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METODOLOGIA
DE TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO
DEFINIÇÃO
ÍNDICE
DEFINIÇÃO DE METODOLOGIA DE TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO.......................... p.1
PARTE - INTRODUÇÃO......................................................................................................................... p.2
1. BREVE HISTÓRICO DA MEDIDA EM PSICOLOGIA .................................................................... p.2
2. FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA MEDIDA ................................................................................ p.3
3. FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA MEDIDA EM GERAL E PSICOLÓGICA ................ p.3
4. PARÂMETROS PSICOMÉTRICOS ................................................................................................ p.5
PARTE II - MÉTODOS E TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ............................................... p.7
1. OBJETO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA .................................................................................... p.7
2. OBJETIVO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ................................................................................. p.7
3. ÁREAS DE APLICAÇÃO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ........................................................... p.7
4. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA e PSICODIAGNÓSTICO ................................................................. p.7
5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NO PROCESSO AVALIATIVO ......................... p.7
6. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ......................................................................... p.8
7. GUIA DE PROCEDIMENTOS ÉTICOS PARA AVALIAÇÃOPSICOLÓGICA ................................. p.10
Apresentação .................................................................................................................................. p.10
I. Princípios gerais da avaliação psicológica ................................................................. p.10
p.11
II. O uso dos instrumentos psicológicos ........................................................................ p.11
III. A seleção de testes psicológicos ................................................................................ p.11
p.12
IV. Aplicação dos testes psicológicos .............................................................................. p.12
V. Correção e interpretação dos resultados de testes psicológicos ............................... p.13
p.13
8. VI. Relato e devolução dos resultados da avaliação psicológica .................................... p.13
VII. Princípios de construção dos testes psicológicos ..................................................... p.13
p.13
VIII.
Considerações gerais ................................................................................................ p.13
TESTES PSICOLÓGICOS ............................................................................................................. p.16
A. DEFINIÇÃO ............................................................................................................................ p.17
B. OBJETIVOS ............................................................................................................................
C. CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................................................
D. A ESCOLHA DO TESTE .........................................................................................................
E.VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DOS TESTES .................................................
PARTE III - METODOLOGIA PROJETIVA ............................................................................................. p.17
1. FORMAÇÃO EM METODOLOGIA PROJETIVA ............................................................................ p.17
2. A SITUAÇÃO PROJETIVA: CLÍNICA DOS TESTES PROJETIVOS ............................................. p.17
3. INDICAÇÕES E CONTEXTOS DA CONSULTA PROJETIVA ...................................................... p.18
PARTE IV - RECOMENDAÇÕES BÁSICAS PARA A APLICAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS .. p.19
PARTE V – PSICODIAGNÓSTICO ........................................................................................................ p.20
1. CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO ..................................................... p.20
2. OBJETIVOS DO PSICODIAGNÓSTICO ........................................................................................ p.21
3. OPERACIONALIZAÇÃO ................................................................................................................. p.23
4. PASSOS DO DIAGNÓSTICO ......................................................................................................... p.23
PARTE VI - SUGESTÕES PARA ESCOLHA DAS TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICOS E SUAS APLICAÇÕES .............................................................................................. p.24
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 2
PARTE VII - RESOLUÇÕES CFP ......................................................................................................... p.26
PARTE VIII – REFERÊNCIAS ................................................................................................................ p.38
PARTE I - INTRODUÇÃO
I- Período de desenvolvimento
· início no final do séc. XIX (1869), data das primeiras publicações de Francis Galton até 1935.
Período onde se desenvolveram os fundamentos teóricos e práticos da Psicometria.
Psicofísica - séc. XIX o filósofo Weber com seus experimentos permitiu pela 1ª vez medidas precisas entre
diferenças na intensidade de um estímulo e a sensação destas diferenças- “limiares diferenciais”. Ex:
medições de limiares de audição, visão, etc...
Fechner (1883) expandindo os trabalhos de Weber, realiza estudos experimentais das sensações, através
de medidas indiretas via comportamento verbal ® com isto demonstra a possibilidade de se utilizar a lógica
da ciência na medida psicológica.
Final do séc. XIX e início deste é que irá surgir um forte movimento de PSICOMETRIA - “medidas sensório-
motoras”
® Galton (1869) - laboratório antropométrico, cria instrumentos “régua de Galton” para medir a altura
audível, “série graduadas de pesos” para mensuração e discriminação cinestética, etc...Influenciado pelo
associacionismo tradicional, postulou que “bons sentidos corresponderiam a um bom intelecto”.
®Cattell (1880) - foi o 1º a usar a expressão “Teste Mental”. Inteligência associada à velocidade e
acuidade sensorial e perceptiva, atenção e memória.
Binet e Simon (1905) · Criam a 1ª escala de inteligência com o intuito de investigar as possíveis causas do
fracasso na escola. Em 1908, a escala foi agrupada em níveis de idade. Em 1916, “Binet-Terman” e, em
1937, “Escala Stanford-Binet”. No Brasil, em 1913, pelo pediatra Fernandes Figueira.
Em 1912, com Stern - o termo QI.
Spearman (1904) - 1ª contribuição metodológica para análise funcional da inteligência. Fator “G” (recorre ao
estudo das correlações).
Guilford (1967) - tantas aptidões quantos os cruzamentos possíveis de vários processos ou operações
mentais ( 150 aptidões ).
Gardner (1983) - mente humana estruturada em 7 inteligências “teoria das inteligências múltiplas”.
Þ Os últimos testes a serem construídos foram os testes de PERSONALIDE, devido à complexidade teórica
e prática.
Rorschach na década de 20
TAT na década de 30
Szondi na década de 40
Os testes psicológicos são instrumentos que pretendem apresentar caráter de legitimidade, isto é,
instrumentos que produzem resultados confiáveis. Daí duas suposições:
a) Os testes precisam ter embasamento científico e devem demonstrar isso.
b) Os testes precisam ser apropriadamente utilizados.
Os testes psicológicos em sua maioria são testes psicométricos, isto é, medidas do comportamento humano
que se enquadram dentro da teoria quantitativa em ciências. Eles se fundamentam na teoria da medida e,
mais particularmente na teoria da medida em psicologia e psicometria.
O que se mede em psicologia é uma variável psicológica definida como uma característica que cada
indivíduo tem em diferentes níveis.
Só a partir do séc. XIX é que o ser humano se volta para si, para mensurar os processos psíquicos e o
comportamento deles decorrentes. Assim, os testes psicológicos são medidas de processos psicológicos.
Psicometria
Conjunto de técnicas que permite a quantificação dos fenômenos psicológicos. Seu objetivo é aplicar
métodos científicos no estudo do comportamento humano. É a ciência que estuda os princípios e métodos
da medida psicológica. É a medida de construtos psicológicos ou traços latentes (estruturas latentes) através
de comportamentos “verbais” ou “motores” que seriam a representação daqueles traços.
A Psicometria
® veio atender à necessidade de medidas quantitativas conseqüência da influência científica da época.
Com isto, a Psicologia aproximou-se de fato das ciências empíricas, atendendo às exigências do modelo
científico.
® veio atender à necessidades socioculturais, associadas a preocupações mais práticas ligadas a melhoria
do rendimento dos sujeitos.
® realçou a questão das diferenças individuais. A visão de homem subjacente ao modelo psicométrico (no
seu início ), implicava a existência de características genéricas de comportamento humano. Essas
características de ordem genética e constitucional, eram consideradas relativamente imutáveis. Os testes
visavam identificá-las, classificá-las e medí-las.
Hoje, os fatores genéticos não são suficientes para explicar tais diferenças, mas estes acrescidos de
fatores experiências e sócio-culturais.
® O instrumento psicométrico mais típico é o “TESTE”.
Só será valido o uso de números na observação dos fenômenos naturais se levarmos em consideração as
propriedades estruturais tanto da ciência quanto da matemática.
Há legitimidade no uso do número para a descrição dos fenômenos naturais se houver ISOMORFISMO
(intercâmbio entre 2 sistemas de saber mantendo-se as propriedades dos mesmos)
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 4
É legitimo representar com números os fenômenos naturais, se nesta designação se manterem
tanto as propriedades dos números, quanto as características próprias dos atributos dos fenômenos
empíricos.
NÚMERO (possui 27 axiomas = definem um atributo do número = postulado assumido como verdade sem
qualquer necessidade de comprovação)
MEDIR→ atribuir números as propriedades das coisas, segundo certas regras. A medida deve garantir que
as operações empíricas (com base na experiência ou na observação direta) assegurem os axiomas dos
números.
A maioria das medidas deve salvar o AXIOMA DE ORDEM
Funções da medida:
a) Quantificação – A medida permite uma descrição precisa do fenômeno e o símbolo que garante a
maior precisão é o número.
b) Comunicação – Condensa informações; é mais precisa e objetiva.
c) Padronização – Assegura a equivalência entre objetos com características diversas.
d) Objetividade – Permite-se classificação com menos ambigüidade.
Escalas de medida
A) Escala de razão: possui “zero absoluto”. Por ex: peso zero é um conceito definível baseado na força da
gravidade. Esta medida não é usada na Psicologia, pois não existe zero absoluto nos fenômenos
psicológicos.
B) Escala intervalar: possui “zero arbitrário” como também apresenta distâncias (intervalos iguais) na
propriedade que está sendo medida. Por ex: a diferença da temperatura entre 10°C e 30°C é a metade da
diferença entre 40°C e 80°C. Neste tipo de medida os símbolos numéricos expressam não só a ordem como
também o tamanho da diferença relativa entre as categorias das características medidas.
C) Escala nominal: os números podem servir meramente de nomes ou rótulos. Ex: código por região do
telefone (BH é 31/ Rio é 21).
D) Escala ordinal: nela o objetivo é estabelecer graduações entre os fenômenos. Em Psicologia dificilmente
se ultrapassa esse nível de medida. Os testes de inteligência, personalidade, aptidão, atitudes, etc.... são
basicamente ordinais, pois fornecem uma posição numa ordem de resultados.
Tipos de medida:
a) Medida fundamental – Obtida como resultado da mensuração direta. Medir aqui é verificar a
coincidência de pontos. Ex.: comprimento
b) Medida derivada – Produto de uma operação de mensuração baseada em indícios que se supõe
estarem relacionados com o atributo do objeto medido. Ex.: m (massa) é igual a volume (metro
cúbico) X densidade (kg por metro cúbico).
c) Medida por teoria – Pode ser por “lei” ou “teoria”. A medida em Ciências Sociais e do
Comportamento é:
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 5
Por lei – Quando se quer demonstrar empiricamente que dois ou mais atributos estruturalmente
diferentes mantêm entre si relações sistemáticas.
Os elementos envolvidos na mensuração são descobertas científicas – é o fato. Ex: lei do reforço
em Psicologia, ou seja, mede-se por lei quando se demonstra empiricamente que dois ou mais
atributos estruturalmente diferentes mantêm entre si relações sistemáticas. Em Psicologia -
psicofísica e análise experimental do comportamento.
Por teoria – quando não existem leis relacionando variáveis, daí recorre-se a teorias que
hipotetizam relações entre os atributos da realidade, permitindo assim a medida indireta de um
atributo através de fenômenos a ele relacionados via teoria. A teoria, por exemplo, versa sobre
processos mentais (estrutura psicológica hipotética), conceituando sua estrutura e sua dinâmica e
define o conjunto de comportamentos que os expressa.
4. Parâmetros psicométricos
Para garantir legitimidade e cientificidade aos testes psicológicos, que são instrumentos de medida em
psicologia e, como qualquer instrumento de medida, deve apresentar certas características para podermos
confiar nos dados que produzem. Tais características são: validade e fidedignidade.
I – VALIDADE
A validade de um teste está relacionada à questão se de fato ele mede o que pretende medir, e é verificada
através de análise estatística.
A análise deve ser feita em cada item do instrumento, verificando se estão medindo o mesmo construto
(fator). Caso o instrumento pretenda medir mais de um fator, as análises estatísticas devem ser feitas
independentemente para cada fator.
Existem várias técnicas para viabilizar a demonstração da validade dos testes, mas três são dominantes:
1- Validade de conteúdo
É o exame sistemático do conteúdo do teste com o objetivo de verificar se este realmente constitui
uma amostra representativa do comportamento que deseja mensurar.
2- Validade de critério
Concebe-se como validade de critério de um teste o grau de eficácia que ele tem em predizer um
desempenho específico do sujeito.
Existem dois tipos:
a) Validade preditiva – critério coletado após a coleta de informação do teste.
b) Validade concorrente – coleta simultânea ou concorrente.
3- Validade de construto
É usada quando o psicólogo crê que seu instrumento reflete um “construto particular”, ao qual estão
ligados certos significados. A validade de construto envolve-se com os problemas de definição de
termos e de conceitos. Conceitos ou construtos são cientificamente pesquisáveis somente se forem,
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pelo menos, passíveis de representação comportamental adequada. Do contrário são conceitos
metafísicos e não científicos. Assim, na validação de construto há validação de definição de
construto e da teoria que lhe dá origem. Pode ser trabalhada sob dois ângulos:
II – FIDEDIGNIDADE (PRECISÃO)
A fidedignidade de um teste ou precisão diz respeito à característica que ele deve possuir, que é medir sem
erros. Está intimamente ligada ao conceito de variância erro, sendo este definido como a variabilidade nos
escores produzida por fatores estranhos ao construto.
2.1- Delineamentos
a) Uma amostra de sujeitos, um mesmo teste e uma ocasião.
Ex.: Método das duas metades e método das técnicas alfa
- Método das técnicas alfa – no teste que a resposta ao item pode assumir mais
de duas alternativas. A análise de cada item é feita individualmente.
b) Uma amostra de sujeitos, dois testes e uma única ocasião (correlação entre as
distribuições de dois testes ou formas paralelas).
Ex.: Método das formas paralelas ou formas alternativas
c) Uma amostra de sujeitos, um mesmo teste e duas ocasiões (correlação entre
dois conjuntos de dados)
a.2) Método das formas paralelas ou formas alternativas: os sujeitos respondem a duas formas
paralelas do mesmo teste e a correlação entre as duas distribuições de escores constitui o
coeficiente de precisão do teste. (coeficiente de equivalência)
a.3) Método do teste-reteste: consiste em calcular a correlação entre as distribuições de
escores obtidos num mesmo teste, pelos mesmos sujeitos, em ocasiões diferentes.
(coeficiente de estabilidade)
É útil para a interpretação dos resultados, pois constitui uma simples transformação dos
resultados brutos do instrumento em resultados de alguma maneira padronizados.
Um processo avaliativo inclui dados quantitativos e qualitativos, já que a avaliação consiste em dar
qualidade à um valor numérico obtido através da medida.
A avaliação psicológica pode ser utilizada para diferentes finalidades, tais como : diagnóstico, intervenção,
encaminhamento, orientação psicopedagógica e vocacional, seleção, prevenção e pesquisa.
® O objeto a avaliar é sempre um SISTEMA COMPLEXO, caracterizado por fenômenos determinado por
processos onde entram em interação elementos que pertencem ao domínio de distintas disciplinas.
Importância de trabalhos interdisciplinares.
1- Ter sempre presente a realidade sociocultural em que o sujeito vive e sua história pessoal.
2- Lembrar que uma avaliação psicológica é sempre um meio, um recurso, para compreender e
explicar os comportamentos humanos.
3- Realizar estudos sobre validação lingüística e conceitual assim como elaborar normas estatísticas
locais, quando se utiliza testes elaboradas em contextos socioculturais diferentes do nosso.
4- Superar falsas confrontações entre dados qualitativos e quantitativos e buscar sua integração.
5- Propiciar a construção de novos testes e não só sua adaptação.
6- O uso de testes psicológicos num processo avaliativo nunca pode ser feito sem o auxilio de outros
testes e outras técnicas de avaliação (Exemplo: entrevistas).
7- Propor “Testes” não se trata efetivamente de um forcing, como alguns imaginam, pois, “O próprio
psicólogo acredita, freqüentemente e implicitamente, poder fazer dizer o que o sujeito não quer
dizer, quando não deveria jamais esquecer que está ali, pelo contrário, para favorecer a expressão
do que não pode ser dito numa linguagem clara” (RAUSCH de TRAUBENBERG, Nina, 1975)
De acordo com Mediano (1976 apud ERTHAL, 2001, p. 39) existem 3 técnicas de coleta de informação:
1. Observação;
2. Inquirição; e
3. Testagem.
1. OBSERVAÇÃO
2) Observação científica: caráter científico e para tal é necessário que se explicitem hipótese e que a
observação seja suscetível à repetição.
Existem 2 tipos de observação cientifica:
1. observação assistemática que se realiza sem qualquer planejamento prévio.
2. observação sistemática exige planejamento e requer instrumentos adequados para o seu registro,
impedindo assim o risco de observações puramente subjetivas.
É + controlada com propósitos previamente determinados.
2. INQUIRIÇÃO
INQUIRIÇÃO: Muitas informações sobre o domínio afetivo podem ser rapidamente obtidas através de uma
inquirição sistemática. Sempre que possível associar a inquirição à observação.
1. Questionário: lista de perguntas para obter informações sobre opiniões e atitudes dos indivíduos.
a) Inventários: diante de uma série de afirmações o indivíduo é solicitado a marcar aquelas com que
concorda. É um instrumento de auto- avaliação. Temos: os inventários de personalidade
(preocupam em traçar um diagnóstico do sujeito; medem diferenças individuais dentro da faixa
normal) e os inventários de interesse (avalia interesses profissionais e vocacionais).
4
ERTHAL, Tereza Cristina. Manual de Psicometria. Rio de Janeiro: Editora Zahar,2001, p. 39-56.
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b) Escalas de atitude: ordenar aspectos qualitativos com correspondente numérico. O sujeito é
solicitado a expressar sua atitude em relação a determinada afirmação, assinalando na escala (do
tipo Thurstone e Likert).
c) Levantamento de opinião: indaga apenas informações específicas sobre determinado assunto. Costuma
ser apresentada sob forma de questão única com alternativas sim ou não.
Utilização
® Pesquisa
® Psicoterapia
® Aconselhamento
® Clínica (atingir um diagnóstico)
® Na empresa (admissão, transferência, promoção, desligamento )
® Exame psicológico em geral
3. TESTAGEM
É a técnica que produz resultados mais eficientes. O instrumento utilizado é o teste (prova).
“Um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de
escalas numéricas ou categorias fixas” (CRONBACH, 1996, p. 51). Através dele se obtêm informações
acerca do domínio cognitivo, afetivo e psicomotor.
São dois os tipos de testes:
Testes não-padronizados ou construídos pelo professor;
Testes Padronizados – são construídos por especialistas
Referência
CRONBACH, Lee J. Fundamentos da testagem psicológica. 5ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1996.
ERTHAL, Tereza Cristina. Manual de Psicometria. 6ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
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A necessidade da criação de um guia de procedimentos éticos para a avaliação psicológica já foi há muito
reconhecida por diversas entidades internacionais. Destaca-se o trabalho da American Psychological
Corporation, que desde 1966 elaborou um código de ética, já agora na sua terceira versão, relacionando as
dúvidas que existem desde o processo de construção de testes psicológicos até a sua seleção, correção,
interpretação e devolução de dados obtidos (APA, 1974,1985). Posteriormente, a Associação de Psicólogos
Portugueses (APPORT, 1991) organizou também um guia ético para a avaliação psicológica, baseado nos
princípios norteadores da APA, indicando assim a importância desta informação para os profissionais de seu
país.
Deve-se destacar, da mesma maneira, outros esforços realizados mais recentemente no sentido de melhorar
a área da avaliação psicológica, tanto a nível nacional quanto internacional. No Conselho Regional de
Psicologia-06, por exemplo, foi elaborado uma minuta pela Comissão de Normas para Procedimentos em
Avaliação Psicológica (CRP, 1996) no sentido de estabelecer alguns parâmetros para esta área de atuação,
que infelizmente não foi divulgada amplamente devido a posições políticas internas. Em nível internacional,
a International Test Commission (ITC) encontra-se em fase de discussão de um guia internacional para
profissionais que utilizam de testes psicológicos em diferentes contextos culturais (Bartram, 1999),
mostrando assim a relevância deste tema para a Psicologia.
Na nossa realidade existe um Código de Ética, estabelecido pelo Conselho Federal de Psicologia, que
orienta de maneira geral as ações dos psicólogos nas suas mais diversas áreas de atuação. Falta,
entretanto, a proposta de um guia específico para a áreas de avaliação psicológica, assim como acontece
em outros países, que apresente diretrizes específicas para os diversos passos envolvidos no processo de
avaliação psicológica.
É neste sentido que decidimos elaborar a proposta de um guia ético para avaliação psicológica, baseando-
se nas experiências anteriores, a fim de dirimir algumas possíveis dúvidas durante o exercício desta
atividade, considerada como sendo de alta relevância para a profissão, na medida em que é citada na nossa
lei (4119/1962, parágrafo 1, art. 13) como sendo uma atividade exclusiva do profissional de Psicologia. Em
pesquisa realizada para verificar a aceitação deste guia entre psicólogos de Estado de São Paulo que
trabalhavam em diferentes contextos, obtivemos uma concordância de 90,7% para as propostas nele
apresentadas, demonstrando assim a necessidade de uma orientação para os profissionais brasileiros que
se utilizam da avaliação psicológica como ferramenta básicas (Wechsler, Guzzo, et al. 1997).
Deve-se notar, entretanto, que o guia apresentado não pretende substituir, de modo algum, o código geral de
ética da classe, mas sim complementar e direcionar atitudes e ações que devem existir durante a processo
de avaliação psicológica, a fim de lhe garantir a maior responsabilidade e qualidade possível.
Ressaltamos também que este guia se refere mais detalhadamente ao uso de instrumentos psicológicos do
tipo objetivo, não podendo, portanto, responder a dúvidas que possam existir relacionadas ao uso de várias
outras técnicas envolvidas no processo de avaliação psicológica, tais como: entrevistas, observações,
provas situações, etc. ...
1. A avaliação psicológica é tarefa exclusiva dos psicólogos, tal como definida na lei brasileira 4.119, em
agosto de 1962.
2. A avaliação psicológica é um processo de coleta de dados e interpretação de informações, realizada por
meio de instrumentos psicológicos, tendo por finalidade o maior conhecimento do indivíduo a fim de serem
tomadas determinadas decisões.
5
WECHESLER, S.M.&GUZZO, R.S.L. Avaliação Psicológica. Perspectiva Internacional. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999,
p.133-141.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 11
3. Constitui-se objeto da avaliação psicológica o seguinte conjunto de dimensões psicológicas: capacidade
cognitivas e sensorio-motoras, componentes sociais, emocionais e afetivos da personalidade, dimensões
interpessoais e motivacionais, atitudes, aptidões e valores. Estas dimensões podem ser estudadas em
conjunto ou em parte de acordo com o problema e o motivo da avaliação.
4. A avaliação psicológica pode ser utilizada para diferentes finalidades, tais como: diagnóstico, intervenção,
encaminhamento, orientação psicopedagógica e vocacional, seleção, prevenção e pesquisa. Seus princípios
aplicam-se às áreas da Psicologia Clínica, Escolar, Organizacional, Social, Forense, Comunitária, etc.
5. A avaliação psicológica deve estar preferencialmente inserida em um quadro mais amplo de prevenção e
intervenção. Este princípio conduz a um estudo prévio sobre a adequação da própria avaliação, sua inserção
nos objetivos a serem alcançados e o planejamento das estratégias a serem empregadas.
1. Define-se por instrumento psicológico toda e qualquer prova que integre um conjunto de estímulos
ou questões específicas, estruturadas dentro do corpo de conhecimento científico da Psicologia
2. Existem vários tipos de instrumentos utilizados na avaliação psicológica, tais como: testes, escalas,
questionários, entrevistas, observações, provas situacionais, etc...
3. O teste psicológico é um instrumento objetivo e padronizado baseado em uma amostra de
comportamento.
Entende-se por:
· instrumento objetivo e padronizado onde existem procedimentos uniformizados para
aplicação e correção do mesmo;
· amostra de comportamento onde estão representadas partes significativas do constructo
a ser medido. O teste psicológico deve ser aplicado em condições previamente definidas, a
fim de possibilitar o esclarecimento das dimensões psicológicas do(s) indivíduo(s)
estudado(s).
4. Os testes psicológicos podem ser classificados em dois grandes grupos: clínicos e psicométricos.
· testes clínicos: aqueles que se fundamentam em uma teoria psicológica que permite a sua
interpretação aliada à experiência pessoal do psicólogo examinador;
· testes psicométricos: baseiam-se em teoria psicológica e critérios estatísticos que
direcionam a sua interpretação por meio de pesquisas que atestam a sua validade e
precisão para uma determinada população.
5. A utilização dos testes psicológicos é de inteira competência e responsabilidade do psicólogo, pois
somente ele tem o treinamento e experiência necessária para assumir esta responsabilidade de
maneira profissional, ética e técnica.
6. É vedado ao psicólogo ceder, emprestar ou vender testes psicológicos ou materiais integrantes
destes (folha de correção, manual, tabelas de normatização, etc.) a outros profissionais que não
sejam psicólogos. Esta regra também se aplica às editoras e distribuidoras de instrumentos
psicológicos, devendo qualquer infração ser denunciada ao CFP, que tornará as medidas
necessárias.
7. Aos estudantes de psicologia será permitido o acesso aos testes psicológicos, desde que orientados
e supervisionados por docentes psicólogos.
8. É vedado ao psicólogo prolongar desnecessariamente o tempo da avaliação psicológica, de acordo
com o regulamento do Código de Ética da classe.
1. Qualquer infração aos princípios enunciados nos pontos anteriores, quer por parte das editoras,
distribuidoras ou por parte dos próprios psicólogos, deve ser denunciada e ser objeto de procedimentos
disciplinares, de acordo com a lei geral e os regulamentos do órgão competente da classe (CFP).
2. Aos próprios psicólogos cabe o cumprimento destes princípios, sua divulgação e a exigência de que os
mesmos sejam respeitados pelos colegas e por outros profissionais.
3. Cabe ao psicólogo, na sua prática diária, contribuir para a melhoria qualitativa e quantitativa da
avaliação psicológica, incentivando a pesquisa de novos instrumentos.
4. Para fins que não sejam de pesquisa, fica vedada a reprodução de testes psicológicos (fotocópia,
fotografia, etc.).
5. Em aspectos da avaliação psicológica omissos neste documento, devem os psicólogos informar-se
junto ao órgão da classe (CFP).
8. TESTES PSICOLÓGICOS
A. DEFINIÇÃO
“Um teste psicológico é essencialmente uma medida objetiva e padronizada de uma amostra do
comportamento” (ANASTASE; URNINA, 2000, p.18).
B. OBJETIVOS
“Medir diferenças entre os indivíduos ou entre as reações do mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias”
(ANASTASE; URNINA, 2000).
C. CLASSIFICAÇÃO6
Não existe um modo inteiramente satisfatório de classificar os testes que seja adotado por unanimidade
pelos diversos autores. Diferentes critérios podem ser adotados.
6
ERTHAL, T.C. Manual de Psicometria. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1.987.
PASQUALI, L. Psicometria: Teoria e Aplicações. Brasília: Editora UnB, 1.997.
ALMEIDA,L.S. Inteligência. Definição e Medida.Aveiro:CIDInE,1994.
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Cerdá (1972) classifica os testes segundo três abordagens: o modo de administração (individual e coletivo),
o modo de expressão (verba, impresso, gráfico e de manipulação) e aquilo que medem (de eficiência e de
personalidade).
Anastasi (1975), apesar de não ser tão sistemática, apresenta os critérios de classificação existentes e
elabora críticas a respeito. Divide-os de acordo com o objetivo (de inteligência geral, de aptidão específica,
de aproveitamento e de personalidade), o instrumento (lápis-e-papel e execução), o conteúdo dominante
(verbal, numérico, espacial, etc.), o examinando (individual e coletivo) e a utilização da linguagem (verbal e
não-verbal).
Yela (1979) especifica os testes ainda mais, classificando-os de acordo com as normas gerais do método
(psicométrico e projetivo), o fim que se deseja atingir (de investigação, prático, de velocidade e de potência),
quem os aplica (pessoais e impessoais), a forma de aplicação (individual e coletivo), o material empregado
( de execução ou impresso) e a característica que se pretende mensurar (de rendimento, de aptidão e de
personalidade).
O que será feito a seguir é definir cada uma dessas características, integrando-as em uma única
classificação.
a) Método utilizado:
Psicométricos: - ao procedimento estatístico sobre o qual se baseia a construção dos testes
- normas gerais utilizadas quantitativas.
- o resultado é um número ou medida, grau, tipologia, traço.
- itens são objetivos (computação independentes uns dos outros).
- ex.: testes de inteligência, personalidade, etc.
Projetivos: - normas qualitativas.
- o resultado é do funcionamento psíquico individual.
- itens não podem ser medidos em separado.
- ex.: testes de personalidade em geral.
Obs.: essas diferenças não são absolutas, pois existem aspectos qualitativos e quantitativos em ambos.
b) Finalidade:
c) Influência do examinador:
d) Modo de administração:
· Individuais: suas instruções são mais complexas, exigindo maior treino por parte do aplicador,
principalmente no que diz respeito à coleta das informações não-verbais expressas pelo examinando.
Ex.: Rorschach; TAT; PMK; desenhos, etc.
· Coletivos: não exigem contato tão direto entre examinando e examinador. Podem ser mais simples e
mais fáceis de serem administrados. Aqui, perde-se o caráter particular do sujeito. Realizados em grupo
de no máximo 30 pessoas - vantagem na economia de tempo.
· Auto-administrados: possuem instruções na capa, não determinam tempo e dispensam a presença do
aplicador, tamanha facilidade com que são executados. Podem ser coletivamente aplicados ou mesmo
de forma individual. Ex.: Inventários de personalidade, Interesse.
· Grupal: os membros de um grupo reúnem-se e respondem ao teste, discutindo os itens e um dos
membros do grupo anota a resposta do grupo na folha de resposta do teste. Ex: Diagnóstico Tipológico
Organizacional (DTO).
e) Modo de Expressão:
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 15
· Verbais: o sujeito dá respostas verbalmente, e o examinador tem que estar atento ao registro das
mesmas.
· Impressos: (lápis-e-papel) o examinando precisa registrar suas próprias respostas.
· Não-verbais: Testes gráficos (HTP; PLG; PMK) o sujeito tem de realizar algum traçado ou desenho.
· Testes de execução ou manipulação: são os que se utilizam de objetos para execução de uma
tarefa específica. Ex.: Cubos, armar objetos, etc (Escalas Wechsler)
f) Organização
· Testes isolados: o que se precisa saber é que nenhum teste isolado medirá todas as capacidades ou
características dos indivíduos.
· Baterias: conjunto de testes que se destinam a medir a capacidade de diferentes indivíduos. Ex: BPR-5.
· Escalas: são séries graduadas de provas que permitem uma classificação dos indivíduos, geralmente
por nível de desenvolvimento. Ex.: Escalas Wechsler
g) Atributo medido:
· Rendimento :
- Escolares (medem o grau de aprendizagem de determinada disciplina).
- Profissionais (medem a competência de profissionais em determinadas ocupações).
· Aproveitamento: medem o grau de eficiência na realização de uma tarefa aprendida.
· Aptidão: medem o “potencial” do sujeito para aprender ou realizar uma tarefa.
: refletem influências acumulativas de numerosas experiências da vida diária.
: dividem em - Aptidão geral ou testes de inteligência geral
- Aptidão específica
- Aptidão especial
Aptidão geral (fator g) medem a inteligência como um todo. Ex.: Raven, G 36,
etc.
Aptidão específica :Thurstone em 1948, pela análise fatorial, identificou
diferentes fatores intelectuais: compreensão verbal, fluência verbal, rapidez de
percepção, memória, raciocínio indutivo, facilidade numérica e visualização
espacial. Formam os diferentes testes de aptidão diferenciada, pois medem
esses fatores individualmente: BPR-5.
Aptidão psicomotora
Aptidão visual
Aptidão perceptivo-visuo-motora
Aptidão especial: são testes de aptidão mais específica que tem aplicação
única para propósitos particulares.
Personalidade:
O termo “personalidade” é aqui, portanto, bastante impróprio na medida em que a dimensão intelectual que
apreendem os testes de eficiência é também um componente importante da personalidade. No entanto, o
termo é consagrado pelo uso, e, por esta razão nós continuaremos a empregá-lo.
É clássico, mas um pouco arbitrário, dividir as técnicas de avaliação da personalidade em grupos. De acordo
com o processo em que elas são efetuadas, podemos dividi-las em dois grandes grupos:
Projetivos
psicométricos
As técnicas projetivas apoiam-se numa teoria holística da personalidade. Elas ambicionam apreender a
personalidade na sua globalidade, dando-lhes uma descrição qualitativa. Essas técnicas de avaliação da
personalidade não seguem a metodologia psicométrica utilizada pela maioria dos testes, utilizando-se de
referências próprias de uma abordagem clínica. Como foi dito, a preocupação é com uma investigação
global e holística da personalidade e não psicométrica.
As outras técnicas fundam-se numa concepção analítica em que a personalidade é considerada como um
conjunto de dimensões mais ou menos independentes. Os questionários, por exemplo, têm por objetivo
apreender essas dimensões e fornecê-las uma descrição quantitativa, psicométrica.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 16
De acordo com a orientação francesa (ANZIEU), classificou-se os procedimentos de avaliação da
personalidade em dois grandes grupos:
D. A ESCOLHA DO TESTE
O objetivo do estudo e/ou a relevância do teste para o problema em questão é o primeiro fator a ser
considerado. Se o objetivo é realizar uma seleção profissional, por exemplo, através da descrição do cargo
chega-se à escolha dos testes que irão compor a bateria.
Em segundo lugar, deve-se estar atento às características dos sujeitos que sofrerão a aplicação - sexo,
idade, escolaridade, etc., as quais determinam o tipo de teste a ser utilizado. Como exemplo disso, pode-se
mencionar os testes de inteligência não-verbal que, como o nome indica, não necessita do uso da
linguagem, sendo por isso indicado para pessoas de baixo nível de escolaridade. O TAT (Teste de
Apercepção Temática) leva em conta a variável sexo, já que dispõe de pranchas comuns aos sujeitos de
ambos os sexos e pranchas que são usadas separadamente para sexos diferentes.
Existem requisitos básicos em relação ao próprio teste que são extremamente relevantes: trata-se da
validade, fidedignidade e da padronização do instrumento. São qualidades primárias, pois delas depende a
confiança que se deposita na escolha do teste. Diz-se que um teste é válido quando ele mede realmente o
que pretende medir. Por fidedignidade entende-se a capacidade do teste de repetir os resultados em
ocasiões diferentes. Padronização é o processo de fixação das normas do teste, para que este possa ser
usado de forma uniforme e inequívoca.
As qualidades secundárias, que também devem ser consideradas sempre que possível, dizem respeito à
simplicidade técnica, à economia, à facilidade e à rapidez de aplicação, ao interesse despertado pela tarefa,
ao tempo que poderá ser despendido na administração, à avaliação e interpretação, etc.
Deve-se reconhecer o fato de que os testes não são infalíveis e não devem ser considerados como os
únicos instrumentos para o fim a que se destinam. Seu uso é necessário, mas não dispensa a observação e
a entrevista, que complementam sua interpretação. Por ser uma amostra de comportamento, o teste é
relativamente econômico quanto ao tempo, sendo útil e prático quando se trata de avaliar grande número de
7
Analítica: percepção de uma parte, clara, de uma parte complexa que é o ser humano. Exame de cada elemento de uma totalidade.
8
Sincrética: percepção do conjunto, confuso, de uma totalidade complexa que é o ser humano.
9
Traços : o que persiste no comportamento: socialização, dominação, extroversão, etc.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 17
pessoas simultaneamente. Seu emprego é útil para formular prognósticos e também como técnica de
investigação.
Entretanto, apresenta algumas desvantagens. Não se pode abranger a totalidade do comportamento medido
por um teste. Além do mais, a menos que se complementem os dados com outras técnicas.
Trabalhar satisfatoriamente com os testes e, consequentemente nos beneficiarmos de suas vantagens torna-
se necessário conscientizarmos de suas limitações e da complexidade que é a mensuração em Psicologia,
pois toda técnica de avaliação é uma ferramenta mediadora entre um modelo teórico e os fenômenos
empíricos que procuramos compreender. E Kaufman (1982) diz: “ o valor do teste é instrumental e tudo
depende da competência de quem usa e esse alguém tem que ser melhor que os testes que usa.”
A formação em metodologia projetiva se inscreve num procedimento global, específico do cursus dos
psicólogos clínicos. A hipótese central da metodologia projetiva é que as operações mentais utilizadas
durante a aplicação das provas projetivas são capazes de manifestar as modalidades de funcionamento
psíquico próprios a cada sujeito (examinando e examinador) na sua especificidade, mas também nas suas
articulações singulares11. Ela consiste, portanto, em demarcar as condutas psíquicas subjacentes às
operações mobilizadas pelas provas projetivas.
Como os franceses, pretendemos nos inscrever dentro das perspectivas abertas por Roy Schafer nos
Estados Unidos e desenvolvidas na França nos anos 70 por Didier Anzieu, Nina Rausch de Traubenberg,
Vica Shentoub, nós privilegiamos os modelos do funcionamento psíquico construídos pela psicanálise. As
noções de conteúdos manifestos e de conteúdos latentes são aplicadas à análise do material dos testes,
essencialmente aos dois métodos projetivos os mais utilizados e logicamente os mais conhecidos, quer
dizer, o Rorschach e o TAT. Os franceses propõem uma análise destas duas provas e sublinham sua
complementaridade, apresentando os grandes eixos que estruturam o procedimento e o método de
interpretação. O procedimento e o método de interpretação se inscrevem numa perspectiva clínica que
define a situação em sua especificidade intrasubjetiva e intersubjetiva em termos de movimentos
transferenciais (no sentido amplo) mobilizados numa situação específica, cujos componentes devem ser
levados em conta.
Desde vários anos, os psicólogos estão interessados em destacar as principais características que
organizam a situação projetiva, a “situação” projetiva, como o mesmo título que puderam ser definidos a
situação psicanalítica ou a situação da entrevista.
O ponto comum a todas as provas projetivas reside na particular qualidade do material proposto, ao mesmo
tempo concreto e ambíguo, na solicitação de associações verbais a partir deste material e enfim na criação
de um campo relacional original entre o sujeito e o psicólogo clínico graças ao objeto mediador que
representa o teste.
O objetivo das provas projetivas é de permitir um estudo do funcionamento psíquico individual numa
perspectiva dinâmica, isto é, se esforçando em apreciar ao mesmo tempo as condutas psíquicas possíveis
de serem localizadas, mas também suas articulações singulares e suas potencialidades de mudança. A
questão primordial que ordena todo trabalho sobre os testes projetivos volta a ser interrogada sobre as
operações mentais empregadas durante a aplicação, com a hipótese que elas traduzem o modo de
10
CHABERT, Catherine. Psicanálise e métodos projetivos. Tradução de Álvaro José Lelé e Eliana Maria Almeida
Costa e Silva. São Paulo, Vetor, 2004.
CHABERT, Catherine; ANZIEU, Didier (1961). Les méthodes projectives. 1ere ed. ‘Quadrige”, Paris: PUF, 2004.
11
ANZIEU, Didier. Os métodos projetivos. 5ª ed., São Paulo: Editora Campos, 1986
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 18
funcionamento psíquico do sujeito. É aqui que intervêm as referências teóricas que constituem o quadro de
interpretação dos dados. Os testes projetivos, de fato, não contêm intrinsecamente um modelo teórico
específico mesmo se seus respectivos autores dispusessem de uma orientação fenomenológica, genética,
caracterológica, cognitivista ou uma abordagem sociológica, etnológica, psiquiátrica, psicopatológica podem
ser aplicadas.
A escolha do modelo psicanalítico decorre de uma posição nitidamente definida que concernem os
fundamentos teóricos do estudo do funcionamento psíquico: nós nos situamos no domínio da psicanálise
aplicada, que nos conduz reconsiderar os conceitos que nós emprestamos a fim de utilizá-los no campo
particular da psicologia projetiva. Mas, além disto, é necessário sublinhar severamente que a participação do
estudo projetivo a fins de avaliação diagnóstica em psicopatologia, introduz este procedimento de
investigação dentro de uma conduta terapêutica a meio termo: compreendemos bem que a aplicação das
provas projetivas não constitui uma etapa de “cura”; ela permite recolher informações profundas, dificilmente
acessíveis nos quadros clínicos complexos e, a este título, se associa aos métodos de investigação cujo
objetivo é estabelecer um projeto terapêutico pertinente. Neste ponto de vista, a utilização de provas
projetivas oferece um recurso precioso toda vez que a clínica estiver vaga ou que se coloca a questão de um
diagnóstico diferencial, essencial para estabelecer modalidades de tratamento terapêutico específico.
De fato, as indicações de exame projetivo são múltiplas e variadas e se pode ter alguma dificuldade em
destacar das mesmas as suas características comuns. O mais evidente parece ser, para empregar um
apalavra que está na moda, a “demanda” de um indivíduo que sofre e a manifesta por sintomas, condutas ou
queixas que desencadeiam uma consulta ou uma hospitalização. Nestes contextos, propor testes projetivos
é completamente justificável.
Por outro lado, a utilização das provas projetivas no domínio da pesquisa em psicologia clínica e em
psicopatologia oferece uma metodologia extremamente preciosa e fecunda. As provas projetivas inscrevem-
se numa situação clínica relativamente estável e controlada (o material proposto aos sujeitos é o mesmo
para todos e as condições de aplicação igualmente), se bem que se espera que se destaquem um certo
número de constantes características desta ou daquela população. A análise rigorosa do material em termos
de conteúdos manifestos e latentes permitiu circunscrever, de um lado, os produtos cognitivos considerados
como perceptivelmente adequados, de um outro, as problemáticas susceptíveis de ser ativadas ou melhor
reativadas por cada um dos testes. Enfim, o sistema de análise dos protocolos, pelo recurso de cotação,
permite um tratamento ao mesmo tempo quantitativo e qualitativo.
Nas consultas por dificuldades e transtornos psíquicos, o exame psicológico é, de modo geral, prescrito por
um psiquiatra e inscreve-se num contexto de investigação cujo objetivo essencial é de ordem diagnóstica
com todas suas implicações terapêuticas próprias. Não se trata de estabelecer uma etiqueta
psicopatológica, mas de apreciar o conjunto das condutas psíquicas do sujeito a fim de propor um
tratamento o mais adequado possível: o tipo de transtorno, a idade, a situação familiar, social, profissional,
enfim, a história do sujeito constituem elementos que devem ser levados em consideração. A especificidade
do exame psicológico reside na oferta de um momento e de um espaço inteiramente consagrados ao sujeito,
na perspectiva claramente formulada para tentar esclarecer, com sua ajuda e sua participação efetivas, os
elementos subjacentes às dificuldades que ele apresenta.
Neste sentido e até mesmo quando há prescrição médica, o acordo do sujeito para aplicação é
indispensável, ao mesmo tempo para respeitar as convenções estabelecidas pelo código de ética (código
deontológico) dos psicólogos e para responder às exigências éticas pessoais que regem o compromisso
clínico do psicólogo, quer dizer, seu compromisso como pessoa além de seu compromisso dentro de suas
funções. O exame psicológico, em todas situações de exploração do funcionamento psíquico à fins de
consulta e de tratamento terapêutico decorre, no entanto, claramente deste tempo necessário de
“observação” e de investigação prévias à toda decisão terapêutica. A este ponto de vista, ele constitui um
método associado à outros, e encontra aí suas indicações as mais freqüentes como as mais pertinentes. É a
razão pela qual os psicólogos, que utilizam as provas projetivas com fins diagnósticos nos diferentes
domínios da saúde, devem ser psicólogos clínicos diplomados e ter seguido uma formação especializada em
metodologia projetiva, o que já é feito na França e que tentamos fazer aqui em Minas Gerais.
Para a admissão e a seleção profissional, a metodologia projetiva não tem lugar. Essencialmente centrada
sobre o funcionamento psíquico, ela propõe dele uma análise fina e profunda que decorre da intimidade da
vida privada. A nosso ver, as provas projetivas não devem ser utilizadas, no domínio dos testes profissionais,
nem no nível da seleção, nem no nível de admissão ou demissão de pessoal. Neste domínio, as únicas
utilizações permitidas aparecessem nos serviços de psicopatologia profissional e são, então, propostas afins
de orientação terapêutica por um psicólogo clínico.
I. ANTES DA APLICAÇÃO
1. Estar seguro do objetivo visado pela aplicação;
2. Planejar a aplicação em época oportuna (por exemplo: não imediatamente antes ou após as férias
escolares) e horários convenientes;
3. Ter-se submetido previamente ao teste;
4. Conhecer bem o manual de instruções;
5. Conseguir a cooperação do professor da turma (em se tratando de escolas, firmas comerciais ou
industriais);
6. Verificar se os examinandos estão em boas condições para serem submetidos às provas (boas
condições de saúde, interesse, compreensão do que irão fazer, etc...);
7. Verificar se os examinandos estão suficientemente motivados e informados dos objetivos das
provas;
8. Praticar a leitura das instruções;
9. Verificar se há em estoque número suficiente de teste, lápis e de todo material necessário à
aplicação, inclusive cronômetro;
10. Verificar se o local de aplicação tem cadeira suficiente para acomodar todos os examinandos,
números de pessoas;
11. Verificar se há folha de respostas em número suficiente e se os cadernos de provas estão em boas
condições;
12. Antecipar as perguntas que lhe serão feitas, tendo prontas as respostas;
13. Verificar se o local de aplicação tem boas condições de arejamento;
14. Providenciar para que a aplicação não seja interrompida por avisos, visitas, chamadas, etc...
(sugere-se preparar um cartaz com os dizeres:
EM TESTE
FAVOR NÃO INTERROMPER
PARTE V- PSICODIAGNÓSTICO
1.CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO
PSICODIAGNÓSTICO 12
DEFINIÇÃO
“Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos, a
nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar
aspectos específicos ou para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados.”
A avaliação psicológica é mais ampla que o psicodiagnóstico, e seu objeto de estudo pode ser um sujeito,
um grupo, uma instituição, uma comunidade, daí a importância dos trabalhos interdisciplinares já que o
objeto a avaliar é sempre um sistema complexo, integrado por subsitemas diversos: biológico, psicológico,
social, cultural, em interação permanente.
O psicodiagnóstico está mais vinculado com a clínica, está vinculado com temas de interesse: nosologias
psicopatólogicas, critérios de saúde psíquica, enfoques patogênicos e saudáveis. Logo, diagnosticar supõe
12
CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico-R. 4ª ed. ver.- Porto Alegre : Artes Médicas, 1993, Cap. 1.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 21
situarmo-nos no plano do processo saúde-enfermidade e poder determinar em que medida se está ou não
em presença de uma patologia ou transtorno que necessita de um determinado tipo de intervenção.
O processo do Psicodiagnóstico é limitado no tempo porque ele é baseado num contrato de trabalho entre
paciente ou responsável e o psicólogo, tão logo os dados iniciais permitam estabelecer um plano de
avaliação e, portanto, uma estimativa do tempo necessário para sua realização (número aproximado de
sessões de exame).
O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só
quais os instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los.
Pressupõe-se, evidentemente, que o psicólogo saiba que instrumentos são eficazes, isto é, quais
instrumentos podem ser eficientes, se aplicados com propósitos específicos, para fornecer respostas a
determinadas perguntas ou testar certas hipóteses. Por este grande motivo, é que o psicólogo deve
conhecer os diferentes instrumentos de avaliação psicológica.
Depois da administração de uma bateria de testes, nós obtemos dados que devem ser articulados com as
informações da história clínica, da história pessoal ou com outras, a partir do elenco das hipóteses iniciais,
para permitir uma seleção e uma integração, rodeada pelos objetivos do psicodiagnóstico, que determinam o
nível de inferências que deve ser alcançado.
2.OBJETIVOS DO PSICODIAGNÓSTICO
O processo psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos que dependem das perguntas ou hipóteses
inicialmente levantadas.
As perguntas mais elementares que podem ser formuladas em relação a uma capacidade, um traço, um
estado emocional, seriam: “Quanto?” ou “Qual?” Aqui, o objetivo seria de classificação simples. Um caso
comum de exame com este objetivo seria o de avaliação do nível intelectual. O examinando é submetido a
testes, adequados à sua idade e nível de escolaridade. São levantados escores (valor quantitativo obtido
pela soma ou total de pontos creditados a um indivíduo em situação de prova ou teste), consulta de tabelas
e os resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sinteticamente (resumidamente).
Mas, é raro que um exame psicológico se restringe a este objetivo, uma vez que os resultados dos testes, os
escores dos subtestes e as respostas intratestes praticamente nunca são regulares e as diferenças
encontradas são susceptíveis de interpretação. Pode-se, então, identificar forças e fraquezas, dizer como é
o desempenho do paciente do ponto de vista intelectual. Neste caso, o objetivo do psicodiagnóstico é
descritivo. Mas, se o exame visasse a examinar as funções cognitivas, não restritas somente à inteligência,
um exemplo comum do psicodiagnóstico, com o objetivo de descrição, seria a avaliação neuropsicológica.
É também descritivo, o exame do estado mental do paciente que é um tipo de recurso diagnóstico que
envolve a exploração da presença de sinais e sintomas, eventualmente utilizando provas muito simples, não
padronizadas, para uma estimativa sumária de algumas funções, como a atenção e memória. Este
constituiria um exame subjetivo de rotina em clínicas psiquiátricas (o exame subjetivo se baseia em
informações dadas pelo paciente e em observações de seu comportamento), muitas vezes completado por
um exame objetivo.
Freqüentemente dados resultantes desse exame, da história clínica e da história pessoal permitem atender
ao objetivo de classificação nosológica. Esta avaliação com tal objetivo é realizada pelo psiquiatra e,
também, pelo psicólogo quando o paciente não é testável. Quando está sob a responsabilidade do
psicólogo, sempre que possível, além desses recursos o psicólogo lança mão de outros instrumentos
psicológicos, como testes e técnicas, para poder testar cientificamente as suas hipóteses. A classificação
nosológica, além de facilitar a comunicação entre profissionais, contribui para o levantamento de dados
epidemológicos de uma população.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 22
Outro objetivo do psicodiagnóstico é o do diagnóstico diferencial, praticamente associado ao objetivo de
classificação nosológica. O psicólogo investiga irregularidades e inconsistências do quadro sintomático e/ou
dos resultados dos testes para diferenciar categorias nosológicas, níveis de funcionamento mental.
Naturalmente, para trabalhar neste objetivo (diagnóstico diferencial), o psicólogo, além de experiência e de
sensibilidade clínica, deve ter conhecimentos avançados de psicopatologia e de técnicas sofisticadas de
diagnóstico.
O objetivo de avaliação compreensiva considera o caso numa perspectiva mais global, determinando o nível
de funcionamento da personalidade, examinando funções do ego (controle da percepção e da mobilidade;
prova da realidade; antecipação, ordenação temporal; pensamento lógico, coerente, racional; elaboração
das representações pela linguagem, etc), em especial quanto há insight, para indicação terapêutica ou,
ainda, para estimativa de progressos ou resultados de tratamento. Não chega necessariamente à
classificação nosológica, embora esta possa ocorrer subsidiariamente (auxiliar), uma vez que o exame pode
revelar alterações psicopatólogicas. Mas, de qualquer forma, envolve algum tipo de classificação, já que a
determinação do nível de funcionamento (compreensão o funcionamento psíquico do paciente) é
especialmente importante para a indicação terapêutica, definindo limites da responsabilidade profissional.
Assim, um paciente em surto poderia requerer hospitalização e prescrição farmacológica sob os cuidados de
um psiquiatra. Um paciente que enfrenta uma crise vital pode se beneficiar de uma terapia breve com um
psicoterapeuta. Para isto, pressupõe-se que certas funções do ego (controle da percepção e da mobilidade;
prova da realidade; antecipação, ordenação temporal; pensamento lógico, coerente, racional; elaboração
das representações pela linguagem, etc) estejam relativamente intactas para que haja uma resposta
terapêutica adequada para determinados tipos de tratamento. Princípio de realidade: “Desenvolvimento das
funções conscientes, atenção, julgamento, memória, substituição da descarga motora por uma ação que
visa uma transformação apropriada da realidade, nascimento do pensamento, sendo este definido como
uma “atividade de experiência” onde são colocadas pequenas quantidades de investimento (Laplanche;
Pontalis, 1983, pp. 471-474).
Basicamente, podem não ser utilizados testes. A não utilização de testes é um objetivo explícito ou implícito
nos contatos iniciais do paciente com psiquiatras, psicanalistas e psicólogos de diferentes linhas de
orientação terapêutica. Ao passo que, se o objetivo é atingido através de um psicodiagnóstico, obtêm-se
evidências mais objetivas e precisas, que podem, inclusive, servir de parâmetro para avaliar resultados
terapêuticos, mais tarde, através de um reteste.
O objetivo do psicodiagnóstico como entendimento dinâmico, em sentido lato (amplo/restrito), pode ser
considerado como uma forma de avaliação compreensiva, já que enfoca a personalidade de maneira global,
mas pressupõe um nível mais elevado de inferência clínica (dedução, conclusão, julgamento clínico).
Através do exame, se procura entender a problemática de um sujeito, com uma dimensão mais profunda, na
perspectiva histórica do desenvolvimento, investigando fatores psicodinâmicos, identificando conflitos e
chegando a uma compreensão do caso com base num referencial teórico.
Um exame deste tipo requer entrevistas muito bem conduzidas, cujos dados nem sempre são
consubstanciados pelos passos específicos de um psicodiagnóstico, portanto, não sendo um recurso
privativo do psicólogo clínico. Freqüentemente, se combina com os objetivos de classificação nosológica e
de diagnóstico diferencial. Porém, quando é um objetivo do psicodiagnóstico, leva não só a uma abordagem
diferenciada das entrevistas e do material de testagem, como a uma integração dos dados com base em
pressupostos psicodinâmicos.
Um psicodiagnóstico também pode ter um objetivo de prevenção. Tal exame visa a identificar problemas
precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, bem como da capacidade
para enfrentar situações novas, difíceis, conflitivas ou ansiogênicas. Em sentido lato, pode ser realizado por
outros profissionais de uma equipe de saúde pública.
Não obstante, num exame individual, que pode requerer uma dimensão mais profunda, especialmente
envolvendo uma estimativa de condições do ego frente a certos riscos ou no enfrentamento de situações
difíceis, seria indicado um psicodiagnóstico.
Outro objetivo é o prognóstico, que depende fundamentalmente da classificação nosológica e, neste sentido,
não é privativo do psicólogo.
Por fim, o psicodiagnóstico com o objetivo de perícia forense. Com esta finalidade, o exame procura resolver
questões relacionadas com “insanidade”, competência para o exercício de funções de cidadão, avaliação de
incapacidade ou de comprometimentos psicopatológicos que etiologicamente (na sua origem) possam se
associar com infrações da lei, etc.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 23
Geralmente, é colocada uma série de quesitos (interrogações) que o psicólogo deve responder para instruir
um determinado processo. Suas respostas devem ser claras, precisas e objetivas. Portanto, deve haver um
grau satisfatório de certeza quanto aos dados dos testes, o que é bastante complexo, porque “os dados
descrevem o que uma pessoa pode ou não fazer no contexto da testagem, mas o psicólogo deve ainda
inferir (concluir, julgar, deduzir) o que ele acredita que ela (pessoa) poderia ou não fazer na vida cotidiana”
(Groth-Marnat, 1984, p.25).
As respostas fornecem subsídios para instruir decisões de caráter vital para o indivíduo. Conseqüentemente,
a necessidade de chegar a inferências que tenham tais implicações pode se tornar até certo ponto
ansiogênica para o psicólogo.
Na realidade, comumente o psiquiatra é nomeado como perito e solicita o exame psicológico para
fundamentar o seu parecer. Não obstante, muitas vezes o psicólogo é chamado para colocar com a justiça,
de forma independente.
3. OPERACIONALIZAÇÃO
COMPORTAMENTOS ESPECÍFICOS
1. determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas iniciais;
2. levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc. sobre o sujeito
e pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes complementares;
3. colher dados sobre a história clínica e história pessoal ou anamnese, procurando reconhecer
denominadores comuns com a situação atual, do ponto de vista psicopatológico e dinâmico;
4. realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo), eventualmente complementado
por outras fontes (exame objetivo);
5. levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do exame;
6. estabelecer um plano de avaliação;
7. estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável;
8. administrar testes e técnicas psicológicas;
9. levantar dados quantitativos e qualitativos;
10. selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os objetivos do exame, conforme
o nível de inferência (dedução, conclusão, julgamento) previsto;
11. comunicar os resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes); e
12. encerrar o processo psicodiagnóstico.
4. PASSOS DO DIAGNÓSTICO 13
1. levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das hipóteses
iniciais;
2. seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
3. levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
4. formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referências as
hipóteses iniciais e os objetivos do exame; e
5. comunicação de resultados e enceramento do processo.
ADULTO INFANTIL
ENTREVISTAS ENTREVISTAS
DESENHO LIVRE HORA DO JOGO DIAGNÓSTICA
DESENHO LIVRE
DESENHO DA FAMÍLIA
PSICOMÉTRICOS
13
Consultar: CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico-R. 4ª ed. ver.- Porto Alegre : Artes Médicas, 1993, Cap 5.
SIQUIER de OCAMPO, M.L. e outros. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 6ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 1990.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 24
AVALIAÇÃO COGNITIVA
WAIS WPPSI
RAVEN WISC
G-36 ou G-38 RAVEN
R1 R2
D-70 DESENHO DA FIGURA HUMANA
Bateria de Provas de raciocínio – BPR-5
AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
BENDER Bateria Psicomotora
FIGURA DE REY BENDER
Bateria Psicomotora FIGURA DE REY
ORGANIZAÇÃO TEMPO-ESPACIAL
PERSONALIDADE
PSICOMÉTRICOS PROJETIVOS PSICOMÉTRICOS PROJETIVOS
IFP RORSCHACH ESCALA RORSCHACH
TAT DE TAT/CAT
CPS HTP STRESS FABULA DE
PFISTER DUSS
QUATI EXPRESSIVO HTP
PLG
PMK
ORGANIZACIONAL
ENTREVISTAS
DINÂMICA DE GRUPO
PROVAS SITUACIONAIS
PSICOMÉTRICOS
AVALIAÇÃO COGNITIVA
RAVEN ADULTO
G36 ou G-38
D-70
R-1
IHS
PERSONALIDADE
PSICOMÉTRICOS/INVENTÁRIOS PROJETIVOS
IFP Z-TESTE (Zulliger)
CPS PFISTER
QUATI PMK
DTO
ESCOLA
APRENDIZAGEM ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
ENTREVISTAS
HORA DE JOGO DIAGNÓTICA DINÂMICA DE GRUPO
AVALIAÇÃO COGNITIVA
RAVEN INVENTÁRIOS
FIGURA HUMANA DE INTERESSE
WPPSI
WISC EMEP
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 25
WAIS BBT-Br
PERSONALIDADE
CAT/TAT HTP
HTP
FÁBULA DE DUSS RAVEN
ESCALA DE STRESS G-36
AVALIAÇÃO PSICOMOTORA D-70
BENDER
TRÂNSITO
1º EXAME
ENTREVISTA (rapport)
PMK
AC (se não passou voltar uma semana depois : causas = ansiedade cansaço.)
INAPTO temporário
VOLTAR DEPOIS DE UMA SEMANA : APLICAR SÓ O TRAÇADO DE DIFICULDADE DO PMK
2º INAPTO: volta depois de 1 mês dá o retorno o que de achou do teste
PMK reduzido
2º INAPTO temporário
CONVERSA COM O CANDIDATO O QUE ESTÁ ACONTECENDO 2 MESES E VAI SER UM OUTRO
INTERVALO ESTÁ TENDO CERTA DIFICULDADE COM O TRAÇADO 2 MESES
2 MESES DEPOIS
PFISTER
ENTREVISTA
3º INAPTO ESTRUTURAL DISTINTO
ENCAMINHADO PSICOTERAPIA
VOLTAR 6 MESES DEPOIS
RORSCHACH (raro)
4º INAPTO APÓS 1 ANO REAPLICA PMK
MUDANÇA DE CATEGORIA AMADOR PROFISSIONAL
(TEM CARTEIRA PARA CARRO E QUER MOTOR)
1º EXAME
RAVEN QUANDO NÃO PASSA R1 ENTREVISTA PMK AC
1º INAPTO entra no mesmo esquema
INSTRUTOR DE RUA
ENTREVISTA REFORÇA A PRÁTICA DE DIREÇÃO, HISTORIA COMO MOTORISTA.
ENTREVISTA.
REDAÇÃO.
AC
PMK
RAVEN/G-36
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso das atribuições legais e regimentais que lhe
são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971, e
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 26
CONSIDERANDO o disposto no § 1 o do Art. 13 da Lei n o 4.119/62, que restringe ao psicólogo o uso
de métodos e técnicas psicológicas;
CONSIDERANDO a necessidade de aprimorar os instrumentos e procedimentos técnicos de
trabalho dos psicólogos e de revisão periódica das condições dos métodos e técnicas utilizados na avaliação
psicológica, com o objetivo de garantir serviços com qualidade técnica e ética à população usuária desses
serviços;
CONSIDERANDO a demanda social e a necessidade de construir um sistema contínuo de
avaliação dos testes psicológicos, adequado à dinâmica da comunidade científica e profissional, que vem
disponibilizando com freqüência novos instrumentos dessa natureza aos psicólogos;
CONSIDERANDO as deliberações do IV Congresso Nacional de Psicologia acerca do tratamento a
ser dispensado aos testes psicológicos;
CONSIDERANDO as propostas encaminhadas por psicólogos, delegados das diversas regiões, que
participaram do I Fórum Nacional de Avaliação Psicológica, realizado em dezembro de 2000;
CONSIDERANDO a necessidade de agilizar e de tornar público o processo de avaliação desses
instrumentos;
CONSIDERANDO a função social dos Conselhos de Psicologia em buscar a qualidade técnica e
ética dos produtos e serviços profissionais do psicólogo;
CONSIDERANDO a necessidade de divulgação prévia aos psicólogos dos requisitos mínimos que
devem ter os testes psicológicos, conforme disposto no Anexo I da presente Resolução;
CONSIDERANDO que a divulgação dos requisitos mínimos proporcionará as condições para a
adoção de providencias imediatas para a qualificação dos testes;
CONSIDERANDO a deliberação da Assembléia das Políticas Administrativas e Financeiras em
reunião realizada no dia 14 de dezembro de 2002 e
CONSIDERANDO decisão deste Plenário no dia 16 de março de 2003,
RESOLVE:
Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput deste artigo, os testes psicológicos são
procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de
indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos,
compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação, personalidade,
psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais diversas formas de
expressão, segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos.
Art. 2º - Os documentos a seguir são referências para a definição dos conceitos, princípios e
procedimentos, bem como o detalhamento dos requisitos estabelecidos nesta Resolução:
I - International Test Commission (2000). ITC Guidelines on Adapting Tests. International Test
Commission. Disponível On-line em: http://www.intestcom.org.
III - Canadian Psychological Association (1996). Guidelines for Educational and Psychological
Testing. Ontário, CA: CPA. Disponível on-line em: http://www.cpa.ca/guide9.html
Art. 3o - Os requisitos mínimos que os instrumentos devem possuir para serem reconhecidos como
testes psicológicos e possam ser utilizados pelos profissionais da psicologia são os previstos nesta
Resolução.
Art. 4o - Para efeito do disposto no artigo anterior, são requisitos mínimos e obrigatórios para os
instrumentos de avaliação psicológica que utilizam questões de múltipla escolha e outros similares, tais
como "acerto e erro", "inventários" e "escalas":
V - apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção, bem como as condições nas
quais o teste deve ser aplicado, para que haja a garantia da uniformidade dos procedimentos envolvidos na
sua aplicação ;
VI - Compilação das informações indicadas acima, bem como outras que forem importantes, em um
manual contendo, pelo menos, informações sobre:
a) o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos empíricos sobre o
instrumento;
b) o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos resultados do teste ;
c) a literatura científica relacionada ao instrumento, indicando os meios para a sua obtenção.
III - apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores, explicitando a lógica que
fundamenta o procedimento, em função do sistema de interpretação adotado, que pode ser:
IV - Apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção e das condições nas quais o
teste deve ser aplicado para garantir a uniformidade dos procedimentos envolvidos na sua aplicação;
V - compilação das informações indicadas acima, bem como outras que forem importantes, em um
manual contendo, pelo menos, informações sobre:
a) o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos empíricos sobre o
instrumento;
b) o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos resultados do teste e
c) a literatura científica relacionada ao instrumento, indicando os meios para a sua obtenção .
Art. 6º - Os requisitos mínimos obrigatórios são aqueles contidos no Anexo I desta Resolução,
Formulário de Avaliação da Qualidade de Testes Psicológicos.
Parágrafo Único – O Anexo que trata o caput deste Artigo é parte integrante desta Resolução.
Art. 7o - Também estão sujeitos aos requisitos estabelecidos na presente Resolução os testes
estrangeiros de qualquer natureza, traduzidos para o português, que devem ser adequados a partir de
estudos realizados com amostras brasileiras, considerando a relação de contingência entre as evidências de
validade, precisão e dados normativos com o ambiente cultural onde foram realizados os estudos para sua
elaboração.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 28
Parágrafo Único - Os requerentes, autores, editores, laboratórios e responsáveis técnicos de testes
psicológicos, comercializados ou não, poderão encaminhar os mesmos ao CFP a qualquer tempo,
protocolando requerimento dirigido ao presidente do CFP, acompanhado de 2 (dois) exemplares completos
do instrumento.
Art. 8º - O CFP manterá uma Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica integrada por
psicólogos convidados, de reconhecido saber em testes psicológicos, com o objetivo de analisar e emitir
parecer sobre os testes psicológicos encaminhados ao CFP, com base nos parâmetros definidos nesta
Resolução, bem como apresentar sugestões para o aprimoramento dos procedimentos e critérios envolvidos
nessa tarefa, subsidiando as decisões do Plenário a respeito da matéria.
§ 1º - A Comissão de que trata o caput deste artigo, nomeada Comissão Consultiva em Avaliação
Psicológica, será composta por, no mínimo, 4 (quatro) membros, podendo valer-se da colaboração de
pareceristas Ad hoc.
§ 2º - Os pareceristas Ad hoc serão psicólogos convidados pelo CFP, escolhidos por notório saber
na área.
§ 3º - O trabalho da Comissão e dos pareceristas Ad hoc não será remunerado, e não representará
vínculo empregatício com o CFP.
Art. 9º - Os testes recebidos terão tramitação interna de acordo com as seguintes etapas, cujo
procedimento se descreve:
I– Recepção;
II – Análise;
III – Avaliação;
IV – Comunicação da avaliação aos requerentes, com prazo para recurso;
V– Análise de recurso;
VI – Avaliação Final.
§ 1º – A recepção consiste no protocolo de recebimento, inclusão no banco de dados e
encaminhamento para análise.
§ 2º – A análise é feita com a verificação técnica do cumprimento das condições mínimas contidas
no Anexo I desta Resolução, realizada inicialmente pelos pareceristas Ad hoc e posteriormente, pela
Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, resultando em um parecer a ser enviado para decisão da
Plenária do CFP.
§ 3º – A avaliação poderá ser favorável quando, por decisão do Plenário do CFP, o teste é
considerado em condições de uso, ou desfavorável quando, por decisão do Plenário do CFP, a análise
indica que o teste não apresenta as condições mínimas para uso. Nesse caso, o Parecer deverá apresentar
as razões, bem como as orientações para que o problema seja sanado.
Art. 10 - Será considerado teste psicológico em condições de uso, seja ele comercializado ou
disponibilizado por outros meios, aquele que, após receber Parecer da Comissão Consultiva em Avaliação
Psicológica, for aprovado pelo CFP.
Parágrafo único– Para o disposto no caput deste artigo, o Conselho Federal de Psicologia
considerará os parâmetros de construção e princípios reconhecidos pela comunidade científica,
especialmente os desenvolvidos pela Psicometria.
Art. 11 – As condições de uso dos instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos
e propósitos para os quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 29
Parágrafo Único – A consideração da informação referida no caput deste artigo é parte fundamental
do processo de avaliação psicológica, especialmente na escolha do teste mais adequado a cada propósito e
será de responsabilidade do psicólogo que utilizar o instrumento.
Art. 12 – Os prazos para cada etapa descrita no Art. 9º desta Resolução são de até:
I– 30 (trinta) dias, a partir da data de recebimento do teste psicológico pelo CFP, para os
procedimentos de recepção e encaminhamento à Comissão Consultiva em Avaliação
Psicológica ou parecerista Ad hoc por esta indicado;
II – 60 (sessenta) dias, a partir do recebimento do teste para análise, para emissão de parecer
pelo parecerista Ad hoc;
III – 30 (trinta) dias, a partir do recebimento do parecer, para emissão do parecer pela Comissão
Consultiva em Avaliação Psicológica;
IV – 30 (trinta) dias, a partir da notificação, para apresentação de recurso pelo responsável
técnico pelo teste psicológico;
V– 30 (trinta) dias, a partir do recebimento, para análise e parecer da Comissão Consultiva em
Avaliação Psicológica ao recurso do requerente.
§ 3º - Os prazos previstos no caput deste artigo serão calculados em dias úteis, seguindo a rotina
de funcionamento do Conselho Federal de Psicologia.
Art. 13 – Os testes com avaliação final desfavorável por não atenderem às condições mínimas
poderão, após revisados, ser reapresentados a qualquer tempo e seguirão o trâmite normal como disposto
no artigo 90 desta Resolução.
Art. 14 - Os dados empíricos das propriedades de um teste psicológico devem ser revisados
periodicamente, não podendo o intervalo entre um estudo e outro ultrapassar: 10 (dez) anos, para os dados
referentes à padronização , e 20 (vinte) anos, para os dados referentes a validade e precisão.
§ 1o - Não sendo apresentada a revisão no prazo estabelecido no caput deste artigo, o teste
psicológico perderá a condição de uso e será excluído da relação de testes em condições de
comercialização e uso.
§ 3o - Caso haja necessidade de mudança substancial no instrumento, a versão antiga não poderá
ser utilizada pelos psicólogos até que se estabeleçam as propriedades mínimas definidas nesta Resolução.
§ 4o - Caso haja necessidade de mudanças menores, ou não haja necessidade de mudança, uma
nova publicação do manual ou um anexo ao manual original deve ser preparada pelo psicólogo responsável
técnico pela edição do mesmo, relatando este estudo de revisão, fornecendo os novos dados, as conclusões
e as alterações produzidas.
Art. 15 - A responsabilidade pela revisão periódica dos testes será do autor, do psicólogo
responsável técnico pela edição e da Editora, que responderão individual e solidariamente em caso de
desrespeito à Lei e ao disposto nesta Resolução, no âmbito de suas respectivas competências e
responsabilidades.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 30
§ 1o - A revisão dos testes psicológicos deverá ser realizada por pesquisadores ou laboratórios de
pesquisa, com competência comprovada na área da Psicometria, que deverão publicar os estudos nos
veículos de comunicação científica disponíveis.
Art. 16 - Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1 º e na alínea m do Art.
2º do Código de Ética Profissional do Psicólogo, a utilização de testes psicológicos que não constam na
relação de testes aprovados pelo CFP, salvo os casos de pesquisa.
Parágrafo Único - O psicólogo que utiliza testes psicológicos como instrumento de trabalho, além do
disposto no caput deste artigo, deve observar as informações contidas nos respectivos manuais e buscar
informações adicionais para maior qualificação no aspecto técnico operacional do uso do instrumento, sobre
a fundamentação teórica referente ao construto avaliado, sobre pesquisas recentes realizadas com o teste,
além de conhecimentos de Psicometria e Estatística.
Art. 18 - Todos os testes psicológicos estão sujeitos ao disposto nesta Resolução e deverão:
§ 1o - Os manuais de testes psicológicos devem conter a informação, com destaque, que sua
comercialização e seu uso são restritos a psicólogos regularmente inscritos em Conselho Regional de
Psicologia, citando como fundamento jurídico o § 1o do Art. 13 da Lei no 4.119/62 e esta Resolução.
§ 3o – Para efeito do disposto nos parágrafos anteriores deste artigo, considera-se manual toda
publicação, de qualquer natureza, que contenha as informações especificadas nos incisos VI do artigo 4 0 e V
do artigo 50.
ODAIR FURTADO
Conselheiro Presidente
Este instrumento, adaptado de Prieto e Muñiz 15 (2000), tem por objetivo operacionalizar os
requisitos mínimos definidos na Resolução CFP N° 02/2003 editada pelo Conselho Federal de
Psicologia. Ele permite apreciar um conjunto de propriedades básicas que os instrumentos devem
possuir, de acordo com os parâmetros internacionalmente definidos para que sejam reconhecidos pela
comunidade científica e profissional.
O formulário está divido em três partes:
A) Descrição geral do teste
B) Requisitos Técnicos
C) Consideração e análise dos requisitos mínimos.
Nas primeiras duas seções, você analisará uma série de propriedades dos
instrumentos. Na terceira e última parte são apresentados os indicadores mínimos (forma do manual,
precisão, validade e padronização) que você deverá considerar para elaborar seu parecer final,
informando se o instrumento atende ou não os requisitos mínimos.
No caso de o instrumento não atender às condições mínimas, solicitamos que o seu
parecer final deixe claro quais as condições que não foram atendidas e as sugestões visando à sua
melhoria. Caso seja observada alguma limitação no instrumento, mesmo que ele atenda os requisitos
mínimos, solicitamos que indique também sugestões de melhoria. Tais sugestões serão encaminhadas
ao responsável técnico pelo teste.
14
A Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica é formada pelos integrantes: Álvaro José Lelé, Audrey Setton de Souza, José
Carlos Tourinho e Silva, Regina Sônia Gattas Fernandes do Nascimento, Ricardo Primi.
15
Prieto, G. & Muñiz, J. (2000). Un modelo para evaluar la calidad de los tests utilizados en España.
http://www.cop.es/tests/modelo.htm, 04/12/00.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 32
RESOLVE:
I. Princípios norteadores;
II. Modalidades de documentos;
III. Conceito / finalidade / estrutura;
IV. Validade dos documentos;
V. Guarda dos documentos.
Art. 3º - Toda e qualquer comunicação por escrito decorrente de avaliação psicológica deverá
seguir as diretrizes descritas neste manual.
Parágrafo único – A não observância da presente norma constitui falta ético-disciplinar, passível
de capitulação nos dispositivos referentes ao exercício profissional do Código de Ética Profissional do
Psicólogo, sem prejuízo de outros que possam ser argüidos.
ODAIR FURTADO
Conselheiro Presidente
Considerações Iniciais
O documento deve, na linguagem escrita, apresentar uma redação bem estruturada e definida,
expressando o que se quer comunicar. Deve ter uma ordenação que possibilite a compreensão por quem o
lê, o que é fornecido pela estrutura, composição de parágrafos ou frases, além da correção gramatical.
O emprego de frases e termos deve ser compatível com as expressões próprias da linguagem
profissional, garantindo a precisão da comunicação, evitando a diversidade de significações da linguagem
popular, considerando a quem o documento será destinado.
a. Princípios Éticos
Torna-se imperativo a recusa, sob toda e qualquer condição, do uso dos instrumentos, técnicas
psicológicas e da experiência profissional da Psicologia na sustentação de modelos institucionais e
ideológicos de perpetuação da segregação aos diferentes modos de subjetivação. Sempre que o trabalho
exigir, sugere-se uma intervenção sobre a própria demanda e a construção de um projeto de trabalho que
aponte para a reformulação dos condicionantes que provoquem o sofrimento psíquico, a violação dos direitos
humanos e a manutenção das estruturas de poder que sustentam condições de dominação e segregação.
b. Princípios Técnicos
O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos deste procedimento (as
questões de ordem psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as
mesmas elementos constitutivos no processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a
natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 34
Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, devem se basear exclusivamente nos
instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais)
que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações
de informações a respeito da pessoa ou grupo atendidos, bem como sobre outros materiais e grupo
atendidos e sobre outros materiais e documentos produzidos anteriormente e pertinentes à matéria em
questão. Esses instrumentais técnicos devem obedecer às condições mínimas requeridas de qualidade e de
uso, devendo ser adequados ao que se propõem a investigar.
A linguagem nos documentos deve ser precisa, clara, inteligível e concisa, ou seja, deve-se
restringir pontualmente às informações que se fizerem necessárias, recusando qualquer tipo de consideração
que não tenha relação com a finalidade do documento específico.
Deve-se rubricar as laudas, desde a primeira até a penúltima, considerando que a última estará
assinada, em toda e qualquer modalidade de documento.
II - MODALIDADES DE DOCUMENTOS
1. Declaração *
2. Atestado psicológico
3. Relatório / laudo psicológico
4. Parecer psicológico *
* A Declaração e o Parecer psicológico não são documentos decorrentes da avaliação Psicológica, embora
muitas vezes apareçam desta forma. Por isso consideramos importante constarem deste manual afim de
que sejam diferenciados.
1 – DECLARAÇÃO
Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos.
2 – ATESTADO PSICOLÓGICO
Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou seja, separados apenas pela
pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso, riscos de adulterações. No caso em que seja necessária a
utilização de parágrafos, o psicólogo deverá preencher esses espaços com traços.
O atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1, alínea b, deverá guardar relatório
correspondente ao processo de avaliação psicológica realizado, nos arquivos profissionais do psicólogo, pelo
prazo estipulado nesta resolução, item V.
3 – RELATÓRIO PSICOLÓGICO
3.2. Estrutura
O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor científicos, devendo conter narrativa
detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao
destinatário. Os termos técnicos devem, portanto, estar acompanhados das explicações e/ou conceituação
retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam.
3.2.1. Identificação
3.2.3. Procedimento
3.2.4. Análise
O psicólogo, ainda nesta parte, não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos
e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva,
expressando-se de maneira clara e exata.
3.2.4. Conclusão
4 – PARECER
4.2. Estrutura
4.2.1. Identificação
4.2.3. Análise
4.2.4. Conclusão
Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamentos para a indicação, devendo
apresentá-los sempre que solicitado.
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO 38
Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem como todo o material que
os fundamentou, deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos, observando-se a responsabilidade
por eles tanto do psicólogo quanto da instituição em que ocorreu a avaliação psicológica.
Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinação judicial, ou ainda
em casos específicos em que seja necessária a manutenção da guarda por maior tempo.
ANZIEU, Didier. Os métodos projetivos. 5ª ed., São Paulo: Editora Campos, 1986
CHABERT, Catherine. Psicanálise e métodos projetivos. Tradução de Álvaro José Lelé e Eliana Maria
Almeida Costa e Silva. São Paulo, Vetor, 2004.
CHABERT, Catherine; ANZIEU, Didier (1961). Les méthodes projectives. 1ere ed. ‘Quadrige”, Paris: PUF,
2004.
CRONBACH, Lee J. Fundamentos da testagem psicológica. 5ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1996.
CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico-R. 4ª ed. ver.- Porto Alegre : Artes Médicas, 1993
ERTHAL, Tereza Cristina. Manual de Psicometria. 6ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
PASQUALI, Luiz. Psicometria. Teoria dos testes na psicologia e educação. Petrópolis: Vozes, 2004.
SIQUIER de OCAMPO, M.L. e outros. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 6ª ed., São
Paulo: Martins Fontes, 1990.
WECHESLER, S.M.&GUZZO, R.S.L. Avaliação Psicológica. Perspectiva Internacional. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 1999.