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Abstract: Critical analysis of crime that shocked the country in view of its
repercussions in the media and its relevance and influence legal, considering
the way in which the judiciary relates to public outcry, and in most cases, the
constitutional principles are left as the only lawyer confirms that society itself
has pre-judged. The judiciary is not immune to general commotion, so it turns
out that an obligation, publishing laws in conjunction with the legislature in order
to dampen the spirits of society appalled by what they see in the media.
1 INTRODUÇÃO
1
Bacharel em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira, Goiânia. Professor do Curso de
Gestão Pública no Instituto Aphonsiano de Ensino Superior – Iaesup, Trindade – Goiás.
Aphonline.:Trindade – GO,v.1,n.1,p.197-206,jan./jun.2011
social. Foram importantes em ocasiões sociais como no Aparteid na África do
Sul, na queda do muro de Berlim, na eleição do presidente americano Barac
Obama e no Brasil na redemocratização do país com o impeachment de
Fernando Collor.
Vale-se advertir, que esta certa “liberdade” de expressão foi
conquistada de maneira árdua, adentrando-se ás barreiras da censura que
sofreu a imprensa brasileira na época da ditadura.
O problema principal se coloca na probabilidade de os órgãos da
mídia exercer algum tipo de influência durante o trâmite do processo judicial,
sobretudo os de natureza criminal. A mídia exerce papel fundamental na
consciência individual dos cidadãos, nessa análise, a priori, nos eventuais
“jurados” e por outro lado nos “atores do processo”, figuras como juiz,
promotor, advogados, réu, delegado de polícia, peritos, testemunhas etc.
A história brasileira está repleta de julgamentos que se tornaram
inesquecíveis pela importância e influência que tiveram no Direito brasileiro,
como:
• Caso da Mala, Maria Fea, 1928;
• Caso do bandido da luz vermelha, 1976;
• Caso Doca Street, 1976;
• Massacre do Carandiru, 1992
• Chacina da Candelária, 1993;
• Caso Pc Farias, 1996;
• Maníaco do Parque, 1998;
• Caso Carlinhos e Wilma Martins, 1986-2002;
• Caso Sílvia Calabrezi, 2008;
• O maníaco de Luziânia, 2010
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deixaram os tribunais e chegaram às livrarias e até mesmo ao cinema ou
seriados de TV.
Vida, comoção geral e sensacionalismo. A mídia aproveita da dor
das famílias para fazer notícia, em conseqüência a sociedade acaba
consternada ao conviver com verdadeiros reality shows em que os
protagonistas são pessoas comuns, atores da vida real que acabaram sendo
celebrizados. O tema é bastante controverso, ainda mais em alta com
julgamentos famosos como o do casal Nardonni ocorrido no mês de março de
2010, após dois anos do crime que gerou a maior repercussão da história
jurídica dos país.
Será importante focalizar também a relação entre o judiciário e o
clamor público, sendo que na maioria das vezes, princípios constitucionais são
deixados de lado enquanto o jurista apenas confirma o que a própria sociedade
já pré-julgou.
Salienta-se que se por um lado a glamourização do crime é criticada,
o contrário, ou seja, tornar incógnito o crime por qualquer que seja, acabaria
gerando um fenômeno ainda pior, o da falta de humanismo e de compaixão
pela dor alheia.
2 A MÍDIA E O PROCESSO
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MORETZSHON, Sylvia. A ética jornalística no mundo ao avesso. Discursos Sediciosos:
Crime, Direito e Sociedade, Rio de Janeiro: Freitas Bastos: Instituto Carioca de Criminologia,
ano 4, números 7 e 8, pp 261-266
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Neste sentido, a palavra “audiência” caracteriza a forma que os meios de comunicação
utilizam para calcular sua efetividade na relação com os telespectadores, geralmente é
verificada pelo Ibope.
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outros para não afrontar a fúria midiática. Ao mesmo tempo são poucos os que
enfrentam esta poderosa máquina, único setor da economia genuinamente
nacional, que em explícita manipulação, conseguiu a proibição constitucional
de estrangeiros como proprietários de jornais, radiodifusão e canais de
televisão (artigo 222, da CF/88).
Há muito tempo já se sabe que as famílias proprietárias dos meios
de comunicação são as verdadeiras donas do poder, chamado de Globo &
Cia., intervindo diretamente na estrutura dos poderes menores como o
judiciário, uma das razões porque a verdadeira compleição desse ‘poder’ não
pode ser conhecida pelo grande público e não faz parte da capacitação
elementar dos trabalhadores liberais.
Neste cenário, quando os meios de comunicação analisam um caso,
quase sempre limitam a se informar os fatos, reproduzindo a dialética do poder,
claro que como notórias pitadas de sensacionalismo para render índice ainda
maior de vendagem ou exposição. Verifica-se que os meios de comunicação só
cumprem o papel de informar, e mal, distorcendo os fatos ou omitindo dados
importantes, sempre na premissa de que é isto que o destinatário quer. “Em
realidade, massacra o leitor/telespectador com notícias selecionadas a partir do
crivo de seus redatores, repetido-as tantas vezes até sua absorção
generalizada ou como estratégia para ocupar espaço de outras informações.” 4
No livro Mídia e Poder Judiciário, Fábio Martins de Andrade cita uma
proposta legislativa que objetiva reduzir os efeitos negativos da influência dos
órgãos da mídia no processo penal brasileiro:
“Art. 499-A. O juiz, de ofício ou a requerimento, deverá suspender o
processo, sempre que entenda necessário para promover um
julgamento efetivametne influenciado em sua livre convicção.
§1º. Consistem influências externas ao processo aquelas oriundas
da divulgação excessiva de noticias, em qualquer uma de suas
possíveis formas, através dos diversos órgãos da mídia, e capazes
de inquinar a necessária imparcialidade inerente ao órgão
jurisdicional, quando da prolação de seu julgamento.
§2º. É vedada a utilização de material, em qualquer um de seus
diversos tipos, produzido e/ou reproduzindo por qualquer órgão da
mídia, nas peças que instruem o processo.
4
Maccalóz, O Poder Judiciário, os Meios de Comunicação e Opinião Pública, pp. 183-184.
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§3º. A suspensão do processo, motivada por este artigo, perdurará
enquanto permanecer o estado de influenciabilidade do órgão
jurisdicional responsável pelo julgamento do processo. Quando
cessado o referido estado de influenciabilidade, o juiz deverá, por
despacho, determinar o prosseguimento no andamento do processo.
§4º. A suspensão do processo a que se refere este artigo não
suspende o curso do prazo prescricional.”
(ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário. A
influência dos Órgãos da Mídia no Processo Penal Brasileiro. Rio de
Janeiro: Lúmen Júris, 2007, p. 363)
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provocam alterações na conduta dos atores do processo, inclusive
desgastando a imagem deles pela superexposição.
Assim como existe a influência da mídia no Poder Judiciário, a
abordagem apresentada neste estudo demonstrou também que a mídia pode
influenciar a sociedade no que concerne a fatos relevantes no aspecto jurídico,
tais como verifica-se os chamados “crimes famosos”. A história jurídica
brasileira está entrelaçada ao estrelismo da mídia. Um fenômeno caracterizado
como a “Glamourização do crime”, ou seja, torna sofisticado, torna assunto
importante o que seria algo banal.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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e de interesse nacional que são sistematicamente esquecidos ou ignorados
porque não chegam a ser divulgados.
Restando a coletividade consternada, o judiciário se situa de
maneira acuada entre mídia e sociedade, que espera do meio mais legalístico
uma posição idêntica a que é ditada. Assim sendo, o magistrado como figura
central acaba tendo que por obrigação consentir e apoiar de certa forma um
sentimento de comoção social, sem levar em consideração as provas, os
meios, as investigações legais, quase que como por atemorização e medo da
repercussão que isto geraria.
O confronto estabelecido entre a sociedade e o acusado-culpado é
terrível, comparado até em se jogar carne em um cardume de piranhas, não
sairá intacto de forma alguma. A sociedade quer, a mídia oferece e o judiciário
consente, destarte, nada mais se pode fazer.
Em tese, a crítica atroz a imprensa é semelhante a que a mesma faz
do suposto culpado. O que deve-se repassar é que a imprensa não necessita
de fazer o que sempre vem acontecendo, investigar, processar, punir e
executar a pena, eis que essas são funções exclusivas do judiciário, de tal
modo deixando sem oportunidade de resgatar seu nome ou sua honra, sua
dignidade, privacidade e respeito.
Rege o direito os tão ponderados princípios da presunção da
inocência e da ampla defesa, impera a imprensa pelo sensacionalismo e fúria
de notícias, rege a sociedade pelo que foi passado pela imprensa, por último,
em razão cíclica, acaba o judiciário em um retrocesso de onde se menos
esperava, da própria sociedade.
4 REFERÊNCIAS
ANDRADE, Fábio Martins de. Mídia e Poder Judiciário. A influência dos Órgãos
da Mídia no Processo Penal Brasileiro. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2007.
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CARNELUTTI, Francesco. As misérias do processo penal. Trad. José Antônio
Cardinelli. São Paulo: Conan, 1995.
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