.
Agrimonia eupatoria L.
Família das Rosáceas
Nomes Vulgares
Erva-agrimónia, erva-eupatória, erva hepática, eupatória,
eupatoria-dos-gregos.
Origem
Planta herbácea, vivaz, da Europa e Ásia Oriental.
Partes Utilizadas
Folhas e partes aéreas floridas.
Melissa officinalis L.
Família das Lamiáceas (Labiadas)
Nomes Vulgares
Anafa, anafe, erva-cidreira, chá-de-frança, citronela-me-
nor, melissa.
Origem
Planta herbácea vivaz, das regiões meridionais da Euro-
pa, Ásia e Norte de África.
Partes Utilizadas
Folhas, ramos jovens e óleo essencial.
Fig. 4: Planta de Cidreira.
Principais Constituintes e Actividade Farmacológica
Nas folhas encontram-se flavonóides, ácidos fenólicos
(no mínimo 4% de ácido rosmarínico), triterpenos, muci-
lagens poliurónicas.
No óleo essencial predominam os aldeídos monoterpéni-
cos (citral, citronelal, neral e geranial), outros monoterpe-
nos (linalol, limoneno) e sesquiterpenos (ß-cariofileno e
germacreno D). O aroma é proveniente do óleo essencial
com cerca de 50% dos aldeídos citral e citronelal.
Possui propriedades eupépticas, digestivas, espasmo-
líticas, principalmente o óleo essencial, ligeiramente
sedativo, anti-séptico e cicatrizante. Tradicionalmente
utilizam-se em fitoterapia as folhas para a falta de ape-
tite, gastrites, espasmos gastrointestinais, meteorismos,
vómitos, diarreias, ansiedade, melancolia e insónias.
Externamente, em afecções cutâneas, equimoses e para
diminuir o efeito das picadas dos insectos usando o óleo
essencial.
Origem
Planta herbácea vivaz originária da parte Central e
Oriental dos EUA.
Partes Utilizadas
Toda a planta sendo as raízes a parte principal.
Nomes Vulgares
Chá-do-príncipe, citronela.
Origem
Planta vivaz, originária possivelmente do Sri Lanka ou
da Índia.
Partes Utilizadas
Folhas e óleo essencial obtido destas.
Fig. 8: Planta de Erva Príncipe
Principais Constituintes e Actividade Farmacológica
Nas folhas encontra-se flavonóides, taninos, sais minerais,
ácidos e ésteres aromáticos.
No óleo essencial temos como constituintes citral (65 a
85%), ß-mirceno, dipenteno, linalol, geraniol, metil-hep-
tenona, citronelol, ésteres dos ácidos valérico e caprílico
do linalol e do geraniol.
Possui acção sedativa, antiespasmódica, anti-séptica e
antifúngica atribuídas ao óleo essencial.
Em fitoterapia, as folhas são usadas em infusões como
calmante e em problemas digestivos, especialmente
na flatulência. O óleo essencial diluído num óleo fixo é
usado, externamente em fricções, para aliviar dores mus-
culares e reumatismais.
Hypericum androsaemum L.
Família das Guteráceas (Hipericáceas)
Nomes Vulgares
Androsemo, erva-mijadeira, erva-da-pedra, erva-do-ge-
rês, mijadeira.
Origem
Planta herbácea vivaz da flora da Europa Ocidental e
Próximo Oriente até ao Irão. Em Portugal encontra-se em
lugares sombrios e húmidos, margens de cursos de água
no Minho, Beiras e Estremadura.
Nomes Vulgares
Hortelã, hortelã-comum, hortelã-das-cozinhas, hortelã-
das-hortas, hortelã-dos-temperos, hortelã-verde.
Origem
Espécie de origem híbrida, oriunda da região mediter-
rânica. Prefere, como todas as mentas, locais húmidos e
frescos.
Partes Utilizadas
Folhas e caules jovens e óleo essencial da parte aérea. Fig. 12: Plantas de Hortelã vulgar instaladas em tela.
Nomes Vulgares
Hortelã-apimentada, hortelã-de-água-de-cheiro, horte-
lã-das-damas.
Origem
Como espécie híbrida não tem origem fitogeográfica,
tendo sido obtida artificialmente.
É uma planta herbácea vivaz.
Nomes Vulgares
Bela-aloísia, bela-luísa, doce-lima, erva-luísa, limonete.
Origem
Arbusto originário da Argentina, Peru e Chile, sendo cul-
tivado na Europa Meridional. Actualmente é Marrocos o
principal produtor.
Partes Utilizadas
Folhas e óleo essencial destas. Fig. 16: Plantas de Lúcia Lima.
Origanum vulgare L.
Família das Lamiáceas (Labiadas)
Nomes Vulgares
Manjerona-brava, manjerona-selvagem, ourégão, ouré-
gão-vulgar-do-minho.
Origem
Nativa da Ásia Menor e subespontânea no Médio Orien-
te. Em Portugal aparece como espontânea nas margens
do rio Minho e noutros locais do Noroeste, em sebes e
matos em locais frescos, com o mínimo de humidade.
Salvia officinalis L.
Familia das lamiáceas (Labiadas)
Nomes Vulgares
Chá-da-europa, chá-da-frança, erva-sacra, erva-santa,
salva-das-boticas, salva-mansa.
Origem
Nativa da região mediterrânica oriental. É um subarbus-
to muito cultivado, raramente subespontânea. Gosta
de clima temperado e muita luz, tendo preferência por
terrenos calcários.
Thymus vulgaris L.
Família das Lamiáceas (Labiadas)
Nomes Vulgares
Arçã, tomilho-vulgar.
Partes Utilizadas
Partes aéreas floridas e óleo essencial.
Thymus x citriodorus
Família das Lamiáceas (Labiadas)
Origem
Espécie híbrida
Partes Utilizadas
Parte aérea e óleo essencial.
A maioria da produção é vendida embalada (conforme figuras 1 e 2), mas também se comercializa a granel e
em verde.
No caso a granel o produto é embalado em sacos de papel opacos de 10 kg e no caso de ser vendido em
verde o produto vai nas caixas de colheita.
Conclusões
Nos últimos anos tem-se verificado no nosso país um maior interesse pelas PAM e seus produtos derivados.
Tal facto tem levado ao aparecimento e instalação de novos produtores. Contudo, como já foi referido, constata-se
ainda uma enorme carência de dados técnicos sobre o cultivo destas plantas.
As diferenças que se verificam nos resultados económicos destas doze espécies devem-se essencialmente às
diferenças de produtividade conseguidas em relação a cada uma e aos respectivos valores de mercado.
Dado que também neste sector existe uma enorme concorrência, sobretudo dos países extra-comunitários,
que oferecem preços muito mais baixos do que os nossos, aos novos produtores recomenda-se uma selecção muito
criteriosa das espécies que deverão instalar, assim como a opção por processos de produção que garantam a máxima
qualidade dos seus produtos. Ou seja, tendo como ponto de partida a maior procura e remuneração no mercado,
seleccionar as espécies que, efectivamente, melhor se adaptam às condições ecológicas do local, tendo em conta,
igualmente, as condições de preparação e processamento que a exploração dispõe.
Portanto, os agricultores produtores de PAM deverão permanecer sempre muito atentos e vigilantes nas
suas escolhas agronómicas, técnicas e, sobretudo, comerciais.
- Castro, J. L., Curso de Botânica Aplicada à Medicina e à Alimentação, Ed. do Autor (1975).
- Castro, J. L., Medicina Vegetal – Teoria e Prática Conforme a Naturopatia, Ed. Europa-América (1981).
- Cunha, A. P., Silva, A. P. e Roque, O. R., Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian
(2003).
- Cunha, A. P., Ribeiro, J. A. E Roque, O. R., Plantas Aromáticas em Portugal – Caracterização e Utilizações, Ed. Fundação
Calouste Gulbenkian (2007).
- Ferreira, J. C., Strecht, A., Ribeiro, J. R., Soeiro, A. e Cotrim, G., Manual de Agricultura Biológica – Fertilização e Protecção
das Plantas para uma Agricultura Sustentável, Ed. Agrobio (2002).
- Custo de Execução das Principais Tarefas Agrícolas (Mão-de-obra e Máquinas), Ed. Instituto de Hidráulica, Engenharia
Rural e Ambiente, (2001).
- Análise dos Encargos Horários com a Utilização das Máquinas Agrícolas, Ed. Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural
e Ambiente, (2001).