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Hugo Goes

Direito Previdenciário
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Hugo Goes

questões comentadas pelo autor

4a edição

(I
Ferreira

Rio de Janeiro
2016
Copyright ©Editora Ferreira Ltda., 2008-2016.

4• edição, 2016.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS- É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer


forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei no 9.610/98) é crime e~ta­
belecido pelo artigo 184 do Código Penal. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme
Decreto no 1.825, de 20 de dezembro de 1907.
Impresso no Brasil!Printed in Brazil

Equipe editorial
Diagramação: Preparação e revisão:
Thais Xavier Ferreira Andrea Regina Oliveira Almeida
Nívia de Cássia T. BeiJos Pâmela Isabel Oliveira

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

G543d
4. ed.

Goes, Hugo Medeiros de, 1968-


Direito previdenciário CESPE : questões comentadas pelo autor I Hugo
Medeiros de Goes. - 4. ed.- Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2016.
584 p. (Concursos)

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7842-338-4

1. Previdência social - Legislação - Brasil - Problemas, questões, exercícios.


2. Serviço público- Brasil- Concursos. I. Título. 11. Série.

15-27610 CDU: 349.3(81)

Editora Ferreira
contato@ ed itorafe r rei ra.com. b r
www.editoraferreira.com.br
Este livro é dedicado a Rosana, minha esposa, amante,
amada, amiga e companheira de todas as horas.

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Apresentação ........... ... ... .... ......... ..... .. ....................... ..... ........ .... ............ ... IX
Siglas e abreviaturas .... ...•......... .. ... .. ....... .. ............................. ....... ............. XI

Prova 01 - Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011 . ... .... .. ....... 1
Defensor Público Federal/2015 .............. .. .......... ........................... ... ...... 1
Juiz Federal/TRF-1 •/2015 ...................................................................... 7
Juiz Federal/TRF-5•/2::15 .................................................................... 15
Titular de Serviços de Notas e de Registros/TJ-DF/2014 ......................... 23
Analista de Administro:.ção Pública/Serviços/TC-DF/2014 ..................... 24
Auditór de Controle Externo/TC-DF/2014 ............................................ 25
Câmara dos Deputado~/Analista Legislativo/2014 ................................. 26
Analista Legislativo/Câmara dos Deputados/2014 ................................. 35
Analista Judiciário/TRT-17•/2013 ......................................................... 36
Procurador Federal!A0::3U/2013 ............................................... , ............. 36
Juiz Federal/TRF-1•/2013 ..................................................................... 41
Auditor-Fiscal do Trabalho/MTE/2013 ................................................. 45
Analista Judiciário/TRT-8•/2013 .......................................................... 49
Auditor de Controle Externo/Direito/TCE-R0/2013 .............................. 51
Analista em Geociências/Direito/CPRM/2013 ....................................... 52
Delegado/DPF/2013 ............................................................................ 53
Defensor Público/DPE-DF/2013 ........................................................... 55
Juiz do Trabalho/TRT-5a/2013 .............................................................. 57
Auditor de Controle E:::terno/TCE-ES/2012 .......................................... 58
Defensor Público/DPE-ES/2012 ........................................................... 59
Analista Judiciário/Área Judiciária/STJ/2012 ......................................... 61
Advogado da União/AGU/2012 ............................................................ 62
Técnico Administrativn/PREVIC/2011 ................................................. 63

VIl
Direito Previdenciário Cespe

Prova 02 - Juiz do Trabalho/TRT da 1' Região/2010 ................................... 65


Prova 03 - Procurador Federal!AGU/2010 ................................................. 75
Prova 04- Defensor Público Federal!DPU/2010 ........................................ 89
Prova 05- Promotor de Justiça/MPE-ES/2010 ................. :........................ 101
Prova 06 - Procurador Municipal/Boa Vista/RR/2010 .............................. 123
Prova 07- Analista Judiciário/TRT da 21a Região/2010 ............................ 127
Prova 08- Técnico Judiciário/TRT da 21a Região/2010 ............................. 137
Prova 09 - Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência
Social/2010 . .. . .... ..... .... ............ .... ...... .................................... 145
Prova 10- Defensor Público/DPE-BA/2010 ............................................. 163
Prova 11 -Juiz Federal/TRF da 5a Região/2009 ........................................ 175
Prova 12- Advogado da União/AGU/2009 .............................................. 199
Prova 13- Procurador/AL/2009 .............................................................. 205
Prova 14..:. Procurador/CE/2008 .............................................................. 245
Prova 15 - Procurador/ES/2008 .............................................................. 275
Prova 16 - Procurador do município de Aracaju/2008 .............................. 283
Prova 17- Procurador do município de Natal/2008 ................................. 297
Prova 18 - Técnico do Seguro Social/INSS/2008 ...................................... 321
Prova 19- Analista do Seguro Social/INSS/2008 ..................................... 381
Prova 20 - Defensor Público da União/DPU/2007 .................................... 393
Prova 21 - Juiz Federal/TRF da 5a Região/2007 ........................................ 409
Prova 22- Procurador Federal/AGU/2007 ............................................... 423
Prova 23 - Juiz do Trabalho/TRT da 5a Região/2006 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 437
Prova 24 - Juiz Federal/TRF da 5a Região/2006 ........................................ 461
Prova 25 -Advogado da União/AGU/2006 .............................................. 475
Prova 26- Procurador Federal!AGU/2006 ............................................... 485
Prova 27 - Juiz Federal!TRF da 5a Região/2005 ........................................ 495
Prova 28 - Técnico Previdenciário/INSS/2003 ......................................... 505
Prova 29 - Analista Previdenciário/INSS/2003 ........................................ 545

Referências bibliográficas ......... ...... ... ........... ....... ......... .... ..... ... .... .... ........ 567

Hugo Goes VIII


A presente obra dedica-se ao estudo do Direito Previdenciário por meio de
comentários a uma seleção de provas elaboradas pelo Centro de Seleção e Promo-
ção de Eventos da Universidade de Brasília - Cespe/UnB, referentes a concursos
públicos realizados no período de 2003 a 2015.
O objetivo do trabalho é fornecer ao público leitor subsídios básicos para
um bom aproveitamento nas provas de Direito Previdenciário elaboradas por
essa instituição.
Por meio da resolução das questões e da leitura dos comentários, os leitores
podem estudar conceitos, princípios e classificações de cada um dos temas dessa
disciplina jurídica, bem como tomar conhecimento ou memorizar a legislação
previdenciária vigente e, ao mesmo tempo, habituar-se ao formato de prova apli-
cada pelo Cespe.
Desse modo, esperamos que o presente trabalho seja útil na preparação
de seus leitores.

Bons estudos.
Hugo Goes

IX
ADCT - Ato das Dispcsições Constitucionais Transitórias
AI - Auto de Infração
CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho
CF - Constituição Federal
CLT- Consolidação dc.s Leis do Trabalho
CND - Certidão Negativa de Débito
CNPS - Conselho Nacional da Previdência Social
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CP - Código Penal
CPD-EN- Certidão Positiva de Débito com Efeitos de Negativa
CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
CRPS - Conselho de Recursos da Previdência Social
CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
EC - Emenda Constitucional
FAT- Fundo de Amparo ao Trabalhador
FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
GFIP - Guia de Recoll:.imento do FGTS e Informações à Previdência Social
GPS - Guia da Previdência Social
IN- Instrução Normativa
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
LC - Lei Complementar
LDC - Lançamento de Débito Confessado
MPS - Ministério da Previdência Social
OGMO - Órgão Gestor de Mão de Obra

XI
Direito Previdenciário Cespe

PASEP- Programa de Formação do Patrimônio qo Servidor Público


PAT- Programa de Alimentação do Trabalhador
PIS/PASEP - Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação
do Patrimônio do Servidor Público
PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário
RAT - Riscos Ambientais do Trabalho
RE - Recurso Extraordinário
REsp - Recurso Especial
RFB- Receita Federal do Brasil
RGPS - Regime Geral de Previdência Social
RPS - Regulamento da Previdência Social
SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia
STF - Supremo Tribunal Federal
STJ - Superior Tribunal de Justiça
TRF - Tribunal Regional Federal
TST- Tribunal Superior do Trabalho

Hugo Goes XII


Defensor Público Federal/2015

Em relação aos segurados do RGPS e seus dependentes, julgue os itens subsecutivos.


01. Aquele que, como contrapartida pelo desempenho das atividades de síndico do
condomínio edilício onde resida, seja dispensado do pagamento da taxa condo-
minial, sem receber qualquer outro tipo de remuneração, enquadra-se como se-
gurado facultativo do RGPS.

( ) certo ( ) errado

O síndico ou o administrador eleito, com percepção de remuneração ou


que esteja isento da taxa de condomínio, é segurado obrigatório do RGPS
na categoria de contribuinte individual (Lei 8.213, art. 11, V, "f" c/c IN INSS
77/2015, art. 20, VI).
Gabarito: errado.

02. A lei de benefícios previdenciários prevê expressamente que o menor sob guarda
do segurado filiado ao RGPS é seu dependente, havendo discussão jurispruden-
cial a respeito do tema, dada a existência de normas contrárias no ordenamento
jurídico nacional.

( ) certo ( ) errado

Os menores sob guarda judicial foram excluídos do rol dos dependentes


equiparados a filho, conforme se verifica do art. 16, § 2°, da Lei 8.213/91, com
Direito Previdenciário Cespe

nova redação dada pela Lei 9.528197. Com a exclusão do menor sob guarda,
restaram apenas enteado e menor sob tutela, que, para fins previdenciários,
podem ser equiparados a filho.
Mas vale salientar que, de acordo com o§ 3° do art. 33 da Lei 8.069190 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), "a guarda confere à criança ou adolescente a condição
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários".
Percebe-se, portanto, que há um conflito entre as normas estabelecidas no
art. 16, § 2°, da Lei 8.213191 (na redação dada pela Lei 9.528197) e o § 3°
do art. 33 da Lei 8.069190 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
No âmbito do STJ, o tema é controverso. A la Seção vem entendendo que o
Estatuto da Criança e do Adolescente deve prevalecer, mantendo o menor
sob guarda no rol dos equiparados a filho (RMS 36034 I MT, Rei. Min.
Benedito Gonçalves, 1" Seção, DJe 15104/2014). Já as Turmas da 3• Seção (5•
e 6• Turmas), por outro lado, continuam entendendo que, em face da alte-
ração introduzida no art. 16, § 2°, da Lei 8.213/91, pela Lei 9.528197, o§ 3°
do art. 33 da Lei 8.069190 não se apliCa aos benefícios previdenciários, que
são regidos por legislação própria (AgRg no REsp 1141788 I RS, Ministro
Rogerio Schietti Cruz, 6• Turma, DJe 24111/2014). Gabarito: errado.

03. O fato de um dos integrantes do seu núcleo familiar desempenhar atividade ur-
bana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como se-
gurado especial, devendo-se proceder à análise do caso concreto.

( ) certo ( ) errado

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais editou


a Súmula 41, com a seguinte redação: "A circunstância de um dos integrantes
do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a
descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição
que deve ser analisada no caso concreto". Gabarito: certo.

04. O bolsista remunerado que se dedica em tempo integral à pesquisa e o segurado


recolhido à prisão sob regime fechado - e que, nesta condição, exerça atividade
artesanal por conta própria dentro da unidade prisional- são segurados obriga-
tórios do RGPS.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 2
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Podem filiar-se facultativamente, entre outros: (a) o bolsista que se dedique


em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mes-
trado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado
a qualquer regime de previdência social; e (b) o segurado recolhido à prisão
sob regime fechado ou semiaberto que, nessa condição, preste serviço, dentro
ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem interme-
diação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade
artesanal por conta própria (RPS, art. 11, § 1°, VIII, XI). Gabarito: errado.

Acerca da carência, dos períodos de graça e da condição de segurado, julgue os


itens a seguir.
05. O salário-maternidade pago à segurada empregada, à segurada doméstica e à se-
gurada avulsa, o auxílio-reclusão e o salário-família prescindem de carência.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 26 da Lei 8.213/91, independe de carência a concessão


das seguintes presta·~ões:

I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e


auxílio-acidente;
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos
de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença pro-
fissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado.
que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das
doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios ê.a Saúde e da Previdência Social, atualizada a
cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma,
deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe
confira especifiddade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado;
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art.
39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art.
11 desta Lei;

IV - serviço social;
V - reabilitação profissional;
VI - salário-maternidade para as seguradas empregada,
trabalhadora avulsa e empregada doméstica.

3 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

Assim, é correto afirmar que o salário-maternidade pago à segurada empre-


gada, à segurada doméstica e à segurada avulsa, o auxílio-reclusão e o salário-
-família prescindem de carência (dispensam a carência). Gabarito: certo.

06. Em regra, mantêm a qualidade de segurado por até doze meses, independentemente
de contribuições, o segurado empregado, o avulso, o doméstico e o facultativo.

( ) certo ( ) errado

Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até


6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo (Lei
8.213/91, art. 15, VI). Gabarito: errado.

A respeito dos benefícios e serviços do RGPS, julgue os próximos itens.


07. É vedada a cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício
da aposentadoria por invalidez, uma vez que ambos os casos apresentam pressu-
postos fáticos e fatos geradores análogos.

( ) certo ( ) errado

Os benefícios que não podem ser acumulados estão previstos no art. 24 da


Lei 8.213/91, in verbis.

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido


o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previ-
dência Social:
I - aposentadoria e auxílio-doença;
II - mais de uma aposentadoria;
III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV - salário-maternidade e auxílio-doença;
V - mais de um auxílio-acidente;
VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou compa-
nheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do
seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação
continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte
ou auxílio-acidente.

Hugo Goes 4
~e1eçao a e que:>Lue:::. ap11Laua;, ••v.:> u••'-'_. '"" ................ ..., .... _._.. ..

Além dos casos previstos no art. 124 da Lei 8.213/91, o § 2° do art. 86 dessa
mesma lei determina que é vedada a acumulação do auxílio-acidente com
qualquer aposentadoria.
Não há nenhum dispositivo legal que proíba a acumulação de pensão por
morte com a aposentadoria. Assim, é pacífico o entendimento que a lei pre-
videnciária não impede a cumulação dos proventos de aposentadoria com a
pensão por morte, tendo em vista serem benefícios com pressupostos fáticos e
fatos geradores diversos (STJ, AgRg no REsp 1180036/RS, Rel. Min. Haroldo
Rodrigues, 6• T., DJe 28/06/2010). Gabarito: errado.

08. A lei vigente veda a cumulação de auxílio-acidente com aposentadoria.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 2° do art. 86 da Lei 8.213/91, o auxílio-acidente será devido


a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente
de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada
sua acumulação com qualquer aposentadoria. Gabarito: certo.

09. O contribuinte individual que trabalhe por conta própria - sem vinculação a pes-
soa jurídica, portanto- e o segurado facultativo que optarem pelo regime sim-
plificado de recolhimento- com arrecadação baseada na alíquota de 11%- não
terão direito a aposentar-se por tempo de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual


e facultativo será de 20% sobre o respectivo salário de contribuição (Lei
8.212/91, art. 21, caput). No entanto, conforme o§ 2° do art. 21 da Lei 8.212/91,
no caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por
tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite
mínimo mensal do salário de contribuição será de:

I- 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte


individual, ressalvado o disposto no inciso li, que trabalhe
por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto
na alínea b do inciso li deste parágrafo;

5 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

II- 5% (cinco por cento):


a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o
art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006; e
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família de baixa renda.

Gabarito: certo.

10. O fator previdenciário só incidirá na aposentadoria por idade quando a sua apli-
cação for mais vantajosa ao segurado.

( ) certo ( ) errado

Tratando-se de aposentadoria por idade, o INSS calculará o salário de benefí-


cio de duas formas diferentes: a primeira, aplicando o fator previdenciário; a
segunda, sem a aplicação do fator previdenciário. Será concedido ao segurado
o que resultar mais vantajoso (Lei 9.876/99, art. 7°).
Gabarito: certo.

11. Para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, os
requisitos de idade e de tempo de contribuição, quando se tratar de aposentado-
ria por idade, serão reduzidos em cinco anos.

( ) certo ( ) errado

Na aposentadoria por tempo de contribuição concedida pelo RGPS, o tempo


de contribuição será redu:údo em cinco anos para o professor que compro-
ve exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio (CF, art. 201, § 8°).
Assim, para esses professores a aposentadoria por tempo de contribuição
exige 30 anos de contribuição para o homem e 25 para a mulher. Contudo,
na aposentadoria por idade, esses professores não gozam da redução de cinco
anos na idade. Para qualquer professor se aposentar por idade, será exigida
a idade de 65 anos para o homem e de 60 para a mulher. Na aposentadoria

Hugo Goes 6.
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

por idade, ocorre a redução de cinco anos na idade para os trabalhadores


rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime
de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o
pescador artesanal (CF, art. 201, § 7°, li). Gabarito: errado.

Juiz Federai/TRF-1a/2015

12. Com base na CF e na legislação sobre seguridade social- saúde, previdência e as-
sistência social -, assinale a opção correta.

a) Apesar de ser constitucionalmente previsto o caráter democrático da admi-


nistração da seguridade social, de sua gestão não participam os trabalhado-
res e empregados.
b) A previdência está organizada sob a forma de regime geral, de caráter contri-
butivo e de filiação facultativa, ainda que o trabalhador não esteja amparado
por regime próprio de previdência.
c) Enquanto o acesso à saúde é universal e independe de qualquer retribuição
financeira por parte do usuário, o acesso à previdência e à assistência social
exige a contribuição direta do beneficiário ou do assistido.
d) A irredutibilidade do valor dos benefícios está elencada entre os princípios
constitucionais da seguridade social.
e) Todas as entidades beneficentes são isentas de contribuição para a segurida-
de social.

Alternativa A - A seguridade social será organizada com base, entre outros,


no princípio do caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (CF, art.
194, parágrafo único, VII). Assim, os trabalhadores e empregados participam
da gestão da seguridade social.
Alternativa B - A previdência social será organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (CF, art. 201). Assim, a
filiação à Previdência Social não é facultativa, e sim obrigatória. Exercendo
o trabalhador alguma atividade remunerada abrangida pelo RGPS, será
obrigatoriamente filiado a este regime previdenciário.

7 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa C- A Previdência Social, nos termos do art. 201 da Constitui-


ção Federal, tem caráter contributivo. Assim, para fazer jus aos benefícios
previdenciários, é necessário que o segurado contribua financeiramente
para o regime.
Das três áreas integrantes da Seguridade Social (previdência social, assistência
social e saúde), a única que tem caráter contributivo é a previdência social.
Saúde e assistência social independem de contribuição. Ou seja, nesses seg-
mentos, o beneficiário não precisa comprovar qualquer tipo de recolhimento
para a Seguridade Social. Apesar de serem prestadas independentemente de
contribuição, a saúde e a assistência social possuem fontes de custeio, que são
oriundas das contribuições sociais arrecadadas de toda a sociedade.
Alternativa D-A seguridade social será organizada com base, entre outros,
no princípio irredutibilidade do valor dos be:1efícios (CF, art. 194, parágrafo
único, IV).
Alter~ativa E- De acordo com o§ 7° do art. 195 da Constituição Federal, são
isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Atualmente,
é a Lei 12.101/2009 que regula os procedimentos de isenção de contribuições
para a seguridade social. Assim, não são todas as entidades beneficentes que
são isentas de contribuição para a seguridade social, mas apenas aquelas
que atendam às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009.
Gabarito: D

13. Com relação aos beneficiários do RGPS, assinale a opção correta.

a) Para efeitos previdenciários, presume-se que o filho e o enteado com menos


de vinte e um anos são economicamente dependentes do segurado.
b) Para que o companheiro de segurado do mesmo sexo integre o rol de depen-
dentes, de modo que faça jus aos mesmos direitos que os casais heterossexuais
no que diz respeito ao recebimento de pensão por morte, é indispensável que
se comprove, além da vida em comum, a dependência econômica.
c) O brasileiro civil que trabalhe fora do país para organismo oficial internacio-
nal do qual o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contra-
tado, será segurado da previdência social como empregado.

HugoGoes 8
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d) De acordo com a jurisprudência pacificada do STJ, o trabalho urbano de um


dos membros do grupo familiar não descaracteriza, por si só, os demais in-
tegrantes como segurados especiais.
e) A pessoa física que tiver deixado de exercer atividade remunerada abrangida
pela previdência social manterá a qualidade de segurado, independentemente
de contribuições, pelo período de até doze meses. Esse prazo será prorroga-
do por até dezoito meses, caso se comprove o pagamento de pelo menos cen-
to e vinte contribuições mensais ininterruptas.

Alternativa A - Os dependentes cuja dependência econômica é presumida


são os seguintes: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou in-
válido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta
ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Para os demais
dependentes do segurado, a dependência econômica deve ser comprovada
(Lei 8.213/91, art. 16, § 4°). O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência
econômica (Lei 8.213/91, art. 16, § 2°).
Alternativa B - A companheira e o companheiro, sejam heterossexuais ou
homossexuais, são dependentes de primeira classe. Para os dependentes
de primeira classe, previstos no art. 16, I, da Lei 8.213/91, a dependência
econômica é presumida (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°). O que a companheira
e o companheiro precisam comprovar é apenas a união estável, não sendo
exigida a comprovação da dependência econômica.
Alternativa C- Entre outros, é segurado obrigatório do RGPS, como contri-
buinte individual, o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo
oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domici-
liado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência
social (Lei 8.213/91, art. 11, V, "e").
Alternativa D- Se um dos membros da família tiver outra fonte de rendi-
mento, mas a atividade rural dos outros for executada em regime de econo-
mia familiar, estes outros serão considerados segurados especiais. Somente
o membro que tem outra fonte de rendimento é que deixa de ser segurado
especial. É o caso, por exemplo, de uma mãe que é professora na escola da
região rural e ganha um salário mínimo. A mãe não é considerada segurada
especial, mas os filhos e o marido, se exercerem a atividade rural em regime
de economia familiar, serão segurados especiais. O STJ tem entendido que,
para fins de concessão de aposentadoria rural por idade, o trabalho urbano

9 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

exercido pelo cônjuge não descaracteriza o regime de economia familiar,


desde que não seja suficiente para a manutenção do núcleo familiar. Nesse
sentido, confira o seguinte julgado:

Agravo regimental no recurso especial. Benefício previden-


ciário. Admissibilidade de recurso representativo da contro-
vérsia. Sobrestamento. Não aplicação, no caso. Aposentadoria
rural. Vínculos urbanos. Cônjuge. Suficiência para manuten-
ção do núcleo familiar. Prova. Reexame. Impossibilidade.
[...] 2. É firme a jurisprudência desta Corte, no sentido de
que o exercício de atividade urbana, por parte do cônjuge
varão, não descaracteriza, por si só, a qualidade de segurada
especial da mulher. 3. O trabalho urbano desempenhado pelo
cônjuge não descaracteriza a condição de segurada especial
da autora, desde que não se mostre suficiente à manutenção
do núcleo familiar. [...]1

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU)


também tem esse mesmo entendimento. Nesse sentido, confira a seguinte
Súmula da TNU:

Súmula 41: A circunstância de um dos integrantes do núcleo


familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si
só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado
especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.

Alternativa E - Mantém a qualidade de segurado, independentemente de


contribuições, até 12 meses após a cessação das contribuições, o segurado que
deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social
ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração (Lei 8.213/91, art, 15,
li). Esse prazo será prorrogado para até 24 meses se o segurado já tiver pago
mais de 120 contribuiçõ~s mensais sem interrupção que acarrete a perda da
qualidade de segurado (Lei 8.213, art. 15, § 1°). Esses dois prazos (12 ou 24
meses) serão acrescidos de mais 12 meses para o segurado desempregado,
desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Mi-
nistério do Trabalho e Emprego (Lei 8.213/91, art. 15, § 2°).

STJ, AgRg no REsp 1267186 f RS, Rei. Min. Og Fernandes, 6• Turma, DJe 04110{2012.

HugoGoes 10
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

A condição de desempregado pode ser comprovada, dentre outras formas:


(I) comprovação do recebimento do seguro-desemprego; ou (II) inscrição
cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE, órgão responsável pela
política de emprego nos estados da Federação (IN INSS 77/2015, art. 137, § 4°).
Verifica-se, portanto, que o período de graça do segurado que deixa de
exercer atividade remunerada, ou que esteja suspenso ou licenciado sem
remuneração, pode ser:
a) De 12 meses- para o segurado com menos de 120 contribuições mensais;
b) De 24 meses- para o segurado com mais de 120 contribuições mensais,
ou para o segurado com menos de 120 contribuições mensais que com-
provar que permanece na situação de desemprego;
c) De 36 meses - para o segurado com mais de 120 contribuições mensais
que comprovar que permanece na situação de desemprego.

Gabarito: D

14. Assinale a opção correta no que se·refere ao financiamento da seguridade social.

a) Em obediência ao princípio da isonomia, a CF veda a diferenciação entre alí-


quotas ou bases de cálculo de contribuição social devida por empresas de ra-
mos distintos.
b) Não obstante a determinação constitucional de que a seguridade social seja
financiada por toda a sociedade, a União é a responsável pela cobertura de
eventuais insuficiências financeiras decorrentes do pagamento de benefícios
de prestação continuada da previdência social.
c) As contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social
não podem ser exigidas no mesmo exercício financeiro em que tiver sido pu-
blicada a lei que as instituir, visto que a elas se aplica o princípio da anterio-
ridade constitucionalmente previsto para os tributos em geral.
d) As aposentadorias e o auxílio-doença concedidos pelo RGPS integram o sa-
lário de contribuição.
e) Caso opte pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo
de contribuição, é dado ao segurado empregado, ao contribuinte individual
e ao facultativo a opção de reduzir pela metade a alíquota de contribuição in-
cidente sobre o seu salário de contribuição.

Alternativa A - De acordo com o § 9° do art. 195 da Constituição Federal,


as contribuições sociais a cargo do empregador, da empresa e da entidade a

11 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

ela equiparada poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em


razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do
porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
Alternativa B- De acordo com o caput do art. 195 da Constituição Federal, a
seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indire-
ta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e das contribuições sociais.
Conforme o parágrafo único do art. 16 da Lei 8.212/91, a União é responsável
pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social,
quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da
Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual.
Alternativa C- As contribuições destinadas ao financiamento da Seguri-
dade Social só poderão ser exigidas depois de decorridos 90 dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou modificado (CF, art. 195, § 6°).
Trata-se, aqui, do princípio da anterioridade nonagesimal, também conhecido
como princípio da noventena ou da anterioridade mitigada.
Para os demais tributos, com algumas exceções, além da anterioridade no-
nagesimal, aplica-se também o princípio da anterioridade anual, também
conhecido como princípio da anterioridade do exercício financeiro. De
acordo com o princípio da anterioridade anual, os tributos não podem ser
cobrados no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, III, "b"). Para as contribuições desti-
nadas à Seguridade Social, o princípio da anterioridade anual não se aplica.
Para estas contribuições, aplica-se apenas a anterioridade nonagesimal.
Alternativa D - Em regra, os benefícios da previdência social não integram
o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "a"). Fugindo à regra
geral, o salário-maternidade é considerado salário de contribuição (Lei
8.212/91, art. 28, § 2°).
As aposentadorias e o auxílio-doença são benefícios da previdência social. Logo,
as aposentadorias e o auxílio-doença não integram o salário de contribuição.
Alternativa E- Em regra, a alíquota de contribuição dos segurados con-
tribuinte individual e facultativo será de 20% sobre o respectivo salário de
contribuição (Lei 8.212/91, art. 21, caput). No entanto, conforme o § 2° do
art. 21 da Lei 8.212/91, no caso de opção pela exclusão do direito ao benefício
de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição
incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de:

Ht:ao Goes 12
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

I- 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte


individual, ressalvado o disposto no inciso li, que trabalhe
por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto
na alínea b do inciso li deste parágrafo;
li- 5% (cinco por cento):
a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o
art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006; e
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família de baixa renda.

Ao segurado empregado não é dada opção de reduzir pela metade a alíquota


de contribuição incidente sobre o seu salário de contribuição. Também não
é dada ao segurado empregado a opção pela exclusão do direito ao benefício
de aposentadoria por tempo de contribuiÇão. Gabarito: B

15. João, empresário e segurado do RGPS ha vinte anos - sem interrupção que im-
plique a perda da qualidade de segurado-, é casado há dez anos com Maria, que
passou a contribuir regularmente para a previdência social somente em janei-
ro de 2015, quando começou a trabalhar no seu primeiro emprego. Maria e João
são pais de uma criança de cin~o anos de idade. Além do filho e da esposa, João
tem como dependente seu pai, Tobias, que tem mais de setenta anos e é inválido.
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta com base no regramen-
to legal dos benefícios previdenciários.

a) Para obtenção de aposentadoria integral por tempo de contribuição, é indis-


pensável que João comprove- além da carência exigida e de pelo menos trin-
ta anos de contribuição -, ainda manter a condição de segurado na data do
requerimento do benefício.
b) Caso João venha a falecer, o valor do benefício de pensão por morte deixado por
ele deverá ser rateado, em partes iguais, entre a esposa, o filho e o pai inválido.
c) É garantido a João o pagamento de salário-maternidade por sessenta dias,
caso ele venha a adotar uma criança. Tal benefício, contudo, não poderá ser
concedido, concomitantemente, à mãe biológica da criança.

13 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

d) Caso venha a ser vítima de acidente de qualquer natureza ou causa que a afas-
te temporariamente de suas atividades laborais, Maria fará jus ao recebimen-
to do benefício auxílio-doença, ainda que o período de carência legal de doze
contribuições mensais não tenha decorrido.
e) Se João se aposentar por invalidez e precisar de assistência permanente de ou-
tra pessoa, o valor de seu benefício será acrescido de 25%, exceto se o acrés-
cimo fizer que o valor do benefício atinja o limite máximo legal, hipótese em
que será pago no valor do teto.

Alternativa A - Para ter direito à aposentadoria por tempo de contribuição


com renda mensal igual a 100% do salário de benefício, serão exigidos 35
anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher (CF,
art. 201, § 7°, I). A perda da qualidade de segurado não será considerada
para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial
(Lei 10.666/2003, art. 3°).
Alternativa B- Como há dependentes de primeira classe (a esposa e o filho),
o dependente de segunda classe (o pai) não terá direito ao recebimento da
pensão por morte (Lei 8.213/91, art. 16, § 1°).
Alternativa C- Ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar
ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, é devido salário-
-maternidade pelo período de 120 dias (Lei 8.213/91, art. 71-A). Nesse caso, o
salário-maternidade é devido ao segurado ou segurada independentemente
de a mãe biológica ter recebido o mesmo benefício quando do nascimento
da criança (Lei 8.213/91, art. 71-A, § 2°).
Alternativa D - O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais
de 15 dias consecutivos (Lei 8.213/91, art. 59).
O período de carência para a concessão do auxílio-doença é, em regra, de 12
contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a concessão in depen-
de de carência nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente
de qualquer natureza ou causa, de doença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de
alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação
mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença
de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida

Hugo Goes 14
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

(Aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina


especializada (Lei 8.213/91, art. 26, li c/c art. 151).
Assim, caso venha a ser vítima de acidente de qualquer natureza ou causa
que a afaste temporariamente de suas atividades laborais por mais de 15 dias
consecutivos, Maria fará jus ao recebimento do benefício auxílio-doença,
ainda que o período de carência legal de 12 contribuições mensais não
tenha decorrido.
Na questão ora analisada, a melhor escolha seria a alternativa D. No entanto,
a banca examinadora anulou a presente questão, pois a alternativa D não in-
forma a quantidade de dias do afastamento das atividades laborais de Maria.
Se for por mais de 15 dias consecutivos, ela terá direito ao auxílio-doença.
Mas se for por quantidade de dias menor ou igual a 15, ela não terá tal direito.
Alternativa E- Conforme regra estabelecida pelo art. 45 da Lei 8.213/91, o
valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assis-
tência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento). Esse acréscimo: (a) será devido ainda que o valor da aposentadoria
atinja o limite máximo legal; (b) será recalculado quando o benefício que
lhe deu origem for reajustado; (c) cessará com a morte do aposentado, não
sendo incorporável ao valor da pensão.
Gabarito: anulada.

Juiz Federai/TRF-5a/2015

16. Manterá a condição de segurado,

a) independentemente de contribuições, aquele que estiver em gozo de benefício.


b) pelo máximo de até seis meses após a cessação das contribuições, o segurado
que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social.
c) pelo máximo de até dezoito meses após cessar a segregação, o segurado aco-
metido de doença de segregação compulsória.
d) pelo máximo de até dezoito meses após o livramento, o segurado retido ou
recluso.
e) pelo máximo de até seis meses após olicenciamento, o segurado incorpora-
do às Forças Armadas para prestar serviço militar.

15 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

De acordo com o art. 15 da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,


independentemente de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;


II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições,
o segurado que deixar de exercer atividade remunerada
abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou
licenciado sem remuneração;
III- até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado
retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado in-
corporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o
segurado facultativo.

Alternativa A - O segurado que está em gozo de benefício mantém a quali-


dade de segurado, independentemente de contribuições, sem limite de prazo
(Lei 8.213/91, art. 15, I).
Alternativa B - O segurado que deixar de exercer atividade remunerada
abrangida pela Previdência Social manterá a qualidade de segurado, inde-
pendentemente de contribuições, por até 12 meses após a cessação das
contribuições (Lei 8.213/91, art. 15, II).
Alternativa C- O segurado acometido de doença de segregação compulsória
mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, por
até 12 meses após cessar a segregação (Lei 8.213/91, art. 15, III).
Alternativa D-O segurado detido ou recluso mantém a qualidade de segura-
do, independentemente de contribuições, por até 12 meses após o livramento
(Lei 8.213/91, art. 15, IV).
Alternativa E - O segurado incorporado às Forças Armadas para prestar
serviço militar mantém a qualidade de segurado, independentemente de con-
tribuições, por até três meses após o licenciamento (Lei 8.213/91, art. 15, V).
Gabarito: A

Hugo Goes 16
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

17. Consoante o caput do art. 194 da CF, "A seguridade social compreende um con-
junto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, desti-
nadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social".
No que se refere às distinções entre as três grandes funções de governo que com-
põem a seguridade social, é correto afirmar que

a) a função de assistência social destina-se aos segurados da previdência social


mais carentes, ao passo que a previdência destina-se ao segurado que não tem
plano próprio de previdência privada.
b) as ações do poder público no campo da saúde estão precipuamente voltadas
para a prestação de serviços, enquanto aquelas no âmbito da previdência so-
cial referem-se à prestação de benefícios previdenciários.
c) a função saúde atende aos segurados que se encontram no gozo dos direitos
que, nessa qualidade, lhe são inerentes, ao passo que a assistência social des-
tina-se aos que perderam essa qualidade.
d) o benefício de prestação continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência
Social, destina-se a ações direcionadas à saúde e à assistência social.
e) a função saúde não se destina aos segurados da previdência que possuam pla-
nos privados de saúde.

Alternativa A - De acordo com o art. 203 da Constituição Federal, a assis-


tência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade ~ocial. Para ser beneficiário de programas da
assistência social, a pessoa não precisa ser segurada da previdência social.
'
A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial (CF, art. 201).
O regime de previdência privada, de caráter complementar, é organizado de
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social (CF, art.
202). Assim, previdência privada, de caráter complementar, não substitui o
RGPS. Se uma pessoa exerce atividade remunerada abrangida pelo RGPS,
mesmo que ela tenha um plano próprio de previdência privada, ela será
obrigatoriamente filiada ao RGPS.
Alternativa B - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação (CF, art. 196). As ações
do Poder Público no campo da saúde estão voltadas principalmente para a
prestação de serviços.

17 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) compreende os seguintes


benefícios:

I - quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo de contribuição;
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
li - quanto ao dependente:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão

O RGPS tem apenas dois serviços: serviço social e reabilitação profissio-


nal. Assim, podemos dizer que as ações do Poder Público no campo da
previdência social referem-se, precipuamente, à prestação de benefícios
previdenciários.
Alternativa C- Para receber as prestações da saúde e da assistência social, o in-
divíduo não precisa ter a qualidade de segurado nem ter perdido tal qualidade.
Alternativa D-O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário
mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la
provida por sua família (Lei 8.742/93). Trata-se de um benefício da assistência
social, não tendo nenhuma relação com as ações direcionadas à saúde.
Alternativa E- A saúde é,direito de todos e dever do Estado (CF, art. 196).
Assim, mesmo que o indivíduo tenha um plano privado de saúde, ele terá
direito aos serviços de saúde prestados pelo Estado.
Gabarito: B

HugoGoes 18
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

18. Tendo em vista que grande parte do custeio do RGPS decorre de contribuições
de empresas e trabalhadores, calculadas em razão da remuneração ou do salário
de contribuição, assinale a opção correta.

a) A contribuição do empregador ao RGPS relativamente ao faturamento limita-se


ao somatório dos salários de contribuição da totalidade dos seus empregados.
b) A contribuição do empregador ao RGPS relativamente a cada empregado tem sua
base de cálculo limitada ao salário de contribuição do respectivo empregado.
c) A contribuição do servidor público ao RGPS incide sobre a sua remuneração
integral.
d) A contribuição do empregado ao RGPS incide sobre o seu salário de contri-
buição.
e) A contribuição do empregador ao RGPS relativamente ao lucro limita-se ao
somatório dos salários de contribuição da totalidade dos seus empregados.

Alternativa A - A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social


-COFINS tem como base de cálculo o faturamento mensal, assim entendido
o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua
denominação ou classificação contábil (Lei 10.833/2003, art. 1o, caput). Assim,
a base de cálculo compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas
operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela
pessoa jurídica (Lei 10.833/2003, art. 1°, § 1°). Percebe-se que a contribuição
da empresa relativamente ao faturamento não tem nenhuma relação com o
somatório dos salários de contribuição da totalidade dos seus empregados.
Alternativa B - A empresa contribui com 20% sobre o total das remune-
rações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos
segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços,
destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as
gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos
decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados,
quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos
termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de
trabalho ou sentença normativa (Lei 8.212/91, art. 22, I). A base de cálculo
dessa contribuição é o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas
aos segurados en:pregados e trabalhadores avulsos no decorrer do mês.
Assim, a base de cálculo dessa contribuição não fica limitada ao salário de
contribuição do respectivo empregado.
Alternativa C - Se o servidor público estiver vinculado ao RGPS, ele será
considerado como segurado empregado e sua contribuição previdenciária

19 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

incidirá sobre o salário de contribuição. Se, por exemplo, a remuneração


desse servidor for R$ 7.000,00, sua contribuição previdenciária para o RGPS
será de 11% de R$ 4.663,75.
Alternativa D - De acordo com o art. 20 da Lei 8.212/91, a contribuição do
empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso é calculada
mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário de
contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no
art. 28, de acordo com a seguinte tabela:

, ,;'Jf·•. ', ····':i'.Salá;r,tl;)<.de.,Q.()h,tjibl;i;i~.f(!,\\$J<'~r~~~i\4~ti,~\ J~>;.~:t~~q~~t~;,;.,:


Até 1.399,12 8%
De 1.399,13 até 2.331,88 9%
De 2.331,89 até 4.663,75 11%

Alternativa E - A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro


Líquido - CSLL é o valor do resultado do exercício antes da provisão para o
imposto de renda (Lei 7.689/88, art. 2°, caput). Assim, a base de cálculo dessa
contribuição não fica limitada ao somatório dos salários de contribuição da
totalidade dos seus empregados.
Gabarito: D

19. As prestações ofertadas pelo RGPS são genericamente chamadas de benefícios e


serviços. No que se refere a essas prestações, assinale a opção correta.

a) Caso trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado, e opte por contribuir com alíquota reduzida, o segurado contri-
buinte individual poderá se aposentar por tempo de contribuição, mas não
por idade.
b) O aposentado pelo RGPS que, apesar de ter-se aposentado, permanecer em
atividade sujeita a esse regime não terá direito ao salário-família, ainda que
cumpra os requisitos para tanto.
c) Terá direito ao benefício de auxílio-acidente o contribuinte individual que for
vítima de acidente de trabalho.
d) O deputado federal vinculado ao RGPS que for vítima de acidente de traba-
lho não terá direito ao benefício de auxílio-acidente.
e) Há prestações que se destinam apenas aos segurados; outras, apenas a seus de-
pendentes; e um terceiro grupo de prestações, destinadas tanto àqueles quan-
to a estes beneficiários do RGPS.

Hugo Goes 20
::>eleÇaO O e qUe!)LUe!) dfJIILdUd;) I lU;) diiU~ UC ~V I J a ~v 11

Alternativa A - Em regra, a alíquota de contribuição dos segurados con-


tribuinte individual e facultativo será de 20% sobre o respectivo salário de
contribuição (Lei 8.212/91, art. 21, caput). No entanto, conforme o § 2° do
art. 21 da Lei 8.212/91, no caso de opção pela exclusão do direito ao benefí-
cio de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição
incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de:

I- 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte


individual, ressalvado o disposto no ini::iso li, que trabalhe
por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto
na alínea b do inciso li deste parágrafo;
II- 5% (cinco por cento):
a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o
art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006; e
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família de baixa renda.

Diante do exposto, vemos que, caso trabalhe por conta própria, sem relação
de trabalho com empresa ou equiparado, e opte por contribuir com alíquota
reduzida, o segurado contribui'}te individual poderá se aposentar por idade,
mas não por tempo de contribuição.
Alternativa B - O aposentado pelo RGPS que permanecer em atividade
sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da
Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao
salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado (Lei 8.213/91,
art. 18, § 2°). A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao
pagamento do salário-maternidade (RPS, art. 103).
Alternativa C - Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os se-
gurados empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso e segurado
especial (Lei 8.213/91, art. 18, § 1°). Assim, mesmo que seja vítima de aci-
dente de trabalho, o contribuinte individual não terá direito ao benefício de
auxílio-acidente.
Alternativa D-Entre outros, é segurado obrigatório do RGPS, como empre-
gado, o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde

21 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

que não vinculado a regime próprio de previdência social (Lei 8.213/91, art.
11, I, "j"). O deputado federal é exercente de mandato eletivo. Assim, se não
estiver vinculado a regime próprio de previdência social, será segurado obri-
gatório do RGPS como empregado. O segurado empregado pode beneficiar-se
do auxílio-acidente (Lei 8.213/91, art. 18, § 1°). Logo, o deputado federal
vinculado ao RGPS que for vítima de acidente de trabalho pode beneficiar-se
do auxílio-acidente.
Alternativa E- De acordo com o art. 18 da Lei 8.213/91, o RGPS compreende
as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes
de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo 4e contribuição;
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
II - quanto ao dependente;
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão;
III - quanto ao segurado e dependente:
a) (Revogada pela Lei no 9.032, de 1995)
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.

Gabarito: E

Hugo Goes 22
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Titular de Serviços de Notas e de Registros/TJ-DF/2014

'20. Considerando o disposto na CF, assinale a opção correta acerca de previdência


social.

a) É vedada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração


pública e na atividade privada para efeito de aposentadoria voluntária.
b) É de filiação facultativa a previdência social organizada sob a forma de regi-
me geral.
c) É deferida à pessoa participante de regime próprio de previdência a filiação
ao regime geral de previdência social na qualidade de segurado facultativo.
d) A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor
de um salário-mínimo.
e) Em relação ao regime geral de previdência social, o regime de previdência pri-
vada de caráter complementar é organizado de forma autônoma.

Alternativa A - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem re-


cíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade
privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência
social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em
lei (CF, art. 201, § 9°).
Alternativa B - A previdência social será organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (CF, art. 201). ·
Alternativa C- É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio
de previdência (CF, art. 201, § 5°). Assim, se uma pessoa participante de re-
gime próprio de previdência requerer sua filiação ao RGPS como segurado
facultativo, seu requerimento deve ser indeferido.
Alternativa D - A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá
por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano (CF, art.
201, § 6°).
Alternativa E - O regime de previdência privada, de caráter complementar
e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência
social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o
benefício contratado, e regulado por lei complementar (CF, art. 202).
Gabarito: E

23 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

Analista de Administração Pública/Serviços/TC-DF/2014

21. A seguridade social é organizada sob a forma de regime geral único, gerido pelo
INSS, de caráter contributivo, observados os critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial.

( ) certo ( ) errado

Quem é organizada sob a forma de regime geral é a previdência social (CF,


art. 201), e não a seguridade social. Gabarito: errado.

22. A seguridade social rege-se pelo princípio constitucional da solidariedade, se-


gundo o qual nenhum benefício poderá ser criado sem a correspondente fonte
de custeio .total.

( ) certo ( ) errado

"Construir uma sociedade livre, justa e solidária": esse é um dos objetivos


fundamentais da República Federativa do Brasil (CF/88, art. 3°, I). Em har-
monia com esse princípio constitucional, o caput do art. 195 da CF/88 estabe-
lece que "a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei". Aqueles que têm melhores condições
financeiras devem contribuir com uma parcela maior, os que têm menores
condições financeiras contribuem com uma parcela :nenor, os que ainda
estão trabalhando contribuem para o sustento dos que já se aposentaram
ou estejam incapacitados para o trabalho, enfim, vários setores da sociedade
participam do esforço arrecadatório em benefício das pessoas mais carentes.
Constata-se, portanto, que a seguridade social rege-se pelo princípio cons-
titucional da solidariedade. Mas esse princípio nada tem a ver com o fato de
nenhum benefício poder ser criado sem a correspondente fonte de custeio
total. Isso refere-se a outro princípio, que é previsto no § 5° do art. 195 da
Constituição Federal e pode ser chamado de princípio da preexistência do
custeio em relação ao benefício ou serviço. Gabarito: errado.

Hugo Goes 24
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

23. É presumida, por força de lei, a dependência econômica dos pais do segurado
para fins de atribuição da qualidade de dependentes.

( ) certo ( ) érrado

Os dependentes cuja dependência econômica é presumida são os seguintes:


o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente. Para os demais dependentes do
segurado, a dependência econômica deve ser comprovada (Lei 8.213/91, art.
16, § 4°). Assim, a dependência econômica dos pais deve ser comprovada.
Gabarito: errado.

24. O cidadão em gozo de benefício previdenciário mantém a qualidade de segura-


do, sem limite de prazo, independentemente de contribuições.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o inciso I do art. 15 da Lei 8.213/91, quem está em gozo de


benefício mantém a qualidadede segurado, independentemente de contri-
buições, sem limite de prazo. Gabarito: certo.

Auditor de Controle Externo/TC-DF/2014

25. Para o empregado doméstico, considera-se salário de contribuição a remunera-


ção registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as dis-
posições normativas pertinentes.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o inciso li do art. 28 da Lei 8.212/91, para o empregado do-


méstico, entende-se por salário de contribuição a remuneração registrada
na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem
estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício
e do valor da remuneração.
Gabarito: certo.

25 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

26. Não é considerado salário de contribuição o salário-maternidade.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 2° do art. 28 da Lei 8.212/91, o salário-maternidade é


considerado salário de contribuição. Gabarito: errado.

27. É segurado obrigatório da Previdência Social, como empregado, o membro de


instituto de vida consagrada.

( ) certo ( ) errado

Entre outros, é segurado obrigatório do RGPS, como contribuinte indi-


vidual, o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida
consagrada, de congregação ou de ordem religiosa (Lei 8.213/91, art. ll, V,
"c"). Gabarito: errado.

Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2014

28. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações destinadas a asse-


gurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, tendo entre
seus objetivos a universalidade da cobertura e do atendimento bem como a unifor-
midade e a equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 194 da Constituição Federal, a seguridade social com-


preende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previ-
dência e à assistência social.
Conforme o parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal, compete
ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;


11 - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
às populações urbanas e rurais;

Hugo Goes 26
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

III - seletividade e distributividade na prestação dos bene-


fícios e serviço3;
IV - irredutibúdade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da adminis-
tração, mediante gestão quadripartite, com participação
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos ó:-gãos colegiados.

Verifica-se, portanto, que a seguridade social tem entre seus objetivos a


universalidade da cobertura e do atendimento (CF, parágrafo único, I) bem
como a uniformidade e a equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais (CF, parágrafo único, II). Gabarito: certo.

29. Embora a Constituiçãc Federal de 1988 (CF) arrole entre os objetivos da organi-
zação da seguridade social o caráter democrático da administração, sua gestão
está a cargo exclusivamente do governo federal.

( ) certo ( ) errado

Um dos princípios que regem a seguridade social é o caráter democrático e


descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com parti-
cipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo
nos órgãos colegiados (CF, parágrafo único, VII). Verifica-se, portanto, que
a gestão da seguridade social não está a cargo exclusivamente do Governo
Federal. Há também a participação dos trabalhadores, dos empregadores,
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Gabarito: errado.

30. A previdência e a assistência social organizam"se com base em regime de caráter


contributivo, razão pela qual somente serão prestadas aos segurados adimplen-
tes com suas obrigações, diferentemente do direito à saúde, cujo atendimento in-
depende de prévia contribuição por parte do beneficiário.

( ) certo ( ) errado

27 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas


sociais e econômicas que visem à redução d·::> risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua pro-
moção, proteção e recuperação (CF, art. 196).
A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial (CF, art. 201).
A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social (CF, art. 203).
Portanto, constata-se que, das três áreas que integram a seguridade social, a
única que tem caráter contributivo é a previdência social. Gabarito: errado.

31. Embora a Lei Eloy Chaves, de 1923, seja considerada, na doutrina majoritária, o
marco da previdência social no Brasil, apenas em 1960, com a aprovação da Lei
Orgânica da Previdência Social, houve a uniformização do regramento de con-
cessão dos benefícios pelos diversos institutos de aposentadoria e pensão então
existentes.

( ) certo ( ) errado

A doutrina majoritária considera como marco inicial da Previdência Social


brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 24/01/1923). Essa
lei instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) para os ferrovi-
ários. Assegurava, para esses trabalhadores, os benefícios de aposentadoria
por invalidez, aposentadoria ordinária (eq·.üvalente à atual aposentadoria
por tempo de contribuição), pensão por morte e assistência médica. Os
beneficiários eram os empregados e diaristas que executavam serviços de
caráter permanente nas empresas de estrada de ferro existentes no país. Os
regimes das CAPs eram organizados por empresa. Na década de 20, do sé-
culo passado, as CAPs ganharam populariê.ade e proliferaram-se, chegando
ao número de 183 (cento e oitenta e três). A primeira empresa a criar uma
caixa de aposentadoria e pensões foi a Great Western do Brasil. Atualmente,
comemora-se o aniversário da Previdência Social Brasileira no dia 24 de
janeiro, em alusão à Lei Eloy Chaves (que e de 24 de janeiro de 1923).
Em 1960, a Lei 3.807, Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), padroniz'5u
o sistema assistencial e criou novos benefícios, como o auxílio-natalidade,
auxílio-funeral e auxílio-reclusão. Este diploma não unificou os institutos de

Hugo Goes 28
aposentadoria e pensão (IAPs) então existentes, mas criou normas uniformes
para o amparo a segurados e dependentes dos vários Institutos existentes.
Gabarito: certo.

32. Com vistas a atenuar a condição deficitária das contas previdenciárias, a reforma
estabelecida pela Emenda Constitucional n.o 41/2003 fixou limite de idade míni-
mo para a aposentadoria por tempo de contribuição tanto para o servidor públi-
co quanto para o segurado do RGPS.

( ) certo ) errado

A Emenda Constitucional41, de 19 de dezembro de 2003, não fixou limite


de idade mínimo para a aposentadoria por tempo de contribuição do RGPS.
No RGPS, a aposentadoria por tempo de contribuição não exige idade mí-
nima. A Emenda Constitucional que fixou limite de idade mínimo para a
aposentadoria por tempo de contribuição do servidor público foi a de n° 20,
de 15 de dezembro de 1998. Gabarito: errado.

33. Ao se utilizar do método de interpretação teleológico, o intérprete busca compa-


tibilizar o texto legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o
ordenamento jurídico, visuà~izando a lei objeto de interpretação como parte de
um todo.

( ) certo ( ) errado

O método de interpretação teleológica busca descobrir o fim almejado pelo


legislador, a finalidade que se pretendeu atingir com a norma. Por meio do
elemento teleológico, busca-se a ratio legis, a razão da lei.
No método de interpretação sistemático, o intérprete busca compatibilizar o
texto legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordena-
mento jurídico, visualizando a lei objeto de interpretação como parte de um
todo. A interpretação sistemática é fruto da ideia de unidade do ordenamento
jurídico. Por meio dela, o intérprete situa o dispositivo a ser interpretado
dentro do contexto normativo geral e particular, estabelecendo as conexões
internas que enlaçam as diversas normas jurídicas. Gabarito: errado.

29 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

34. A vigência da lei de natureza previdenciária segue a regulamentação da Lei de


Introdução às Normas do Direito Brasileiro, de modo que, salvo disposição con-
trária, entra em vigor quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

( ) certo ( ) errado

Vigência é o período que vai do momento em que a norma entra em vigor


até o momento em que é revogada, ou em que se esgota o prazo prescrito
para sua duração. Lei vigente, ou lei em vigor, é aquela que é suscetível de
aplicação, desde que se façam presentes os fatos que correspondem à sua
hipótese de incidência. Se uma lei é vigente, pode, por isso mesmo, incidir.
Para tanto, basta que se concretize o seu suporte fático. Em outras palavras,
basta que aconteça a situação de fato nela prevista para que a lei incida. E
se incide, pode e deve ser aplicada. Publicada a lei, é preciso identificar em
que momento ela passa a ter vigência e até quando vigorará, bem como o
espaço em que irá viger.
De acordo com o art. 1° do Decreto-lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro), uma lei começa a ter vigência em todo o país
45 dias depois de publicada, salvo se dispuser de outro modo.
Geralmente, na parte final das leis, a vigência é indicada de forma expres-
sa. Normalmente, na parte final das leis de pequena repercussão aparece a
seguinte expressão: "esta lei entra em vigor na data de sua publicação". Mas
se a lei não estabelecer sua vigência de forma expressa, ela entrará em vigor
em todo o país 45 dias depois de publicada. Essa regra também é aplicada
para as leis de natureza previdenciária. Gabarito: certo.

35. As fontes formais do Direito Previdenciário incluem a CF e as Leis no 8.212/1991


e n° 8.213/1991.

( ) certo ( ) errado

São fontes do Direito as origens do Direito, ou seja, o lugar ou a matéria-prima


pela qual nasce o Direito. Essas fontes podem ser materiais ou formais.
A fonte material refere-se ao organismo que tem poderes para sua elaboração
e criação. O artigo 22, I, da Constituição Federal estabelece que a União Fe-
deral é a fonte de produção do Direito Penal. Isso quer dizer que os estados
e os municípios não detêm o poder de legislar sobre o Direito Penal.

Hugo Goes 30
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

As fontes formais são aquelas pelas quais o Direito se manifesta. Nos sistemas
de Direito escrito, como o nosso, a principal fonte formal do Direito é a lei,
entendida como ato emanado do Poder Legislativo. As outras fontes apenas
subsidiam a fonte principal.
Assim, é correto afirmar que as fontes formais do Direito Previdenciário
incluem a CF e as Leis 8.212/1991 e 8.213/1991. Gabarito: certo.

36. O Direito Previdenciário é classificado como ramo do direito privado, tendo re-
conhecida, pela doutrina majoritária, sua autonomia didática em relação a ou-
tros ramos do Direito.

( ) certo ( ) errado

O Direito Previdenciário tem reconhecida, pela doutrina majoritária, sua


autonomia didática em relação a outros ramos do Direito. No entanto. o
Direito Previdenciário não é classificado como ramo do direito privado, mas
sim como ramo do Direito Público. Gabarito: errado.

37. A previdência social atenderá, nos termos da lei, ao pagamento de auxílio-reclu-


são aos dependentes do segurado do RGPS, independentemente da renda do re-
ferido segurado.

( ) certo ( ) errado

Conforme o art. 201, IV, da Constituição Federal, o auxílio-reclusão será


concedido somente aos dependentes dos segurados de baixa renda.
Gabarito: errado.

38. Segundo disposição constitucional, a previdência social deverá ser organizada sob
a forma de regime geral, de caráter contributivo, porém de filiação facultativa.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 201 da Constituição Federal, a previdência social será


organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial. Gabarito: errado.

31 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

39. Produtor rural que exerça sua atividade em regime de economia familiar, sem
empregados permanentes, será isento de contribuição para a seguridade social.

( ) certo ( ) errado

A questão refere-se ao segurado especial. De acordo com o art. 25 da Lei


8.212/91, a contribuição obrigatória do segurado especial, destinada à Se-
guridade Social, é de:

I - 2% da receita bruta proveniente da comercialização da


sua produção;
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização
da sua produção para financiamento das prestações por
acidente do trabalho.

Assim, o produtor rural que exerça sua atividade em regime de economia


familiar, sem empregados permanentes, não será isento de contribuição para
a seguridade social. Gabarito: errado.

40. A contribuição destinada ao financiamento da seguridade social não incide so-


bre a aposentadoria concedida pelo RGPS. Todavia, o aposentado pelo RGPS que
voltar a exercer atividade abrangida por esse regime será segurado obrigatório
em relação a essa atividade, ficando sujeito a contribuições para fins de custeio
da seguridade social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 195, II, da Constituição Federal, não incide contribuição
sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social.
De acordo com o § 4° do art. 12 da Lei 8.212/91, o aposentado pelo RGPS
que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este
Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito
às contribuições de que trata essa lei, para fins de custeio da Seguridade
Social. Gabarito: certo.

Hugo Goes 32
~e1eça0 Qe queStOeS apiiCdUd~ I lU~ diiU> U<:: LV 1..> a LV 1 1

41. Todas as entidades beneficentes ou filantrópicas são constitucionalmente isentas


do pagamento de contribuição para a seguridade social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 7° do art. 195 da Constituição Federal, são isentas de


contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Atualmente, é a Lei
12.101/2009 que regula os procedimentos de isenção de contribuições para
a seguridade social. Assim, não são todas as entidades beneficentes que são
isentas de contribuição para a seguridade social, mas apenas aquelas que
atendam às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009. Gabarito: errado.

42. A contribuição social destinada ao financiamento da seguridade social a cargo


do empregador incide sobre a folha de salários e sobre os demais rendimentos do
trabalho pagos à pessoa física que lhe preste serviço, ainda que sem vínculo em-
pregatício.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 195, I, da Constituição Federal, as contribuições sociais


do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidem sobre: '

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho


pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;

A questão ora analisada deve ser considerada como certa, pois se refere
a uma das contribuições prevista no art. 195, I, da Constituição Federal.
Gabarito: certo.

33 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

43. A contribuição social destinada ao financiamento da seguridade social a cargo


da empresa poderá ter alíquota diferenciada unicamente em razão do porte da
empresa e da atividade econômica por ela exercida.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 9° do art. 195 da Constituição Federal, as contribuições


sociais a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou
da condição estrutural do mercado de trabalho. Veja que, além do porte da
empresa e da atividade econômica por ela exercida, as alíquotas ou bases
de cálculo diferenciadas também poderão ocorrer em razão da utilização
intensiva de mão de obra e da condição estrutural do mercado de trabalho.
Gabarito: errado.

44. O benefício de prestação continuada é um benefício vitalício garantido a idosos


com mais de sessenta anos de idade e a pessoas com deficiência, desde que eles se-
jam considerados incapazes de prover a sua própria manutenção ou de tê-la pro-
vida por suas famílias.

( ) certo ( ) errado

O benefício de prestação continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência


Social (LOAS), não é um benefício vitalício. De acordo com o art. 21 da Lei
8.742/93, o benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois)
anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.
O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário mínimo men"
sal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por
sua família (Lei 8.742/93, art. 20).
Gabarito: errado.

Hugo Goes 34
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Analista Legislativo/Câmara dos Deputados/2014

__ 45. O professor que comprovar tempo exclusivo de dedicação ao magistério na edu-


cação fundamental e nos ensinos médio e superior terá direito a regra especial de
aposentadoria, consistente na redução de cinco anos nos requisitos fixados para
a aposentadoria por tempo de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, o requisito


de tempo de contribuiçi'.o será reduzido em cinco anos para o professor que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio (CF, art. 201, § 8°). Essa
redução de cinco anos não se aplica ao professor do ensino superior.
Gabarito: errado.

46. A CF prevê a possibilidade da adoção de requisitos e critérios diferenciados para


a concessão de aposentadoria especial aos segurados portadores de deficiência.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 1o do art. 201 da Constituição Federal, é vedada a adoção


de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados os casos de
atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência,
nos termos definidos em lei complementar. A aposentadoria dos segurados
portadores de deficiência foi regulamentada pela Lei Complementar 142, de
8 de maio de 2013.
Gabarito: certo.

35 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

Analista Judiciário/TRT-17a/2013

47. Considere que um indivíduo, antes de aderir ao regime geral de previdência social,
estivesse enfermo de uma moléstia incapacitante para o trabalho. Nessa situação,
se não tiver havido posterior progressão ou agravamento da enfermidade, tal doen-
ça não dará a esse indivíduo o direito de obter a aposentadoria por invalidez.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 2° do art. 42 da Lei 8.213/91, a doença ou lesão de que o


segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social
não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a inca-
pacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença
ou lesão. Gabarito: certo.

48. As professoras, após vinte e cinco anos de efetivo magistério, têm direito a apo-
sentadoria por tempo de serviço, com renda mensal correspondente à totalidade
de seu salário-benefício.

( ) certo ( ) errado

As professoras da educação infantil e do ensino fundamental e médio, após


25 anos de efetivo magistério, têm direito à aposentadoria por tempo de con-
tribuição, com renda mensal correspondente a 100% do salário de benefício
(CF, art. 201, § 8°). Mas não são todas as professoras que se aposentam aos
25 anos de contribuição. As professoras do ensino superior aposentam-se
por tempo de contribuição aos 30 anos de contribuição. Gabarito: errado.

Procurador Federal/AGU/2013

49. O servidor público federal ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo
com a União, autarquias ou fundações públicas federais, é segurado obrigatório
do RGPS na condição de empregado.

( ) certo ) errado

Hugo Goes 36
De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, I, "g", entre outros, é segurado obriga-
tório do RGPS, como empregado, o servidor público ocupante de cargo em
comissão, sem vínculo efetivo com a União, autarquias, inclusive em regime
especial, e Fundações Públicas Federais.
Aparentemente, não há nada de errado no enunciado da questão ora anali-
sada, mas a banca examinadora considerou-a como errada. É provável que
tenha considerado que as informações apresentadas pela questão não são
suficientes para que se possa afirmar que o, citado servidor público federal,
ocupante de cargo em comissão, seja segurado obrigatório do RGPS na con-
dição de empregado. A questão apenas afirma que o citado servidor não tem
vínculo efetivo com a União, autarquias ou fundações públicas federais. Mas
ele poderia, por exemplo, ter vínculo efetivo com algum estado da Federação.
Nesse caso, ele não seria segurado do RGPS, pois estaria vinculado ao RPPS
desse estado da Federação. Gabarito: errado.

50. As gorjetas não integram o salário de contribuição do segurado empregado fi-


liado ao RGPS, assim como também não o integra a parcela recebida a título de
vale-transporte.

( ) certo ( ) errado

Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos


legais, além do salário devido,e pago diretamente pel_9 empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber (CLT, art. 457). Assim,
já que integram a remuneração, as gorjetas também integram o salário de
contribuição do empregado (Lei 8.212/91, art. 28, I).
A parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação pró-
pria, não integra o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "f").
Gabarito: errado.

51. A aposentadoria especial será devida apenas ao segurado que tiver trabalhado
por, pelo menos, vinte e cinco anos sujeito a condições especiais que lhe prejudi-
quem a saúde ou a integridade física.

( ) certo ( ) errado

37 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida,


ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudi-
quem a saúde ou a integridade física, durante 15,20 ou 25 anos (Lei 8.213/91,
art. 57). Gabarito: errado.

52. A concessão do benefício de auxílio-doença, em regra, exige período de carência


de doze contribuições mensais. Todavia, a lei prevê casos em que a concessão do
referido benefício independe de carência, entre os quais se inclui a situação na
qual o segurado venha a ser vítima de moléstia profissional ou do trabalho.

( ) certo ( ) errado

O período de carência para a concessão do auxílio-doença é, em regra, de 12


contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a concessão indepen-
de de carência nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente
de qualquer natureza ou causa, de d<;>ença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de
alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação
mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença
de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida
(aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada (Lei 8.213/91, art. 26, II c/c art. 151).
Assim, quando o segurado é vítima de moléstia (doença) profissional ou do
trabalho, a concessão do auxílio-doença independe de carência.
Gabarito: certo.

53. Se um segurado da previdência social falecer e deixar como dependentes seus pais
e sua companheira, o benefício de pensão por sua morte deverá ser partilhado
entre esses três dependentes, na proporção de um terço para cada um.

( ) certo ( ) errado

A companheira é dependente de primeira classe (Lei 8.213/91, art. 16, I).


Os pais são dependentes de segunda classe (Lei 8.213/91, art. 16, II). A exis-
tência de dependente de qualquer das classes desse artigo exclui do direito

Hugo Goes 38
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

às prestações os das classes seguintes (Lei 8.213/91, art. 16, § 1°). Assim, na
situação apresentada pela questão ora analisada, apenas a companheira terá
direito ao benefício de pensão por morte. Gabarito: errado.

54. Para fazer jus à aposentadoria por idade prevista no RGPS, como trabalhador ur-
bano, deve o requerente comprovar, além da carência exigida em lei, ter comple-
tado sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos, se mulher.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência


exigida nessa lei, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher (Lei
8.213/91, art. 48). O limite de idade é reduzido em cinco anos para os traba-
lhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em
regime de economia fc..miliar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro
e o pescador artesanal (CF, art. 201, § 7°, II).
A concessão da apose::1tadoria por idade depende do período de carência de
180 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, II). Gabarito: certo.

55. Ao idoso que tenha, no mínimo, sessenta e cinco anos de idade e que não possua
meios de prover sua subsistência ou de a ter provida por sua família, será assegu-
rado o benefício de prestação continuada previsto na LOAS, no valor de um sa-
lário mínimo.

( ) certo ( ) errado

O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário mínimo men-


sal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou m:ais que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por
sua família (Lei 8.742/93, art. 20). Gabarito: certo.

39 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

56. Objetivando-se uma maior inclusão previdenciária, foi instituída a possibilidade


de redução da alíquota de contribuição do segurado microempreendedor indivi-
dual e do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente
ao trabalho doméstico, restando claro do texto legal que tal redução é aplicável
mesmo que este último não pertença a família de baixa renda.

( ) certo ( ) errado

Para um melhor entendimento da questão ora analisada, transcrevemos os


seguintes dispositivos da Lei 8.212/91:

Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contri-


buinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre
o respectivo salário-de-contribuição.
[... ]

· § 2° No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício


de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de
contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do
salário de contribuição será de:
I- 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte
individual, ressalvado o disposto no inciso 11, que trabalhe
por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto
na alínea "b" do inciso 11 deste parágrafo;
11 - 5% (cinco por cento):
a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o
art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006; e
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família de baixa renda.
[... ]

§ 4° Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto na


alínea "b" do inciso 11 do§ 2° deste artigo, a família inscrita
no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois)
salários mínimos.

HugoGoes 40
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Com base nos dispositivos legais transcritos, verifica-se que, no caso do


segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao
trabalho doméstico, a alíquota de 5% incidente sobre o limite mínimo mensal
do salário de contribuição só pode ser aplicada se o segurado pertencer a
família de baixa renda (Lei 8.212/91, art. 21, § 2°, 11, "b"). Gabarito: errado.

Juiz Federai/TRF-1 a/2013

57. Com relação à seguridade social e seus princípios, assinale a opção correta.

a) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciati-


va dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos re-
lativos ao trabalho, à saúde1 à previdência e à assistência social.
b) A gestão tripartite do sistema previdenciário, com participação dos trabalha-
dores, dos empregadores e dos aposentados e decorrente do caráter democrá-
tico e descentralizado da administração, garante a segurança e a moralidade
na administração desse sistema.
c) O equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário consiste na
observação dos critérios que preservem a sua solvência financeira, de modo
a fornecer segurança e tranquilidade aos segurados e garantir o fomento pú-
blico em situações de inst~bilidade econômica.
d) Constituem objetivos da seguridade social a universalidade e a uniformida-
de da cobertura e do atendimento e a inequidade na forma de participação
no custeio.
e) Segundo a jurisprudência majoritária do STF, o princípio da irredutibilidade
do valor dos benefícios refere-se apenas ao valor nominal desses benefícios,
não resultando na garantia da concessão de reajustes periódicos, caracterís-
tica relativa à preservação do valor real.

Alternativa A - A seguridade social compreende um conjunto integrado


de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social
(CF, art. 194). Os direitos relativos ao trabalho não estão abrangidos pela
seguridade social.
Alternativa B - Um dos princípios que regem a seguridade social é o ca-
ráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (CF, art. 194, parágrafo

41 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

único, VII). Seguindo esse modelo de gestão quadripartite, art. 3° da Lei


8.213/91, instituiu o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), órgão
superior de deliberação colegiada, que terá como membros:

I - seis representantes do Governo Federal;


II - nove representantes da sociedade civil, sendo:
a) três representantes dos aposentados e pensionistas;
b) três representantes dos trabalhadores em atividade;
c) três representantes dos empregadores.

Assim, a alternativa B está errada, pois a gestão não é tripartite, mas sim
quadripartite.
Alternativa C - Equilíbrio financeiro é a garantia de equivalência entre as
receitas auferidas e as obrigações do regime previdenciário em cada exercício
financeiro. Equilíbrio atuarial é a garantia de equivalência, a valor presente,
entre o fluxo das receitas estimadas e das obrigações projetadas, apuradas
atuarialmente, a longo prazo.
O objetivo do equilíbrio financeiro e atuarial não é garantir o fomento público
em situações de instabilidade econômica.
Alternativa D - Entre os objetivos da seguridade social, encontram-se a
universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade e equivalência
dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; e a equidade na
forma de participação no custeio.
Uniformidade da cobertura e do atendimento e inequidade na forma de
participação no custeio não são objetivos da seguridade social.
Alternativa E- Para o STF, não havendo diminuição do valor nominal, nãÓ
procede a alegação de ofensa ao princípio da irredutibilidade. Nesse sentido,
confira o seguinte julgado da Suprema Corte:

Ementa: Previdência social. Irredutibilidade do benefício.


Preservação permanente de seu valor real. - No caso não
houve redução do benefício, porquanto já se firmou a ju-
risprudência desta Corte no sentido de que o princípio da
irredutibilidade é garantia contra a redução do "quantum"
que se recebe, e não daquilo que se pretende receber para
que não haja· perda do poder aquisitivo em decorrência da

Hugo Goes 42
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

inflação. - De outra parte, a preservação permanente do valor


real do benefício - e, portanto, a garantia contra a perda do
poder aquisitivo- se faz, como preceitua o artigo 201, § zo, da
Carta Magna, conforme critérios definidos em lei, cabendo,
portanto, a esta estabelecê-los. Recurso extraordinário não
conhecido. 2

Gabarito: E

58. Com relação aos segurados e seus dependentes, assinale a opção correta.

a) As relações jurídicas de custeio previdenciário do dependente e do segurado


são distintas, havendo previsão de alíquotas diferenciadas para ambos, razão
por que não há carência em relação aos benefícios de que sejam titulares os
dependentes.
b) Se o segurado não tiver nenhum dos dependentes expressamente elencados
na lei como beneficiários do RGPS, poderá designar uma pessoa, independeo-
temente de com ela manter grau de parentesco, como sua beneficiária, desde
que essa pessoa seja menor de vinte e um anos de idade ou inválida.
c) Conforme previsto no Plano de Benefícios da Previdência Social, o segurado
facultativo mantém a qualidade de segurado, independentemente de contri-
buição, até seis meses após a cessação das contribuições, espaço de tempo de-
nominado período de graça pela doutrina.
d) De acordo com a Lei n° 8.213/1991, a companheira do segurado deve compro-
var a união estável e a dependência econômica para receber eventual benefí-
cio da previdência.
e) Cabe ao segurado, quando de sua filiação ao sistema previdenciário, a inscri-
ção do dependente, sendo vedado ao próprio dependente inscrever-se como
tal após a morte do segurado.

Alternativa A -Não há contribuições previdenciárias a cargo dos dependentes.


Alternativa B - De acordo com o art. 16 da Lei 8.213/91, são beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e

2 STF, RE 263252/l'R, Rei. Min. Moreira Alves, 1• T., DJ 23/06/2000. Vale frisar que a redação original do
§ 2• do art. 201 da CF corresponde à atual redação do§ 4• do mesmo artigo.

43 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual


ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
assim declarado judicialmente;
II- os pais;
III- o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente.

O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do


segurado e desde que comprovada a dependência econômica (Lei 8.213/91,
art. 16, § 2°).
Uma pessoa não elencada expressamente no art. 16 da Lei 8.213/91 não pode
ser designada como dependente do segurado.
Alternativa C - Há situações nas quais o segurado, mesmo sem exercer
atividade remunerada e sem recolher contribuições, mantém a qualidade
de segurado por certo período. É o que se chama período de graça ou ma-
nutenção extraordinária da qualidade de segurado.
De acordo com o art. 15, VI, da Lei 8.213/91, o segurado facultativo mantém
a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até 6 meses
após a cessação das contribuições.
Alternativa D-A companheira é dependente de primeira classe (Lei 8.213/91,
art. 16, I). A dependência econômica dos dependentes de primeira classe é
presumida (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°). Assim, para receber eventual bene-
fício da previdência, a companheira do segurado não precisa comprovar a
dependência econômica, bastando comprovar a união estável.
Alternativa E- Incumbe ao dependente promover a sua inscrição quando do
requerimento do benefício a que estiver habilitado (Lei 8.213/91, art. 17, § 1°).
Gabarito: C

Hugo Goes 44
Seleçao de ques1oes apll(.dUd> I lU> OI IVO u" <-v' .J a LV' '

Auditor-Fiscal do Trabalho/MTE/2013

59. Para a concessão dos benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-doen-


ça em decorrência de acidente do trabalho, a legislação de regência do RGPS dis-
pensa o cumprimento do período de carência, dado que se trata de evento não
programável.

( ) certo ( ) errado

O período de carência para a concessão de aposentadoria por invalidez


e auxílio-doença é, em regra, de 12 contribuições mensais (Lei 8.213/91,
art. 25, 1). Todavia, a concessão independe de carência nos casos em que a
incapacidade for decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, de
doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que,
após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das seguintes doenças: tu-
berculose ativa, hanseníase, alienação mental, ésclerose múltipla, hepatopatia
grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante,
cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante),
síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por
radiação, com base em conclusão da medicina especializada (Lei 8.213/91,
art. 26, li c/c art. 151).
Gabarito: certo.

60. É permitido que o segurado do RGPS receba conjuntamente os benefícios de apo-


sentadoria por tempo de contribuição e auxílio-doença acidentário, desde que
estes decorram de diferentes contingências.

( ) certo ( ) errado

Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto


dos benefícios de aposentadoria e auxílio-doença (Lei 8.213/91, art. 124, I).
Gabarito: errado.

45 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

61. O auxílio-doença é encerrado apenas com a morte do segurado, de forma que o


segurado poderá recebê-lo conjuntamente com qualquer outro benefício, inclu-
sive com a aposentadoria por invalidez.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do 16° dia do


afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data
do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz (Lei 8.213/91,
art. 60). Assim, quando o segurado recuperar a capacidade para o trabalho,
ocorrerá a cessação do auxílio-doença. Salvo no caso de direito adquirido,
não é permitido o recebimento conjunto dos benefícios de aposentadoria e
auxílio-doença (Lei 8.213/91, art. 124, I). Gabarito: errado.

62. A assistência social, como uma das ações integrantes da seguridade social, deve
prover os mínimos sociais, por meio d~ iniciativas do poder público e da socie-
dade com o propósito de garantir o atendimento às necessidades básicas, veda-
do o pagamento de qualquer benefício pecuniário.

( ) certo ( ) errado

Na assistência social, há pagamento de vários benefícios pecuniários. Po-


demos citar, a título de exemplo, o benefício de prestação continuada, que
é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso com 65 anos oli mais que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção nem de tê-la provida por sua família (Lei 8.742/93, art.
20). Gabarito: errado.

63. Para o cálculo dos valores dos benefícios previdenciários, são considerados os sa-
lários de contribuição, sendo, no caso da aposentadoria especial, contabilizados
os trinta e seis últimos sal~rios, corrigidos monetariamente.

( ) certo ( ) errado

O valor do benefício do RGPS, inclusive o regido por norma especial e o


decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o salário-
-maternidade, será calculado com base no salário de benefício (Lei 8.213/91,
art. 28).

Hugo Goes 46
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

De acordo com o art. 29 da Lei 8.213/91, o salário de benefício consiste:

I- para os benefícios de aposentadoria por idade e aposenta-


doria por tempo de contribuição, na média aritmética simples
dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oi-
tenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada
pelo fator previdenciário;
II - para os benefícios de aposentadoria por invalidez,
aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente,
na média aritmética simples dos maiores salários-de-
-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo
o período contributivo.

Assim, para o cálculo da aposentadoria especial, não são apenas os 36 últimos


salários que serão contabilizados, mas sim os maiores salários de contribuição
correspondentes a 80% de todo o período contributivo. Gabarito: errado.

64. O bolsista que se dedique, em tempo integral, a pesquisa, em curso de especia-


lização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde
que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social, será conside-
rado segurado obrigatório do RGPS.

( ) certo ) errado

Pode filiar-se como segurado facultativo, entre outros, o bolsista que se


dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-gradua-
ção, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja
vinculado a qualquer regime de previdência social (RPS, art. 11, § 1°, VIII).
Gabarito: errado.

65. Indivíduo que exerce, de forma autônoma, atividade de contador devidamente


reconhecida pelo órgão de classe é considerado, de acordo com a legislação pre-
videnciária, segurado facultativo.

( ) certo ( ) errado

Entre outros, é segurado obrigatório da Previdência Social, como contribuinte


individual, a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica

47 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

de natureza urbana, com fins lucrativos ou não (Lei 8.213/91, art. 11, V, "h").
Assim, o indivíduo que exerce, de forma autôno:na, atividade de contador
devidamente reconhecida pelo órgão de classe é segurado obrigatório do
RGPS como contribuinte individual. Gabarito: errado.

66. Apesar de integrarem a segunda classe de dependentes, os pais poderão fazer jus
ao recebimento de pensão por morte, desde que comprovem a dependência eco-
nômica do segurado a eles, ainda que existam dependentes que integrem a pri-
meira classe.

( ) certo ( ) errado

A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às


prestações os das classes seguintes (Lei 8.213/9~, art. 16, § 1°). Os pais são
dependentes de segunda classe (Lei 8.213/91, art. 16, II). Assim, se existir
dependente de primeira classe, os pais não terão direito ao recebimento de
pensão por morte. Gabarito: errado.

67. O companheiro e a companheira, desde que comprovem a existência de união es-


tável, integram o rol de dependentes da primeira classe, o que lhes permite rece-
ber pensão por morte ou auxílio-reclusão, conforme o caso.

( ) certo ( ) errado

Os dependentes de primeira classe são os seguintes: o cônjuge, a companheira,


o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne
absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei 8.213/91,
art. 16, I). Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser
casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada (Lei 8.213/91,
art. 16, § 3°). Assim, para que seja dependente do segurado, é necessário que
o companheiro e a companheira comprovem a existência de união estável.
Os benefícios previdenciários que são concedidos aos dependentes são a
pensão por morte e o auxílio-reclusão (Lei 8.213.'91, art. 18, II). Assim, se o
companheiro e a companheira comprovarem a existência de união estável,
eles terão direito de receber pensão por morte ou auxílio-reclusão, conforme
o caso. Gabarito: certo.

HugoGoes 48
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Analista Judiciário/TRT-sa/2013

68. Em relação ao RGPS, assinale a opção correta.

a) A aposentadoria por idade é devida ao segurado empregado, contribuinte in-


dividual e facultativo, a partir do momento em que completar sessenta e cinco
anos de idade, se homem, ou sessenta anos de idade, se mulher, independen-
temente do tempo de contribuição.
b) O estudante com idade igual ou superior a dezesseis anos pode filiar-se ao
RGPS, mediante contribuição, na condição de segurado facultativo, desde
que não esteja exercendo atividade remunerada que o defina como segurado
obrigatório da previdência social.
c) Para efeito de concessão de beneficiários previdenciários aos dependentes do
segurado do RGPS, deve-se considerar a seguinte ordem de preferência: des-
cendentes, ascendentes, cônjuge e irmãos.
d) O indivíduo que, em gozo de benefício de auxílio-doença, no prazo de doze
meses, não se aposentar por invalidez nem voltar ao trabalho perde a quali-
dade de segurado.
e) O segurado que, aposentado sob o RGPS, permanecer em atividade sujeita a
esse regime, ou a ele retornar, terá direito ao auxílio doença e à aposentado-
ria por invalidez, mas não fará jus ao auxílio reclusão nem à aposentadoria
por tempo de contribuição-_

Alternativa A - Para a concessão da aposentadoria por idade no RGPS, é


necessário, além de ter completado a idade mínima exigida (65 anos para
homem e 60 para mulher), que o requerente comprove o cumprimento do
período de carência, que corresponde a 180 contribuições mensais (Lei
8.213/91, art. 25, li).
Alternativa B - É segurado facultativo o maior de 16 anos de idade que se
filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde
que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como se-
gurado obrigatório da previdência social (RPS, art. 11, caput). Entre outros,
o estudante, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o
enquadre como segurado obrigatório da previdência social, pode filiar-se
como segurado facultativo (RPS, art. 11, § 1o, III).

49 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa C- Para efeito de concessão de beneficiários previdenciários aos


dependentes do segurado do RGPS, deve-se considerar a seguinte ordem de
preferência:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
assim declarado judicialmente;
11- os pais;
111- o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente.

Alternativa D - O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o perí~do de carência, ficar incapacitado para
o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias conse-
cutivos (Lei 8.213/91, art. 59). O auxílio-doença será devido ao segurado
empregado a contar do 16° dia do afastamento da atividade, e, no caso dos
demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto
ele permanecer incapaz (Lei 8.213/91, art. 60).
Alternativa E - O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social -
RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar,
não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exer-
cício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional,
quando empregado (Lei 8.213, art. 18, § 2°). Não é permitido o recebimento
conjunto de aposentadoria e auxílio-doença (Lei 8.213, art. 124, I).
Gabarito: B

Hugo Goes 50
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Auditor de Controle Externo/Direito/TCE-R0/2013

·~ 69. De acordo com a legislação previdenciária, o período de carência corresponde


ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segura-
do faça jus ao recebimento de alguns benefícios, independendo, no entanto, de
carência a concessão dos benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão, salá-
rio-família e auxílio-acidente de qualquer natureza.

( ) certo ( ) errado

Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispen-


sáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do
transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências (Lei 8.213/91,
art. 24). De acordo com o art. 26 da Lei 8.213/91, independe de carência a
concessão das seguintes prestações:

I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e


auxílio-acidente;
II -auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos
de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença pro-
fissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado
que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das
doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a
cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma,
deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe
confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado;
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art.
39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art.
11 desta Lei;

IV- serviço social;


V - reabilitação profissional;
VI - salário-maternidade para as seguradas empregada,
trabalhadora avulsa e empregada doméstica.

Gabarito: certo.

51 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

70. Os aposentados e pensionistas do RGPS deverão contribuir para o financiamen-


to desse mesmo regime com proventos de seus respectivos benefícios, com a inci-
dência da mesma alíquota aplicada aos segurados em atividade, desde que o valor
de seus proventos supere o limite máximo estabelecido para o referido regime.

( ) certo ( ) errado

Não incide contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime


geral de previdência social (CF, art. 195, II). Gabarito: errado.

71. A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, gerando


efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento da contribuição
previdenciária, não podendo retroagir, salvo no caso das donas de casa.

( ) certo ( ) errado

A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, ge-


rando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não
podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas
a competências anteriores à data da inscrição (RPS, art. 11, § 3°). Essa regra
também se aplica à dona de casa que se filiar como segurada facultativa.
Gabarito: errado.

Analista em Geociências/Direito/CPRM/2013

72. Se um indivíduo estiver percebendo seguro-desemprego em virtude de dispensa


sem justa causa e a esposa dele, segurada obrigatória do RGPS, falecer, ele só terá
direito ao recebimento da pensão por morte quando cessar o primeiro benefício,
tendo em vista que o seguro-desemprego não pode ser percebido conjuntamen-
te com qualquer outro benefício de prestação continuada da previdência social.

( ) certo ( ) errado

É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer


benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por..-·
morte ou auxílio-acidente (Lei 8.213/91, art. 124, parágrafo único). Assim,
no caso em tela, o segurado que estiver recebendo seguro-desemprego pode

Hugo Goes 52
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

acumular tal benefício com a pensão por morte deixada por sua esposa.
Gabarito: errado.

73. A incidência do fator previdenciário sobre o cálculo das aposentadorias por tem-
po de contribuição contribui para a diminuição de aposentadorias de segurados
muito jovens, bem como para o equilíbrio atuarial do sistema previdenciário.

( ) certo ( ) errado

O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa


de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, segundo
a seguinte fórmula:

f Tcxa [ (Id+Tcxa)]
= - - X l + -'------'-
Es 100

De acordo com a fórmula acima, percebe-se que quanto maiores forem o


tempo de contribuição e a idade, maior será o valor da aposentadoria. Por isso,
alguns segurados retardam a data da aposentadoria para que esta tenha um
valor maior. Assim, é correto afirmar que a incidência do fator previdenciário
sobre o cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição contribui para
a diminuição de aposentadorias de segurados muito jovens. Isso contribui
para o equilíbrio atuarial do sistema previdenciário. Gabarito: certo.

Delegado/DPF/2013

74. Integram o salário de contribuição que equivale à remuneração auferida pelo em-
pregado, as parcelas referentes ao salário e às férias, ainda que indenizadas.

( ) certo ( ) errado

Quando se diz que um determinado valor integra o salário de contribuição,


isso significa que sobre tal valor incidirá contribuição previdenciária. Para
que incida contribuição previdenciária sobre o valor relativo às férias, é ne-
cessário que elas sejam gozadas durante a vigência do contrato de trabalho.

53 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

Se as férias forem indenizadas, não haverá a incidência de contribuição


previdenciária (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "d"). Gabarito: errado.

75. Caso um delegado da Polícia Federal eleito deputado no estado onde atue como
delegado opte pelo exercício do mandato eletivo, ele não poderá se filiar ao RGPS
dada a sua vinculação a regime próprio.

( ) certo ( ) errado

Entre outros, é segurado obrigatório do RGPS, como empregado, o exercente


de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado
a regime próprio de previdência social (Lei 8.213, art. 11, I, "j"). No caso em
tela, o delegado da Polícia Federal é vinculado a regime próprio de previ-
dência social. Assim, caso seja eleito para exercer o mandato de deputado,
ele continuará vinculado ao seu regime próprio de previdência social. Nesse
caso, ele não será segurado do RGPS. Gabarito: certo.

Em virtude de agravamento de doença, Maria, que exerceu por vinte anos, como
empregada de uma fábrica de roupas, a função de costureira, foi considerada in-
capaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de qualquer
atividade que lhe garantisse a subsistência, tendo sido aposentada por invalidez.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
76. Caso Maria comprove necessitar de assistência permanente de outra pessoa, ela fará
jus ao valor da aposentadoria por ela recebida acrescido de 25%, ainda que ultrapas-
se o teto de pagamento de benefícios do RGPS, acréscimo que cessará com sua mor-
te, visto que não é incorporável ao valor da pensão a ser paga a seus dependentes.

( ) certo ( ) errado

Conforme regra estabelecida pelo art. 45 da Lei 8.213/91, o valor da aposenta-


doria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de
outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Esse acréscimo:
(a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo
legal; (b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for rea-
justado; (c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao
valor da pensão. Gabarito: certo.

HugoGoes 54
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

Defensor Público/DPE-DF/2013

"'77. Nos termos da CF, a segu:-idade social compreende um conjunto integrado de


ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar,
exclusivamente, os direitos relativos à previdência e à assistência social.

( ) certo ( ) errado

Nos termos do art. 194 d<:. Constituição Federal, a seguridade social com-
preende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previ-
dência e à assistência social. Gabarito: errado.

78. Considere a seguinte situado hipotética. Em julho de 2011, depois de pagar in in-
terruptamente por mais de dez anos contribuições mensais à previdência social,
Maria foi demitida da empresa onde trabalhava como balconista e, desde então,
ela não recolheu contribui;:ões para a previdência social. Em face dessa situação
hipotética, é correto afirmar que, em março de 2013, Maria ainda mantinha a
qualidade de segurada.

( ) certo ( ) errado

Mantém a qualidade dt segurado, independentemente de contribuições,


até 12 meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de
exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver
suspenso ou licenciado sem remuneração (Lei 8.213, art. 15, II). Esse prazo
de 12 meses será prorrogado para até 24 meses se o segurado já tiver pago
mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da
qualidade de segurado (Lei 8.213, art. 15, § 1°). No caso em tela, em julho
de 2011, data em que foi demitida, Maria já tinha pago, ininterruptamente,
mais de dez anos de contribuições mensais. Ou seja, ela já tinha pago mais
de 120 contribuições memais. Assim, o período de graça de Maria será de,
no mínimo, 24 meses. E:;se período de graça será acrescido de mais 12 me-
ses, desde que Maria comprove situação de desemprego no órgão próprio
do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (Lei 8.213, art. 15, § 2"').
Assim, é correto afirmar que, em março de 2013, Maria ainda mantinha a
qualidade de segurada. Gabarito: certo.

55 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

79. De acordo com o disposto na Lei n° 8.213/1991, filho maior de vinte e um anos de
·idade não portador de invalidez ou qualquer deficiência mantém a condição de
dependente do segurado do RGPS até completar vinte e quatro anos, desde que
seja estudante universitário.

( ) certo ( ) errado

O filho que é beneficiário do RGPS, na condição de dependente do segurado,


é o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou invá-
lido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei 8.213/91, art. 16,
I). Para fins previdenciários, o fato de o filho ser estudante universitário é
irrelevante. Depois de completar 21 anos de idade, o filho somente manterá
a condição de dependente se for inválido ou se tiver deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialm~nte. Não há amparo legal para se prorrogar até os 24 anos de
idade a manutenção da condição de dependente do filho estudante de curso
universitário. Gabarito: errado.

80. É segurado obrigatório da previdência social o estrangeiro domiciliado e contra-


tado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal de empresa nacional
no exterior.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto na Lei 8.213/91, art. 11, I, "c", entre outros, é
segurado obrigatório do RGPS, como empregado, o brasileiro ou o estran-
geiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior. Gabarito: certo.

81. Aquele que exerça, concomitantemente, duas atividades remuneradas sujeitas ao


RGPS é obrigatoriamente filiado ao referido regime em relação a cada uma delas.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 56
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

De acordo com o disposto na Lei 8.213, art. 11, § 2°, todo aquele que exercer,
concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime
Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada
uma delas. Gabarito: certo.

Juiz do Trabalho/TRT-56 /2013

82. Em relação ao abono anual a ser pago aos segurados da Previdência Social, é cor-
reto afirmar que

a) ele é calculado mediante aplicação do fator previdenciário sobre a última re-


muneração recebida pelo trabalhador.
b) ele somente pode ser recebido cumulativamente com o benefício mensal e com
a gratificação de natal.
c) ele é devido no início e no fim do recebimento de uma série de benefícios.
d) seu valor deve ser calculado da mesma forma que a gratificação de natal dos
trabalhadores.
e) o valor base para seu cálculo consiste na remuneração do 1o mês do ano em
que o trabalhador receber.

Alternativas A, D e E - O abono anual será calculado, no que couber, da


mesma forma que a gratificação <).e Natal dos trabalhadores, tendo por base
o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano (Lei
8.213/91, art. 40, parágrafo único).
Alternativa B - Abono anual e gratificação de Natal é a mesma coisa (CF,
art. 201, § 6° c/c Lei 8.213/91, art. 40).
Alternativa C - O abono anual é pago: (a) no mês de dezembro; ou (b) no
mês de cessação do benefício, juntamente com a última parcela. No entanto,
o pagamento do abono anual poderá ser realizado de forma parcelada (IN
INSS 77/2015, art. 396, § 5°). A autorização do pagamento parcelado é feita
por meio de decreto presidencial. Nos últimos anos, tem-se tornado costume
o pagamento do abono anual dividido em duas parcelas. Por exemplo, no ano
de 2015, por força do Decreto 8.513, de 3 de setembro de 2015, o pagamento
do abono anual será efetuado em duas parcelas:

I - a primeira parcela corresponderá a até cinquenta por cento


do valor do benefício correspondente ao mês de setembro e

57 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

será paga juntamente com os benefícios correspondentes a


esse mês; e
II - a segunda parcela corresponderá à diferença entre o
valor total do abono anual e o valor da parcela antecipada
e será paga juntamente com os benefícios correspondentes
ao mês de novembro.

Gabarito: D

Auditor de Controle Externo/TCE-ES/2012

83. No âmbito do RGPS, o auxílio-acidente, concedido no dia seguinte ao da cessa-


ção do auxílio-doença, visa indenizar o segurado empregado cuja capacidade
para o trabalho habitualmente exercido tenha sido reduzida após a consolidação
das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza. Dado seu caráter inde-
nizatório, esse benefício pode ser recebido, conjuntamente com remuneração ou
qualquer outro benefício do RGPS.

( ) certo ) errado

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,


após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia (Lei 8.213/91, art. 86). O auxílio-acidente será devido a
partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente
de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria (Lei 8.213/91, art. 86, § 2°).
Aposentadoria é um benefício do RGPS. Auxílio-acidente não pode ser rece-
bido conjuntamente com aposentadoria. Assim, não é com qualquer benefício
do RGPS que o auxílio-acidente pode ser recebido conjuntamente, já que ele
não pode ser recebido conjuntamente com aposentadoria.
Gabarito: errado.

Hugo Goes 58
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 201 1

84. Via de regra, para a concessão da aposentadoria por idade no RGPS, é necessário,
além de ter completado a idade mínima exigida, que o requerente comprove o re-
colhimento efetivo de cento e oitenta contribuições mensais; no caso de o reque-
rente ser segurado especial, ele deve provar tempo mínimo de efetivo exercício
de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente
anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuições mensais exigido dos segurados não especiais.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência


exigida nessa lei, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher (Lei
8.213/91, art. 48). O limite de idade é reduzido em cinco anos para os traba-
lhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em
regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro
e o pescador artesanal (CF, art. 201, § 7°, II).
A concessão da aposentadoria por idade depende do período de carência de
180 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, II). Para o segurado especial,
considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses
necessário à concessão do benefício requerido (RPS, art. 26, § 1°). Assim, o
período de carência do segurado especial não é contado em número de con-
tribuições previdenciárias recolhidas, e sim em número de meses de efetivo
exercício na atividade rural. Portanto, para ter direito à aposentadoria por
idade, além de ter a idade mínima exigida, o segurado especial também deve
comprovar o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua,
no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao
número de meses correspondentes à carência do benefício requerido (Lei
8.213/91, art. 39, I). Gabarito: certo.

Defensor Público/DPE-ES/2012

85. É considerado segurado empregado da previdência social o brasileiro civil que


trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou interna-
cionais dos q~ais o Brasil seja membro efetivo, ainda que domiciliado e contrata-
do fora do Brasil, salvo se segurado na forma da legislação do país do domicílio.

( ) certo ( ) errado

59 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

De acordo com o disposto na Lei 8.213/91, art. 11, I, "e", entre outros, é
segurado obrigatório do RGPS, como empregado, o brasileiro civil que
trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domici-
liado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país
do domicílio. Gabarito: certo.

86. Caso um segurado empregado, em seu primeiro dia no emprego, em virtude de


acidente, se torne definitivamente incapaz para o trabalho, ele terá direito à apo-
sentadoria por invalidez, ainda que não tenha recolhido nenhuma contribuição
para o RGPS, mas somente poderá exercer tal direito após o gozo de auxílio-doen-
ça prévio durante o período mínimo de quinze dias.

( ) certo ( ) errado

In depende de carência a concessão de aposentadoria por invalidez nos casos


de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do
trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elabo-
rada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada
três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação,
deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que
mereçam tratamento particularizado (Lei 8.213/91, art. 26, li).
A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a
carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo
de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação
para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição (Lei 8.213/91, art. 42).
Para que seja concedido o benefício de aposentadoria por invalidez, não há
necessidade de concessão prévia de auxílio-doença. A incapacidade para. o
trabalho insuscetível de reabilitação, em alguns casos, pode ser constatada de
imediato pelo médico-perito, em face da gravidade das lesões à integridade
física ou mental do indivíduo. No entanto, nem sempre é possível verificar
a incapacidade total e definitiva de imediato. Por isso, na maioria das ve-
zes, concede-se inicialmente ao segurado o .benefício de auxílio-doença e,..
posteriormente, concluindo-se pela impossibilidade de retorno à atividade
laborativa, transforma-se o benefício inicial em aposentadoria por invalidez.

Hugo Goes 60
~eieÇ30 Oe qUeStOeS 3p11CdUd~ llU~ diiU> Ut: L.V 1 J a .t.V 1 1

A data de início da aposentadoria por invalidez obedece às seguintes regras:

I - Quando for precedida de auxílio-doença: dia imediato


ao da cessação do auxílio-doença.
li - Quando não for precedida de auxílio-doença:
a) Para o segurado empregado: a contar do 16° dia do
afastamento da atividade ou a partir da data da entrada
do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do
requerimento decorrerem mais de 30 dias; e
b) Para os demais segurados: a contar da data do início da
incapacidade ou da data de entrada do requerimento, se
entre essas datas decorrerem mais de 30 dias.

Gabarito: errado.

Analista Judiciário/Área Judiciária/STJ/2012

87. A concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez depende-


rá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a
cargo da previdência social; ,não sendo admissível ao requerente desse benefício
fazer-se acompanhar, no momento do exame, de médico por ele remunerado.

( ) certo ( ) errado

A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da


condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Pre-
vidência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar
de médico de sua confiança (Lei 8.213, art. 42, § 1°). Gabarito: errado.

88. Considere a seguinte situação hipotética: Davi, segurado da previdência social, após
sofrer acidente, passou a receber auxílio-doença. Como as sequelas deixadas pelo
acidente implicaram a redução da sua caiPacidade para o trabalho que habitual-
mente exercia, Davi pleiteou o auxílio-acidente. Nessa situação, o auxílio-acidente
será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independen-
temente de qualquer remuneração ou rendimento auferido por Davi.

( ) certo ( ) errado

61 Prova 01
Direito Previdenciário Cespe

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quan-


do for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu
trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos
(Lei 8.213/91, art. 59).
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,
após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia (Lei 8.213/91, art. 86, caput). O auxílio-acidente
será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, inde-
pendentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo aci-
dentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria (Lei 8.213/91,
art. 86, § 2°). O auxílio-acidente mensal corresponderá a 50% do salário de
benefício e será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou
até a data do óbito do segurado (Lei 8.213/91, art. 86, § 1°). Gabarito: certo.

Advogado da União/AGU/2012

89. A concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-família independe


de carência.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 26 da Lei 8.213/91, independe de carência a concessão


das seguintes prestações:

I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e


auxílio-acidente;
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos
de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença pro-
fissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado
que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das
doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a
cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma,
deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe
confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado;

Hugo Goes 62
Seleção de questões aplicadas nos anos de 2015 a 2011

III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art.


39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art.
11 desta Lei;
IV - serviço social;
V - reabilitação profissional;
VI - salário-maternidade para as seguradas empregada,
trabalhadora avulsa e empregada doméstica.

Gabarito: certo.

Técnico Administrativo/PREVIC/2011

91). O servidor público federal estudante de nível superior de faculdade privada é le-
galmente impedido de se filiar ao regime geral de previdência social na qualida-
de de segurado facultativo.

( )_certo ( } errado

Se o servidor público federal mencionado na questão for ocupante de cargo


efetivo, ele será participante de regime próprio de previdência (CF, art. 40).
Se for ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão, contratado por
tempo determinado ou de emprego público, ele deve ser, obrigatoriamente,
vinculado ao RGPS, na condição de segurado empregado. ·
De acordo com o§ 5° do art. 201 da Constituição Federal, é vedada a filiação
ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de segurado facultativo,
de pessoa participante de regime próprio de previdência.
De acordo com o art. 13 da Lei 8.213/91, quem é segurado obrigatório do
RGPS não pode filiar-se a esse regime previdenciário.
Pode filiar-se ao RGPS como segurado facultativo, mediante contribuição,
a pessoa física maior de 16 anos de idade, desde que não esteja exercendo
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório do RGPS,
nem seja participante de Regime Próprio de Previdência Social.
Na situação apresentada pela questão ora analisada, o fato de o servidor
público federal ser estudante de nível superior de faculdade privada é total-
mente irrelevante. O simples fato de ser servidor público federal já o impede
de se filiar ao RGPS na qualidade de segurado facultativo. Gabarito: certo.

63 Prova 01
46. Assinale a opção correta acerca das normas referentes a acidente do trabalho.

a) Sob pena de multa, a empresa deve comunicar o acidente do trabalho à previ-


dência social até o primeiro dia útil seguinte ao de sua ocorrência e, no caso
de morte, imediatamente, à autoridade competente.
b) O titular de empresa que deixa de cumprir as normas de segurança e higiene
do trabalho comete crime punível com detenção.
c) Reputa-se doença do trabalho a doença endêmica adquirida por segurado ha-
bitante de região em que essa patologia se desenvolva.
d) No caso de doença do trapalho, reputa-se como dia do acidente a data corres-
pondente a dez dias do início da incapacidade laborativa para o exercício da
atividade habitual.
e) Considera-se agravamento ou complicação de acidente do trabalho a lesão
que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às
consequências de lesão ocorrida em acidente anterior.

Alternativa A- De acordo com o caput do art. 22 da Lei 8.213/91, a empresa


ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à
Previdência Social até o 1° (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e,
em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa
variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribui-
ção, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela
Previdência Social. Receberão cópia fiel desta comunicação o acidentado ou
seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria
(Lei 8.213/91, art. 22, § 1°).

65
Direito Previdenciário Cespe

Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la: (a) o


próprio acidentado ou seus dependentes; (b) a entidade sindical competente;
(c) o médico que assistiu o acidentado; ou (d) qualquer autoridade pública.
Quando a comunicação não é feita pela empresa, as pessoas supramencio-
nadas poderão formalizá-la, independentemente de prazo. A comunicação
formalizada por estas pessoas não exime a empresa de responsabilidade pela
falta da comunicação no prazo legal.
Alternativa B - A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas co-
letivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador (Lei
8.213/91, art. 19, § 1°). Constitui contravenção penal, punível com multa,
deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho
(Lei 8.213/91, art. 19, § 2°). Veja que a referida conduta não configura "crime
punível com detenção", mas "'contravenção penal punível com multa".
Alternativa C- Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba-
lho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho do segurado especial, provócando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou tempo-
rária, da capacidade para o trabalho (Lei 8.213/91, art. 19).
Consideram-se, ainda, acidente do trabalho (Lei 8.213/91, art. 20): (I) doença
profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério da Previdência Social; (11) doença do trabalho,
assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
A relação de agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou
do trabalho encontra-se no anexo 11 do Regulamento da Previdência Social
(RPS). Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
citada relação resultou das condições especiais em que o trabalho é executado
e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
acidente do trabalho (Lei 8.213/91, art. 20, § 2°).
Conforme a Lei 8.213/91, art. 20, § 1°, não são consideradas como doença
do trabalho: (a) a doença degenerativa; (b) a inerente a grupo etário; (c) a
que não produza incapacidade laborativa; (d) a doença endêmica adquirida
por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo compro-
vação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.

Hugo Goes 66
Juiz do Trabalho/TRT da 1• Região/201 O

Ressalte-se, portanto, que, em regra, não se reputa doença do trabalho a


doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que essa
patologia se desenvolva. Para que tal moléstia seja considerada como doença
do trabalho, é necessário que haja comprovação de que ela é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Alternativa D- Considera-se como dia do acidente, no caso de doença pro-
fissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o
exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia
em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer
primeiro (Lei 8.213/91, art. 23).
Alternativa E - Conforme a Lei 8.213/91, art. 21, § 2°, não é considerada
agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante
de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências
do anterior.
Gabarito: A

47. Sérgio apresentou requerimento administrativo para revisão de seu benefício pre-
vidénciário. O INSS julgou improcedente a pretensão de Sérgio.
Com base nessa situação, e considerando a disciplina relativa à organização da
previdência social, assinale a opção correta.

a) Da decisão poderá ser interposto recurso no prazo de trinta dias, não poden-
do o INSS, após a interposição, retratar-se de seu entendimet?-to e deixar de
encaminhar o recurso à instância competente.
b) A propositura de ação judicial, por parte de Sérgio, que tenha por objeto idên-
tico pedido sobre o qual verse o processo administrativo importará renúncia
ao direito de recorrer na esfera administrativa e, consequentemente, desistên-
cia do recurso interposto.
c) Todo recurso interposto em processo administrativo concernente a benefício
previdenciário deve ser recebido apenas no efeito devolutivo.
d) A comunicação da decisão do órgão colegiado sobre a pretensão de Sérgio terá
de ser feita por correspondência sob registro, com aviso de recebimento, ou
pessoalmente, se a primeira forma restar frustrada.
e) A decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social que julgar o recur-
so de Sérgio, se favorável, terá sua eficácia condicionada à publicação no bo-
letim de serviço do INSS.

67 Prova 02
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa A - Das decisões do INSS nos processos de interesse dos bene-


ficiários, caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social
- CRPS (RPS, art. 305). É de 30 dias o prazo para interposição de recursos,
contados da ciência da decisão (RPS, art. 305, § 1°). A partir da data da
interposição do recurso, inicia-se a contagen do prazo de 30 dias para o
INSS oferecer contrarrazões. Contudo, o INSS pode reformar suas decisões,
deixando, no caso de reforma favorável ao interessado, de encaminhar o
recurso ao CRPS (RPS, art. 305, § 3°).
Assim, havendo interposição de recurso do interessado contra decisão do
INSS, o processo deverá ser reanalisado pela autarquia, sendo que: (I) se a
decisão questionada for mantida, o recurso deverá ser encaminhado à Jun-
ta de Recursos do CRPS; (11) em caso de refoxma total da decisão, deverá
ser atendido o pedido formulado pelo recorrente e o recurso perderá o seu
objeto; e (III) em caso de reforma parcial da decisão, o recurso deverá ter
prosseguimento quanto à matéria controvert.da.
Alternativa B- De acordo com a Lei 8.213/91, art. 126, § 3°, a propositura,
pelo beneficiário ou contribuinte, de ação que tenha por objeto idêntico
pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao
direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso inter-
posto. Todavia, quando diferentes os objetos do processo judicial e do pro-
cesso administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona
à matéria diferenciada.
Alte~nativaC- Os recursos tempestivos con:ra decisões das Juntas de Re-
cursos do CRPS têm efeito suspensivo e devolutivo (RPS, art. 308).
Alternativa D - Conforme o art. 26 da Lei 9.784/99, o órgão competente
perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação
do interessado para ciência de decisão ou c. efetivação de diligências. A
intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com
aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza
da ciência do interessado (Lei 9.784/99, art. 26, § 3°). No caso de interessados
indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação
deve ser efetuada por meio de publicação ofidal (Lei 9.784/99, art. 26, § 4°).
Alternativa E - O conhecimento das decisões e demais atos dos órgãos do
Ministério da Previdência Social deve ser dado mediante publicação no
Diário Oficial da União, boletim de serviço ou outro órgão de divulgaçãó ·
oficialmente reconhecido (RPS, art. 320). É \·edado ao INSS deixar de dar
efetivo cumprimento às decisões definitivas do CRPS, reduzir ou ampliar

Hugo Goes 68
JUIL UV l i OLIUIIIV/ I I \ 1 ._....., o o'"-~'..,.""'_._.,._.

o seu alcance ou executá-las de maneira que contrarie ou prejudique o seu


evidente sentido (IN INSS 77/2015, art. 549). É de trinta dias, contados a partir
da data de recebimento do processo na origem, o prazo para cumprimento
das decisões do CRPS, sob pena de responsabilização funcional do servidor
que der causa ao retardamento (IN INSS 77/2015, art. 549, § 1°).
Gabarito: B

48. Com base na disciplina referente a arrecadação e recolhimento das contribuições


previdenciárias, assinale a opção correta.

a) A empresa é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo incidentes so-


bre as remunerações pagas, devidas ou creditadas- a qualquer título, excluí-
dos os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, acordo ou convenção
coletiva - ao segurado contribuinte individual a seu serviço.
b) O empregador doméstico é obrigado a arrecadar a contribuição do segurado em-
pregado doméstico a seu serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo,
salvo durante o período da licença-maternidade da empregada doméstica.
c) A pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social que
atenda aos requisitos legais e seja beneficiada pela isenção das contribuições
previdenciárias fica desobrigada de arrecadar e recolher a contribuição do se-
gurado empregado e do trabalhador avulso a seu serviço.
d) A missão diplomática está excluída da obrigação de arrecadar a contribuição
do contribuinte individual, cabendo ao contribuinte recolher a própria con-
tribuição. '
e) O desconto da contribuição do segurado incidente sobre o valor bruto da gra-
tificação natalina é devido quando do pagamento ou do crédito de cada par-
cela e deverá ser calculado em separado.

Alternativa A -Nos termos do art. 22 da Lei 8.212/91, a contribuição a cargo


da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas,


devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos
segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe pres-
tem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que
seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais
sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados,
quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de

69 Prova 02
Direito Previdenciário Cespe

serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de con-


venção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts.
57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles
concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, so-
bre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer
do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante o risco de acidentes do trabalho seja con-
siderado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado grave.
III - vinte por cento sobre o tot,al das remunerações pagas
ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos se-
gurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;
IV - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou
fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços
que lhe são prestados por cooperados por intermédio de
cooperativas de trabalho.

Veja que, quando se trata da contribuição a cargo da empresa incidente sobre


a remuneração dos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe
prestem serviços, os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, conce-
didos nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo
coletivo de trabalho ou sentença normativa, estão incluídos na base de cálculo-
da contribuição. Quando se trata da contribuição da empresa incidente sobre
a remuneração de contribuintes individuais que lhe prestem serviço, a lei
não faz referência a adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, pois este
'
é instituto relacionado com os segurados empregados.
Alternativa B - O empregador doméstico é obrigado a arrecadar e a recolher
a contribuição do segurado empregado a seu serviço, assim como a parcela a
seu cargo, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência (Lei 8.212/91, art.
30, V). Durante o período da licença-maternidade da empregada doméstica,

HugoGoes 70
Juiz do Trabalho!TRT da 1• Região/201 O

o empregador doméstico recolhe apenas a contribuição a seu cargo (RPS,


art. 216, VIII). Como o salário-maternidade do empregado doméstico é
pago diretamente pelo INSS, durante esse período, a parcela da contribuição
devida pelo empregado doméstico será descontada pelo INSS no benefício
(IN INSS 77/2015, art. 357).
Alternativa C- Nos termos do§ 7° do art. 195 da Constituição Federal, "são
isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes
de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei". ::-.Ja
verdade, não se trata de isenção, mas de imunidade, pois esta é prevista na
Constituição, enquanto aquela é instituída por lei ordinária. Imunidade é o
obstáculo criado por uma norma da Constituição que impede a incidência de
lei ordinária de tributação sobre determinado fato, coisa ou pessoa. O Supre-
mo Tribunal Federal já identificou no art. 195, § 7°, da Constituição Federal,
a existência de uma típica imunidade tributária, e não de simples isenção. 3
Atualmente, para gozar da referida imunidade, as Entidades Beneficentes
de Assistência Social (EAS) devem atender às exigências previstas na Lei
12.101/2009.
A imunidade atinge somente as contribuições a cargo da própria pessoa ju-
rídica imune. Mas não atinge as contribuições que ela é obrigada a descontar
de outros contribuintes. Todas as contribuições que a pessoa jurídica imune
for obrigada a descontar de outros contribuintes, ela será obrigada a recolher
os valores descontados. Caso não recolha tais valores, ocorrerá o crime de
apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A do Código Penal.
Assim, a pessoa jurídica imune continua obrigada a descontar as contri-
buições previdenciárias dos segurados a seu serviço e recolher os valores
descontados (Lei 8.212/91, art. 30, I, "a"). Caso venha a adquirir produtos
rurais de segurado especial ou de produtor rural pessoa física, a pessoa jurí-
dica imune fica sub-rogada na obrigação de descontar e recolher a respectiva
contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção
rural (Lei 8.212/91, art. 30, IV). Quando assume a condição de contratante
de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra, a
pessoa jurídica imune deverá reter 11% do valor bruto da nota fiscal, fatura
ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome
da empresa contratada (Lei 8.212/91, art. 31).

3 STF, RMS 22191/DF, Rei. Min. Celso de Mello, DJ de 19/12/;2006.

71 Prova 02
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa D- Conforme o disposto no caput do art. 4° da Lei 10.666/2003,


"fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte
individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a
recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até
o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência, ou até o dia útil imedia-
tamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia". Contudo,
a referida obrigação não se aplica aos casos nos quais o contribuinte indivi-
dual é contratado por outro contribuinte individual equiparado a empresa
ou por produtor rural pessoa física ou por missão diplomática e repartição
consular de carreira estrangeiras. Também não se aplica aos casos nos quais
o contribuinte individual é um brasileiro civil que trabalha no exterior
para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo (Lei
10.666/2003, art. 4°, § 3°),
Assim, é correto afirmar que a missão diplomática está excluída da obri-
gação de arrecadar (descontar, reter) a contribuição do contribuinte indi~
vidual que lhe presta serviço. Neste caso, cabe ao segurado contribuinte
individual recolher a própria contribuição.
Alternativa E - Décimo terceiro salário é a gratificação natalina paga pelo
empregador ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e pelo tomador
dos serviços ao trabalhador avulso. A gratificação corresponde a 1/12 dare-
muneração devida em dezembro, por mês de serviço no ano correspondente
ou fração igual ou superior a quinze dias de trabalho.
O 13° salário integra o salário de contribuição, exceto para o cálculo do
salário de benefício, sendo devidas as contribuições previdenciárias quando
do pagamento ou crédito da última parcela ou na rescisão de contrato de
trabalho (RPS, art. 214, § 6°). A contribuição incidirá sobre o valor bruto do
13° salário, sem compensação dos adiantamentos pagos (RPS, art. 214, § 7°).
Perceba que a incidência não ocorre quando do pagamento ou do crédito de
cada parcela, mas quando do pagamento ou crédito da última parcela ou na
rescisão de contrato de trabalho.
A contribuição previdenciária dos segurados empregado, empregado do-
méstico e trabalhador avulso incidente sobre o 13° salário é calculada em
separado da remuneração do mês (Lei 8.620/93, art. 7°, § 2°). Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado do STJ:

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - GRATIFICAÇÃO NA-


TALINA - CÁLCULO EM SEPARADO, NOS TERMOS DA LEI

Hugo Goes 72
Juiz do Trabalho!TRT da P Região/2010

N° 8.620/93 -LEGALIDADE- CONTRADIÇÃO- DISPOSITIVO.


É legítimo o cálculo em separado da contribuição previden-
ciária incidente sobre o décimo terceiro salário a partir do
início da vigência da Lei no 8.620/93. [...] 4

O vencimento do prazo de pagamento das contribuições incidentes sobre


o 13° salário, exceto no caso de rescisão, dar-se-á no dia 20 de dezembro,
antecipando-se o prazo para o dia útil imediatamente anterior se não houver
expediente bancário neste dia (Lei 8.620/93, art. 7°, caput). Caso haja paga-
mento de remuneração variável em dezembro, o pagamento das contribuições
referentes ao ajuste do valor do 13° salário deve ocorrer no documento de
arrecadação da competência dezembro, considerando-se para a apuração da
alíquota da contribuição do segurado o valor total do 13° salário.
Na rescisão de contrato de trabalho, inclusive naquela ocorrida no mês de
dezembro, em que haja pagamento de parcela de 13° salário, as contribuições
devidas devem ser recolhidas até o dia 20 do mês seguinte ao da rescisão,
ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário
naquele dia.
Para o recolhimento das contribuições sociais incidentes sobre o 13° salário,
deverão ser informados, no documento de arrecadação, a competência treze
e o ano a que se referir, ex~eto no caso de 13° salário pago em rescisão de
contrato de trabalho, cuja competência será a do mês da rescisão.
'
A respeito da incidência de contribuição previdenciária sobre a gratificação
natalina, o STF editou a seguinte Súmula:

Súmula 688: É legítima a incidência da contribuição previ-


denciária sobre o 13° salário.

Gabarito: D

4 STJ, EDcl no AgRg no REsp 1049385/SP, Rei. Min. Humberto Martins, 2• T., Dje 29/06/2010.

73 Prova 02
Em relação ao custeio da seguridade social, julgue os itens a seguir.
91. Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empre-
sa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de
remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apu-
radas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo, no
entanto, ao Instituto Nacional do Seguro Social a prova da irregularidade, sob
pena de violação do postulado do devido processo legal.

( ) certo ( ) errado

Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da em-


presa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento
real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro,
serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas,
cabendo à empresa o ônus da prova em contrário (Lei 8.212/91,-art. 33, § 6°).
A aferição indireta pode ser feita mediante a fixação de parâmetros que a
fiscalização entender pertinentes. Cabe à empresa provar que o valor devido
é menor que o aferido indiretamente.
Perceba que na aferição indireta ocorre a inversão do ônus da prova. Neste
caso, o contribuinte é quem deve provar que aqueles valores lançados pela
fiscalização não condizem com a realidade. Portanto, a assertiva ora comen-
tada está errada, pois afirma que na aferição indireta cabe ao INSS a prova
da irregularidade.
Na atividade de construção civil, a aferição indireta é bastante usada, já que a
Lei 8.212/91, art. 33, § 4°, expressamente, autoriza a sua adoção, nos seguintes
termos: "na falta de prova regular e formalizada, o montante dos salários
pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante
cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área construída, de acordo

75
Direito Previdenciário Cespe

com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil,


cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária
ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário".
Gabarito: errado.

92. O STF decidiu que a cobrança da contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho


(SAT) incidente sobre o total das remunerações pagas tanto aos empregados quan-
to aos trabalhadores avulsos é ilegítima.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.212/91, art, 22, 11, a contribuição da empresa para o
financiamento do benefício da aposentadoria especial e daqueles concedidos
em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho (RAT), sobre o total das remunerações pagas
ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhado-
res avulsos, é de: (a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; (b)
2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse
risco seja considerado médio; (c) 3% (três por cento) para as empresas em
cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.
Esta contribuição ficou conhecida pela sigla SAT (Seguro de Acidente do
Trab~lho) em razão da redação original do art. 22, 11, da Lei 8.212/91, que
tratava, simplesmente, da contribuição para o financiamento das prestações
por acidente de trabalho. Mas na redação atual deste dispositivo legal (redação
dada pela Lei 9.732/98), esta contribuição é destinada ao financiamento do
benefício da aposentadoria especial e daqueles concedidos em razão do grau
de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho. Por isso, nesta obra, vamos tratar dessa contribuição empregando
a sigla RAT, por considerá-la, tecnicamente, mais correta.
A contribuição para o RAT (também conhecida como SAT) tem sido objeto
de muitos questionamentos na via judicial. Em regra, o STF tem se posicio-
nado no sentido de reconhecer a validade das normas que regulamentam
esta contribuição. Nesse sentido, confiram-se as seguintes decisões do STF:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO- VALIDADE CONSTI-


TUCIONAL DA LEGISLAÇÃO PERTINENTE À INSTITUIÇÃO DA

Hugo Goes 76
Procurador Federai/AGU/201 O

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA AO CUSTEIO DO SEGU-


RO DE ACIDENTE DO TRABALHO (SAT) - EXIGIBILIDADE
DESSA ESPÉCIE TRIBUTÁRIA - RECURSO IMPROVIDO. - A
legislação pertinente à instituição da contribuição social
destinada ao custeio do Seguro de Acidente do Trabalho
(SAT) e os decretos presidenciais que pormenorizaram as
condições de enquadramento das empresas contribuintes
não transgridem, formal ou materialmente, a Constituição
da República, inexistindo, em consequência, qualquer situa-
ção de ofensa aos postulados constitucionais da legalidade
estrita (CF, art. 5°, li) e da tipicidade cerrada (CF, art. 150, I),
inocorrendo, ainda, por parte de tais diplomas normativos,
qualquer desrespeito às cláusulas constitucionais referentes
à delegação legislativa (CF, arts. 2° e 68) e à igualdade em
matéria tributária (CF, arts. 5°, "caput", e 150, 11). Precedente:
RE 343.446/SC, Rei. Min. CARLOS VELLOSO (Pleno). - O
tratamento dispensado à referida contribuição social (SAT)
não exige a edição de lei complementar (CF, art. 154, I), por
não se registrar a hipótese inscrita no art. 195, § 4°, da Carta
Política, resultando consequentemente legítima a disciplina-
ção normativa dessa exação tributária mediante legislação
de caráter meramente ordinário. Precedentes. 5
EMENTA:- CoNSTITUpoNAL. TRIBUTÁRIO. CoNTRIBUIÇÃO:
SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO- SAT. Lei no 7.787/89,
arts. 3° e 4°; Lei no 8.2Í2/91, art. 22, li, redação da Lei
no 9.732/98. Decretos 612/92,2.173/97 e 3.048/99. C. F., artigo
195, § 4°; art. 154, 11; art. 5°, li; art. 150, I. I- Contribuição
para o custeio do Seguro de Acidente do Trabalho - SAT: Lei
no 7.787/89, art. 3°, li; Lei no 8.212/91, art. 22, 11: alegação no
sentido de que são ofensivos ao art. 195, § 4°, c/c art. 154, I,
da Constituição Federal: improcedência. Desnecessidade de
observância da técnica da competência residual da União,
C.F., art. 154, L Desnecessidade de lei complementar para
a instituição da contribuição para o SAT. 11 - O art. 3°, 11,
da Lei no 7.787/89, não é ofensivo ao princípio da igualdade,
por isso que o art. 4° da mencionada Lei no 7.787/89 cuidou
de tratar desigualmente aos desiguais.III- As Leis 7.787/89,
art. 3°, 11, e 8.212/91, art. 22, 11, definem, satisfatoriamente,
todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação

5 STF, AI-AgR 439713/MG, Rei. Min. Celso de Mello, 2• T., DJ de 14/1112003.

77 Prova 03
Direito Previdenciário Cespe

tributária válida. O fato de a lei deixar para o regulamento a


complementação dos conceitos de "atividade preponderante"
e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao
princípio da legalidade genérica, C. F., art. 5°, li, e da legalida-
de tributária, C. F., art. 150, I. IV- Se o regulamento vai além
do conteúdo da lei, a questão não é de inconstitucionalidade,
mas de ilegalidade, matéria que não integra o contencioso
constitucional. V- Recurso extraordinário não conhecido. 6

Gabarito: errado.

93. É desnecessária a edição de lei complementar para a majoração de alíquota da


contribuição para o financiamento da seguridade social. O conceito de receita
bruta sujeita à incidência dessa contribuição envolve não só aquela decorrente da
venda de mercadorias e da prestação de serviços, como também a soma das re-
ceitas oriundas do exercício de outra~> atividades empresariais.

( ) certo ( ) errado

A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS,


com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas
no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou
classificação contábil (Lei 10.833/2003, art. 1°, caput). Assim, a base de cál-
culo compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações
em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa
jurídica (Lei 10.833/2003, art. 1°, § 1°).
De acordo com o caput do art. 195 da Constituição Federal, a seguridade
social será financiada por toda a sociedade, de·form.a direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada


na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

6 STF, RE 343446/SC, Rei. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ de 04/04/2003.

Hugo Goes 78
Procurador Federai/AGU/2010

b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro.
11 - do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social;
Ill - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.

O § 4° do art. 195 da Constituição Federal ainda prevê que "a lei poderá
instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I". Ou seja, além das
contribuições sociais previstas nos quatro incisos do caput do art. 195 da
Constituição Federal, outras fontes de custeio da seguridade social poderão
ser instituídas. Trata-se, aqui, das chamadas contribuições residuais. Para
que estas contribuições sejam instituídas, é necessário que se obedeça ao
disposto no art. 154, I, da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:

Art. 154. A União poderá instituir:


I- mediante lei complementar, impostos não previstos no ar-
tigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição. [...]

Assim, se a contribuição para a seguridade social estiver prevista nos quatro


incisos do art. 195 da Constituição Federal, ela poderá ser instituída me-
diante lei ordinária. Em caso contrário, só poderá ser instituída mediante
lei complementar. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STF:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.


CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS
JURIDICAS. Lei no 7.689, de 15.12.88. I- Contribuições para-
fiscais: contribuições sociais, contribuições de intervenção
e contribuições corporativas. CF, art. 149. Contribuições
sociais de seguridade social. CF, arts. 149 e 195. As diversas
espécies de contribuições sociais.
li - A contribuição da Lei no 7.689, de 15.12.88, é uma
contribuição social instituída com base no art. 195, I, da

79 Prova 03
Direito Previdenciário Cespe

Constituição. As contribuições do art. 195, I. II, III, da Cons-


tituição, não exigem, para a sua instituição, lei complementar.
Apenas a contribuição do parágrafo 4° do mesmo art. 195 é
que exige, para a sua instituição, lei complerr_entar, dado que
essa instituição deverá observar a técnica da competência
residual da União (CF, art. 195, § 4°; CF, art. 154, I) [.. .].7

A questão ora comentada refere-se à COFINS. Trata-se de contribuição social


instituída com base no art. 195, I, "b", da Constituição Federal. Assim, a lei
instituidora da COFINS é ordinária. Se a contribuição pode ser instituída
por lei ordinária, sua alíquota também pode ser majorada por lei ordinária.
Portanto, é desnecessária a edição de lei complementar para a majoração de
alíquota da COFINS.
Gabarito: certo.

A respeito dos benefícios previdenciários, julgue os itens seguintes.


94. Por apresentarem pressupostos fáticos e fatos geradores distintos, não há veda-
ção legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefí-
cio da aposentadoria por invalidez.

( ) certo ( ) errado

Nos ~ermos do art. 124 da Lei 8.213/91, "salvo no caso de direito adquiri-
do, rião é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da
Previdência Social: (I) aposentadoria e auxílio-doença; (II) mais de uma
aposentadoria; (III) aposentadoria e abono de permanência em serviço; (IV)
salário-maternidade e auxílio-doença; (V) mais de um auxílio-acidente;
(VI) mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado
o direito de opção pela mais vantajosa".
Assim, é pacífico o entendimento que a lei previdenciária não impede a
cumulação dos proventos de aposentadoria com a pensão por morte, tendo
em vista serem benefícios com pressupostos fáticos e fatos geradores diver-
sos.8 Nesse sentido, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência
dos Juizados Especiais Federais editou a seguin:e súmula:

7 STF, RE 138284/CE, Rei. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 'liJ/12/92. Na época em que esta deci-
são foi proferida, o art. 195 da CF só tinha três incisos. O inciso IV foi incluído pela EC 42/2003.
8 STJ, AgRg no REsp 1180036/RS, Rei. Min. Haroldo Rodrigues, 6' T., DJe 28/06/2010.

HugoGoes 80
Procurador Federal/AGU/201 O

Súmula 36: não há vedação legal à cumulação da pensão por


morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria
por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos
geradores distintos.

Gabarito: certo.

95. De acordo com entendimento da Turma Nacional de Uniformização da Juris-


prudência dos Juizados Especiais Federais, para fins de aposentadoria especial,
o uso de equipamento de proteção individual, no caso de exposição a ruído, ape-
nas descaracterizará o tempo de serviço especial prestado se houver a elimina-
ção da insalubridade.

( ) certo ( ) errado

De acordo com Súmula 9 da Turma Nacional de Uniformização de Jurispru-


dência dos Juizados Especiais Federais, "o uso de Equipamento de Proteção
Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a
ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado".
Gabarito: errado.

96. Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os seguintes segurados: o em-


pregado, o trabalhador avulso e o especial.

( ) certo ( ) errado

Na época em que esta prova foi aplicada (ano de 2010), somente podiam
beneficiar-se do auxílio-acidente os seguintes segurados: (a) empregado; (b)
trabalhador avulso; e (c) segurado especial.
Mas a Lei Complementar 150/2015 assegurou ao empregado doméstico o di-
reito ao auxílio-acidente. Atualmente, os segurados que podem beneficiar-se
do auxílio-acidente são os seguintes: (a) empregado; (b) trabalhador avulso;
(c) empregado doméstico e (d) segurado especial (Lei 8.213/91, art. 18, § 1°).
Na data em que foi aplicada, esta questão foi considerada como certa, mas,
se fosse aplicada hoje, ela seria considerada como errada.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

81 Prova 03
Direito Previdenciário Cespe

97. Independe de carência a concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-


-família, auxílio-acidente, serviço social, reabilitação profissional e salário-materni-
dade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e contribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

Independe de carência a concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão,


salário-família, auxílio-acidente, serviço social e reabilitação profissional
(Lei 8.213/91, art. 26, I, IV e V).
No tocante ao salário-maternidade, a concessão independe de carência apenas
para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica
(Lei 8.213/91, art. 26, VI). Para as seguradas contribuinte individual, especial
e facultativa, o período de carência do salário-maternidade é de 10 contri-
buições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, III).
Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo
de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual
ao número de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS,
art. 26, § 1°). Assim, será devido o saládo-maternidade à segurada especial,
desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses
imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua (RPS,
art. 93, § 2°). Portanto, não se exige da segurada especial que tenha recolhido
10 contribuições mensais, bastando que tenha exercido a atividade rural nos
últimos 10 meses anteriores ao parto ou à data do requerimento do benefício.
Em caso de parto antecipado, o período de carência (quando exigido) será
reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em
que o parto foi antecipado (Lei 8.213, art. 25, parágrafo único).
Gabarito: errado.

Hugo Goes 82
Procurador Federal! AGU/201 O

No que concerne à legislação acidentária, ao benefício de prestação continuada


previsto na Lei de Organização da Assistência Social e jurisprudência dos tribu-
nais superiores, julgue os itens que se seguem .
... 98. Para fins de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se inca-
paz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a famí-
lia cuja renda mensal per capita seja inferior a um quarto do salário-mínimo.
Esse critério, de acordo com entendimento do STF, apesar de ser constitucional,
pode ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade
do indivíduo e de sua família.

( ) certo ( ) errado

O benefício de prestação continuada é o benefício mais importante da assis-


tência social. Esse benefício, previsto no art. 203, V, da Constituição Federal,
é regulamentado pelos arts. 20 e 21 da LOAS.
O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais e
que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de
tê-la provida por sua família.
Pa~a efeito da análise do direito ao benefício, serão consideradas como família
incapacitada de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou
idosa aquela cujo cálculo da renda per capita, que corresponde à soma da
renda mensal bruta de todos os seus integrantes, dividida pelo número total
de membros que compõem o grupo familiar, seja inferior a um quarto do
salário mínimo (Lei 8.742/93, art. 20, § 3°). ·

O Supremo Tribunal Federal, pelo seu Plenário, DJ de


1°/06/2001, no julgamento da ADI 1.232/DF, relator para o
acórdão o Min. Nelson Jobim, decidiu no sentido da consti-
tucionalidade do art. 20, § 3°, da Lei no 8.742/93, que exige a
comprovação da renda familiar mensal per capita inferior a l:.4
do salário mínimo para a concessão do benefício assistencial
do art. 203, V, da Constituição Federal (STF, RE 459.002, Rel.
Min. Carlos Velloso, DJ 09/09/2005).

83 Prova 03
Direito Previdenciário Cespe

Contudo, no STJ há decisões entendendo que essa delimitação do valor da


renda familiar per capita não deve ser tida como único meio de prova da con-
dição de miserabilidade do beneficiado. Nesse sentido, confira-se o seguinte
julgado:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALÍNEA "C"


DA CF. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.
POSSIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE
MISERABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR OUTROS MEIOS DE
PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR
FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. A CF/88 prevê em seu art. 203, caput e inciso V a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal, indepen-
dente de contribuição à Seguridade Social, à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
.de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei. 2. Regulamentando o
comando constitucional, a Lei no 8.742/93, alterada pela Lei
no 9.720/98, dispõe que será devida a concessão de benefício
assistencial aos idosos e às pessoas portadoras de deficiência
que não possuam meios de prover à própria manutenção,
ou cuja família possua renda mensal per capita inferior a
1/4 (um quarto) do salário mínimo. 3. O egrégio Supremo
Tribunal Federal, já declarou, por maioria de votos, a cons-
titucionalidade dessa limitação legal relativa ao requisito
econômico, no julgamento da ADI 1.232/DF (Rei. para o
acórdão Min. Nelson Jobim, DJU 1.6.2001). 4. Entretanto,
diante do compromisso constitucional com a dignidade da
pessoa humana, especialmente no que se refere à garantia
das condições básicas de subsistência física, esse dispositivo
deve ser interpretado de modo a amparar irrestritamente ao
cidadão social e economicamente vulnerável. 5. A limitação
do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada
a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros
meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para
se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente
a miserabilidade quando comprovada a renda per capita
inferior a 1/4 do salário mínimo. 6. Além disso, em âmbito
judicial vige o princípio do livre convencimento motivado
do Juiz (art. 131 do CPC) e não o sistema de tarifação legal

Hugo Goes 84
t"TUl.UfdUUf rt:!'Ut:!'l dl/ t\\.JU/ LV I U

de provas, motivo pelo qual essa delimitação do valor da


renda familiar per capita não deve ser tida como único meio
de prova da condição de miserabilidade do beneficiado. De
fato, não se pode admitir a vinculação do Magistrado a de-
terminado elemento probatório, sob pena de cercear o seu
direito de julgar. 7. Recurso Especial provido. 9

Gabarito: certo.

99. A alíquota da contribuição para o SAT deve corresponder ao grau de risco da ati-
vidade desenvolvida em cada estabelecimento da empresa, individualizado por
seu CNPJ. Possuindo esta um único CNPJ, a alíquota da referida exação deve cor-
responder à atividade preponderante por ela desempenhada.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.212/91, art. 22, II, a contribuição da empresa para o
financiamento do benefício da aposentadoria especial e daqueles concedidos
em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho (RAT), sobre o total das remunerações pagas
ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhado-
res avulsos, é de: (a) 1% (uni.por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; (b)
2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse
risco seja considerado médio; (c) 3% (três por cento) para as empresas em
cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.
Esta contribuição ficou conhecida pela sigla SAT (Seguro de Acidente do
Trabalho) em razão da redação original do art. 22, li, da Lei 8.212/91, que tra-
tava, simplesmente, da contribuição para o financiamento das prestações por
acidente de trabalho. Mas, na redação atual deste dispositivo legal (redação
dada pela Lei 9.732/98), esta contribuição é destinada ao financiamento do
benefício da aposentadoria especial e daqueles concedidos em razão do grau
de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho. Por isso, nesta obra, vamos tratar desta contribuição empregando
a sigla RAT, por considerá-la, tecnicamente, mais correta.

9 STJ, REsp 1112557/MG, Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 3' Seção, DJe 20/11/2009.

85 Prova 03
Direito Previdenciário Cespe

As alíquotas são de 1%, 2% ou 3%, dependendo do grau de risco de acidentes


do trabalho da atividade, observarão as seguintes regras estabelecidas pela
IN RFB 971/2009, art. 72, §1 o:

I - o enquadramento nos correspondentes graus de risco é de


responsabilidade da empresa, e deve ser feito mensalmente,
de acordo com a sua atividade econômica preponderante,
conforme a Relação de Atividades Preponderantes e Corres-
pondentes Graus de Risco, elaborada com base na CNAE,
prevista no Anexo V do RPS, obedecendo às seguintes
disposições:
a) a empresa com 1 (um) estabelecimento e uma única ativi-
dade econômica, enquadrar-se-á na respectiva atividade;
b) a empresa com estabelecimento único e mais de uma
atividade econômica, simulará o enquadramento em
cada atividade e prevalecerá, como preponderante, aquela
que tem o maior número de segurados empregados e
trabalhadores avulsos;
c) a empresa com mais de 1 (um) estabelecimento e com
mais de 1 (uma) atividade econômica deverá apurar a
atividade preponderante em cada estabelecimento, na
forma da alínea "b", exceto com relação às obras de
construção civil, para as quais será observado o inciso
III deste parágrafo.
d) os órgãos da Administração Pública Direta, tais como
Prefeituras, Câmaras, Assembleias Legislativas, Secre-
tarias e Tribunais, identificados com inscrição no CNPJ,
enquadrar-se-ão na respectiva atividade; e
e) a empresa de trabalho temporário enquadrar-se-á na
atividade com a descrição "7820-5/00 Locação de Mão
de Obra Temporária";
II - considera-se preponderante a atividade econômica que
ocupa, no estabelecimento, o maior número de segurados
empregados e trabalhadores avulsos, observado que na
ocorrência de mesmo número de segurados empregados e
trabalhadores avulsos em atividades econômicas distintas,
será considerada como preponderante aquela que correspon-
der ao maior grau de risco;

Hugo Goes 86
Procurador Federal/AGU/201 o

Ili - a obra de construção civil edificada por empresa cujo


objeto social não seja construção ou prestação de serviços na
área de construção civil será enquadrada no código CNAE e
grau de risco próprios da construção civil, e não da atividade
econômica desenvolvida pela empresa; os trabalhadores alo-
cados na obra não serão considerados para os fins do inciso I;
IV - verificado erro no autoenquadramento, a RFB adotará
as medidas necessárias à sua correção e, se for o caso, cons-
tituirá o crédito tributário decorrente.

Acerca do enquadramento das empresas para fins de recolhimento do SAT,


o STJ editou da seguinte súmula:

Súmula 351 - A alíquota de contribuição para o Seguro de


Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco de-
senvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ,
ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando
houver apenas um registro.

O enunciado da questão ora comentada corresponde ao disposto na Súmula


351 do STJ. Gabarito: certo.

100. A competência para julgar ações de indenização por danos morais e materiais
decorrentes de acidente de trabalho propostas pelo trabalhador, após a edição da
Emenda Constitucional no 45/2004, é da justiça comum estadual.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o inciso VI do art. 114 da Constituição Federal, compete


à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações de indenização por dano
moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho. No julgamento
do Conflito de Competência 7.204, o STF, em sessão plenária, definiu a
competência da Justiça Trabalhista, a partir da EC 45/2004, para julgamento
das ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de
acidente do trabalho. 10 Assim, as ações promovidas pelo empregado em face
do empregador postulando indenização pelos danos morais ou patrimoniais
sofridos em decorrência de acidente do trabalho serão processadas e julgadas

10 STF, CC 7204/MG, Rei. Min. Carlos Britto, DJ 09/12/2005, p. S.

87 Prova 03
Direito Previdenciário Cespe

pela Justiça do Trabalho. Mas as ações promovidas pelo segurado em face


do INSS, postulando benefício previdenciário decorrente de acidente do tra-
balho, mesmo após a EC 45/2004, continuam sendo julgadas e processadas,
em ambas as instâncias, pela Justiça Estadual.
A questão ora comentada não versa sobre ações do segurado em face do INSS.
Na verdade, a questão cuida de ações de indenização por danos morais e
materiais decorrentes de acidente de trabalho ajuizadas pelo empregado em
face do empregador. A competência para julgar estas ações é da Justiça do
Trabalho, e não da justiça comum estadual.
Gabarito: errado.

HugoGoes 88
Com base no direito previdenciário, julgue os itens de 116 a 121.
116. Caso a CF previsse que determinado benefício previdenciário deveria abran-
ger somente os empregados urbanos, rurais e trabalhadores avulsos, norma
infraconstitucional posterior que fosse editada estendendo o benefício aos
contribuintes individuais, com a precedente fonte de custeio, deveria ser con-
siderada constitucional.

( ) certo ( ) errado

Nos termos do § 5° do art. 195 da Constituição Federal, "nenhum benefício


ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido
sem a correspondente fonte d~ custeio total". Esse dispositivo constitucional
tem como objetivo assegurar o equilíbrio financeiro da seguridade social: o
caixa da seguridade social só pode pagar o benefício se existir dinheiro para
isso. Perceba-se que esse princípio aplica-se não somente à previdência social,
mas à seguridade social como um todo. Assim, será inconstitucional a lei que
criar, majorar ou estender um benefício, previdenciário ou assistencial, sem
também criar a respectiva fonte de custeio. Porém, havendo a correspondente
fonte de custeio total, a lei (norma infraconstitucional) poderá criar, majorar
ou estender benefícios ou serviços da seguridade social.
Como exemplo, pode ser citado o benefício da aposentadoria especial, que
abrangia apenas empregados e trabalhadores avulsos e, por força da Lei
10.666/2003, art. 1°, foi estendido ao cooperado filiado à cooperativa de
trabalho e de produção que trabalha sujeito a condições especiais que pre-
judiquem a sua saúde ou a sua integridade física. Para financiar a extensão
da aposentadoria especial ao cooperado, a Lei 10.666/2003, art. 1°, §§ 1o e 2°,
instituiu as seguintes fontes de custeio:

89
Direito Previdenciário Cespe

§ 1o Será devida contribuição adicional de nove, sete ou cinco


pontos percentuais, a cargo da empresa tomadora de serviços
de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente
sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação
de serviços, conforme a atividade exercida pelo cooperado
permita a concessão de aposentadoria especial após quinze,
vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.
§ 2° Será devida contribuição adicional de doze, nove ou
seis pontos percentuais, a cargo da cooperativa de produção,
incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao
cooperado filiado, na hipótese de exercício de atividade que
autorize a concessão de aposentadoria especial após quinze,
vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

Gabarito: certo.

117. A qualidade de segurado obrigatório está insitamente ligada ao exercício de ativi-


dade remunerada, com ou sem vínculo empregatício, de modo que, para um indi-
víduo ser considerado segurado obrigatório, a remuneração por ele percebida pelo
exercício da atividade deve ser declarada e expressa, e não meramente presumida.

( ) certo ( ) errado

Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para


a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações (RPS,
art. 20). Para os segurados obrigatórios, a filiação à previdência social decorre
automaticamente do exercício de atividade remunerada (RPS, art. 20, § 1°).
Mas para o trabalhador ser segurado obrigatório da previdência social não é
necessário que a remuneração por ele percebida pelo exercício da atividade
seja expressamente declarada. Havendo a prestação do serviço, presume-se
que a remuneração é devida ao trabalhador.
Se, por exemplo, o empregado prestar o serviço ao empregador, mesmo que
não receba o seu devido salário, ele será segurado obrigatório da previdên-
cia social. Neste caso, incidirá contribuição previdenciária sobre o valor da
remuneração devida ao empregado (Lei 8.212/91, art. 22, I).
Gabarito: errado.

Hugo Goes 90
Defensor Público Federai/DPU/201 O

118. Suponha que João, servidor público federal aposentado, tenha sido eleito síndico
do condomínio em que reside e que a respectiva convenção condominial não pre-
veja remuneração para o desempenho dessa função. Nesse caso, João pode filiar-se
ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS) na condição de segurado facultati-
vo e formalizar sua inscrição com o pagamento da primeira contribuição.

( ) certo ( ) errado

É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de


segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência
(CF, art. 201, § 5°). A filiação como segurado facultativo também não poderá
ocorrer para o servidor público aposentado, qualquer que seja o regime de
previdência social a que esteja vinculado (IN INSS 77/2015, art. 55,§ 4°, II).
O síndico de condomínio, quando remunerado, é segurado obrigatório do
RGPS como contribuinte individual (Lei 8.213/91, art. 11, V, "f"). Caso ele não
receba remuneração direta, mas seja isento da taxa condominial, também será
contribuinte individual, pois essa isenção corresponde a uma remuneração
indireta destinada a retribuir o seu trabalho. H Já o síndico que, além de não
ser remunerado, paga a taxa de condomínio não é segurado obrigatório,
podendo ser, se assi:n desejar, segurado facultativo (RPS, art. 11, § 1°, II).
Na situação hipotétka apresentada na questão em comento, João é síndico de
condomínio não remunerado, mas não pode filiar-se ao RGPS na condição
de segurado facultathro, pois é servidor público aposentado. Se, na condição de
síndico, for isento da taxa de condomínio, João será segurado obrigatório
como contribuinte individual. Gabarito: errado.

119. Considere que Pedro explore, individualmente, em sua propriedade rural, ativida-
de de produtor agropecuário em área contínua equivalente a 3 módulos fiscais, em
região do Pantanal matogrossense, e que, durante os meses de dezembro, janeiro e
fevereiro de cada ano, explore atividade turística na mesma propriedade, fornecen-
do hospedagem rústica. Nessa situação, Pedro é considerado segurado especial.

( ) certo ( ) errado

11 STJ, REsp 411832/RS, Rei. Mcn. Francisco Falcão, 1• T., DJ 19/12/2005, p. 211.

91 Prova 04
D,ireito Previdenciário Cespe

A Lei 8.213/91, art. 11, VII, define o segurado especial nos seguintes termos:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas:
[... )
VII - como segurado especial: a pessoa física residente no
imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a
ele que, individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor,
assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário
ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas
atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2°
da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas
atividades o principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da
pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 ·
(dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do se-
gurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que,
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar
respectivo.

Não descaracteriza a condição de segurado especial a exploração da atividade


turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de
120 (cento e vinte) dias ao ano (Lei 8.213/91, art. 11, § 8°, li).
Diante do exposto, pode-se afirmar que, na situação hipotética apresentada
na questão em comento, Pedro é considerado segurado especial (Lei 8.213/91,
art. 11, VII, "a.l", c/c§ 8°, li).
Gabarito: certo.

HugoGoes 92
Defensor Público Federai/DPU/201 O

120. Considere que Lucas tenha exercido, individualmente, de modo sustentável, du-
rante toda a vida, a atividade de seringueiro na região amazônica, tendo os frutos
dessa atividade sido sua única fonte de renda. Após o falecimento dele, os herdei-
ros - demonstrados os pressupostos de filiação - poderão requerer a inscrição de
Lucas, como segurado especial, no RGPS.

( ) certo ( ) enado

Filia-se obrigatoriamente ao RGPS como segurado especial, entre outros,


aquele que explora atividade de seringueiro ou extrativista vegetal que
exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2° da
Lei 9.985/2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida (Lei 8.213/91,
art. 11, VII, "a.2").
Entende-se por extrativismo o sistema de exploração baseado na coleta e ex-
tração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis (Lei 9.985/2000,
art. 2°, XII). Uso sustentável é a expio ração do ambiente de maneira a garantir
a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma so-
cialmente justa e economicamente viável (Lei 9.985/2000, art. 2°, XI).
Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscrição post mortem do
segurado especial (RPS, art. 18, § 5°). Para os demais segurados, é vedada a
inscrição post mortem.
Diante do exposto, pode-se afirmar que, na situação hipotética apresentada
na questão em comento, Lucas é considerado segurado especial (Lei 8.213/91,
art. 11, VII, "a.2"). Também é correto afirmar que, após o falecimento de
Lucas, os seus dependentes - demonstrados os pressupostos de filiação -
poderão requerer a sua inscrição, como segurado especial, no RGPS (RPS,
art. 18, § 5°).
Gabarito: certo.

121. Para fins previdenciários, a principal diferença entre empresa e empregador do-
méstico é que a primeira se caracteriza por exercer atividade exclusivamente com
fins lucrativos, e o segundo, não.

( ) certo ( ) errado

93 Prova 04
Direito Previdenciário Cespe

Para fins previdenciários, a Lei 8.212/91, art. 15, define empresa e empregador
doméstico nos seguintes termos:

Art. 15. Considera-se:


I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume
o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins
lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da admi-
nistração pública direta, indireta e fundacional;
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite
a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
Parágrafo único. Equipara-se a empresa, para os efeitos
desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado
que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação
ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão
diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras.

O conceito de empresa, para a previdê~cia social, é mais amplo do que o


previsto em outros ramos do Direito (como o Direito Comercial, Tributário,
Civil e Trabalhista). Para o Direito Previdenciário, o importante é a existência
de vínculo de prestação de serviço, empregatício ou não, com os segurados
obrigatórios. Assim, até as pessoas jurídicas de direito público estão incluídas
no conceito de empresa.
Note-se que, para fins previdenciários, até mesmo um órgão público é con-
siderado empresa. Assim, uma prefeitura municipal, por exemplo, tem as
mesmas obrigações previdenciárias que são exigidas de uma empresa privada
(elaborar folha de pagamento e GFIP, escriturar a contabilidade, descontar a
contribuição dos segurados, recolher as contribuições previdenciárias etc.),
Portanto, a referência aos órgãos e às entidades públicas destina-se a evidenciar
a responsabilidade destes quanto às contribuições previdenciárias incidentes
sobre a remuneração dos segurados do RGPS que lhes prestarem serviço.
Em suma, para fins previdenciários, toda pessoa jurídica (seja de direito pú-
blico ou privado; tenha fins lucrativos ou não) é considerada (ou equiparada
a) empresa. Adicionalmente, há dois casos em que pessoas físicas podem ser
equiparadas a empresa: o contribuinte individual e o proprietário ou dono
de obra de construção civil, ambos somente com relação ao segurado que
lhe presta serviço (RPS, art. 12, IV).

HugoGoes 94
Defensor Público Federai/DPU/201 o

O empregador doméstico é necessariamente pessoa física, pois a pessoa jurí-


dica não possui empregado doméstico. É importante salientar que o empre-
gador doméstico, perante a previdência social, não é equiparado a empresa.
A atividade exercida pelo empregado doméstico não pode gerar lucro para o
empregador. Além disso, o serviço tem que ser prestado no âmbito residencial
do empregador doméstico.
Gabarito: errado.

Em relação aos institutos de direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.


122. A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo no 4.682/1923), considerada o marco da Pre-
vidência Social no Brasil, criou as caixas de aposentadoria e pensões das empresas
de estradas de ferro, sendo esse sistema mantido e administrado pelo Estado.

( ) certo ( ) errado

Em termos de legislação nacional, a doutrina majoritária considera como


marco inicial da previdência social brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto
Legislativo 4.682, de 24/01/1923). Esta lei instituiu as Caixas de Apqsentadoria
e Pensões (CAPs) para os ferroviários. Assegurava, para esses trabalhado-
res, os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária
(equivalente à atual aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por
morte e assistência médica. Os beneficiários eram os empregados e diaristas
que executavam serviços de caráter permanente nas empresas de estrada
de ferro existentes no país. 12 Os regimes das CAPs erain organizados por
empresa. Na década de 20, do século passado, as CAPs ganharam populari-
dade e proliferaram-se, chegando ao número de 183 (cento e oitenta e três).
A primeira empresa a criar urna caixa de aposentadoria e pensões foi a Great
Western do Brasil. Atualmente, comemora-se o aniversário da previdência
social brasileira no dia 24 de janeiro, em alusão à Lei Eloy Chaves.
É verdade que antes da Lei Eloy Chaves foram editadas algumas leis conce-
dendo aposentadorias para algumas categorias de trabalhadores (professores,
empregados dos Correios, servidores públicos etc.). Todavia, não podemos
considerar tais aposentadorias como verdadeiramente pertencentes a um
regime previdenciário, já que os beneficiários não contribuíam durante
o período de atividade. Essas aposentadorias eram concedidas de forma

12 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade SociaL 17' ed. São Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.

gc; Prova 04
Direito Previdenciário Cespe

graciosa pelo EstadoP A Lei Eloy Chaves ficou conhecida como marco inicial
da Previdência Social Brasileira devido ao de3envolvimento e à estrutura que
a previdência passou a ter depois do seu advento.
A administração das CAPs ficava a cargo dcs empregadores. O Estado, me-
diante lei, apenas estabelecia as regras de funcionamento. A administração
estatal da previdência social somente passou 3. ocorrer a partir do surgimento
dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Gabarito: errado.

123. A jurisprudência consolidou o entendimento de que a concessão da pensão por


morte é regida pela norma vigente ao tempo da implementação da condição fá-
tica necessária à concessão do benefício, qual seja, a data do óbito do segurado.

( ) certo ( ) errado

Na redação original do art. 75 da Lei 8.213/91, o valor da pensão por morte era
80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou a que teria direito,
se estivesse aposentado na data do seu falecimento, mais tantas parcelas de
10% do valor da mesma aposentadoria quantos forem os seus dependentes, até
o máximo de 2 (duas). A Lei 9.032/95 fixou a pensão por morte em 100% do
salário de benefício. A atual regra de cálculo foi instituída pela Lei 9.528/97.
Diante das diversas mudanças nas regras de cálculo, saliente-se que "a lei
aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na
dat.a do óbito do segurado" (Súmula 340 do STJ). Nesse sentido, confira-se
o seguinte julgado do STF:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSTO PELO


INSS, coM FUNDAMENTO No ART. 102, III, "À', DA CoNs-
TITUIÇÃo FEDERAL, EM FACE DE AcÓRDÃO DE TURMA
RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO: PENSÃO POR MORTE (=-E! N° 9.032, DE 28 DE
ABRIL DE 1995). 1. No caso concreto, a recorrida é pensionista
do INSS desde 04/10/1994, recebendo através do benefício
no 055.419.615-8, aproximadamente o valor de R$ 948,68.
Acórdão recorrido que determinou a revisão do benefício de
pensão por morte, com efeitos financeiros correspondentes à
integralidade do salário de benefícios da previdência geral,

13 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João B"tista. Manual de direito previdenciário. 6• ed.
São Paulo: LTr, 2005, p. 50.

HugoGoes 96
uerensor t"UUIILU reuea a11 LJr u1 Lv, v

a partir da vigência da Lei no 9.032/1995. 2. Concessão do


referido benefício ocorrida em momento anterior à edição
da Lei no 9.032/1995. No caso concreto, ao momento da con-
cessão, incidia a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. (...) 15.
Salvo disposição legislativa expressa e que atenda à prévia
indicação da fonte de custeio total, o benefício previdenciário
deve ser calculado na forma prevista na legislação vigente à
data da sua concessão. A Lei no 9.032/1995 somente pode ser
aplicada às concessões ocorridas a pa~tir de sua entrada em
vigor. 16. No caso em apreço, aplica-se o teor do art. 75 da
Lei no 8.213/1991 em sua redação ao momento da concessão
do benefício à recorrida. 17. Recurso conhecido e provido
para reformar o acórdão recorrido. 14

Gabarito: certo.

124. A aposentadoria por tempo de contribuição sofre constantes ataques da doutri-


na, e número razoável de especialistas defende sua extinção, o que se deve ao fato
de esse benefício não ser tipicamente previdenciário, pois não há, nesse caso, ris-
co social sendo protegido, já que o tempo de contribuição não gera presunção de
incapacidade para o trabalho.

( ) certo ( ) errado

A legislação atual não condiciona a aposentadoria por tempo de contribuição


ao afastamento da atividade laboral, razão por que muitos dos que se apo-
sentam voltam ou continuam a trabalhar. A possibilidade de acumulação de
aposentadoria com renda do trabalho é um obstáculo adicional a que traba-
lhadores mais jovens consigam uma oportunidade no mercado de trabalho.
Assim, fica claro que no fato gerador da aposentadoria por tempo de con-
tribuição não há uma presunção de incapacidade para o trabalho, já que o
aposentado pode continuar trabalhando. Nesse benefício, não há um risco
social (doença, acidente, invalidez, morte, idade avançada etc.) a ser coberto.
Esta é a razão pela qual número razoável de especialistas alega que esse bene-
fício não é tipicamente previdenciário, defendendo, portanto, sua extinção.
A aposentadoria por tempo de contribuição (antiga aposentadoria por tem-
po de serviço) foi originariamente formatada em uma sociedade na qual a

14 STF, RE 415454/SC, Rei. Min. Gilmar Mendes, Úrgão Julgador: Tribunal Pleno, DJ 26/10/2007.

97 Prova 04
Direito Previdenciário Cespe

expectativa de vida não ultrapassava, em média, os 50 anos de idade. Ocorre


que, com o crescimento da expectativa de vida do brasileiro, verificada nos
últimos decênios, exigir-se apenas tempo de contribuição tornou-se inviável.
De modo geral, a sobrevi da do segurado tem levado a que o sistema pague a
prestação por muito mais tempo do que originalmente se previa. Esse é um
fator que vem conduzindo a relação entre custeio e benefício a uma situação
de desequilíbrio, circunstância que nem mesmo a nova regra proibitiva da
contagem fictícia do tempo de contribuição poderia equacionar e que tem
levado a que, atualmente, a duração média das aposentadorias, no Brasil,
supere os 20 anos, maior do que a observada na maioria dos países desenvol-
vidos. Ou seja, vive-se no Brasil um período mais longo, como aposentado,
do que nesses países, embora aqui se tenha, como regra, uma vida mais curta.
Diante do exposto, a maioria dos especialistas em previdência defende que se
introduza no sistema a idade mínima como um dos requisitos da aposenta-
doria por tempo de contribuição, proposta que, embora objeto de consenso
no Direito Comparado, tem dividid9 opiniões em âmbito nacional, razão por
que não alcançou aprovação até o presente momento. Como se sabe, para a
ocorrência dessa aprovação, é necessário emenda constitucional, proposição
que exige aprovação por maioria qualificada de 3/5 dos parlamentares em
dois turnos de votação.
No comentário da questão em tela, foi exposta a posição defendida pela
maioria dos especialistas em previdência social. Ficou demonstrado que o
enunciado da questão corresponde a esta opinião majoritária, por isso a afir-
mativa foi considerada como certa. Vale frisar, porém, que não há consenso
acerca deste tema, pois além do ponto de vista técnico, esta é uma questão
que envolve ideologia política, relacionada com a manutenção ou extinção
dos direitos previdenciários dos trabalhadores brasileiros. Assim, questões
deste tipo não deveriam ser cobradas em prova de concurso, pois força o
candidato a alinhar-se a uma determinada posição político-ideológica.
Gabarito: certo.

HugoGoes 98
Defensor Público Federai/DPU/201 o

125. Quanto à filiação do segurado obrigatório à previdência social, vigora o princí-


pio da automaticidade, segundo o qual a filiação desse segurado decorre, automa-
ticamente, do exercício de atividade remunerada, independentemente de algum
ato seu perante a previdência social. A inscrição, ato material de registro nos ca-
dastros da previdência social, pode ser concomitante ou posterior à filiação, mas
nunca, anterior.

( ) certo ( ) errado

Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para


previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações (RPS,
art. 20). Para o segurado obrigatório, a filiação decorre automaticamente,
do exercício de atividade remunerada (RPS, art. 20, § 1°).
Inscrição é a formalização do cadastramento do segurado no Regime Geral
de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros
elementos necessários e úteis à sua caracterização (RPS, art. 18). Pode-se
dizer que a inscrição é o ato que materializa a filiação.
Para o segurado obrigatório, a inscrição pode ser concomitante ou posterior
à filiação, mas nunca anterior.
Para o segurado facultativo, a filiação decorre da inscrição formalizada com
o pagamento da primeira contribuição. Assim, para o segurado facultativo,
primeiro ocorre a inscrição. Mesmo já estando inscrito, o segurado facultativo
somente estará filiado depois de pagar a primeira contribuição.
Vale frisar, porém, que a questão ora comentada refere-se, exçlusivamente,
ao segurado obrigatório.
Gabarito: certo.

99 Prova 04
73. João, que era casado com Maria e tinha um filho menor não emancipado chama-
do Júnior, exercia, quando veio a falecer, atividade abrangida pelo RGPS, como
empregado de uma fábrica há oito meses, recebendo, nesse período, um salário
de R$ 700,00. Morava ainda com o casal e o filho menor a mãe de João.
Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Maria, sua sogra .e Júnior não têm direito à p~nsão por morte, porque João, que
trabalhou apenas oito meses, não completou a carência, que é o número mínimo
de contribuições mensais indispensáveis à concessão de benefício previdenciário.
b) Para se habilitarem à pensão por morte, Maria, Júnior e a mãe de João preci-
sam comprovar que dependiam economicamente de João.
c) Caso seja requerida apen~s por Maria, a pensão por morte será concedida a
partir do dia do óbito de João, independentemente da data do requerimento.
d) Aplica-se o fator previdenciár~o no cálculo da renda mensal inicial da pensão
por morte, que é feito com base no salário-de-benefício da aposentadoria que
seria devida a João na data do seu falecimento.
e) Se Maria, sua sogra e Júnior requererem pensão por morte, o benefício será
concedido apenas a Maria e Júnior, em partes iguais, sendo que a parte de
cada um poderá ser menor que um salário mínimo.

Alternativa A - A concessão do benefício de pensão por morte independe


de carência (Lei 8.213/91, art. 26, I).
Alternativa B - Para fins previdenciários, os dependentes preferenciais são
o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente (Lei 8.213/91, art. 16, I). Para estes, a dependência
econômica é presumida (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°). Assim, para se habilitarem
à pensão por morte, Maria (esposa do segurado falecido) e Júnior (filho do

101
Direito Previdenciário Cespe

segurado falecido) não precisam comprovar que dependiam economicamente


de João, pois tal dependência é presumida.
Os dependentes de segunda classe são os pais; dependente de terceira classe
é o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou in-
válido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei 8.213/91, art. 16, li
e III). A dependência econômica dos dependentes de segunda e terceira classes
deve ser comprovada (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°).
A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às
prestações os das classes seguintes (Lei 8.213/91, art. 16, § 1°). Na questão
em tela, há dependentes de primeira classe (Maria e Júnior). Assim, a mãe
de João, dependente de segunda classe, não terá direito à pensão por morte.
Alternativa C- De acordo com o art. 74 da Lei 8.213/91, a pensão por morte
será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposen-
tado ou não, a contar da data: (I) do óbito, quando requerida até trinta dias
depois deste; (II) do requerimento, quando requerida após o prazo previsto
no inciso anterior; (III) da decisão judicial, no caso de morte presumida.
Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR


MORTE. TERMO INICIAL. ART. 74 DA LEI N° 8.213/1991. 1.
Segundo a compreensão firmada neste Superior Tribunal de
Justiça, tratando-se de benefício de pensão por morte cujo
requerimento tenha sido formulado após o decurso do prazo
de trinta dias do óbito, o seu termo inicial deve ser fixado na
data do pleito administrativo. 2. Agravo regimental a que se
nega provimento. 15

Alternativa D - O fator previdenciário será calculado considerando-se a


idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado
ao se aposentar (Lei 8.213/91, art. 29, § 7°). O fator previdenciário somente
poderá incidir no cálculo de dois benefícios: aposentadoria por tempo de
contribuição e aposentadoria por idade (Lei 8.213/91, art. 29, I).
Portanto, não se aplica o fator previdenciário no cálculo da renda mensal
inicial da pensão por morte.

15 STJ, AgRg no REsp 1181655/RS, Rel. Min. Haroldo Rodrigues, 6• T .. DJe 30/08/2010.

HugoGoes 102
Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

O valor mensal da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria


que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado
por invalidez na data de seu falecimento (Lei 8.213/91, art. 75). Assim, se o se-
gurado falecido já era aposentado, a renda mensal inicial da pensão por morte
será de 100% do valor da aposentadoria que ele recebia. Mas, se o segurado
não era aposentado, o valor da pensão por morte será de 100% do valor da
aposentadoria que ele teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data
de seu falecimento. Vale dizer, se o segurado falecido não era aposentado, para
efeito de cálculo da pensão por morte, utiliza-se a mesma regra de cálculo da
aposentadoria por invalidez, que corresponde a 100% do salário de benefício.
Alternativa E - Como visto no comentário da alternativa B, a pensão por
morte será devida somente a Maria (esposa do segurado falecido) e a Júnior
(filho do segurado falec:do), pois estes são dependentes preferenciais. A mãe
de João não terá direito ao benefício, pois é dependente de segunda classe.
A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre
todos em parte iguais (Lei 8.213/91, art. 77). No caso em tela, a pensão por
morte será rateada em partes iguais entre Maria e Júnior (50% para cada
um). Reverterá em favc-r dos demais a parte daquele cujo direito à pensão
cessar (Lei 8.213/91, art. 77, § 1°). Assim, quando Júnior completar 21 anos
de idade (ou se antes disso ele emancipar-se ou morrer), a sua cota individual
reverterá em favor de Maria. Com a extinção da parte do último pensionista,
a pensão extinguir-se-á (Lei 8.213/91, art. 77, § 3°).
O valor global da pensto por morte não poderá ser inferior a? valor dosa-
lário mínimo. Mas, quando há mais de um pensionista dividindo a mesma
pensão, a cota individual que cada um receberá poderá ser menor que um
salário mínimo.
Gabarito: E

103 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

74. Com relação ao reajustamento do valor dos benefícios, ao tempo de serviço para
fins previdenciários e à carência, assinale a opção correta.

a) O reconhecimento da atividade exercida como especial é disciplinado pela lei


vigente à época da prestação do serviço, por força do princípio ternpus regit
acturn, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do
trabalhador, não se aplicando retroativamente legislação nova mais restritiva.
b) No primeiro reajuste da renda mensal inicial da aposentadoria concedida na
vigência da Lei n° 8.213/1991, deve-se aplicar integralmente o índice oficial de
correção, independentemente do mês de concessão do benefício previdenciário.
c) O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei no 8.213/1991 não será
considerado para efeito de carência, mas poderá ser computado como tempo
de contribuição, para efeito de aposentadoria, mediante o recolhimento das
respectivas contribuições.
d) As contribuições que o segurado contribuinte individual pagar em atraso
não serão consideradas para efeito de carência nem serão computadas como
tempo de contribuição para efeito de aposentadoria, ainda que comprovado
o exercício de atividade abrangida pela previdência social.
e) O trabalho infantil é repudiado pelo ordenamento jurídico brasileiro, de acor-
do com a CF, de modo que é inadmissível a contagem do trabalho rural em
regime de economia familiar antes dos quatorze anos de idade, para efeito de
aposentadoria.

Alternativa A - A caracterização e a comp:-ovação do tempo de atividade


sob condições especiais obedecerão ao disposto na legislação em vigor na
época da prestação do serviço (RPS, art. 70, § 1°). As regras de conversão
de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade co-
mum aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período. Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado do STJ:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMEN-


TAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO
DE SERVIÇO. LABOR PRESTADO EM CO::-!DIÇÕES ESPECIAIS.
CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. POSSIBILIDADE. 1. A teor da
jurisprudência do STJ, o trabalhador que tenha efetivamente
exercido sua atividade laboral em condições especiais, ainda
que posteriores a maio de 1998, tem direito adquirido, prote-
gido constitucionalmente, à conversão do tempo de serviço,

Hugo Goes 104


Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

de forma majorada, para fins de aposentadoria. 2. Agravo


regimental a que se nega provimento. 16

Alternativa B - Obtida a renda mensal inicial do benefício, este valor deve


ser reajustado periodicamente de modo a preservar o valor real do benefício.
De acordo com o disposto no § 4° do art. 201 da Constituição Federal, "é
assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei".
Em obediência a esse dispositivo constitucional, o art. 41-A da Lei 8.213/91
determina que o valor dos benefícios em manutenção seja reajustado, anual-
mente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com
suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no
Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Para benefícios que
estão sendo reajustados pela primeira vez, o índice será aplicado de forma
proporcional entre a data da concessão e. a do primeiro reajustamento.
Alternativa C- O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior
à data de início de vigência da Lei 8.213/91 (antes de novembro de 1991), será
computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência (Lei 8.213/91, art. 55, § 2°).
Nesse sentido, confira-se, o seguinte julgado do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA


POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE RURAL EXERCIDA ANTES
DA LEI N° 8.213/91. CONTRIBUIÇÃO. DESNECESSIDADE. 1. A
legislação previdenciária permite a contagem do tempo de
serviço efetivamente prestado em atividade rural, antes da
Lei no 8.213/91, sem o recolhimento das respectivas contri-
buições, para fins de obtenção de aposentadoria por tempo de
serviço, exceto para efeito de carência. 2. Para que o segurado
faça jus à aposentadoria por tempo de serviço somando-se
o período de atividade agrícola com o trabalho urbano sem
contribuição, impõe-se que a carência tenha sido cumprida
durante o tempo de serviço como trabalhador urbano. 3.
Agravo regimental improvidoY

16 STJ, AgRg no REsp 746102/SP, Rei. Min. OG Fernandes, 6• T., DJe 07/12/2009.
17 STJ, AgRg no REsp 706790/PR, Rei. Min. Paulo Gallotti, 6' T., DI 13/06/2005, p. 373.

105 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa D- Caso o segurado contribuinte individual manifeste interesse em


recolher contribuições relativas a período anterior à sua inscrição, a retroação
da data do início das contribuições será autorizada, desde que comprovado o
exercício de atividade remunerada no respectivo período (RPS, art. 124). Estas
contribuições contarão como tempo de contribuição, mas não contarão para
efeito de carência, pois no caso de contribuinte individual, especial e facultativo,
para cômputo do período de carência, só serão consideradas as contribuições
realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem
atraso (Lei 8.213/91, art. 27, II). No entanto, sendo paga a primeira contribuição
sem atraso, as contribuições referentes a competências posteriores, mesmo que
sejam pagas com atraso, serão consideradas para efeito de carência.
Vale frisar que, para os segurados contribuinte individual, especial e facul-
tativo, o período contribuitivo anterior à data do recolhimento da primeira
contribuição sem atraso não conta para efeito de carência, mas conta como
tempo de contribuição.

Alternativa E- O limite mínimo de idade para ingresso no RGPS do segu-


rado obrigatório que exerce atividade urbana ou rural, do facultativo e do
segurado especial, é o seguinte:

I- até 14 de março de 1967, véspera da vigência da Consti-


tuição Federal de 1967, quatorze anos;
II- de 15 de março de 1967, data da vigência da Constituição
Federal de 1967, a 4 de outubro de 1988, véspera da promul-
gação da Constituição Federal de 1988, doze anos;
III- a partir de 5 de outubro de 1988, data da promulgação
da Constituição Federal de 1988 a 15 de dezembro de 1998,
véspera da vigência da Emenda Constitucional no 20, de 1998,
quatorze anos, exceto para menor aprendiz, que conta com
o limite de doze anos, por força do art. 7° inciso XXXIII da
Constituição Federal; e

HugoGoes 106
Promotor de Justiça/MPE-ES/201 o

IV- a partir de 16 de dezembro de 1998, data da vigência da


Emenda Constitucional no 20, de 1998, dezesseis anos, exceto
para menor aprendiz, que é de quatorze anos, por força do
art. 1° da referida Emenda, que alterou o inciso XXIII do
art. 7° da Constituição Federal de 1988.

Se, por exemplo, dos 1:2. aos 14 anos de idade, nos anos de 1986 a 1987, o segurado
exerceu trabalho rural. esse período será computado como tempo de contribui-
ção, independentemente do recolhimento das contribuições a ele corresponden-
tes, exceto para efeito de carência (Lei 8.213/91, art. 55, § 2°). Gabarito: A

75. Assinale a opção correta referente ao direito previdenciário.

a) Suponha que Caio tenha requerido, administrativamente, em 10/8/2009, o


benefício de auxílio-doença, que foi indeferido pelo INSS, motivo pelo qual
ajuizou, em 14/11/2009, uma ação ordinária pleiteando o referido benefício,
sendo que o laudo médico pericial, juntado aos autos em 20/2/2010, reconhe-
ceu a incapacidade de Caio. Nessa situação hipotética, o termo inicial do auxí-
lio-doença a ser concedido judicialmente será o dia 14/11/2009.
b) Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo
de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e ur-
bana, hipótese na qual os diversos regimes de previdência social se compen-
sarão financeiramente; entretanto, é vedada a contagem de tempo de serviço
público com o de atividade privada, quando concomitantes.
c) Consoante a jurisprudência do STJ, o requisito da renda familiar per capita infe-
rior a um quarto do salário mínimo, previsto na Lei no 8.742/1993 para conces-
são do benefício de prestação continuada, de caráter assistencial, consubstância
um critério legal absoluto, impediente de que o julgador faça uso de outros ele-
mentos probatórios para comprovar a condição de miserabilidade da família.
d) As ações judiciais relativas a acidente do trabalho são de competência da justiça
comum estadual, nos termos da Lei n° 8.213/1991. Desse modo, é correto afirmar
que a ação regressiva, ajuizada pelo INSS contra o empregador, pleiteando ressar-
cimento dos gastos relativos a pagamento de benefício de aposentadoria por inva-
lidez decorrente de acidente do trabalho, não é de competência da justiça federal.
e) Considere que Pedro, que exercia atividade remunerada abrangida pela pre-
vidência social, tenha sofrido um acidente e, em decorrência disso, recebido
auxílio-doença por 24 meses. Nessa situação hipotética, é correto afirmar que
ele manteve a qualidade de segurado durante todo o período em que recebeu
o auxílio-doença, desde que ele tenha comprovado a situação de desempre-
gado pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego.

107 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa A - O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a


contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos
demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto
ele permanecer incapaz (Lei 8.213/91, art. 60). Mas, quanqo requerido após
o trigésimo dia do afastamento da atividade, o auxílio-doença será devido
a contar da data da entrada do requerimento (Lei 8.213/91, art. 60, § 1°).
O ST] tem entendido que, havendo indeferimento do benefício em âmbito
administrativo, o termo inicial do auxílio-doença a ser concedido judicialmente
será a data do requerimento. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL DO BE-
NEFÍCIO. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRECEDENTES.
AGRAVO IMPROVIDO. 1. Havendo indeferimento do benefício
em âmbito administrativo, o termo inicial dos benefícios
previdenciários de auxílio-acidente, auxílio-doença e apo-
sentadoria por invalidez fixar-se-á na data do requerimento.
Precedentes do STJ. 2. Agravo regimental improvido. 18

Na situação hipotética apresentada na questão ora analisada, com base no


entendimento do STJ supramencionado, o termo inicial do auxílio-doença
a ser concedido judicialmente seria o dia 10/08/2009 (data do requerimento
administrativo).
Alterna~iva B - De acordo com o § 9° do art. 201, da Constituição FederaL
"para ef~ito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão
financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei". 19
A previdência social é composta por dois regimes básicos: o RGPS e os
regimes próprios de previdência. A pessoa que, por exemplo, contribuiu
durante um determinado período para o RGPS e que, posteriormente, se
filiou a um regime próprio, para se aposentar pelo regime próprio, poderá
computar o seu tempo de contribuição para o RGPS. Na situação inversa,
o segurado também terá assegurada a contagem recíproca. Nesses casos,

18 STJ, AgRg no Ag 1107008/MG, Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, S• T., DJe 15/03/2010.
19 A compensação financeira entre os regimes de previdência foi regulamentada pela Lei 9.796/99.

Hugo Goes 108


Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

para fins de concessão dos benefícios, os diferentes regimes de previdência


se compensarão financeiramente.
Nos termos do art. 96 da Lei 8.213/91, o tempo de contribuição será contado
de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes:

I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras


condições especiais;
11 - é vedada a contagem de tempo de serviço público com
o de atividade privada, quando concomitantes;
Ill - não será contado por um sistema o tempo de serviço
utilizado -para concessão de aposentadoria pelo outro;
IV- o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatorieda-
de de filiação à Previdência Social só será contado mediante
indenização da contribuição correspondente ao período
respectivo, com acréscimo de juros moratórios de 0,5% ao
mês e multa de 10%.

A aposentadoria resultante de contagem recíproca de tempo de contribuição


será concedida e paga pelo regime previdenciário a que o interessado estiver
vinculado ao requerê-la, e calculada na forma da respectiva legislação (Lei
8.213/91, art. 99).
Alternativa C - "O Supremo Tribunal Federal, pelo seu Plenário, DJ de
!0/06/2001, no julgamento da ADI 1.232/DF, relator para o acórdão o Min.
Nelson Jobim, decidiu no sentido da constitucionalidade do art. 20, § 3°, da
Lei 8.742/93, que exige a comprovação da renda familiar mensal per capita
inferior a 14 do salário mínimo para a concessão do benefício assistencial
do art. 203, V, da Constituição Federal" (STF, RE 459.002, Rei. Min. Carlos
Velloso, DJ 09/09/2005).
Contudo, no STJ há decisões entendendo que essa delimitação do valor
da renda familiar per capita não deve ser tida como único meio de prova
da condição de miserabilidade do beneficiado. Nesse sentido, confira-se o
seguinte julgado:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALÍNEA "c"


DA CF. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTEN-
CIAL. POSSIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE
MISERABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR OUTROS MEIOS DE

109 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR


FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. A CF/88 prevê em seu art. 203, caput e inciso V a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal, indepen-
dente de contribuição à Seguridade Social, à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei. 2. Regulamentando o
comando constitucional, a Lei no 8.742/93, alterada pela Lei
no 9.720/98, dispõe que será devida a concessão de benefício
assistencial aos idosos e às pessoas portadoras de deficiência
que não possuam meios de prover à própria manutenção,
ou cuja família possua renda mensal per capita inferior a
1/4 (um quarto) do salário mínimo. 3. O egrégio Supremo
Tribunal Federal, já declarou, por maioria de votos, a cons-
titucionalidade dessa limitação legal relativa ao requisito
econômico, no julgamento da ADI 1.232/DF (Rel. para o
acórdão Min. Nelson Jobim, DJU 1.6.2001). 4. Entretanto,
diante do compromisso constitucional com a dignidade da
pessoa humana, especialmente no. que se refere à garantia
das condições básicas de subsistência física, esse dispositivo
deve ser interpretado de modo a amparar irrestritamente ao
cidadão social e economicamente vulnerável. S. A limitação
do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada
a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros
meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para
se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente
a miserabilidade quando comprovada a renda per capita
inferior a 1/4 do salário mínimo. 6. Além disso, em âmbito
judicial vige o princípio do livre convencimento motivado
do Juiz (art. 131 do CPC) e não o sistema de tarifação legal
de provas, motivo pelo qual essa delimitação dô v:alor da
renda familiar per capita não deve ser tida como único meio
de prova da condição de miserabilidade do beneficiado. De
fato, não se pode admitir a vinculação do Magistrado a de-
terminado elemento probatório, sob pena de cercear o seu
direito de julgar. 7. Recurso Especial provido. 20

20 STJ, REsp 1112557/MG, Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 3• Seção, DJe 20/11/2009.

Hugo Goes 110


Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

Alternativa D - Em relação às lides previdenciárias derivadas de acidente de


trabalho, promovidas pelo trabalhador em face do INSS, a competência para
julgar e processar é da Justiça Comum Estadual. Dessa forma, as ações que
objetivem a concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou
auxílio-acidente, decorrentes de acidente do trabalho, devem ser ajuizadas
perante a Justiça Estadual, com recursos aos Tribunais de Justiça. Até mesmo
ações relativas a revisão de benefício de origem acidentária devem ser ajuizadas
perante a Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

EMENTA: COMPETÊNCIA. AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO


ACIDENTÁRIO. JuSTIÇA COMUM ESTADUAL. ART. 109, INC. I,
DA CONSTITUIÇAO FEDERAL. A teor do disposto no art. 109,
inc. I, da Constituição Federal, a competência da Justiça Esta-
dual para julgar lide de natureza acidentária envolve também
a revisão do próprio benefício. Precedente do Plenário: RE
176.532-1. Recu::so extraordinário conhecido e provido. 21

Ressalte-se, porém, que o art. 120 da Lei 8.213/91 determina que "nos casos
de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho
indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
ação regressiva contra os responsáveis". Neste caso, o INSS ajuizará ação
regressiva em face do empregador perante a Justiça Federal (CF, art. 109, I).
Nesta situação específica, o empregador não se exime de sua responsabili-
dade pelo fato de a Previdência Social ter honrado prestações decorrentes
da incapacidade gerada pelo acidente do trabalho.
Alternativa E- Há sit.Iações nas quais o segurado, mesmo sem exercer ati-
vidade remunerada e sem recolher contribuições, mantém a qualidade de
segurado por certo período. É o que se chama período de graça ou manutenção
extraordinária da qualidade de segurado.
De acordo com o art. 13 do Regulamento da Previdência Social (e com o
art. 15 da Lei 8.213/91). mantém a qualidade de segurado, independentemente
de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;


II- até doze meses após a cessação de benefício por incapacida-
de ou" após a cessação das contribuições, o segurado que deixar

21 STF, RE 264560/SP, Rei. Min. Ilmar Galvão, 2• T., DJ 10/08/2000.

111 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência


social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
III - até doze meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até doze meses após o livramento, o segurado detido
ou recluso;
V - até três meses após o licenciamento, o segurado incor-
porado às Forças Armadas para prestar serviço militar; e
VI - até seis meses após a cessação das contribuições, o
segurado facultativo.

De acordo com o art. 15, I, da Lei 8.213/91, quem está em gozo de benefício
mantém a qualidade de segurado sem limite de prazo, independentemente de
contribuições. Por exemplo, se o segurado está em gozo de auxílio-doença,
mesmo sem estar contribuindo para a previdência, ele está com a qualidade
de segurado mantida. Neste caso, para manter a qualidade de segurado, não
será exigida comprovação de situação de desemprego. Gabarito: B

76. Considerando a jurisprudência do STF e do STJ, assim como o que dispõe a CF


e a legislação previdenciária, assinale a opção correta.

a) Conforme a jurisprudência do STF, em se tratando de auxílio-reclusão, be-


nefício previdenciário concedido para os dependentes dos segurados de bai-
xa renda, nos termos da CF, a renda a ser observada para a concessão é a dos
dependentes e não a do segurado recolhido à prisão.
b) Consoante a jurisprudência do STJ, é devida a incidência da contribuição pre-
videnciária sobre os valores pagos pela empresa ao segurado empregado du-
rante os quinze primeiros dias que antecedem a concessão de auxílio-doença.
c) De acordo com a jurisprudência do STF, a contribuição nova para o financia-
mento da seguridade social, criada por lei complementar, pode ter a mesma
base de cálculo de imposto já existente.
d) A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das
aposentadorias por tempo de contribuição e especial, desde que o segurado
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido
para efeito de carência na data do requerimento do benefício.
e) Entre os princípios da previdência social enumerados na CF incluem-se a
universalidade da cobertura e do atendimento; a uniformidade e equivalên-
cia dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; e a descentrali-
zação, com direção única em cada esfera de governo.

HugoGoes 112
Promotor de Justiça/MPE-ES/201 o

Alternativa A - O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da


pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não
receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de
aposentadoria ou de abono de permanência em serviço (Lei 8.213/91, art. 80).
O inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, na redação dada pela EC
20/98, restringiu a concessão do auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda. De acordo com o art. 13 da Emenda Constitucional
20/98, "até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão
para os servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão
concedidos apenas aqueles que tenham renda bruta mensal igual ou infe-
rior a R$ 360,00, que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos
índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social". Os
R$ 360,00 citados pelo art. 13 da EC 20, corrigidos pelos mesmos índices
de reajuste aplicados aos demais benefícios do RGPS, correspondem, atual-
mente, a R$1.089,72. 22
Vale frisar que a renda do segurado preso é a que deve ser utilizada como
parâmetro para a concessão do benefício, e não a de seus dependentes. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CoNSTITUCIONAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO
DOS CONTEMPLADOS P,ELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍ-
CIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA.
RESTRIÇÃO INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDA-
DE FUNDADA NA RENDA DO SEGURADO PRESO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I- Segundo decorre do art. 201,
IV, da Constituição, a renda do segurado preso é a que deve
ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício
e não a de seus dependentes. 11 - Tal compreensão se extrai
da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998,
que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio-
-reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar
a efetiva necessidade dos beneficiários. III - Diante disso,
o art. 116 do Decreto 3.048/1999 não padece do vício da

22 Valor atualizado, a parti: de 1•/0l/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

113 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

inconstitucionalidade. IV - Recurso extraordinário conhe-


cido e provido. 23

Assim, para que os dependentes tenham direito ao auxílio-reclusão é ne-


cessário que o segurado: (a) tenha sido recolhido à prisão; (b) não receba
remuneração da empresa; (c) não esteja em gozo de auxílio-doença, aposen-
tadoria ou abono de permanência em serviço; e (d) desde que o seu último
salário de contribuição seja igual ou inferior a R$1.089,72.
Alternativa B - Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afas-
tamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral (Lei 8.213/91, art. 60, § 3°).
Veja que, durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de
doença, o que a empresa paga ao empregado é o seu salário integral. Mesmo
assim, o STJ, de forma reiterada, tem entendido que não incide contribuição
previdenciária sobre a referida verba. Ou seja, a lei determina que a verba
paga ao empregado é salário, mas o STJ entende que ela não tem natureza
salarial. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍ-


LIO-DOENÇA. NÃo INCIDÊNCIA. 1. O STJ pacificou o entendi-
mento de que não incide Contribuição Previdenciária sobre
a verba paga pelo empregador ao empregado durante os
primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença,
porquanto não constitui salário. 2. Recurso Especial provido. 24

Alternativa C- De acordo com o caput do art. 195 da Constituição Federal, a


seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indi-
reta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada


na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

23 STF, RE 587365/SC, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 084, de 07/05/2009.


24 STJ, REsp 1181405 I RS, Rei. Min. Herman Benjamin, 2• T., DJe 06/04/2010.

Hugo Goes 114


Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro.
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social.
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.

O § 4° do art. 195 da Constituição Federal ainda prevê que "a lei poderá
instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I". Ou seja, além das
contribuições sociais previstas nos quatro incisos do caput do art. 195, da
Constituição Federal, outras fontes de custeio da seguridade social poderão
ser instituídas. Trata-se, aqui, das chamadas contribuições residuais. Para
que estas contribuições sejam instituídas, é necessário que se obedeça ao
disposto no art. 154, I, da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:

Art. 154. A União poderá instituir:


I- mediante lei complementar, impostos não previstos no ar-
tigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição.
[... ]

O STF entende que, com relação às novas contribuições para a seguridade


social, aplica-se somente a primeira parte do inciso I, do artigo 154, da
Carta Magna. Ou seja, contribuição para a seguridade social que não esteja
prevista nos quatro incisos do art. 195 da CF só pode ser criada mediante lei
complementar. Pode, contudo, ter base de cálculo e fato gerador idênticos
aos de impostos. No tocante à não cumulatividade, o STF entende que essa
exigência só pode dizer respeito à técnica de tributação que afasta a cumu-
latividade em impostos polifásicos como o ICMS e o IPI. A cumulatividade
não ocorre em contribuição cujo ciclo de incidência é monofásico. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

EMENTA: Contribuição social. Constitucionalidade do artigo


1o, I, da Lei Complementar no 84/96. -O Plenário desta Corte,

115 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

ao julgar oRE 228.321, deu, por maioria de ·.rotos, pela cons-


titucionalidade da contribuição social, a cargo das empresas
e pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, incidente sobre a
remuneração ou retribuição pagas ou creditadas aos segura-
dos empresários, trabalhadores autônomos, avulsos e demais
pessoas físicas, objeto do artigo 1°, I, da Le: Complementar
no 84/96, por entender que não se aplica às contribuições
sociais novas a segunda parte do inciso I do artigo 154 da
Carta Magna, ou seja, que elas não devam ter fato gerador
ou base de cálculos próprios dos impostos discriminados
na Constituição. - Nessa decisão está ínsi:a a inexistência
de violação, pela contribuição social em causa, da exigência
da não cumulatividade, porquanto essa exigência - e é este,
aliás, o sentido constitucional da cumulatividade tributária
- só pode dizer respeito à técnica de tributação que afasta a
cumulatividade em impostos como o IC!V.:S e o IPI- e cumu-
'latividade que, evidentemente, não ocorre em contribuição
dessa natureza cujo ciclo de incidência é monofásico -, uma
vez que a não cumulatividade no sentido de sobreposição de
incidências tributárias já está prevista, em caráter exaustivo,
na parte final do mesmo dispositivo da Carta Magna, que
proíbe nova incidência sobre fato gerador o·.1 base de cálculo
próprios dos impostos discriminados nest& Constituição. -
Dessa orientação não divergiu o acórdão recorrido. Recurso
extraordinário não conhecido. 25

Em suma, se a contribuição para a seguridc.doe social estiver prevista nos


quatro incisos do art. 195 da Constituição Federal, ela poderá ser instituída
mediante lei ordinária. Em caso contrário, só poderá ser instituída mediante
lei complementar. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STF:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.


CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS
JURIDICAS. Lei no 7.689, de 15.12.88. I- Contribuições para-
fiscais: contribuições sociais, contribuições de intervenção
e contribuições corporativas. CF, art. 149. Contribuições
sociais de seguridade social. CF, arts. 149 e 195. As diversas
espécies de contribuições sociais. 11 - A contribuição da Lei
no 7.689, de 15.12.88, é uma contribuição social instituída

25 STF, RE 258470/RS, Rei. Min. Moreira Alves, 1• T., DJ 12/05/200Q

HugoGoes 116
Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

com base no art. 195, I, da Constituição. As contribuições


do art. 195, I, li, III, da Constituição, não exigem, para a
sua instituição, lei complementar. Apenas a contribuição
do parágrafo 4° do mesmo art. 195 é que exige, para a sua
instituição, lei complementar, dado que essa instituição
deverá observar a técnica da competência residual da União
(CF, art. 195, § 4°; CF, art. 154, I). Posto estarem sujeitas a lei
complementar do art. 146, III, da Constituição, porque não
são impostos, não há necessidade de que a lei complementar
defina o seu fato gerador, base de cálculo e contribuintes
(CF, art. 146, III, "a"). III - Adicional ao imposto de renda:
classificação desarrazoada. IV - Irrelevância do fato de a
receita integrar o orçamento fiscal da União. O que importa é
que ela se destina ao financiamento da seguridade social (Lei
no 7.689/88, art. 1°). V- Inconstitucionalidade do art. 8°, da
Lei no 7.689/88, por ofender o princípio da irretroatividade
(CF, art, 150, III, "a") qualificado pela inexigibilidade da
contribuição dentro no prazo de noventa dias da publicação
da lei (CF, an. 195, § 6°). Vigência e eficácia da lei: distinção.
VI - Recurso Extraordinário conhecido, mas improvido,
declarada a inconstitucionalidade apenas do artigo 8° da
Lei no 7.689, de 1988. 26

Alternativa D- Conforme o caput do art. 3° da Lei 10.666/2003, "a perda da


qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentado-
rias por tempo de contribuição e especial". Sobre estas duas aposentadorias,
esse dispositivo legal afastou a aplicação do parágrafo único do art. 24, da
Lei 8.213/91, in verbis:

Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as


contribuições anteriores a essa data só serão computadas para
efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da
nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um
terço) do número de contribuições exigidas para o cumpri-
mento da carência definida para o benefício a ser requerido.

26 STF, RE 138284/CE, Rei. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 28/12/92. Na época em que esta deci-
são foi proferida, o art. 195 da CF só tinha três incisos. O inciso IV foi incluído pela EC 42/2003.

117 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

Esse dispositivo não se aplica às aposentadorias por tempo de contribuição e


especial, pois a partir da vigência da Lei 10.666/2003, a perda da qualidade de
segurado não será considerada para a concessão destes benefícios. Conclui-se,
portanto, que quando se trata de aposentadoria por tempo de contribuição e
especial, as contribuições efetuadas antes da perda da qualidade de segurado
sempre serão contadas para fins de carência.
Para que o disposto no caput do art. 3° da Lei 10.666/2003 seja aplicado, não
é necessário que o segurado já conte com o tempo de contribuição correspon-
dente ao da carência das aposentadorias por tempo de contribuição e especial.
Alternativa E- Os princípios constitucionais da seguridade social, enumera-
dos no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal, são os seguintes:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;


11 - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
às populações urbanas e rurais;
'
111 - seletividade e distributividade na prestação dos bene-
fícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da adminis-
tração, mediante gestão quadripartite, com participação
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados.

Tais princípios regem não só a previdência social, mas a seguridade social


como um todo, que compreende um conjunto integrado de ações de inicia-
tiva dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social (CF, art. 194, caput).
"Descentralização, com direção única em cada esfera de governo" é uma das
diretrizes do sistema único de saúde (CF, art. 198, I). Portanto, este não é
um princípio da seguridade social, nem da previdência social, mas da saúde.
Gabarito: C

Hugo Goes 118


Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

77. Acerca dos institutos de direito previdenciário e da jurisprudência relacionada


ao tema, assinale a opção correta.

a) Ao indivíduo que tenha sofrido acidente de trabalho e implementado todos os


requisitos necessários à concessão de aposentadoria por invalidez, mas não pos-
sua salários de contribuição no período básico de cálculo, será concedida apo-
sentadoria por invalidez com renda mensal no valor de um salário mínimo.
b) Antes do Decreto Legislativo no 4.682, de 24/1/1923, conhecido como Lei Eloy
Chaves, não existia nenhuma legislação em matéria previdenciária no Brasil.
Por esse motivo, o dia 24 de janeiro é considerado oficialmente o dia da pre-
vidência social.
c) O trabalhador rural, na condição de segurado especial, está sujeito à contri-
buição obrigatória sobre a produção rural comercializada, que lhe garante,
entre outros benefícios, aposentadoria por invalidez, aposentadoria por ida-
de e aposentadoria por tempo de contribuição.
d) A partir da Lei no 10.839/2004, que deu nova redação ao art. 103 da Lei
no 8.213/1991, prescreve em dez anos, a contar da data em que deveria ter sido
paga, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer res-
tituições ou diferenças devidas pela previdência social.
e) É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado obrigatório, de pessoa
participante de regime próprio de previdência, ainda que servidor ocupante
exclusivamente de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração.

Alternativa A - Qcando decorrente de acidente de qualquer natureza ou


causa, a aposentadoria por invalidez independe de carência (Lei 8.213/91,
art. 26, li). Para as ?restações que independem de carência, exceto salário-
-família e auxílio-acidente, será pago o valor mínimo de benefício (salário
mínimo), quando não houver salário de contribuição no período básico de
cálculo (RPS, art. 32, § 7°).
Na questão ora comentada, a aposentadoria por invalidez é decorrente de
acidente do trabalho. Neste caso, a aposentadoria por invalidez independe
de carência, e, se não houver salário de contribuição no período básico de
cálculo, sua renda :nensal será de um salário mínimo.
Alternativa B - Apesar de não ser o primeiro diploma legal sobre assuntos
securitários, (já havia o Decreto Legislativo 3.724/19, sobre o seguro obriga-
tório de acidente do trabalho), devido ao desenvolvimento posterior da pre-
vidência e a estrutura interna da Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682,
de 24/01/1923), ficou esta conhecida como marco inicial da previdência social
brasileira. Esta lei instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs)

119 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

para os ferroviários. Assegurava, para esses trabalhadores, os benefícios de


aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equivalente à atual
aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte e assistência
médica. Os beneficiários eram os empregados e diaristas que executavam
serviços de caráter permanente nas empresas de estrada de ferro existentes
no país. 27 Os regimes das CAPs eram organizados por empresa, mediante
contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado. Atual-
mente, comemora-se o aniversário da previdência social brasileira no dia 24
de janeiro, em alusão à Lei Eloy Chaves.
Mas antes da Lei Eloy Chaves, além do Decreto Legislativo 3.724/19, já havia
também algumas leis concedendo aposentadorias para algumas categorias
de trabalhadores (professores, empregados dos Correios, servidores públicos
etc.). Assim, não é correto afirmar que antes da Lei Eloy Chaves não existia
nenhuma legislação em matéria previdenciária no Brasil.
Altern.ativa C - Contribuindo apenas sobre a receita bruta proveniente da
comercialização da sua produção, entre outros benefícios, o segurado especial
terá direito à aposentadoria por invalidez e aposentadoria por idade, mas
não terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição. O segurado
especial somente terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição se
contribuir, facultativamente, com alíquota de 20% sobre o salário de contri-
buição. Nesse sentido, confira-se a seguinte súr:mla do STJ:

Súmula 272- O trabalhador rural, na condição de segurado


especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção
rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por
tempo de serviço, se recolher contribuiçõe& facultativas.

De acordo com o art. 25 da Lei 8.212/91, a contribuição do segurado espe-


cial, destinada à Seguridade Social, é de: (I) 2% da receita bruta proveniente
da comercialização da sua produção; (11) O, 1% da receita bruta proveniente
da comercialização da sua produção para financiamento das prestações
por acidente do trabalho.
Além das contribuições obrigatórias incidentes sobre a receita bruta da co-
mercialização da produção, o segurado especial poderá contribuir, facultati-
vamente, com alíquota de 20% sobre o salário de contribuição (Lei 8.212/91,
art. 25, § 1°). Neste caso, o salário de contribuição do segurado especial será

27 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17' ed. São Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.

Hugo Goes 120


Promotor de Justiça/MPE-ES/201 O

o valor por ele declarado (IN RFB 971/2009, art. 55, V). Vale frisar que o
recolhimento de contribuições facultativas sobre o salário de contribuição
não desobriga o segurado especial de continuar contribuindo sobre a receita
bruta da comercialização da produção rural.
Contribuindo, facultativamente, sobre o salário de contribuição, o segurado
especial terá, além dos benefícios que já lhes são assegurados, as seguintes
vantagens: (a) benefícios com valores superiores a um salário mínimo; e (b)
aposentadoria por tempo de contribuição.
Frise-se, contudo, que o recolhimento facultativo de contribuições sobre o
salário de contribuição não assegura ao segurado especial a percepção de
duas aposentadorias, em virtude da proibição legal do recebimento de mais
de uma aposentadoria, razão pela qual somente terá renda mensal superior
ao salário mínimo se contribuir sobre salário de contribuição superior a um
salário mínimo.
O recolhimento de contribuições facultativas, incidentes sobre o salário de
contribuição, não provoca a perda da qualidade de segurado especial. Vale
dizer, o recolhimento destas contribuições não transforma o segurado es-
pecial em segurado facultativo nem em contribuinte individual. Ele poderá
usar a faculdade de contribuir individualmente, mantendo a qualidade de
segurado especial no RGPS (IN RFB 971/2009, art. 10, § lO). Ou seja, ele con-
tribui, facultativamente, como se contribuinte individual fosse, mantendo,
porém, a condição de segurado especial.
Alternativa D - De acordo com a Lei 8.213/91, art. 103, parágrafo único,
"prescreve em cinco anos, a contar da data em qJ.le deveriam ter sido pagas,
toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições
ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores,
incapazes e ausentes, na forma do Código Civil".
Alternativa E- É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio
de previdência (CF, art. 201, §5°).
Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário
ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social (CF,
art. 40, § 13).
Veja que a Constituição Federal não veda a filiação ao RGPS do servidor
ocupante exclusivamente de cargo em comissão. Pelo contrário, a Constituição

121 Prova OS
Direito Previdenciário Cespe

determina a sua filiação obrigatória ao RGPS. Servidor público ocupante


exclusivamente de cargo em comissão não é amparado por regime próprio de
previdência social, por isso vincula-se, obrigatoriamente, ao RGPS.
Caso o servidor ocupante de cargo efetivo, amparado por regime próprio de
previdência social, venha a exercer, concomitantemente, uma ou mais ativi-
dades abrangidas pelo RGPS, tornar-se-á segurado obrigatório em relação a
essas atividades (Lei 8.213/91, art. 12, § 1°). Nesta situação, esta pessoa será
segurada dos dois regimes (próprio e geral) e, caso cumpra os requisitos
previstos em lei, poderá vir a ter duas aposentadorias: uma concedida pelo
RGPS e outra pelo regime próprio .

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,J9,!1,~4im>al~@}Í~ oct1par o cargo efetiv.o d~;#:~<;>cl1r:ª4or ~~À~raVé profe.$" ,
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sor de Diteho de uma universidade privada. Nesta situàç~9,,Joaquim,.em •


.r!lzão, de. exercer ó cargo de procurador fedet1:1l, é segtu'àdo obrigatório
j;:.l-.i_,-; •-.~· ,;:·.r<~ . . ;:._:- . '.;;';_·,.:.··.·-.. ':_:, . ,,.. . ,., .. _:· .. _.·;_J\_~ ••~ ~'i/._.. ';1·.::. ;\;.··._ .i.-- . ~:_.···'
.·.. d9•regim~ j:n:ópiio de previdência da união; e; em:tazãóêde ser professor

~~~:::tlif6~}~~!~~ffi~~)
Gabarito: A

HugoGoes 122
Julgue os itens a seguir, rel;;.tivos às legislações previdenciária e da seguridade social.
116. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefí-
cio de prestação continuada da previdência social, exceto pensão por morte ou
auxílio-acidente.

( ) certo ( ) errado

Conforme o parágrafo único do art. 124 da Lei 8.213/91, "é vedado o re-
cebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de
prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou
auxílio-acidente".
O Regulamento da Previdência Social, art. 167, § 2°, permite o· recebimento
conjunto do seguro-desemprego com os benefícios de pensão por morte,
auxílio-reclusão, auxíliJ-acidente, auxílio-suplementar ou abono de per-
manência em serviço, nos seguintes termos:

§ 2° É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego


com qualquer benefício de prestação continuada da previ-
dência social, ex::eto pensão por morte, auxílio-reclusão,
auxílio-acidente, auxílio-suplementar ou abono de perma-
nência em serviço.

Auxílio-suplementar e abono de permanência em serviço são benefícios que


foram extintos do RGPS, mas, por direito adquirido, algum segurado ainda
pode estar em gozo desse> benefícios.

123
Direito Previdenciário Cespe

Verifica-se que o enunciado da questão em tela corresponde à literalidade


do art. 124, parágrafo único, da Lei 8.213/91, por isso a questão deve ser
considerada como certa.
Gabarito: certo.

117. No que tange à organização da assistência social, compete aos municípios aten-
der às ações assistenciais de caráter emergencial e efetuar o pagamento do auxí-
lio-natalidade e do auxílio-funeral.

( ) certo ) errado

De acordo com o art. 15 da Lei 8.742/93, compete aos municípios: (I) destinar
recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de
que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidas pelos Conselhos MLnici-
pais de Assistência Social; (II) efetuar o pagamento dos auxílios-natalidade
e funeral; (III) executar os projetos de enfrentamento da pobreza, inclLindo
a parceria com organizações da sociedade civil; (IV) atender às ações assis-
tenciais de caráter de emergência; (V) prestar os serviços assistenciais de
que trata o art. 23 desta lei.
Verifica-se, portanto, que é dos municípios a competência para atencer às
ações assistenciais de caráter emergencial e efetuar o pagamento dos auxilias-
-natalidade e funeral.
Gabarito: certo.

118. A equidade na forma de participação no custeio é princípio constitucional atinen-


te à seguridade social, no entanto, as entidades beneficentes de assistência social
que atenderem às exigências estabelecidas em lei serão isentas de contribuição
para a seguridade social.

( ) certo ( ) errado

A equidade na forma de participação no custeio é um dos princípios consti-


tucionais da seguridade social (CF, art. 194, parágrafo único, V). De acordo
com este princípio, quem tem maior capacidade econômica contribuirá com
mais; quem tem menor capacidade contribuirá com menos.
Conforme o art. 195, § 7°, da Constituição Federal, "são isentas de con-
tribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência

H~.;go Goes 124


Procurador Municipal/Boa Vista/RR/201 O

social que atendam às exigências estabelecidas em lei". Atualmente, a isen-


ção das entidades beneficentes de assistência social é regulamentada pela
Lei 12.101/2009.
Gabarito: certo.

119. O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal é segurado obri-


gatório da previdência social como empregado, ainda que seja vinculado a regi-
me próprio de previdência social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, I, "j", entre outros, vincula-se obriga-
toriamente ao RGPS, na condição de segurado empregado, o exercente de
mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a
regime próprio de previdência social.
O servidor público titular de cargo efetivo, amparado por regime próprio
de previdência, permanecerá vinculado ao regime previdenciário de origem
durante o afastamento do cargo efetivo para o exercício de mandato eletivo.
Neste caso, ele não será segurado do RGPS.
__ ,
Exemplo~ \
João. ocupa~te .do cargo efetiyo 4e Delegado de· Polkili F~(ier~k'mas
é
o
àfastou-se do cargo para exercer 111andato de deputadé>;f~deral;·~esti
situação, João continua,. :vinculado ao regime própriô de p're~id.êm:i\l.. da
ÜniãQ; valt!:dizer, continua excluíd~,do RGPS. . · \ · ...

Como visto supra, o servidor ocupante de cargo efetivo, amparado por


regime próprio, que se afasta do cargo para exercer mandato eletivo, con-
tinua vinculado ao regime próprio de origem e, por conseguinte, excluído
do RGPS. Contudo, o exercente de mandato de vereador, que ocupe, conco-
mitantemente, o cargo efetivo e o mandato filia-se ao regime próprio, pelo
cargo efetivo, e ao RGPS, pelo mandato eletivo.

125 Prova 06
Direito Previdenciário Cespe

i;'

::,·\:•
apôsenÚtdorias
' .. (uma: do regime próprio
- ~

Gabarito: errado.

120. Se, durante seu intervalo para refeição, um empregado lesionar um dos seus joe-
lhos enquanto joga futebol nas dependências da empresa, ficando impossibilita-
do de andar, tal evento, nos termos da legislação previdenciária, não poderá ser
considerado como acidente de trabalho.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 21, § L0 , da Lei 8.213/91, nos períodos destinados a


refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades
fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado
no exercício do trabalho.
O caput do art. 21 da Lei 8.213/91 enumera várias situações que se equipa-
ram a acidente do trabalho, entre as quais pode-se citar o acidente sofrido
pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de casos
fortuitos ( Lei 8.213/91, art. 21, II, "e").
Assim, o evento referido na questão ora comentada poderá ser considerado
como acidente de trabalho.
Gabarito: errado.

HugoGoes 126
Em relação à história da previdência no Brasil, julgue os itens que se seguem.
101. As atuais regras constitucionais impedem que os municípios tenham seus pró-
prios institutos de previdência.

( ) certo ( ) errado

Nos termos do art. 40 da Constituição Federal, "aos servidores titulares de


cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência
de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial". .O regime de
previdência de que trata o art. 40 da Constituição Federal é Regime Próprio
de Previdência Social - RPPS.
RPPS é o regime de previdência, estabelecido no âmbito da União, dos esta-
dos, do Distrito Federal e dos municípios, que assegura, por lei, aos servidores
titulares de cargos efetivos, pelo menos, os benefícios de aposentadoria e
pensão por morte previstos no art. 40 da Constituição Federal.
A Lei 9.717/98 dispõe sobre regras gerais para a organização e o funciona-
mento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, dos militares
dos estados e do Distrito Federal.
Portanto, as atuais regras constitucionais permitem que os municípios
(bem como os demais entes da Federação) tenham seus próprios institutos

127
Direito Previdenciário Cespe

de previdência, ou seja, os municípios podem instituir Regime Próprio de


Previdência Social.
Gabarito: errado.

102. Até a década de 50 do século XX, a previdência social brasileira caracterizava-se


pela existência de institutos previdenciários distintos que atendiam a diferentes
setores da economia.

( ) certo ( ) errado

A doutrina majoritária considera como marco inicial da previdência social


brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 24/01/1923). Esta
Lei instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) para os ferroviários.
Assegurava, para esses trabalhadores, os benefícios de aposentadoria por in-
validez;aposentadoria ordinária (equivalente à atual aposentadoria por tempo de
contribuição), pensão por morte e assistência médica. Os beneficiários eram
os empregados e diaristas que executavam serviços de caráter permanente
nas empresas de estrada de ferro existentes no país. 28 Os regimes das CAPs
eram organizados por empresa, mediante contribuições dos trabalhadores,
das empresas do ramo e do Estado.
Até 1930, a tendência era os regimes previdenciários se organizareo por
empresa. A partir daquele ano, no entanto, o sistema passou a se organizar
em tOrno de categorias profissionais. Seguindo essa orientação, em 1933, o
Decreto 22.872 criou o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos
(IAPM); em 1934, o Decreto 24.273 criou o Instituto de Aposentadorias e
Pensões dos Comerciários (IAPC); o Decreto 24.615/34 criou o Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos Bancários (IAPB); a Lei 367/36 criou o
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI); o Decreto
775/38 criou o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em
Transportes e Cargas (IAPTC).
Em 1953, por força do Decreto 34.586 foram unificadas todas as CAPs de
empresa ferroviárias e serviços públicos, surgidas a partir da Lei Eloy Chaves,
dando origem ao Instituto dos Trabalhadores de Ferrovias e Serviços Pú-
blicos (IAPFESP).

28 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17' ed. São Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.

Hugo Goes 128


Analista Judiciário/TRT da 21 • Região/201 O

Em 1954, o Decreto 35.448 aprovou o Regulamento Geral dos Institutos de


Aposentadorias e Pensões, uniformizando todos os princípios gerais apli-
cáveis a todos os institutos de aposentadoria e pensões.
Em 1960, a Lei 3.807, Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), padronizou
o sistema assistencial e criou novos benefícios como o auxílio-natalidade,
auxílio-funeral e auxílio-reclusão. Este diploma não unificou os organismos
existentes, mas criou normas uniformes para o amparo a segurados e de-
pendentes dos vários institutos existentes.
Em 1° de janeiro de 1967, foram unificados os Institutos de Aposentadorias
e Pensões, com o surgimento do Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), criado pelo Decreto-lei 72/66.
Diante do exposto, pode-se afirmar que, até a década de 50 do século XX,
a previdência social brasileira caracterizava-se pela existência de institutos
previdenciários distintos que atendiam a diferentes setores da economia.
A partir da década de 60, com o advento da Lei 3.807 (LOPS), as normas
previdenciárias foram uniformizadas.
Gabarito: certo.

103. Com a criação do Instituto Nacional do Seguro Social, foram unificados, nesse
instituto todos os órgãos estaduais de previdência social.

( ) certo ( ) errado

Em 1977, por meio da Lei 6.439, foi instituído o Sistema Nacional de Previ-
dência e Assistência Social (SINPAS), tendo como objetivo a integração das
atividades da previdência social, da assistência médica e da assistência social.
O SINPAS agregava as seguintes entidades:
• INPS- Instituto Nacional de Previdência Social, que tratava da concessão
e manutenção dos benefícios;
• lAPAS- Instituto de Administração Financeira da Previdência Social, que
cuidava da arrecadação, da fiscalização e da cobrança das contribuições
previdenciárias;
• INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social,
que prestava assistência médica;
• LBA- Fundação Legião Brasileira de Assistência, que prestava assistência
social à população carente;

129 Prova 07
Direito Previdenciário Cespe

• FUNABEM- Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, que executava


a política voltada para o bem-estar do menor;
• DATAPREV- Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social,
que cuida do processamento de dados da previdência Social;
• CEME - Central de Medicamentos, que distribuía medicamentos, gra-
tuitamente ou a baixo custo.

A Lei 8.029, de 12/4/1990, criou o Instituto Nacional do Seguro Social- INSS,


autarquia federal vinculada ao então Ministério do Trabalho e Previdência
Social, mediante a fusão do lAPAS com o INPS.
Veja, portanto, que o INSS não é resultado da unificação de órgãos estaduais
de previdência social, mas da fusão do lAPAS com o INPS.
Gabarito: errado.

Julgue os itens a seguir, no que se refere ao regime geral de previdência social


(RGPS) e ao regime do servidor público.
104. Apesar de serem pessoas jurídicas de direito público, os estados que não tiverem
regime próprio de previdência social devem contribuir para o RGPS.

( ) certo ( ) errado

Os entes da Federação podem instituir regime próprio de previdência social


para os seus servidores ocupantes de cargo efetivo (CF, art. 40, caput). Ao
servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário
ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social (CF,
art. 40, § 13).
Se um ente da Federação não tiver regime próprio de previdência social,
todos os seus servidores, inclusive os ocupantes de cargo efetivo, estarão
vinculados ao RGPS.
Os entes da Federação (União, estados, Distrito Federal e municípios) são
obrigados a pagar contribuição para o RGPS sobre a remuneração dos seus
servidores que sejam amparados por este regime. Vale frisar que, para fins
previdenciários, os órgãos e entidades da administração pública direta, in-
direta e fundacional são considerados como empresas (Lei 8.212/91, art. 15,
I). Assim; sempre que remunerarem segurados do RGPS, serão obrigados a

Hugo Goes 130


Analista Judiciário/TRT da 2P Região/2010

recolher contribuição p::evidenciária incidente sobre o valor destas remu-


nerações (Lei 8.212/91, art. 22).
Portanto, os entes estatais que não tiverem regime próprio de previdência
social são obrigados a recolher contribuição previdenciária incidente sobre
a remuneração de todos os seus servidores.
Gabarito: certo.

105. Um servidor efetivo de determinado município que esteja em pleno exercício de


seu cargo será obrigatoriamente filiado a pelo menos um regime previdenciário,
quer seja o geral se não houver regime próprio, quer seja o dos servidores daque-
le município, se houver.

( ) certo ( ) errado

Os entes da Federação podem instituir regime próprio de previdência social


(RPPS) para os seus servidores ocupantes de cargo efetivo (CF, art. 40, caput).
Se o município possuir RPPS, o servidor ocupante de cargo efetivo estará,
obrigatoriamente, vinculado a este regime previdenciário. Se o município não
possuir RPPS, o servidor, mesmo ocupando cargo efetivo, será amparado pelo
regime geral de previdência social (RGPS). Do ponto de vista previdenciário,
o que não pode é o servidor ficar desamparado.
Gabarito: certo.

Julgue os itens subsequentes, relativos ao regime previdenciário do servidor pú-


blico que exerce cargo em comissão.
106. O servidor estadual que ocupa apenas um cargo em comissão em órgão estatal
deve ser obrigatoriamente contribuinte do RGPS se o estado no qual é servidor
não lhe oferecer cobertura previdenciária.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 13 do art. 40 da Constituição Federal, "ao servidor


ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração bem corno de outro cargo temporário ou de emprego
público, aplica-se o regime geral de previdência social".

131 Prova 07
Direito Previdenciário Cespe

A questão em tela refere-se a um "servidor estadual que ocupa apenas um car-


go em comissão", vale dizer, trata-se de um servidor ocupante, exclusivamen-
te, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Conforme o art. 40, § 13, da CF, este servidor vincula-se obrigatoriamente
ao RGPS, independentemente de o estado no qual ele é.servidor ter ou não
regime próprio de previdência. O estado no qual este servidor trabalha não tem
como lhe oferecer cobertura previdenciária, ou seja, este estado não pode
vincular o referido servidor ao seu regime próprio de previdência social.
O problema desta questão está na expressão "se o estado no qual é servidor
não lhe oferecer cobertura previdenciária", constante na parte final do enun-
ciado. Ela leva o candidato a entender que a assertiva está afirmando que,
caso o estado possua regime próprio, o servidor ocupante exclusivamente
de cargo em comissão poderia vincular-se a este regime. Como o texto é
obscuro, o justo seria anular a questão, mas a banca examinadora optou por
considerá-la como certa.
Gabarito: certo.

107. Se uma pessoa que exerce cargo em comissão for também servidor efetivo domes-
mo órgão federal, deve contribuir para o regime do servidor federal com base no
total de sua remuneração.

( ) certo ( ) errado

O servidor titular de cargo efetivo, filiado a RPPS, que venha a ocupar um


cargo em comissão (chefe de repartição, por exemplo), permanecerá vincu-
lado e contribuindo para o RPPS, não cabendo contribuição para nenhum
outro regime.
No âmbito federal, a contribuição social do servidor público ativo, para a
manutenção do RPPS da União, é de 11% sobre a totalidade da base de con-
tribuição (Lei 10.887/2004, art. 4°, caput). Entende-se como base de contri-
buição o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias
permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter individual ou
quaisquer outras vantagens, excluídas: (I) as diárias para viagens; (11) a ajuda
de custo em razão de mudança de sede; (III) a indenização de transporte; (IV)
o salário-família; (V) o auxílio-alimentação; (VI) o auxílio-creche; (VII) as
parcelas remuneratórias pagas em decorrência de local de trabalho; (VIII)
a parcela percebida em decorrência do exercício de cargo em comissão ou

Hugo Goes 132


Analista JudiciáriorrRT da 2 P Região/201 O

de função de confiança; e (IX) o abono de permanência (Lei 10.887/2004,


art. 4°, § 1°).
O servidor ocupante de cargo efetivo poderá optar pela inclusão na base de
contribuição de parcelas remuneratórias percebidas em decorrência de local
de trabalho, do exercício de cargo em comissão ou de função de confiança, para
efeito de cálculo do benefício a ser concedido (Lei 10.887/2004, art. 4°, § 2°).
Veja que, em regra, as parcelas que são excluídas da base de cálculo da
contribuição não tem natureza remuneratória. Essas rubricas referem-se a
indenizações, ressarcimentos, benefícios previdenciários etc. Mas há duas
rubricas com natureza remuneratória que a lei excluiu da base de incidência
da contribuição: (a) as parcelas remuneratórias pagas em decorrência de local
de trabalho; (b) a parcela percebida em decorrência do exercício de cargo em
comissão ou de função de confiança. Contudo, o servidor poderá optar pela
inclusão destas parcelas na base de contribuição (Lei 10.887/2004, art. 4°, § 2°).
Assim, o servidor ocupante de cargo efetivo que também ocupa cargo em
comissão no mesmo órgão federal pode optar por contribuir sobre: (a) a
remuneração do cargo efetivo; ou (b) o total da remuneração (remuneração
do cargo efetivo mais a parcela percebida em decorrência do exercício de
cargo em comissão).
A questão ora comentada afirma que o servidor ocupante de cargo efetivo
que também ocupa cargo em comissão no mesmo órgão federal deve [é
obrigado a] contribuir para o regime do servidor federal com base no total
de sua remuneração. Na verdade, ele não é obrigado a contribuir sobre o
total da remuneração. Ele é obrigado a contribuir apenas sobre a remune-
ração do cargo efetivo, porém, se ele quiser, também pode contribuir sobre
o total da remuneração (remuneração do cargo efetivo acrescido da parcela
percebida em decorrência do exercício de cargo em comissão).
Gabarito: errado.

No que concerne à previdência privada e à relação entre os sistemas públicos de


previdência, julgue os itens subsequentes.
108. A ação do Estado em relação aos planos de previdência privada tem, entre ou-
tras, a função de fiscalizar as entidades de previdência complementar e as suas
operações e, ainda, a função de proteger os interesses dos participantes e assisti-
dos dos planos de benefícios.

( ) certo ( ) errado

133 Prova 07
Direito Previdenciário Cespe

A natureza jurídica privada obriga a entidade de previdência complementar


a sujeitar-se ao regime jurídico de direito privado, em que prevalece a auto-
nomia da vontade. O princípio da legalidade, aplicado ao regime privado,
significa que "tudo o que não está proibido está permitido".
A previdência complementar tem natureza contratual. O regulamento de um
plano de previdência é um contrato, que contém clhsulas sobre contribui-
ções, benefícios e períodos de carência, entre outras disposições. A vinculação
do participante ao plano de benefícios depende de saa inscrição voluntária
(contrato celebrado com a entidade de previdência q·.1e administra o plano).
Apesar da existência de um contrato, a igualdade entre os contraentes não
é plena. Trata-se de um verdadeiro contrato de adesão, no qual a vontade
do participante restringe-se à opção pelo ingresso no sistema, não podendo
discutir qualquer regra do pacto. Por isso, faz-se necessária a ação do Esta-
do, não apenas na normatização, mas também na fiscalização, de modo a
proteger os interesses dos participantes e assistidos dos planos de benefícios.
O órgão fiscalizador das Entidades Fechadas de Previdência Complementar
(EFPC) é a Superintendência Nacional de Previdência Complementar -
PREVIC. O órgão regulador é o Conselho Nacional de Previdência Comple-
mentar - CNPC, responsável pela expedição de normas administrativas de
observância obrigatória pelas EFPC. A PREVIC e o CNPC são vinculados
ao Ministério da Previdência Social.
O órgão fiscalizador das Entidades Abertas de Previdência Complementar
é a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP. O órgão regulador é o
Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP. A SUSEP e o CNSP são
vinculados ao Ministério da Fazenda.
Gabarito: certo.

109. É vedado aos planos de benefício de instituições de previdência privada de órgãos


federais receber recursos da União.

( ) certo ) errado

É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União,


estados, Distrito Federal e municípios, suas autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo
na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua
contribuiÇão normal poderá exceder a do segurado (CF, art. 202, § 3°).

HugoGoes 134
Analista JudiciárioffRT da 21 a Região/201 O

Assim, a União, na qualidade de patrocinadora, pode aportar recursos para


as instituições de previdência privada de órgãos federais, desde que sua
contribuição não exceda a do segurado.
Gabarito: errado.

110. O regime de previdência privada tem como características ser facultativo e de na-
tureza complementar.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o caput do art. 202 da Constituição Federal, "o regime de


previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autô-
noma com relação ao regime geral de previdência social, será facultativo,
baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e
regulado por lei complementar".
Como o RGPS possui um limite máximo para a renda mensal dos benefícios,
aqueles que desejam complementar seus rendimentos deverão, facultativa-
mente, aderir a alguma entidade de previdência complementar aberta ou
fechada, custeada por contribuições adicionais.
Gabarito: certo.

135 Prova 07
Prova 08

Julgue os itens seguintes, que versam sobre a seguridade social e o regime geral
da previdência soda! (RGPS).
79. Para fazer jus a qualquer prestação do RG PS, o beneficiário deve preencher o pe-
ríodo de carência, assim entendido como o número mínimo de contribuições
mensais indispensáveis.

( ) certo ( ) errado

A maioria dos benefícios do RGPS exigem, como um dos requisitos para sua
concessão, o cumprimento do período de carência (Lei 8.213/91, art. 25).
Contudo, há alguns benefíci9s previdenciários cuja concessão independe
de carência, corr_o pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e
auxílio-acidente (Lei 8.213/91, art. 26). Gabarito: errado.

80. A previdência social, por seu caráter necessariamente contributivo, não está in-
serida no sistema constitucional da seguridade social.

( ) certo ( ) errado

Conforme o art. 194 da Constituição Federal, "a seguridade social compreen-


de um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social". Assim, a seguridade social é o gênero do qual são
espécies a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
Gabarito: errado.

137
Direito Previdenciário Cespe

81. A despeito do princípio constitucional da universalidade da cobertura e do aten-


dimento, os menores de dezesseis anos não podem ser segurados do RGPS.

( ) certo ( ) errado

É proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na con-


dição de aprendiz, a partir dos 14 anos (CF, art. 7°, XXXIII, e CLT, art. 403).
Da mesma forma, em regra, os menores de 16 anos não podem ser segu-
rados da previdência social, mas o menor aprendiz é exceção a esta regra.
Já que o menor aprendiz pode trabalhar a partir dos 14 anos de idade, ele
é segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de segurado empregado, a
partir dessa idade (Instrução Normativa RFB 971/2009, art. 6°, li). Assim, o
menor aprendiz é o único segurado que pode filiar-se ao RGPS com menos
de 16 anos de idade.
Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por
escrito e por prazo determinado, em que o empYegador se compromete
a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de
aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o
seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar
com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação (CLT, art. 428).
A idade máxima de 24 anos não se aplica a aprendizes portadores de defi-
ciência (CLT, art. 428, §5°).
A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola,
caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de apren-
dizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação
técnico-profissional metódica. Nas localidades onde não houver oferta de
ensino médio, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a frequência à
escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental.
O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois)
anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. Ao menor
aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo-hora.
Diante do exposto, conclui-se que, de forma genérica, não é correto afirmar
que os menores de 16 anos não podem ser segurados do RGPS, pois o menor
aprendiz filia-se a partir dos 14 anos de idade.
Gabarito: errado.

Hugo Goes 138


Técnico Judiciário!TRT da 21 a Região/201 O

82. A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indire-
ta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos estados, do
Distrito Federal (DF) e dos municípios e de contribuições sociais.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o capu~ do art. 195 da Constituição Federal, a seguridade social


será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e C.os Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada


na forma da lei. incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro.
li - do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social.
III- sobre a n:ceita de concursos de prognósticos.
IV - do imponador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.

Assim, há duas formas por meio das quais a sociedade financiará a seguridade
social: (a) a forma direta ocorre por meio do pagamento de contribuições so-
ciais; (b) a forma indireta dá -se mediante recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos estado;, do Distrito Federal e dos municípios.
Vale frisar que, além das fontes de financiamento previstas no caput do
art. 195 da Constituição Federal, mediante lei complementar, poderão ser
instituídas outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão
da seguridade social (CF, art. 195, § 4°).
Gabarito: certo.

139 Prova 08
Direito Previdenciário Cespe

83. A aposentadoria por tempo de serviço, os pecúlios e o abono de permanência em


serviço são exemplos de prestações mantidas pelo RGPS.

( ) certo ( ) errado

As prestações mantidas pelo RGPS estão elencadas :10 art. 18 da Lei 8.213/91,
nos seguintes termos:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Socid compreen-


de as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de
eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em
benefícios e serviços:
I - quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;

c) aposentadoria por tempo de contribuição;


d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente.

11 - quanto ao dependente:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão.
111 - quanto ao segurado e dependente:
a) (Revogada pela Lei no 9.032, de 1995);
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.

A aposentadoria por tempo de serviço mudou de nome e agora se chama


aposentadoria por tempo de contribuição. Os pecúlios e o abono de perma-
nência em serviço são benefícios que foram exclu~dos do RGPS. Estes dois
benefícios eram previstos nos artigos 81 e 87 da Lei 8.213/91, que foram
revogados pelas Leis 9.129/95 e 8.870/94, respectivamente.
Gabarito: errado.

Hugo Goes 140


Técnico Judiciário!TRT da 2 P Região/201 O

Acerca da seguridade social do servidor público, da relação que a União, os esta-


dos, o DF e os municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economia
mista e outras entidades públicas mantêm com suas respectivas entidades fecha-
das de previdência complementar, e da previdência complementar, julgue os itens
a seguir.
84. A União, os estados, o DF e os municípios podem instituir regime de previdên-
cia complementar para seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, me-
diante a criação, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, de entidades
fechadas de previdência complementar de natureza pública.

( ) certo ( ) errado

A previdência complementar pública, destinada a servidores titulares de


cargo efetivo, tem previsão nos §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição
Federal, in verbis:

§ 14. A Uniã:::>, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,


desde que instituam regime de previdência complementar
para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo,
poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a
serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência ~ocial de que trata o art. 201.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o
§ 14 será instituído por l~i de iniciativa do respectivo Poder
Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágra-
fos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas
de previdência complementar, de natureza pública, que
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios
somente na modalidade de contribuição definida.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
ingressado no serviço público até a data da publicação do
ato de insti:uição do correspondente regime de previdência
complementar.

O ente federativo não é obrigado a instituir previdência complementar pública


para os seus servidores titulares de cargo efetivo. Mas, se este regime for cria-
do, o ente federativo poderá aplicar o mesmo teto do RGPS às aposentadorias
e pensões a serem concedidas pelo RPPS aos servidores que: (I) ingressarem

141 Prova 08
Direito Previdenciário Cespe

no serviço público após a data da publicação do ato de instituição do regime


de previdência complementar, independentemente de sua adesão ao plano
de benefícios; ou (11) tenham ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do regime de previdência complementar e
que exerçam a opção por este regime.
Sendo criada a previdência complementar pública, a adesão do servidor a este
regime sempre será facultativa, independentemente da data do seu ingresso
no serviço público. Para quem ingressar no serviço público após a data da
instituição da previdência complementar pública, o que será obrigatório é
a aplicação do teto do RGPS aos proventos de aposentadorias e pensões a
serem concedidas pelo RPPS. Mas para quem já havia ingressado no serviço
público até aquela data, o teto do RGPS somente será aplicado se o servidor
expressamente optar pelo regime complementar de previdência.
O regime de previdência complementar dos servidores ocupantes de cargo
efetivo pode ser instituído por lei ordinária, de iniciativa do respectivo chefe
do Poder Executivo (CF, art. 40, § 15). Antes da EC 41/2003, a Constituição
exigia lei complementar federal. Com a .redação dada pela EC 41/2003 ao
§ 15 do art. 40 da Constituição Federal, União, estados, municípios e Distrito
Federal editarão leis ordinárias independentes, que tratarão da previdência
complementar de seus respectivos servidores.
O regime de previdência complementar dos servidores ocupantes de cargo
efetivo será constituído por intermédio de entidades fechadas de previdên-
cia complementar, de natureza pública. A entidade será fechada, pois os
seus participantes serão, exclusivamente, os servidores públicos titulares
de cargo efetivo, os magistrados, os membros do Ministério Público e os
ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, vinculados ao respectivo
ente federativo.
A natureza pública das entidades fechadas implicará, entre outras exigências,
submissão aos ditames da Lei 8.666/93 no tocante à licitação e contratos admi-
nistrativos; realização de concurso público para a contratação de pessoal; e
controle dos Tribunais de Contas. A entidade fechada de previdência comple-
mentar, de natureza pública, será organizada sob a forma de fundação pública. 29
A previdência complementar pública oferecerá aos respectivos participan-
tes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida.
Isso significa que o servidor conhece o valor da contribuição a ser vertida

29 CF, art. 40, § 15 c/c Lei Complementar 108/2001, art. 8°, parágrafo único.

HugoGoes 142
Técnico Judiciário/TRT da 21 • Região/20 1O

ao plano, mas o valor do benefício é indefinido, somente sendo conhecido


quando da sua concessão. O valor do benefício dependerá da gestão e dos
rendimentos do fundo.
Pode ser citada, a título de exemplo de previdência complementar pública,
a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal
- FUNPRESP, que foi instituída pela Lei 12.618, de 30 de abril de 2012. A
FUNPRESP é o Regime de Previdência Complementar para os servidores
públicos titulares de cargo efetivo da União, suas autarquias e fundações,
inclusive para os membros do Poder Judiciário, do Ministério Público da
União e do Tribunal de Contas da União.
Gabarito: certo.

85. As entidades abertas e fechldas de previdência complementar somente podem


instituir e operar planos de benefícios para os quais tenham autorização especí-
fica.

( ) certo ( ) errado

Conforme o disposto no art. 6° da Lei Complementar 109/2001, "as entidades


de previdência complementar [abertas ou fechadas] somente poderão instituir
e operar planos de benefícios para os quais tenham autorização específica,
segundo as normas aprovadas pelo órgão regulador e fiscalizador". Os planos
de benefícios atenderão a padrões mínimos fixados pelo órgão regulador e
fiscalizador, com o objetivo de assegurar transparência, solvência, liquidez e
equilíbrio econômico-financeiro e atuarial. Os órgãos regulador e fiscalizador
normatizarão planos de l::enefícios nas modalidades de benefício definido,
contribuição definida e contribuição variável, bem como outras formas de
planos de benefícios que reflitam a evolução técnica e possibilitem flexibili-
dade ao regime de previdência complementar.
Gabarito: certo.

86. No regime de seguridade social do servidor público, o terço constitucional de fé-


rias pode sofrer a incidência da contribuição previdenciária.

( ) certo ( ) errado

143 Prova 08
Direito Previdenciário Cespe

O STF tem entendido que somente as parcelas ino:orporáveis ao salário do


servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Seguindo esse
raciocínio, a Suprema Corte entende que não incide contribuição sobre os
valores recebidos pelo servidor a título de horas extras e de terço constitu-
cional de férias. 30
Gabarito: errado.

87. A União, os estados, o DF e os municípios, suas autarquias, fundações, empresas


públicas, sociedades de economia mista eoutras entidades públicas podem fazer
aporte de recursos a entidades de previdência privada de caráter complementar,
mesmo que não sejam seus patrocinadores.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 202, § 3°, da Constituição Federal, "é vedado o aporte
de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, socie-
dades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de
patrocinador, situação na qual, em hipótese algum;:., sua contribuição normal
poderá exceder a do segurado".
Assim, para que os entes da Federação possam fazer aporte de recursos a
entidades de previdência privada, a Constituição Federal exige dois requi-
sitos: (a) o ente estatal atuar na qualidade de patrocinador da entidade de
previdência complementar; e (b) a contribuição r_ormal do ente estatal não
exceder a do segurado.
Gabarito: errado.

30 STI', RE-AgR 389903/DF, I' T., Rel. Min. Eros Grau, D) 05/05/2006, f'· 6!3.

Hugo Goes 144


Quanto à origem, à organização e aos princípios constitucionais da seguridade
social, julgue os itens subsequentes.
51. A Constituição vigente consagra a previdência social como um direito individual
inserido em uma realidade mais ampla denominada seguridade social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o caput do art. 194 da Constituição Federal, "a seguridade


social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social".
A Constituição vigente consagra a previdência social como um direito social
(CF, art. 6°), e não como um direito individual. A condição de beneficiário da
previdência social decorre da atuação da vontade da lei. Trata-se de direito
indisponível do indivíduo, de maneira que, mesmo não tendo interesse na
proteção social conferida pela previdência, mas estando enquadrado numa
das hipóteses legais, a pessoa será considerada pelo ente previdenciário como
beneficiário do regime (como segurado ou como dependente).
Gabarito: errado.

52. O princípio da universalidade implica a exigência da disponibilização de planos


de benefícios com natureza homogênea aos segurados e beneficiários dos siste-
mas existentes no Brasil.

( ) certo ( ) errado

145
Direito Previdenciário Cespe

Universalidade da cobertura e do atendimento é um dos princípios consti-


tucionais da seguridade social (CF, art. 194, parágrafo único, I).
Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve alcan-
çar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade. Riscos
sociais são os infortúnios da vida (doenças, acidentes, velhice, invalidez etc.),
aos quais qualquer pessoa está sujeita.
A universalidade do atendimento tem por objetivo tornar a seguridade social
acessível a todas as pessoas residentes no país, inclusive estrangeiras.
Verifica-se, portanto, que o enunciado da questão ora comentada não corres-
ponde ao verdadeiro significado do princípio da universalidade da cobertura
e do atendimento. Gabarito: errado.

53. Apesar de a Constituição de 1891 fazer menção à aposentadoria por invalidez dos
servidores públicos, foi a Constituição de 1934 que trouxe um primeiro modelo
de proteção social, autorizando assistência médica e sanitária aos trabalhadores
e instituindo a previdência, entre outros institutos.

( ) certo ( ) errado

A Constituição de 1891, art. 75, previu a aposentadoria por invalidez aos


servidores públicos.
A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional, a
forma tripartite de custeio: contribuição dos trabalhadores, dos empregadores
e do Poder Público (art. 121, § 1°, "h"). Foi também a primeira Constituição
a utilizar a palavra "previdência" em seu texto. Assim, em se tratando de
Constituição, a de 1934 foi a primeira a prever um modelo de proteção social,
autorizando assistência médica e sanitária aos trabalhadores e instituindo a
previdência, entre outros institutos. Gabarito: certo.

54. Embora não conste entre os princípios expressos no título da ordem social da
Constituição Federal de 1988 (CF), a solidariedade, por ser o elo que liga as pes-
soas em busca do amparo nas situações de risco social, é considerada um princí-
pio elementar da seguridade social.

( ) certo ) errado

HugoGoes 146
Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 O

O parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal enumera os princí-


pios da seguridade social. Nesse dispositivo constitucional, não consta de
forma expressa o princípio da solidariedade, mas a doutrina é unânime em
considerar a solidariedade como sendo um dos princípios que norteiam a
seguridade social.
Em harmonia com esse princípio, o caput do art. 195 da CF/88 estabelece
que "a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma di-
reta e indireta, nos termos da lei [... ]".Aqueles que têm melhores condições
financeiras devem contribuir com uma parcela maior; os que têm menores
condições financeiras contribuem com uma parcela menor; os que ainda
estão trabalhando ·:ontribuem para o sustento dos que já se aposentaram
ou estejam incapacitados para o trabalho; enfim, vários setores da sociedade
participam do esforço arrecadatório em benefício das pessoas mais carentes.
É o princípio da solidariedade que permite que as pessoas portadoras de
deficiência e os idcsos com mais de 65 anos, quando não possuem meios
de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família, sejam
amparados pela assistência social por meio do benefício de prestação conti-
nuada, que corresponde a uma renda mensal de um salário mínimo, mesmo
sem nunca terem c:mtribuído para a seguridade social.
Esse princípio também justifica, por exemplo, o fato de um trabalhador que,
no seu primeiro dia de trabalho, sofreu um acidente e ficou definitivamente
incapaz para o trabalho, aposentar-se por invalidez, mesmo sem ter qualquer
contribuição recolhida para a seguridade social. Gabarito: certo.

55. A criação de qualquer benefício previdenciário depende somente da sua caracte-


rização como evento sujeito às contingências sociais.

( ) certo ( ) errado

Nos termos do § 5° do art. 195 da Constituição Federal, "nenhum benefício


ou serviço da segt:.ridade social poderá ser criado, majorado ou estendido
sem a correspondente fonte de custeio total". Assim, a criação de benefício
previdenciário não depende somente da sua caracterização como evento
sujeito às contingências sociais. Para criar benefício previdenciário, é im-
prescindível a existência da correspondente fonte de custeio total.
Gabarito: errado.

147 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

Julgue os itens de 56 a 61, que se referem às reformas da previdência social.


56. A CF prevê os seguintes tipos de aposentadoria para o serviço público: por inva-
lidez permanente, compulsória, voluntária e especiais (servidores portadores de
deficiência, os que exercem atividades de risco e os que trabalham sob condições
que lhes prejudiquem a saúde ou a integridade física).

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 1o do art. 40 da Constitu:çio Federal, os servidores


abrangidos por RPPS serão aposentados:

I - por invalidez permanente, sendo os proYentos propor-


cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional au doença grave,
contagiosa ou incurável, na forma da lei;
. li - compulsoriamente, aos setenta anos de ié.ade, com pro-
ventos proporcionais ao tempo de contribu~ç;io;

lii- voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de


dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos
no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas
as seguintes condições:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição,
se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais
ao tempo de contribuição.

Entende-se por aposentadoria especial aquela que adota requisitos e critérios


diferenciados. De acordo com o § 4° do art. 40 da Constituição Federal, é
vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo RPPS, ressalvados, nos termos definidos
em leis complementares, os casos de servidores: (I) portadores de deficiência;
(II) que exerçam atividades de risco; (III) cujas atividades sejam exercidas
sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Assim, de acordo com o art. 40 da Constituição Federal, há quatro espécies
de aposentadorias para os servidores públicos: no § 1° estão previstas as

Hugo Goes 148


Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 O

aposentadorias por invalidez permanente, compulsória e voluntária; no § 4°


está prevista a aposentadoria especial.
Gabarito: certo.

57. Diferentemente do que exigia a Emenda Constitucional n° 20/1998, o regime de


previdência complementar dos servidores públicos, atualmente, deve ser instituí-
do por lei ordinária e de iniciativa do Poder Executivo mantenedor. Entre outros
requisitos, as entidades que oferecem esse tipo de previdência devem ser fecha-
das, ter natureza pública e oferecer somente planos de benefícios na modalidade
de contribuição definida.

( ) certo ( ) errado

A previdência complementar pública, destinada a servidores titulares de


cargo efetivo, tem previsão nos §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição
Federal, in verbis:

§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,


desde que instituam regime de previdência complementar
para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo,
poderão fixar, para ovalor das aposentadorias e pensões a
serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o
limite máximo estabeleciqo para os benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o
§ 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágra-
fos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas
de previdência complementar, de natureza pública, que
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios
somente na modalidade de contribuição definida.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
ingressado no serviço público até a data da publicação do
ato de instituição do correspondente regime de previdência
complementar.

149 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

Desde logo, vale frisar que a previdência complementar pública, por força
do § 15 do art. 40 da Constituição, sujeita-se, no que couber, aos ditames
do art. 202 da Carta Magna. Este dispositivo constitucional, por sua vez, é
regulamentado pelas Leis Complementares 108/01 e 109/01. Assim, a previ-
dência complementar pública também deve obedecer, no que couber, às regras
destas leis complementares. Seguindo esta linha de raciocínio, trataremos
deste ramo da previdência complementar levando em consideração alguns
conceitos estabelecidos por estas leis complementares.
Assim, na previdência complementar pública também haverá patrocinador,
participante e assistido. Os patrocinadores só poderão ser a União, os estados,
o Distrito Federal, os municípios e suas respectivas autarquias e fundações
públicas. Os participantes serão os servidores públicos titulares de cargo
efetivo, os magistrados, os membros do Ministério Público e os ministros e
conselheiros dos Tribunais de Contas que aderirem ao plano de benefícios
administrado pela entidade de previdência complementar de natureza pú-
blica. Os assistidos serão os participantes ou os seus beneficiários em gozo
de benefício de prestação continuada.
O ente federativo não é obrigado a instituir previdência complementar pública
para os seus servidores titulares de cargo efetivo. Mas, se este regime for cria-
do, o ente federativo poderá aplicar o mesmo teto do RGPS às aposentadorias
e pensões a serem concedidas pelo RPPS aos servidores que: (I) ingressarem
no serviço público após a data da publicação do ato de instituição do regime
de previdência complementar, independentemente de sua adesão ao plano
de benefícios; ou (11) ·tenham ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do regime de previdência complementar e
que exerçam a opção por este regime.
Sendo criada a previdência complementar pública, a adesão do servidor a este
regime sempre será facultativa, independentemente da data do seu ingresso
no serviço público. Para quem ingressar no serviço público após a data da
instituição da previdência complementar pública, o que será obrigatório
é a aplicação do teto do RGPS aos proventos de aposentadorias e pensões a
serem concedidas pelo RPPS. Mas para quem já havia ingressado no serviço
público até aquela data, o teto do RGPS somente será aplicado se o servidor
expressamente optar pelo regime complementar de previdência.
O regime de previdência complementar dos servidores ocupantes de cargo
efetivo pode ser instituído por lei ordinária, de iniciativa do respectivo chefe
do Poder Executivo (CF, art. 40, § 15). Antes da EC 41/2003, a Constituição

Hugo Goes 150


Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/2010

exigia lei complementar federal. Com a redação dada pela EC 41/2003 ao


§ 15 do art. 40 da Constituição Federal, União, estados, municípios e Distrito
Federal editarão leis ordinárias independentes, que tratarão da previdência
complementar de seus respectivos servidores.
O regime de previdência complementar dos servidores ocupantes de cargo
efetivo será constituídc por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública.
A entidade será fechada, pois os seus participantes serão, exclusivamente, os
servidores públicos tit.1lares de cargo efetivo, os magistrados, os membros
do Ministério Público e os ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas,
vinculados ao respectivo ente federativo.
A natureza pública das entidades fechadas implicará, entre outras exigências,
submissão aos ditamEs da Lei 8.666/93 no tocante à licitação e contratos
administrativos; realização de concurso público para a contratação de pes-
soal; e controle dos Tribunais de Contas.
A entidade fechada de previdência complementar, de natureza pública, será
organizada sob a forma de fundação públicaY
A previdência complementar pública oferecerá aos respectivos participan-
tes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida.
Isso significa que o se:-vidor conhece o valor da contribuição a ser vertida
ao plano, mas o valor do benefício é indefinido, somente sendo conhecido
quando da sua concessão. O valor do benefício dependerá da gestão e dos
rendimentos do fundo.
Os recursos oriundos das contribuições mensais dos participantes e do pa-
trocinador serão aplic3.dos em investimentos predeterminados que deverão,
ao fim do período contributivo, amealhar recursos suficientes para fazer face
aos benefícios a sererr_ pagos.
Gabarito: certo.

58. A Emenda Constitucional no 41/2003 promoveu a substituição do tempo de ser-


viço pelo tempo de contribuição, o que impossibilitou a contagem de tempos fic-
tícios para o cálculo das aposentadorias, resguardando-se os direitos adquiridos.

( ) certo ( ) errado

31 CF, art. 40, § 15 c/c Lei Complementar 108/2001, art. 8•, parágrafo único.

151 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

A Emenda Constitucional que promoveu a substituição do tempo de serviço


pelo tempo de contribuição não foi a 41/2003, mas a EC 20/98.
De acordo com o art. 40, § 10, da Constituição Federal, "a lei não poderá
estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício".
Este parágrafo foi acrescentado ao art. 40 da Constituição pela Emenda
Constitucional 20/98.
De acordo com o art. 3° da Emenda Constitucional 20/98, "é assegurada
a concessão de aposentadoria e pensão, a qualquer tempo, aos servidores
públicos e aos segurados do regime geral de previdência social, bem como
aos seus dependentes, que, até a data da publicação desta Emenda (16/12/98),
tenham cumprido os requisitos para a obtenção destes benefícios, com base
nos critérios da legislação então vigente".
Gabarito: errado.

59. Se servidor da ativa falecer, a pensão a ser paga a seus dependentes será equiva-
lente ao valor da totalidade da remuneração do cargo efetivo por ele ocupado à
época do falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do re-
gime geral da previdência social (RGPS), acrescido de 70% da parcela excedente
a este limite.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 7° do art. 40 da Constituição Federal, o benefício de


pensão por morte, devido ao conjunto dos dependentes do servidor falecido,
será igual:

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci-


do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do
RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite,
caso aposentado à data do óbito; ou
ll - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite má-
ximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescido de
70% da parcela excedente a este limite, caso em atividade
na data do óbito.

Hugo Goes 152


Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 O

Atualmente, o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS é


R$ 3.689,66.

Exemplo 1:
Maria, servidora aposentada pelo RPPS, recebe proy~ntos no. va~or de
. R$ .IO;OOO,QQ. Caso venh!l. ªfalecer, a1pensão pqt'rno!i~'qti~:M;l:riap~ixar~
para O CGiljunto de seus dependentes .serácaléulada .. dà•Seguinteforma:
3.689,66 + 70% X (10.000,00 - 3.689,66) = 8_.106,90,

Exemp)~2: ·.,.•"

José, .servi~()_r,.piÍblko amparado por RPPS;receher~murieração novalor


de J{$ 3.ôOO;OO. C'aso venha á. falecer, a :pensão por morte que fosé deixará
para o conjunto de seus dependentes será R$ 3;000,QO~

No RPPS, a atual forma de cálculo da pensão por morte foi estabelecida


pela EC 41/03, passando a ser aplicada às pensões decorrentes de óbitos de
servidores ocorridos a partir da sua vigência. Nesse sentido, confira-se o
seguinte julgado do STJ:

ADMINISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE DE SERVIDOR PÚBLI-


CO. LEI APLICÁVEL. 1. A lei que rege a concessão de benefícios
previdenciários, inclusive o de pensão por morte de servidor
público, é a vigente ao tempo em que implementados os re-
quisitos para a concessão do benefício (princípio tempus regit
actum). 2. Por isso mesmo, é firme a jurisprudência do STF
e do STJ no sentido de que, se a morte do servidor ocorreu
na vigência da EC 41/03 e da Lei no 10.887/04, o correspon-
dente benefício de pensão devido à viúva está sujeito a essas
disposições normativas. 3. Segurança denegada. 32

Na concessão de pensão por morte pelo RPPS, será observado o mesmo rol
de dependentes previsto pelo RGPSY
Gabarito: certo.

32 STJ, MS 14743/DF, Rei. Min. Teori Albino Zavascki, D)e 02/09/2010.


33 Portaria MPS 402/08, art. 23, § 1•.

153 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

60. A integralidade, critério de cálculo da aposentadoria que toma por base a remu-
neração integral, e a paridade, tratamento igualitário nos reajustes dos servido-
res ativos aos inativos, foram extintas com a Emenda Constitucional no 20/1998.

( ) certo ( ) errado

Antes da EC 41/2003, os servidores públicos amparados por RPPS tinham


direito à integralidade dos proventos de aposentadoria. Mas a partir da
EC 41/2003, no cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores
titulares de cargo efetivo, amparados por RPPS, será considerada a média
aritmética simples das maiores remunerações, utilizadas como base para as
contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado,
correspondentes a 80% de todo o período contributivo desde a competên-
cia julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela
competência. 34 Assim, se em parte desse período o servidor contribuiu para
o RGPS (ou para RPPS distinto do que esteja vinculado no momento da
aposentadoria), também integrarãa, a média aritmética as remunerações
sobre as quais incidiram tais contribuições.
As remunerações consideradas no cálculo do valor inicial dos proventos terão
os seus valores atualizados mês a mês de acordo com a variação integral do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor- INPC, apurado pelo IBGE. 35 As
80% maiores remunerações consideradas para o cálculo da aposentadoria
serão definidas depois da aplicação dos fatores de atualização.
As remunerações consideradas no cálculo da aposentadoria, atualizadas
pelo INPC, não poderão ser: (I) inferiores ao valor do salário mínimo; (II)
superiores ao limite máximo do salário de contribuição, quanto aos meses
em que o servidor esteve vinculado ao regime geral de previdência social.J6
Os proventos de aposentadoria do RPPS, por ocasião de sua concessão, não
poderão ser inferiores ao valor do salário mínimo nem exceder a remunera-
ção do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria. 37
Para o cálculo do valor inicial dos proventos proporcionais ao tempo de
contribuição, será utilizada fração cujo numerador será o total desse tempo

34 Lei 10.887/2004, art. 1•, caput.


35 Lei 10.887/2004, art. 1•, § 1•.
36 Lei 10.887/2004, art. 1•, § 4•.·
37 Lei 10.887/2004, art. 1•, § s•.

Hugo Goes 154


Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 ::J

e o denominador, o te::npo necessário à respectiva aposentadoria voluntária


com proventos integrais.
De acordo com o § f;·' do art. 40 da Constituição Federal, é assegurado
o reajustamento dos benefícios do RPPS para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. A data
e os índices de reajustamento serão os mesmos utilizados para o RGPS. 38
Assim, o valor dos benefícios será reajustado, anualmente, na mesma data
do reajuste do salário mínimo, com base no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor- INPC.' 9
A regra do § 8° do art 40 da CF, na redação dada pela EC 41/2003, acabou
com a conhecida paridade entre ativos e inativos. A paridade assegurava que
os proventos de apoE entadoria e pensão por morte fossem reajustados na
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificasse a remuneração
dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e
pensionistas quaisqu~r benefícios ou vantagens posteriormente concedidos
aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação
ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.
A partir da EC 41/2CuJ3, a paridade entre ativos e inativos foi excluída do
texto constitucional. Todavia, por força de regras de transição, ela ainda é
assegurada nos seguintes casos:

I - Para os bmeficiários que, em 31/12/2003, já estavam.


fruindo dos benefícios de aposentadoria ou pensão por morte
(EC 41/2003, art. 7°);
li - Para os beneficiários que, em 31/12/2003, já haviam
adquirido o di:eito aos benefícios de aposentadoria ou pensão
por morte (EC 41/2003, art. 7°);
III - Aos proventos de aposentadorias dos servidores públicos
que se aposentarem na forma do art. 6° da EC 41/2003 (EC
47/2005, art. 2. 0
);

IV - Aos proventos de aposentadorias concedidas com base


no art. 3° da EC 47/2005 (EC 47/2005, art. 3°, parágrafo
único);

38 Portaria MPS 402/08, item 8 C:..c anexo.


39 Lei 8.213/91, art. 41-A.

155 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

V- Às pensões derivadas dos proventos de servidores faleci-


dos que tenham se aposentado em conforn:idade com art. 3°
da EC no 47/2005 (EC no 47/2005, art. 3°, parágrafo único).

Verifica-se, portanto, que a Emenda Constitucional que extinguiu os insti-


tutos da integralidade e da paridade não foi a 3C 20/98, mas a EC 41/2003.
Gabarito: errado.

61. A regra de aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade com proventos
integrais não foi alterada pelas emendas constitucionais que promoveram a re-
forma previdenciária.

( ) certo ( ) errado

Os servidores abrangidos por RPPS serão aposentados compulsoriamente,


com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 anos de idade,
ou aos 75 anos de idade, na forma de lei complementar (CF, art. 40, § 1°, Il).
Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1o do
art. 40 da Constituição Federal, os ministros do Supremo Tribunal Federal,
dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Con:as da União aposentar-se-ão,
compulsoriamente, aos 75 anos de idade (CF, ADCT, art. 100).
Ou seja, para os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Su-
periores e do Tribunal de Contas da União, _i á está vigorando a aposentadoria
compulsória aos 75 anos de idade.
Para os demais servidores abrangidos por RPPS, a aposentadoria compulsória
continua sendo aos 70 anos de idade. Somente passará para 75 anos depois
que entrar em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1o do
art. 40 da Constituição Federal.
O quadro a seguir apresenta um resumo da aposentadoria compulsória:

Servidor I~ad~ 9-a aposentadoria com:pulsóda


Ministros do STF, dos
Já está vigorando a aposentadoria compulsória aos
Tribunais Superiores e
75 anos de idade.
doTCU

Hugo Goes 156


Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 o

Antes de entrar em vigor a lei comple-


menta r de que trata o inCiso li do § 1o do 70 anos
Demais servidores abran- art. 40 da Constituição Federal.
gidos por RPPS Depois de entrar em vigor a lei com pie-
mentar de que trata o inciso li do § 1o do 75 anos
art. 40 da Constituição Federal.

Os proventos da aposentadoria compulsória são calculados de modo pro-


porcional ao tempo de contribuição.

Exemplo 1:
Joaquim~ servidor ocupante de cai:go efetivo, amparado por RPPS, com-
pletou 70 anos de idade e 15 anos de contribuição. Néstá situação, a sua
aposentadoria compulsória será 15/35 da média aritmética das maiores
remunerações, corresp_ondente& a .80% de todQ. o· período contributivo
desde a comp(!tência julho de 1994 ou desde _a do .início da contribuição,
se posterior àquela competência.

Exemplo 2:
Maria, servidora ocupante de cargo efetivo, amparada por RPPS, com-
pletou ?O anos de idade e~to an0s de contribuição. Ne$ta situação, asua
aposentadoria compu~sóri~ ·será 20/30 .da iuédia aritmética das maiores
remunerações, correspondentc:;s a 80% de todo o período contributivo
desde a c:ompetência julho de 1994 ou desde a do iníCio da contribuição,
se posterior àquela competência.

Ressalte-se que, nos exemplos supra, os proventos da aposentadoria compul-


sória não poderão ser inferiores ao valor do salário mínimo nem exceder a
remuneração do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a apo-
sentadoria (Lei 10.887/2004, art. 1o, § 5°).
Veja, portanto, que a regra de aposentadoria compulsória aos 70 anos de
idade com proventos integrais foi alterada pela EC 20/98, que promoveu a
primeira reforma previdenciária. De acordo com a alteração promovida pela
EC 20/98, não há mais integralidade dos proventos da referida aposentadoria.
Gabarito: errado.

157 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

No que concerne às regras gerais para a organização e funcionamento dos regi-


mes próprios de previdência dos servidores públicos, julgue os seguintes itens.
62. Município que, ao instituir RPPS para seus servidores, inclui entre os segurados
os ocupantes de cargo em comissão, assim compreendidos os de livre nomeação
e exoneração, cujo vínculo com a administração não ocorreu mediante concur-
so público, age em desacordo com as normas gerais que organizam o funciona-
mento dos RPPSs.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 40, § 13, da Constituição Federal, "ao servidor ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público,
aplica-se o regime geral de previdência social".
Assim, se um município (ou qualquer outro ente da Federação) inclui como
beneficiário do seu RPPS um servidor ocupante exclusivamente de cargo em
comissão, estará agindo em desacordo com as normas gerais que organizam
o funcionamento dos RPPSs.
Gabarito: certo.

63. Entre os benefícios que podem constar do RPPS, inclui-se o pecúlio por morte,
pago aos dependentes do segurado falecido, com a finalidade de auxiliar nas des-
pesas do núcleo familiar enquanto não tem início o recebimento da pensão.

( ) certo ( ) errado

O pecúlio era um benefício do RGPS, de prestação única, que era devido: (I)
ao segurado que se incapacitava para o trabalho antes de completar o período
de carência; (11) ao segurado aposentado por idade ou tempo de serviço pelo
RGPS que voltava a exercer atividade abrangida por este regime, quando dela
se afastava; (111) ao segurado ou seus dependentes, em caso de invalidez ou
morte decorrente de acidente do trabalho.
O pecúlio era previsto no art. 81 da Lei 8.213/91, mas este dispositivo legal
foi revogado pela Lei 9.129/95. Assim, atualmente, entre os benefícios do
RGPS, não consta o pecúlio.
De acordo com o art. 5° da Lei 9.717/98, "os regimes próprios de previdência
social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão

HugoGoes 158
Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 o

conceder benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência


Social, de que trata a ::...ei 8.213/91, salvo disposição em contrário da Cons-
tituição Federal.
Portanto, os regimes próprios de previdência social (RPPSs) não poderão
conceder pecúlio, pois atualmente esse benefício não é previsto no RGPS.
Gabarito: errado.

64. As unidades gestoras dos RPPSs, com o objetivo de prestar melhores serviços aos
segurados, podem organizar planos de assistência médica e odontológica.

( ) certo ( ) errado

No RPPS, os recursos previdenciários somente poderão ser utilizados para


o pagamento dos benêfícios previdenciários, salvo o valor destinado à taxa
de administração (Ol'~ SPS 2/2009, art. 38). Assim, é vedada a utilização dos
recursos previdenciários para custear ações de assistência social, saúde e
para concessão de verbas indenizatórias ainda que por acidente em serviço
{ON SPS 2/2009, art. 39).
Gabarito: errado.

65. O servidor titular de cargo efetivo em município instituidor de RPPS que force-
dido ao governo estadual, também este instituidor de regime próprio, enquanto
estiver cedido, permanecerá vinculado ao regime previdenciário estadual.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 1°-A, da Lei 9.717/98, "o servidor público titular de
cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
ou o militar dos Estados e do Distrito Federal filiado a regime próprio de
previdência social, quando cedido a órgão ou entidade de outro ente da
federação, com ou sem ônus para o cessionário, permanecerá vinculado ao
regime de origem".
Assim, o servidor titular de cargo efetivo em município instituidor de RPPS
que for cedído ao g·::>verno estadual, também este instituidor de regime
próprio, enquanto estiver cedido, permanecerá vinculado ao regime previ-
denciário municipal (regime de origem). Gabarito: errado.

159 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

66. Entende-se por RPPS o regime de previdência instituído no âmbito dos entes fe-
derativos que assegura, por lei, a seus servidores titulares de cargos efetivos pelo
menos os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.

( ) certo ( ) errado

Considera-se Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) o regime de pre-


vidência, estabelecido no âmbito de cada ente federativo, que assegure, por
lei, a todos os servidores titulares de cargo efetivo, pelo menos os benefícios
de aposentadoria e pensão por morte previstos no art. 40 da Constituição
Federal (ON SPS 2/2009, art. 2°, Il).
De acordo com o art. soda Lei 9.717/98, "os regimes próprios de previdência
social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão
conceder benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdên-
cia Social, de que trata a Lei no 8.213/91, salvo disposição em contrário da
Constituição Federal".
Assim, o RPPS é obrigado a conceder todas as aposentadorias e a pensão
por morte constantes do art. 40 da Constituição Federal. Além destes, o
RRPS também pode conceder outros benefícios previstos no RGPS, como
auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade e auxílio-redusão (ON
SPS 2/2009, art. 51). Porém, para ser considerado como RPPS, basta que o
regime conceda, pelo menos, os benefícios de aposentadoria e pensão por
morte previstos no art. 40 da Constituição Federal. Gabarito: certo.

67. Ente federativo que deixar de sujeitar-se às inspeções e auditorias de natureza


atuarial, contábil, financeira, orçamentária e patrimonial executadas pelo MPS,
invocando autonomia federativa, estará sujeito a sanções, entre elas a suspensão
de empréstimos e financiamentos por instituições financeiras federais.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. to, IX, da Lei 9.717/98, os RPPSs da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios sujeitam-se às inspeções e auditorias
de natureza atuarial, contábil, financeira, orçamentária e patrimonial dos
órgãos de controle interno e externo. O descumprimento do disposto na
Lei 9.717/98 pelos estados, Distrito Federal e municípios e pelos respectivos
fundos implicará: (I) suspensão das transferências voluntárias de recursos

HugoGoes 160
Técnico de Nível Superior/Ministério da Previdência Social/201 O

pela União; (li) impedimento para celebrar acordos, contratos, convênios ou


ajustes, bem como receber empréstimos, financiamentos, avais e subvenções
em geral de órgãos ou entidades da Administração direta e indireta da União;
(III) suspensão de empréstimos e financiamentos por instituições financei-
ras federais; (IV) suspensão do pagamento dos valores devidos pelo RGPS
em razão da compensação financeira decorrente de contagem recíproca de
tempo de contribuição para efeito de aposentadoria (Lei 9.717/98, art. 7°).
Gabarito: certo.

68. No âmbito de cada ente estatal, pode existir apenas um RPPS para os servidores
titulares de cargos efetivos, além de uma unidade gestora do respectivo regime,
ressalvadas as forças armadas no caso da União.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 20 do art. 40 da Constituição Federal, "fica vedada a exis-


tência de mais de um RPPS para os servidores titulares de cargos efetivos, e
de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
ressalvado o disposto no art. 142, § 3°, X".
Assim, cada ente federativo (União, estados, Distrito Federal e municípios)
tem competência para criar um único RPPS, que será destinado aos servido-
res ocupantes de cargos efetl.vos (inclusive os vitalícios, como magistrados,
membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas) dos três Poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário), incluídas suas autarquias e fundações.
Assim, num ente federativo não poderá existir um regime próprio do Ju-
diciário, outro do Legislativo e outro do Poder Executivo; terá que existir
uma previdência unificada. E mais: não será permitido nem mesmo mais
de uma unidade gestora, o que significa que a previdência dos Três Poderes
será gerida pelo Poder Executivo, por meio de um Instituto de Previdência
ou por meio da Área de Recursos Humanos.
Unidade gestora é a entidade ou órgão integrante da estrutura da administra-
ção pública de cada ente federativo que tenha por finalidade a administração,
o gerenciamento e a operacionalização do RPPS, incluindo a arrecadação e
gestão de recursos e fundos previdenciários, a concessão, o pagamento e a
manutenção dos benefícios.
A ressalva feita ao art. 142, § 3°, X, da Constituição diz respeito ao regime
dos militares das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). De

161 Prova 09
Direito Previdenciário Cespe

acordo com este dispositivo constitucional, a lei disporá sobre a transferência


do militar para a inatividade. Devido às peculiaridades de suas atividades,
os militares das Forças Armadas possuem regime previdenciário especial,
com regras próprias, separado do regime dos servidores públicos ocupantes
de cargo efetivo.
Gabarito: certo.

69. O ente federativo que deixar de repassar o montante das contribuições arreca-
dadas, tornando-se inadimplente com o regime próprio de previdência social
(RPPS), poderá amortizar o débito mediante pagamento com bens móveis e imó-
veis de qualquer natureza, ações ou quaisquer outros títulos.

( ) certo ( ) errado

É vedada a dação em pagamento com bens móveis e imóveis de qualquer


natureza, ações ou quaisquer outros títulos, para a amortização de débitos
com o RPPS, excetuada a amortização do deficit atuarial (ON SPS 2/2009,
art. 37).
Gabarito: errado.

70. Unidade gestora do RPPS é a entidade ou órgão integrante da estrutura da admi-


nistração pública de cada ente federativo que administra, gerencia e operacionaliza
o RPPS, incluindo-se a arrecadação e gestão de recursos e fundos previdenciá-
rios, a concessão, o pagamento e a manutenção dos benefícios.

( ) certo ( ) errado

A Orientação Normativa SPS 02/2009, art. 2°, V, define unidade gestora


como sendo a entidade ou órgão integrante da estrutura da administração
pública de cada ente federativo que tenha por finalidade a administração,
o gerenciamento e a operacionalização do RPPS, incluindo a arrecadação e
gestão de recursos e fundos previdenciários, a concessão, o pagamento e a
manutenção dos benefícios.
Constata-se que, nesta questão, a banca examinadora limitou-se a copiar
literalmente o texto normativo.
Gabarito: certo.

Hugo Goes 162


Defensor

Em relação aos diversos institutos de direito previdenciário, julgue os itens sub-


secutivos.
141. São segurados obrigatórios da previdência social, na qualidade de trabalhadores
avulsos, o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consa-
grada, de congregação ou de ordem religiosa.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, V, "c", entre outros, são segurados
obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de contribuinte individual,
o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada,
de congregação ou de ordem religiosa.
Esses religiosos, embora sejam segurados obrigatórios, não se enquadram
como trabalhadores avulsos, mas como contribuintes individuais.

Gabarito: errado.

142. É segurado facultativo o maior de doze anos que se filiar ao regime geral de pre-
vidência social, mediante contribuição.

( ) certo ( ) errado

O segurado facultativo é uma espécie de segurado cuja filiação ao RGPS


depende exclusivamente de sua vontade. A lei não o obriga a filiar-se.
Pode filiar-se ao RGPS como segurado facultativo, mediante contribuição,
a pessoa física maior de 16 anos de idade, desde que não esteja exercendo
atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório do RGPS
ou de Regime Próprio de Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 13; RPS, art. 11;
CF, art. 7°, XXXIII; CF, art. 201, §5°).

163
Direito Previdenciário Cespe

Assim, para a pessoa física poder filiar-se ao RGPS como segurado facultativo,
basta cumprir os seguintes requisitos: (I) ser maior de 16 anos de idade; (11)
não ser segurado obrigatório do RGPS; e (111) não ser participante de Regime
Próprio de Previdência Social. Gabarito: errado.

143. Segundo a jurisprudência do STF, deve-se utilizar, como parâmetro para a con-
cessão do benefício de auxílio-reclusão, a renda do segurado preso, e não a de
seus dependentes.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte,


aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remune-
ração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria
ou de abono de permanência em serviço (Lei 8.213/91, art. 80).
O inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, na redação dada pela
EC 20/98, restringiu a concessão do auxílio-reclusão para os dependentes
dos segurados de baixa renda. De acordo com o art. 13 da Emenda Consti-
tucional20/98, "até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-
-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios
serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou
inferior a R$ 360,00, que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos
mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência
social". Os R$ 360,00 citados pela art. 13 da EC 20, corrigidos pelos mesmos
índices de reajuste aplicados aos demais benefícios do RGPS, correspondem,
atualmente, a R$ 1.089,72. 40
Vale frisar que a renda do segurado preso é a que deve ser utilizada como
parâmetro para a concessão do benefício, e não a de seus dependentes. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CoNSTITUCIONAL. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO
DOS CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍ-
CIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA.
RESTRIÇÃO INTRODUZIDA PELA EC 20!1998. SELETIVIDA-

40 Valor atualizado, a partir de 1°/0112015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

Hugo Goes 164


Defensor Público/DPE-BA/201 o

DE FUNDADA NA RENDA DO SEGURADO PRESO. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I- Segundo decorre do art. 201,
IV, da Constituição, a renda do segurado preso é a que deve
ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício
e não a de seus dependentes. li - Tal compreensão se extrai
da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998,
que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio-
-reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar
a efetiva necessidade dos beneficiários. III - Diante disso,
o art. 116 do Decreto 3.048/1999 não padece do vício da
inconstitucionalidade. IV - Recurso extraordinário conhe-
cido e providoY

Assim, para que os dependentes tenham direito ao auxílio-reclusão é necessá-


rio que o segurado: (a) tenha sido recolhido à prisão; (h) não receba remune-
ração da empresa; (c) não esteja em gozo de auxílio-doença, aposentadoria
ou abono de permanência em serviço; e (d) desde que o seu último salário
de contribuição seja igual ou inferior a 1.089,72. Gabarito: certo.

144. O cancelamento da inscrição do cônjuge do segurado é processado em face de se-


paração judicial ou divórcio sem direito a alimentos, de certidão de anulação de
casamento, de certidão de óbito ou de sentença judicial transitada em julgado.

( ) certo ( ) errado

Na época em que essa prova foi aplicada (ano de 2010), estava em vigor o§ 2°
do art. 17 da Lei 8.213/91, que determinava o seguinte:

§ 2° O cancelamento da inscrição do cônjuge se processa em


face de separação judicial ou divórcio sem direito a alimen-
tos, certidão de anulação de casamento, certidão de óbito ou
sentença judicial, transitada em julgado.

Mas o citado dispositivo legal foi revogado pela Lei 13.135/2015. Esse dispo-
sitivo legal só fazia sentido na época em que cabia ao segurado fazer a ins-
crição dos seus dependentes. Todavia, atualmente, incumbe ao dependente
promover a sua inscrição quando do requerimento do benefício a que estiver
habilitado (Lei 8.213/91, art. 17, § 1°).

41 STF, RE 587365/SC, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 084, de 07/05/2009.

165 Prova 10
Direito Previdenciário Cespe

Na época em que essa prova foi aplicada (ano de 2010), a questão ora co-
mentada foi considerada como certa. Mas, se fosse aplicada hoje, ela seria
considerada como errada.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

145. É segurado obrigatório da previdência social, na qualidade de empregado, o exer-


cente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vincula-
do a regime próprio de previdência social.

( ) certo ( ) errado

Conforme a Lei 8.213/91, art. 11, I, "j", entre outros, é segurado obrigatório
da Previdência Social, na qualidade de empregado, o exercente de mandato
eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social.
Exercentes de mandato eletivo são: vereador, prefeito, deputado estadual,
deputado distrital (no caso do DF), governador, deputado federal, senador
e presidente da República. Esses mandatários são, em regra, segurados
obrigatórios do RGPS, na categoria de segurado empregado. Mas, se um
servidor público amparado por regime próprio de previdência afastar-se do
cargo efetivo para exercer um desses mandatos, nessa situação continuará
vinculado ao regime próprio de origem e, desse modo, excluído do RGPS.
Gabarito: certo.

Em relação às disposições constitucionais aplicáveis à previdência social, julgue


os itens a seguir.
146. Compete à justiça federal processar e julgar questões pertinentes ao direito de fa-
mília quando objetivem reivindicação de benefícios previdenciários.

( ) certo ( ) errado

No caso específico de ação judicial que tenha como objetivo o reconhecimen-


to de união estável, o Supremo Tribunal Federal firmou sua jurisprudência
no sentido de que, quando o INSS figurar como parte ou tiver interesse

Hugo Goes 166


Defensor Público/DPE-BA/201 o

na matéria, a competência é da Justiça Federal. 42 Ou seja, se o objetivo do


reconhecimento da união estável é o recebimento de pensão por morte a ser
paga pelo RGPS, sendo o INSS parte ou possuidor de interesse na causa, a
ação será processada e julgada na Justiça Federal.
:vias não podemos afirmar, de forma genérica, que compete à Justiça Fe-
deral processar e julgar questões pertinentes ao direito de família quando
objetivem reivindicação de benefícios previdenciários. Veja que, no caso do
reconhecimento de união estável, para que a competência seja da Justiça
Federal é necessário que o INSS figure como parte ou como possuidor de
interesse na causa.
Gabarito: errado.

147. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de apo-


sentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os
casos de atividades que, exercidas sob condições especiais, prejudiquem a saúde
ou a integridade física, e quando se tratar de segurados portadores de deficiên-
cia, nos termos definidos em lei complementar.

( ) certo ( ) errado

De acordo com art. 201, § 1°, da Constituição Federal, "é vedada a adoção
de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de
atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
_ntegridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência,
nos termos definidos em lei complementar". Esse dispositivo constitucional
proíbe o legislador ordinário de adotar regras diferenciadas para concessão
de aposentadorias para os beneficiários do RGPS, evitando, assim, favoreci-
mentos indevidos e assegurando tratamento equânime a todos os segurados.
Esse princípio também é aplicado aos regimes próprios (CF, art. 40, § 4°).
A Constituição abre, no entanto, uma exceção, no sentido de assegurar um
tratamento diferenciado aos trabalhadores que exercem atividades em con-
dições que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar
de segurados portadores de deficiência.

42 STF, RE 5·15199 AgR I R), Rel. Min. Ellen Grade, 2 • T., D)e-237, 18/12/2009.

167 Prova 10
Direito Previdenciário Cespe

Os trabalhadores que exercem atividades em condições que prejudiquem a


saúde ou a integridade física, em razão da exposição a agentes nocivos (quí-
micos, físicos ou biológicos), têm sua capacidade laborativa reduzida mais
rapidamente. Por isso, têm direito a uma aposentadoria especial, que será
devida, uma vez cumprida a carência exigida, ao segurado que tiver traba-
lhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos. A aposentadoria especial
concedida pelo RGPS é regulada pelos artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91.
A aposentadoria diferenciada a ser concedida aos segurados portadores de
deficiência foi introduzida pela Emenda Constitucional47, de 5/7/2005. Essa
aposentadoria foi regulamentada pela Lei Complementar 142, de 8 de maio
de 2013. Gabarito: certo.

148. Ao segurado homem garante-se a aposentadoria no regime geral de previdência


social após trinta e cinco anos de contribuição e sessenta e cinco anos de idade,
reduzido em cinco anos o limite etário para os professores dos ensinos funda-
mental e médio.

( ) certo ( ) errado

O tema abordado pela questão ora comentaC.a está previsto no art. 201, §§ 7°
e 8°, da Constituição Federal, in verbis:

§ 7° É assegurada aposentadoria no regime geral de pre-


vidência social, nos termos da lei, obe:lecidas as seguintes
condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
anos de contribuição, se mulher;
II- sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os
trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, nestes in-
cluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
§ 8° Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo
anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor
que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio.

Hugo Goes 168


Defensor Público/DPE-BA/201 O

Os requisitos previstos nos incisos I e 11 do§ 7° não são cumulativos. O inciso


I cuida da aposentadoria por tempo de contribuição, benefício que não exige
idade mínima. O inciso li trata da aposentadoria por idade.
A aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar 35 anos de contribuição, se
homem, e 30 anos de contribuição, se mulher (CF, art. 201, § 7°, I). Para o
professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em fun-
ção de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino
médio, o requisito da aposentadoria por tempo de contribuição será de 30
anos de contribuição para o homem e de 25 para a mulher (CF, art. 201, § 8°).
No RGPS, não há exigência de idade mínima para a concessão de aposen-
tadoria por tempo de contribuição. Embora a idade mínima (de 60 anos
para homem e 55 para mulher) constasse do projeto original da Emenda
Constitucional 20/98, a proposta foi rejeitada pelo Congresso Nacional. A
exigência cumulativa de idade e tempo de contribuição só existe nos regi-
mes próprios de previdência social. No RGPS, aposentadoria por tempo de
contribuição e aposentadoria por idade são benefícios distintos, cada um
com seus respectivos requisitos.
A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carên-
cia exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
(sessenta), se mulher (Lei 8,.213/91, art. 48). Os limites de idade são reduzidos
para 60 (sessenta) e 55 (cinquenta e cinco) anos no caso de trabalhadores
rurais, respectivamente home~s e mulheres, referidos na alínea a do inciso I,
na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11 da Lei 8.213/91, bem
como para os garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de
economia familiar. Assim, os limites de idade são reduzidos em cinco anos
quando se trata dos seguintes trabalhadores:

a) Empregado rural (Lei 8.213/91, art. 11, I, "a");


b) Trabalhador que presta serviço de natureza rural, em
caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação
de emprego (Lei 8.213/91, art. 11, V, "g");
c) Trabalhador avulso rural (Lei 8.213, art. 11, VI);
d) Segurado especial (Lei 8.213/91, art. 11, VII); e
e) Garimpeiro que trabalhe, comprovadamente, em regime
de economia familiar (CF, art. 201, § 7°, II).

169 Prova 10
Direito Previdenciário Cespe

Perceba que na aposentadoria por tempo de contribuição, a redução de cinco


anos no tempo de contribuição é garantida apenas ao professor que com-
prove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Já na aposentadoria
por idade, a redução de cinco anos na idade é garantida aos trabalhadores
rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime
de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o
pescador artesanal.
Assim, na aposentadoria por idade, os professores dos ensinos fundamental
e médio e da educação infantil não se beneficiam da redução de cinco anos
no limite etário (relativo à idade).
Gabarito: errado.

149. Compete à justiça comum dos estados processar e julgar as ações acidentárias, as
propostas, pelo segurado, contra o INSS1 visando a benefício e aos serviços pre-
videnciários correspondentes a acidente do ~rabalho.

( ) certo ( ) errado

O inciso I do art. 109 da Constituição Federal deixa claro que os Juízes


Federais não têm competência para processar e julgar as causas relativas a
acidente de trabalho. De acordo com o inciso II do art. 129 da Lei 8.213/91,
os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apre-
ciados, na via judicial, pela Justiça dos estados e do Distrito Federal, segundo
o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante petição
instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência Social,
por meio de Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT. Tanto o STF
como o STJ entendem ser da Justiça Estadual, em ambas as instâncias, a
competência para processar e julgar as ações de acidente do trabalho. Nesse
sentido, confiram-se as seguintes súmulas:

Súmula 501 do STF- compete à justiça ordinária estadual o


processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas
de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a
União, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de
economia mista.

Hugo Goes 170


Defensor Público/DPE-BA/2010

Súmula 235 do STF - É competente para a ação de acidente


do trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda
instância, ainda que seja parte autarquia seguradora.
Súmula 15 do STJ - Compete à justiça estadual processar e
julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho.

Assim, com relação às lides previdenciárias derivadas de acidente de tra-


balho, promovidas pelo segurado em face do INSS, a competência para
julgar e processar é da Justiça Comum Estadual. Dessa forma, as ações que
objetivem a concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou
auxílio-acidente, decorrentes de acidente do trabalho, devem ser ajuizadas
perante a Justiça Estadual, com recursos aos Tribunais de Justiça. Até mes-
mo ações relativas à revisão de benefício de origem acidentária devem ser
ajuizadas perante a Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se o seguinte
julgado do STF:

EMENTA: COMPETÊNCIA. AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO


ACIDENTÁRIO. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. ART. 109, INC. l,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A teor do disposto no art. 109,
inc. I, da Constituição Federal, a competência da Justiça Esta-
dual para julgar lide de natureza acidentária envolve também
a revisão do próprio benefício. Precedente do Plenário: RE
176.532-1. Recurso extraordinário conhecido e providoY

Ressalte-se, porém, que o art. 120 da Lei 8.213/91 determina que "nos casos
de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho
indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
ação regressiva contra os responsáveis". Neste caso, o INSS ajuizará ação
regressiva em face do empregador perante a Justiça Federal (CF, art. 109, I).
Nesta situação específica, o empregador não se exime de sua responsabili-
dade pelo fato de a Previdência Social ter honrado prestações decorrentes
da incapacidade gerada pelo acidente do trabalho.
Vale frisar também que, de acordo com o inciso VI do art. 114 da Consti-
tuição Federal, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações
de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação
de trabalho. No julgamento do Conflito de Competência 7.204, o STF, em

43 STF, RE 264560/SP, Rel. Min. limar Galvão, 2• T., DJ 10/08/2000.

171 Prova 10
Direito Previdenciário Cespe

sessão plenária, definiu a competência da Justiça Trabalhista, a partir da


EC 45/2004, para julgamento das ações de indenização por danos morais
e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho. 44 Assim, as ações pro-
movidas pelo empregado em face do empregad·::Jr postulando indenização
pelos danos morais ou patrimoniais sofridos em decorrência de acidente do
trabalho serão processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho.
Mas as ações promovidas pelo segurado em face do INSS, postulando bene-
fício previdenciário decorrente de acidente do trabalho, mesmo após a EC
45/2004, continuam sendo julgadas e processadas, em ambas as instâncias,
pela Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO. Jnzo DA 2 3 VARA


DO TRABALHO DE CUBATÃO- SP E JUÍZO DE DIREITO DA 2'
VARA CívEL DE CuBATÃo- SP. AçÃo ACIDENTÁRIA. CoN-
CESsÃo f REVISÃO DE BENEFÍCIO. EMENDA CONSTITUCIONAL
45/2004. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO DO ART. 109, I DA CF.
COMPETÊNCIA DA TUSTIÇA COMUM. JUSTIÇA DO TRABALHO.
DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. PRECE-
DENTE DO STF. INTERPRETAÇÃO À Luz DA CF. CoNFLITO
CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETEN f E O JUÍZO DE
DIREITO DA 2• VARA CívEL DE CuBA TÃO- SP. I- Mesmo
após a Emenda Constitucional45/2004, manteve-se intacto
o artigo 109, inciso I da Constituição Federal, no tocante à
competência para processar e julgar as ações de acidente do
trabalho. li- A ausência de modificação do artigo 109, inciso
I da Constituição Federal, no tocante às ações de acidente
de trabalho, não permite outro entendimento que não seja o
de que permanece a Justiça Estadual como 3. única compe-
tente para julgar demandas acidentá rias, não tendo havido
deslocamento desta competência para a Justiça do Trabalho
(artigo 114 da Constituição Federal). (. .. )45

Gabarito: certo.

44 STF, CC 7204/MG, Rei. Min. Carlos Britto, D) 09/12/2005, p. 5.


45 STJ, CC 47811/SP, Rei. Min. Gilson Dipp, 3' T., D) 11/05/2005, p. IH.

Hugo Goes 172


Defensor Público/DPE-BA/201 O

150. O julgamento pela ilegalidade do pagamento de benefício previdenciário previs-


to na legislação não implica a obrigatoriedade da devolução das importâncias re-
cebidas, de boa-fé, pelo segurado.

( ) certo ( ) errado

O STF entende que o julgamento pela ilegalidade do pagamento do benefício


previdenciário não importa na obrigatoriedade da devolução das importân-
cias recebidas de boa-fé. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRU-


MENTO. TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. 1. Devolução de
valores recebidos de boa-fé pela parte beneficiária em razão
de antecipação de tutela. Matéria infraconstitucional: ofensa
constitucional indireta. 2. O julgamento pela ilegalidade
do pagamento do benefício previdenciário não importa na
obrigatoriedade da devolução das importâncias recebidas
de boa-fé. Precedente. Agravo regimental ao qual se nega
provimento. 46

Gabarito: certo.

46 STF, AI 746442 Ag R/RS, Rei. Min. Cármen Lúcia, 1' T., DJe 200, de 22/0l/2009.

173 Prova 10
13. No que se refere às questões previdenciárias atinentes aos juizados especiais fe-
derais e à jurisprudência aplicável à espécie, assinale a opção correta.

a) É vedada a cumulação do recebimento de pensão por morte de trabalhador


rural com o de benefício de aposentadoria por invalidez.
b) Exceto para efeito de carência, o tempo de serviço de segurados trabalhadores
rurais anterior ao advento da Lei no 8.213/1991, sem o recolhimento de con-
tribuições previdenciárias, pode ser considerado para a concessão de benefí-
cio previdenciário do RGPS.
c) Em respeito ao critério objetivo, o simples fato de um imóvel ser superior a
um módulo rural afasta a qualificação do proprietário desse imóvel como se-
gurado especial, ainda que ele o explore em regime de economia familiar.
d) Para fins de competência, o simples fato de a demanda ter sido ajuizada no
juizado especial federal presume a renúncia tácita dos valores excedentes à
quantia de sessenta salários mínimos.
e) A justificação judicial destinada a instruir pedido perante órgãos da União
deve ser processada e julgada perante juizado especial federal da capital do
estado quando a comarca não for sede de vara federal.

Alternativa A - Os benefícios previdenciários que não podem ser acumulados


estão previstos no art. 124 da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido


o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previ-
dência Social:
I- aposentadoria e auxílio-doença;
II - mais de uma aposentadoria;
III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV - salário-maternidade e auxílio-doença;

175
Direito Previdenciário Cespe

V - mais de um auxílio-acidente;
VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou compa-
nheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do
seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação
continuada da Previdência Social, exceto pensê.o por morte
ou auxílio-acidente.

A pensão por morte pode ser cumulada com qualq·Jer aposentadoria, inde-
pendentemente do benefício ser urbano ou rural Por exemplo, a esposa
recebia aposentadoria por invalidez, passando, posteriormente, a receber
pensão em virtude da morte do esposo, que era segurado do RGPS. Ares-
peito desta matéria, a Turma de Uniformização de..> Decisões dos Juizados
Especiais editou a seguinte súmula:

Súmula 36 -Não há vedação legal à cumulação da pensão por


morte de trabalhador rural com o benefício da ap<>sentadoria
por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos
geradores distintos.

Alternativa B - Alguns períodos da vida funcional do trabalhador podem


ser contados como tempo de contribuição, mesmo :;em ter havido a efetiva
contribuição. Todavia, embora contem como tem~ o de contribuição, esses
períodos não contam para efeito de carência. A títt..:.lo de exemplo, temos o
tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência no-
vembro de 1991 (RPS, arts. 60, X; 123 e 127, V). Nesse período, o trabalhador
rural não contribuía para a previdência social.
Embora conte como tempo de contribuição, não é computado para efeito de
carência o tempo de atividade do trabalhador rural anterior à competência
novembro de 1991 (RPS, art. 26, § 3°). A respeito desta matéria, a Turma de
Uniformização das Decisões dos Juizados Especiais editou a seguinte súmula:

Súmula 24- O tempo de serviço do segurado trat:alhador ru-


ral anterior ao advento da Lei no 8.213/91, sem o rçcolhimento
de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para
a concessão de benefício previdenciário do Regime Geral de
Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência,
conforme a regra do art. 55,§ 2°, da Lei no 8.213/91.

Hugo Goes 176


Juiz Federai!TRF da s• Região/2009

Alternativa C - O produtor rural que exerce atividade agropecuária (agri-


cultura ou pecuária) somente será considerado segurado especial se a área
da propriedade for de no máximo quatro módulos fiscais (Lei 8.213/91,
art. 11, VII, "a", 1). Se superior a isso, o produtor rural torna-se contribuinte
individual (Lei 8.213/91, art. 11, V, "a").
O módulo fiscal varia de um município para outro. O número de módulos
fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área aproveitável
total pelo módulo fiscal do município (Lei 4.504/64, art. 50,§ 3°). Constitui
área aproveitável do imóvel rural a que for passível de exploração agrícola,
pecuária ou florestal (Lei 4.504/64, art. 50, § 4°).
Exercendo o produtor rural a atividade de seringueiro ou extrativista vegetal,
não existe limitação de área para que ele seja considerado segurado especial
(Lei 8.213/91, art. 11, VII, "a", 2). Entende-se por extrativismo o sistema de
exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos
naturais renováveis (Lei 9.985/2000, art. 2°, XII). Uso sustentável é a explora-
ção do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável
(Lei 9.985/2000, art. 2°, XI).
Alternativa D - Os Juizados Especiais Federais foram instituídos pela Lei
10.259/2001. O objetivo dos Juizados Especiais é agilizar o processo judiciário,
que se orientará pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conci-
liação ou a transação (Lei 9.099/95, art. 2°).
Na esfera cível, compete ao Juizado Especial Federal processar, conciliar e
julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de 60 salários mí-
nimos, bem como executar as suas sentenças (Lei 10.259/2001, art. 3°, caput).
Assim, os beneficiários da previdência social poderão ajuizar perante os
Juizados Especiais Federais as ações cujas causas (pretensões deduzidas
em juízo) não excedam a 60 salários mínimos, ou, se excederem, desde que
os beneficiários renunciem expressamente ao valor excedente. Inexistindo
renúncia do autor ao valor excedente ao limite de 60 salários mínimos,
o Juizado Especial Federal se mostra absolutamente incompetente para
apreciar a demanda. Assim, não se presume a renúncia tácita dos valores
excedentes à quantia de 60 salários mínimos. Nesse sentido, confira-se o
seguinte julgado do STJ:

177 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUÍZO COMUM


FEDERAL E JuiZADO ESPECIAL FEDERAL. (... ]3. Cabe ao Juízo
Federal perante o qual a demanda foi inicialmente ajuizada
aferir se o benefício econômico deduzido pelo autor é ou não
compatível com o valor dado à causa antes de, se for o caso,
declinar de sua competência. Precedentes. 4. Inexistindo
renúncia do autor ao valor excedente ao limite de sessenta
salários mínimos, o Juizado Especial Federal se mostra
absolutamente incompetente para apreciar a demanda. Pre-
cedentes. (CC 99534/SP, Rei. Min. Jane Silva, DJe 19/12/2008).

Alternativa E - O INSS é uma autarquia federal cuja principal atribuição


é a concessão de benefícios do RGPS (Lei 8.029/90, art. 17). Em regra, aos
juízes federais compete processar e julgar as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho (CF, art. 109,
I). Assim, em regra, compete à Justiça Fe<;J.eral julgar e processar a ação pro-
movida pelo beneficiário do RGPS, em face do INSS, postulando benefícios
previdenciários comuns (benefícios não acidentários).
Todavia, conforme o disposto no § 3° do art. 109 da Constituição Federal,
serão processadas e julgadas na Justiça Estadual, no foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de
previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara
do Juízo Federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que
outras causas sejam também processadas e julgadas pela Justiça Estadual.
Assim, se no domicílio do segurado não existir vara da Justiça Federal, a ação
judicial por ele proposta contra o INSS poderá ser processada e julgada na
Justiça Estadual. Mas o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau (CF, art. 109, § 4°).
O STF entende que o art. 109, § 3°, da Constituição, apenas faculta ao segu-
rado o ajuizamento da ação na Justiça Estadual no foro do seu domicílio,
podendo este optar por ajuizá-la perante a Justiça Federal. Vale dizer, é
facultado ao segurado escolher entre a regra do inciso I ou a do § 3° (ambas
do art. 109 da CF). Se o segurado optar pela Justiça Federal, pode optar pelo

HugoGoes 178
Juiz Federai!TRF da s• Região/2009

juízo federal com jurisdição sobre seu domicílio ou pelo da capital do estado-
-membro.47 Nesse sentido, confira-se a seguinte Súmula do STF:

Súmula 689- O segurado pode ajuizar ação contra a institui-


ção previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio
ou nas varas federais da Capital do Estado-membro.

O STJ também tem entendido da mesma forma. Nesse sentido, confira-se


o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. FORO. AÇÃO PROPOSTA


POR SEGURADO CONTRA o INSS. Conforme o novo entendi-
mento firmado pela Terceira Seção, no julgamento do AgRg
no REsp 223.797/DF (relator Min. José Arnaldo da Fonseca),
a ação proposta por segurado contra o INSS pode ser ajuizada
tanto no foro do seu domicílio quanto no da Capital Federal.
Recurso conhecido e provido.<"

Gabarito: B

14. A respeito do regime previdenciário do servidor estatutário, assinale a opção correta.

a) Lei estadual de inkiativa parlamentar que trate apenas de aposentadoria de


servidores públicos não é inconstitucional, visto que tal matéria não é priva-
tiva do chefe do Poder Executivo, sendo certo que a supressão de parcela de
proventos de aposentadoria, concedida em desacordo com a lei, não ofende o
princípio da irredutibilidade de vencimentos.
b) Aos servidores vitalícios, ao contrário do que ocorre com os notários, registra-
dores e demais servidores dos ofícios extrajudiciais, aplica-se a aposentadoria
compulsória por idade, sendo extensivas aos inativos, desde que mediante lei es-
pecífica, as vantagens de caráter geral outorgadas aos servidores em atividade.
c) Atividades exercidas por servidores públicos em condições especiais que lhes
prejudiquem a saúde podem ensejar a adoção de requisitos e critérios diferen-
dados para a concessão de aposentadoria, em termos definidos em lei comple-
mentar, q.1ja inexistência pode acarretar a aplicação da legislação própria dos
trabalhadores regidos pelo RGPS.

47 STF, RE 223139/RS, Rei. Mio. Sepülveda Pertence, 1• T., DJ 18/09/98.


48 STJ, REsp 207673/DF, Rei. Mio. Felix Fischer, s• T., DJ 10/04/2000, p. 116.

179 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

d) As funções de magistério limitam-se ao trabalho em sala de aula, excluindo-se


as demais atividades extraclasse, de forma que, para efeitos de aposentadoria
especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado em ati-
vidades como as de coordenação e assessoramento pedagógico.
e) A União, os estados, o DF e os municípios, independentemente de instituirem
regime de previdência complementar para os seus servidores titulares de car-
go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem
concedidas pelos próprios regimes de previdência, o limite máximo estabe-

I
lecido para os benefícios do RGPS.

Alternativa A -De acordo com o art. 61, § 1°, Il, "c", da Constituição Federal,
são de iniciativa privativa do presidente da República as leis que disponham
sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provi-
mento de cargos, estabilidade e aposentadoria. O STF entende que essa regra
também se aplica ao processo legislativo estadual. Assim, lei estadual que trate
de aposentadoria de servidores públicos estaduais é de iniciativa privativa do
governador do Estado. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

REGIME JuRÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS.


APOSENTADORIA E VANTAGENS FINANCEIRAS. INCONSTITU-
CIONALIDADE FORMAL. VÍCIO QUE PERSISTE, NÃO OBSTANTE
A SANÇÃO DO RESPECTIVO PROJETO DE LEI. PRECEDENTES. l.
Dispositivo legal oriundo de emenda parlamentar referente
aos servidores públicos estaduais, sua aposentadoria e van-
tagens financeiras. Inconstitucionalidade formal em face do
disposto no artigo 61, § 1o, 11, "c", da Carta Federal. 2. É firme
na jurisprudência do Tribunal que a sanção do projeto de lei
não convalida o defeito de iniciativa. Precedentes. Procedên-
cia da ação. Inconstitucionalidade da Lei no 1.786, de 09 de
janeiro de 1991, do Estado do Rio de Janeiro. 49

A questão em tela também se refere ao princípio da irredutibilidade. Con-


forme a jurisprudência predominante no STF, a garantia da irredutibilié.ade
não impede a alteração de vantagem anteriormente percebida pelo servidor,
desde que seja preservado o valor nominal dos vencimentos. 50 Mas, se o be-
nefício for concedido em desacordo com a lei, até mesmo o valor nominal
poderá ser reduzido. O STF entende que "a redução de proventos de aposen-

49 STF, ADln 700/RJ, Rei. Min. Maurício Corrêa, D]U de 24/8/01, p. 41.
50 STF, AI-AgR 618777/RJ, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, l' T., D] 03/08/2007.

Hugo Goes 180


Juiz Federai!TRF da S• Região/2009

tadoria, quando concedida em desacordo com a lei, não ofende o princípio


da irredutibilidade". 51
Alternativa B - Servidores vitalícios são aqueles que só podem perder os
seus cargos mediante sentença judicial transitada em julgado. Gozam da
vitaliciedade os magistrados (CF, art. 95, I), os membros do Ministério
Público, após dois anos de exercício (CF, art. 128, §5°, I, "a") e os ministros
e conselheiros dos Tribunais de Contas (CF, art. 73, § 3°). No tocante à apo-
sentadoria dos servidores vitalícios, aplicam-se as normas constantes do
art. 40 da Constituição Federal. Assim, a aposentadoria dos magistrados
(CF, art. 93, VI), dos membros do Ministério Público (CF, 129, § 4°) e dos
ministros e conselheiros de Tribunais de Contas (CF, arts. 73, § 3°, e 75), e
a pensão de seus dependentes, também observarão o disposto no art. 40 da
Constituição Federal.
O servidor (inclusive o vitalício), homem ou mulher, será aposentado com-
pulsoriamente aos 70 anos de idade, ou aos 75. anos de idade, na forma de
lei complementar (CF, art. 40, § 1°, 11). Até que entre em vigor a lei comple-
mentar de que trata o inciso li do § 1o do art. 40 da Constituição Federal,
os ministros do Supremo Tribunal Federal, dos. Tribunais Superiores e do
Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75
anos de idade (CF, ADCT, art. 100). Ou seja, para os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União,
já está vigorando a aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade. Para os
demais servidores abrangidos por RPPS, a aposentadoria compulsória con-
tinua sendo aos 70 anos de idade. Somente passará para 75 anos depois que
entrar em vigor a lei complementar de que trata o inciso 11 do § 1o do art. 40
da Constituição Federal. Nesta espécie de aposentadoria, não há a exigência
de o servidor ter tempo mínimo de dez anos de exercício no serviço público
e cinco anos no cargo efetivo. Estes requisitos são exigidos somente para as
aposentadorias voluntárias. Os proventos da aposentadoria compulsória são
calculados de modo proporcional ao tempo de contribuição.
De acordo com o § 8° do art. 40 da Constituição Federal, é assegurado o
reajustamento dos benefícios do RPPS para preservar-lhes, em caráter per-
manente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. A data e os
índices de reajustamento serão os mesmos utilizados para o RGPS. 52 Assim, o
valor dos benefícios será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste

51 STF, MS 25552/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJ 30/05/2008.


52 Portaria MPS 402/08, item 8 do anexo.

181 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

do salário mínimo, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor


- INPC. 53 Para benefícios que estão sendo reajustados pela primeira vez, o
índice será aplicado de forma proporcional entre a data da concessão e a do
primeiro reajustamento.
A regra do § 8° do art. 40 da CF, na redação dada pela EC 41/2003, acabou
com a conhecida paridade entre ativos e inativos. A paridade assegurava que
os proventos de aposentadoria e pensão por morte fossem reajustados na
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificasse a remuneração
dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e
pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos
aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação
ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.
A partir da EC 41/2003, a paridade entre ativos e inativos foi excluída do
texto constitucional. Todavia, por força de regras de transição, ela ainda é
assegurada nos seguintes casos:

I - Para os beneficiários que, em 31/12/2003, já estavam


fruindo dos benefícios de aposentadoria ou pensão por morte
(EC 41/2003, art. 7°);
li - Para os beneficiários que, em 31/12/2003, já haviam
adquirido o direito aos benefícios de aposentadoria ou pensão
por morte (EC 41/2003, art. 7°);
Ill- Aos proventos de aposentadorias dos servidores públicos
que se aposentarem na forma do art. 6° da EC 41/2003 (EC
47/2005, art. 2°);
IV - Aos proventos de aposentadorias concedidas com base no
art. 3° da EC 47/2005 (EC 47/2005, art. 3°, parágrafo único);
V - Às pensões derivadas dos proventos de servidores fa-
lecidos que tenham se aposentado em conformidade com
art. 3° da EC 47/2005 (EC 47/2005, art. 3°, parágrafo único).

Alternativa C - De acordo com o § 4° do art. 40 da Constituição Federal, é


vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo RPPS, ressalvados, nos termos definidos
em leis complementares, os casos de servidores: (I) portadores de deficiência;

53 Lei 8.213/91, art. 41-A.

Hugo Goes 182


Juiz FederalfTRF da s• Região/2009

(II) que exerçam atividades de risco; (III) cujas atividades sejam exercidas
sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Conforme determinação da Lei 9.717/98, art. 5°, parágrafo único, "fica veda-
da a concessão de aposentadoria especial, nos termos do § 4° do art. 40 da
Constituição Federal, até que lei complementar federal discipline a matéria".
Assim, o § 4° do art. 40 da CF é uma norma de eficácia limitada, ou seja,
enquanto não for editada lei complementar regulamentando a matéria, as
aposentadorias especiais não poderão ser concedidas. Contudo, o STF tem
entendido que, enquanto não existir disciplina específica da aposentadoria
especial do servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento judicial, das
regras da aposentadoria especial do RGPS. Nesse sentido, confira-se a se-
guinte súmula vinculante editada pela Suprema Corte:

Súmula Vinculante 33 do STF - Aplicam-se ao servidor


público, no que couber, as regras do Regime Geral de Pre-
vidência Social sobre aposentadoria especial de que trata o
artigo 40, § 4°, inciso III, da Constituição Federal, até edição
de lei complementar específica.

A decisão do STF supra está em consonância com o § 12 do art. 40 da CF,


que manda aplicar ao RPPS, no que couber, os requisitos e critérios fixados
para o RGPS.
Portanto, enquanto a regulamentação do art. 40, § 4°, da CF não for produzida,
os servidores portadores de deficiência, bem como os que exerçam atividades
de risco, ou cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que preju-
diquem a saúde ou a integridade física poderão solicitar a aplicação analógica
das regras da aposentadoria especial e da pessoa com deficiência dos segurados
do RGPS (Lei 8.213/91, arts. 57 e 58 e Lei Complementar 142/2013).
Alternativa D- Conforme o § 5° do art. 40 da CF, o professor amparado por
RPPS que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fará
jus à aposentadoria voluntária por idade e tempo de contribuição, desde que
preencha, cumulativamente, os seguintes requisitos:

I- tenipo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço


público na União, nos Estados, no Distrito Federal ou nos
Municípios;

183 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

li - tempo mínimo de cinco anos de efetivo exercício no


cargo efetivo em que se der a aposentador~a; e
III - cinquenta e cinco anos de idade e trinta de tempo de
contribuição, se homem, e cinquenta anos de idade e vinte e
cinco de tempo de contribuição, se mulhe:-.

São consideradas funções de magistério as exercidas por professores e es-


pecialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando
exercidas em estabelecimento de educação básica, formada pela educação
infantil, ensino fundamental e médio, em seus diversos níveis e modalidades,
incluídas, além do exercício de docência, c.s do:: direção de unidade esc·:Jlar
e as de coordenação e assessoramento pedagógico, conforme critérios e
·definições estabelecidas em norma de cada ente federativo.
No julgamento da ADin 3772, o STF entendeu que as atividades de exer-
cício de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento
pedagógico também terão o tempo de contribuição reduzido em cinco a.aos,
desde que exercidas por professores. 54
Alternativa E- A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, desde
que instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos
servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposen-
tadorias e pensões a serem concedidas pelo RPPS, o mesmo limite máximo
estabelecido para os benefícios RGPS (CF, art. 40, § 14). Dessa forma, o RPPS
garantirá o pagamento do benefício até o teto do RGPS, e a eventual diferença
será paga pela previdência complementar pública.
Contudo, o teto do RGPS será aplicado ao RPPS somente em relação ao
servidor que ingressar no serviço público após a data da criação da corres-
pondente previdência complementar pública. Quanto ao servidor ingresso
até a data da publicação do ato de instituição C.a previdência complementar
pública, estas regras somente serão aplicadas mediante sua prévia e expressa
opção (CF, art. 40, § 16).
O regime de previdência complementar dos servidores amparados por RPPS
será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, por in-
termédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza
pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de beneficios
somente na modalidade de contribuição definida (CF, art. 40, § 15).

54 STF, ADI 3772/DF, Rei. Orig. Min. Carlos Britto, Rei. p/ o a:órd~o Min. Ricardo Lewandowski. Daa do
julgamento 29/10/2008.

Hugo Goes 184


Juiz Federai!TRF da S• Região/2009

Vale frisar que a adesão a um regime de previdência complementar (público


ou privado) é sempre facultativa. Assim, para o servidor que ingressar no
serviço público após a criação da previdência complementar pública, o que
será obrigatório é a aplicação do teto do RGPS às aposentadorias e pensões a
serem pagas pelo RPPS, e não a adesão à previdência complementar pública.
Se o servidor fizer a adesão, o RPPS pagará o benefício até o teto do RGPS
e a diferença será paga pela previdência complementar pública. Se não fizer
a adesão, o benefício ficará limitado ao teto do RGPS, sem nenhuma com-
plementação. Gabarito: C

15. Em relação às ações previdenciárias em geral, assinale a opção correta.

a) A delegação de competência federal em favor da justiça estadual incide in-


clusive em mandado de segurança no qual se discuta matéria previdenciária.
Assim, a competência para o julgamento de ação mandamental contra ato de
juiz estadual investido de jurisdição federal é do respectivo TRF.
b) Compete à justiça federal, e não à justiça do trabalho, a execução das contri-
buições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constantes das sen-
tenças proferidas pela justiça trabalhista.
c) O STJ tem assentado que é da justiça federal a competência para apreciar pe-
dido de reconhecimento de união estável após a morte de servidor público e
o cadastramento da autor~ em órgão federal, para fins de percepção da cor-
respondente pensão por morte.
d) O STJ firmou entendimento nó sentido de que o prévio requerimento na esfera
administrativa é condição para propositura da ação de natureza previdenciá-
ria, uma vez que a prestação jurisdicional só se justifica mediante a compro-
vação do conflito de interesses.
e) À causa previdenciária de pequeno valor que tramita perante a justiça esta-
dual, por delegação de competência, aplicam-se as disposições da lei que tra-
ta dos j4izados especiais federais.

Alternativa A - A ação de mandado de segurança destina-se a proteger


direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus nem habeas data,
em face de ilegalidade ou abuso de poder por parte de autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
(CF, art. 7°, LXIX).

185 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

A competência para julgar mandado de segurança define-se pela categoria


da autoridade coatora e pela sua sede funcional. Em regra, a Constituição
Federal e as leis de organização judiciária especificam essa competência.
Por exemplo, a Constituição Federal atribui ao Supremo Tribunal Federal a
competência para julgar mandados de segurança contra atos do presidente
da República (CF, art. 102, I, "d"). Os mandados de segurança contra atos
de Ministro de Estado devem ser impetrados perante o Superior Tribunal de
Justiça (CF, art. 105, I, "b"). Os Tribunais Regionais Federais têm competência
para julgar os mandados de segurança contra atos dos próprios tribunais e
de Juiz Federal (CF, art. 108, I, "c").
As demais autoridades federais têm seus atos sujeitos ao controle, via manda-
do de segurança, perante os Juízes Federais com jurisdição territorial perante
a sede funcional da autoridade nominada como coatora (CF, art. 109, VIII).
Assim, o mandado de segurança impetrado contra autoridade previdenciária
(por se tratar de autoridade federal) deverá ser ajuizado perante a Justiça
Federal, que é competente para julgar é processar esta demanda. Neste caso,
a competência é privativa da Justiça Federal, vale dizer, não cabe delegação
de competência. Portanto, os mandados de segurança impetrados contra
autoridade federal, mesmo em matéria acidentária, e mesmo que o impetrante
seja domiciliado em município onde não exista vara da Justiça Federal, serão
processados e julgados pela Justiça Federal. Nesse sentido, confiram-se os
seguintes julgados do STJ:

CoNSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPETÊN-


CIA. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO. ATO DE AUTORIDADE FEDERAL.
SENTENÇA PROFERIDA POR Jurz ESTADUAL INCOMPETENTE.
ANULAÇÃO. Em sede de mandado de segurança, a compe-
tência para o processo e julgamento é definida segundo a
hierarquia funcional da autoridade coatora, não adquirindo
relevância a matéria deduzida na peça de impetração. Com-
pete a justiça federal conhecer de mandado de segurança
contra o ato de autoridade de autarquia federal, ainda que
se discuta matéria relacionada a legislação acidentaria de
natureza previdenciária. (...). 55
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - MANDADO DE SEGURANÇA -
AuTORIDADE COATORA- CoMPETÊNCIA. 1. A jurisprudência

55 ST), CC 18239/RS, Rel. Min. Vicente Leal. D/ 17/02/1997, p. 2124.

Hugo Goes 186


Juiz Federai!TRF da sa Região/2009

desta Corte firmou-se no sentido de que, em sede de mandado


de segurança, a competência é fixada em face da qualifica-
ção da autoridade coatora. 2. Se o magistrado, ao analisar
o feito, concluir que houve indicação errônea da autoridade
coatora, deve extinguir o feito e não declinar da competência.
3. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo
suscitado. 56

A questão em tela foi anulada, pois não há opção correta, visto que existe
entendimento do STJ contrário ao conteúdo da alternativa A, apontada como
correta pelo gabarito oficial preliminar. De fato, há entendimento do Superior
Tribunal de Justiça no sentido de que a delegação de competência inserta
no art. 109, § 3°, da CF/88 não incide em mandado de segurança no qual é
discutida matéria previdenciária (CC 31.437/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz,
Terceira Seção, julgado em 26/2/2003, DJ 31/3/2003, p. 146).
Alternativa B- Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar a execu-
ção, de ofício, das contribuições sociais previdenciárias, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que proferir (CF, art. 114, VIII). Com base
nesta regra, criada pela EC 20/98 e mantida pela EC 45/2005, a Justiça do
Trabalho passa a ter competência para exigir o cumprimento da obrigação
previdenciária dos empregadores, quando da sentença ou homologação de
acordo trabalhista. Neste caso, mesmo sem ter ocorrido lançamento tribu-
tário, sem inscrição em dívida ativa e sem ajuizamento de ação de execução
fiscal, o órgão da Justiça do Trabalho conduz a execução das çontribuições
previdenciárias. A intenção, sem dúvida, dirige-se para a maior eficácia do
sistema de arrecadação da Previdência Social. E não se pode dizer que houve
uma subversão deste procedimento porque a eliminação de diversas fases da
constituição do crédito tributário está respaldada na Constituição Federal
(art. 114, VIII), tendo se convertido no devido processo legal ora vigente.
Não há nenhuma irregularidade ou inconstitucionalidade nesta modificação.
A matéria é regulamentada pela CLT por força de inserções realizadas pela
Lei 10.035/2000, agora parcialmente alteradas pela Lei 11.457/2007. Nesse
sentido, o parágrafo único do art. 876 da CLT estabelece que "serão execu-
tadas ex-o.fficio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão
proferida pel<;>s Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou
homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período

56 ST), CC 38008/PR, Rei. Min. Eliana Calmon, DI 02/06/2003, p. 182.

187 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

contratual reconhecido". Contudo, o STF tem enter:.dido que a execução das


contribuições previdenciárias somente está no alcan.:e da Justiça do Trabalho
quando relativas ao objeto da condenação constante de suas sentenças, não
abrangendo a execução de contribuições previdenciárias incidentes sobre os
salários pagos durante o período contratual reconhecido na decisão. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida.


Competência da Justiça do Trabalho. Alcance do art. 114,
VIII, da Constituição Federal. 1. A competência da Justiça
do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição
Federal alcança apenas a execução das contribuições previ-
denciárias relativas ao objeto da condenação constante das
sentenças que proferir. 2. Recurso extraordinário conhecido
e desprovido. 57

Alternativa C- O STJ firmou entendimento no sentido de que é da Justiça


Estadual a competência para apreciar pedido de reconhecimento de união
estávelapós a morte de servidor público e o cada>tramento da autora em
órgão federal, para fins de percepção da correspondente pensão por morte.
Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE RECONHE-


CIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. PERCEPÇÃO DE PENSÃO POR
MORTE A SER PAGA POR ÓRGÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA
JuSTIÇA EsTADUAL. 1. Se a finalidade da ação é o reconheci-
mento de união estável após a morte do servidcr público e o
cadastramento da autora em órgão federal, para fins de per-
cepção da correspondente pensão por morte, a .:ompetência
para apreciar o pedido é da Justiça estadual. Precedentes. 2.
Recurso especial provido. 58

Alternativa D- É bastante comum o segurado ingressar em juízo com pedido


de benefício previdenciário sem que antes tenha havido o prévio requeri-
mento administrativo. Neste caso, parte da doutrina defende a tese de que
a ausência total de pedido na via administrativa enseja a falta de uma das
condições da ação- interesse de agir- pois, à mingua de qualquer obstáculo

57 STF, RE 569056/PA, Tribunal Pleno, Rei. Min. Menezes Direito, DI 12/12/2008.


58 STJ, REsp 1015769/PB, Rei. Min. Jorge Mussi, 5• T., D!e 03/08/2009.

Hugo Goes 188


Juiz Federai!TRF da s• Região/2009

imposto pelo INSS, não se aperfeiçoa a lide, doutrinariamente conceituada


como um conflito de interesses caracterizado por uma pretensão resistida. 59
Contudo, o STF tem entendido ser desnecessário o prévio requerimento
administrativo como condição para a propositura da ação previdenciária.
Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


PREVIDÊNCIA SOCIAL. PENSÃO POR MORTE. PRÉVIO RE-
QUERIMENTO ADMINISTRATIVO. NEGATIVA DA AUTARQUIA
PREVIDENCIÁRIA COMO CONDIÇÃO PARA O ACESSO AO PODER
JUDICIÁRIO. DESNECESSIDADE. 1. Não há no texto constitu-
cional norma que institua a necessidade de prévia negativa de
pedido de concessão de benefício previdenciário no âmbito
administrativo como condicionante ao pedido de provimen-
to judicial. Agravo regimental a que se nega provimento. 60

O STJ também entende que o prévio requerimento administrativo não é


condição necessária à propositura da ação previdenciária. Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado:

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIOS. REQUE-


RIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO. DESNECESSIDADE. Ü
prévio requerimento na esfera administrativa não pode ser
considerado como condição para propositura da ação de
natureza previdenciária. Ademais, é pacífico neste Superior
Tribunal de Justiça o entendimento de que é desnecessário
o requerimento administrativo prévio à propositura de ação
que vise concessão de benefício previdenciário. Recurso
conhecido e desprovido. 61

Alternativa E - A Lei 10.259/01 dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis


e Criminais no âmbito da Justiça Federal. De acordo com o seu art. 20, é
vedada a aplicação da Lei dos Juizados Especiais Federais no Juízo Estadual.
Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

59 Defendem esta tese: IBRAHIM, Fábio Zambitte. Op. cit., p. 643 e; CASTRO, Carlos Alberto Pereira de.;
LAZZARI, João Batista. Op. cit., p. 641.
60 STF, RE-AgR 548676/SP, Rei. Min. Eros Grau, 2• T., D/ 20/06/2008.
61 STJ, REsp 602843/PR, Rei. Min. José Arnaldo da Fonseca, S• T., DI 29/11/2004, p. 379.

189 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APLICAÇÃO DO RITO


ESPECIAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS ÀS CAUSAS
JULGADAS PELO JUiz DE DIREITO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO
FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA CONTIDA
NO ARTIGO 20 DA LEI N° 10.259/2001. 1. Em razão do próprio
regramento constitucional e infraconstitucional, não há com-
petência federal delegada no âmbito dos Juizados Especiais
Estaduais, nem o Juízo Estadual, investido de competência
federal delegada (artigo 109, parágrafo 3°, da Constituição
Federal), pode aplicar, em matéria previdenciária, o rito de
competência do Juizado Especial Federal, diante da vedação
expressa contida no artigo 20 da Lei no 10.259/2001. 2. Re-
curso especial provido. 62

Gabarito: anulada.

16.
'
Em relação aos diversos institutos de direito previdenciário, assinale a opção correta.

a) A CF não exige que o regime de previdência complementar seja regulado por


lei complementar.
b) O segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar man-
tém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até 6 me-
ses após o licenciamento.
c) Em regra, independe de carência a concessão das seguintes prestações: pensão
por morte, auxílio-reclusão, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente.
d) A dispensa de trabalhador ~reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de
contrato por prazo determinado de mais de noventa dias, e a imotivada, no
contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de
substituto de condição semelhante.
e) A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é a que esteja
vigente na data do requerimento administrativo formulado pelos benefidá-
rios, e não a vigente à data do óbito do segurado.

Alternativa A - De acordo com o art. 202 da Constituição Federal, "o regime de


previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma
em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na
constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por

62 STJ, REsp 661482/PB, Rei. Min. Hamilton Carvalhido, 6• T., Dje 30/03/2009.

HugoGoes 190
Juiz Federai/TRF da s• Regiãc/2009

lei complementar". A partir deste dispositivo constitucional, podemos listar


algumas características básicas da previdência complementar privada:
• natureza jurídica privada;
• autônomo em relação ao RGPS;
• filiação facultativa;
• natureza contratual;
• constituição de reservas em regime de capitalização;
• regulado por lei complementar.

O regime de previdência complementar é regulado pela Lei Complementar


109, de 29 de maio de 2001. Esta lei complementar assegura ao participante
de planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às
informações relativas à gestão de seus respectivos planos (CF, art. 202, § 1°).
Alternativa B- A qualidade de segurado decorre da filiação da pessoa física
à previdência social. A filiação à previdência social decorre automaticamente
do exercício de atividade remunerada para os segurados obrigatórios e da
inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o
segurado facultativo (RPS, art. 20, parágrafo único).
Assim, ordinariamente, mantém a qualidade de segurado, aquele que per-
manecer exercendo atividade remunerada reconhecida pela lei como de
filiação obrigatória ao RGPS (se segurado obrigatório) ou enquanto estiver
recolhendo regularmente as contribuições previdenciárias (se segurado fa-
cultativo). Todavia, há situações nas quais o segurado, mesmo sem exercer
atividade remunerada e sem recolher contribuições, mantém a qualidade de
segurado por certo período. É o que se chama período de graça ou manutenção
extraordinária da qualidade de segurado.
De acordo com o art. 13 do Regulamento da Previdência Social (e com o
art. 15 da Lei 8.213/91), mantém a qualidade de segurado, independentemente
de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;


II - até doze meses após a cessação de benefício por inca-
pacidade ou após a cessação das contribuições, o segurado
que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
previdência social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;

191 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

Ill - até doze meses após cessar a segregação, o segurado


acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até doze meses após o livramento, o segurado detido
ou recluso;
V - até três meses após o licenciamento, o segurado incor-
porado às Forças Armadas para prestar serviço militar; e
VI - até seis meses após a cessação das contribuições, o
segurado facultativo.

A prestação de serviço militar citada na lei é a do serviço militar obrigató-


rio, que suspende o contrato de trabalho dos segurados empregados (CLT,
art. 472). Aquele que já era segurado anteE de prestar o serviço militar
obrigatório permanece nessa condição durante o período junto às Forças
Armadas. Após o licenciamento, ainda mantém a qualidade de segurado
por mais três meses.
Alternativa C- A concessão de pensão por morte, auxílio-reclusão e auxílio-
-acidente independe de carência (Lei 8.213/91, art. 26, I). Em regra, a con-
cessão de aposentadoria por invalidez depende do cumprimento do período
de carência de 12 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia,
a concessão independe de carência quando a aposentadoria por invalidez
for decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos
casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das
seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia
maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave,
doença de Parkinson, espondiloartrose anquilnsante, nefropatia grave, estado
avançado de doença de Paget (osteíte deformante), Aids, contaminação por
radiação com base em conclusão da medicina especializada ou hepatopatia
grave (IN INSS 20/2007, art. 67, III).
Alternativa D- De acordo com o disposto no art. 93 da Lei 8.213/91, a empresa
com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus
cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,
habilitadas, na seguinte proporção:

I - até 200 empregados, dois por cento;


11 - de 201 a 500 empregados, três por cento;
Ill - de 501 a 1.000 empregados, quatro por cento; ou
IV - mais de 1.000 empregados, cinco por cento.

HugoGoes 192
Juiz Federai/TRF da S• Região/2009

A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de


contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada,
no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação
de substituto de condição semelhante (Lei 8.213/91, art. 93, § 1°). O Minis-
tério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o
total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes
habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades
representativas dos empregados (Lei 8.213/91, art. 93, § 2°).
Alternativa E - De acordo com a regra atual, o valor mensal da pensão por
morte será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou
daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de
seu falecimento (Lei 8.213/91, art. 75). Se o segurado falecido já era aposen-
tado, a renda mensal inicial da pensão por morte será de 100% do valor da
aposentadoria que ele recebia. Mas, se o segurado não era aposentado, o
valor da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria que ele
teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.
Vale dizer, se o segurado falecido não era aposentado, para efeito de cálculo
da pensão por morte, utiliza-se a mesma regra de cálculo da aposentadoria
por invalidez, que corresponde a 100% do salário de benefício.
Na redação original do art. 75 da Lei 8.213/91, o valor da pensão por morte era
80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou a que teria direito, se
estivesse aposentado na datà do seu falecimento, mais tantas parcelas de 10%
do valor da mesma aposentadoria quantos fossem os seus dependentes, até
o máximo de 2 (duas). A Lei 9.032/95 fixou a pensão por morte em 100% do
salário de benefício. A atual regra de cálculo foi instituída pela Lei 9.528/97.
Diante das diversas mudanças nas regras de cálculo, saliente-se que "a lei
aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente
na data do óbito do segurado" (Súmula 340 do STJ).
Gabarito: D

193 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

17. Acerca dos benefícios previdenciários, assinale a opção correta.

a) O valor da aposentadoria por invalidez de segurado que necessitar da assis-


tência permanente de outra pessoa será acrescido de valor específico pago em
parcela fixa, que não será recalculada quando o benefício que lhe deu origem
for reajustado.
b) A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência
exigida pela lei, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher, redu-
zindo-se tal prazo em 5 anos para os professores que pretendam receber ore-
ferido benefício e comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
c) O segurado em gozo de auxílio-doença e insuscetível de recuperação para
sua atividade habitual deverá submeter-se a processo de reabilitação profis-
sional para o exercício de outra atividade. Não cessará esse benefício até que
seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe ga-
ranta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, for aposenta-
do por invalidez.
d) A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação, pelo se-
gurado, perante o INSS, do tempo de trabalho exigido pela lei, ainda que de
forma intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a in-
tegridade física, durante o período mínimo fixado.
e) A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado
que falecer, aposentado ou não, a contar da data do requerimento do benefí-
cio, no caso de morte presumida.

Alternativa A - A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de


acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100%
(cem por cento) do salário de benefício (Lei 8.213/91, art. 44).
O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da
assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (Lei 8.213/91,
art. 45). O acréscimo será deviido, ainda que o valor da aposentadoria ultra-
passe o limite máximo do salário de contribuição. Esse acréscimo cessará
com a morte do aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão por
morte. O anexo I do Regulamento da Previdência Social relaciona as situa-
ções em que o aposentado por invalidez terá direito à majoração de 25% na
renda mensal de seu benefício. São as seguintes:

1 - Cegueira total.
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.

HugoGoes 194
Juiz FederalffRF da s• Região/2009

3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.


4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a
prótese for impossível.
5- Perda de u:na das mãos e de dois pés, ainda que a prótese
seja possível.
6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando
a prótese for i:npossível.
7- Alteração das faculdades mentais com grave perturbação
da vida orgânica e social.
8 - Doença que exija permanência contínua no leito.
9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida
diária.

O valor dos benefícios do RGPS em manutenção será reajustado, anualmente,


na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas
respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice
Nacional de Preços ao Consumidor- INPC, apurado pela Fundação Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (Lei 8.213/91, art. 41-A). A
aposentadoria por invalidez, bem como o seu acréscimo de 25%, também
segue esta regra de reajustamento.
Alternativa B - A 2posentadoria por idade será devida ao segurado que,
cumprida a carência exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade,
se homem, e 60 (sessenta), se mulher (Lei 8.213/91, art. 48). Os limites de
idade são reduzidos em cinco anos para os trabalhadores rurais de ambos os
sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal (CF,
art. 201, § 7°, 11). Na aposentadoria por idade, os professores seguem a regra
geral (65 para homem, 60 para mulher).
A aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar 35 anos de contribuição, se
homem, e 30 anos de contribuição, se mulher (CF, art. 201, § 7°, I). O tempo
de contribuição será reduzido em cinco anos, para o professor que com-
prove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação· infantil e no ensino fundamental e médio (CF, art. 201, § 8°).
Em suma: (I) na aposentadoria por idade, a redução de cinco anos nos li-
mites de idade aplica-se para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e

195 Prova 11
Direito Previdenciário Cespe

para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nes-


tes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal; (II) na
aposentadoria por tempo de contribuição, a redução de cinco anos no tempo
de contribuição aplica-se para o professor que comprove exclusivamente
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
no ensino fundamental e médio.
Alternativa C- De acordo com o art. 62 da Lei 8.213/91, o segurado em gozo
de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para sua atividade habitual,
deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício
de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilita-
do para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou,
quando considerado não recuperável, for aposentado por invalidez. Neste
item, a banca examinadora transcreveu, literalmente, o texto da lei.
O auxílio-doença cessa: (a) pela recuperação da capacidade para o trabalho;
(b) pela .transformação em aposentadoria por invalidez; (c) pela transforma-
ção em auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se, após a conso-
lidação decorrente de acidente de qualquer natureza, resultar sequela que
implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia;
ou (d) com a morte do segurado.
Alternativa D-A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exi-
gida, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte
individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho
ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco
anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física (RPS, art. 64).
A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segu-
rado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem
intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, durante o período mínimo de 15, 20 ou 25 anos, conforme
o caso (RPS, art. 64, § 1°). O segurado deverá comprovar, além do tempo de
trabalho, a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos
ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo
período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. Assim, o fato
de pertencer a certa categoria profissional não é suficiente para definir o
direito à aposentadoria especial. Cada segurado deve comprovar a efetiva
exposição aos agentes nocivos.

HugoGoes 196
Juiz Federal!fRF da S• Região/2009

Considera-se trabalho permanente aquele que é exercido de forma não oca-


sional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador
avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do
bem ou da prestação do serviço. Entretanto, incluem-se também os perío-
dos de descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive férias,
os de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez acidentários, bem como os de percepção de
salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse
exercendo atividade considerada especial.
A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será
feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário
(PPP), emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico
de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho (RPS, art. 68, § 2°).
Alternativa E- De acordo com o disposto no art. 74 da Lei 8.213/91, a pensão
por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, a contar da data: (I) do óbito, quando requerida até trinta
dias depois deste; (li) do requerimento, quando requerida após o prazo pre-
visto no inciso anterior; (III) da decisão judicial, no caso de morte presumida.
Gabarito: C

197 Prova 11
Julgue os itens subsequentes, acerca da previdência privada complementar.
196. A previdência privada objetiva complementar a proteção oferecida pela previdên-
cia pública, por meio de organização autônoma e da adoção do regime de finan-
ciamento por capitalização, bem como contribuir para o fomento da poupança
nacional.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 202 da Constituição Federal, "o regime de previdên-


cia privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em
relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na
constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado
por lei complementar". A partir deste dispositivo constitucional, podemos
listar algumas características básicas da previdência complementar privada:
• natureza jurídica privada;
• autônomo em relação ao RGPS;
• filiação facultativa;
• natureza contratual;
• constituição de reservas em regime de capitalização;
• regulado por lei complementar.

A natureza jurídica privada obriga a entidade de previdência complementar


a sujeitar-se ao regime jurídico de direito privado, em que prevalece a auto-
nomia da vop.tade. O princípio da legalidade, aplicado ao regime privado,
significa que "tudo o que não está proibido está permitido".
A previdência complementar privada é organizada de forma autônoma
em relação ao RGPS. A inscrição de participante em plano de previdência

199
Direito Previdenciário Cespe

complementar não o dispensa da inscrição como segurado obrigatório do


RGPS. A concessão de benefício pela previdência complementar não depende
da concessão de benefício pelo RGPS. 63 Não existe relação entre os valores
pagos por cada um destes regimes, embora possa ser estabelecida contra-
tualmente uma relação.
A previdência complementar tem natureza contratual. O regulamento de
um plano de previdência é um contrato, que contém cláusulas sobre con-
tribuições, benefícios e períodos de carência, entre outras disposições. A
vinculação do participante ao plano de benefícios depende de sua inscrição
voluntária (contrato celebrado com a entidade de previdência que administra
o plano). O regime de previdência complementar sempre será facultativo.
Assim, a contribuição ao regime de previdência complementar não tem na-
tureza tributária, pois não apresenta a compulsoriedade e a origem ex lege
intrínseca a essas exações. 64
O plano de custeio da previdência complementar estabelecerá o nível de con-
tribuição necessário à constituição das reservas garantidoras de benefícios,
fundos, provisões e à cobertura das demais despesas, em conformidade com
os critérios fixados pelo órgão regulador e fiscalizador (LC 109/01, art. 18).
O regime financeiro de capitalização é obrigatório para os benefícios de pa-
gamento em prestações que sejam programadas e continuadas (LC 109/01,
art. 18, § 1°).
O regime de previdência complementar é regulado pela Lei Complementar
109, de 29 de maio de 2001. Esta lei complementar assegura ao participante
de planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às
informações relativas à gestão de seus respectivos planos (CF, art. 202, § 1°).
O regime de previdência privada é autônomo também em relação ao contrato
de trabalho do participante com seu empregador. Assim, as contribuições do
empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos,
regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não
integram o contrato de trabalho dos participantes (CF, art. 202, § 2°). A cele-
bração de contrato de trabalho não implica adesão automática do empregado
ao plano de previdência patrocinado pelo empregador. As contribuições que
o empregador fizer ao plano previdenciário não integram a remuneração dos
participantes, ou seja, não são consideradas salário indireto. Gabarito: certo.

63 Lei Complementar 109/01, art. 68, § 2°.


64 NÓBREGA, Marcos Antônio Rios da. Previdência dos servidores públicos. Belo Horizonte: Del Rey,
2006, p. 210.

HugoGoes 200
Advogado da União/AGU/2009

197. Os planos de benefícios das entidades fechadas podem, como regra geral, ser ofe-
recidos a alguns ou a todos os empregados dos patrocinadores e, em qualquer hi-
pótese, o valor da contribuição efetivamente pago pelo patrocinador, destinado ao
programa de previdência complementar, não integrará o salário de contribuição
do empregado, para efeito de incidência de contribuição para a seguridade social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 31 da LC 109/0l, as entidades fechadas são aquelas


acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador, exclu-
sivamente: (I) aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos
servidores da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, entes
denominados patrocinadores; e (II) aos associados ou membros de pessoas
jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores.
Assim, os planos de benefícios de entidades fechadas poderão ser instituídos
por patrocinadores e instituidores. Tais planos devem ser, obrigatoriamente,
oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores e a todos os associados
dos instituidores (LC 109/01, art. 16, caput}. Mas esta obrigatoriedade não se
aplica aos planos em extinção, assim considerados aqueles aos quais o acesso
de novos participantes esteja vedado (LC 109, art. 16, § 3°). Vale também
frisar que a adesão de cada empregado ou associado é sempre facultativa
(LC 109, art. 16, § 2°).
Para os efeitos da LC 109/01, são equiparáveis aos empregados e associados
os gerentes, diretores, conselheitos ocupantes de cargo eletivo e outros di-
rigentes de patrocinadores e instituidores (LC 109, art. 16, § 1°).
Não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias para o RGPS
o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a
programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que dis-
ponível à totalidade de seus empregados e dirigentes (Lei 8.212/91, art. 28,
§ 9°, "p"). Gabarito: errado.

198. A portabilidade abrange o direito de o participante mudar de um plano para ou-


tro no interior de uma mesma entidade fechada de previdência privada, sem ne-
cessariamente haver ruptura do vínculo empregatício com o patrocinador.

( ) certo ( ) errado

201 Prova 12
Direito Previdenciário Cespe

Os planos de benefícios deverão prever, observadas as normas estabelecidas


pelo órgão regulador e fiscalizador, a portabilidade do direito acumulado pelo
participante para outro plano (LC 109/01, art. 14, Il, e art. 27).
Entende-se por portabilidade o instituto que faculta ao participante trans-
ferir os recursos financeiros correspondentes ao seu direito acumulado para
outro plano de benefícios de caráter previdenciário operado por entidade
de previdência complementar ou sociedade seguradora autorizada a operar
o referido plano.
Haverá, portanto, transferência de recursos financeiros entre dois planos:
(I) plano de benefícios originário é aquele do qual serão portados os recursos
financeiros que representam o direito acumulado; e (II) plano de benefícios
receptor é aquele para o qual serão portados os recursos financeiros que
representam o direito acumulado.
Quando o plano originário for uma entidade fechada de previdência comple-
mentar (EFPC), o plano receptor poderá ser EFPC ou entidade aberta de
previdência complementar (EAPC). Contudo, a portabilidade realizada de
uma EFPC para uma EAPC somente será admitida quando a integralidade
dos recursos financeiros correspondentes ao direito acumulado do partici-
pante for utilizada para a contratação de renda mensal vitalícia ou por prazo
determinado, cujo prazo mínimo não poderá ser inferior ao período em que
a respectiva reserva foi constituída, limitado ao mínimo de quinze anos,
observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador. 65
Ao participante que não esteja em gozo de benefício, é facultada a opção pela
portabilidade na ocorrência simultânea das seguintes situações: (I) cessação
do vínculo empregatício do participante com o patrocinador, nos planos
instituídos por patrocinador; (li) cumprimento da carência de até três anos
de vinculação do participante ao plano de benefícios.66
Para fins de portabilidade, o direito acumulado corresponde às reservas consti-
tuídas pelo participante ou à reserva matemática, o que lhe for mais favorável.
Reserva constituída pelo participante é o valor acumulado das contribuições
vertidas por ele ao plano, destinadas ao financiamento do benefício pleno
programado, de acordo com o plano de custeio, ajustado conforme o regu-
lamento do plano de benefícios. 67

65 Lei Complementar 109/2001, art. 14, § 4•.


66 Resolução CGPC 06/2003, art. 14.
67 Resolução CGPC 06/2003, art. 15, § 3•.

HugoGoes 202
Advogado da União/AGU/2009

Reserva Matemática é a diferença, em valores atuais, entre os compromissos


futuros dos planos (benefícios futuros) e as contribuições futuras dos parti-
cipantes e das patrocinadoras - quando houver -, todos avaliados à mesma
época. Em outras palavras, é a diferença entre o somatório dos benefícios
a pagar e as contribuições a recolher. Os cálculos são realizados de forma
individualizada, e são considerados os regulamentos e os planos de custeio.
Vale salientar que a portabilidade não caracteriza resgate. Os recursos
financeiros correspondentes à portabilidade não podem transitar pelos
participantes dos planos de benefícios, sob qualquer forma.
Gabarito: errado.

199. Dependem de autorização da Secretaria de Previdência Complementar, do Minis-


tério da Previdência Social, as operações de fusão, cisão, incorporação e qualquer
outra forma de reorganização societária das entidades fechadas de previdência
privada, assim como as retiradas de patrocinadores.

( ) certo ( ) errado

Atualmente, o órgão fiscalizador das entidades fechadas de previdência comple-


mentar (EFPC) é a Superintendência Nacional de Previdência Complementar
-PREVIC (Lei 12.154/2009, art. 1°). O órgão regulador é o Conselho Nacional
de Previdência Complementar- CNPC, responsável pela expedição de normas
administrativas de observância obrigatória pelas EFPC. Mas, na época em
que foi aplicada esta prova, o órgão fiscalizador das EFPC era a Secretaria de
Previdência Complementar.
De acordo com o caput do art. 33 da LC 109/01, dependerão de prévia e
expressa autorização do órgão regulador e fiscalizador: (I) a constituição e
o funcionamento da entidade fechada, bem como a aplicação dos respecti-
vos estatutos, dos regulamentos dos planos de benefícios e suas alterações;
(11) as operações de fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma de
reorganização societária, relativas às entidades fechadas; (III) as retiradas
de patrocinadores; e (IV) as transferências de patrocínio, de grupo de par-
ticipantes, de planos e de reservas entre entidades fechadas.
Gabarito: cer~o.

203 Prova 12
Direito Previdenciário Cespe

200. Aplicada penalidade pelo órgão fiscalizador, em virtude do descumprimento do


dever de prestar informações solicitadas pelos participantes de um plano de be-
nefícios de uma entidade fechada, cabe recurso, no prazo de 15 dias, ao Ministro
de Estado da Previdência Social.

( ) certo ( ) errado

O órgão fiscalizador das entidades fechadas de p::-evidência complementar


é a Superintendência Nacional de Previdência Complementar- PREVIC
(Lei 12.154/2009).
O processo administrativo para apuração de responsabilidade por infração
à legislação no âmbito do regime da previdência complementar, operado
pelas entidades fechadas de previdência complementar, e a aplicação das
correspondentes penalidades são disciplinados pelo Decreto 4.942/03. Este
processo administrativo é o instrumento destinado a apurar responsabili-
dade de pessoa física ou jurídica, por ação ou omissão, no exercício de suas
atribuições ou competências, e terá início com a lavratura do auto de infração
ou a instauração do inquérito administrativo.
O auto de infração é o documento destinado ao registro de ocorrência de
infração praticada no âmbito do regime da previdência complementar,
operado pelas entidades fechadas de previdência complementar. O autuado
poderá apresentar defesa à Secretaria de Previdência Complementar, no pra-
zo de quinze dias, contado da data do recebimento da notificação (Decreto
4.942/03, art. 9°). Compete ao Secretário de Previdência Complementar julgar
o auto de infração. Da decisão do Secretário de Previdência Complementar
caberá recurso ao Conselho de Gestão da Previdência Complementar, com
efeito suspensivo, no prazo de quinze dias, contado do recebimento da
decisão-notificação (Decreto 4.942/03, art. 13).
Gabarito: errado.

HugoGoes 204
81. Após lenta evolução do sentimento de responsabilidade social pelo infortúnio
alheio, e em face das preocupantes convulsões que afetavam o tecido social, o
Estado restou obrigado a abandonar a postura de mero espectador da ativida-
de econômica e social, com o objetivo de restabelecer um equilíbrio mínimo nas
relações sociais. Essa situação é realizada mediante a edição de leis que alteram
a disciplina geral do direito privado, reduzindo o espaço até então ilimitado da
autonomia da vontade, e pela instituição de políticas de inclusão social, as quais
geram obrigações jurídicas para o Estado no atendimento aos mais necessitados.
Surgiu o estado de bem-estar social ou welfare state, que, propiciando uma inte-
gração mais efetiva entre o Estado e a sociedade, acabou com o predomínio do
direito privado. Em um contexto no qual o !trabalho é a pedra angular da ordem
social, exsurgiu a seguridade social como elemento de relevância nuclear para
o desenvolvimento e a manutenção da dignidade da pessoa humana, sendo-lhe
atribuída a tarefa hercúlea - ideal quase inatingível, mas que deve ser incessan-
temente perseguido- de garantir a todos um mínimo de bem-estar nas situações
geradoras de necessidade social.

Daniel Machado da Rocha, José Paulo Baltazer Júnior e Andrei


Ptten Velloso. Comentários à lei do custeio da seguridade so-
cial. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2005, p. 23-4
(com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção incorreta.

a) A formação de um sistema de proteção social no Brasil, a exemplo do que se ve-


rificou na Europa, se deu por um lento processo de reconhecimento da necessi-
dade de que o Estado intervenha para suprir deficiências da liberdade absoluta
- postulado fundamental do liberalismo clássico -, partindo do assistencialis-
mo para o seguro social, e deste para a formação da seguridade social.
b) O Brasil só veio a conhecer verdadeiras regras de caráter geral em matéria de
previdência social no século XX. Antes, apesar de haver previsão constitucional

205
Direito Previdenciário Cespe

a respeito do tema, apenas em diplomas isolados aparecia alguma forma de


proteção contra infortúnios.
c) A doutrina majoritária considera como marco inicial da previdência social
brasileira a publicação do Decreto Legislativo no 4.682/1923, mais conhecido
como Lei Eloy Chaves, que criou as caixas de aposentadoria e pensões nas em-
presas de estradas de ferro existentes, sistema mantido e administrado pelo
Estado, sendo certo que, antes da referida norma, não havia no Brasil diplo-
ma legislativo instituidor de aposentadorias e pensões.
d) A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional,
a forma tripartite de custeio: contribuição dos trabalhadores, dos emprega-
dores e do poder público.
e) O RGPS, nos termos da CF atual, não abriga a totalidade da população eco-
nomicamente ativa, mas somente aqueles que, mediante contribuição e nos
termos da lei, fizerem jus aos benefícios, não sendo abrangidos por outros re-
gimes específicos de seguro social.

À semelhança do que se observa no ~mbito mundial, as primeiras formas


de proteção social no Brasil !tinham caráter eminentemente beneficente e
assistencial. Ainda no período colonial, 'foram criadas as Santas Casas de
Misericórdia68 , atuantes no segmento assistencial. Nesta mesma época, em
1795, também foi criado o Plano de Benefícios dos Órfãos e Viúvas dos
Oficiais da Marinha.
Mas, em matéria de previdência social, só no século XX surgiram no Brasil
as primeiras regras de caráter geral. A doutrina majoritária considera como
marco inicial da previdência social brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto Le-
gislativo 4.682, de 24/01/1923). Esta lei instituiu as Caixas de Aposentadoria
e Pensões (CAPs) para os ferroviários. Assegurava, para esses trabalhadores,
os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equi-
valente à aposentadoria por tempo de serviço), pensão por morte e assistência
médica. Os beneficiários eram os empregados e diaristas que executavam
serviços de caráter permanente nas empresas de estrada de ferro existentes
no país. 69 Os regimes das.CAPs eram organizados por empresa, mediante
contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado. Atual-
mente, comemora-se o aniversário da previdência social brasileira no dia 24
de janeiro, em alusão à Lei Eloy Chaves.

68 A mais antiga Santa Casa de Misericórdia foi fundada no Porto de São Vicente (depois Vila de Santos),
em 1543.
69 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17• ed. São Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.

Hugo Goes 206


Procurador/AL/2009

É verdade que antes da Lei Eloy Chaves foram editadas algumas leis conce-
dendo aposentadorias para algumas categorias de trabalhadores (professores,
empregados dos Correios, servidores públicos etc.). Todavia, não podemos
considerar tais aposentadorias como verdadeiramente pertencentes a um
regime previdenciário, já que os beneficiários não contribuíam durante o
período de atividade. Essas aposentadorias eram concedidas de forma gra-
ciosa pelo Estado?0 Assim, antes da Lei Eloy Chaves, não se pode falar em
previdência social no Brasil.
A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional, a
forma tripartite de custeio: contribuição dos trabalhadores, dos empregadores
e do Poder Público (art. 121, § 1°, "h"). A Constituição de 1937 não trouxe
evoluções nesse sentido, apenas tendo por particularidade a utilização da
expressão "seguro social". A Constituição de 1946 foi a primeira a utilizar
a expressão "previdência social" em seu texto. 71 Inicia-se, portanto, uma
sistematização constitucional da matéria previdenciária.
Em 5/10/1988, foi promulgada a atual Constituição Federal. Como novidade,
a Constituição de 1988 destina um capítulo inteiro (arts. 194 a 204) para
tratar da Seguridade Social, entendida como o gênero do qual são espécies
a previdência social, a assistência social e a saúde. As contribuições sociais
passaram a custear as ações do Estado nessas três áreas, e não mais somente
no campo da Previdência Social.
Conforme a Constituição de 1988, a previdência brasileira é formada por
dois regimes básicos, de filiação obrigatória, que são o Regime Geral de
Previdência Social (RGPS) e os Regimes Próprios de Previdência Social
dos servidores públicos e militares. Há também o Regime de Previdênc~a
Complementar, ao qual o participante adere facultativamente.
Nos termos do art. 201 da Constituição Federal, o Regime Geral de Previ-
dência Social (RGPS) tem caráter contributivo e é de filiação obrigatória. Esse
é o regime de previdência mais amplo, responsável pela proteção da grande
maioria dos trabalhadores brasileiros.
O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) tem suas regras gerais de-
finidas no art. 40 da Constituição Federal. De acordo com este dispositivo
constitucional, "aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e

70 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 6" ed.
São Paulo: LTr, 2005, p. 50.
71 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Op. cit., pp. 5!-52.

207 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e


solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem
o equilíbrio financeiro e atuarial". A aposentadoria dqs magistrados (CF,
art. 93, VI), dos membros Ministério Público (CF, 129, § 4°) e dos ministros
e conselheiros de Tribunais de Contas (CF, arts. 73, § 3°, e 75), e a pensão de
seus dependentes também observarão o disposto no art. 40 da Constituição
Federal. No tocante aos militares da União, dos estados, do Distrito Federal
e dos Territórios, a Constituição Federal simplesmente estabelece que a lei
disporá sobre a transferência do militar para a inatividade (CF, arts. 42,
§ 1°, e 142, § 3°, X). Em relação aos membros das Forças Armadas (Exército,
Marinha e Aeronáutica), essas regras são definidas pela Lei 6.880/80, que
dispõe sobre o Estatuto dos Militares.
Assim, o servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos
estados, do Distrito Federal ou dos municípios, bem como o das respectivas
autarquias e fundações, são excluídos do RGPS, desde que amparados por
RPPS (Lei 8.212/91, art. 13). Portanto, nos termos da Constituição de 1988,
o RGPS não abriga a totalidade da população economicamente ativa, mas
somente aqueles que, mediante contribuição e nos termos da lei, fizerem jus
aos benefícios, não sendo abrangidos por regimes próprios de p~evidência
social.
Gabarito: C

82. Assinale a opção incorreta a respeito das normas de custeio que garantem o fi-
nanciamento do RGPS.

a) A base da exigência do PIS e do PASEP está na CF, que estabeleceu que a ar-
recadação dessas contribuições passasse a financiar o programa de seguro-
-desemprego para os empregados que percebam até dois salários mínimos
mensais.
b) A COFINS é devida pelas pessoas jurídicas, sendo destinada exclusivamen-
te às despesas com atividades-fim das áreas de saúde, previdência e assistên-
cia social, sendo legítima sua cobrança sobre as operações relativas a energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e
minerais do país.
c) A contribuição do empregador doméstico é de 12% do salário-de-contribui-
ção do empregado doméstico a seu serviço.

Hugo Goes 208


Procurador/AL/2009

d) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins


lucrativos pela CF somente alcança as entidades fechadas de previdência so-
cial privada se não houver contribuição dos beneficiários.
e) O direito de a seguridade social apurar e constituir seus créditos extingue-se
em 10 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
crédito poderia ter sido constituído.

Alternativa A - A contribuição do PIS/PASEP está prevista na CF, nos se-


guintes termos:

Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para


o Programa de Integração Social, criado pela Lei Comple-
mentar no 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela
Lei Complementar no 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a
partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos
termos que alei dispuser, o programa do seguro-desemprego
e o abono de que trata o § 3° deste artigo.
[ ... ]

§ 3° Aos empregados que percebam de empregadores que


contribuem para o Programa de Integração Social ou para o
Programa de Formaçãç do Patrimônio do Servidor Público,
até dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegu-
rado o pagamento de um sálário mínimo anual, computado
neste valor o rendimento das contas individuais, no caso
daqueles que já participavam dos referidos programas, até a
data da promulgação desta Constituição.
§ 4° O financiamento do seguro-desemprego receberá uma
contribuição adicional da empresa cujo índice de rotatividade
da força de trabalho superar o índice médio da rotatividade
do setor, na forma estabelecida por lei.

Assim, o produto da arrecadação do PIS/PASEP destina-se ao financiamen-


to: (a) do abono do PIS/PASEP para os empregados que percebam até dois
salários mínimos; e (b) do seguro-desemprego.
Acontece que o seguro-desemprego não é exclusivo dos empregados que
ganham até dois salários mínimos. O abono do PIS/PASEP é que se destina
exclusivamente a tais empregados. Por isso, a questão deve ser considerada

209 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

como errada. Além disso, também vale frisar que a contribuição do PIS/
PASEP não é destinada ao financiamento do RGPS.
Alternativa B - A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
-COFINS tem como base de cálculo o faturamento mensal, assim entendido
o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua
denominação ou classificação contábil (Lei 10.833/2003, art. 1°, caput). Assim,
a base de cálculo compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas
operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas
pela pessoa jurídica (Lei 10.833/2003, art. 1°, § 1°). Seguindo esta linha de
raciocínio, o STF editou a Súmula 659, com a seguinte redação: "é legítima
a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações relati-
vas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,
combustíveis e minerais do país".
O fator essencial para caracterizar uma contribuição social é a destinação do
produto de sua arrecadação. O próprio Supremo Tribunal Federal utiliza-se
deste critério para distinguir as contribuições sociais das demais espécies tri-
butárias. No RE 138.284-CE, a Suprema Corte entendeu que as contribuições
sociais caracterizam-se pela mera destinação do produto de sua arrecadação
para a seguridade social, o que as diferencia dos impostos. A análise da des-
tinação do produto da arrecadação também é utilizada para caracterizar as
contribuições sociais como espécie tributária autônoma, cuja característica
essencial seria sua receita destinada para uma atividade estatal específica.
Assim, podemos, genericamente, dizer que o produto da arrecadação da
COFINS destina-se ao financiamento da seguridade social. Ou seja, o valor
arrecadado com a COFINS será usado para financiar as despesas com ativi-
dades-fim das áreas de saúde, previdência e assistência social. Contudo, nos
termos do art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT),
"é desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2011, 20%
(vinte por cento) da arrecadação da União de impostos, contribuições sociais
e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser
criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais".
Assim, até 31/12/2011, o produto da arrecadação da COFINS não se destina
totalmente para a seguridade social, pois 20% do valor arrecadado poderá ser
desvinculado para outras áreas não pertencentes à seguridade social. Por isso,
a alternativa B, ora comentada, também deve ser considerada como incorreta.
Alternativa C- Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2009),
a contribuição previdenciária do empregador doméstico era de 12% (doze

Hugo Goes 210


Procurador/AL/2009

por cento) do salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço


(Lei 8.212/91, art. 2{•. Mas, a partir da competência 10/2015, o empregador
doméstico passa a re.:olher suas contribuições previdenciárias com base no
art. 34 da Lei Complementar 150/2015.
De acordo com o art. 34 da Lei Complementar 150/2015, o Simples Do-
méstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de
arrecadação, dos seguintes valores:

I - 8% a 11% de contribuição previdenciária, a cargo do


segurado empregado doméstico, nos termos do art. 20 da
Lei 8.212/91;
li- 8% de contribuição patronal previdenciária para a segu-
ridade social, a cargo do empregador doméstico, nos termos
do art. 24 da Lei 8.212/91;
Ill - 0,8% de contribuição social para financiamento do
seguro contra acidentes do trabalho;
IV - 8% de recolhimento para o FGTS;
V- 3,2%, na forma do art. 22 desta Lei; e
VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o
inciso I do art. 7° da Lei 7.713/88, se incidente.

O empregador doméstico é obrigado a recolher os valores acima até o dia 7


do mês seguinte ao da competência (LC 150/2015, art. 35).
O inciso I do art. 34 da LC 150/2015 refere-se à contribuição que o empregador
doméstico descontará do segurado empregado doméstico. Essa contribuição,
como visto anteriormente, corresponde a 8%, 9% ou 11% sobre o salário de
contribuição do segurado.
Os valores previstoE nos incisos IV a VI do art. 34 da LC 150/2015 não se
referem a contribuições previdenciárias.
As contribuições previdenciárias patronais, a cargo do empregador domés-
tico, são as previstas nos incisos 11 e III do art. 34 da Lei Complementar
150/2015. Assim, as contribuições previdenciárias a cargo do empregador
doméstico são as seguintes:

211 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

a) 8% de contribuição patronal previdenciária para a se-


guridade social, a cargo do empregador dorr_éstico, nos
termos do art. 24 da Lei 8.212/91;
b) 0,8% de contribuição social para financiamento do seguro
contra acidentes do trabalho.

De acordo com o§ 1° do art. 34 da Lei Complementar 150/2015, as contri-


buições incidem sobre a remuneração paga ou devida no mês anterior, a cada
empregado [doméstico], incluída na remuneração a gratificação de Natal (13°
salário). Assim, podemos resumir as contribuições patronais previdenciárias
do empregador doméstico por meio do seguinte q·.1adro:

Contribuições patronais. previqenciá:das do ~:;npreg~dor doméstico


Destinação Alíquota Base de cálculo
Para a seguridade social 8% Remuneração paga ou devida a cada
Para financiamento do seguro empregado doméstico, incluída na
0,8% remuneração a gratificação natalina
contra acidentes do trabalho

Alternativa D- De acordo com o art. 150, VI, "c", da Constituição, é vedado


à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de edu-
cação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
Para a entidade privada de previdência complementar gozar da imunida-
de tributária prevista no art. 150, VI, "c", da Constituição, teríamos que
considerá-la como uma instituição de assistência social, sem fins lucrativos.
Primeiro vale frisar que as entidades abertas de previdência complementar
(EAPC) são constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas.
Naturalmente, essas entidades têm fins lucrativos, não estando protegidas
por imunidade tributária.
As entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) não têm fins
lucrativos. No entanto, vale ressaltar que o art. 150, VI, "c", da Constituição,
imuniza expressamente as entidades de assistência social, sem fazer qualquer
referência às entidades de previdência social. Apesar disso, o STF entende
que, em alguns casos, a EFPC pode ser considerada como uma entidade assis-
tencial. Para chegar a esse entendimento, o STF partiu da principal diferença

Hugo Goes 212


Procurador/ AL/2009

entre previdência e assistência social: previdência tem caráter contributivo;


assistência social é prestada independentemente de contribuição.
Normalmente, a EFPC é financiada com contribuições do patrocinador (por
exemplo, o Banco do Brasil é o patrocinador da PREVI) e dos beneficiá-
rios (por exemplo, os empregados do Banco do Brasil são os beneficiários
da PREVI). Neste caso, percebe-se nitidamente o caráter contributivo e,
portanto, previdenciário (não assistencial) da EFPC. Aqui, não existirá
imunidade tributária.
Existem, contudo, algumas EFPC em que só o patrocinador contribui. Neste
caso, como o beneficiário não contribui, o STF entende que o caráter da
EFPC é assistencial, gozando a entidade da imunidade tributária prevista
no art. 150, VI, "c", da Constituição. Nesse sentido, confira-se a seguinte
súmula do STF:

STF - Súmula 730 - A imunidade tributária conferida a


instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo
art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as enti-
dades fechadas de previdência social privada se não houver
contribuição dos beneficiários.

Alternativa E- Este item trata do instituto da decadência tributária relativa


às contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social. Passe-
mos, então, à analise destes dois insti~utos. Primeiramente, vale frisar que o
art. 45 da Lei 8.212/91, que estabelecia um prazo decadencial de 10 anos, foi
considerado como inconstitucional pelo STF, por meio da Súmula Vinculante
8. Posteriormente, esse artigo foi revogado pela Lei Complementar 128/08.
Agora, a decadência tributária relativa às contribuições sociais obedece a
mesma regra dos demais tributos, sendo regulada pelo Código Tributário
Nacional- CTN- no art. 173 e no art. 150, § 4°. Para início de nossa análise,
transcrevemos estes dispositivos do CTN:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto


aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autori-
dade, tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.
(...)

213 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

§ 4° Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco


anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito
tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que hou-
ver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente
efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extin-
gue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto,
contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de
qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

Com base nestes dispositivos do CTN, verifica-se que o prazo da decadência


tributária é de cinco anos. Contudo, questão importante sobre o prazo de
decadência é saber quando se inicia sua contagem. Temos quatro pontos de
partida para contar os cinco anos que fazem decair o direito de constituir o
crédito tributário previdenciário:

I - data da ocorrência do fato gerador (CTN, art. 150, § 4°);


II - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, I);
III - da data em que se tornar definitiva a decisão que hou-
ver anulado, por vício formal, o lançamento anterior (CTN,
art. 173, II);
IV - da data em que tenha sido iniciada a constituição do
crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de
qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento
(CTN, art. 173, parágrafo único).

Passemos, agora, aos comentáriós de cada uma destas datas de início da


contagem do prazo decadencial tributário.

Hugo Goes 214


Procurador/AL/2009

1° ponto de partida (CTN, art. 150, § 4°) - Data da ocorrência do fato


gerador - Esta data inicial vale só para tributos sujeitos a lançamento por
homologação. As contribuições previdenciárias e.stão sujeitas a lançamento
por homologação. Logo, a regra do § 4° do art. 150 do CTN é aplicada às
contribuições previdenciárias.
O lançamento por homologação é usado em relação aos tributos cuja le-
gislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa. Feito esse pagamento, compete à
autoridade fiscal homologá-lo ou recusar a homologação. No caso de recusa
da homologação, o Fisco deverá lançar, de ofício, a diferença correspondente
ao tributo que deixo-.~ de ser pago antecipadamente, acrescida de juros e multa
de mora. Esse lançamento de ofício deve ser realizado dentro do prazo de
cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador.
O lançamento por homologação não é atingido pela decadência, pois, feito
o pagamento, se não acontecer a homologação expressa, transcorridos cinco
anos da ocorrência do fato gerador, acontecerá a homologação tácita. O que é
passível de decadência é o lançamento de ofício, que cabe à autoridade realizar
quando constate inexatidão do sujeito passivo no cumprimento do dever de
"antecipar" o pagamento do tributo. Se o sujeito passivo "antecipa" o tributo,
mas o faz em valor inferior ao devido, o prazo que flui é para a autoridade
se manifestar se concorda ou não com o montante pago; se não concordar,
deve lançar de ofício, desde que o faça antes do prazo cujo transcurso im-
plica homologação tácita. Assim, o prazo, após o qual se considera realizado
tacitamente o lança:nento por homologação, tem natureza decadencial, pois
ele implica a perda do direito de a autoridade administrativa (recusando a
homologação) efetuar o lançamento de ofício. O que é passível de decadência,
pois, é o lançamento de ofício, não o lançamento por homologação. 72
O prazo, decorrido o qual se dá a homologação tácita (implicando, portanto,
a decadência do direito de efetuar eventual lançamento de ofício), é também
de cinco anos, contados, em regra, do dia da ocorrência do fato gerador, e
não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que a autoridade pode-
ria (recusando a homologação) efetuar o lançamento de ofício. No entanto,
para a aplicação desta regra ainda que insuficiente para extinguir o crédito
tributário. O lançamento por homologação somente é possível de concreti-
zação se existir pagamento.

72 AMARO, Luciano. Op. cit., F· 392.

215 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

Assim, não existindo nenhum pagamento, o prazo decadencial é computado


pela regra do inciso I do art. 173 do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia
do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetivado.
Prevê o CTN (art. 150, § 4°, in fine) que, ocorrendo dolo, fraude ou simulação,
imputáveis ao sujeito passivo, a data do fato gerador também deixa de ser
o dia inicial para contagem do prazo decadencial. Neste caso, a data inicial
será a prevista no inciso I do art. 173 do CTN, vale dizer, o primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetivado.
Como exemplo de dolo, fraude ou simulação, podemos citar uma contabi-
lidade paralela mantida pelo sujeito passivo.
Podemos, então, dizer que nos tributos sujeitos a lançamento por homolo-
gação (que é o caso das contribuições previdenciárias), o prazo decadencial
deve ser contado da data do fato gerador, salvo: (a) se o sujeito passivo não
realizou nenhum pagamento; ou (b) se ficar provado que o sujeito passivo
agiu com dolo, fraude ou simulação. Nessas duas hipóteses ressalvadas, o
prazo decadencial inicia-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetivado (CTN, art. 173, I). Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado do STJ:

CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CON-


TRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91.
OFENSA Ao ART. 146, III, "B", DA CoNSTITUIÇÃO. TRIBUTO
SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECA-
DENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL: (A)
PRIMEIRO DIA DO EXE'RCÍCIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA
DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGA-
MENTO (CTN, ART. 173, I); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA
OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART.
150, § 4°). PRECEDENTES DA 1° SEÇÃO. 1. As contribuições
sociais, inclusive as destinadas a financiar a seguridade so-
cial (CF, art. 195), têm, no regime da Constituição de 1988,
natureza tributária. Por isso mesmo, aplica-se também a
elas o disposto no art. 146, III, b, da Constituição, segundo o
qual cabe à lei complementar dispor sobre normas gerais em
matéria de prescrição e decadência tributárias, compreendida
nessa cláusula inclusive a fixação dos respectivos prazos.
Consequentemente, padece de inconstitucionalidade formal
o artigo 45 da Lei no 8.212, de 1991, que fixou em dez anos
o prazo de decadência para o lançamento das contribui-
ções sociais devidas à Previdência Social (Corte Especial,

Hugo Goes 216


Procurador/ AL/2009

Arguição de Inconstitucionalidade no REsp no 616348/


MG). 2. O prazo decadencial para efetuar o lançamento do
tributo é, em regra, o do art. 173, I, do CTN, segundo o qual
"o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário
extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I- do primeiro dia
do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado". 3. Todavia, para os tributos sujeitos a lança-
mento por homologação - que, segundo o art. 150 do CTN,
"ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito
passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame
da autoridade administrativa" e "opera-se pelo ato em que
a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade
assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa"
-, há regra específica. Relativamente a eles, ocorrendo o
pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo
decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de
cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o
§ 4° do art. 150 do CTN. Precedentes jurisprudenciais. 4. No
caso, trata-se de contribuição previdenciária, tributo sujeito a
lançamento por homologação, e não houve qualquer anteci-
pação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 173,
I, do CTN. 5. Recurso especial a que se nega provimento. 73

Exemplo:
O fato gerador de uma contribuição previdenciária (tributo sujeito a lança-
mento por homologação) ocorreu em 24/03/2005. O sujeito passivo pagou
uma quantia de R$ 5.000,00. No entanto, o vaior real da contribuição era
de R$ 20.000,00. Neste caso, o prazo decadencial inicia-se em 24/03/2005
e termina em 24/03/2010.

2° ponto de partida (CTN, art. 173, I)- Primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Como já vimos, as contribuições previdenciárias estão sujeitas a lançamento
por homologação. Por isso, em regra, o prazo decadencial de cinco anos é
contado da data da ocorrência do fato gerador. Assim, a regra do art. 173,
I, do CTN só será aplicada às contribuições previdenciárias em duas situa-
ções: (a) se o sujeito passivo não realizou nenhum pagamento; ou (b) se ficar

73 STJ, Resp 757922/SC, Rei. 1\1 in. Teor i Albino Zavascki, I' T., DI de !1/10/2007, p. 294.

217 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

provado que o sujeito passivo agiu com dolo, fraude ou simulação. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TRIBUTO


SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. SEGURIDADE
SOCIAL. PRAZO PARA CONSTITUIÇÃO DE SEUS CRÉDITOS.
DECADÊNCIA. ARTIGOS 150, § 4°, E 173, I, DO CTN. 1. Nas
hipóteses de tributo sujeito a lançamento por homologação,
em não ocorrendo o pagamento antecipado pelo contribuin-
te, o poder-dever do Fisco de efetuar o lançamento de ofício
substitutivo deve obedecer ao prazo decadencial estipulado
pelo artigo 173, I, do CTN, segundo o qual o direito de a Fa-
zenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. (... ). 74

Suponha, por exemplo, que o fato gerador de uma contribuição previden-


ciária ocorreu em março de 2005, e o sujeito passivo não realizou nenhum
pagamento. Em abril de 2005, o lançamento já poderia ser efetuado. Assim,
2005 seria o exercício dentro do qual o lançamento já poderia ser feito. Neste
caso, o prazo decadencial inicia-se em P de janeiro de 2006 e termina em
1o de janeiro de 2011.

3° ponto de partida (CTN, art. 173, li)- Data em que se tornar definitiva a
decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente
efetuado.
Trata-se de hipótese em que tenha sido efetuado um lançamento com vício
de forma, e este venha a ser anulado por decisão definitiva (administrativa
ou judicial). Nesse caso, a autoridade administrativa tem novo prazo de cinco
anos, contados da data em que se torne definitiva a referida decisão, para
efetuar novo lançamento de forma correta. Trata-se de um novo direito de
lançar, com um novo prazo, e, portanto, não há de se falar em interrupção
do prazo de decadência originário.

74 STJ, REsp 894.453/SC, Rei. Min. Luiz Fux, 1' T., DJ 24/09/2007, p. 259.

Hugo Goes 218


Procurador/AL/2009

Exemplo:.·
O fato gerador de uma contribuição previdenciária ocorreu em março de
2000; em abril de 2003, foi feito o lançamento, mas houve cerceament9
do direito de defesa do contribuinte, uma vez que no auto de infração
não constava a base legal que fundamenta a exigência. O sujeito pass~vo,
tempestivamente; apresentou impugnação na esfera ádministrativà e,
em 02/02/2005, o lançamento foi anulado por vício fotrrial. Neste caso,
o prazo decadencial inicia-se em 02/02/2005 e termina em 02/02/2010.

4° ponto de partida (CTN, art. 173, parágrafo único)- Da data em que tenha
sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito
passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
Trata-se, aqui, de hipó:ese em que a autoridade administrativa iniciou uma
fiscalização (que poderá ou não resultar em lançamento), e o parágrafo úni-
co do art. 173 do CTN manda que o prazo de decadência se conte a partir
da notificação do sujeito passivo de alguma providência de interesse para a
constituição do crédito; não há ainda notificação de lançamento.
Na opinião majoritária da doutrina, o parágrafo único do art. 173 do CTN só
opera para antecipar o início do prazo decadencial, não para interrompê-lo,
caso ele já tenha iniciado de acordo com as regras do inciso I do art. 173 ou
do § 4° do art. 150.
Assim, em relação às contribuições previdenciárias, para que a notificação
preparatória do lançamento antecipe o início do prazo decadencial, é necessá-
rio que: (a) o sujeito passivo não tenha realizado nenhum pagamento; e (b;• a
notificação preparatória ocorra antes do primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Fora destas duas hi-
póteses, o prazo decadencial já teria iniciado, não podendo ser interrompido.

Se o contribuinte declarar em GFIP o valor da contribuição previdenciária,


não mais se opera a decadência relativamente ao que foi declarado e não

219 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

pago, pois o crédito já se encontra definitivamente constituído. Serão, por-


tanto, inscritas como dívida ativa da União as contribuições previdenciárias
que não tenham sido recolhidas ou parceladas resultantes das informações
prestadas na GFIP (Lei 8.212/91, art. 39, § 3°).
A questão 82, ora comentada, manda assinalar a opção incorreta. Acontece
que há três opções incorretas (letras A, B e E). O gabarito preliminar deu
letra E. Mas após os recursos, a questão foi anulada.
Gabarito: anulada.

83. A respeito do regime previdenciário complementar, assinale a opção correta.

a) Entidade fechada de previdência privada é aquela constituída sob a forma de


sociedade anônima, sem fins lucrativos, e que é acessível exclusivamente a
empregados de uma empresa ou grupo de empresas, aos servidores dos entes
públicos da administração e aos associados ou membros de pessoas jurídicas
de caráter profissional, classista ou setorial.
b) Entidade aberta de previdência privada é aquela que explora economicamen-
te o ramo de infortúnios do trabalho, cujo objetivo é a instituição e operação
de planos de benefícios de caráter previdenciário em forma de renda conti-
nuada ou pagamento único, constituídas sob a forma de fundação ou socie-
dade civil.
c) No desempenho das atividades de fiscalização das entidades de previdên-
ci~ complementar, os servidores do órgão regulador e fiscalizador terão livre
aéesso às respectivas entidades, dela~ podendo requisitar e apreender livros,
notas técnicas e quaisquer documentos.
d) Nos planos de previdência privada, em caso de desligamento, cabe ao benefi-
ciário a devolução da contribuição efetuada pelo patrocinador.
e) A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela
previdência privada prescreve em dez anos.

Alternativa A - De acordo com o art. 31 da LC 109/01, as entidades fecha-


das de previdência complementar (EFPC) são aquelas acessíveis, na forma
regulamentada pelo órgão regulador e fiscalizador, exclusivamente: (I) aos
empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União,
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, entes denominados patro-
cinadores; e (II) aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter
profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores.

Hugo Goes 220


Procurador/AL/2009

As entidades fechadas organizar-se-ão sob a forma de fundação ou sociedade


civil, sem fins lucrativos (LC 109/01, art. 3'1, § 1°). Com o advento do Novo
Código Civil, a figura da sociedade civil deixou de existir. Por isso, as entida-
des fechadas de previdência complementar criadas a partir da promulgação
do novo Código Civil têm adotado a forma de fundação de direito privado. A
Portaria SPC 2, de 08 de janeiro de 2004, dispensou as EFPC então existentes
de fazerem a adaptação ao novo Código Civil.
Alternativa B - As entidades abertas são constituídas unicamente sob a
forma de sociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos
de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de renda
continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas (LC
109/2001, art. 36).
Essas entidades são denominadas abertas por poderem oferecer seus planos
de benefícios a qualquer pessoa interessada. Vale dizer, qualquer pessoa física
pode aderir a um plano de previdência complementar aberta, independen-
temente de vínculo profissional ou associativo.
Alternativa C- O órgão fiscalizador das entidades fechadas de previdên-
cia complementar (EFPC) é a SuperintendênCia Nacional de Previdência
Complementar- PREVIC (Lei 12.154/2009, art. 1°). O órgão regulador é o
Conselho Nacional de Previdência Complementar- CNPC, responsável pela
expedição de normas administrativas de observância obrigatória pelas EFPC.
A PREVIC e o CNPC são vinculados ao Ministério da Previdência Social.
O órgão fiscalizador das entidades abertas de previdência complementar
(EAPC) é a Superintendência de Seguros Privados- SUSEP. O órgão regula-
dor das EAPC é o Conselho Nacional de Seguros Privados- CNSP, vinculado
ao Ministério da Fazenda. A SUSEP e o CNSP são vinculados ao Ministério
da Fazenda (LC 109/01, art. 74).
Conforme o art. 41 da LC 109/01, "no desempenho das atividades de fisca-
lização das entidades de previdência complementar, os servidores do órgão
regulador e fiscalizador terão livre acesso às respectivas entidades, delas po-
dendo requisitar e apreender livros, notas técnicas e quaisquer documentos,
caracterizando-se embaraço à fiscalização, sujeito às penalidades previstas
em lei, qualquer dificuldade oposta à consecução desse objetivo".
Alternativa D-Entre outros institutos, os planos de benefícios deverão prever
o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante,
descontadas as parcelas do custeio administrativo, na forma regulamentada
(LC 109/01, art. 14, III).

221 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

Entende-se por resgate o instituto que faculta ao participante o recebimento


de valor decorrente do seu desligamento do plano de benefícios. O valor do
resgate corresponde, no mínimo, à totalidade das contribuições vertidas
ao plano de benefícios pelo participante, descontadas as parcelas do custeio
administrativo que, na forma do regulamento e do plano de custeio, sejam
de sua responsabilidade. O regulamento do plano de benefícios deverá prever
forma de atualização das referidas contribuições.
O exercício do resgate implica a cessação dos compromissos do plano
administrado pela entidade fechada de previdência complementar em relação
ao participante e seus beneficiários.
No caso de plano de benefícios instituído por patrocinador, o regulamento de-
verá condicionar o pagamento do resgate à cessação do vínculo empregatício.
Vale frisar que o valor objeto do resgate será apenas o das contribuições vertidas
pelo participante, descontadas as parcelas do custeio administrativo. A lei não
assegura ao beneficiário a devolução da contribuição efetuada pelo patrocinador.
No caso de plano de benefício instituído por instituidor, o regulamento
deverá prever prazo de carência para o pagamento do resgate, de seis meses
a dois anos, contado a partir da data de inscrição no plano de benefícios. O
resgate não será permitido caso o participante esteja em gozo de benefício.
Alternativa E- Nos termos do art. 75 da LC 109/01, "sem prejuízo do benefí-
cio, prescreve em cinco anos o direito às prestações não pagas nem reclamadas
na época própria, resguardados os direitos dos menores dependentes, dos
incapazes ou dos ausentes, na forma do Código Civil".
Gabarito: C

84. Acerca da legislação acidentária e das normas correlatas, assinale a opção correta.

a) Com o advento da EC no 45/2004, a competência para o processo e julgamen-


to de ações judiciais em que se pleiteie a concessão do benefício previdenciá-
rio denominado auxílio-acidente passou a ser da justiça do trabalho.
b) Segundo entendimento jurisprudencial majoritário do STJ, o pagamento, pela
previdência social, das prestações por acidente do trabalho exclui a respon-
sabilidade civil da empresa empregadora, uma vez que o segurado já foi res-
sarcido integralmente pelo Estado.
c) Considere a seguinte situação hipotética.
João, ex-segurado obrigatório do RGPS na qualidade de trabalhador avulso,
ao ser admitido pela última empresa em que trabalhou, já era portador de he-

HugoGoes 222
Procurador/ AL/2009

mofilia. Em calGrosa discussão a respeito de questões profissionais, João foi


levemente atingido com um estilete por um colega de trabalho, vindo a fale-
cer em consequência da lesão, que foi potencializada pela sua particular con-
dição fisiológica preexistente.
Nessa situação hipotética, é correto afirmar que não ocorreu acidente de trabalho.
d) O segurado empregado, exceto o doméstico, que sofrer acidente de trabalho que
o deixe incapacitado para a atividade laboral por prazo superior a quinze dias
terá garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu con-
trato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário.
e) A cobertura do risco de acidente do trabalho é de responsabilidade do RGPS,
sendo vedada a atribuição de responsabilidade à previdência privada. No en-
tanto, é possível a propositura de ação regressiva pela previdência social contra
a empresa que, de forma negligente, contribua para a ocorrência do acidente.

Alternativa A - O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando. após consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capaci-
dade para o trabalho que habitualmente exercia (Lei 8.213/91, art. 86). Veja
que a lei se refere a acidente de qualquer natureza, e não necessariamente
acidente do trabalho.
Se o auxílio-acidente não for decorrente de acidente do trabalho, e sim de
acidente de outra natureza, a ação promovida pelo segurado em face do INSS,
postulando o benefício, será julgada e processada pela Justiça Federal (CF,
art. 109, I). Se no domicílio do segurado não existir vara da Justiça Federal, a
ação judicial por ele proposta contra o INSS poderá ser processada e julgada
na Justiça Estadual. Mas o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regio-
nal Federal na ár~ de jurisdição do juiz de primeiro grau (CF, art. 109, § 4°).
Se o auxílio-acidente for resultante de acidente do trabalho, as ações promo-
vidas pelo segurado em face do INSS, postulando o benefício, serão julgadas
e processadas, em ambas as instâncias, pela Justiça Estadual.
O inciso I do art. 109 da Constituição Federal deixa claro que os Juízes
Federais não têm -::ompetência para processar e julgar as causas relativas a
acidente de traba:ho. De acordo com o inciso 11 do art. 129 da Lei 8.213/91,
os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão
apreciados, na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante
petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência
Social, por meio de Comunicação de Acidente do Trabalho- CAT. Tanto o

223 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

STF como o STJ entendem ser da Justiça Estadual, em ambas as instâncias, a


competência para processar e julgar as ações de acidente do trabalho. Nesse
sentido, confiram-se as seguintes súmulas:

Súmula 501 do STF- Compete à justiça ordinária estadual o


processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas
de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a
União, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de
economia mista.
Súmula 235 do STF - É competente para a ação de acidente
do trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda
instância, ainda que seja parte autarquia seguradora.
Súmula 15 do STJ- Compete à justiça estadual processar e
julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho.

Assim, em relação às lides previdenciárias derivadas de acidente de trabalho,


promovidas pelo trabalhador em face do INSS, a competência para julgar e
processar é da Justiça Comum Estadual. Dessa forma, as ações que objetivem
a concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou auxílio-
-acidente, decorrentes de acidente do trabalho, devem ser ajuizadas perante
a Justiça Estadual, com recursos aos Tribunais de Justiça. Até mesmo ações
relativas a revisão de benefício de origem acidentária devem ser ajuizadas pe-
rante a Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

COMPETÊNCIA. AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO ACIDENTÁ-


RIO. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. ART. 109, INC. I, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. A teor do disposto no art. 109, inc. I, da
Constituição Federal, a competência da Justiça Estadual para
julgar lide de natureza acidentária envolve também a revisão
do próprio benefício. Precedente do Plenário: RE 176.532-1.
Recurso extraordinário conhecido e provido. 75

Contudo, vale frisar que, de acordo com o inciso VI do art. 114 da Cons-
tituição Federal, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações
de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho. No julgamento do Conflito de Competência 7.204, o STF, em
sessão plenária, definiu a competência da Justiça Trabalhista, a partir da

75 STF, RE 264560/SP, Rei. Min. limar Galvão, 2• T., DJ 10/08/2000.

HugoGoes 224
Procurador/AL/2009

EC 45/2004, para julgamento das ações de indenização por danos morais


e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho. 76 Assim, as ações pro-
movidas pelo empregado em face do empregador postulando indenização
pelos danos morais ou patrimoniais sofridos em decorrência de acidente do
trabalho serão processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho.
Mas, as ações promovidas pelo segurado em face do INSS, postulando be-
nefício previdenciário decorrente de acidente do trabalho, mesmo após a EC
45/2004, continuam sendo julgadas e processadas, em ambas as instâncias,
pela Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO. JUÍZO DA 2° VARA


DO TRABALHO DE CUBA TÃO- SP E )UÍZO DE DIREITO DA 2°
VARA cívEL DE CuBA TÃO- SP. AçÃo ACIDENTÁRIA. CoN-
CESSÃO f REVISÃO DE BENEFÍCIO. EMENDA CONSTITUCIONAL
45/2004. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO DO ART. 109, I, DA CF.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. JUSTIÇA DO TRABALHO.
DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. PRECE-
DENTE DO STF. INTERPRETAÇÃO À LUZ DA CF. CONFLITO
CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O Juízo DE
DIREITO DA 2 3 VARA CÍVEL DE CUBATÃO- SP.

I- Mesmo após a Emenda Constitucional45/2004, manteve-se


intacto o artigo 109, inciso !, da Constituição Federal, no
tocante à competência para processar e julgar as ações de
acidente do trabalho. li- A ausência de modificação do artigo
109, inciso I, da Constituição Federal, no tocante às ações de
acidente de trabalho, não permite outro entendimento que
não seja o de que permanece a Justiça Estadual como a única
competente para julgar demandas acidentárias, não tendo
havido deslocamento desta competência para a Justiça do
Trabalho (artigo 114 da Constituição Federal). (.. _)77

Alternativa B - O art. 120 da Lei 8.213/91 determina que "nos casos de


negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho
indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
ação regressiva contra os responsáveis". Neste caso, o INSS ajuizará ação
regressiva em face do empregador perante a Justiça Federal (CF, art. 109, I).

76 STF, CC 7204/MG, Rei. Min. Carlos Britto, D/ 09/12/2005, p. S.


77 ST), CC 478ll/SP, Rei. Min. Gilson Dipp, 3' T., D/11/05/2005, p. 161.

225 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

Nesta situação específica, o empregador não se exime de sua responsabili-


dade pelo fato de a Previdência Social ter honrado prestações decorrentes
da incapacidade gerada pelo acidente do trabalho.
Alternativa C- Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba-
lho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho do segurado especial,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho
(Lei 8.213/91, art. 19).
De acordo com o art. 21 da Lei 8.213/91, equiparam-se também ao acidente
do trabalho:

I- o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido


a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do
segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para
a sua recuperação;
li - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário
do trabalho, em consequência de: ,
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por
terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo
de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de
terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortui-
tos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do
empregado no exercício de sua atividade;
IV- o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local
e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a
autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

Hugo Goes 226


Procurador/AL/2009

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo


quando financiada por esta dentro de seus planos para
melhor capacitação da mão de obra, independentemente
do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou
deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção,
inclusive veículo de propriedade do segurado.

Na situação apresentada pela questão ora analisada, constata-se que ocorreu


um acidente de trabalho. Esse entendimento é baseado no art. 21, I e II, "a",
da Lei 8.213/91.
Alternativa D - O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida,
pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho
na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independente-
mente de percepção de auxílio-acidente (Lei 8.213/91, art. 118). Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado do STF:

1. Acidente do trabalho: manutenção do contrato de trabalho:


L. 8.213/91, art. 118, caput (constitucionalidade). Na ADin
639,02/06/2005, Joaquim Barbosa, o Supremo Tribunal jul-
gou constitucional o caput do art. 118 da L. 8.213/91 - que
garante a manutenção do contrato de trabalho, em caso de
acidente do trabalho, pelo prazo mínimo de doze meses,
após a cessação do auxílio-doença, independentemente dá
percepção de auxílio-acidente. O Tribunal assentou que o
dispositivo não afronta o inciso I do art. 7° da Constituição
Federal, porque não versa sobre regime de estabilidade, nem
contraria o artigo 10 do ADCT, porque não dispõe sobre pro-
teção de emprego, matérias reservadas à lei complementar. 78

Alternativa E- Até 1967 o Seguro de Acidentes de Trabalho era realizado por


instituições privadas. Somente a partir de 14 de setembro de 1967, com a Lei
5.316, é que houve a integração do seguro de acidentes à Previdência Social.
De acordo com o§ 10 do art. 201 da Constituição de 1988, "lei disciplinará a
cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado". Portanto, logo

78 STF, AI-AgR 544031/MG, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, 1• T., DI 20/04/2006.

227 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

que a lei discipline a matéria, as instituições privadas novamente poderão,


concorrentemente com o RGPS, dar cobertura ao risco de acidente do tra-
balho. Mas, como essa lei ainda não foi editada, por enquanto a cobertura
do risco de acidente do trabalho continua sob a responsabilidade exclusiva
da Previdência Social. Contudo, nos casos de negligência quanto às normas
padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção in-
dividual e coletiva, a Previdência Social proporá ação regressiva contra os
responsáveis (Lei 8.213/91, art. 120).
Gabarito: D

85. Com relação ao custeio da seguridade social, assinale a opção correta.

a) Segundo previsão constitucional, a União deverá aplicar anualmente nunca


menos de 20% da receita resultante de impostos na manutenção do sistema
de seguridade social.
b) A CF veda a utilização de recursos provenientes das contribuições sociais in-
cidentes sobre a folha de salários para a realização de despesas outras que não
as decorrentes do pagamento de benefícios do RGPS.
c) As empresas deverão contribuir para o custeio do seguro de acidente do tra-
balho com uma alíquota fixa de 3%, incidente sobre o total da remuneração
paga ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados em-
pregados e trabalhadores avulsos.
d) Constitui receita da seguridade social 50% do resultado dos leilões dos bens
apreendidos pelo departamento da Receita Federal.
e) O salário de contribuição do empregado doméstico é o valor correspondente
a um salário mínimo, ainda que ele receba mensalmente de seu empregador
quantia superior.

Alternativa A - Para fins de financiamento da seguridade social, a Consti-


tuição não estabelece vinculação de percentual sobre a receita de impostos.
Conforme o art. 167, IV, da Constituição, é vedada a vinculação de receita
de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto
da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação
de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração
tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2°, 212 e 37,
XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8°, bem como o disposto no § 4° deste artigo.

HugoGoes 228
Procurador/ AL/2009

De acordo com o art. 195 da Constituição Federal, a seguridade social será


financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada


na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
li - do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social
de que trata o art. 201;
Ill - sobre a receita de concursos de prognósticos;
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.

Vale frisar que, mediante lei, complementar, poderão ser instituídas outras
fontes destinadas a garantir a ma,nutenção ou expansão da seguridade social.
Alternativa B - De acordo com o art. 167, XI, da Constituição Federal, é
vedada a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de
que trata o art. 195, I, "a", e li, para a realização de despesas distintas do
pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
A contribuição social prevista no art. 195, I, "a", da Constituição, é a do
empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício.
A contribuição social prevista no art. 195, li, da Constituição, é a do traba-
lhador e dos demais segurados da previdência social.
Portanto, é correto afirmar que a Constituição Federal veda a utilização
de recursos provenientes das contribuições sociais incidentes sobre a folha

229 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

de salários para a realização de despesas outras que não as decorrentes do


pagamento de benefícios do RGPS.
Alternativa C - De acordo com a Lei 8.212/91, art, 22, Il, a contribuição
da empresa para o financiamento do benefício da aposentadoria especial e
daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade labo-
rativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT), sobre o total
das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos, é de:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade


preponderante o risco de acidentes do trabalho seja con-
siderado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado grave.

As alíquotas são de 1%, 2% ou 3%, dependendo do enquadramento da em-


presa no respectivo grau de risco de acidentes do trabalho. O enquadramento
é feito de acordo com a atividade preponderante da empresa. Considera-se
preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de se-
gurados empregados e trabalhadores avulsos (RPS, art. 202, § 3°). Apurado
na empresa, o mesmo númem de segurados empregados e trabalhadores
avulsos em atividades econômicas distintas, considerar-se-á como prepon-
derante aquela que corresponder ao maior grau de risco (IN RFB 971/2009,
art. 72, § 1°, 11, "a").
Alternativa D- De acordo com o art. 27, VII, da Lei 8.212/91, constitui receita
da Seguridade Social40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos
bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal.
Alternativa E - Conforme o art. 28, Il, da Lei 8.212/91, para o empregado
doméstico, o salário de contribuição corresponde à remuneração registrada
na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem
estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício
e do valor da remuneração.
Gabarito: B

HugoGoes 230
Procurador/AL/2009

86. Eurico é vendedor de uma grande rede de lojas de eletrodomésticos em Brasília,


desde janeiro de 2008, sendo esse o seu primeiro emprego. Em março do mesmo
ano, ele aceitou o convite para ser gerente da filial de Manaus. No mês seguinte,
no primeiro domingo de descanso na capital amazonense, resolveu realizar um
passeio de barco para presenciar o encontro das águas dos rios Negro e Solimões,
tendo contraído malária no passeio. Eurico está extremamente debilitado e apre-
sentou atestado médico ao departamento de recursos humanos da empresa com
prazo de 30 dias.
A partir dessa situação hipotética, com base na legislação aplicável ao assunto
e, ainda, considerando que a malária não é doença profissional ou do trabalho e
não integra nenhuma lista ministerial para fins de concessão de benefícios pre-
videnciários, assinale a opção correta.

a) Eurico não faz jus ao auxílio-doença, por não ter cumprido o prazo de carên-
cia fixado em lei para a concessão desse benefício.
b) Caso seja considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício
de atividade que lhe garanta a subsistência, Eurico fará jus à aposentadoria
por invalidez, enquanto permanecer nessa condição.
c) O infortúnio vivenciado por Eurico caracteriza acidente de trabalho.
d) Eurico é segurado obrigatório da previdência social na qualidade de empre-
gado, sendo certo que, para o cômputo do seu período de carência, serão con-
sideradas as contribuições realizadas a contar da data do efetivo pagamento
da primeira contribuição sem atraso.
e) Ainda que não dependam economicamente de Eurico, este poderá realizar a
inscrição de seus pais no RGPS como dependentes, pois a dependência eco-
nômica entre pais e filhos no âmbito do referido regime é presumida.

Alternativas A e B- O período de carência para a concessão dos benefícios de


aposentadoria por invalidez e auxílio-doença é, em regra, de 12 contribuições
mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a concessão independe de carência
nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente de qualquer
natureza ou causa, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao
RGPS, for acometido de alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversí-
vele incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, estado avançado de doença de Paget (osteíte
deformante),Aids, contaminação por radiação com base em conclusão da
medicina especializada ou hepatopatia grave (Lei 8.213/91, art. 26, 11).
Vale frisar que as doenças profissionais ou do trabalho são consideradas como
acidente do trabalho (Lei 8.213/91, art. 20, I e 11). Assim, se a aposentadoria

231 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

por invalidez ou o auxílio-doença decorrer de uma doença profissional ou


do trabalho, a sua concessão independe de carência.
No caso em tela, a malária não é considerada como doença profissional ou
do trabalho e não integra a lista das doenças que dispensam a carência.
Assim, para ter direito à aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença,
seria necessário que Eurico já contasse com, pelo menos, 12 contribuições
mensais. Conforme informa o enunciado da questão, Eurico foi admitido
no primeiro emprego em janeiro de 2008 e, em abril de 2008, por motivo
de doença, afastou-se do trabalho por 30 dias. Neste caso, ele não faz jus à
aposentadoria por invalidez nem a auxílio-doença, por não ter cumprido o
prazo de carência fixado em lei para a concessão desse benefício.
Alternativa C- Conforme o art. 20, § 1°, "d", da Lei 8.213/91, não será
considerada como doença do trabalho a doença endêmica adquirida por
segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação
de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natu-
reza do trabalho.
De acordo com o enunciado da questão, Eurico contraiu malária ao realizar
um passeio de barco para presenciar o encontro das águas dos rios Negro
e Solimões. Ou seja, a doença contraída por Eurico não foi resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho, por
isso não deve ser caracterizada como acidente de trabalho.
Alternativa D- No caso dos segurados empregados e trabalhadores avulsos,
para cômputo do período de carência, serão consideradas as contribuições
referentes ao período a partir da data da filiação ao Regime Geral de Previ-
dência Social (Lei 8.213/91, art. 27, I).
Alternativa E - De acordo com o art. 16 da Lei 8.213/91, são beneficiários
do RGPS, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido;
II- os pais;
III- o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e


a das demais deve ser comprovada (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°).

Hugo Goes 232


Procu radar/ AL/2009

Na questão em tela, para que os pais de Eurico possam ser inscritos no


RGPS como dependentes, é necessário que seja comprovada a dependência
econômica. Gabarito: A

7. Assinale a opção correta acerca dos princípios constitucionais da seguridade social.

a) As condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e subs-


tâncias humanas para fins de transplante devem estar previstas em lei, sendo
permitida a comercialização desses itens apenas mediante autorização judicial.
b) Sobre aposentadorias e pensões concedidas pelo RGPS incidirá desconto de
11 o/o a título de contribuição da pessoa física para a manutenção do sistema.
c) A CF veda a instituição de alíquotas e bases de cálculo diferenciadas para as
contribuições devidas à seguridade sociall pelas empresas em razão do porte
de cada uma delas.
d) É possível a instituição de outras fontes destinadas a garantir a manutenção
ou expansão da seguridade social além daquelas previstas na CF, desde que
por lei complementar.
e) As ações de assistência social serão prestadas apenas aos segurados que esti-
verem em dia com as suas contribuições mensais à seguridade social.

Alternativa A - Conforme o art. 199, § 4°, da Constituição Federal, a lei


disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos,
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e trata-
mento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
Alternativa B - Uma das contribuições destinadas ao financiamento da
seguridade social é a do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social, incidente sobre o salário de contribuição (CF, art. 195, li, e Lei 8.212/91,
art. 11, parágrafo único, "c"). O art. 195, 11, da Constituição, assegura que essa
contribuição social não incidirá sobre aposentadoria e pensão concedidas
pelo RGPS. Neste caso, trata-se de uma imunidade tributária.
Alternativa C- De acordo com o§ 9° do art. 195 da Constituição Federal,
as contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada, destinadas ao financiamento da seguridade social, poderão ter
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica,
da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho.

233 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa D - O § 4° do art. 195 da Constituição Federal prevê que "a lei


poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expan-
são da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I". Ou seja, além
das contribuições sociais previstas nos quatro incisos do caput do art. 195 da
Constituição Federal, outras fontes de custeio da seguridade social poderão
ser instituídas. Trata-se, aqui, das chamadas contribuições residuais. Para
que essas contribuições sejam instituídas, é necessário que se obedeça ao
disposto no art. 154, I, da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:

Art. 154. A União poderá instituir: I- mediante lei comple-


mentar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base
de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.

O STF entende que, em relação às novas contribuições para a seguridade


social, aplica-se somente a primeira parte do inciso I do art. 154 da Carta
Magna. Ou seja, contribuição para a' seguridade social que não esteja pre-
vista nos quatro incisos do art. 195 da CF só pode ser criada mediante lei
complementar. Pode, contudo, ter base de cálculo e fato gerador idênticos
aos de impostos. No tocante à não cumulatividade, o STF entende que essa
exigência só pode dizer respeito à técnica de tributação que afasta a cumu-
latividade em impostos polifásicos como o ICMS e o IPI. A cumulatividade
não ocorre em contribuição cujo ciclo de incidência é monofásico. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

Contribuição social. Constitucionalidade do artigo 1°, I, da


Lei Complementar no 84/96. - O Plenário desta Corte, ao
julgar o RE 228.321, deu, por maioria de votos, pela consti-
tucionalidade da contribuição social, a cargo das empresas
e pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, incidente sobre a
remuneração ou retribuição pagas ou creditadas aos segura-
dos empresários, trabalhadores autônomos, avulsos e demais
pessoas físicas, objeto do artigo 1°, I, da Lei Complementar
no 84/96, por entender que não se aplica às contribuições
sociais novas a segunda parte do inciso I do artigo 154 da
Carta Magna, ou seja, que elas não devam ter fato gerador
ou base de cálculos próprios dos impostos discriminados
na Constituição. - Nessa decisão está ínsita a inexistência
de violação, pela contribuição social em causa, da exigência
da não cumulatividade, porquanto essa exigência - e é este,

HugoGoes 234
Procurador/AL/2009

aliás, o sentido constitucional da cumulatividade tributária


- só pode dizer respeito à técnica de tributação que afasta a
cumulatividade em impostos como o ICMS e o IPI- e cumu-
latividade que, evidentemente, não ocorre em contribuição
dessa natureza cujo ciclo de incidência é monofásico -, uma
vez que a não cumulatividade no sentido de sobreposição de
incidências tributárias já está prevista, em caráter exaustivo,
na parte final do mesmo dispositivo da Carta Magna, que
proíbe nova incidência sobre fato gerador ou base de cálculo
próprios dos impostos discriminados nesta Constituição. -
Dessa orientação não divergiu o acórdão recorrido. Recurso
extraordinário não conhecido. 79

Em suma, se a contribuição para a seguridade social estiver prevista nos


quatro incisos do .art. 195 da Constituição Federal, ela poderá ser instituída
mediante lei ordinária. Em caso contrário, só poderá ser instituída mediante
lei complementar. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STF:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.


CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS
JURIDICAS. LEI 1' 0 7.689, DE 15/12/88. I - Contribuições pa-
rafiscais: contribuições sociais, contribuições de intervenção
e contribuições corporativas. CF, art. 149. Contribuições
sociais de seguridade social. CF, arts. 149 e 195. As diversas
espécies de contribuições sociais. II - A contribuição da Lei
no 7.689, de 15/12/88, é uma contribuição social instituída·
com base no art. 195, I, da Constituição. As contribuições
do art. 195, I, li, III, da Constituição, não exigem, para a
sua instituição, lei complementar. Apenas a contribuição
do parágrafo 4° do mesmo art. 195 é que exige, para a sua
instituição, lei complementar, dado que essa instituição
deverá observar a técnica da competência residual da União
(CF, art. 195, § 4°; CF, art. 154, I). Posto estarem sujeitas a lei
complementar do art. 146, III, da Constituição, porque não
são impostos, não há necessidade de que a lei complementar
defina o. seu fato gerador, base de cálculo e contribuintes
(CF, art. 146, III, "a"). III - Adicional ao imposto de renda:
classificação desarrazoada. IV - Irrelevância do fato de a
receita integrar o orçamento fiscal da União. O que importa é

79 STF, RE 258470/RS, Rei. Min. Moreira Alves, 1' T., DJ 12/05/2000.

235 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

que ela se destina ao financiamento da seguridade social (Lei


no 7.689/88, art. 1°). V- Inconstitucionalidade do art. 8°, da
Lei no 7.689/88, por ofender o princípio da irretroatividade
(CF, art, 150, III, "a") qualificado pela inexigibilidade da
contribuição dentro no prazo de noventa dias da publicação
da lei (CF, art. 195, § 6°). Vigência e eficácia da lei: distinção.
VI - Recurso Extraordinário conhecido, mas improvido,
declarada a inconstitucionalidade apenas do artigo 8° da
Lei no 7.689, de 1988. 80

Alternativa E - Conforme o art. 203 da Constituição Federal, a assistência


social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contri-
buição à seguridade social.
Gabarito: D

88. João é empregado de uma grande mineradora e trabalha exposto a agentes no-
civos prejudiciais à saúde, assim definidos em lei. A referida relação de emprego
resultou na sua primeira filiação ao RGPS. Após 10 anos de efetivo serviço nes-
sas condições, João foi eleito dirigente sindical, ficando afastado de suas atribui-
ções para se dedicar exclusivamente à atividade de representante de seus pares.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito do institu-
to da aposentadoria especial.

a) Em regra, o período de carência para a aposentadoria especial é de 120 con-


tribuições mensais.
b) Não se considera como especial o tempo de trabalho laborado com exposição
a ruídos, ainda que para simples conversão em tempo comum.
c) A alíquota da contribuição sobre a remuneração dos segurados a cargo da em-
presa em que João trabalha será majorada em relação a todos os empregados e
não apenas em relação à remuneração daqueles expostos a condições especiais.
d) O segurado que obteve o benefício de aposentadoria especial após 15 anos de
serviço poderá retornar ao mercado de trabalho para o desempenho de ativi-
dade que o exponha a agentes nocivos, podendo cumular nova aposentado-
ria após o mesmo prazo.
e) Durante o período de afastamento para o exercício do mandato de dirigente
sindical, João não terá esse tempo contado para fins de aposentadoria especial.

80 STF, RE 138284/CE, Rei. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, D/28/12/92. Na época em que esta decisão foi proferida,
o art. 195 da CF só tinha três incisos. O inciso IV foi incluído pela EC 42/2003.

Hugo Goes 236


Procurador/ AU2009

Alternativa A - Em regra, o período de carência para aposentadoria por idade,


aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial é de 180
contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, II). Todavia, para os segurados
inscritos na Previdência Social Urbana até 24/07/91, bem como para ostra-
balhadores e empregadores rurais antes amparados pela Previdência Social
Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei 8.213/91. A
regra de transição levará em conta o ano em que o segurado implementar
todas as condições necessárias à obtenção do benefício.
Alternativa B- A exposição a ruídos com Níveis de Exposição Normalizados
(NEN) superiores a 85 dB(A) dá direito à aposentadoria especial aos 25 anos
de trabalho (RPS, anexo IV).
Alternativa C - A aposentadoria especial será financiado com os recursos
provenientes da contribuição de que trata o inciso 11 do art. 22 da Lei 8.212/91,
in verbis:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à


Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:
[...]
Il - para o financiamento da aposentadoria especial e
daqueles concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborati~a decorrente dos riscos ambientais
do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou cre-
ditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante o risco de acidentes do trabalho seja con-
siderado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade
preponderante esse risco seja considerado grave.

As alíquotas supra, de 1%, 2% ou 3%, serão acrescidas de doze, nove ou seis


pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço
da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25
anos de contribuição, respectivamente (Lei 8.213/91, art. 57§ 6°). Contudo,

237 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

vale frisar que tal acréscimo incide exclusivamente sobre a remuneração do


segurado sujeito às condições especiais (Lei 8.213/91, art. 57,§ 6°).
Alternativa D - O segurado em gozo de aposentadoria especial que retornar à
atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos, ou nela permane-
cer, na mesma ou em outra empresa, qualquer que seja a forma de prestação
do serviço, ou categoria de segurado, terá sua aposentadoria automaticamente
cessada, a partir da data do retorno à atividade (Lei 8.213/91, art. 57, § 8°).
Naturalmente, se retornar ao trabalho em atividade comum, isto é, sem
a exposição habitual e contínua a agentes nocivos, não sofrerá nenhuma
sanção. Nesta hipótese, o retorno à atividade não prejudica o recebimento
de sua aposentadoria, que será mantida no seu valor integral. Retornando
à atividade, o aposentado será obrigado a contribuir para a previdência. A
contribuição incidirá sobre a remuneração que ele receber em decorrência
do seu trabalho, e não sobre os proventos da aposentadoria.
No RGPS, não é permitido o recebimento conjunto de mais de uma apo-
sentadoria, salvo no caso de direito adquirido (Lei 8.213/91, art. 124, 11).
Assim, o aposentado pelo RGPS que voltar a exercer atividade remunerada
abrangida por esse regime não terá direito a outra aposentadoria. Na verdade,
o segurado aposentado pelo RGPS, que permanecer em atividade sujeita a
este regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência
Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família
e à reabilitação profissional, quando. empregado (Lei 8.213/91, art. 18, § 2°).
Contudo, vale frisar que a segurada aposentada que retornar à atividade, em
caso de parto, aborto não criminoso ou adoção de criança de até oito anos
de idade, fará jus ao recebimento do salário-maternidade (RPS, art. 103).
Alternativa E- O empregado que se afasta da atividade para exercer mandato
de dirigente sindical continua contribuindo para a previdência social. O di-
rigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo
enquadramento no RGPS de antes da investidura (Lei 8.212/91, art. 12, § 5°).
Neste caso, o salário de contribuição do empregado será a remuneração paga,
devida ou creditada pela entidade sindical, pela empresa ou por ambas (Lei
8.212/91, art. 28, § 10, e RPS, art. 214, IV).
A questão ora analisada afirma que durante o período de afastamento para
o exercício do mandato de dirigente sindical, João não terá esse tempo
contado para fins de aposentadoria especial. Esta afirmativa é verdadeira,

Hugo Goes 238


Procurador/AL/2009

pois a concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo


segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a in-
tegridade física, durante o período mínimo fixado. A atividade de dirigente
sindical não é considerada como prejudicial à saúde ou à integridade física.
Logo, João não terá o período de exercício desta atividade contado para fins
de aposentadoria especial. Contudo, este tempo será contado para fins de
aposentadoria por tempo de contribuição e para fins de contagem de carência
de qualquer benefício do RGPS.
Gabarito: E

89. A respeito do benefício previdenciário pensão por morte, assinale a opção correta.

a) Em qualquer situação, o valor mensal do benefício será de 100% do valor da


aposentadoria que o segurado recebia.
b) O benefício será devido aos dependentes do segurado que falecer, a contar da
data do óbito, quando requerido até 30 dias depois deste.
c) A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial não tem direito
à pensão por morte do ex-marido, ainda que comprove a necessidade econô-
mica superveniente.
d) Para a concessão do benefício aos dependentes do segurado, não se admite a
alegação de morte presumida, mas apenas de morte real.
e) A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, prorroga-se até
os 24 anos pela pendência de curso universitário.

Alternativa A - O valor mensal da pensão por morte será de 100% do valor


da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (Lei 8.213/91,
art. 75).
Se o segurado falecido já era aposentado, a renda mensal inicial da pensão
por morte será de 100% do valor da aposentadoria que ele recebia.
Mas, se o segurado não era aposentado, o valor da pensão por morte será de
100% do valor da aposentadoria que ele teria direito se estivesse aposentado
por invalidez na data de seu falecimento. A aposentadoria por invalidez,
inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consiste numa renda mensal
correspondente a 100% do salário de benefício (Lei 8.213/91, art. 44). Assim,
se o segurado falecido não era aposentado, para efeito de cálculo da pensão

239 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

por morte, utiliza-se a mesma regra de cálculo da aposentadoria por inva-


lidez, que corresponde a 100% do salário de benefício.
Alternativas B e D - Como regra geral, a pensão por morte será devida ao
conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a
contar da data: (I) do óbito, quando requerida até 30 dias depois deste; (li)
do requerimento, quando requerida após o prazo de 30 dias (Lei 8.213/91,
art. 74, I e II).
Mas a pensão também poderá ser concedida, em caráter provisório, por
morte presumida: (I) mediante sentença declaratória de ausência, expedida
por autoridade judiciária, a contar da data de sua emissão (Lei 8.213/91,
art. 78, caput); ou (II) em caso de desaparecimento do segurado por motivo
de catástrofe, acidente ou desastre, a contar da data da ocorrência, mediante
prova hábil (Lei 8.213/91, art. 78, § 1°).
Para fins de obtenção de pensão provisória, a morte presumida pode ser
declar~da judicialmente depois de seis meses de ausência (Lei 8.213/91,
art. 78, caput).
Alternativa C- De acordo com a Lei 8.213/91, art. 76, § 2°, o cônjuge divor-
ciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos
concorrerá em igualdade de condições com os dependentes de primeira
classe. Contudo, a respeito deste tema, o STJ tem um entendimento mais
favorável à mulher divorciada ou separada judicialmente. De acordo com
a Súmula 336 do STJ, "a mulher que renunciou aos alimentos na separação
judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, com-
provada a necessidade econômica superveniente".
Alternativa E- De acordo com o art. 16 da Lei 8.213/91, são beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segura-
do: (I) o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado,
de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que
tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativa-
mente incapaz, assim declarado judicialmente; (li) os pais; e (III) o irmão
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta
ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.
Confusão frequente sobre o filho dependente diz respeito aos maiores de 21
até 24 anos de idade que sejam universitários ou estejam cursando escola
técnica de 2° grau. Para fins de imposto de renda, o contribuinte pode incluir

Hugo Goes 240


Procurador/ AL/2009

esses filhos em sua declaração como sendo seus dependentes. Todavia, para
fins previdenciários, este fato é irrelevante: qualquer filho maior de 21 anos
somente manterá a condição de dependente se for inválido. Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE. fiLHO.


ESTUDANTE DE CURSO UNIVERSITÁRIO. PRORROGAÇÃO DO
BENEFÍCIO ATÉ OS 24 ANOS DE IDADE. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTE. I - O pagamento de pensão por morte a filho
de segurado deve restringir-se até os 21 (vinte e um) anos de
idade, salvo se inválido, nos termos dos arts. 16, I, e 77, § 2°,
II, ambos da Lei no 8.213/91. II - Não há amparo legal para
se prorrogar a manutenção do benefício a filho estudante de
curso universitário até os 24 (vinte e quatro) anos de idade.
Precedente. Recurso provido."'

Gabarito: B

90. Com relação ao regime previdenciário do servidor público, assinale a opção correta.

a) A servidora pública poderá se aposentar voluntariamente aos sessenta anos


de idade, com proventos pt;oporcionais ao tempo de contribuição, desde que
conte, no mínimo, dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco
anos no cargo efetivo em que st! dará a aposentadoria.
b) O servidor poderá aposentar-se por invalidez permanente decorrente de aci-
dente em serviço ou moléstia profissional, sendo os proventos proporcionais
ao tempo de contribuição.
c) Os requisitos de idade e tempo de contribuição, para fins de aposentadoria
voluntária, serão reduzidos em cinco anos para os professores universitários,
da educação infantil e do ensino fundamental e médio.
d) Em respeito ao princípio da especialidade, o regime de previdência dos ser-
vidores públicos titulares de cargo efetivo seguirá legislação específica, sen-
do vedada a aplicação de requisitos e critérios fixados para o RGPS.
e) O servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração, bem como de outro cargo temporário ou de
emprego público, estará excluído do RGPS.

81 ST), REsp 638589/SC, Rei. Min. Felix Fischer, 5• T., D/ 12/12/2005, p. 412.

241 Prova 13
Direito Previdenciário Cespe

Para ajudar no entendimento das alternativas A, B e C, primeiramente, vamos


transcrever o texto do § 1o do art. 40 da Constituição Federal:

§ 1o Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de


que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
proventos a partir dos valores fixados na forma dos§§ 3° e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos propor-
cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, na forma da lei;
li- compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com pro-
ventos proporcionais ao tempo de contribuição;
III- voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos
no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas
as seguintes condições:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição,
se homem, e cinquenta e cinco a'nos de idade e trinta de
contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais
ao tempo de contribuição.
[... ]
§ 5° Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no§ 1o, III,
"a", para o professor que comprove exclusivamente tempo
de efetivo exercício das funções de magistério na educação
infantil e no ensino fundamental e médio.

Alternativa A- Os requisitos para uma servidora pública, amparada por regime


próprio de previdência social, aposentar-se voluntariamente por idade são os
seguintes: (a) sessenta anos de idade; (b) dez anos de efetivo exercício no serviço
público; e (c) cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria. Neste
caso, os proventos serão proporcionais ao tempo de contribuição.
Alternativa B- No RPPS, 'em regra, os proventos da aposentadoria por inva-
lidez serão proporcionais ao tempo de contribuição. Mas, quando decorrente
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
incurável, a aposentadoria por invalidez não segue a regra geral.

Hugo Goes 242


Procurador/ AL/2009

A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez decorrente de acidente


em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável
será 100% da média aritmética das maiores remunerações, utilizadas como
base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que
esteve vinculado, correspondentes a 80% de todo o período contributivo
desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se
posterior àquela competência (Lei 10.887/2004, art. 1°).
Alternativa C- Na aposentadoria voluntária prevista no art. 40, § 1°, III,
"a", da Constituição Federal, a redução de cinco anos na idade e no tempo
de contribuição beneficia apenas os professores da educação infantil e do
ensino fundamental e médio. Assim, os professores universitários não se
beneficiam dessa :-edução.
Alternativa D- O RPPS dos servidores públicos titulares de cargos efetivos,
dos magistrados, ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, membros
do Ministério Pú":>lico e de quaisquer dos poderes da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios, incluídas suas autarquias e funda-
ções tem suas principais normas de funcionamento previstas no art. 40 da
Constituição Federal. Além do disposto no art. 40 da Constituição, o RPPS
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
de previdência social (CF, art. 40, § 12). Ou seja, no que for compatível, as
regras do RGPS aplicar-se-ão subsidiariamente ao RPPS.
Alternativa E- Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo
temporário ou de emprego público, aplica-se o Regime Geral de Previdência
Social- RGPS (C:?, art. 40, § 13). Também é vinculado ao RGPS o exercente
de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vincula-
do a regime próprio de previdência social (Lei 8.213/91, art. 11, I, "j"). Os
servidores titulares de cargo efetivo de ente federativo que nunca editou lei
instituidora de RPPS também são vinculados obrigatoriamente ao RGPS.
Gabarito: A

243 Prova 13
94. A seguridade social deve ser compreendida como um sistema que procura solu-
cionar riscos sociais que evidenciam necessidades específicas capazes de provocar
graves desequilíbrios que comprometam a ordem social. Com relação à seguri-
dade social brasileira, assinale a opção correta.

a) A Lei Eloi Chaves é apontada como o marco inaugural da previdência social


no Brasil, por ter sido a primeira iniciativa do poder público que visava am-
parar os trabalhadores contra os riscos sociais. Ela foi criada como seguro so-
cial e de acordo com o modelo bismarquiano.
b) As instituições privadas têm livre acesso à prestação de serviços de assistên-
cia na área de saúde, e participam de forma complementar ao sistema único,
sendo vedada, entretanto,a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções para essas instituições.
c) Em obediência ao princípio da igualdade, corolário da dignidade da pessoa
humana, não é possível a adoção de requisitos diferenciados para concessão
de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social.
d) A previdência social pública brasileira organiza-se basicamente em regimes
próprios, destinados aos servidores públicos titulares de cargos efetivos, e re-
gime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória para os demais
trabalhadores. Este, entre outros riscos sociais, dá cobertura aos eventos de
doença, invalidez, morte, idade avançada e desemprego involuntário.
e) O legislador constituinte originário, com objetivo de dar maior abrangência
e cuidado possíveis à questão dos riscos sociais, estabeleceu que as ações pre-
sentes no Título da Ordem Social, da Constituição Federal, corresponderiam
às iniciativas dos poderes públicos e da sociedade para proteção do direito ao
bem-estar e da justiça social, representados pelas ações que integram a segu-
ridade social.

Alternativa A- Em termos de legislação nacional, a doutrina majoritária con-


sidera como marco inicial da previdência social brasileira a Lei Eloy Chaves

245
Direito Previdenciário Cespe

(Decreto Legislativo 4.682, de 24/1/1923). Esta lei instituiu as Caixas de


Aposentadoria e Pensões (CAPs) para os ferroviários. Assegurava, para esses
trabalhadores, os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria
ordinária (equivalente à aposentadoria por tempo de serviço), pensão por
morte e assistência médica. Os beneficiários eram os empregados e diaristas
que executavam serviços de caráter permanente nas empresas de estrada
de ferro existentes no País. 82 Os regimes das CAPs eram organizados por
empresa, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo
e do Estado. Atualmente, comemora-se o aniversário da previdência social
brasileira no dia 24 de janeiro, em alusão à Lei Eloy Chaves.
Apesar de a Lei Eloy Chaves ser apontada como o marco inaugural da pre-
vidência social no Brasil, ela não foi a primeira iniciativa do poder público
destinada a amparar os trabalhadores contra os riscos sociais. Antes da Lei
Eloy Chaves, foram editadas algumas leis concedendo aposentadorias para
algumas categorias de trabalhadores (professores, empregados dos Correios,
servidores públicos etc.). Todavia, nãp podemos considerar tais aposenta-
dorias como verdadeiramente pertencentes a um regime previdenciário, já
que os beneficiários não contribuíam du~ante o período de atividade. Essas
aposentadorias eram concedidas de forma graciosa pelo Estado. 83
O modelo contemplado pela Lei Eloy Chaves assemelhava-se ao modelo
alemão de 1883 (modelo de Bismarck, governante alemão daquela época),
que apresentava as seguintes características: (a) a proteção não era universal,
geralment.e limitada aos trabalhadores; (b) financiamento por meio de con-
tribuições dos trabalhadores, das empresas e do Estado; (c) regulamentação e
supervisão a cargo do Estado; e (d) ação limitada a determinadas necessidades
sociais (rol de prestações definidas em lei).
Alternativa B- De acordo com o art. 199 da Constituição, a assistência à
saúde é livre à iniciativa privada. As instituições privadas poderão partici-
par, de forma complementar, do sistema único de saúde, segundo diretrizes
deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência
as entidades filantrópicas' e as sem fins lucrativos (CF, art. 199, § 1°). Assim,
quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura
assistencial à população de uma determinada área, o SUS poderá recorrer
aos serviços ofertados pela iniciativa privada.

82 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17• ed. São Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.
83 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 6• ed.
São Paulo: LTr, 2005, p. 50.

Hugo Goes 246


Procurador/CE/2008

Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela atuação,


por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de
pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação
da saúde (Lei 8.080/90, art. 20).
É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às ins-
tituições privadas com fins lucrativos (CF, art. 199, § 2°). Veja que a vedação
aplica-se somente às instituições privadas com fins lucrativos. Com relação
às instituições privadas de saúde sem fins lucrativos, não há tal vedação.
Alternativa C- Conforme o art. 201, § 1°, da Constituição Federal, "é vedada
a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposen-
tadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados
os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem
a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores
de deficiência, nos termos definidos em lei complementar". Esse dispositivo
constitucional proíbe o legislador ordinário de adotar regras diferenciadas
para concessão de aposentadorias para os beneficiários do RGPS, evitando,
assim, favorecimentos indevidos e assegurando tratamento equânime a to-
dos os segurados. A Constituição abre, no entanto, uma exceção, no sentido
de assegurar um tratamento diferenciado aos trabalhadores que exercem
atividades em condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física e
quando se tratar de segurados portadores de deficiência.
Os trabalhadores que exercem atividades em condições que prejudiquem
a saúde ou a integridade física, em razão da exposição a agentes nocivos
(químicos, físicos ou biológicos), têm sua capacidade laboratíva reduzida
mais rapidamente. Por isso, têm direito a uma aposentadoria especial, que
será devida, uma vez cumprida a carência exigida, ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a inte-
gridade física, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos. A aposentadoria
especial concedida pelo RGPS é regulada pelos arts. 57 e 58 da Lei 8.213/91.
A aposentadoria diferenciada a ser concedida aos segurados portadores de
deficiência foi introduzida pela Emenda Constitucional47, de 5/7/2005. Esse
dispositivo constitucional não tem eficácia imediata, dependendo, portanto,
de lei complementar que definirá os requisitos da concessão dessa aposenta-
doria com regras diferenciadas para os segurados portadores de deficiência.
Alternativa D-A previdência brasileira é formada por dois regimes básicos,
de filiação obrigatória, que são o Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
e os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos

247 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

e militares. Há também o Regime de Previdência Complementar, ao qual o


participante adere facultativamente.
O RGPS e o RPPS têm natureza jurídica pública. A previdência complementar
pode ter natureza jurídica privada (CF, art. 202) ou pública (CF, art. 40, § 15).
Os beneficiários do RPPS são os magistrados, ministros e conselheiros dos Tribu-
nais de Contas, membros do Ministério Público, militares e servidores públicos
ocupantes de cargo efetivo de quaisquer dos poderes da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, incluídas suas autarquias e fundações.
O RGPS é o regime de previdência mais amplo, responsável pela proteção
da grande maioria dos trabalhadores brasileiros. De acordo com o caput do
art. 201 da Constituição, a previdência social atenderá, nos termos da lei,
a: (I) cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
(II) proteção à maternidade, especialmente à gestante; (III) proteção ao
trabalhador em situação de desemprego involuntário; (IV) salário-família
e auxíiio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (V)
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou compa-
nheiro e dependentes. O RGPS garante a cobertura de todas as situações
expressas no caput do art. 201 da CF, exceto as de desemprego involuntário
(Lei 8.213/91, art. 9°, § 1°).
O regime de previdência complementar, de ::1atureza pública, destina-se
aos servidores públicos titulares de cargo efetivo amparados por RPPS (CF,
art. 40, § 14). Será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-
cutivo, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar,
de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de
benefícios somente na modalidade de contribuição definida (CF, art. 40, § 15).
O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de
forma autônoma em relação ao RGPS, pode ser instituído por intermédio de
entidades de previdência complementar fechadas ou abertas.
A banca examinadora considerou esta alternativa D como sendo a correta.
Contudo, há dois argumentos que poderiam ser usados como objeto de
recurso para esta questão: (I) o RGPS não garante a cobertura às situações
de desemprego involuntário (Lei 8.213/91, art. 9°, § 1°); (II) a previdência
complementar também pode ter natureza pública (CF, art. 40, § 15).
Alternativa E - O Título da Ordem Social, da Constituição Federal (Título
VIII), engloba os capítulos que tratam da seguridade social (capítulo II);
da educação, da cultura e do desporto (capítulo III); da ciência e tecnologia

Hugo Goes 248


Procurador/CE/2008

(capítulo IV); da comunicação social {capítulo V); do meio ambiente (capí-


tulo VI); da família, da criança, do adolescente e do idoso (capítulo VII);
e dos índios (capítulo VIII). Assim, a seguridade social faz parte da ordem
social. Contudo, além da seguridade social, há vários outros segmentos que
também estão compreendidos na ordem social.
A seguridade social, por sua vez, compreende um conjunto integrado de ações
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (CF, art. 194).
Gabarito: D

95. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social, no Brasil, em 2003, foram
gastos mais de 8,2 bilhões de reais em benefícios acidentários e aposentadorias es-
peciais. Esse número revela a necessidade de aprimoramento das políticas sociais
relacionadas à prevenção do acidente de trabalho, condição que implica a correta
aplicação da legislação acidentária. Acerca desse assunto, assinale a opção correta.

a) Considere-se que José sofra acidente de trabalho e, por ser segurado da pre-
vidência social, passe a receber auxílio-doença; e enquanto receber esse be-
nefício, seu contrato de trabalho seja interrompido, condição que impede a
sua dispensa. Nessa situação, após a cessação do auxílio-doença, José terá es-
tabilidade por, no mínimo? 12 meses.
b) Considere-se que Flávio trabalhe em uma empresa como um dos responsá-
veis pela confecção da folha de' pagamentos. Com o objetivo de agilizar o ser-
viço, dirigiu-se espontaneamente ao local de trabalho, no último domingo do
mês, para concluir os procedimentos. No retorno à sua residência, Flávio so-
freu um acidente de carro, ficando hospitalizado por mais de 90 dias e rece-
bendo auxílio-doença por mais 180 dias. Nessa situação, o episódio relatado
não se enquadra no conceito de acidente de trabalho.
c) A inclusão do acidente de trabalho entre os eventos protegidos pela previdência
social revela que o legislador constituinte adotou a teoria do seguro social para
esse risco, circunstância que determina a responsabilidade objetiva do Estado,
que deverá indenizar o segurado, independentemente da demonstração de culpa.
d) Considere-se que César, agente de segurança privado de uma empresa de vi-
gilância que presta serviços a diversas empresas, em um assalto na agência
bancária em que trabalhava, leve um tiro e venha a falecer. Nessa situação,
a empresa de vigilância terá até 5 dias, após a emissão do atestado de óbito,
para comunicar o acidente de trabalho à previdência social.
e) Para os efeitos previstos na legislação acidentária e previdenciária, não há dis-
tinção entre doença do trabalho e doença profissional.

249 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa A - Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afas-


tamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral (Lei 8.213/91, art. 60, § 3°). Assim,
nesse período, ocorre a interrupção do contrato de trabalho.
A partir do décimo sexto dia do afastamento da atividade, o segurado em-
pregado em gozo de auxílio-doença será considerado pela empresa como
licenciado (Lei 8.213/91, art. 63). Assim, neste caso, ocorre a suspensão do
contrato de trabalho, pois não há pagamento de salário pela empresa.
De acordo com o disposto no art. 118 da Lei 8.213/91, "o segurado que sofreu
acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
-acidente". Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

1. Acidente do trabalho: manutenção do contrato de trabalho:


L. 8.213/91, art. 118, caput (constitucionalidade). Na ADin
639, 02/06/2005, Joaquim Barbosa, o ~upremo Tribunal jul-
gou constitucional o caput do art. 118 da L. 8.213/91 - que
garante a manutenção do contrato de trabalho, em caso de
acidente do trabalho, pelo prazo mínimo de doze meses,
após a cessação do auxílio-doença, independentemente da
percepção de auxílio-acidente. O Tribunal assentou que o
dispositivo não afronta o inciso I do art. 7° da Constituição
Federal, porque não versa sobte regime de estabilidade, nem
contraria o artigo 10 do ADCT, porque não dispõe sobre pro-
teção de emprego, matérias reservadas à lei complementar. 84

Alternativa B - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba-


lho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou tempo-
rária, da capacidade para 'o trabalho (Lei 8.213/91, art. 19). Consideram-se
ainda acidente do trabalho (Lei 8.213/91, art. 20): (I) doença profissional,
assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elabo-
rada pelo Ministério da Previdência Social; (11) doença do trabalho, assim
entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em

84 STF, AI-AgR 544031/MG, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, 1• T., DJ20/04/2006.

HugoGoes 250
Procurador/CE/2008

que o trabalho é realizado e com ele se relacio1_1e diretamente, constante da


relação mencionada no inciso I. A relação de agentes patogênicos causadores
de doenças profissionais ou do trabalho encontra-se no anexo 11 do Regula-
mento da Previdência Social (RPS). Em caso excepcional, constatando-se que
a doença não incluída na citada relação resultou das condições especiais em
que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência
Social deve considerá-la acidente do trabalho (Lei 8.213/91, art. 20, § 2°).
De acordo com o art. 21 da Lei 8.213/91, equiparam-se também ao acidente
do trabalho:

I- o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido


a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do
segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para
a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário
do trabalho, em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por
terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo
de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de
terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da raz.ão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortui-
tos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do
empregado no exercício de sua atividade;
IV- o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local
e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a
autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo
quando financiada por esta dentro de seus planos para
melhor capacitação da mão de obra, independentemente

251 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de


propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou
deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção,
inclusive veículo de propriedade do segurado.

Assim, equipara-se a acidente de trabalho o acidente sofrido pelo segurado


no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, ainda
que fora do local e horário de trabalho.
Alternativa C - A ideia que permeia a teoria do risco social é a de que a
responsabilidade pelos riscos profissionais não é apenas do empregador,
mas de toda a sociedade, que contribuirá coletivamente para seu custeio.
Com efeito, não é apenas o empresário quem se ·::>eneficia dos lucros e dos
cômodos da atividade. A empresa concorre para o desenvolvimento social
coletivo. Gera empregos, faz circular a produção, desenvolve novas técnicas
e produtos. É tributada e, de seu lucro, extrai-se significativa parcela, na
forma de impostos, que é direcionada ao custeio dos serviços prestados pelo
Estado a toda a população.
A empresa tem, portanto, uma função social e a sociedade financia o seguro
de acidentes, por intermédio da Previdência Social. Ou seja, a responsabi-
lidade objetiva nos casos de acidente de trabalho passou a ser atribuída ao
Estado, por intermédio da Previdência Social, e não mais ao empregador.
Além disso, segundo a teoria do risco social, é irrelevante a culpa do traba-
lhador. Vale dizer, mesmo em se tratando de culpa exclusiva do trabalhador,
ele não ficará desguarnecido de cobertura securitária, pois é beneficiário
incondicional da previdência social, cujo dever de indenização é objetivo.
Nestes casos, o trabalhador fica segurado contra sua própria conduta culposa.
Contudo, vale frisar que a Lei 8.213/91 prevê em seu artigo 120 que, "nos casos
de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho
indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
ação regressiva contra os responsáveis". Nesta situação específica, mesmo
tendo ocorrido negligência no tocante à segurança do trabalho, a Previdência
Social assumirá o pagamento do benefícios acidentário e, posteriormente,
proporá ação regressiva contra o empregador. Ou seja, o empregador não se
exime de sua responsabilidade pelo fato de a Previdência Social ter honrado
prestações decorrentes da incapacidade gerada pelo acidente do trabalho.

HugoGoes 252
Procurador/CE/2008

Alternativa D - A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Pre-


vidência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso
de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável
entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, suces-
sivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdên-
cia Social (Lei 8.213/91, art. 22). Receberão cópia fiel desta comunicação o
acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda
a sua categoria (Lei 8.213/91, art. 22, § 1°).
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio
acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que
o assistiu ou qualquer autoridade pública (Lei 8.213/91, art. 22, § 2°). Quando
a comunicação não é feita pela empresa, essas pessoas poderão formalizá-la,
independentemente de prazo. A comunicação formalizada por essas pessoas
não isenta a empresa da responsabilidade pela ausência da comunicação no
prazo legal.
Alternativa E - Os conceitos de doença do trabalho e de doença profissional
estão previstos no caput do art. 20 da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do


artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profission,al, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determi-
nada atividade e constante da respectiva relação elaborada
pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que
o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
[...]

Percebe-se, portanto, que para os efeitos previstos na legislação acidentária


e previdenciária, há distinção entre os conceitos de doença do trabalho e de
doença profissional.
Gabarito: C

253 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

96. Julgue os itens a seguir, relativos aos benefícios da previdência social.

I. Considere que José, segurado empregado, aposentado por invalidez há qua-


tro anos, após reabilitação, obteve êxito e recuperou integralmente sua capa-
cidade para o exercício de atividade laboral, recebendo alta da perícia médica
do INSS. Nessa situação, considerando a existência do direito de retornar ao
trabalho na empresa em que desempenhava sua função antes da aposenta-
doria, cessará, de imediato, o benefício de José por invalidez.
11. Considere que Cláudio, segurado do regime geral, solteiro e sem filhos regis-
trados, faleça, e Maria, sua mãe, passe a receber a pensão por morte, por ter
comprovada a dependência ·econômica. Considere, ainda que Jair, após ação
de investigação de paternidade, obtenha o reconhecimento de que Cláudio
era seu pai. Nessa situação, a pensão por morte recebida por Maria deverá
ser rateada com Jair.
Ill. Considere que Teresa, segurada da previdência social na qualidade de em-
pregada doméstica, receba um salário mínimo mensal de seus empregado-
res. Nessa situação, apesar de ter dois filhos menores de 14 anos, Teresa não
tem o direito de receber salário-família.
IV. Considere que Clarice, contadora e aposentada por tempo de contribuição
pelo regime geral, volte a exercer atividade remunerada, prestando serviços a
diversas empresas. Nessa situação, Clarice deve contribuir, novamente, para
a previdência social, sem previsão para aumentar os proventos que já recebe
ou requerer qualquer outro benefício.
V. Para os trabalhadores da iniciativa privada, a aposentadoria proporcional é
concedida àqueles que cumpriram os requisitos anteriores à reforma consti-
tucional implementada pela Emenda Constitucional no 20/1998. Nessa mo-
dalidade de benefício, há autorização para aplicação apenas dos redutores
previstos no texto constitucional.

A quantidade de itens certos é igual a

a) 1. b) 2.
c) 3. d) 4.
e) S.

Item I- O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à ativi-


dade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do
retorno (Lei 8.213/91, art. 46).
Mas, se a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez
for verificada mediante avaliação da perícia médica do INSS, o art. 47 da Lei
8.213/91 manda que seja observado o seguinte procedimento:

Hugo Goes 254


Procurador/CE/2008

I - quando a recuperação for total e ocorrer dentro de cinco


anos contados da data do início da aposentadoria por inva-
lidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção,
o beneficio cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito
a retornar à função que desempenhava na empresa ao se
aposentar, na forma da legislação trabalhista, valendo
como documento, para tal fim, o certificado de capaci-
dade fornecido pela previdência social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do
auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, para os
demais segurados; e
li - quando a recuperação for parcial ou ocorrer após cinco
anos (contados da mesma forma do item I), ou ainda quando
o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho
diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será
mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da
data em que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50%, no período seguinte de seis meses; e
c) com redução de 75%, também por igual período de seis
meses, ao término do qual cessará definitivamente.

Na situação hipotética da questão ora comentada, antes de cinw anos conta-


dos da data do início da aposentadoria por invalidez, o empregado recuperou
totalmente a capacidade para o trabalho e teve direito de retornar à função
que desempenhava na empresa ao se aposentar. Neste caso, o benefício cessará
de imediato (Lei 8.213/91, art. 47, I, "a").
Item II - Os beneficiários da pensão por morte são os dependentes do se-
gurado falecido. De acordo com o disposto no art. 16 da Lei 8.213/91, são
beneficiários do RGPS, na condição de dependentes do segurado: (I) o côn-
juge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 anos ou inválido (1 • classe); (II) os pais (2• classe);
(III) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou
inválido (3• classe).
A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às pres-
tações os das classes seguintes (Lei 8.213/91, art. 16, § 1°). Assim, existindo

255 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

algum dependente de primeira classe, os da segunda .e da terceira classes não


terão direito à pensão por morte. Os dependentes da terceira classe só terão
direito à pensão por morte se não houver dependentes da primeira ou segunda
classe. Por isso, os pais (2• classe) ou irmãos (3• classe) deverão, para fins de
concessão da pensão por morte, comprovar a inexistência de dependentes
preferenciais, mediante declaração firmada perante o INSS (RPS, art. 24).
Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições
(RPS, art. 16, § 1°).
Na situação hipotética ora examinada, não há possibilidade de rateio da
pensão por morte entre Maria e Jair. Se Jair (filho do segurado falecido) for
não emancipado, menor de 21 anos ou inválido, ele será o único beneficiário
da pensão por morte. Caso Jair seja emancipado ou maior de 21 anos sem
ser inválido, Maria será a única beneficiária da pensão por morte.
Item III- Na época em que esta questão foi aplicaC.a (ano de 2008), os em-
pregados domésticos não tinham direito ao recebimento de salário-família.
Mas, atualmente, de acordo com o art. 65 da Lei 8.213/91, na redação dada
pela Lei Complementar 150/2015, o salário-família será devido, mensalmente,
ao segurado empregado, inclusive ao doméstico, e ao segurado trabalhador
avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (me-
nores de 14 anos ou inválidos). O aposentado por invalidez ou por idade e
os demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se do sexo masculino,
ou 60 anos ou mais, se do feminino, também terão di::-eito ao salário-família,
pago juntamente com a aposentadoria.
Na situação hipotética ora examinada, na época em que esta questão foi apli-
cada (ano de 2008), Teresa, apesar de ter dois filhos meiJ.ores de 14 anos, não
tinha o direito de receber salário-família, pois naquele tempo o empregado
doméstico não fazia jus a esse benefício.
Item IV - O aposentado pelo RGPS que estiver exercendo ou que voltar
a exercer atividade abrangida por esse regime é segurado obrigatório em
relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei
8.212/91, para fins de custeio da Seguridade Social (Lei 8.212/91, art. 12, § 4°).
O aposentado pelo RGPS que permanecer em atividade sujeita a esse regi-
me, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social
em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à
reabilitação profissional, quando empregado (Lei g.213/91, art. 18, § 2°).
Contudo, vale frisar que o art. 103 do Regulamento da Previdência Social

Hugo Goes 256


Procurador/CE/2008

(Decreto 3.048/99) garante à segurada aposentada que retornar à atividade


o direito ao salário-maternidade.
Na situação hipotética ora em análise, Clarice deve contribuir, novamente,
para a previdência social, sem previsão para aumentar os proventos da apo-
sentadoria que já recebe. Neste caso, as únicas prestações que Clarice poderá
receber da Previdência Social são salário-família, salário-maternidade e
reabilitação profissional.
Item V - A aposentadoria proporcional foi extinta pela Emenda Constitu-
cional 20/98. No entanto, em virtude das regras de transição da EC 20, os
segurados filiados ao RGPS até 16/12/98 (somente estes) ainda têm direito
à aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
De acordo com o§ 1° do art. 9° da Emenda Constitucional20/98, o segura-
do que se tenha filiado ao RGPS até 16/12/98 (data da publicação da EC 20)
pode aposentar-se com proventos proporcionais ao tempo de contribuição,
quando atendidas as seguintes condições:

I - contar com 53 anos de idade, se homem, e 48 anos de


idade, se mulher; e
11- contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:
a) 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; e
b) um período adicionàl de contribuição equivalente a 40%
do tempo que, em 16/1;2/98 (data da publicação da EC
20), faltaria para atingir o limite de tempo constante da
alínea anterior. Esse período adicional é conhecido como
"pedágio".

A renda mensal da aposentadoria proporcional será equivalente a 70% do


salário de benefício, acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a
soma dos tempos de contribuição previstos no item Il, até o limite de 100%.
Como se observa, a aposentadoria proporcional é concedida aos segurados
filiados ao RGPS até 16/12/98 que cumpram três requisitos:
1) Idade mínima: 53 anos, se homem, 48 anos, se mulher.
2) Tempo de Contribuição mínimo: 30 anos de contribuição, se homem,
25 anos de contribuição, se mulher.

257 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

3) Pedágio: um período de contribuição adicional equivalente a 40% do


tempo que, em 16/12/98, faltava para atingir o limite de 30 anos de con-
tribuição, se homem, e 25 anos de contribuição, se mulher.

Por exemplo:
Em 16/12/98, Maria Marta, empregada de um supermercado, contava com
20 anos de contribuição e 41 anos de idade. Isso significa que, em 16/12/98,
faltavam para Maria Marta cinco anos para atingir 25 anos de contribui-
ção. Portanto, para ter direito à aposentadoria proporcional, Maria Marta
terá de cumprir um pedágio de dois anos (40% de cinco anos). Nesse caso,
no dia 16/12/2005, Maria Marta terá direito à aposentadoria proporcional,
pois nessa data contará com 48 anos de idade, 27 anos de contribuição e
terá cumprido o pedágio. O valor da aposentadoria proporcional será de
70% do salário de benefício. No entanto, se Maria Marta decidir trabalhar
mais um ano, deixando para se aposentar em 16/12/2006, a renda mensal
da aposentadoria será de 75% do salári? de benefício.

Para fins de cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição (proporcio-


nal ou não), o salário de benefício consiste na média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período
contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário (Lei 8.213, art. 29, I). O
fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa
de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar (Lei
8.213, art. 29, § 7°).
O fator previdenciário não é uma regra prevista no texto da Constituição
Federal nem na Emenda Constitucional 20/98, e sim na Lei 8.213/91. Na
maioria dos casos, o fator previdenciário funciona como um redutor ao
valor da aposentadoria. Assim, na aposentadoria por tempo de contribuição
(proporcional ou não), os redutores aplicados não são apenas os previstos
no texto constitucional.
Gabarito: B

HugoGoes 258
Procurador/CE/2008

97. Em relação aos beneficiários do regime geral da previdência social (RGPS), cada
uma das opções abaixo apresenta uma situação hipotética, seguida de uma as-
sertiva a ser julgada. Assinale a opção que apresenta a assertiva correta.

a) Albano, quando tinha 16 anos de idade, perdeu seu pai, segurado do (RGPS),
e passou a receber a pensão por morte, benefício que cessou quando comple-
tou 21 anos. Depoi~, perdeu sua mãe. Atualmente, Albano trabalha no mer-
cado informal, tem 23 anos de idade, está na faculdade, mas não promoveu
sua inscrição na previdência social. Nessa situação, caso Albano venha a ser
acometido por doença que o torne inválido e, portanto, incapaz para a ativi-
dade laboral, poderá requerer ao INSS a restauração da pensão que recebia,
tendo em vista sua atual condição de invalidez.
b) Célio concluiu o curso de medicina e agora está fazendo residência médica em
hospital particular. Nessa situação, caso tenha sido contratado de acordo com
a legislação regente, para a previdência social, Célio é segurado empregado.
c) Rodrigo é servidor público estadual, ocupando o cargo efetivo de professor de
ensino médio nos períodos matutino e vespertino. Tendo em vista a permis-
são do órgão em que trabalha, Rodrigo também leciona, no período notur-
no, em uma escola particular. Nessa situação, Rodrigo é segurado obrigatório
tanto do regime próprio quanto do RGPS.
d) Getúlio é pastor evangélico e a igreja em que exerce sua atividade lhe dá, to-
dos os meses, uma quantia em dinheiro, a título de ajuda de custo. Nessa si-
tuação, apesar de a igreja considerar tais valores apenas como ajuda de custo,
na verdade eles constituem uma remuneração, condição que torna Getúlio se-
gurado da previdência social na qualidade de empregado.
e) Selma, segurada da previdência social na qualidade de empregada, é soltei-
ra, não tem filhos e seus pais já faleceram. Nessa situação, Selma poderá de-
signar um menor impúbere, com quem tenha muita afinidade, para ser seu
dependente, bastando, para isso, declarar, por escrito, sua intenção à agência
da previdência social.

Alternativa A - Para ser beneficiário do RGPS, na condição de dependente


do segurado, o filho deve ser não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou ter deficiência intelectual ou mental
que o torne absoluta cu relativamente incapaz, assim declarado judicialmente
(Lei 8.213/91, art. 16, I).
Confusão frequente sobre o filho dependente diz respeito aos filhos maiores
de 21 até 24. anos de idade que sejam universitários ou estejam cursando
escola técnica de 2° grau. Para fins de imposto de renda, o contribuinte pode
incluir esses filhos em sua declaração como sendo seus dependentes. Todavia,

259 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

para efeitos previdenciários, este fato é irrelevante: qualquer filho maior de


21 anos somente manterá a condição de dependente se for inválido. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE. FILHO.


ESTUDANTE DE CURSO UNIVERSITÁRIO. PRORROGAÇÃO DO
BENEFÍCIO ATÉ OS 24 ANOS DE IDADE. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTE. I - O pagamento de pensão por morte a filho
de segurado deve restringir-se até os 21 (vinte e um) anos de
idade, salvo se inválido, nos termos dos arts. 16, I, e 77, § 2°,
li, ambos da Lei no 8.213/91. II- Não há amparo legal para
se prorrogar a manutenção do benefício a filho estudante de
curso universitário até os 24 (vinte e quatro) anos de idade.
Precedente. Recurso provido. 85

No caso de filho inválido, mesmo que seja maior de 21 anos, continua sen-
do dependente do segurado, desde que não seja emancipado. Todavia, se a
emancipação ocorrer por motivo de colação de grau em curso superior, o
filho inválido não perde a condição de dependente.
A invalidez tem de existir no momento em que implementado o requisito
exigido como condição para a concessão do benefício. No caso da pensão
por morte, por exemplo, o filho, maior de 21 anos e inválido, fará jus ao
benefício, desde que a invalidez concluída mediante exame médico pericial
seja anterior ou simultânea ao óbito do segurado, e o requerente não tenha
se emancipado até a data da invalidez. Por exemplo: Joaquim, segurado do
RGPS, faleceu, deixando um filho de 22 anos de idade chamado João. Um
ano após a morte de Joaquim, João tornou-se inválido. Nessa situação, João
não tem direito à pensão por morte.
Situação diferente é a do dependente que recebe benefício de pensão por morte
na condição de menor e que, no período anterior à emancipação, ou antes de
completar 21 anos de idade, torna-se inválido. Nessa hipótese, o dependente
terá direito à manutenção do benefício, independentemente da invalidez ter
ocorrido antes ou após o óbito do segurado. Por exemplo: Madalena, segurada
do RGPS, faleceu, deixando um filho de 15 anos de idade chamado Pedro. A
partir da data do óbito de Madalena, Pedro passou a receber pensão por morte.
Aos 19 anos, Pedro tornou-se inválido. Quando Pedro tornou-se inválido, ele

85 STJ, REsp 638589/SC, Rei. Min. Felix Fischer, 5• T., D] 12112/2005, p. 412.

Hugo Goes 260


Procurador/CE/2008

ainda não era emancipado. Nessa situação, Pedro receberá a pensão por morte
enquanto durar a invalidez, mesmo depois de completar 21 anos de idade.
Todavia, se aos 18 anos Pedro tivesse casado, cessaria a pensão na data doca-
samento, em razão da emancipação. Obviamente, tornando-se inválido depois
da emancipação, não terá direito ao restabelecimento da pensão por morte.
Alternativa B- O médico-residente que desenvolve suas atividades de acordo
com a Lei 6.932/81 é considerado segurado obrigatório do RGPS na categoria
de contribuinte individual (RPS, art. 9°, § 15, X). Mas, se prestar os serviços
em desacordo com a Lei 6.932/81, será considerado segurado empregado (IN
RFB 971/2009, art. 6°, XXV).
Residência médica, conforme disposto no art. lo da Lei 6.932/81, é a modali-
dade de ensino de pós-graduação, destinada a médicos, sob a forma de cursos
de especialização, caracterizada por treinamento em serviço, funcionando
sob a responsabilidade de instituições de saúde, universitárias ou não, sob a
orientação de profissionais médicos.
Alternativa C - Primeiro, vale frisar que, atualmente, todos os estados
da Federação já possuem regime próprio de previdência social. Assim, se
Rodrigo é servidor público estadual ocupante de cargo efetivo, em relação a
essa atividade, ele vincula-se ao regime próprio.
Mas Rodrigo também leciona em uma escola particular. De acordo como § lo
do art. 12 da Lei 8.213/91, caso o servidor (amparado por regime próprio)
venha a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas
pelo RGPS, tornar-se-á segurado obrigatório em relação a essas atividades.
Diante dos exposto, conclui-se que Rodrigo é segurado obrigatório tanto
do regime próprio quanto do RGPS. Em relação ao cargo efetivo que ocupa
no serviço público estadual, ele é segurado do regime próprio. Em relação à
atividade de professor de escola particular, ele é segurado do RGPS.
Alternativa D - De acordo com a Lei 8.213/19, art. 11, V, "c", são segurados
obrigatórios do RGPS, como contribuinte individual, o ministro de confissão
religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou
de ordem religiosa.
Os ministros de confissão religiosa são aqueles que consagram sua vida a
serviço de Deus e do próximo, com ou sem ordenação, dedicando-se ao
anúncio de suas respectivas doutrinas e crenças, à celebração dos cultos
próprios, à organização das comunidades e à promoção de observância das
normas estabelecidas, desde que devidamente aprovados para o exercício

261 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

de suas funções pela autoridade religiosa competente. São, por exemplo, os


padres, pastores e bispos.
Os membros do instituto de vida consagrada, de congregação ou ordem
religiosa são os que emitem ou professam voto (promessa feita pelos religio-
sos), devidamente aprovado pela autoridade religiosa competente. São, por
exemplo, as freiras, freis e monges.
Não se considera como remuneração direta ou indireta os valores despen-
didos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com
ministro de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada,
de congregação ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso ou
para sua subsistência desde que fornecidos em condições que independam
da natureza e da quantidade do trabalho executado (Lei 8.212/91, art. 22,
§ 13). Nesse caso, já que não recebem remuneração, a base de cálculo das
contribuições previdenciárias desses religiosos será o valor por eles decla-
rado, observados os limites mínimo e máximo do salário de contribuição
(IN RFB 971/2009, art. 55,§ 11).
Alternativa E - Os beneficiários do RGPS, na condição de dependentes do
segurado, são somente os relacionados pelo art. 16 da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência


Social, na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido;
II- os pais;
III- o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido;
§ 1o A existência de dependente de qualquer das classes deste
artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
§ 2° O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me-
diante declaração do segurado e desde que comprovada a de-
pendência econômica na forma estabelecida no Regulamento.
§ 3° Considera-se companheira ou companheiro a pessoa
que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado
ou com a segurada, .de acordo com o § 3° do art. 226 da
Constituição Federal.

HugoGoes 262
Procurador/CE/2008

§ 4° A dependência econômica das pessoas indicadas no


inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.

Na redação original do caput do art. 16 da Lei 8.213/91, constava o inciso IV,


contemplando como dependente do segurado "a pessoa designada, menor
de 21 anos ou maior de 60 anos ou inválida". Contudo, este inciso IV foi re-
vogado pela Lei 9.032/95. Assim, atualmente, o segurado não pode designar
pessoa para ser beneficiária do RGPS como sua dependente. Agora, o rol dos
dependentes contempla apenas as pessoas previstas no art. 16 da Lei 8.213/91.
Gabarito: C

98. Com referência ao salário de contribuição, cada uma das opções a seguir apre-
senta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale
a opção que apresenta a assertiva correta.

a) Gilmar, em 2007, inscreveu-se facultativamente no RGPS. Nessa situação, o sa-


lário de contribuição de Gilmar deve seguir as faixas de salário-base, a exem-
plo do que ocorre com os contribuintes individuais.
b) Teima é empregada doméstica e segurada da previdência social. Nessa situa-
ção, o salário de contribuição de Telma é o valor total recebido, incluindo os
ganhos habituais na forma de utilidade, tais como alimentação e moradia.
c) Genival foi demitido sem justa causa, tendo recebido da empresa todos os
seus direitos. Nessa situação, em relação aos valores recebidos a título de avi-
so prévio, férias proporcionais e 13° salário, também proporcional, não inci-
de a contribuição previdenciária.
d) Marcos trabalha em uma empresa que, entre outras vantagens, oferece pro-
grama de previdência complementar aberta, disponível a todos os emprega-
dos e dirigentes. Nessa situação, pelo fato de esses valores serem dedutíveis
do imposto de renda da pessoafísica beneficiária, a legislação previdenciária
considera tais rubricas como salário de contribuição.
e) Jéssica trabalha em uma empresa que paga vale-transporte em dinheiro. Nes-
sa situação, os valores recebidos na condição de vale-transporte são conside-
rados salário de contribuição.

Alternativa A - Para o segurado facultativo, o salário de contribuição é o


valor por ele declarado (Lei 8.212/91, art. 28, IV). É necessário, contudo, que
se respeite os limites mínimo e máximo do salário de contribuição. Para o
segurado facultativo, o limite mínimo do salário de contribuição corresponde

263 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

ao salário mínimo (RPS, art. 214, § 3°, I). Atualmente, o limite máximo do
salário de contribuição corresponde a R$ 4.663,75, mas esse valor é reajus-
tado na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento
dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social (Lei 8.212/91,
art. 28, § 5°).
A escala transitória de salário-base, utilizada para fins de enquadramento e
fixação do salário de contribuição dos contribuintes individual e facultativo,
foi extinta pelo art. 9° da Lei 10.666/03.
Alternativa B - Para empregado doméstico, o salário de contribuição é a
remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, obser-
vadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação
do vínculo empregatício e do valor da remuneração (Lei 8.212/91, art. 28, 11).
Alternativa C- Dentre os valores recebidos por Genival, incidirá contribuição
previdenciária sobre o valor do aviso prévio e do 13° salário proporcional.
Não inCidirá contribuição previdenciária sobre o valor correspondente às
férias proporcionais pagas em decorrência da rescisão do contrato de trabalho
(Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "d").
Nos contratos de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justa
causa, quiser pôr fim à relação de emprego deverá comunicar à outra a sua
resolução com a antecedência mínima de trinta dias (CF, art. 7°, XXI). A
falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos
salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração
desse período no seu tempo de serviço (CLT, art. 487, § 1°). Durante o período
de aviso prévio, o valor recebido pelo empregado tem natureza salarial, ainda
que o empregador pague antecipadamente os correspondentes salários e dis-
pense a prestação dos serviços. A circunstância de ser pago antecipadamente
não lhe altera a natureza jurídica. 86 Assim, o pagamento relativo ao período
do aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito à incidência da contribuição
previdenciária. Seguindo esta linha de raciocínio, conclui-se que o período
de aviso prévio (trabalhado ou não) conta corno tempo de contribuição para
fins de aposentadoria.
O 13° salário integra o salário de contribuição, exceto para o cálculo do
salário de benefício, sendo devidas as contribuições previdenciárias quando
do pagamento ou crédito da última parcela ou na rescisão de contrato de
trabalho (RPS, art. 214, § 6°). A contribuição previdenciária dos segurados

86 SÜSSEKIND, Arnaldo. Op. cit., p. 352.

Hugo Goes 264


Procurador/CE/2008

empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso incidente sobre o


13° salário é calculada em separado da remuneração do mês (Lei 8.620/93,
art. 7°, § 2°).
Para que incida contribuição previdenciária sobre o valor relativo às férias, é
necessário que elas sejam gozadas durante a vigência do contrato de traba-
lho. Se as férias forem indenizadas, não haverá a incidência de contribuição
previdenciária.
A extinção do contrato de trabalho faz surgir para o empregado direito
à indenização dos períodos de férias que, até o momento da dispensa, ele
haja adquirido e não gozado. Com a cessação do contrato de trabalho, as
férias, evidentemente, não terão mais como ser gozadas. Em razão dessa
impossibilidade, faz jus o empregado à sua indenização. Pagamento de férias
na rescisão significa, em simples palavras, indenização das férias, total ou
parcialmente adquiridas pelo empregado, que não foram gozadas no curso
do contrato de trabalho. Pagas as férias na rescisão do contrato de trabalho,
sejam vencidas ou proporcionais, terão natureza de indenização, pois só
teriam natureza salarial se fossem gozadas. O terço constitucional das férias
pago na rescisão também tem natureza de indenização. Sendo indenizadas,
as férias não sofrem a incidência de contribuição previdenciária.
Alternativa D - O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa
jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado,
não integra o salário de contribuição, desde que disponível à totalidade de
seus empregados e dirigentes (Lel 8.212/91, art. 28, § 9°, "p").
Algumas empresas patrocinam planos de previdência complementar em
benefício do seu pessoal. O valor da contribuição da empresa em favor des-
ses programas de previdência complementar não integra a base de cálculo
das contribuições previdenciárias, desde que tais programas beneficiem a
totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.
Alternativa E- O vale-transporte foi instituído pela Lei 7.418/85. De acordo
com o parágrafo único do art. 4° da citada lei, "o empregador participará dos
gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à
parcela que exceder a 6% de seu salário básico".

265 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

Por exemplo:
Tiago recebe um salário básico de R$ 1.500,00. Seu empregador entrega-lhe,
mensalmente, 50 vales-transporte, no valor total de R$ 200,00. Nesse caso,
o empregador descontará R$ 90,00 (6% de R$ 1.500,00) do salário de Tiago,
referente à participação do empregado no custeio do vale-transporte. Nessa
situação, a participação do-empregador no custeio do vale-transporte será
de R$ 110,00 (parcela que excedeu a 6% de seu salário básico).

O vale-transporte, concedido nas condições e limites definidos, na Lei


7.418/85, no que se refere à parcela do empregador (os R$ 110,00 do exemplo
acima), não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para
quaisquer efeitos. Assim sendo, não constitui base de incidência de contri-
buição previdenciária.
O STF tem entendido que o vale-transporte, mesmo sendo pago em dinhei-
ro, não sofre a incidência da contribuição previdenciária. Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALE-TRANSPORTE. MOEDA.
CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL
DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago O
benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em
vale-transporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não
salarial do benefício. [... ] 6. A cobrança de contribuição
previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título
de vales-transporte, pelo recorrente aos seus empregados
afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa.
Recurso Extraordinário a que se dá provimento. 87

O STJ fez uma revisão do seu entendimento anterior, passando a alinhar-se


com a posição do STF. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE-


-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO-INCIDÊNCIA.
PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JURISPRU-
DÊNCIA DO STJ. REVISÃO. NECESSIDADE. 1. O Supremo

87 STF, RE 478410 I SP, Rei. Min. Eros Grau, Dje-086, 14/05/2010.

Hugo Goes 266


Procurador/CE/2008

Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso aná-


logo (RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau), concluiu que é
inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária
sobre o vale-transporte pago em pecúnia, já que, qualquer
que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza
indenizatória. Informativo 578 do Supremo Tribunal Federal.
2. Assim, deve ser revista a orientação pacífica desta Corte
que reconhecia a incidência da contribuição previdenciária
na hipótese quando o benefício é pago em pecúnia, já que o
art. 5° do Decreto 95.247/87 expressamente proibira o em-
pregador de efetuar o pagamento em dinheiro. 3. Recurso
especial provido. 88

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), o enunciado da


letra E foi considerado como certo, pois, naquele tempo, o STJ defendia
a incidência de contribuição previdenciária sobre o vale-transporte pago
em dinheiro (REsp 508583/PR). Mas hoje o STJ e o STF entendem que o
vale-transporte, mesmo sendo pago em dinheiro, não sofre a incidência da
contribuição previdenciária. Assim, se a referida questão fosse aplicada hoje,
o seu enunciado seria considerado como errado.
Gabarito: E

99. Acerca das normas constitucionais relacionadas ao custeio da seguridade social,


assinale a opção correta.

a) Com o objetivo de incentivar a criação de empregos, a Constituição Federal


eliminou qualquer restrição de acesso a benefícios fiscais ou creditícios, in-
clusive para empresas que estejam em débito com a seguridade social.
b) Considerando os sucessivos deficits nas contas da previdência social, apesar
da elevada carga tributária, a Constituição autoriza a instituição de novas fon-
tes de custeio, desde que isso seja feito por lei complementar.
c) As leis que criam as contribuições que financiam a seguridade social devem
observar o chamado princípio da anterioridade nonagesimal, isto é, somen-
te podem ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da
lei que as houver instituído ou modificado. Além disso, tais normas não po-
dem ser coJ:>radas no mesmo exercício financeiro em que forem publicadas.

88 STJ, REsp 1180562/RJ, Rei. Min. Castro Meira, 2• T., D]e 26/08/2010.

267 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

d) A questão previdenciária tornou-se, nos últimos anos, fonte de preocupação


constante em relação à necessidade de maior cobertura possível. Nesse senti-
do, o próprio texto constitucional estabelece norma programática com o obje-
tivo de alcançar os trabalhadores de baixa renda, bem como as donas de casa,
autorizando a aplicação de alíquotas menores sem alterar, entretanto, os pra-
zos de carência.
e) Uma das principais fontes de renúncia fiscal que, de certa forma, agrava o
deficit nas contas previdenciárias é a imunidade concedida às instituições de
educação e de assistência social, estas, sem fins lucrativos.

Alternativa A -De acordo com o § 3° do art. 195 da Constituição Federal,


"a pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios". Em obediência a este
dispositivo constitucional, a Lei 8.212/91, art. 47, I, "a", exige que a empresa
apresente Certidão Negativa de Débito - CND, fornecida pela Receita Federal
do Brasil, quando da contratação com o Poder Público e no recebimento de
benefícios ou incentivo fiscal ou creditício concedido por ele.
Alternativa B- O § 4° do art. 195 da Constituição Federal prevê que "a lei
poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expan-
são da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I". Ou seja, além
das contribuições sociais previstas nos quatro incisos do caput do art. 195 da
Constituição Federal, outras fontes de custeio da seguridade social poderão
ser instituídas. Trata-se, aqui, das chamadas contribuições residuais. Para
que essas contribuições sejam instituídas, é necessário que se obedeça ao
disposto no art. 154, I, da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:

Art. 154. A União poderá instituir: I- mediante lei comple-


mentar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base
de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.

O STF entende que, em relação às novas contribuições para a seguridade


social, aplica-se somente a primeira parte do inciso I do artigo 154 da Carta
Magna. Ou seja, contribuição para a seguridade social que não esteja prevista
nos quatro incisos do art. 195 da CF só pode ser criada mediante lei comple-
mentar. Pode, contudo, ter base de cálculo e fato gerador idênticos aos de
impostos. No tocante à não cumulatividade, o STF entende que essa exigência
só pode dizer respeito à técnica de tributação que afasta a cumulatividade

HugoGoes 268
Procurador/CE/2008

em impostos polifásicos como o ICMS e o IPI. A cumulatividade não ocorre


em contribuição cujo ciclo de incidência é monofásico. 89
Em suma, se a contribuição para a seguridade social estiver prevista nos
quatro incisos do art. 195 da Constituição Federal, ela poderá ser instituída
mediante lei ordinária. Em caso contrário, só poderá ser instituída mediante
lei complementar.
Alternativa C- As contribuições destinadas ao financiamento da seguridade
social só poderão ser exigidas depois de decorridos noventa dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou modificado (CF, art. 195, § 6°).
Trata-se, aqui, do princípio da anterioridade nonagesimal, também conhecido
como princípio da noventena ou da anterioridade mitigada. As modificações
que estão sujeitas à anterioridade nonagesimal são as que representem uma
efetiva onerosidade para o contribuinte. As modificações menos onerosas
ao contribuinte podem ser aplicadas desde a entrada em vigor da lei nova.
O princípio da anterioridade nonagesimal tem como objetivo proteger o
contribuinte contra o fator-surpresa. A noventena é o tempo necessário para
que o contribuinte ajuste seu planejamento financeiro, visando ao pagamento
da contribuição.
Para os demais tributos, com algumas exceções, além da anterioridade
nonagesimal, aplica-se também o princípio da anterioridade anual (ou
anterioridade do exercício). De acordo com o princípio da anterioridade
anual, os tributos não podem ser, cobrados no mesmo exercício financeiro
em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150,
III, "b"). Para as contribuições destinadas à seguridade social, o princípio da
anterioridade anual não se aplica. Para essas contribuições, aplica-se apenas
a anterioridade nonagesimal.
Assim, as contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social
podem ser cobradas no mesmo exercício financeiro em que haja sido publica-
da a lei que as instituiu ou aumentou. Para essas contribuições, é necessário
que se respeite apenas a noventena.
Alternativa D - Conforme o disposto no § 12 do art. 201 da Constituição
Federal, "lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para
atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se
dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua resi-
dência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes

89 STF, RE 258470/RS, Rel. Min. Moreira Alves, 1• T., D! 12/05/2000.

269 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo". A Constituição


garante que esse sistema especial de inclusão previdenciária terá alíquotas
e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral
de previdência social (CF, art. 201, § 13).
Alternativa E- Conforme determina o§ 7° do art. 195 da Constituição Fede-
ral, "são isentas de contribuição para a seguridade social as entidades benefi-
centes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei".
Embora o dispositivo constitucional afirme que tais entidades são "isentas",
o STF já identificou no art. 195, § 7°, da Constituição Federal, a existência
de uma típica imunidade tributária (e não de simples isenção). 90 Assim, não
se trata de isenção, mas de imunidade, pois esta é prevista na Constituição,
enquanto aquela é instituída por lei ordinária. Imunidade é o obstáculo criado
por uma norma da Constituição que impede a incidência de lei ordinária
de tributação sobre determinado fato, coisa ou pessoa. É a não incidência
determinada pela Constituição. A incidência nem deve ser cogitada pelo
legislador infraconstitucionaL Será inconstitucional a lei que, transgredindo
a imunidade, tributar a pessoa, coisa ou fato preservado por um dispositivo
constitucional. Caracteriza-se, portanto,'a imunidade pelo fato de decorrer
de regra jurídica residente na Constituição, que impede a incidência da lei
ordinária de tributação. Já a isenção é sempre decorrente de lei.
A isenção (na verdade, imunidade) prevista no art. 195, § 7°, da Constituição,
tem os seus procedimentos regulados pela Lei 12.101, de 27 de novembro de
2009. Conforme o art. 1o da referida lei, a certificação das entidades bene-
ficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade
social serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucràtivos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social
com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social,
saúde ou educação, e que atendam ao disposto na Lei 12.101/09.
A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos
certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas
no âmbito dos seguintes· ministérios: (I) da Saúde, quanto às entidades da
área de saúde; (11) da Educação, quanto às entidades educacionais; e (III)
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de as-
sistência social (Lei 12.101/09, art. 21).

90 STF, RMS 22191/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 19/12/2006.

Hugo Goes 270


Procurador/CE/2008

O art. 29 da Lei 12.101/09 estabelece os requisitos que a entidade beneficente,


devidamente certificada, deverá atender para fazer jus à isenção do paga-
mento das contribuições para a seguridade social.
Portanto, para que a imunidade seja concedida, é necessário que as insti-
tuições de assistência social, saúde ou educação não tenham fins lucrativos,
sejam certificadas como entidades beneficentes de assistência social e aten-
dam aos requisitos previstos na Lei 12.101/09.
O enunciado da alternativa E, ora comentada, comete um erro ao afirmar
que, em relação à imunidade concedida às instituições de educação e de
assistência social, apenas estas (as de assistência social) devem ser sem fins
lucrativos. Em outras palavras, o enunciado está afirmando que as entida-
des de educação com fins lucrativos podem gozar da imunidade relativa às
contribuições para a seguridade social. Isso não é verdade.
Gabarito: B

100. Julgue os itens subsequentes, relacionados aos sistemas de previdência privada


no Brasil.

I. A estrutura organizacional das entidades fechadas de previdência comple-


mentar deve ser constituída por conselho deliberativo, conselho fiscal e di-
retoria-executiva. Além disso, essas entidades devem ser organizadas sob a
forma de fundação ou associações sem fins lucrativos.
11. Na elaboração do plano de benefícios das entidades fechadas dt; previdência
complementar, não há obrigatoriedade de previsão do benefício proporcio-
nal diferido.
111. O órgão regulador do sistema de previdência complementar brasileiro, que
inclui as entidades abertas e fechadas, é o Conselho de Gestão da Previdên-
cia Complementar, formado por representantes do governo, indicados pelos
Ministérios da Previdência Social e da Fazenda, e da sociedade, indicados
pelos dirigentes das entidades abertas e fechadas.
IV. Nas entidades fechadas de previdência complementar, instituídas por pes-
soas jurídicas de direito público, sociedades de economia mista e empresas
controladas direta ou indiretamente pelo poder público, a contribuição do
patrocinador não poderá exceder à do participante.
V. Com a unificação das Secretarias da Receita Federal e da Receita Previdenciária,
a função de órgão de fiscalização das entidades fechadas passou a ser do novo ór-
gão, conhecido como Super Receita, enquanto a fiscalização das entidades aber-
tas continua sendo da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

271 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

Estão certos apenas os itens

a) I e III. b) I e IV.
c) li e IV. d) li e V.
e) III e V.

Item I- De acordo com o art. 31 da LC 109/01, as entidades fechadas são


aquelas acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e fisca-
lizador, exclusivamente: (I) aos empregados de uma empresa ou grupo de
empresas e aos servidores da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, entes denominados patrocinadores; e (II) aos associados ou
membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial,
denominadas instituidores.
As entidades fechadas organizar-se-ão sob a forma de fundação ou socieda-
de civil, sem fins lucrativos (LC 109/0l, art. 31, § l 0 ). Para atuar, a entidade
fechada deve manter uma estrutura mínima composta por conselho delibe-
rativo, conselho fiscal e diretoria-executiva (LC 109/01, art. 35). O estatuto
deverá prever representação dos participantes e assistidos nos conselhos
deliberativo e fiscal, assegurado a eles no míni:no um terço das vagas (LC
109/01, art. 35, § 1°).
Item li- De acordo com o caput do art. 14 da LC 109/01, os planos de benefícios
das entidades fechadas deverão prever os seguintes institutos, observadas as
normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador: (I) benefício propor-
cional diferido, em razão da cessação do vínculo empregatício com o patrocina-
dor ou associativo com o instituidor antes da aquisição do direito ao benefício
pleno, a ser concedido quando cumpridos os requisitos de elegibilidade; (II)
-portabilidade do direito acumulado pelo participante para outro plano; (111)
resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante,
descontadas as parcelas do custeio administrativo, na forma regulamentada;
e (IV) faculdade de o participante manter o valor de sua contribuição e a do
patrocinador, no caso de perda parcial ou total da remuneração recebida,
para assegurar a percepção dos benefícios nos níveis correspondentes àquela
remuneração ou em outros definidos em normas regulamentares.
Entende-se por benefício proporcional diferido o instituto que faculta ao par-
ticipante, em razão da cessação do vínculo empregatício com o patrocinador
ou associativo com o instituidor antes da aquisição do direito ao benefício
pleno, optar por receber, em tempo futuro, o ·::>enefício decorrente dessa

Hugo Goes 272


Procurador/CE/2008

opção. 91 Com esse instituto, também conhecido como vesting, o participante


receberá benefício proporcional às suas contribuições e às do patrocinador,
diferido no tempo. O benefício decorrente da opção pelo vesting será devi-
do a partir da data em que o participante tornar-se-ia elegível ao benefício
pleno, na forma do regulamento, caso mantivesse a sua inscrição no plano
de benefícios na condição anterior à opção por esse instituto.
Entende-se por portabilidade o instituto que faculta ao participante transfe-
rir os recursos financeiros correspondentes ao seu direito acumulado para
outro plano de benefícios de caráter previdenciário operado por entidade
de previdência complementar ou sociedade seguradora autorizada a operar
o referido plano.
Entende-se por resgate o instituto que faculta ao participante o recebimento
de valor decorrente do seu desligamento do plano de benefícios. O valor do
resgate corresponde, no mínimo, à totalidade das contribuições vertidas ao
plano de benefícios pelo participante, descontadas as parcelas do custeio
administrativo que, na forma do regulamento e do plano de custeio, sejam
de sua responsabilidade. O regulamento do plano de benefícios deverá prever
forma de atualização das referidas contribuições.
Entende-se por autopatrocínio a faculdade de o participante manter o valor
de sua contribuição e a do patrocinador, no caso de perda parcial ou total da
remuneração recebida, para ~ssegurar a percepção dos benefícios nos níveis
correspondentes àquela remuneração ou em outros definidos em normas re-
gulamentares. A cessação do vínculo empregatício com o patrocinador deverá
ser entendida como uma das formas de perda total da remuneração recebida.
Item III- Atualmente, as funções do órgão regulador e do órgão fiscalizador
são exercidas pelo Ministério da Previdência Social, por intermédio, respecti-
vamente, do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e da
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), relati-
vamente às entidades fechadas, e pelo Ministério da Fazenda, por intermédio
do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência
de Seguros Privados (SUSEP), em relação, respectivamente, à regulação e
fiscalização das entidades abertas (LC 109/01, art. 74).
Portanto, o órgão fiscalizador das entidades fechadas de previdência
complementar é a Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(PREVIC). O órgão regulador é o Conselho Nacional de Previdência

9! Resolução CGPC 06/2003, art. 2°.

273 Prova 14
Direito Previdenciário Cespe

Complementar- CNPC. A PRJEVIC e o CNPC são vinculados ao Ministério


da Previdência Social.
Nas entidades abertas de previdência complementar, o órgão regulador é o
Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP, vinculado ao Ministério
da Fazenda. O órgão fiscalizador é a Superintendência de Seguros Privados
- SUSEP, também vinculada ao Ministério da Fazenda.
Item IV - De acordo com o disposto no § 3° do art. 202 da Constituição
Federal, "é vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, funda-
ções, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades
públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese
alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado".
Item V - A unificação das Secretarias da Receita Federal e da Receita
Previdenciária deu origem à Secretaria de Receita Federal do Brasil (RFB).
A RFB não exerce a função de órgão de fiscalização das entidades fecha-
das de previdência complementar. b órgão fiscalizador das entidades
fechadas de previdência complementar é a Superintendência Nacional
de Previdência Complementar (PREVIC), vinculada ao Ministério da
Previdência Social. Nas entidades abertas de previdência complementar,
o órgão fiscalizador é a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP,
vinculada ao Ministério da Fazenda.
Gabarito: B

Hugo Goes 274


A seguridade social compreende um conjunto de ações destinadas a assegurar a
saúde, a previdência e a assistência social. Sua organização pelo poder público,
por meio de lei, deve observar alguns objetivos. Acerca da base para a organiza-
ção da seguridade social, conforme previsto na Constituição brasileira, julgue os
próximos itens.
89. A seletividade e a distributividade dos benefícios e dos serviços da seguridade so-
cial referem-se à capacidade individual contributiva dos possíveis beneficiários,
que determina a aptidão para usufruírem prestações da seguridade social.

( ) certo ( ) errado

A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja, na escolha


dos benefícios e serviços a serem mantidos pela seguridade social, enquanto
a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as pessoas
com maior necessidad-e, definindo o grau de proteção.92 Os benefícios da
assistência social, por exemplo, serão concedidos apenas aos "necessitados";
os benefícios salário-família e o auxílio-reclusão só serão concedidos aos
beneficiários de baixa renda (atualmente, para aqueles que tenham renda
mensal inferior ou igual a 1.089,72) 93 •
Assim, compete ao legislador- com base em critérios equitativos de solida-
riedade e justiça socia~ e segundo as possibilidades econômico-financeiras do
sistema - definir qua:s benefícios serão concedidos a determinados grupos
de pessoas, em razão de especificidades que as particularizem.
Gabarito: errado.

92 BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2004. p. 87.
93 Valor atualizado, a partir de l 0 t0l/20l5, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

275
Direito Previdenciário Cespe

90. A administração da seguridade social possui caráter democrático mediante ges-


tão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do governo nos órgãos colegiados.

( ) certo ( ) errado

Nos termos do art. 10 da Constituição Federal, "é assegurada a participação


dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
e deliberação". Em harmonia com esse dispositivo constitucional, a CF, no
art. 194, parágrafo único, VII, assegura, para a seguridade social, "caráter
democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadri-
partite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposen-
tados e do Governo nos órgão colegiados". De acordo com esse princípio, a
gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações, nas três áreas da
seguridade social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante
discussão com a sociedade. Podemos citar como exemplo da materialização
desse princípio a criação do Conselho Nacional de Previdência Social (Lei
8.213/91, art. 3°); do Conselho Nacional de Assistência Social (Lei 8.742/93,
art. 17); e do Conselho Nacional de Saúde (Lei 8.080/90).
Gabarito: certo.

No regime geral da previdência social (RGPS), diversas categorias de trabalha-


dores incluem-se na condição de segurados obrigatórios. A respeito desse assun-
to, julgue os itens que se seguem.
91. O servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a
União, com as autarquias, inclusive em regime especial, e com as fundações pú-
blicas federais, é segurado obrigatório do RGPS.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 13 do art. 40 da Constituição Federal, "ao servidor


ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
público, aplica-se o regime geral de previdência social".
Conforme o Regulamento da Previdência Social, art. 9°, I, "i", é segurado
obrigatório do RGPS, como empregado, dentre outros, o servidor da União,
estado, Distrito Federal ou município, incluídas suas autarquias e fundações,

Hugo Goes 276


Procurador/ES/2008

ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre


nomeação e exoneração.
Gabarito: certo.

92. O servidor público municipal detentor de cargo efetivo, ainda que não ampara-
do por regime próprio de previdência social, está excluído do RGPS.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o Regulamento da Previdência Social, art. 9°, I, "j", é se-


gurado obrigatório do RGPS, como empregado, dentre outros, o servidor
do estado, Distrito Federal ou município, bem como o das respectivas
autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qua-
lidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social. O
dispositivo não faz referência aos servidores ocupantes de cargo efetivo
da União porque eles são amparados por regime próprio de previdência e,
desse modo, excluídos do RGPS.
Os únicos servidores públicos civis que podem ser amparados por regi-
me próprio de previdência são os ocupantes de cargo efetivo (CF, art. 40,
caput). No entanto, os entes federativos (estado, DF ou município) não
estão obrigados a criar regime próprio para amparar esses servidores. Caso
o ente federativo não institua, Il,lediante lei, tal regime previdenciário, os
seus ocupantes de cargo efetivo serão segurados obrigatórios do RGPS, na
qualidade de segurados empregados.
Gabarito: errado.

Supondo que um município tenha instituído regime de previdência complementar


para seus servidores titulares de cargos efetivos, conforme dispõe a Constituição
a esse respeito, julgue os itens a seguir, acerca da aposentadoria desses servido-
res públicos.
93. O teto previsto para a aposentadoria no RGPS aplica-se a todos os servidores que não
estavam aposentados na data da instituição do regime de previdência complementar.

( ) certo ( ) errado

A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, desde que instituam


regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores

277 Prova 15
Direito Previdenciário Cespe

titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e


pensões a serem concedidas pelo RPPS, o mesmo limite máximo estabelecido
para os benefícios do RGPS (CF, art. 40, § 14). Dessa forma, o RPPS garantirá
o pagamento do benefício até o teto do RGPS, e a eventual diferença será
paga pela previdência complementar pública.
Contudo, o teto do RGPS será aplicado ao RPPS somente em relação ao
servidor que ingressar no serviço público após a data da criação da corres-
pondente previdência complementar pública. Quanto ao servidor ingresso
até a data da publicação do ato de instituição da previdência complementar
pública, essas regras somente serão aplicadas mediante sua prévia e expressa
opção (CF, art. 40, § 16).
O regime de previdência complementar dos servidores amparados por RPPS
será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, por in-
termédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza
pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios .
somente na modalidade de contribuição definida (CF, art. 40, § 15).
Gabarito: errado.

94. O direito de opção para integrar o novo sistema aplica-se apenas aos servidores
já aposentados quando da instituição do regime de previdência complementar.

( ) certo ( ) errado

Se o ente federativo criar a previdência complementar de natureza pública,


qualquer servidor ocupante de cargo efetivo poderá aderir a este regime. Con-
tudo, vale frisar que a adesão do servidor sempre será facultativa, indepen-
dentemente da data do seu ingresso no serviço público. Para quem ingressar
no serviço público após a data da instituição da previdência complementar
pública, o que será obrigatório é a aplicação do teto do RGPS aos proventos de
aposentadorias e pensõe~ a serem concedidas pelo RPPS. Mas, para quem já
havia ingressado no serviço público até aquela data, o teto do RGPS somente
será aplicado se o servidor expressamente optar pelo regime complementar
de previdência. Gabarito: errado.

Hugo Goes 278


Procurador/ES/20C·8

95. Os aposentados antes do regime atual de previdência não estarão imunes à inci-
dência de contribuição ~revidenciária sobre seus proventos de aposentadoria.

( ) certo ( ) errado

Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões


concedidas pelo RPPS que superem o limite máximo estabelecido para os
benefícios do RGPS, com alíquota igual ao estabelecido para os servidores
titulares de cargos efetivos (CF, art. 40, § 18). Quando o beneficiário for
portador de doença mcapacitante, conforme definido pelo ente federativo e
de acordo com laudo médico pericial, a contribuição incidirá apenas sobre
a parcela de provento;; de aposentadoria e de pensão que supere o dobro do
limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS (CF, art. 40, § 21).
Atualmente, o limite máximo dos benefícios do RGPS é R$ 3.689,66.
A contribuição calc.1~ada sobre o benefício de pensão por morte terá como
base de cálculo o valor total desse benefício, independentemente do número
de cotas, sendo o va:or da contribuição rateado entre os pensionistas, na
proporção de cada cota-parte.
O STF, no julgamento da ADin 3105, decidiu pela constitucionalidade da
contribuição dos servidores inativos e pensionistas. Partindo do entendimen-
to de que as contribuições são espécie de tributo, a Suprema Corte chegou à
conclusão de que "não há, em nosso ordenamento, nenhuma norma jurídica
válida que, como efeito específico do fato jurídico da aposentadoria, lhe
imunize os provento:; e as pensões, de modo absoluto, à tributação de ordem
constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não
haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento". 94
Gabarito: certo.

96. Assim como no RGPS, eventual tempo de contribuição federal correspondente a


período anterior à posse do servidor no cargo municipal é computado, no regi-
me atual, para fins de aposentadoria.

( ) certo ( ) errado

"Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de


contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,

94 STF, ADI 3105/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 18/02/2005.

279 Prova 15
Direito Previdenciário Cespe

hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão


financeiramente, segundo critérios estabele::idos em lei" (CF, art. 201, § 9°).
A previdência social é composta por dois regimes básicos: o RGPS e os regi-
mes próprios de previdência (RPPS). A pessoa que, por exemplo, contribuiu
durante um determinado período para o RGPS e que, posteriormente, se
filiou a um regime próprio, para se aposentar pelo regime próprio, poderá
computar o seu tempo de contribuição para o RGPS. Na situação inversa, o
segurado também terá assegurada a contagem recíproca. Da mesma forma,
se o servidor contribuiu durante um certo período para o RPPS da União
e, posteriormente, passou a contribuir para :1m RPPS municipal, o tempo
de contribuição federal será computado, no regime municipal, para fins de
aposentadoria. Nesses casos, para fins de concessão dos benefícios, os dife-
rentes regimes de previdência se compensarão financeiramente.
O benefício resultante de contagem recípro-ca de tempo de contribuição
será concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado
ao requerê-lo e calculado na forma da respectiva legislação (Lei 8.213/91,
art. 99). Gabarito: certo.

Em relação aos benefícios do RGPS, julgue os seguintes itens.


97. O empregado incapacitado temporariamente para o trabalho em razão de aci-
dente do trabalho faz jus ao auxíliocacidente, a partir do 16° dia do afastamento
das atividades, no percentual correspondente a 91% do salário de benefício, nun-
ca inferior ao valor do salário mínimo.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quan-


do for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu
trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias con-
secutivos (Lei 8.213/91, art. 59). O auxílio-doença será devido ao segurado
empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e,
no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e
enquanto ele permanecer incapaz (Lei 8.213/91, art. 60). O auxílio-doença,
inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal
correspondente a 91% (noventa e um por cento) do salário de benefício (Lei
8.213/91, art. 61). O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética
simples dos últimos 12 salários de contribuição, inclusive em caso de remu-

Hugo Goes 280


Procurador/ES/2008

neração variável, ou, se não alcançado o número de 12, a média aritmética


simples dos salários de contribuição existentes (Lei 8.213/91, art. 29, § 10).
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,
após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia (Lei 8.213/91, art. 86). O auxílio-acidente mensal
corresponderá a 50% do salário de benefício e será devido a partir do dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença até a véspera do início de qualquer
aposentadoria ou até a data do óbito do segurado (Lei 8.213/91, art. 86, §§ 1°
e 2°). Gabarito: errado.

98. A segurada que adota criança ou obtém guarda judicial para fins de adoção faz jus
ao salário-maternidade por período variável de acordo com a idade da criança.

( ) certo ( ) errado

Na época em que essa questão foi aplicada (ano de 2008), à segurada da


Previdência Social que adotasse ou obtivesse guarda judicial para fins de
adoção de criança era devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento
e vinte) dias, se a criança tivesse até 1(um) ano de idade, de 60 (sessenta) dias,
se a criança tivesse entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade, e de 30 (trinta)
dias, se a criança tivesse de 4 (quatro) a 8 (oito) anos de idade (Lei 8.213/91,
art. 71-A). Mas, atualmente, ao ~egurado ou segurada da Previdência So-
cial que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é
devido salário-maternidade pelo período de 120 dias (Lei 8.213/91, art. 71-
A, na redação dada pela Lei 12.873/2013}. Nos casos de adoção ou guarda
judicial para fins de adoção, o salário-maternidade será pago diretamente
pela Previdência Social.
Na época em que essa questão foi aplicada (ano de 2008), a questão em tela foi
considerada como CERTA, mas, se fosse aplicada hoje, ela seria considerada
como ERRADA, pois atualmente, em caso de adoção ou guarda judicial para
fins de adoção, o prazo de duração do salário-maternidade é de 120 dias,
independentemente da idade da criança. Ou seja, atualmente, o período não
é variável de acordo com a idade da criança.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

JA1
Julgue os itens subsequentes, relacionados à seguridade social e a seu custeio.
97. Considerando-se o princípio da universalidade aplicável à seguridade social, é
correto afirmar que a cobertura se refere aos sujeitos protegidos, que são os atin-
gidos pelas contingências sociais, enquanto o atendimento se refere ao objeto,
isto é, à previsão dos acontecimentos que, eventualmente, possam exigir a pro-
teção decorrente da necessidade social.

( ) certo ( ) errado

Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve alcan-


çar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade. Riscos
sociais são os infortúnios da vida (doenças, acidentes, velhice, invalidez etc.),
aos quais qualquer pessoa está sujeita. A universalidade do atendimento tem
por objetivo tornar a seguridade social acessível a todas as pessoas residentes
no país, inclusive estrangeiras.
A questão ora examinada deve ser considerada como errada, pois houve uma
inversão a respeito dos significados de "universalidade da cobertura" e de "uni-
versalidade do atendimento". Mas a banca examinadora, alegando existência
de divergências doutrinárias, preferiu anular a questão. Gabarito: anulado.

98. A positivação do modelo de seguridade social na ordem jurídica nacional ocor-


reu a partir da Constituição de 1937, seguindo o modelo do bem-estar social, em
voga na Europa naquele momento. No caso brasileiro, as áreas representativas
dessa forma de atuação são saúde, assistência e previdência social.

( ) certo ( ) errado

283
Direito Previdenciário Cespe

A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional, a


forma tripartite de custeio: contribuição dos trabalhadores, dos empregadores
e do Poder Público (art. 121, § 1°, "h"). A Constituição de 1937 não trouxe
evoluções nesse sentido, apenas tendo por particularidade a utilização da
expressão "seguro social". A Constituição de 1946 foi a primeira a utilizar
a expressão "previdência social" em seu texto. ~ 5 Inicia -se, portanto, uma
sistematização constitucional da matéria previdenciária. A Constituição de
1967 estabeleceu a criação do seguro-desempregc. A Emenda Constitucional
1/69 não inovou em matéria previdenciária.
A Constituição de 1988 destina um capítulo inteiro (arts. 194 a 204) para
tratar da Seguridade Social, entendida como o gênero do qual são espécies
a previdência social, a assistência social e a saúde. As contribuições sociais
passaram a custear as ações do Estado nestas trêE áreas, e não mais somente
no campo da Previdência Social. A primeira Constituição brasileira a adotar
a expressão "seguridade social" foi a de 1988. Gabarito: errado.

99. De acordo com o sistema de financiamento criado pela Constituição de 1988, as des-
pesas previdenciárias urbanas não podem ser custeadas pelas contribuições devi-
das pelas empresas cujo fato gerador seja a aquisição de produção rural de pessoas
físicas que exercem atividade individualmente ou em regime de economia fami-
liar, pois a fonte de custeio desses segurados, ditos especiais, é específica.

( ) certo ( ) errado

A Constituição de 1988. incluiu como um dos princípios da seguridade so-


cial a "uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais" (CF, art. 194, parágrafo único, li). Esse princípio vem
corrigir defeitos da legislação previdenciária rural que sempre discriminava
o trabalhador rural.
A uniformidade diz respeito às contingências que serão cobertas. A equi-
valência refere-se ao aspecto pecuniário dos benéficos ou à qualidade dos
serviços, que não serão necessariamente iguais, mas equivalentes. 96 Quando
se fala em uniformidade, equivale dizer, portanto, que as mesmas contin-
gências (morte, velhice, maternidade etc.) serão cobertas tanto para os tra-
balhadores urbanos como para os rurais. Como exemplo de equivalência, o

95 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Op. cit., pp. 51-52.
96 MARTINS, Sérgio Pinto. Op. cit., pp. 77-78.

Hugo Goes 284


Procurador do município de Aracaju/2008

valor mensal dos benefícios previdenciários que substituam o rendimento


do trabalho do segurado (urbano ou rural) nunca será inferior a um salário
mínimo (CF, art. 201, § 2°). 97
No tocante à previdência social, em obediência ao princípio constitucional
ora analisado, o RGPS ampara tanto os trabalhadores urbanos como os
rurais. Assim, o produto da arrecadação das contribuições previdenciárias,
inclusive as incidentes sobre as receitas da comercialização da produção
rural, será destinado ao pagamento de benefícios tanto a segurados urbanos
como rurais. Gabarito: errado.

Julgue os itens a seguir, relativos à previdência social e a seus beneficiários.


100. Considere que Maria José presta serviços habituais e contínuos para Cláudia, no
ambiente residencial desta, sendo certo que as atividades desenvolvidas não têm
fins lucrativos. Nessa situação hipotética, Maria José é empregada doméstica e res-
ponsável pelo recolhimento de sua própria contribuição para a previdência social.

( ) certo ( ) errado

Empregado doméstico é aquele que presta serviços de forma contínua,


subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à
família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 dias por semana (Lei
Complementar 150/2015, art. 1°).
O empregador doméstico está obrigado a arrecadar a contribuição do em-
pregado doméstico a seu serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu
cargo, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência (Lei 8.212/91, art. 30, V).
Na situação hipotética apresentada pela questão em análise, Maria José é
empregada doméstica. Contudo, ela não é responsável pelo recolhimento de
sua própria contribuição para a previdência social. A responsabilidade pela
arrecadação e recolhimento da contribuição é do empregador doméstico.
Gabarito: errado.

97 § 2° Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado


terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

285 Prova 16
Direito Previdenciário Cespe

101. A previdência social brasileira está organizada em dois sistemas independentes.


O denominado regime geral, cuja filiação é obrigatória, abrange todas as ativida-
des remuneradas exercidas por pessoas físicas, ressalvadas as que estejam vincu-
ladas aos regimes instituídos pelos entes federativos em favor de seus servidores
titulares de cargos efetivos, denominados regimes próprios ou especiais.

( ) certo ( ) errado

A previdência brasileira é formada por dois regimes básicos, de filiação


obrigatória, que são o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e os
Regimes Próprios de Previdência Social dos servidores públicos e militares.
Há também o Regime de Previdência Complementar, ao qual o participante
adere facultativamente.
Nos termos do art. 201 da Constituição Federal, o Regime Geral de Previ-
dência Social (RGPS) tem caráter contributivo e é de filiação obrigatória. Esse
é o regime de previdência mais amplo, responsável pela proteção da grande
maioria dos trabalhadores brasileiros.'
Conforme o art. 40 da Consti.tuição Federal, "aos servidores titulares de
cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência
de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial". O art. 40 da
Constituição Federal trata do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
Gabarito: certo.

102. Considere a seguinte situação hipotética.


Por ser professor concursado da rede estadual de ensino, José Dantas, deputa-
do estadual de Sergipe, é vinculado ao regime próprio de previdência do estado.
Tendo em vista a compatibilidade de horário entre o mandato eleitoral e o exercí-
cio do magistério, José Dantas continuou a lecionar. Nessa situação, José Dantas
deve vincular-se também ao regime geral de previdência social (RGPS), em de-
corrência do exercício do mandato eletivo.

( ) certo ( ) errado

Vale logo frisar que, mesmo que haja compatibilidade de horário, não é possí-
vel acumular cargo, emprego ou função pública com mandato de deputado.

Hugo Goes 286


Procurador do município de Aracaju/2008

Na situação apresentada pela questão em exame, para exercer o mandato


de deputado estadual, José Dantas teria que se afastar do cargo efetivo de
professor (CF, art, 38, I).
De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, I, "j", é segurado obrigatório do RGPS,
como empregado, entre outros, "o exercente de mandato eletivo federal, esta-
dual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social". Assim, os exercentes de mandato eletivo, em regra, são segurados
obrigatórios do RGPS, na categoria de segurado empregado. No entanto, se
um servidor público amparado por regime próprio de previdência for eleito
para exercer um desses mandatos, nessa situação, continuará vinculado ao
regime próprio de origem e, desse modo, excluído do RGPS.
Uma atenção especial deve ser dada à situação previdenciária dos vereadores.
Isso porque há o permissivo constitucional da acumulação de subsídios do
mandato eletivo com a remuneração do cargo efetivo, desde que haja com-
patibilidade de horários (CF, art. 38, III). Se o vereador não tiver nenhum
vínculo efetivo com o serviço público, filia-se somente ao RGPS. Contudo,
se ele exercer, concomitantemente, mandato eletivo e cargo efetivo em ente
federativo que possui RPPS, filia-se ao RGPS, pelo mandato eletivo, e ao
RPPS, pelo cargo efetivo. Mas, se o ente federativo no qual ele exerce o cargo
efetivo não possuir RPPS, o servidor/vereador será filiado ao RGPS em relação
a ambas as atividades exercidas (Lei 8.213/91, art. 11, § 2°).
Não havendo compatibilidade de horários, para exercer a vereança, o servidor
terá que se afastar do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
ção (CF, art. 38, II e III). Neste caso, se o ente federativo onde ele exerce o
cargo efetivo possuir RPPS, independentemente de ter ou não optado pela
remuneração do cargo, o servidor/vereador continuará vinculado somente ao
RPPS de origem. Neste mesmo caso, se o ente federativo não possuir RPPS,
o servidor/vereador filia-se somente ao RGPS. Gabarito: errado.

103. Considere que Célia mantenha união estável com João, segurado da previdência
social. Nessa situação, Célia é considerada, para fins previdenciários, dependen-
te, sendo-lhe dispensada a comprovação da dependência econômica, mas exigi-
da a comprovação da situação conjugal.

( ) certo ( ) errado

287 Prova 16
Direito Previdenciário Cespe

Conforme o art. 16 da Lei 8.213/91, são beneficiários do RGPS, na condição


de dependentes do segurado: (I) o cônjuge, a companheira, o companheiro e
o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido
ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou rela-
tivamente incapaz, assim declarado judicialmente; (11) os pais; (III) o irmão
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que
tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente. A dependência econômica das pessoas
indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada (Lei
8.213/91, art. 16, § 4°). Ou seja, a dependência econômica do cônjuge, do com-
panheiro, da companheira e do filho não emancipado de qualquer condição,
menor de 21 anos de idade ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialmente é presumida e a dos demais dependentes deve ser comprovada.
De acon;lo com o§ 3° do art. 16 da Lei 8.213/91, considera-se companheira
ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o
segurado ou com a segurada. Considera-se união estável aquela configurada
na convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher,
estabelecida com intenção de constituição de família (RPS, art. 16, § 6°, e
Código Civil, art. 1.723, caput).
A companheira e o companheiro são beneficiários do RGPS, na condição de
dependente, desde que comprovem a união estável. Para ~sses dependentes,
não há necessidade de comprovação de dependência econômica, pois esta é
presumida para os dependentes de primeira classe.
De acordo com o disposto no § 3° do art. 22 do RPS, para comprovação do
vínculo (união estável) e da dependência econômica, conforme o caso, devem
ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos:

a) certidão de nascimento de filho havido em comum;


b) certidão de casamento religioso;
c) declaração do imposto de renda do segurado, em que
conste o interessado como seu dependente;
d) disposições testamentárias;
e) declaração especial feita perante tabelião;
f) prova de mesmo domicílio;

Hugo Goes 288


Procurador do município de Aracaju/2008

g) prova de encargos domésticos evidentes e existência de


sociedade ou comunhão nos atos da vida .civil;
h) procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
i) conta bancária conjunta;
j) registro em associação de qualquer natureza, onde conste
o interessado como dependente do segurado;
l) anotação constante de ficha ou livro de registro de em-
pregados;
m) apólice de seguro da qual conste o segurado como
instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua
beneficiária;
n) ficha de tratamento em instituição de assistência médica,
da qual conste o segurado como responsável;
o) escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em
nome de dependente;
p) declaração de não emancipação do dependente menor
de vinte e um anos; ou
q) quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a
comprovar.

Gabarito: certo.

Acerca dos benefícios da previdência social, julgue os itens de 104 a 108.


104. Considere que Carlos, segurado do RGPS, após sofrer acidente de trabalho, te-
nha sido, naquele momento, considerado incapaz e insuscetível de reabilitação
para o exercício de atividade profissional que lhe garanta a subsistência. Nessa
situação, Carlos não terá seu benefício revertido ou suspenso, dada a natureza
permanente de sua incapacidade.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 42 da Lei 8.213/91, a aposentadoria por invalidez, uma


vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado
que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a
subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

289 Prova 16
Direito Previdenciário Cespe

Na situação hipotética apresentada pela questão ora examinada, o benefício


ao qual Carlos tem direito é aposentadoria por invalidez. Da leitura do art. 42
da Lei 8.213/91, verifica-se que a aposentadoria por invalidez será paga ao
segurado enquanto ele permanecer incapaz e insuscetível de reabilitação.
Por isso, se o aposentado por invalidez retornar voluntariamente à atividade,
a sua aposentadoria será automaticamente cancelada, a partir da data do
retorno (Lei 8.213/91, art. 46). Conforme o art. 47 da Lei 8.213/91, verificada
a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será
observado o seguinte procedimento:

I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos,


contados da data do início da aposentadoria por invalidez
ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o
benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver di-
reito a retornar à função que desempenhava na empresa
quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista,
valendo como documento, para ~ai fim, o certificado de
capacidade fornecido pela Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do
auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para
os demais segurados;
li - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o pe-
ríodo do inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado
apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitual-
mente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo
da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da
data em que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período
seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também
por igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual
cessará definitivamente.

Assim, caso Carlos recupere a sua capacidade para o trabalho (ou retorne
voluntariamente ao trabalho), cessará o pagamento da sua aposentadoria
por invalidez. Gabarito: errado.

Hugo Goes 290


Procurador do município de Aracaju/2008

105. O segurado contribuinte individual do RGPS que sofrer acidente que o impeça
de trabalhar por vários dias tem direito ao benefício de auxílio-doença com iní-
cio a partir do dia da incapacidade, desde que o auxílio tenha sido requerido até
trinta dias após a ocorrência do infortúnio.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando


for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar incapacitado para o
seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos (Lei 8.213/91, art. 59). Todos os segurados (inclusive o contri-
buinte individual) têm direito ao auxílio-doença.
O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo
sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a
contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz
(Lei 8.213/91, art. 60, caput). Quando requerido por segurado afastado da
atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar
da data da entrada do requerimento (Lei 8.213/91, art. 60, § 1°). Durante
os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por
motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu
salário integral (Lei 8.213/91, art. 60, § 3°). Gabarito: certo.

106. Considere que Pedro, com 62 anos de idade, perdeu o emprego há seis anos e não
conseguiu retornar ao mercado de trabalho, perdendo, por isso, a qualidade de
segurado do RGPS, apesar de ter contribuído por mais de vinte anos. Nessa si-
tuação hipotética, Pedro poderá requerer o benefício de aposentadoria por ida-
de pelo fato de ter contribuído por tempo superior à carência.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência


exigida, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher (Lei 8.213/91,
art. 48). Os limites de idade são reduzidos em cinco anos para os trabalha-
dores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em
regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro
e o pescador artesanal (CF, art. 201, § 7°, II).
A concessão da aposentadoria por idade, em regra, depende do cumprimento
do período de carência correspondente a 180 contribuições mensais (Lei

291 Prova 16
Direito Previdenciário Cespe

8.213/91, art. 25, 11). Todavia, para os segurados inscritos na Previdência


Social Urbana até 24/07/91, bem como para os trabalhadores e empregadores
rurais antes amparados pela Previdência Social Rural, observa-se a regra de
transição prevista no art. 142 da Lei 8.213/91. A regra de transição levará em
conta o ano em que o segurado implementar todas as condições necessárias
à obtenção do benefício.
Conforme a Lei 8.213/91, art. 15, Il, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 12 (doze) meses após a cessação
das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada
abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração. Esse prazo será prorrogado para até 24 meses, se o segurado já
tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete
a perda da qualidade de segurado (Lei 8.213, art. 15, § 1°). Estes dois prazos
(12 ou 24 meses) serão acrescidos de mais 12 meses para o segurado que com-
prove estar desempregado (Lei 8.213/91, art. 15, § 2°). Na situação hipotética
em exame, percebe-se que Pedro já perdeu a qualidade de segurado, pois
deixou de exercer atividade remunerada, e, por isso, cessou o recolhimento
das contribuições, há seis anos.
Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado
não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido
para efeito de carência na data do requerimento do benefício (Lei 10.666/03,
art. 3°, § 1°).
Na situação hipotética apresentada pela questão em exame, o fato de Pedro
ter perdido a qualidade de segurado, por si só, não impede que ele receba
aposentadoria por idade, pois o segurado já cumpriu o período de carência
(ele contribuiu durante 20 anos). O que impede o recebimento da aposenta-
doria por idade é o fato de Pedro ainda não ter completado 65 anos de idade
(Pedro só tem 62 anos). Assim, na dafa ein que Pedro completar 65 anos de
idade, ele adquirirá o direito à aposentadoria por idade, mas por enquanto
ele não tem esse direito.
Gabarito: errado.

HugoGoes 292
Procurador do município de Aracaju/2008

107. O trabalhador de empresa de conservação e limpeza que presta serviços a diver-


sos hospitais e que recebe adicional de insalubridade, por, eventualmente, man-
ter contato com lixo hospitalar de natureza tóxica, tem direito a aposentar-se com
tempo reduzido de contribuição, já que trabalha em condições especiais prejudi-
ciais a sua saúde.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida


ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este
somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção,
que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o
caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física (RPS, art. 64).
A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo
segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saú-
de ou a integridade física, durante o período mínimo de 15, 20 ou 25 anos,
conforme o caso (Lei 8.213/91, art. 57, § 3°).
O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, a efetiva exposição
aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao
exigido para a concessão do benefício (Lei 8.213/91, art. 57, § 4°). Assim, o
fato de pertencer a certa categoría profissional não é suficiente para definir
o direito à aposentadoria especial. Cada segurado deve comprovar a efetiva
exposição aos agentes nocivos.
Considera-se trabalho permanente aquele que é exercido de forma não oca-
sional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador
avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do
bem ou da prestação do serviço (RPS, art. 65). Entretanto, incluem-se também
os períodos de descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive
férias, os de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doença
ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como os de percepção de
salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse
exercendo atividade considerada especial (RPS, art. 65, parágrafo único).
A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será
feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário
(PPP), emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico

293 Prova 16
Direito Previdenciário Cespe

de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou


engenheiro de segurança do trabalho (RPS, art. 68, § 2°).
Na situação apresentada pela questão em exame, o trabalhador, eventual-
mente, mantém contato com lixo hospitalar de natureza tóxica. Neste caso,
ele não terá direito à aposentadoria especial, pois a concessão desse benefício
dependerá de comprovação do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física. Gabarito: errado.

108. O auxílio-acidente, antes das mudanças promovidas pela Constituição de 1988,


tinha natureza de seguro privado. Atualmente, consiste em um benefício conce-
dido a título de indenização ao segurado, quando, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultem sequelas que impliquem
a redução da capacidade para o trabalho que era exercido anteriormente.

( ) certo ( ) errado

A Constituição de 1946 obrigava o empregador a manter Seguro de Acidente


do Trabalho (SAT), separado da previdência social. A Constituição de 1967
não trouxe inovações quanto ao texto anterior. A Constituição de 1988 insere
o acidente de trabalho como risco social passível de proteção previdenciária
(CF, art. 201, I). A Emenda Constitucional20/98 acrescentou o§ 10 ao texto
do art. 201 da Constituição, estabelecendo que "lei disciplinará a cobertura do
risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
geral de previdência social e pelo setor privado". Mas enquanto essa lei não
for editada, a cobertura do risco de acidente do trabalho continuará sendo
atendida somente pela previdência social.
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,
após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia (Lei 8.213/91, art. 86, caput).
A lei refere-se a acidente de qualquer natureza. Assim, não é necessário que
seja acidente de trabalho. Tanto faz o acidente ocorrer no trabalho ou fora
dele. No entanto, não basta a ocorrência do acidente. É também necessário
que, em decorrência do acidente, após a consolidação das lesões, haja redução
da capacidade laborativa do segurado.

Hugo Goes 294


Procurador do município de Aracaju/2008

O dano que enseja direito ao auxílio-acidente é o que acarreta redução da


capacidade de trabalho, sem caracterizar a invalidez permanente para todo
e qualquer trabalho. Quando a incapacidade for total e definitiva, o benefício
a ser concedido será a aposentadoria por invalidez.
A natureza do auxílio-acidente é indenizatória. O objetivo é indenizar o
segurado pelo fato de não ter plena capacidade de trabalho em razão do
acidente. No caso de acidente de trabalho, o pagamento pela Previdência
Social do auxílio-acidente não exclui a responsabilidade civil da empresa
ou de terceiros (RPS, art. 342).
A concessão do auxílio-acidente está condicionada à confirmação, pela
Perícia Médica do INSS, da redução da capacidade laborativa do segurado,
em decorrência de acidente de qualquer natureza.
O auxílio-acidente será devido a contar do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendi-
mento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria (Lei 8.213/91, art. 86, § 2°). Como se vê, o auxílio-acidente
sempre é precedido de um auxílio-doença. O auxílio-doença somente é
devido enquanto o segurado se encontra incapaz, temporariamente, para
o trabalho. Se após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza (ou seja, após a "alta médica") restar sequela que implique
redução da capacidade laborativa do segurado, cessará o auxílio-doença e,
no dia seguinte, terá início o auxílio-acidente.
Gabarito: certo.

295 Prova 16
19. Em relação às disposições constitucionais da previdência social, assinale a opção
correta.

a) É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de


aposentadoria aos beneficiários do RGPS, ressalvados os casos de atividades
exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física ou quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos
definidos em lei ordinária.
b) Lei ordinária deverá dispor sobre sistema especial de inclusão previdenciária
para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que
se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residên-
cia, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso
a benefícios de valor igual a um salário mínimo, sendo vedada a adoção de alí-
quotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do RGPS.
c) É vedado o aporte de recursos a ~ntidade de previdência privada pela União,
pelos Estados, pelo DF e pelos Municípios, bem como a autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públi-
cas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese algu-
ma, sua contribuição normal poderá ser inferior à do segurado.
d) É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa
participante de regime próprio de previdência.

Alternativa A - Conforme o § 1o do art. 201 da Constituição Federal, "é ve-


dada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de apo-
sentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados
os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem
a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores
de deficiência, nos termos definidos em lei complementar". Esse dispositivo
constitucional, cuja redação atual foi dada pela EC 47/05, proíbe o legislador
ordinário de adotar regras diferenciadas para concessão de aposentadorias

297
Direito Previdenciário Cespe

para os beneficiários do RGPS, evitando, assim, favorecimentos indevidos


e assegurando tratamento equânime a todos os segurados. A Constituição
abre, no entanto, uma exceção, no sentido de assegurar um tratamento
diferenciado aos trabalhadores que exercem atividades em condições que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência.
Os trabalhadores que exercem atividades em condições que prejudiquem
a saúde ou a integridade física, em razão da exposição a agentes nocivos
(químicos, físicos ou biológicos), têm sua capacidade laborativa reduzida
mais rapidamente. Por isso, têm direito a uma aposentadoria especial, que
será devida, uma vez cumprida a carência exigida, ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a inte-
gridade física, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos. A aposentadoria
especial concedida pelo RGPS é regulada pelos arts. 57 e 58 da Lei 8.213/91.
De acordo com a atual redação do§ 1° do art. 201 da Constituição, os requi-
sitos da aposentadoria especial devem ser definidos em lei complementar.
No entanto, a Lei Ordinária 8.213/91, a,rts. 57 e 58, já regulava o assunto
antes da alteração constitucional. Assim, pode-se afirmar que a Lei 8.213/91,
nos dispositivos que tratarri da aposentadoria especial (arts. 57 e 58), hoje
tem status de lei complementar, só podendo ser modificada por meio desse
veículo legislativo.
A aposentadoria diferenciada a ser concedida aos segurados portadores
de deficiência foi introduzida pela Emenda Constitucional 47, de 5/7/2005.
Essa aposentadoria foi regulamentada pela Lei Complementar 142, de 8 de
maio de 2013.
Alternativa B- O § 12 do art. 201 da Constituição Federal (na redação dada
pela EC 47) permite a criação, mediante lei, de um sistema especial de inclusão
previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no
âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda,
garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário mínimo.
O § 13 do art. 201 da CF (acrescentado pela EC 47) dispõe que o sistema
especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 terá alíquotas e ca-
rências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de
previdência social.

HugoGoes 298
Procurador do município de Natal/2008

Em atendimento parcial aos dispositivos constitucionais acima citados, a Lei


Complementar 123/2006 acrescentou ao art. 21 da Lei 8.212/91 o seguinte
parágrafo:

§ 2° No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício


de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de
contribuição, incidente sobre o limite mínimo mensal do
salário de contrib•.lição, será de:
I - onze por cento, no caso do segurado contribuinte in-
dividual, ressalvado o disposto no inciso 11, que trabalhe
por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado e do segurado facultativo; e
11- cinco por cento, no caso do microempreendedor indivi-
dual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar no 123,
de 14 de dezerr.bro de 2006. 98

Pode-se dizer que a Lei Complementar 123/2006 criou, em parte, o sistema


especial de inclusão previdenciária.
Alternativa C - De acordo como o § 3° do art. 202 da Constituição Federal,
"é vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo
na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua
contribuição normal poderá exceder a do segurado". Assim, nos casos em
que o ente federativo atua como patrocinador de entidade de previdência
complementar, a sua contribuição pode ser inferior à do segurado. O que
não pode é a contribuição do ente federativo ser superior à do segurado.
Alternativa D - Conforme o §5° do art. 201 da Constituição Federal, "é
vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de se-
gurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência".
Gabarito: D

98 O § 2° do art. 21 da Lei 8.212/91 teve sua redação alterada pela Medida Provisória 529/2011.

299 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

20. Quanto às disposições constitucionais da seguridade social, assinale a opção correta.

a) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciati-


va dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos re-
lativos à saúde, à previdência e à assistência social, sendo certo que o acesso a
tais direitos ocorre mediante contribuição do beneficiário.
b) Constitui um dos objetivos da assistência social a garantia de um salário mí-
nimo de benefício mensal ao portador de deficiência e ao idoso que compro-
vem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei.
c) O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de for-
ma autônoma em relação ao RGPS, é de filiação obrigatória, embasado na cons-
tituição de reservas que garantam o benefício contratado e regulado por LC.
d) A lei deve dispor sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção
de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa
e tratamento, bem como a coleta, o processamento e a transfusão de sangue
e seus derivados, permitindo-se a comercialização para o exterior.

Alternativa A - A seguridade social compreende um conjunto integrado


de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social
(CF, art. 194, caput).
Nos termos do art. 196 da Constituição Federal, "a saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que vi-
sem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". Os
serviços públicos de saúde serão prestados gratuitamente: para usufruir de tais
serviços, não é necessário que o paciente contribua para a seguridade social.
Conforme o art. 203 da Constituição Federal, a assistência social será pres-
tada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguri-
dade social. Assim, esse ramo da seguridade social vai tratar de atender
os hipossuficientes, destinando pequenos benefícios a pessoas que nunca
contribuíram para o sistema.
De acordo com o art. 201 da Constituição Federal, a previdência social será
organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obri-
gatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
Verifica-se, portanto, que das três áreas integrantes da seguridade social
(previdência social, assistência social e saúde), a única que tem caráter

Hugo Goes 300


Procurador do município de Natal/2008

contributivo é a previdência social. Saúde e assistência social independem


de contribuição. Ou seja, nesses segmentos, o beneficiário não precisa com-
provar qualquer tipo de recolhimento para a seguridade social. Apesar de
serem prestadas independentemente de contribuição, a saúde e a assistência
social possuem fontes de custeio, que são oriundas das contribuições sociais
arrecadadas de toda a sociedade.
Alternativa B - Conforme o art. 203 da Constituição Federal, a assistência
social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contri-
buição à seguridade social, e tem por objetivos: (I) a proteção à família, à
maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (II) o amparo às crianças
e adolescentes carentes; (111) a promoção da integração ao mercado de tra-
balho; (IV) a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência
e a promoção de sua integração à vida comunitária; (V) a garantia de um
salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
A assistência social é regulamentada pela Lei 8. 742/93 (Lei Orgânica da Assis-
tência Social- LOAS). O benefício de que trata o art. 203, V, da Constituição,
é regulado pelo art. 20 da LOAS, sendo denominado de benefício de prestação
continuada. Este benefício corresponde a uma renda mensal de um salário
mínimo concedida à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 anos
ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção
nem de tê-la provida por sua família (art. 20 da LOAS). Nos termos do § 3°
do art. 20 da LOAS, "considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja
inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo".
Alternativa C- De acordo com o art. 202 da Constituição Federal, "o regime de
previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma
em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na
constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por
lei complementar". A partir deste dispositivo constitucional, podemos listar
algumas características básicas da previdência complementar privada:
• natureza jurídica privada;
• autônomo em relação ao RGPS;
• filiação facultativa;
• natureza contratual;

301 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

• constituição de reservas em regime de capitalização;


• regulado por lei complementar.

A natureza jurídica privada obriga a entidade de previdência complementar


a sujeitar-se ao regime jurídico de direito privado, em que prevalece a auto-
nomia da vontade. O princípio da legalidade, aplicado ao regime privado,
significa que "tudo o que não está proibido está permitido".
A previdência complementar privada é organizada de forma autônoma em
relação ao RGPS. A inscrição de participante em plano de previdência comple-
mentar não o dispensa da inscrição como segurado obrigatório do RGPS.
A concessão de benefício pela previdência complementar não depende da
concessão de benefício pelo RGPS. 99 Não existe relação entre os valores pagos
por cada um desses regimes, embora possa ser estabelecida contratualmente
uma relação.
A previdência complementar tem natureza contratual. O regulamento de
um plano de previdência é um contrato, que contém cláusulas sobre con-
tribuições, benefícios e períodos de carência, entre outras disposições. A
vinculação do participante ao plano de benefícios depende de sua inscrição
voluntária (contrato celebrado com a entidade de previdência que administra
o plano). O regime de previdência complementar sempre será facultativo.
Assim, a contribuição ao regime de previdência complementar não tem na-
tureza tributária, pois não apresenta a compulsoriedade e a origem ex lege
intrínseca a essas exações. 100
O plano de custeio da previdência complementar estabelecerá o nível de con-
tribuição necessário à constituição das reservas garantidoras de benefícios,
fundos, provisões e à cobertura das demais despesas, em conformidade com
os critérios fixados pelo órgão regulador e fiscalizador (LC 109/01, art. 18).
O regime financeiro de càpitalização é obrigatório para os benefícios de pa-
gamento em prestações que sejam programadas e continuadas (LC 109/01,
art. 18, § 1°).
O regime de previdência complementar é regulado pela Lei Complementar
109, de 29 de maio de 2001. Esta lei complementar assegura ao participante
de planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às
informações relativas à gestão de seus respectivos planos (CF, art. 202, § 1°).

99 Lei Complementar 109/01, art. 68, § 2•.


100 NÓBREGA, Marcos Antônio· Rios da. Previdência dos servidores públicos. Belo Horizonte: Del Rey,
2006, p. 210.

Hugo Goes 302


Procurador do município de Natal/2001!

O regime de previdência privada é autônomo também em relação ao contrato


de trabalho do participante com seu empregador. Assim, as contribuições do
empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos,
regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada
não integram o contrato de trabalho dos participantes (CF, art. 202, § 2°). A
celebração de contrato de trabalho não implica adesão automática do empre-
gado ao plano de previdência patrocinado pelo empregador. As contribuições
que o empregador fizer ao plano previdenciário não integram a remuneração
dos participantes, ou seja, não são consideradas salário indireto.
Alternativa D- De acordo com o§ 4° do art. 199 da Constituição Federal.
"a lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de
órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e
tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização".
Gabarito: B

21. Edmar, ex-estudante de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,


nunca exerceu atividade profissional. No entanto, elegeu-se deputado federal, sen-
do que a atividade parlamentar foi sua primeira experiência político-profissionaL
Com base nessa situação hipotética, é correto afirmar que, enquanto estiver no
exercício do mandato, Edmar será segurado obrigatório

a) da previdência social na qualidade de contribuinte individual.


b) da previdência social na qualidade de autônomo.
c) da previdência social na qualidade de empregado.
d) do regime próprio de previdência da Câmara dos Deputados.

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, I, "j", é segurado obrigatório do RGPS,
como empregado, entre outros, o exercente de mandato eletivo federal,
estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de pre-
vidência social.
Exercentes de mandato eletivo são: vereador, prefeito, deputado estadual,
deputado distrital (no caso do DF), governador, deputado federal, senador
e presidente da República.
Esses mandatários são, em regra, segurados obrigatórios do RGPS, na cate-
goria de segurado empregado. No entanto, se um servidor público amparado
por regime próprio de previdência for eleito para exercer um desses mandatos,

303 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

nessa situação, continuará vinculado ao regime próprio de origem e, desse


modo, excluído do RGPS.
Uma atenção especial deve ser dada à situação previdenciária dos vereadores.
Isso porque há o permissivo constitucional da acumulação de subsídios do
mandato eletivo com a remuneração do cargo efetivo, desde que haja com-
patibilidade de horários (CF, art. 38, III). Se o vereador não tiver nenhum
vínculo efetivo com o serviço público, fi.lia-se somente ao RGPS. Contudo,
se ele exercer, concomitantemente, mandato eletivo e cargo efetivo em ente
federativo que possui RPPS, fi.lia-se ao RGPS, pelo mandato eletivo, e ao
RPPS, pelo cargo efetivo. Mas, se o ente federativo no qual ele exerce o cargo
efetivo não possuir RPPS, o servidor/vereador será filiado ao RGPS em relação
a ambas as atividades exercidas (Lei 8.213/91, art. 11, § 2°).
Não havendo compatibilidade de horários, para exercer a vereança, o servidor
terá que se afastar do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
ção (CF, art. 38, II e III). Neste caso, se o ente federativo onde ele exerce o
cargo efetivo possuir RPPS, independentemente de ter ou não optado pela
remuneração do cargo, o servidor/vereador continuará vinculado somente ao
RPPS de origem. Neste mesmo caso, se o ente federativo não possuir RPPS,
o servidor/vereador filia-se somente ao RGPS.
Na situação hipotética apresentada pela questão em análise, e. diante do
que foi exposto, percebe-se que Edmar é segurado obrigatório do RGPS na
qualidade de empregado. Gabarito: C

22. Acerca do entendimento sumulado do STJ no que se refere ao direito previden-


ciário, assinale a opção incorreta.

a) A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigen-


te na data de óbito do segurado.
h) A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito a
pensão previdenciária por morte do ex-marido, desde que comprovada a ne-
cessidade econômica superveniente.
c) O auxílio-creche não integra o salário de contribuição.
d) A prescrição de ação de cobrança de parcelas de complementação de aposen-
tadoria pela previdência privada está fixada em dez anos.

Alternativa A - Diante das diversas mudanças nas regras de cálculo da pen-


são por morte, o STJ editou a Súmula 340, esclarecendo que "a lei aplicável
à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do

Hugo Goes 304


Procurador do município de Natal/2008

óbito do segurado". Nesse mesmo sentido, confira-se também o seguinte


julgado do STF:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSTO PELO INSS, COM


FUNDAMENTO NO ART. 102, III, "A", DA CONSTITUIÇÃO FE-
DERAL, EM FACE DE ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL DOS
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO:
PENSÃO POR MORTE (LEI N° 9.032, DE 28 DE ABRIL DE 1995).
l. No caso concreto, a recorrida é pensionista do INSS desde
04/10/1994, recebendo através do benefício no 055.419.615-8,
aproximadamente o valor de R$ 948,68. Acórdão recorrido
que determinou a revisão do benefício de pensão por morte,
com efeitos financeiros correspondentes à integralidade do
salário de benefícios da previdência geral, a partir da vigên-
cia da Lei no 9.032/1995. 2. Concessão do referido benefício
ocorrida em momento anterior à edição da Lei no 9.032/1995.
No caso concreto, ao momento da concessão, incidia a Lei
no 8.213, de 24 de julho de 1991. (... ) 15. Salvo disposição le-
gislativa expressa e que atenda à prévia indicação da fonte de
custeio total, o benefício previdenciário deve ser calculado na
forma prevista na legislação vigente à data da sua concessão.
A Lei no 9.032/1995 somente pode ser aplicada às concessões
ocorridas a partir de sua entrada em vigor. 16. No caso em
apreço, aplica-se o teor do art. 75 da Lei 8.213/1991 em sua
redação ao momento da coacessão do benefício à recorrida.
17. Recurso conhecido e provido para reformar o acórdão
recorrido. 101

Alternativa B - O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de


fato que recebe pensão de alimentos mantém a qualidade de dependente,
concorrendo em igualdade de condições com os dependentes preferenciais
(Lei 8.213/91, art. 17, § 2°, e art. 76, § 2°). Assim, em caso de separação- seja
judicial ou de fato- ou de divórcio, o fator determinante para a manutenção
da qualidade de dependente é o recebimento de pensão alimentícia.
Portanto, com base no§ 2° do art. 76 da Lei 8.213/91, em caso de falecimento
do segurado, o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato
só terá direito à pensão se, na época do óbito do segurado, era beneficiário
de pensão alimentícia. No entanto, a respeito deste tema, o STJ tem um

101 STF, RE 415454/SC, Rei. Min. Gilmar Mendes, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, D/ 26/10/2007.

305 Prova 17
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entendimento mais favorável à mulher separada judicialmente. De acordo


com a Súmula 336 do STJ, "a mulher que renunciou aos alimentos na sepa-
ração judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido,
comprovada a necessidade econômica superveniente".
Alternativa C - O reembolso creche disponibilizado aos empregados que
tenham filhos de até 6 anos de idade, mediante comprovação do gasto efe-
tuado, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias (Lei
8.212/91, art. 28, § 9°, "s"). Neste mesmo sentido temos a Súmula 310 do
STJ, aos dispor que "o auxílio-creche não integra o salário de contribuição".
Alternativa D - De acordo com a Súmula 291 do STJ, "a ação de cobrança
de parcelas de complementação de aposentadoria pela previdência privada
prescreve em cinco anos".
Gabarito: D

23. Acerca do entendimento sumulado do STF no que se refere ao direito previden-


ciário, assinale a opção incorreta.

a) Prescrição e decadência de crédito tributário são matérias que deverão serre-


gulamentadas por LC.
b) É legítima a incidência de contribuição previdenciária sobre o décimo tercei-
ro salário.
c) Compete à justiça federal processar e julgar os litígios decorrentes de aciden-
te do trabalho.
d) A imunidade tributária conferida pela CF a instituições de assistência social
sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência so-
cial privada se não houver contribuição dos beneficiários.

Alternativa A - O STF editou a Súmula Vinculante 8, dispondo que "são


inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decreto-lei 1.569/77 e
os arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de
crédito tributário".
Os arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 tratavam, respectivamente, da decadência
e da prescrição tributárias, em relação às contribuições previdenciárias. O
STF entendeu que estes dois artigos são inconstitucionais, pois, mesmo se
tratando de contribuições previdenciárias, a Lei Ordinária 8.212/91 não pode
regular decadência e prescrição tributárias, já que esta matéria, por força do
art. 146, UI, "b", da Constituição Federal, está reservada à lei complementar.

Hugo Goes 306


Procurador do município de Natal/2008

Alternativa B - Décimo terceiro salário é a gratificação natalina paga pelo


empregador ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e pelo tomador
dos serviços ao trabalhador avulso. A gratificação corresponde a 1/12 dare-
muneração devida em dezembro, por mês de serviço no ano correspondente
ou fração igual ou superior a quinze dias de trabalho.
O 13° salário integra o salário de contribuição, exceto para o cálculo dosa-
lário de benefício, sendo devidas as contribuições previdenciárias quando do
pagamento ou crédito da última parcela ou na rescisão de contrato de trabalho
(RPS, art. 214, § 6°). A respeito da incidência de contribuição previdenciária
sobre a gratificação natalina, o STF editou a Súmula 688, dispondo que "é
legítima a incidbcia da contribuição previdenciária sobre o 13° salário".
Alternativa C - O inciso I do art. 109 da Constituição Federal deixa claro
que os Juízes Federais não têm competência para processar e julgar as causas
relativas a acidente de trabalho. De acordo com o inciso II do art. 129 da Lei
8.213/91, os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho
serão apreciados, na via judicial, pela Justiça dos estados e do Distrito Federal,
segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante
petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência
Social, por meio de Comunicação de Acidente do Trabalho- CAT. Tan~o o
STF como o STJ entendem ser da Justiça Estadual, em ambas as instâncias, a
competência para processar e julgar as ações de acidente do trabalho. Nesse
sentido, confiram-se as seguintes súmulas:

Súmula 501 do STF- Compete à justiça ordinária estadual o.


processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas
de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a
União, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de
economia mista.
Súmula 235 do STF - É competente para a ação de acidente
do trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda
instância, ainda que seja parte autarquia seguradora.
Súmula 15 do ST]- Compete à justiça estadual processar e
julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho.

Assim, em relação às lides previdenciárias derivadas de acidente de tra-


balho, promovidas pelo trabalhador em face do INSS, a competência para
julgar e processar é da Justiça Comum Estadual. Dessa forma, as ações que
objetivem a concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou

307 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

auxílio-acidente, decorrentes de acidente do trabalho, devem ser ajuizadas


perante a Justiça Estadual, com recurso aos Tribunais de Justiça. Até mes-
mo ações relativas à revisão de benefício de origem acidentária devem ser
ajuizadas perante a Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se o seguinte
julgado do STF:

COMPETÊNCIA. AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO ACIDENTÁ-


RIO. JuSTIÇA COMUM ESTADUAL. ART. 109, INC. I, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. A teor do disposto no art. 109, inc. I, da
Constituição Federal, a competência da Justiça Estadual para
julgar lide de natureza acidentária envolve também a revisão
do próprio benefício. Precedente do Plenário: RE 176.532-1.
Recurso extraordinário conhecido e provido. 102

Ressalte-se, porém, que o art. 120 da Lei 8.213/91 determina que "nos casos
de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho
indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
ação regressiva contra os responsáveis". Neste caso, o INSS ajuizará ação
regressiva em face do empregador perante a Justiça Federal (CF, art. 109, I).
Nesta situação específica, o empregador não se exime de sua responsabili-
dade pelo fato de a Previdência Social ter honrado prestações decorrentes
da incapacidade gerada pelo acidente do trabalho.
Vale frisar também que, de acordo com o inciso VI do art. 114 da Consti-
tuição Federal, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações
de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho. No julgamento do Conflito de Competência 7.204, o STF, em sessão
plenária, definiu a competência da Justiça Trabalhista, a partir da EC 45/2004,
para julgamento das ações de indenização por danos morais e patrimoniais
decorrentes de acidente do trabalho. 103 Assim, as ações promovidas pelo
empregado em face do empregador postulando indenização pelos danos
morais ou patrimoniais sofridos em decorrência de acidente do trabalho
serão processadas e julgadas pela Justiça do Trabalno.
Mas as ações promovidas pelo segurado em face do INSS, postulando be-
nefício previdenciário decorrente de acidente do trabalho, mesmo após a

102 STF, RE 264560/SP, Rei. Min. limar Galvão, 2• T., DJ 10/08/2000.


lOS STF, CC 7204/MG, Rei. Min. Carlos Britto, DJ 09/12/2005, p. 5.

Hugo Goes 308


Procurador do município de Natal/2008

EC 45/2004, continuam sendo julgadas e processadas, em ambas as instân-


cias, pela Justiça Estadual. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO. Juízo DA 2" VARA


DO TRABALHO DE CUBATÃO- SP E Juízo DE DIREITO DA 2"
vARA cívEL DE CuBATÃo- SP. AçÃo ACIDENTÁRIA. CoN-
cEssÃo I REVISÃO DE BENEFÍCIO. EMENDA CoNSTITUCIONAL
45/2004. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO DO ART. 109, I, DA CF.
COMPETÊNCIA DA JuSTIÇA COMUM. JusTIÇA DO TRABALHO.
DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA. PRECE-
DENTE DO STF. INTERPRETAÇÃO À LUZ DA CF. CoNFLITO
CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O Juízo DE
DIREITO DA 2" VARA CÍVEL DE CuBATÃo- SP. I- Mesmo
após a Emenda Constitucional45/2004, manteve-se intacto
o artigo 109, inciso I, da Constituição Federal, no tocante à
competência para processar e julgar as ações de acidente do
trabalho. li- A ausência de modificação do artigo 109, inciso
I, da Constituição Federal, no tocante às ações de acidente
de trabalho, não permite outro entendimento que não seja o
de que permanece a Justiça Estadual como a única compe-
tente para julgar demandas acidentárias, não tendo havido
deslocamento desta competência para a Justiça do Trabalho
(artigo 114 da Constituição Federal). (... ) 104

Alternativa D- De acordo com a Súmula 730 do STF, "a imunidade tribu-


tária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo
art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários".
Gabarito: C

104 STf, CC 478ll/SP, Rei. Min. Gilson Dipp, 3• T., DJ 11/05/2005, p. 161.

309 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

24. Em relação ao salário de benefício, assinale a opção correta.

a) Tratando-se de auxílio-doença, o salário de benefício deve ser calculado pela


média aritmética simples dos maiores salários de contribuição corresponden-
tes a 80% de todo o período contributivo.
b) Tratando-se de auxílio-acidente, o salário de benefício é a média aritmética
simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo
o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário.
c) Devem ser considerados para o cálculo do salário de benefício os ganhos habi-
tuais do segurado empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente
ou de utilidades, sobre os quais tenham incidido contribuições previdenciá-
rias, inclusive décimo terceiro salário. ·
d) Não deve ser considerado, para o cálculo do salário de benefício, qualquer
aumento do salário de contribuição que exceda o limite legal, inclusive ovo-
luntariamente concedido nos 36 meses imediatamente anteriores ao início do
benefício, ainda que homologado pela justiça do trabalho, resultante de pro-
moção regulada por normas gerais da empresa, admitida pela legislação do
trabalho, de sentença normativa ou de reajustamento salarial obtido pela ca-
tegoria respectiva.

Alternativas A e B - O valor do benefício de prestação continuada, inclusive


o regido por norma especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o
salário-família e o salário-maternidade, será calculado com base no salário
de benefício (Lei 8.212/91, art. 28). A partir dessa base é que será calculado
o valor da renda mensal inicial desses benefícios, por meio de aplicação de
percentuais previstos em lei. Por exemplo: a renda mensal inicial do auxí-
lio-doença corresponde a 91% do salário de benefício. Assim, se o salário de
benefício calculado for o equivalente a R$ 1.000,00, a renda mensal inicial
do auxílio-doença será de R$ 910,00. Mas vale frisar que o auxílio-doença
não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 salários de
contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcança-
do o número de 12, a média aritmética simples dos salários de contribuição
existentes (Lei 8.213/91, art. 29, § 10).
De acordo com o art. 29 da Lei 8.213/91, o salário de benefício consiste: (I)
para os benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição e aposenta-
doria por idade, na média aritmética simples dos maiores salários de contri-
buição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada
pelo fator previdenciário; (11) para os benefícios de aposentadoria por inva-
lidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média

Hugo Goes 310


Procurador do município de Natal/2008

aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a


80% de todo o período contributivo.
O fator previdenciário >erá calculado considerando-se a idade, a expectativa
de sobrevida e o temp:) de contribuição do segurado ao se aposentar (Lei
8.213/91, art. 29, § 7°).
O salário de benefício do segurado especial, em regra, consiste no valor
equivalente ao salário mínimo (Lei 8.213/91, art. 29, § 6°). Contudo, quando
o segurado especial contribui, facultativamente, com 20% sobre o salário de
contribuição, o seu salário de benefício será calculado usando-se as mesmas
regras adotadas para os demais segurados.
Alternativa C - Confo::-me a Lei 8.213/91, art. 29, § 3°, "serão considerados
para cálculo do salário de benefício os ganhos habituais do segurado em-
pregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades,
sobre os quais tenha incidido contribuições previdenciárias, exceto o décimo
terceiro salário (gratifi-:ação natalina)".
Alternativa D- De acordo com o § 4° do art. art. 29 da Lei 8.213/91, "não
será considerado, para •J cálculo do salário de benefício, o aumento dos salá-
rios de contribuição que exceder o limite legal, inclusive o voluntariamente
concedido nos 36 (trinta e seis) meses imediatamente anteriores ao início
do benefício, salvo se homologado pela Justiça do Trabalho, resultante de
promoção regulada por normas gerais da empresa, admitida pela legislação
do trabalho, de sentença normativa ou de reajustamento salarial obtido pela
categoria respectiva".

Observação:
De acordo com o gabarito preliminar desta prova·, a alternativa A havia
sido considerada coiÜo correta, pois corresponde aregra prevista para a
maioria dos seg!lrados da prévidênda social. Mas; ·como visto, para os
segurados especiais, vigora regra distinta. Por isso, no gabarito definitivo,
a questão foi anulada.

Gabarito: anulada.

311 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

25. Célio, segurado obrigatório da previdência social, trabalha em uma fábrica de sapa-
tos em Natal- RN desde janeiro de 2000. Em virtude de ter sido infectado pelo ví-
rus da dengue durante seu descanso semanal, no primeiro domingo de fevereiro de
2008, necessitou afastar-se de suas atividades laborais pelo período de trinta dias.
Tendo como referência essa situação hipotética e com base na legislação que rege
o benefício do auxílio-doença, assinale a opção correta.

a) Célio tem direito à percepção do auxílio-doença, e o benefício é devido a par-


tir do décimo sexto dia do afastamento da atividade, uma vez que, durante os
primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento, incumbe à empresa pagar
o seu salário integraL
b) Célio não tem direito à percepção de auxílio-doença, uma vez que o período
de carência desse benefício é de 180 contribuições mensais.
c) O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consiste em
uma renda mensal correspondente a 100% do salário de benefício.
d) Se a empresa em que Célio trabalha dispuser de serviço médico, próprio ou
em convênio, ele não deverá ser encaminhado à perícia médica da previdên-
cia social, uma vez que a incapacidade não superou 30 dias.

Alternativas A e B- O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapa-
citado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15
(quinze) dias consecutivos (Lei 8.213/91, art. 59).
O período de carência para a concessão do auxílio-doença é, em regra, de 12
contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a concessão indepen-
de de carência nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente
de qualquer natureza ou causa, de doença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de
alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação
mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença
de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida
(Aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada (Lei 8.213/91, art. 26, li c/c art. 151).
O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo
sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a
contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz
(Lei 8.213/91, art. 60, caput). Quando requerido por segurado afastado da

Hugo Goes 312


Procurador do município de Natal/2008

atividade por mais de trinta dias, o auxílio-doença será devido a contar da


data da entrada do requerimento (Lei 8.213/91, art. 60, § 1°). Durante os pri-
meiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo
de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário
integral (Lei 8.213/91, art. 60, § 3°).
Na situação hipotética apresentada pela questão em análise, Célio terá direito
ao auxílio-doença a partir do décimo sexto dia do afastamento da atividade,
pois ficou incapacitado para o seu trabalho por mais de quinze dias conse-
cutivos e já cumpriu o período de carência.
Alternativa C- O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do tra-
balho, consistirá numa renda mensal correspondente a 91% (noventa e um
por cento) do salário de benefício (Lei 8.213/91, art. 61). Mas vale frisar que
o auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos
12 salários de contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou,
se não alcançado o número de 12, a média aritmética simples dos salários
de contribuição existentes (Lei 8.213/91, art. 29, § 10).
Alternativa D - A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou
em convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono das faltas corres-
pondentes ao período referente aos primeiros quinze dias consecutivos de
afastamento, somente devendo encaminhar o segurado à perícia médica
da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar quinze dias (Lei
8.213/91, art. 60, § 4°).
Na situação hipotética apresentada pela questão em análise, Célio deve ser
encaminhado à perícia médica da Previdência Social, pois a incapacidade
ultrapassou quinze dias.
Gabarito: A

26. Acerca dos benefícios previdenciários, assinale a opção correta.

a) A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o se-
gurado empregado tenha cumprido o período de carência e completado 70
anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 anos de idade, se do sexo femini-
no, caso em que deve ser garantida ao empregado a indenização prevista na
legislação trabalhista.
b) O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assis-
tência permanente de outra pessoa deve ser acrescido de 25%, desde que não
ultrapasse o limite máximo legal.

313 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

c) A concessão de aposentadoria especial depende de comprovação pelo segurado,


perante o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do tempo de trabalho per-
manente, ocasional ou intermitente, em condições especiais que prejudiquem
a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.
d) Em regra, o valor mensal da pensão por morte equivale a 91 o/o do valor da apo-
sentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse
aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

Alternativa A - De acordo com o art. 51 da Lei 8.213/91, a aposentadoria


por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado empregado
tenha cumprido o período de carência e completado 70 (setenta) anos de ida-
de, se do sexo masculino, ou 65 (sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino,
sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado a indenização
prevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do
contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da aposentadoria.
Na situação aqui descrita, a aposentadoria é compulsória sob o ponto de vista
do segurado. A empresa "pode" requerer, mas não é obrigada a requerer a
aposentadoria do segurado com 70 anos de idade (homem) ou 65 (mulher).
Assim, do ponto de vista da empresa, a aposentadoria não é compulsória.
Alternativa B - O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que
necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de
25% (Lei 8.213/91, art. 45). O acréscimo será devido, ainda que o valor da
aposentadoria ultrapasse o limite máximo do salário de contribuição. Esse
acréscimo cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporado ao
valor da pensão por morte.
O anexo I do Regulamento da Previdência Social relaciona as situações em
que o aposentado por invalidez terá direito à majoração de 25% na renda
mensal de seu benefício. São as seguintes:
1 - Cegueira total.
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.
3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.
4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for
impossível.
5 - Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível. .
6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for
impossível.

Hugo Goes 314


Procurador do município de Natai/2C08

7- Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgâ-


nica e social.
8 - Doença que exija permanência contínua no leito.
9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.
Alternativa C - A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contri-
buinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de
trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos,
conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física (RPS, art. 64).
A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo
segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saú-
de ou a integridade física, durante o período mínimo de 15, 20 ou 25 anos,
conforme o caso (Ir-i 8.213/91, art. 57, § 3°).
O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, a efetiva exposição
aos agentes nocivo~ químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao
exigido para a concessão do benefício (Lei 8.213/91, art. 57, § 4°). Assim, o
fato de pertencer a certa categoria profissional não é suficiente para definir
o direito à aposentadoria especial. Cada segurado deve comprovar a efetiva
exposição aos agentes nocivos.
Considera-se trabalho permanente aquele que é exercido de fo~ma não oca-
sional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador
avulso ou do coope::-ado ao agente nocivo seja indissociável da produção do
bem ou da prestação do serviço (RPS, art. 65). Entretanto, incluem-se também
os períodos de descmso determinados pela legislação trabalhista, inclusive
férias, os de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doença
ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como os de percepção de
salário-maternidad~, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse
exercendo atividade considerada especial (RPS, art. 65, parágrafo único).
A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será
feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário
(PPP), emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico
de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho (RPS, art. 68, § 2°).

315 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa D - O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento
do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria
direito se estivesse aposentado por invalidez nc.. data de seu falecimento (Lei
8.213/91, art. 75). A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de
acidente do trabalho, consistirá numa renda mçnsal correspondente a 100%
(cem por cento) do salário de benefício (Lei 8.213/91, art. 44).
Se o segurado falecido já era aposentado, a renda mensal inicial da pensão
por morte a ser deixada para os seus dependentes será de 100% do valor da
aposentadoria que ele recebia. Mas, se o segurado não era aposentado, o
valor da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria que ele
teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.
Vale dizer, se o segurado falecido não era aposentado, para efeito de cálculo
da pensão por morte, utiliza-se a mesma regra de cálculo da aposentadoria
por invalidez, que corresponde a 100% do salário de benefício.
Gabarito: A

27. Joana é segurada da previdência social, na qualidade de empregada doméstica, há


seis meses. Por compaixão, adotou Gabriel, criança carente de cinco anos de idade.
Com relação a essa situação hipotética e às norma~ que disciplinam o salário-ma-
ternidade, assinale a opção correta.

a) Joana não tem direito à percepção de salário-maternidade, uma vez que não cum-
priu o período de carência exigido pela lei, que é de dez contribuições mensais.
b) O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante 120
dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência
deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que con-
cerne à proteção à maternidade, não existindo, porém, previsão para o paga-
mento desse benefício à adotante.
c) A Joana é devido o salário-maternidade pago diretamente pela previdência
social pelo período de 30 dias, não se exigindo, no caso, período de carência
para a concessão desse benefício.
d) Na hipótese de Joana auferir remuneração superior ao limite máximo fixado
para o valor dos benefícios no RGPS, cabe ao INSS o pagamento do benefí-
cio até o valor-limite e, ao empregador, complementar o valor total recebido
pela segurada em atividade.

Alternativa A - Salário-maternidade é o benefício devido à segurada da


Previdência Social em função do parto, de aborto não criminoso, da adoção

Hugo Goes 316


Procurador do município de Natal/2008

ou da guarda judicial obtida para fins de adoção de criança pelo período


estabelecido em lei, conforme o motivo da licença.
Para as seguradas contribuinte individual, especial e facultativa, o período de
carência so salário-maternidade é de 10 contribuições mensais (Lei 8.213/91,
art. 25, III).
Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo
de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual
ao número de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS,
art. 26, § 1°). Assim, será devido o salário-maternidade à segurada especial,
desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses
imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua (RPS,
art. 93, § 2°). Portanto, não se exige da segurada especial que tenha recolhido
10 contribuições mensais, bastando que tenha exercido a atividade rural nos
últimos 10 meses anteriores ao parto ou à data do requerimento do benefício.
Para as seguradas empregada, trabalhadora qvulsa e empregada doméstica,
a concessão do salário-maternidade independe de carência (Lei 8.213/91,
art. 26, VI).
Em caso de parto antecipado, o período de carência (quando exigido) será
reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em
que o parto foi antecipado (L~i 8.213, art. 25, parágrafo único).
Alternativas B e C- O salário-Il).aternidade é devido à segurada da previ-
dência social, durante 120 dias, com início 28 dias antes e término 91 dias
depois do parto (RPS, art. 93). Em caso de aborto não criminoso, comprovado
mediante atestado médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade
correspondente a duas semanas (RPS, art. 93, § 5°).
Na época em que essa questão foi aplicada (ano de 2008), à segurada da Pre-
vidência Social que adotasse ou obtivesse guarda judicial para fins de adoção
de criança era devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias, se a criança tivesse até 1 (um) ano de idade, de 60 (sessenta) dias, se a
criança tivesse entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade, e de 30 (trinta) dias,
se a criança tivesse de 4 (quatro) a 8 (oito) anos de idade (Lei 8.213/91, art.
71-A). Mas, atualmente, ao segurado ou segurada da Previdência Social que
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido
salário-maternidade pelo período de 120 dias (Lei 8.213/91, art. 71-A, na
redação dada pela Lei 12.873/2013). Nos casos de adoção ou guarda judicial

317 Prova 17
Direito Previdenciário Cespe

para fins de adoção, o salário-maternidade será pago diretamente pela Pre-


vidência Social.
Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à respectiva empregada
gestante, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das con-
tribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço (Lei
8.213/91, art. 72, § 1°). Para as demais seguradas, o salário-maternidade será
pago diretamente pela Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 72, § 3° e art. 73).
Na hipótese de adoção ou guarda judicial para fins de adoção, o salário-
-maternidade será pago diretamente pela Previdência Social, mesmo que a
adotante seja segurada empregada (Lei 8.213/91, art. 71-A, parágrafo único).
Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), a letra C foi consi-
derada como certa, mas, se fosse aplicada hoje, ela seria considerada como
errada, pois atualmente, em caso de adoção ou guarda judicial para fins de
adoção, o prazo de duração do salário-maternidade é de 120 dias, indepen-
dentemente da idade da criança.
Alternativa D - O salário-maternidade para a segurada empregada consiste
numa renda mensal igual à sua remuneração integral, não podendo exce-
der o subsídio mensal dos ministros do STF (RPS, art. 94, e CF, art. 248 c/c
art. 37, XI).
Caso a remuneração integral da segurada seja superior ao subsídio mensal
dos ministros do STF, caberá à empresa o pagamento da diferença, pois a
Constituição Federal assegura "licença à gestante, sem prejuízo do emprego
e do salário, com a duração de 120 dias" (CF, art. 7°, XVIII). Neste caso, o
ônus financeiro do INSS será limitado ao valor do subsídio dos ministros
do STF; o que passar daí será ônus da empresa.
O salário-maternidade da segurada trabalhadora avulsa, pago diretamente
pela previdência social, consiste numa renda mensal igual à sua remuneração
integral equivalente a um mês de trabalho (RPS, art. 100). De acordo com
o disposto no art. 248 da Constituição Federal, os benefícios pagos pelo
RGPS observarão os limites fixados no art. 37, XI, da CF, ou seja, não podem
exceder o subsídio dos ministros do STF. Assim, o salário-maternidade da
trabalhadora avulsa também não pode ser superior ao subsídio mensal dos
ministros do STF.
Nos termos do art. 101 do Regulamento da Previdência Social (RPS), o
salário-maternidade para as demais seguradas consistirá: (I) em valor

Hugo Goes 318


Procurador do município de Natal/2008

correspondente ao do seu último salário de contribuição, para a segurada


empregada doméstica; (11) em um salário mínimo, para a segurada especial;
(III) em 1112 da soma dos doze últimos salários de contribuição, apurados
em período não superior a quinze meses, para as seguradas contribuinte
individual e facultativa.
Na situação hipotética apresentada pela questão em análise, o valor mensal
do salário-maternidade da empregada doméstica Joana corresponderá ao seu
último salário de contribuição. Se, por exemplo, a última remuneração de
Joana foi R$ 5.000,00, o seu último salário de contribuição foi R$ 4.663,75.
Neste caso, o valor mensal do salário-maternidade seria R$ 4.663,75, não
cabendo nenhuma complementação por parte do empregador.
Gabarito: C

319 Prova 17
Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética acer-
ca da identificação dos segurados da previdência social, seguida de uma asserti-
va a ser julgada.
81. Miguel, civil, brasileiro nato que mora há muito tempo na Suíça, foi contrata-
do em Genebra para trabalhar na Organização Mundial de Saúde. Seu objetivo
é trabalhar nessa entidade por alguns anos e retornar ao Brasil, razão pela qual
optou por não se filiar ao regime próprio daquela organização. Nessa situação,
Miguel é segurado obrigatório da previdência social brasileira na qualidade de
contribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, V, "e", entre outros, é segurado obriga-
tório do RGPS, como contribuinte individual, "o brasileiro civil que trabalha
no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro
efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social". O dispositivo legal cuida da situação
de brasileiro civil que presta serviço no exterior a organismos oficiais in-
ternacionais, como ONU, OIT e OMS, ainda que contratado e domiciliado
no exterior. Aqui, o contratante do serviço é o próprio organismo oficial
internacional. Se o trabalhador fosse contratado pela União, para prestação
do serviço em organismo oficial internacional, seria segurado empregado, e
não contribuinte individual (Lei 8.213/91, art. 11, I, "e"). O dispositivo exclui
o brasileiro militar, pois este tem regime próprio de previdência.
Na situação hipotética apresentada pela questão em exame, Miguel, brasi-
leiro civil, trabalha na Suíça para a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A OMS é um organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro
efetivo. A questão informa que Miguel não é amparado por regime próprio
de previdência social. Neste caso, Miguel, embora contratado e domiciliado

321
Direito Previdenciário Cespe

na Suíça, é segurado obrigatório da previdência social brasileira (RGPS) na


qualidade de contribuinte individual. Gabarito: certo.

82. Claudionor tem uma pequena lavoura de feijão em seu sítio e exerce sua ativi-
dade rural apenas com o auxílio da família. Dos seus filhos, somente Aparecida
trabalha fora do sítio. Embora ajude diariamente na manutenção da plantação,
Aparecida também exerce atividade remunerada no grupo escolar próximo à pro-
priedade da família. Nessa situação, Claudionor e toda a sua família são segura-
dos especiais da previdência social.

( ) certo ) errado

As normas aplicadas ao segurado especial estão previstas na Lei 8.213/91,


art. 11, VII, in verbis:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas:
[... ]
VII - como segurado especial: a pessoa física residente no
imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a
ele que, individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor,
assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário
ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas
atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2°
da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas
atividades o principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da
pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16
(dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado
de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprova-
damente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.

Hugo Goes 322


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a ativida-


de em que o trabalho dos membros da família é indispensável
à própria subs:stência e ao desenvolvimento socioeconômico
do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua de-
pendência e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes.
[... ]
§ 6° Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge
ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos
ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas
atividades rurais do grupo familiar.
§ 7° O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados con-
tratados por prazo determinado ou de trabalhador de que
trata a alínea g do inciso V do caput, à razão de no máximo
120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos
corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente
em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo
o período de afastamento em decorrência da percepção de
auxílio-doença.
§ 8° Não descaracteriza a condição de segurado especial:

I- a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, mea-


ção ou comodato, de até 50% (cinquenta por cento) de imóvel
rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos
fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exer-
cer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de·
economia familiar;
II - a exploração da atividade turística da propriedade rural,
inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e
vinte) dias ao ano;
III - a participação em plano de previdência complementar
instituído por entidade classista a que seja associado em razão
da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em
regime de economia familiar;
IV - ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que
tem algum componente que seja beneficiário de programa
assistencial oficial de governo;
V - a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da
atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização

323 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei n° 8.212, de 24


de julho de 1991;
VI - a associação em cooperativa agropecuária; e
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industriali-
zados - IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas
nos termos do § 12.
§ 9° Não é segurado especial o membro de grupo familiar que
possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:
I - benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou
auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício
de prestação continuada da Previdência Social;
II - benefício previdenciário pela participação em plano de
previdência complementar instituído nos termos do inciso
IV do § 8° deste artigo;
-III - exercício de atividade remunerada em período não
superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados,
no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei
n° 8.212, de 24 de julho de 1991;
IV - exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de
organização da categoria de trabalhadores rurais;
V - exercício de mandato de vereador do Município em que
desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa
rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais,
observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei n° 8.212, de
24 de julho de 1991;
VI - parceria ou meação outorgada na forma e condições
estabelecidas no inciso I do § 8° deste artigo;
VII - atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima
produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser
utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda
mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício
de prestação continuada da Previdência Social; e
VIII - atividade artística, desde que em valor mensal inferior
ao menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social.
§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria:
I - a contar do primeiro dia do mês em que:

HugoGoes 324
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso


VII do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no
art. 15 desta Lei, ou exceder qualquer dos limites estabe-
lecidos no inciso I do § 8° deste artigo;
b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado
obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, res-
salvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9° e
no§ 12, sem prejuízo do disposto no art. 15;
c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previ-
denciário; e
d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples,
como empresário individual ou como titular de empresa
individual de responsabilidade limitada em desacordo
com as limitações impostas pelo§ 12;
li - a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da
ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder
o limite de:
a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que
se refere o § 7° deste artigo;
b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso 111
do § 9° deste artigo; e
c) dias de hospedagem a que se refere o inciso li do § 8°
deste artigo.

As informações apresentadas pela questão ora analisada não são suficientes


para que se afirme que Claudionor seja segurado especial. O enunciado
não informa, por exemplo, a área da propriedade rural. Se o produtor rural
explora atividade agropecuária, para se enquadrar como segurado especial,
a área da propriedade não pode superar a 4 (quatro) módulos fiscais (Lei
8.213/91, art. 11, VII, "a", 1). Caso o imóvel rural tenha área superior a 4
(quatro) módulos fiscais, o produtor rural será segurado obrigatório do
RGPS, na condição de contribuinte individual.
Mas mesmo que Claudionor seja considerado como segurado especial, a sua
filha Aparecida não é segurada especial, pois possui outra fonte de rendi-
mento não contemplada pelas exceções constantes do § 9° do art. 11 da Lei
8.213/91 (transcrito na página anterior). Gabarito: errado.

325 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

83. Nelson ocupa cargo em comissão, de livre nomeação e exoneração, na Secretaria


de Saúde de uma prefeitura que instituiu regime próprio de previdência social.
Nessa condição, apesar de trabalhar em município com regime próprio de pre-
vidência, Nelson é segurado empregado do regime geral.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o Regulamento da Previdência Social, art. 9°, I, "i", entre


outros, é segurado obrigatório do RGPS, como empregado, "o servidor da
União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e
fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração".
Veja que para ser segurado do RGPS, como empregado, o servidor deve exer-
cer, de modo exclusivo, cargo em comissão, sem ocupar cargo efetivo que o
vincule a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Se, porventura, um
servidor ocupante de cargo efetivo, amparado por RPPS, ocupar um cargo
em comissão, mesmo que seja em outra esfera de governo, permanecerá vin-
culado ao regime próprio de origem e, por conseguinte, excluído do RGPS.
A banca examinadora anulou o item ora analisado por insuficiência de
dados (ausência de informação quanto à natureza do cargo do segurado: se
exclusivo ou não). Gabarito: anulado.

84. Beatriz trabalha, em Brasília, na sucursal da Organização das Nações Unidas e não
tem vinculação com regime de previdência estrangeiro. Nessa situação, Beatriz é
segurada da previdência social brasileira na condição de contribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, I, "i", entre outros, é segurado obriga-
tório do RGPS, como empregado, "o empregado de organismo oficial inter-
nacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto
por regime próprio de previdência social". Por exemplo: as organizações
internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) ou a Orga-
nização Internacional do Trabalho (OIT), que contratam empregados para
trabalhar em suas repartições em funcionamento no Brasil. Nessa situação,
esses trabalhadores são segurados obrigatórios do RGPS, na qualidade de
segurado empregado. Porém, se forem amparados por regime próprio de
previdência social, estarão excluídos do RGPS. Gabarito: errado.

Hugo Goes 326


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

85. Otávio, contador, é aposentado por regime próprio de previdência social e come-
çou a prestar serviços de contabilidade em sua residência. Dada a qualidade de
seus serviços, logo foi contratado para dar expediente em uma grande empresa
da cidade. Nessa situação, Otávio não é segurado do regime geral, tanto por ter
pertencido a um regime próprio, quanto por ser aposentado.

( ) certo ( ) errado

O aposentado por qualquer regime de previdência social que exerça ativi-


dade remunerada abrangida pelo RGPS é segurado obrigatório em relação
a essa atividade, ficando sujeito às contribuições destinadas ao custeio da
seguridade social (Lei 8.212/91, art. 12, § 4°, e art. 13, § 1°). Confira-se, nesse
sentido, o seguinte julgado do STF:

Contribuição previdenciária: aposentado que retoma à


atividade: CF, art. 201, § 4°; L. 8.212/91, art. 12: aplicação
à espécie, rnutatis rnutandis, da decisão plenária da ADin
3.105, red.p/acórdão Peluso, DJ 18/2/05. A contribuição
previdenciária do aposentado que retoma à atividade está
amparada no princípio da universalidade do custeio da Pre-
vidência Social (CF, art. 195); o art. 201, § 4°, da Constituição
Federal remete à lei os casos em que a contribuição repercute
nos benefícios. 105

Gabarito: errado.

Ainda em relação à identificação dos segurados da previdência social, julgue os


itens a seguir.
86. Um síndico de condomínio que resida no condomínio que administra e receba
remuneração por essa atividade é segurado da previdência social na qualidade
de empregado.

( ) certo ( ) errado

O síndico de condomínio, quando remunerado, é segurado obrigatório


do RGPS como contribuinte individual (Lei 8.213/91, art. 11, V, "f"). Caso
ele não receba remuneração direta, mas seja isento da taxa condominial,

105 STF, RE 437640/RS, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 02/03/2007.

327 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

também será contribuinte individual, pois essa isenção corresponde a uma


remuneração indireta destinada a retribuir o seu trabalho. Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado do STJ:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O PRO LABORE


E SOBRE A ISENÇÃO DA QUOTA CONDOMINIAL DOS SÍNDICOS.
ART. 1° DA LEI COMPLEMENTAR N° 84/96. CONDOMÍNIO.
CARACTERIZAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. LEI N° 9.876/99· INCI-
DÊNCIA. I- É devida a contribuição social sobre o pagamento
do pro labore aos síndicos de condomínios imobiliários,
assim como sobre a isenção da taxa condominial devida a
eles, na vigência da Lei Complementar n° 84/96, porquan-
to a Instrução Normativa do INSS no 06/96 não ampliou
os seus conceitos, caracterizando-se o condomínio como
pessoa jurídica, à semelhança das cooperativas, mormente
. não objetivar o lucro e não realizar exploração de atividade
econômica. 11 - A partir da promulgação da Lei no 9.876/99,
a qual alterou a redação do art. 12, inciso V, alínea "f", da Lei
no 8.212/91, com as posteriores modificações advindas da MP
no 83/2002, transformada na Lei no 10.666/2003, previu-se
expressamente tal exação, confirmando a legalidade da co-
brança da contribuição previdenciária. 111- Recurso especial
improvido. 106

Já o síndico que, além de não ser remunerado, paga a taxa de condomínio não
é segurado obrigatório, podendo ser, se assim desejar, segurado facultativo
(RPS, art. 11, § 1°, 11). Gabarito: errado.

87. Um cidadão belga que seja domiciliado e contratado no Brasil por empresa nacional
para trabalhar como engenheiro na construção de uma rodovia em Moçambique é
segurado da previdência social brasileira na qualidade de empregado.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, I, "c", entre ·::>utros, é segurado obriga-
tório do RGPS, como empregado, "o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e

106 STJ, REsp 411832/RS, Rei. Min. Francisco Falcão, I' T., DJ 19/12/2005, p. 211.

HugoGoes 328
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência


de empresa nacional no exterior".
É muito comum o empregado (brasileiro ou estrangeiro domiciliado no
Brasil) ser contratado no Brasil por uma empresa brasileira e depois ser
transferido para o exterior. É o que ocorre, por exemplo, quando uma
construtora brasileira vai construir uma obra na África e transfere parte de
seus empregados para trabalharem nesta obra. Neste caso, os empregados
permanecem vinculados ao RGPS, na condição de segurados empregados.
Gabarito: certo.

88. Um adolescente de 14 anos de idade, menor aprendiz, contratado de acordo com


a Lei n° 10.097/2000, apesar de ter menos de 16 anos de idade, que é o piso para
inscrição na previdência social, é segurado empregado do regime geral.

( ) certo ( ) errado

Entre outros, deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de segurado


empregado "o aprendiz, maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos,
ressalvado o portador de deficiência, ao qual não se aplica o limite máximo
de idade, sujeito à formação técnica-profissional metódica, sob a orientação
de entidade qualificada, conforme disposto nos arts. 428 e 433 da CLT" (IN
RFB 971/2009, art. 6°, II).
O aprendiz é o único segurado que pode filiar-se ao RGPS com menos de
16 anos de idade, pois é proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos
de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (CF, art. 7°,
XXXIII, e CLT, art. 403).
Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por
escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete
a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de
aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o
seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar
com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação (CLT, art. 428).
A idade máxima de 24 anos não se aplica a aprendizes portadores de defi-
ciência (CLT, art. 428, §5°).
A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira
de Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na
escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa

329 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em


formação técnico-profissional metódica. Nas localidades onde não houver
oferta de ensino médio, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a
frequência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental.
O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois)
anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. Ao menor
aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo-
-hora. Gabarito: certo.

89. Um tabelião que seja titular do cartório de registro de imóveis em determinado


município é vinculado ao respectivo regime de previdência estadual, pois a ati-
vidade que exerce é controlada pelo Poder Judiciário.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o Regulamento da Previdência Social, entre outros, é segurado


obrigatório do RGPS, como contribuinte individual, "o notário ou tabelião e o
oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação
do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres
públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994" (RPS, art. 9°, § 15,
VII). Gabarito: errado.

90. Para a previdência social, uma pessoa que administra a construção de uma casa,
contratando pedreiros e auxiliares para edificação da obra, é considerada con-
tribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 11, V, "h", entre outros, é segurado obri-
gatório do RGPS, como contribuinte individual, "a pessoa física que exerce,
por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não". Nesse mesmo sentido, o Regulamento da Previdência
Social enquadra "a pessoa física que edifica obra de construção civil" como
segurada obrigatória do RGPS, na qualidade de contribuinte individual (RPS,
art. 9°, § 15, IX). Assim, uma pessoa que foi contratada para administrar a
construção de uma casa, contratando pedreiros e auxiliares para edificação
da obra, é considerada contribuinte individual. Gabarito: certo.

Hugo Goes 330


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

Acerca de princípios da seguridade social, julgue os itens a seguir.


91. Pelo fato de serem concedidos independentemente de contribuição, os benefícios
e serviços prestados na área de assistência social prescindem da respectiva fonte
de custeio prévio.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 203 da Constituição Federal, a assistência social será


prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à se-
guridade social. Assim, esse ramo da seguridade social tratará de atender
os hipossuficientes, destinando pequenos benefícios a pessoas que nunca
contribuíram para o sistema.
Nos termos do§ 5° do art. 195 da Constituição Federal, "nenhum benefício
ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem
a correspondente fonte de custeio total". Esse princípio tem como objetivo
assegurar o equilíbrio financeiro da seguridade social: o caixa da seguridade
social só pode pagar o benefício se existir dinheiro para isso. Perceba-se que
esse princípio se aplica não somente à previdência social, mas à seguridade
social como um todo. Assim, será inconstitucional a lei que criar um bene-
fício-, previdenciário ou assistencial, sem também criar a fonte de custeio.
Diante do exposto, conclui-se que, no tocante à assistência social, serão obser-
vadas as seguintes regras: (a) será prestada independentemente de contribuição
por parte do beneficiário; (b) para que as prestações sejam criadas, majoradas
ou estendidas, é imprescindível a existência de fonte de custeio total. As prin-
cipais fontes de custeio são as contribuições sociais pagas por toda sociedade.
Portanto, é errado afirmar que as prestações da assistência social prescindem
(dispensam, abrem mão) de fonte de custeio prévio. Gabarito: errado.

92. De acordo com recentes alterações constitucionais, as contribuições sociais que


financiam a seguridade social somente poderão ser exigidas depois de decorridos
noventa dias da publicação da lei que as houver instituído ou modificado. Essas
alterações também acrescentaram, no que concerne a esse assunto, a exigência
da anterioridade do exercício financeiro.

( ) certo ( ) errado

As contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social só po-


derão ser exigidas depois de decorridos noventa dias da data da publicação

331 Prova 18
u11eno nev1aene~ano Cespe

da lei que as houver instituído ou modificado (CF, art. 195, § 6°). Trata-se,
aqui, do princípio da anterioridade nonagesimal, também conhecido como
princípio da noventena ou da anterioridade mitigada.
As modificações que estão sujeitas à anterioridade nonagesimal são as que
representem uma efetiva onerosidade para o contribuinte. As modificações
menos onerosas ao contribuinte podem ser aplicadas desde a entrada em
vigor da lei nova.
O princípio da anterioridade nonagesimal tem como objetivo proteger o
contribuinte contra o fator surpresa. A noventena é o tempo necessário para
que o contribuinte ajuste seu planejamento financeiro, visando ao pagamento
da contribuição.
Para os demais tributos, com algumas exceções, além da anterioridade no-
nagesimal, aplica-se também o princípio da anterioridade anual (ou anterio-
ridade do exercício financeiro). De acordo com o princípio da anterioridade
anual, os tributos não podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro
em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150,
III, "b"). Para as contribuições destinadas à seguridade social, o princípio da
anterioridade do exercício financeiro não se aplica. Para essas contribuições,
aplica-se apenas a anterioridade nonagesimal. Gabarito: errado.

Em cada um dos itens que se seguem, é apresentada uma situação hipotética, se-
guida de uma assertiva a ser julgada.
93. Célia, professora de uma universidade, eventualmente, presta serviços de con-
sultoria na área de educação. Por isso, Célia é segurada empregada pela atividade
de docência e contribuinte individual quando presta consultoria. Nessa situação,
Célia tem uma filiação para cada atividade.

( ) certo ( ) errado

O enunciado deste item informa que Célia é professora de uma universidade,


mas não informa se a universidade é pública ou privada. Diante da falta de
informação, vamos presumir que a universidade seja privada.
Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remu-
nerada sujeita ao RGPS é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma
delas (Lei 8.213/91, art. 11, § 2°).
No tocante à atividade de professora universitária, presume-se que Célia
presta serviço em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante

HugoGoes 332
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

remuneração. Assim sendo, em relação a esta atividade, Célia é segurada


obrigatória do RGPS, como empregada (Lei 8.213/91, art. 11, I, "a").
De acordo com a Lei 8.213/91, art. li, V, "g", entre outros, é segurado obri-
gatório do RGPS, como contribuinte individual, a pessoa física que presta
serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego.
Na questão em tela, Célia, além da atividade de professora universitária,
também presta, eventualmente, serviços de consultoria na área de educação.
Em relação à atividade de consultoria, Célia é segurada obrigatória do RGPS,
como contribuinte individual (Lei 8.213/91, art. 11, V, "g"). Gabarito: certo.

94. Fernanda foi casada com Lucas, ambos segurados da previdência social. Há mui-
to tempo separados, resolveram formalizar o divórcio e, pelo fato de ambos tra-
balharem, não foi necessária a prestação de alimentos entre eles. Nessa situação,
Fernanda e Lucas, após o divórcio, deixarão de ser dependentes um do outro jun-
to à previdência social.

( ) certo ( ) errado

Para o cônjuge, a perda da qualidade de dependente ocorre pela separação ju-


dicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos,
pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada
em julgado (RPS, art. 17, I). Nes'te mesmo sentido, o § 2° do art. 76 da Lei
8.213/91 dispõe que "o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de
fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições
com os dependentes preferenciais".
Assim, em caso de separação- seja judicial ou de fato- ou de divórcio, o fator
determinante para a manutenção da qualidade de dependente é o recebimen-
to de pensão alimentícia. Entretanto, de acordo com o entendimento do STJ,
"a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade
econômica superveniente" (Súmula 336 do STJ).
Na questão em tela, os cônjuges são divorciados e, pelo fato de ambos traba-
lharem, não foi necessária a prestação de alimentos entre eles. Nessa situação,
pode-se afirmar que, para fins previdenciários, Fernanda e Lucas deixaram
de ser dependentes um do outro. Gabarito: certo.

333 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

95. Osvaldo cumpriu pena de reclusão devido à prática de crime de fraude contra a em-
presa em que trabalhava. No período em que esteve na empresa, Osvaldo era segu-
rado da previdência social. Nessa situação, Osvaldo tem direito de continuar como
segurado da previdência social por até dezoito meses após o seu livramento.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 15, V, o segurado detido ou recluso man-
tém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até 12
(doze) meses após o livramento.
A pessoa que antes de ser recolhida à prisão já era segurada do RGPS mantém
essa qualidade até 12 meses após o livramento. Durante o período em que
estiver presa, ela também mantém a qualidade de segurada. Gabarito: errado.

96. Alzira, estudante, filiou-se facultativamente ao regime geral de previdência so-


cial, passando a contribuir regularmente. Em razão de dificuldades financeiras,
Alzira deixou de efetuar esse recolhimento por oito meses. Nessa situação, Alzira
não deixou de ser segurada, uma vez que a condição de segurado permanece por
até doze meses após a cessação das contribuições.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.213/91, art. 15, VI, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 6 (seis) meses após a cessação das
contribuições, o segurado facultativo.
Atrasando o recolhimento de suas contribuições previdenciárias por até 6
meses, o segurado facultativo ainda permanece com a qualidade de segura-
do mantida. Todavia, se atrasar o recolhimento de suas contribuições por 7
meses consecutivos, perde a qualidade de segurado. Gabarito: errado.

97. Ronaldo, afastado de suas atividades laborais, tem recebido auxílio-doença. Nes-
sa situação, a condição de segurado de Ronaldo será mantida sem limite de pra-
zo, enquanto estiver no gozo do benefício, independentemente de contribuição
para a previdência social.

( ) certo ( ) errado

HugoGoes 334
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2003

De acordo com a Lei .3.213/91, art. 15, I, mantém a qualidade de segurado,


independentemente de contribuições, sem limite de prazo, quem está em
gozo de benefício.
Se, por exemplo, a pessoa vinha recebendo auxílio-doença e vem a falecer, os
seus dependentes terão direito à pensão por morte, pois, na data do óbito, o
falecido encontrava-se :::om a qualidade de segurado mantida. Gabarito: certo.

Em cada um dos itens seguintes, apresenta-se uma situação hipotética referen-


te à aplicação do conceito de salário de contribuição, seguida de uma assertiva a
ser julgada.
98. Maria, segurada empregada da previdência social, encontra-se afastada de suas
atividades profissionais devido ao nascimento de seu filho, mas recebe salário-
-maternidade. Nessa situação, apesar de ser um benefício previdenciário, o sa-
lário-maternidade que Maria recebe é considerado salário de contribuição para
efeito de incidência.

( ) certo ( ) errado

Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, não integram


o salário de contribuição, salvo o salário-maternidade (Lei 8.212/91, art. 28,
§ 9°, "a"). Nesse mesmo sentido, o§ 2° do art. 28 da Lei 8.212/91 dispõe que
"o salário-maternidade é considerado salário de contribuição". Assim, o
salário-maternidade é o único benefício do RGPS que sofre a incidência da
contribuição previdenciária. Gabarito: certo.

99. Mateus trabalha em uma empresa de informática e recebe o vale-transporte jun-


to às demais rubricas que compõem sua remuneração, que é devidamente depo-
sitada em sua conta bancária. Nessa situação, incide contribuição previdenciária
sobre os valores recebidos por Mateus a título de vale-transporte.

( ) certo ( ) errado

O vale-transporte foi instituído pela Lei 7.418/85. De acordo com o parágrafo


único do art. 4° da citada lei, "o empregador participará dos gastos de des-
locamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à parcela que
exceder a 6% de seu salário básico".

335 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Por exemplo:
Tiago recebe um salário básico de R$ 1.500,00. Seu empregador entrega-lhe,
mensalmente, 50 vales-transporte, no valor total de R$ 200,00. Nesse caso,
o empregador descontará R$ 90,00 (6% de R$ 1.500,00) do salário de Tiago,
referente à participação do empregado no custeio do vale-transporte. Nessa
situação, a participação do empregador no custeio do vale-transporte será
de R$ 110,00 (parcela que excedeu a 6% de seu salário básico).

O vale-transporte, concedido nas condições e limites definidos na Lei


7.418/85, no que se refere à parcela do empregador (os R$ 110,00 do exemplo
acima), não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para
quaisquer efeitos. Assim sendo, não constitui base de incidência de contri-
buição previdenciária (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "f").
Mas quando o vale transporte é fornecido em desacordo com legislação pró-
pria (ein desacordo com a Lei 7.418/85), integra o salário de contribuição. Por
exemplo, quando é fornecido em dinheiro, e não em vale, pois nesse caso está
sendo fornecido em desacordo com legislação própria.
No entanto, o STF tem entendido que o vale-transporte, mesmo sendo pago
em dinheiro, não sofre a incidência da contribuição previdenciária. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALE-TRANSPORTE. MOEDA.
CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL
DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago O
benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em
vale-transporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não
salarial do benefício. [... ] 6. A cobrança de contribuição
previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título
de vales-transporte, pelo recorrente aos seus empregados
afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa.
Recurso Extraordinário a que se dá provimento. 107

107 STF, RE 478410 I SP, Rel. Min. Eros Grau, Dje-086, 14/05/2010.

Hugo Goes 336


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

O STJ fez uma revisão do seu entendimento anterior, passando a alinhar-se


com a posição do STF. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE-


-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO-INCIDÊNCIA.
PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JURISPRU-
DÊNCIA DO STJ. REVISÃO. NECESSIDADE. I. O Supremo
Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso aná-
logo (RE 478.410/SP, Rei. Min. Eros Grau), concluiu que é
inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária
sobre o vale-transporte pago em pecúnia, já que, qualquer
que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza
indenizatória. Informativo 578 do Supremo Tribunal Federal.
2. Assim, deve ser revista a orientação pacífica desta Corte
que reconhecia a incidência da contribuição previdenciária
na hipótese quando o benefício é pago em pecúnia, já que o
art. 5° do Decreto 95.247/87 expressamente proibira o em-
pregador de efetuar o pagamento em dinheiro. 3. Recurso
especial provido. 108

Na questão em tela, Mateus recebe o valor relativo ao vale-transporte em


dinheiro, pois a quantia é depositada em sua conta bancária. A banca exa-
minadora seguiu a literalidade do texto legal e considerou a questão como
certa. Mas, hoje, o STJ e o STF entendem que o vale-transporte, mesmo sendo
pago em dinheiro, não sofre a' incidência da contribuição previdenciária.
Assim, se a referida questão fosse aplicada hoje e se o texto determinasse
que ela fosse julgada de acordo com a jurisprudência, o seu enunciado seria
considerado como errado. Gabarito: certo.

100. Luís é vendedor em uma grande empresa que comercializa eletrodomésticos. A


título de incentivo, essa empresa oferece aos empregados do setor de vendas um
plano de previdência privada. Nessa situação, incide contribuição previdenciária
sobre os valores pagos, pela empresa, a título de contribuição para a previdência
privada, a Luís.

( ) certo ( ) errado

108 STJ, REsp 1180562/RJ, Rei. Min. Castro Meira, 2• T., DJe 26/08/20!0.

337 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a


programa de previdência complementar, aberto ou fechado, não integra o
salário de contribuição, desde que disponível à totalidade de seus empregados
e dirigentes (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "p").
Algumas empresas patrocinam planos de previdência complementar em
benefício do seu pessoal. O valor da contribuição da empresa em favor des-
ses programas de previdência complementar não integra a base de cálculo
das contribuições previdenciárias, desde que tais programas beneficiem a
totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.
Na questão em tela, a empresa patrocina uma previdência complementar
que beneficia apenas os empregados do setor de vendas. Neste caso, como o
programa não é disponível à totalidade dos empregados e dirigentes, incide
contribuição previdenciária sobre os valores pagos, pela empresa, a título
de contribuição para a previdência complementar. Gabarito: certo.

101. Tendo sido demitido sem justa causa da empresa em que trabalhava, Vagner re-
cebeu o aviso prévio indenizado, entre outras rubricas. Nessa situação, não inci-
de contribuição previdenciária sobre o valor da indenização paga, pela empresa,
a Vagner.

( ) certo ( ) errado

Nos contratos de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justa
causa, quiser pôr fim à relação de emprego deverá comunicar à outra da sua
resolução com a antecedência mínima de trinta dias (CF, art. 7°, XXI). A
falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos
salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração
desse período no seu tempo de serviço (CLT, art. 487, § 1°).
Durante o período de aviso prévio, o valor recebido pelo empregado tem
natureza salarial, ainda que o empregador pague antecipadamente os cor-
respondentes salários e dispense a prestação dos serviços. A circunstância
de ser pago antecipadamente não lhe altera a natureza jurídica. 109
Assim, o pagamento relativo ao período do aviso prévio, trabalhado ou não,
está sujeito à incidência da contribuição previdenciária.

109 SÜSSEKIND, Arnaldo. Op. cit., p. 352.

HugoGoes 338
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

Na época em que a questão em tela foi aplicada, predominava o entendimento


de que o aviso prévio indenizado não integrava o salário de contribuição.
Por isso, o gabarito considerou este item como certo. Mas, de acordo com
o atual entendimento da Administração (Receita Federal), o valor relativo
ao aviso prévio, ainda que o empregador dispense a prestação dos serviços,
integra o salário de contribuição.
Contudo, o STJ tem entendido que não incide contribuição previdenciária
sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado, por não se tratar
de verba salarial. Em prova de concurso, caso a questão mencione a juris-
prudência, o candidato deve posicionar-se a favor da incidência sobre o
aviso prévio trabalhado e da não incidência sobre o aviso prévio indenizado.
Gabarito: certo.

102. Claudionor recebe da empresa onde trabalha alguns valores a título de décimo
terceiro salário. Nessa situação, os valores recebidos por Claudionor não são con-
siderados para efeito do cálculo do salário-benefício, integrando-se apenas o cál-
culo do salário de contribuição.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 7° do art. 28 da Lei 8.212/91, "o décimo terceiro salá-


rio (gratificação natalina) integra o salário de contribuição, exceto para o
cálculo de benefício". Assim, apesar de sofrer a incidência da contribuição
previdenciária, o 13o salário não será considerado para fins de cálculo dos
benefícios previdenciários.
O valor do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma
especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-família e o
salário-maternidade, será calculado com base no salário de benefício (Lei
8.213/91, art. 28).
O salário de benefício consiste: (I) para os benefícios de aposentadoria por
idade e aposentadoria por tempo de contribuição, na média aritmética sim-
ples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento
de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; (li)
para os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial,
auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maio-
res salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o
período contributivo (Lei 8.213/91, art. 29).

339 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Diante do exposto, conclui-se o seguinte: (a) para fins de cálculo da contri-


buição previdenciária, o 13° salário integra o Ealário de contribuição; (b) para
fins de cálculo do salário de benefício, o 13° salário não integra o salário de
contribuição. Gabarito: certo.

103. A empresa em que Maurício trabalha paga a ele, a cada mês, um valor referen-
te à participação nos lucros, que é apurado mensalmente. Nessa situação, incide
contribuição previdenciária sobre o valor recebido mensalmente por Maurício a
título de participação nos lucros.

( ) certo ( ) errado

A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou credi-


tada de acordo com lei específica, não integra o salário de contribuição (Lei
8.212/<)l, art. 28, § 9°, "j").
A Lei 10.101/2000 dispõe sobre a participaçã:> dos trabalhadores nos lucros
ou resultados da empresa. De acordo com o disposto no § 2° do art. 3° dessa
lei, "é vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição deva-
lores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais
de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um)
trimestre civil".
Imagine que, no ano de 2004, a empresa distribuiu lucros a seus emprega-
dos nos meses de março, junho e setembro. Esses valores recebidos pelos
empregados integrarão a base de cálculo das contribuições previdenciárias,
pois a distribuição ocorreu mais de duas vezes no mesmo ano. Para que
não incida contribuição previdenciária sobre o valor da participação nos
lucros da empresa, é necessário que a distribuição seja feita de acordo com
os preceitos da Lei 10.101/2000. Caso contrário, haverá a incidência da con-
tribuição previdenciária.
Na questão em tela, a participação nos lucres é paga mensalmente; assim,
sofre a incidência da contribuição previdenciária, pois está sendo paga em
desacordo com a lei específica.
Gabarito: certo.

Hugo Goes 340


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

104. Rodrigo trabalha na gerência comercial de uma grande rede de supermercados e


visita regularmente cada uma das lojas da rede. Para atendimento a necessidades
do trabalho que faz durante as viagens, Rodrigo recebe diárias que excedem, todos
os meses, 50% de sua remuneração normal. Nessa situação, não incide contribui-
ção previdenciária sobre os valores recebidos por Rodrigo a título dessas diárias.

( ) certo ( ) errado

As diárias para viagens, quando excedente a 50% da remuneração mensal,


integram o salário de contribuição pelo seu valor total (Lei 8.212/91, art. 28,
§ 8°, "a"). Assim, pode-se afirmar que as diárias para viagens não integram
o salário de contribuição, desde que não excedam a 50% da remuneração
mensal (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "h").
As diárias têm por fim indenizar despesas com deslocamento, hospedagem,
alimentação e manutenção do empregado, quando este for obrigado a viajar
para executar as determinações do empregador.
A transitoriedade do deslocamento do empregado é essencial para caracte-
rizar o pagamento como diária. Quando há transferência, não se pode falar
em diárias.U 0
Visando a evitar que salários sejam rotulados de diárias, a CLT adotou um
critério prático, simples porque de aritmética elementar: faz computar como
salário as diárias que excedam de 50% do salário percebido pelo empregado
(CLT, art. 457, §§ 1° e 2°).
Se, por exemplo, a remuneração mensal do empregado é de R$ 1.000,00 e, du-
rante o mês, recebeu diárias para viagens no valor de R$ 600,00, a contribuição
previdenciária (tanto a do empregador como a do empregado) incidirá sobre
R$ 1.600,00. Todavia, se as diárias recebidas tivessem o valor de R$ 500,00, a
base de cálculo da contribuição previdenciária seria R$ 1.000,00. Neste último
caso, pelo fato de não ter excedido a 50% da remuneração, o valor das diárias
fica fora do campo de incidência da contribuição previdenciária.
Gabarito: errado.

li O SÜSSEKIND, Arnaldo. Op. cit., p. 429.

341 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Com relação a período de carência, julgue os itens a seguir.


105. Uma profissional liberal que seja segurada contribuinte individual da previdên-
cia social há três meses e esteja grávida de seis meses terá direito ao salário-ma-
ternidade, caso recolha antecipadamente as sete contribuições que faltam para
completar a carência.

( ) certo ( ) errado

Para as seguradas contribuinte individual, especial e facultativa, o período


de carência é de 10 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, III).
Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo
de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual
ao número de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS,
art. 26, § 1°). Assim, será devido o salário-maternidade à segurada especial,
desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses
imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua (RPS,
art. 93, § 2°). Portanto, não se exige da segurada especial que tenha recolhido
10 contribuições mensais, bastando que tenha exercido a atividade rural nos
últimos 10 meses anteriores ao parto ou à data do requerimento do benefício.
Em caso de parto antecipado, o período de carência (quando exigido) será
reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em
que o parto foi antecipado (Lei 8.213, art. 25, parágrafo único).
Para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica,
a concessão do salário-maternidade independe de carência (Lei 8.213/91,
art. 26, VI).
O § 7° do art. 89 da Lei 8.212/91 estabelecia que "não seria permitida ao
beneficiário a antecipação do pagamento de contribuições para efeito de
recebimento de benefícios". Contudo, o citado dispositivo foi revogado pela
Lei 11.941/09. E agora? Passa a ser permitida ao beneficiário a antecipação
do pagamento de contribuições para efeito de recebimento de benefícios?
Explico a pergunta por meio de um exemplo: João exerceu a atividade de
contabilista autônomo, no período de 08/2004 a 07/2009, sendo esta sua
única atividade remunerada, tendo recolhido 60 contribuições mensais. Em
agosto de 2009, João completou 65 anos de idade. Para completar a carência
da aposentadoria por idade (180 contribuições mensais), João poderia ante-
cipar o recolhimento dos próximos 120 meses?

Hugo Goes 342


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2C08

Em minha opinião, continua não sendo possível o segurado antecipar o re-


colhimento de contribuições, relativas a competências futuras, objetivando
completar o período de carência de um benefício previdenciário. A minha
opinião baseia-se no art. 24 da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 24. Período de carência é o número mínimo de con-


tribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário
faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do
primeiro dia dos meses de suas competências.

Por exemplo, se no dia 05/08/2009 o segurado recolher a contribuição pre-


videnciária da competência 11/2009, para fins de carência, essa contribuição
só será considerada a partir do dia 01/11/2009. Assim, para fins de carência,
nada adianta o segurado antecipar o recolhimento de contribuições relativas
às competências futuras.
No art. 24 da Lei 8.213/91, não é valorado apenas o número de contribuições,
mas também um prazo mínimo de vinculação ao sistema, razão pela qual a
vontade do segurado não tem o poder de propiciar a aquisição mais célere
desse direito. Gabarito: errado.

106. Uma segurada empregada do regime de previdência social que tenha consegui-
do seu primeiro emprego e, logo na primeira semana, sofra um grave acidente
que determine seu afastamento do trabalho por quatro meses não t~rá direito ao
auxílio-doença pelo fato de não ter cumprido a carência de doze contribuições.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando


for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu traba-
lho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos
(Lei 8.213/91, art. 59).
O período de carência para a concessão do auxílio-doença é, em regra, de 12
contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a concessão indepen-
de de carência nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente
de qualquer natureza ou causa, de doença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de
alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação
mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira,

343 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,


espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença
de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida
(Aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada (Lei 8.213/91, art. 26, li c/c art. 151).
O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo
sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a
contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer inca-
paz (Lei 8.213/91, art. 60, caput). Quando requerido após o trigésimo dia
do afastamento da atividade, o auxílio-doença será devido a contar da data
da entrada do requerimento, para todos os segurados (Lei 8.213/91, art. 60,
§ 1°). Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da
atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado
empregado o seu salário integral (Lei 8.213/91, art. 60, § 3°).
Na situação hipotética apresentada pela questão em análise, a segurada
empregada terá direito ao auxílio-doença a partir do décimo sexto dia do
afastamento da atividade, independentemente de carência, pois ficou incapa-
citada para o seu trabalho por mais de 15 dias consecutivos em decorrência
de um acidente. Gabarito: errado.

107. Se uma empregada doméstica estiver devidamente inscrita na previdência social,


será considerado, para efeito do início da contagem do período de carência des-
sa segurada, o dia em que sua carteira de trabalho tenha sido assinada.

( ) certo ( ) errado

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), o art. 27 da Lei
8.213/91 determinava que, para cômputo do período de carência, eram consi-
deradas as contribuições: (I) referentes ao período a partir da data da filiação
ao RGPS, no caso dos segurados empregados e trabalhadores avulsos; (11)
realizadas a contar da data do efetivo pagamento da primeira contribuição
sem atraso, não sendo consideradas para esse fim as contribuições recolhi-
das com atraso referentes a competências anteriores, no caso dos segurados
empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo.

Hugo Goes 344


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

Mas a Lei Complementar 150/2015 deu uma nova redação ao art. 27 da Lei
8.213/91. A nova redação é a seguinte:

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consi-


deradas as contribuições:
I - referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime
Geral de Previdência Social (RGPS), no caso dos segurados
empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores
avulsos;
11- realizadas a contar da data de efetivo pagamento da pri-
meira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para
este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a
competências anteriores, no caso dos segurados contribuinte
individual, especial e facultativo, referidos, respectivamente,
nos incisos V e VII do art. 11 e no art. 13.

Diante do exposto, verifica-se que, na época em que esta questão foi aplicada
(ano de 2008), para empregado doméstico, o período de carência só começava
a contar a partir da data do efetivo pagamento da primeira contribuição sem
atraso. Mas, atualmente, o período de carência do empregado doméstico
começa a contar a partir da data de filiação ao RGPS.
Gabarito: errado.

É apresentada, em cada um dos itens que se seguem, uma situação hipotética relacio-
nada a dependentes e a período de carência, seguida de uma assertiva a ser julgada.
108. Célio, segurado empregado da previdência social, tem um filho, com 28 anos de
idade, que sofre de doença degenerativa em estágio avançado, sendo, portanto,
inválido. Nessa condição, o filho de Célio é considerado seu dependente, mesmo
tendo idade superior a dezoito anos.

( ) certo ) errado

De acordo com o art. 16 da Lei 8.213/91, são beneficiários do RGPS, na con-


dição de dependentes do segurado: (I) o cônjuge, a companheira, o compa-
nheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte
e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o
torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (II)
os pais; (III) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21

345 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental


que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.
Para ser beneficiário do RGPS, na condição de dependente do segurado, o
filho (não emancipado, menor de 21 anos ou inválido ou com deficiência)
pode ser de qualquer condição. Assim, não há distinção entre filhos legítimos,
ilegítimos, incestuosos, adulterinos ou adotados.
Confusão frequente sobre o filho dependente diz respeito aos filhos maiores
de 21 até 24 anos de idade que sejam universitários ou estejam cursando
escola técnica de 2° grau. Para fins de imposto de renda, o contribuinte pode
incluir esses filhos em sua declaração como sendo seus dependentes. Todavia,
para efeitos previdenciários, esse fato é irrelevante: qualquer filho maior de
21 anos somente manterá a condição de dependente se for inválido. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE. FILHO.


ESTUDANTE DE CURSO UNIVERSITÁRIO. PRORROGAÇÃO DO
BENEFÍCIO ATÉ OS 24 ANOS DE IDADE. lMPOSS!B!LlDADE.
PRECEDENTE. I - O pagamento de pensão por morte a filho
de segurado deve restringir-se até os 21 (vinte e um) anos de
idade, salvo se inválido, nos termos dos arts. 16, I, e 77, § 2°,
II, ambos da Lei no 8.213/91. II -Não há amparo legal para
se prorrogar a manutenção do benefício a filho estudante de
curso universitário até os 24 (vinte e quatro) anos de idade.
Precedente. Recurso provido.'"

De acordo com o disposto no art. so do novo Código Civil, "a menoridade


cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
os atos da vida civil". Apesar disso, para fins previdenciários, os filhos, as
pessoas a eles equiparadas e os irmãos que não se emanciparem continuam
sendo dependentes do segurado até os 21 anos de idade. A redução promovida
pelo novo Código Civil da maioridade de 21 para 18 anos (aquisição da plena
capacidade civil) em nada altera a situação dos dependentes previdenciários
(filhos, equiparados a filhos e irmãos). Isso porque o art. 16 da Lei 8.213/91
não fala em capacidade, mas em "menor de 21 anos", não tendo sido revogado
pelo Código Civil neste particular. 112

!li STJ, REsp 638589/SC, Rei. Min. Felix Fischer, s• T., DI 12/12/2005, p. 412.
ll2 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. Belo Horizonte: Mandamen-
tos, 2004, p. 185.

Hugo Goes 346


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

No caso de filho inválido, mesmo que seja maior de 21 anos, continua sen-
do dependente do segurado, desde que não seja emancipado. Todavia, se a
emancipação ocorrer por motivo de colação de grau em curso superior, o
filho inválido não peré.e a condição de dependente.
A invalidez tem de existir no momento em que implementado o requisito
exigido como condição para a concessão do benefício. No caso da pensão por
morte, por exemplo, o ~rmão ou o filho, maior de 21 anos e inválido, fará jus
ao benefício, desde que a invalidez concluída mediante exame médico pericial
seja anterior ou simultlnea ao óbito do segurado, e o requerente não tenha
se emancipado até a dc.ta da invalidez. Por exemplo: Joaquim, segurado do
RGPS, faleceu, deixando um filho de 22 anos de idade chamado João. Um
ano após a morte de Jo1quim, João tornou-se inválido. Nessa situação, João
não tem direito à pensão por morte.
Situação diferente é a de dependente que recebe benefício de pensão por morte
na condição de menor e que, no período anterior à emancipação, ou antes de
completar 21 anos de idade, torna-se inválido. Nessa hipótese, o dependente
terá direito à manutenção do benefício, independentemente da invalidez ter
ocorrido antes ou após o óbito do segurado. Por exemplo: Madalena, segurada
do RGPS, faleceu, deixando um filho de 15 anos de idade chamado Pedro. A
partir da data do óbito de 1'v1adalena, Pedro passou a receber pensão por morte.
Aos 17 anos, Pedro tornou-se inválido. Quando Pedro tornou-se inválido,
ele ainda não era emancipado. Nessa situação, Pedro receberá a pensão por
morte enquanto durar a invalidez, mesmo depois de completar 21 anos de
idade. Todavia, se aos 16 anos Pedro tivesse casado, cessaria a pensão na data
do casamento, em razão da emancipação. Obviamente, tornando-se inválido
depois da emancipação, não terá direito ao restabelecimento da pensão por
morte. Gabarito: certo.

109. Paulo é, de forma comprovada, dependente economicamente de seu filho, Juliano,


que, em viagem a trabalho, sofreu um acidente e veio a falecer. Juliano à época
do acidente era casado com Raquel. Nessa situação, Paulo e Raquel poderão re-
querer o benefício de pensão por morte, que deverá ser rateado entre ambos.

( ) certo ( ) errado

347 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

O art. 16 da Lei 8.213/91 define os dependentes nos seguintes termos:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência


Social, na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
assim declarado judicialmente;
li- os pais;
li!- o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente;
.§ loA existência de dependente de qualquer das classes deste
artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
[... ]
§ 4° A dependência econômica das pessoas indicadas no
inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.

Na questão em tela, o segurado falecido deixou dois dependentes: a esposa (1 •


classe) e o pai (2• classe). Neste caso, apesar de ter comprovado a dependência
econômica, o pai do segurado não terá direito à pensão por morte, pois há
dependente preferencial (a esposa). Portanto, a pensão por morte será devida
apenas a Raquel. Gabarito: errado.

11 O. César, segurado da previdência social, vive com seus pais e com seu irmão, Getúlio,
de 15 anos de idade. Nessa situação, o falecimento de César somente determina o
pagamento de benefícios previdenciários a seus pais e a seu irmão se estes com-
provarem dependência econômica com relação a César.

( ) certo ( ) errado

O§ 1o do art. 16 da Lei 8.213/91 estabelece que a existência de dependente de


qualquer das classes exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
Nesse sentido, os pais pertencem à classe II e o irmão pertence à classe III.
Ambos devem comprovar a dependência econômica, conforme exigência

Hugo Goes 348


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

do § 4°; contudo, no caso de falecimento do segurado, o irmão não concor-


re com os pais, mas estes excluem aquele. Logo, da forma como o item foi
apresentado, é errado dizer que os pais e o irmão receberão, em conjunto, a
pensão por morte. Gabarito: errado.

111. Edson é menor de idade sob guarda de Coutinho, segurado da previdência so-
cial. Nessa situação, Coutinho não pode requerer o pagamento do salário-famí-
lia em relação a Edson, já que este não é seu dependente.

( ) certo ( ) errado

O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado e ao


trabalhador avulso que tenham salário de contribuição inferior ou igual a
R$ 1.089,72 113 , na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados
de qualquer condição, até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade
(RPS, arts. 81 e 83).
Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, com-
provada a dependência econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua
tutela e desde que não possuam bens suficientes para o próprio sustento e
educação (RPS, art. 16, § 3°).
Os menores sob guarda judicial foram excluídos do rol dos dependentes
equiparados a filho, conforme se verificado art. 16, § 2°, da Lei 8.213/91, com
nova redação dada pela Lei 9.528/97. Com a exclusão do menor sob guarda,
restaram apenas enteado e menor sob tutela que, para fins previdenciários,
podem ser equiparados a filho. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado
do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃO A


MENOR SOB GUARDA. ÚBITO POSTERIOR À MEDIDA PRO-
VISÓRIA N° 1.523/1996. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTE DA
TERCEIRA SEÇÃO. DECISÃO MANTIDA. 1. A Egrégia Terceira
Seção firmou a compreensão de ser indevida a concessão de
pensão a menor sob guarda, se o óbito do segurado ocorreu
após o advento da Medida Provisória n° 1.523, de 11/10/1996,
convertida na Lei no 9.528/1997, que excluiu o inciso IV do
art. 16 da Lei no 8.213/1991. 2. Não há como reconhecer o

113 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

349 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

direito da agravante ao benefício, porquanto o falecimento


de seu guardião deu-se em 5/9/2000. 3. Agravo improvido. 1H

De acordo com o § 3° do art. 33 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do


Adolescente), "a guarda confere à criança ou adolescente a condição de de-
pendente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários".
Contudo, o STJ tem entendido que, em face da alteração introduzida pela Lei
9.528/97, o§ 3° do art. 33 da Lei 8.069/90 não se aplica aos benefícios previ-
denciários que são regidos por legislação própria. Nesse sentido, confira-se
o seguinte julgado:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO


PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MENOR SOB GUAR-
DA. INCABIMENTO. l. Esta Corte já decidiu que, tratando-se
de ação para fins de inclusão de menor sob guarda como
dependente de segurado abrangido pelo Regime Geral da
Previdência Social - RGPS, não •prevalece o disposto no
art. 33, § 3°, do Estatuto da Criança e Adolescente em face da
alteração introduzida pela Lei no 9.528/97 (REsp no 503.019/
RS, Relator Ministro Paulo Gallotti, in DJ 30/10/2006). 2.
Embargos de divergência acolhidos. 115

O Tribunal Regional Federal da 1• Região tem observado a atual orientação


do STJ, para excluir o menor sob guarda do rol dos dependentes de segurados
da previdência social. Nesse sentido, a seguinte decisão:

CONSTITUCIONAL- PREVIDENCIÁRIO - PENSÃO POR MOR-


TE- MENOR SOB GUARDA JUDICIAL- ÓBITO DO SEGURADO
POSTERIOR À EDIÇÃO DA LEI 9.528/97 QUE ALTEROUO § 2°
DO ART. 16 DA LEI 8.213/91 - AUSÊNCIA DA CONDIÇÃO DE
DEPENDENTE - lNAPLICABILIDADE DO § 3° DO ART. 33 DA
LEI 8.069/90- SENTENÇA REFORMADA. 1. Os benefícios pre-
videnciários são regidos pela legislação vigente à época em
que satisfeitas as condições para a sua obtenção, sendo, no
caso de pensão por morte, o óbito do segurado. 2. Ausente a
condição de dependente do autor, em face da nova redação
dada ao § 2° do art. 16 da Lei 8.213/91 pela Lei 9.528/97, re-

!14 STJ, AgRg no REsp 96I230/SC, Rei. Min. Jorge Mussi, s• T., Dfe 04/08/2008.
115 STJ, EREsp 642915/RS, Rei. Min. Hamilton Carvalhido, D!e 30/06/2008.

Hugo Goes 350


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

tirando do rol de dependentes de segurados da previdência


social o menor sob guarda. 3. Inaplicabilidade ao presente
caso do § 3o do art. 33 da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança
e do Adolescente), que garante ao menor sob guarda a con-
dição de dependente para todos os efeitos jurídicos, inclusive
previdenciários, em face do caráter genérico desta lei, que não
se aplica aos benefícios previdenciários que são regidos por
legislação própria. 4. Apelação e Remessa oficial providas.
Sentença reformada. 116

Gabarito: certo.

112. Gilmar, inválido, e Solange são comprovadamente dependentes econômicos do


filho Gilberto, segurado da previdência social, que, por sua vez, tem um filho.
Nessa situação, Gilmar e Solange concorrem em igualdade de condições com o
filho de Gilberto para efeito de recebimento eventual de benefícios.

( ) certo ( ) errado

Gilmar e Solange são os pais do segurado. Assim, para efeito de recebimento


do benefício (pensão por morte, por exemplo), Gilmar e Solange não con-
correm com o filho do segurado, pois filho é de primeira classe, e os pais, de
segunda classe (Lei 8.213/91, art. 16, caput e § 1°). Gabarito: errado.

113. Roberto, produtor rural, é segurado especial e não faz recolhimento para a pre-
vidência social como contribuinte individual. Nessa situação, para recebimento
dos benefícios a que Roberto tem direito, não é necessário o recolhimento para
a contagem dos prazos de carência, sendo suficiente a comprovação da atividade
rural por igual período.

( ) certo ( ) errado

Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo


de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual
ao número de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS,
art. 26, § 1°).

116 TRF- 1• Região, Apelação Cível200101990174189, e-D/Fl 09/09/2008, p. 15.

351 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Assim, o período de carência do segurado especial não é contado em número


de contribuições previdenciárias recolhidas, e sim em número de meses de
efetivo exercício na atividade rural. Todavia, se o segurado especial fizer
a opção por contribuir, facultativamente, com a alíquota de 20% sobre o
salário de contribuição, será dele exigido o recolhimento das contribuições.
De acordo com o disposto no art. 106 da Lei 8.213/91, a comprovação do
exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de:

I - contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho


e Previdência Social;
I! -contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III - declaração fundamentada de sindicato que represente
o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou
colônia de pescadores, desde que homologada pelo INSS;
IV- comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colo-
nização e Reforma Agrária- INCRA, no caso de produtores
em regime de economia familiar;
V - bloco de notas do produtor rural;
VI - notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o
§ 7° do art. 30 da Lei n" 8.212, de 24 de julho de 1991, emi-
tidas pela empresa adquirente da produção, com indicação
do nome do segurado como vendedor;
VII - documentos fiscais relativos a entrega de produção
rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros,
com indicação do segurado como vendedor ou consignante;
VIII- comprovantes de recolhimento de contribuição à Pre-
vidência Social decorrentes da comercialização da produção;
IX- cópia da declaração de imposto de renda, com indica-
ção de renda proveniente da comercialização de produção
rural; ou
X -licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.

Além dos documentos supra, o Regulamento da Previdência Social (art. 62,


§ 2°, li, "l") ainda admite como prova de exercício da atividade rural a "cer-
tidão fornecida pela Fundação Nacional do índio - FUNAI, certificando a
condição do índio como trabalhador rural, desde que homologada pelo INSS".

Hugo Goes 352


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

O STJ entende que "a prova exclusivamente testemunhal não basta à compro-
vação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previden-
ciário" (Súmula 149 do STJ). Contudo, a prova testemunhal pode ser usada
para reforçar a eficácia das provas documentais. Nesse sentido, confira-se o
seguinte precedente do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL - PREVIDENCIÁRIO - BENEFÍCIOS -


TRABALHADOR RURAL- INÍCIO DE PROVA MATERIAL. I -A
certidão de casamento, onde o marido aparece como lavra-
dor, é início razoável de prova material, sendo apta à compro-
vação da condição de rurícola para efeitos previdenciários.
li- A prova material não precisa necessariamente referir-se
ao período equivalente à carência do benefício, desde que a
prova testemunhal amplie a sua eficácia probatória. Agravo
regimental desprovido. 117

Gabarito: certo.

114. Como ficou desempregado por mais de quatro anos, Mauro perdeu a qualidade
de segurado. Recentemente, conseguiu emprego em um supermercado, mas fi-
cou impossibilitado de receber o salário-família pelo fato de não poder contar
com as contribuições anteriores para efeito de contagem do tempo de carência,
que, para este benefício, é de do2;e meses. Nessa situação, Mauro poderá contar
o prazo anterior à perda da qualidade de segurado depois de contribuir por qua-
tro meses no novo emprego, prazo exigido pela legislação.

( ) certo ( ) errado

A concessão de salário-família independe de carência (Lei 8.213/91, art. 26,


I). Assim, se no novo emprego Mauro for considerado como segurado de
baixa renda (salário de contribuição menor ou igual a R$ 1.089,72), 118 tendo
filho menor de 14 anos de idade ou inválido, ele terá direito a receber uma
cota de salário-família em relação a cada filho (RPS, arts. 81 e 83).
Gabarito: errado.

117 STJ, AgRg no REsp 496686/SP, Rei. Min. Felix Fischer, 5' T., D/ 28/10/2003, p. 336.
118 Valor atualizado, a partir de 1•/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

353 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Julgue a assertiva que se segue a cada uma das situações hipotéticas referentes ao
salário-família apresentadas em cada um dos itens subsequentes.
115. Rubens e sua esposa Amélia têm, juntos, dois filhos, trabalham e são segurados
do regime geral da previdência social, além de serem considerados trabalhado-
res de baixa renda. Nessa situação, o salário-família somente será pago a um dos
cônjuges.

( ) certo ( ) errado

O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado e ao


trabalhador avulso que tenham salário de contribuição inferior ou igual a
R$ 1.089,72 119 , na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados
de qualquer condição, até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade
(RPS, arts. 81 e 83).
De acordo com a Lei 8.213/91, os beneficiários do salário-família são os
seguintes:
a) Segurado empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso (caput
do art. 65);
b) O aposentado por invalidez ou por idade (art. 65, parágrafo único); e
c) Os demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se do sexo mas-
culino, ou 60 anos ou mais, se do feminino (art. 65, parágrafo único).

Quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos,


ambos têm direito ao salário-família (RPS, art. 82, § 3°). Mas tendo havido
divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono le-
galmente caracterizado ou perda do pátrio-poder, o salário-família passará a
ser pago diretamente àquele que ficar encarregado pelo sustento do menor, ou
a outra pessoa, se houver determinação judicial nesse sentido (RPS, art. 87).
O enunciado da questão em tela não informa que espécies de segurados são
Rubens e sua esposa Amélia. A questão também não informa a idade dos dois
filhos do casal. Assim, não é possível afirmar, com segurança, que Rubens
e Amélia terão direito ao salário-família.
A questão em tela informa que Rubens e Amélia são segurados de baixa renda.
Se a questão informasse que eles são empregados, empregados domésticos
ou trabalhadores avulsos, e que seus dois filhos são menores de 14 anos de

119 Valor atualizado, a partir de 1•/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

HugoGoes 354
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

idade ou inválidos, poderíamos afirmar, com segurança, que cada um dos


segurados teria direito a duas cotas de salário-família. Gabarito: errado.

116. Dalila, que é empregada doméstica e segurada do regime geral da previdência


social, tem três filhos, mas não recebe salário-família. Nessa situação, apesar de
ser considerada trabal11adora de baixa renda, Dalila não tem o direito de receber
esse benefício.

( ) certo ( ) errado

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), o art. 65 da Lei
8.213/91 tinha a seguinte redação:

Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao


segurado empregado, exceto ao doméstico, e ao segurado
trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de
filhos ou equiparados nos termos do§ zo do art. 16 desta Lei,
observado o d~sposto no art. 66.

Mas a Lei Complementar 150/2015 deu uma nova redação ao art. 65 da Lei
8.213/91. A nova redação é a seguinte:

Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao


segurado empregado, inclusive o doméstico, e ao segurado
trabalhador aYulso, na proporção do respectivo número de·
filhos ou equiparados nos termos do § 2° do art. 16 desta
Lei, observadc o disposto no art. 66.

Com base no acima exposto, verifica-se que, na época em que esta questão foi
aplicada (ano de 2oog), o empregado doméstico, mesmo que fosse de baixa
renda e tivesse filhos menores de 14 anos ou inválidos, não tinha direito
a receber salário-família. Mas a partir do advento da Lei Complementar
150/2015, o empregado doméstico passou a fazer jus ao salário-família.
Gabarito: certo.

355 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

117. Carmen é segurada do regime geral da previdência social e está em gozo de auxí-
lio-doença. Nessa situação, Carmen também tem direito de receber o salário-fa-
mília pago diretamente pela previdência social.

( ) certo ( ) errado

Não há impedimento para o recebimento conjunto dos benefícios de auxí-


lio-doença e salário-família. O empregado, o empregado doméstico e o
trabalhador avulso que estejam em gozo de auxílio-doença terão o salário-
-família pago diretamente pelo INSS, juntamente com o auxílio-doença.
Como visto nos comentários do item anterior, o salário-família será devi-
do, mensalmente, ao segurado empregado, o empregado doméstico e ao
trabalhador avulso que tenham salário de contribuição inferior ou igual a
R$ 1.089,72 120 , na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados
de qualquer condição, até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade.
O enunciado da questão em tela informa apenas que Carmem é segurada do
RGPS, mas não informa: (a) a qualidade de segurada na qual ela se enquadra;
(b) se ela tem filhos; (c) se os filhos são menores de 14 anos ou inválidos; (d)
se ela é considerada como segurada de baixa renda. Em razão da insuficiência
de dados, o item foi anulado. Gabarito: anulado.

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética a


respeito da aposentadoria por tempo de contribuição, seguida de uma asserti-
va a ser julgada.
118. Renato era servidor municipal vinculado a regime próprio de previdência social
havia 16 anos, quando resolveu trabalhar na iniciativa privada, em 1999. Nes-
sa situação, o tempo de serviço prestado por Renato em outro regime é contado
como tempo de contribuição, desde que haja a devida comprovação, certificada
pelo ente público instituidor do regime próprio.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 9° do art. 201 da Constituição Federal, "para efeito de


aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição
na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese

120 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

Hugo Goes 356


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financei-


ramente, segundo critérios estabelecidos em lei".
Na questão em tela, Renato terá direito de computar, para fins de concessão
dos benefícios do RGPS, o tempo de contribuição na administração pública
municipal.
O tempo de contribuição vertido para Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS) a ser computado no RGPS deve ser provado com certidão fornecida
pela: (a) unidade gestora do RPPS; ou (b) pelo setor competente da admi-
nistração federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, suas autarquias
e fundações, desde que devidamente homologada pela unidade gestora do
RPPS (RPS, art. 130, I).
Gabarito: certo.

119. Durval, inscrito na previdência social na qualidade de contribuinte individual,


trabalha por conta própria, recolhendo 11% do valor mínimo mensal do salário
de contribuição. Nessa situação, para Durval fazer jus ao benefício de aposenta-
doria por tempo de contribuição, deverá recolher mais 9% daquele valor, acres-
cidos de juros.

( ) certo ( ) enado

No caso de opção pela exclusão qo direito ao benefício de aposentadoria por


tempo de contribuição, a alíquota de contribuição, incidente sobre o limite
mínimo mensal do salário de contribuição, será de: (I) onze por cento, no
caso do segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria,
sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado faculta-
tivo; e (II) cinco por cento, no caso do microempreendedor individual (Lei
8.212/91, art. 21, § 2°).
Para esses segurados, o limite mínimo mensal do salário de contribuição
corresponde a um salário mínimo. Assim, quando optam pela exclusão do
direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, esses se-
gurados contribuirão da seguinte forma: (a) 11% sobre um salário mínimo,
no caso do segurado facultativo e do contribuinte individual que trabalhe
por conta própria; (b) 5% sobre um salário mínimo, no caso do microem-
preendedor individual.

357 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Contribuindo dessa forma, esses segurados terão direito aos benefícios de


aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e
salário-maternidade, mas não terão direito à aposentadoria por tempo de
contribuição.
O segurado que tenha contribuído na forma supra e, no futuro, pretenda
contar o tempo de contribuição correspondente para fins de obtenção da
aposentadoria por tempo de contribuição ou da contagem recíproca do tem-
po de contribuição a ser averbado em regime próprio de previdência social,
deverá complementar a contribuição mensal mediante recolhimento, sobre o
valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário de contribuição em
vigor na competência a ser complementada, da diferença entre o percentual
pago e o de vinte por cento, acrescido dos juros SELIC, aplicados a partir do
primeiro dia do mês subsequente ao vencimento, até o mês anterior ao do
pagamento, e de um por cento no mês de pagamento (Lei 8.212/91, art. 21,
§ 3°). Vale frisar que essa contribuição complementar será exigida a qualquer
tempo, mesmo que relativa a período alcançado pela decadência, sob pena
de indeferimento da aposentadoria por' tempo de contribuição (Lei 8.212/91,
art. 21, § 4°).
Na questão ora analisada, Durval não é um micro empreendedor individual.
Ele é um contribuinte individual que trabalha por conta própria e que recolhe
contribuições mensais no valor de 11% incidentes sobre um salário mínimo.
Assim, para Durval fazer jus ao benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição, ele deverá recolher mais 9% sobre o salário mínimo em vigor
nas competências a serem complementadas, acrescidos de juros SELIC.
Gabarito: certo.

120. Mário, segurado inscrito na previdência social desde 1972, requereu sua aposenta-
doria por tempo de contribuição. Nessa situação, a renda inicial da aposentadoria
de Mário corresponderá à média aritmética simples dos salários de contribuição
desde 1972, multiplicada pelo fator previdenciário.

( ) certo ( ) errado

O valor da renda mensal inicial da aposentadoria por tempo de contribuição


é de 100% do salário de benefício (RPS, art. 39, IV).
Para a aposentadoria por tempo de contribuição, o salário de benefício é
a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição corres-

Hugo Goes 358


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

pondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator


previdenciário (Lei 8.213/91, art. 29, I).
Para o segurado filiado à Previdência Social até 28/11/99, véspera da publi-
cação da Lei 9.876/99, só serão considerados para o cálculo do salário de
benefício os salários de contribuição referentes às competências de julho
de 1994 em diante (RFS, art. 188-A). As competências anteriores a julho de
1994 são, assim, desprezadas para efeito do cálculo do salário de benefício.
Gabarito: errado.

121. Leonardo, segurado empregado, trabalhou em uma empresa cujo prédio foi des-
truído por um incêndio na década de 80 do século XX, situação evidenciada por
meio de registro junto à autoridade policial que acompanhou os fatos. Nessa si-
tuação, Leonardo poderá comprovar, com auxílio de testemunhas, o tempo tra-
balhado na empresa cujo prédio foi destruído, averbando esse período em pedido
de aposentadoria por tempo de contribuição.

( ) certo ( ) errado

A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição, é feita


mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos
a serem contados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos fatos
a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se tratar de
trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que .foi prestado
(RPS, art. 62).
A justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta
ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou circunstância
de interesse dos beneficiários, perante a previdência social (RPS, art. 142).
A comprovação realizada mediante justificação administrativa ou judicial
só produz efeito perante a previdência social quando baseada em início de
prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal (RPS,
art. 62, §5°, e art. 143). Contudo, no caso de comprovação de tempo de ser-
viço, é dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de
motivo de força maior ou caso fortuito (RPS, art. 143, § 1°).
Assim, não será admitida prova exclusivamente testemunhal para efeito de
comprovação de tempo de serviço ou de contribuição, salvo na ocorrência de
motivo de força maior ou caso fortuito. Caracteriza motivo de força maior

359 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

ou caso fortuito a verificação de ocorrência notória, tais como incêndio,


inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o
segurado alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro
da ocorrência policial feito em época própria ou apresentação de documen-
tos contemporâneos dos fatos, e verificada a correlação entre a atividade
da empresa e a profissão do segurado (RPS, art. 143, § 2°). Gabarito: certo.

122. Firmino foi professor do ensino fundamental durante vinte anos e trabalhou mais
doze anos como gerente financeiro em uma empresa de exportação. Nessa situa-
ção, excluindo-se as regras de transição, Firmino pode requerer o benefício in-
tegral de aposentadoria por tempo de contribui-ção, haja vista a possibilidade de
computar o tempo em sala de aula em quantidade superior ao efetivamente tra-
balhado, dada a natureza especial da prestação de serviço.

( ) certo ( ) errado

Para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício


em função de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou
no ensino médio, o requisito da aposentadoria por tempo de contribuição
será de 30 anos de contribuição para o homem e de 25 para a mulher (CF,
art. 201, § 8°).
Contudo, é vedada a conversão de tempo de serviço de magistério, exercido
em qualquer época, em tempo de serviço comum (RPS, art. 61, § 2°).

Exemplo:
· :Rosá:Ua trabalhou di.uante zo anos como professora de uma escola de
. ensi:n() fundalr1entaJ. Posteriormente; Rosiüia deixoú de ser professora e
. passoti' ~'s~r empr~gáda· ~q Bânc.o:Alfa~ onde' trab~lhou Bor ulll período
•.· d~.4,a,~<?Mi:~W ~eg~l~a:.:foid~m.~~~dª.~oje;de,vid,q a~4~t.at;'4~s~$p~ggé\ç!,ª, ,

.=:::=~-:.=::=:~;;:;;~::::::
·-~~=~?·e:~~~~
Na questão em tela, Firmino já conta como 32 anos de contribuição (20
como professor do ensino fundamental e 12 como gerente de uma empresa

Hugo Goes 360


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

de exportação). Assim, ainda faltam 3 anos para Firmino aposentar-se por


tempo de contribuição. Gabarito: errado.

Em cada um dos próximos itens, é apresentada uma situação hipotética a respei-


to do auxílio-acidente, seguida de uma assertiva a ser julgada.
123. Tomás, segurado empregado do regime geral da previdência social, teve sua ca-
pacidade laborativa reduzida por sequelas decorrentes de grave acidente. Nessa
situação, se não tiver cumprido a carência de doze meses, Tomás não poderá re-
ceber o auxílio-acidente.

( ) certo ( ) errado

A concessão do auxílio-acidente independe de carência (Lei 8.2t3/9t, art. 26,


I). Gabarito: errado.

124. Marcela, empregada doméstica, após ter sofrido grave acidente enquanto limpa-
va a vidraça da casa de sua patroa, recebeu auxílio-doença por três meses. Depois
desse período, foi comprovadamente constatada a redução de sua capacidade la-
borativa. Nessa situação, Marcela terá direito ao auxílio-acidente corresponden-
te a 50% do valor que recebia a título de auxílio-doença.

( ) certo ( ) errado

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), somente podiam
beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados empregado, trabalhador avul-
so e especial (Lei 8.213/9t, art. t8, § to). Mas a Lei Complementar t50/20t5
deu uma nova redação ao § to do art. t8 da Lei 8.213/9t, para garantir ao
empregado doméstico o direito ao auxílio-acidente.
Mesmo assim, ainda hoje, a questão deve ser considerada como errada, pois
o valor do auxílio-acidente que Marcela terá direito a receber não será 50%
do valor que ela recebia a título de auxílio-doença. O auxílio-acidente men-
sal corresponderá a 50% do salário de benefício (Lei 8.213/9t, art. 86, § to).
Gabarito: errado.

361 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética acerca do


salário-maternidade, seguida de uma assertiva a ser julgada.
125. Helena, grávida de nove meses de seu primeiro filho, trabalha em duas empre-
sas de telemarketing. Nessa situação, Helena terá direito ao salário-maternidade
em relação a cada uma das empresas, mesmo que a soma desses valores seja su-
perior ao teto dos benefícios da previdência social.

( ) certo ( ) errado

Em regra, o valor do benefício não poderá exceder o limite máximo do sa-


lário de benefício, respeitados os direitos adquiridos (Lei 8.213/91, art. 41-A,
§ 1°). O limite máximo do salário de benefício é igual ao limite máximo do
salário de contribuição, que, atualmente, corresponde a R$ 4.663,75. Como
exceção à regra, o salário-maternidade da segurada empregada pode superar
o limite máximo do salário de benefício.
O salário-maternidade para a segurada empregada consiste numa renda mensal
igual à sua remuneração integral, não podendo exceder o subsídio mensal dos
ministros do STF (RPS, art. 94 e CF, art. 248 c/c art. 37, XI). Caso a remune-
ração integral da segurada seja superior ao subsídio mensal dos ministros do
STF, caberá à empresa o pagamento da diferença, pois a Constituição Federal
assegura "licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de 120 dias" (CF, art. 7°, XVIII). Neste caso, o ônus financeiro do
INSS será limitado ao valor do subsídio dos ministros do STF; o que passar
daí será ônus da empresa.
No caso de empregos concomitantes, a segurada fará jus ao salário-materni-
dade relativo a cada emprego, mesmo que a soma desses valores seja superior
ao limite máximo do salário de benefício· (RPS, art. 98). Gabarito: certo.

126. Há oito meses, Edna, profissional liberal, fez sua inscrição na previdência social,
na qualidade de contribuinte individual, passando a recolher regularmente as
suas contribuições mensais: Dois meses depois da inscrição, descobriu que esta-
va grávida de 1 mês, vindo seu filho a nascer, prematuramente, com sete meses.
Nessa situação, não há nada que impeça Edna de receber o salário-maternidade,
pois a carência do benefício será reduzida na quantidade de meses em que o par-
to foi antecipado.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 362


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

Para a segurada contribuinte individual, o período de carência do salário-


-maternidade é de 10 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, UI). Mas,
em caso de parto antecipado, o período de carência será reduzido em nú-
mero de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi
antecipado (Lei 8.213, art. 25, parágrafo único).
Na questão em tela, na data do parto, a contribuinte individual contava com
8 contribuições mensais. O enunciado informa que o parto foi antecipado em
2 meses. Neste caso, a carência também será reduzida em 2 meses. Assim, a
segurada terá direito ao salário-maternidade, pois o período de carência foi
cumprido. Gabarito: certo.

127. Cláudia está grávida e exerce atividade rural, sendo segurada especial da previ-
dência. Nessa situação, ela tem direito ao salário-maternidade desde que compro-
ve o exercício da atividade rural nos últimos dez meses imediatamente anteriores
à data do parto ou do requerimento do benefício, quando solicitado antes do par-
to, mesmo que a atividade tenha sido realizada de forma descontínua.

( ) certo ( ) errado

Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo


de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual
ao número de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS,
art. 26, § 1°). Assim, será devido o salário-maternidade à segurada especial,
desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses
imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua (RPS,
art. 93, § 2°). Portanto, não se exige da segurada especial que tenha recolhido
10 contribuições mensais, bastando que tenha exercido a atividade rural nos
últimos 10 meses anteriores ao parto ou à data do requerimento do benefício.
Gabarito: certo.

128. Adriana, segurada da previdência, adotou Paula, uma menina de 9 anos de ida-
de. Nessa situação, Adriana não tem direito ao salário-maternidade.

( ) certo ( ) errado

363 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), o art. 71-A da Lei
8.213/91 tinha a seguinte redação:

Art. 71-A. A segurada da Previdência Social que adotar


ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança
é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e
vinte) dias, se a criança tiver até 1(um) ano de idade, de 60
(sessenta) dias, se a criança tiver entre 1 (um) e 4 (quatro)
anos de idade, e de 30 (trinta) dias, se a criança tiver de 4
(quatro) a 8 (oito) anos de idade.

Mas a Lei 12.873/2013 deu uma nova redação ao art. 71-A da Lei 8.213/91.
A nova redação é a seguinte:

Art. 71-A. Ao segurado ou segurada da Previdência Social


. que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de
criança é devido salário-maternidade pelo período de 120
(cento e vinte) dias.

Verifica-se que, na época que a presente questão foi aplicada (ano de 2008),
se a criança adotada tivesse mais de 8 anos de idade, a segurada não tinha
direito ao salário-maternidade.
Na situação hipotética apresentada pela questão em tela, Adriana adotou uma
criança de 9 anos de idade. O enunciado da questão afirma que Adriana não
tem direito ao salário-maternidade. Na época em que a questão foi aplicada
(ano de 2008), tal assertiva estava CERTA, mas, se a questão fosse aplicada
hoje, ela deveria ser considerada como ERRADA, pois hoje Adriana teria
direito ao recebimento do salário-maternidade.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

129. Rute, professora em uma escola particular, impossibilitada de ter filhos, adotou
gêmeas recém-nascidas cuja mãe falecera logo após o parto e que não tinham pa-
rentes que pudessem cuidar delas. Nessa situação, Rute terá direito a dois salá-
rios-maternidade.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 364


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

Quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais de uma


criança, é devido um único salário-maternidade relativo à criança de menor
idade (RPS, art. 93-A, § 4°). Gabarito: errado.

Em cada um dos itens que se seguem, apresenta-se uma situação hipotética rela-
cionada à aposentadoria por invalidez, seguida de uma assertiva a ser julgada.
130. Daniel, aposentado por invalidez, retornou à sua atividade laboral voluntaria-
mente. Nessa situação, o benefício da aposentadoria por invalidez será cassado a
partir da data desse retorno.

( ) certo ( ) errado

Conforme o art. 46 da Lei 8.213/91, "o aposentado por invalidez que retor-
nar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente
cancelada, a partir da data do retorno". Gabarito: certo.

131. Rui sofreu grave acidente que o deixou incapaz para o trabalho, não havendo qual-
quer condição de reabilitação, conforme exame médico pericial realizado pela pre-
vidência social. Nessa situação, Rui não poderá receber imediatamente o benefício
de aposentadoria por invalidez, pois esta somente lhe será concedida após o perío-
do de doze meses relativo ao auxílio-doença que Rui já esteja recebendo.

( ) certo ' ( ) errado

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida a carência exigida,


quando for o caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e
ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição (art. 42 da Lei 8.213/91).
Para que seja concedido o benefício de aposentadoria por invalidez, não há
necessidade de concessão prévia de auxílio-doença. A incapacidade para o
trabalho insuscetível de reabilitação, em alguns casos, pode ser constatada de
imediato pelo médico perito, em face da gravidade das lesões à integridade
física ou mental do indivíduo. No entanto, nem sempre é possível verificar
a incapacidade total e definitiva de imediato. Por isso, na maioria das ve-
zes, concede-se inicialmente ao segurado o benefício de auxílio-doença e,

365 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

posteriormente, concluindo-se pela impossibilidade de retorno à atividade


laborativa, transforma-se o benefício inicial em aposentadoria por invalidez.
Quando precedida de auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez será
devida a partir do dia imediato ao da cessação daquele benefício (Lei 8.213/91,
art. 43, caput). Quando não precedida de auxílio-doença, a aposentadoria por
invalidez será devida: (a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto
dia do afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, se
entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta
dias; (b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte
individual, especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade
ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais
de trinta dias (Lei 8.213/91, art. 43, § 1°).
Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo
de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário (Lei
8.213/91, art. 43, § 2°).
o período de carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é,
em regra, de 12 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a
concessão independe de carência nos casos em que a incapacidade for de-
corrente de acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos de
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das seguintes
doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna,
cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado
de doença de Paget (osteíte deformante), Aids, contaminação por radiação
com base em conclusão da medicina especializada ou hepatopatia grave (Lei
8.213/91, art. 26, 11, e IN INSS 20/2007, art. 67, III). Gabarito: errado.

132. Tomé já havia contribuído para a previdência social durante 28 anos quando foi
acometido de uma doença profissional que determinou sua aposentadoria por
invalidez, após ter recebido o auxílio-doença por quatro anos. Nessa situação,
depois de receber por três anos a aposentadoria por invalidez, Tomé poderá re-
querer a conversão do beneficio em aposentadoria por tempo de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Entende-se por doença profissional a produzida ou desencadeada pelo exercício


do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva rela-

HugoGoes 366
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

ção elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. A doença


profissional é considerada como acidente de trabalho (Lei 8.213/91, art. 20, I).
O período em que o segurado esteve recebendo benefício por incapacidade
por acidente do trabalho, intercalado ou não, é contado como tempo de
contribuição (RPS, art. 60, IX).
Na questão em tela, Tomé, após ter contribuído para a previdência durante
28 anos, passou 4 anos recebendo auxílio-doença e, depois, mais 3 anos
recebendo aposentadoria por invalidez. Auxílio-doença e aposentadoria
por invalidez são benefícios concedidos por incapacidade para o trabalho.
Tomé recebeu esses benefícios em razão de uma doença profissional, que é
considerada como acidente do trabalho. Assim, os períodos em que Tomé
recebeu os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez contam
como tempo de contribuição. Portanto, Tomé já conta com 35 anos de con-
tribuição (28 + 4 + 3 = 35), podendo requerer a conversão da aposentadoria
por invalidez em aposentadoria por tempo de contribuição. Gabarito: certo.

133. José perdeu a mão direita em grave acidente ocorrido na fábrica em que traba-
lhava, e, por isso, foi aposentado por invalidez. Nessa situação, José não tem o
direito de receber o adicional de 25% pago aos segurados que necessitam de as-
sistência permanente, já que ele pode cuidar de si apenas com uma das mãos.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do traba-


lho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem por cento)
do salário de benefício (Lei 8.213/91, art. 44). O valor da aposentadoria por
invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra
pessoa será acrescido de 25% (Lei 8.213/91, art. 45, caput). O acréscimo será
devido, ainda que o valor da aposentadoria ultrapasse o limite máximo do
salário de contribuição. Esse acréscimo cessará com a morte do aposentado,
não sendo incorporado ao valor da pensão por morte.
O anexo I do Regulamento da Previdência Social relaciona as situações em
que o aposentado por invalidez terá direito à majoração de 25% na renda
mensal de seu benefício. São as seguintes:

1 - Cegueira total.
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.

367 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

3 - Paralisia dos dois membros superiores m1 inferiores.


4- Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a
prótese for impossível.
5 - Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese
seja possível.
6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando
a prótese for impossível.
7- Alteração das faculdades mentais com grave perturbação
da vida orgânica e social.
8 - Doença que exija permanência contínua no leito.
9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida
diária.

Veja que para fazer jus ao adicional de 25%, na hipótese do item 5 do Anexo,
o segu~ado precisaria perder uma das mãos e dois pés, ainda que a prótese
fosse possível. Em que pese ser grave o fato de ?erder uma mão, na questão
em tela, José não tem direito ao adicional. Gaba::-ito: certo.

134. Moacir, aposentado por invalidez pelo regime geral de previdência social, recu-
sa-se a submeter-se a tratamento cirúrgico por meio do qual poderá recuperar
sua capacidade laborativa. Nessa situação, devido à recusa, Moacir terá seu be-
nefício cancelado imediatamente.

( ) certo ( ) errado

O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o


pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a
submeter-se a exame médico a cargo da PreviC.ência Social, processo de re-
abilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos
(Lei 8.213/91, art. 101). No entanto, o aposentado por invalidez e o pensionista
inválido estarão isentos desse exame após completarem 60 anos de idade. Mas
a referida isenção não se aplica quando o exame tem as seguintes finalidades:

I- verificar a necessidade de assistência per:nanente de outra


pessoa para a concessão do acréscimo de 25% sobre o valor
do benefício, conforme dispõe o art. 45 da Lei 8.213/91;

HugoGoes 368
Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

II - verificar a recuperação da capacidade de trabalho, me-


diante solicitação do aposentado que se julgar apto;
III- subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela,
conforme dispõe o art. 110 da Lei 8.213/91.

Assim, na questão em tela, o fato de Moacir recusar-se ao tratamento cirúr-


gico não é motivo para cancelamento da sua aposentadoria por invalidez.
Gabarito: errado.

Em cada um dos itens que se seguem, é apresentada uma situação hipotética acer-
ca da aposentadoria especial, seguida de uma assertiva a ser julgada.
135. Leandro, segurado da previdência social, recebe adicional de periculosidade da
empresa em que trabalha. Nessa situação, a condição de Leandro é suficiente para
que ele esteja habilitado ao recebimento de aposentadoria especial, cujo tempo
de contribuição é mitigado.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida


ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este
somente quando cooperado fi.liado a cooperativa de trabalho ou de produção,
que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o
caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física (RPS, art. 64).
A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo
segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasio-
nal nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante o período mínimo de 15, 20 ou 25
anos, conforme o caso (Lei 8.213/91, art. 57, § 3°). O segurado deverá com-
provar, além do tempo de trabalho, a efetiva exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde
ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão
do benefício (Lei 8.213/91, art. 57, § 4°). Assim, o fato de pertencer a certa
categoria profissional não é suficiente para definir o direito à aposentadoria
especial. Da mesma forma, o fato de receber adicional de periculosidade
não é suficiente para que o segurado esteja habilitado ao recebimento de
aposentadoria especial. Cada segurado deve comprovar a efetiva exposição

369 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

aos agentes nocivos. Para ter direito à aposentadoria especial, é necessário


que o agente nocivo ao qual o segurado esteja exposto conste do anexo IV
do Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99).
A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será
feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário
(PPP), emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico
de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho (RPS, art. 68, § 2°). Gabarito: errado.

136. João trabalha, há dez anos, exposto, de forma não ocasional nem intermitente, a
agentes químicos nocivos. Nessa situação, João terá direito a requerer, no futuro,
aposentadoria especial, sendo-lhe possível, a fim de completar a carência, con-
verter tempo comum trabalhado anteriormente, isto é, tempo em que não este-
ve exposto aos agentes nocivos, 'em tempo de contribuição para a aposentadoria
do tipo especial.

( ) certo ) errado

Não é possível se converter tempo de atividade comum para especial. Se a


intenção do segurado for requerer aposentadoria especial, será necessário
que todo o tempo de atividade seja especial. Para a concessão de aposenta-
doria especial, é imprescindível o exercício de trabalho sujeito a condições
especiais durante todo o tempo a ser considerado.
O que é permitido é à conversão de tempo de atividade sob condições
especiais em tempo de atividade comum. Assim, o trabalhador que tenha
desenvolvido atividade comum e especial poderá requerer aposentadoria
por tempo de contribuição, sendo, para esse fim, o tempo trabalhado em
condições especiais convertido em tempo comum. De acordo com o art. 70
do RPS, a conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo
de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela:

De 15 anos 2,00 2,33


De 20 anos 1,50 1,75
De 25 anos 1,20 1,40

Hugo Goes 370


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

Como se pode observar, os fatores de conversão são diferentes quando se


trata de homem ou de mulher. Isso ocorre porque a conversão aqui tratada
dá-se para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição,
benefício este que exige 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de
contribuição, se mulher. Esta é a razão para que o fator de conversão do
homem seja maior.
Exemplo: Leon trabalhou como empregado de uma empresa comercial, du-
rante 14 anos, sem nenhuma exposição a agentes nocivos. Após ser demitido
do primeiro emprego, trabalhou mais 15 anos como empregado de um hos-
pital, tendo contato com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas
e manuseio de materiais contaminados. Essa segunda atividade dá direito à
aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho. Nessa situação, Leon ainda
não tem direito à aposentadoria especial, pois os 14 anos de atividade comum não
podem ser convertidos para atividade especial. Todavia, Leon já tem direito
à aposentadoria por tempo de contribuição, pois os 15 anos de trabalho en
atividade especial serão convertidos para tempo comum, utilizando-se o
fator 1,4. Assim, os 15 anos de atividade especial valem 21 anos de atividade
comum. Somados aos 14 anos que Leon trabalhou na empresa comercial,
atinge o total de 35 anos de contribuição. Desta forma, estará garantida a
aposentadoria por tempo de contribuição. Gabarito: errado.

137. Getúlio julga-se na condição de requerer aposentadoria especial. Nessa situação,


ele deverá instruir seu pedido com o perfil profissiográfico previdenciário, docu-
mento emitido pela empresa em que trabalha e embasado no laudo técnico das
condições ambientais do trabalho que comprove as condições para habilitação
de benefícios previdenciários especiais.

( ) certo ( ) errado

A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo


segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saú-
de ou a integridade física, durante o período mínimo de 15, 20 ou 25 anos,
conforme o caso (Lei 8.213/91, art. 57, § 3°). O segurado deverá comprovar,
além do tempo de trabalho, a efetiva exposição aos agentes nocivos quími-
cos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à
integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do
benefício (Lei 8.213/91, art. 57, § 4°). A comprovação da efetiva exposição

371 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário denomi-


nado perfil profissiográfico previdenciário (PPP), emitido pela empresa
ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança
do trabalho (RPS, art. 68, § 2°).
Na questão em tela, Getúlio julga-se na condição de requerer aposentadoria
especial. Nesse sentido, ele deverá apresentar o PPP para habilitar-se ao be-
nefício de aposentadoria especial. Além disso, eh: terá também de comprovar
o cumprimento do período de carência e demc.is exigências da legislação.
Note-se que o fato de ele ter que comprovar ou:::-as informações não torna
errada a assertiva do item. Gabarito: certo.

Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética relacio-


nada à pensão por morte, seguida de uma assertiva a ser julgada.
138. Ernani, segurado do regime geral da previdência social, faleceu, e sua esposa re-
quereu pensão 60 dias após o óbito. Nessa situação, esse benefício será iniciado
na data do requerimento apresentado pela esposa de Ernani, visto que o pedido
foi feito após o prazo definido pela legislação que dá direito a esse benefício.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 105 do RPS, a pensão por morte será devida ao con-
junto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar
da data: (I) do óbito, quando requerido até trintc. dias depois deste; (II) do
requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso I; (111) da
decisão judicial, no caso de morte presumida.
No caso de pensão por morte requerida após o prazo de 30 dias contados
do óbito, o benefício será devido a partir da data do requerimento, mas a
data de início do benefício será a data do óbito,. aplicados os devidos rea-
justamentos até a data de início do pagamento, não sendo devida qualquer
importância relativa ao período anterior à data de entrada do requerimento
(RPS, art. 105, § 1°). Ou seja, tratando-se de benefício de pensão por morte
cujo requerimento tenha sido formulado após o decurso do prazo de trinta
dias do óbito, a data do início do pagamento (DIP) será a data do requeri-
mento, ainda que a data do início do benefício (DIB) seja fixada no óbito.
Neste caso, as prestações somente serão devidas a partir da data da entrada
do requerimento (DER).

Hugo Goes 372


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

O item ora comentado refere-se à data do início do benefício que, de acordo


com o § 1o do art. 105 do RPS, é a data do óbito. Por essa razão, o item está
errado, pois há diferença entre ser devido (a partir do requerimento) e a data
do início do benefício, que é o óbito. Gabarito: errado.

139. José tem 20 anos de idade e recebe a pensão decorrente do falecimento de seu pai,
Silas, de quem é filho único. Nessa situação, quando José completar a idade de 21
anos, o benefício será extinto, haja vista a inexistência de outros dependentes da
mesma classe.

( ) certo ( ) errado

O pagamento da cota individual da pensão por morte cessa para o filho ao


completar 21 anos de idade, salvo se for inválido, ou com deficiência (Lei
8.213/91, art. 77, § 2°, li).
Com a extinção da cota do último pensionista, a pensão por morte
extinguir-se-á (Lei 8.213/91, art. 77, § 3°). Na questão em tela, como José é
o único beneficiário da pensão por morte, quando ele completar 21 anos, o
benefício será extinto. Gabarito: certo.

140. Alexandre, caminhoneiro, sempre trabalhou por conta própria e jamais se inscre-
veu no regime geral da previdência social. Após sofrer um grave acidente, resol-
veu filiar-se à previdência. Seis meses depois, sofreu novo acidente e veio a falecer,
deixando esposa e três filhos. Nessa situação, os filhos e a esposa de Alexandre
não receberão a pensão por morte pelo fato de não ter sido cumprida a carência
de doze meses.

( ) certo ( ) errado

A concessão do benefício de pensão por morte independe de carência


(Lei 8.213/91, art. 26, I). Assim, na questão em tela, os filhos e a esposa de
Alexandre terão direito a receber a pensão por morte. Gabarito: errado.

373 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

Com relação ao auxílio-doença, julgue os próximos itens.


141. Uma segurada empregada que tenha ficado afastada do serviço durante dezoito
meses em virtude de um acidente de trabalho não pode ser demitida durante os
primeiros doze meses após seu retorno às atividades laborais.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 118 da Lei 8.213/91, "o segurado que sofreu acidente do
trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção
do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença
acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente".
Durante o prazo de doze meses previsto pelo art. 118 da Lei 8.213/91, o
segurado tem a garantia de manutenção do seu contrato de trabalho na em-
presa, contudo, poderá ser demitido caso cometa falta grave. Nesse sentido,
a afirmação de que não pode ser demitido é incorreta. Gabarito: errado.

142. Uma segurada da previdência que esteja recebendo auxílio-doença é obrigada a


submeter-se a exame pelo médico perito da previdência social e a realizar o pro-
cesso de reabilitação profissional para desenvolver novas competências.

( ) certo ( ) errado

Conforme o art. 62 da Lei 8.213/91, o segurado em gozo de auxílio-doença,


insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a
processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não
cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de
nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não
recuperável, for aposentado por invalidez. Gabarito: certo.

143. Uma segurada contribuinte individual que tenha sofrido algum acidente que te-
nha determinado sua incapacidade temporária para a atividade laboral tem di-
reito a receber auxílio-doença, cujo termo inicial deve corresponder à data do
início da incapacidade, desde que o requerimento seja apresentado junto à pre-
vidência antes de se esgotar o prazo de 30 dias.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 374


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando


for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu traba-
lho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos
(Lei 8.213/91, art. 59).
O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo
sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a
contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz
(Lei 8.213/91, art. 60, caput). Mas, quando requerido por segurado afastado da
atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da
data da entrada do requerimento (Lei 8.213/91, art. 60, § 1°). Gabarito: certo.

144. Um segurado empregado do regime geral que tenha sofrido acidente no trajeto
de sua casa para o trabalho tem direito ao recebimento do auxílio-doença pela
previdência social a partir do primeiro dia de afastamento do trabalho.

( ) certo ( ) errado

Equipara-se a acidente do trabalho o acidente sofrido pelo segurado no per-


curso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado
(Lei 8.213/91, art. 21, IV, "d").
Se o acidente provocar a incapacidade para o trabalho por mais de 15 dias
consecutivos, o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a con-
tar do décimo sexto dia do afastamento da atividade (Lei 8.213/91, art. 60,
caput). Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento
da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado
empregado o seu salário integral (Lei 8.213/91, art. 60, § 3°). Gabarito: errado.

Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética acerca do


auxílio-reclusão, seguida de uma assertiva a ser julgada.
145. Hugo, segurado do regime geral de previdência há menos de 10 anos, desempre-
gado há seis meses, envolveu-se em atividades ilícitas, o que determinou sua pri-
são em flagrante. Nessa condição, caso Hugo seja casado, sua esposa faz jus ao
auxílio-reclusão junto à previdência social.

( ) certo ( ) errado

375 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte,


aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração
da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de
abono de permanência em serviço (Lei 8.213/91, art. 80),
O inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, na redação dada pela EC
20/98, restringiu a concessão do auxílio-reclusão aos dependentes dos segura-
dos de baixa renda. De acordo com o art. 13 da Emenda Constitucional20/98,
"até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os
servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão concedidos
apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00,
que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados
aos benefícios do regime geral de previdência social". Os R$ 360,00 citados
pela art. 13 da EC 20, corrigidos pelos mesmos índices de reajuste aplicados
aos demais benefícios do RGPS, correspondem, atualmente, a R$ 1.089,72121 •
Assim,- para que os dependentes tenham direito ao auxílio-reclusão é ne-
cessário que o segurado: (a) tenha sido recolhido à prisão; (b) não receba
remuneração da empresa; (c) não esteja em gozo de auxílio-doença, apo-
sentadoria ou abono de permanência em serviço; e (d) seja de baixa renda
(último salário de contribuição seja igual ou inferior a R$ 1.089,72).
É devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado quando não houver
salário de contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde
que mantida a qualidade de segurado (RPS, art. 116, § 1°).
Na questão em tela, não é possível afirmar que a esposa de Hugo faz jus ao
auxílio-reclusão, pois o enunciado não informa o valor do último salário
de contribuição do segurado. Assim, não é possível saber se o segurado é
considerado como de baixa de renda.
Gabarito: errado.

121 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

Hugo Goes 376


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

146. Fabiano, segurado do regime geral de previdência, encontra-se preso e participa


de atividades laborais na prisão, fato que lhe permite manter suas contribuições
para a previdência social na qualidade de contribuinte individual. Sua esposa,
Catarina, recebe auxílio-reclusão, por serem, Fabiano e ela, considerados, res-
pectivamente, segurado e dependente de baixa renda. Nessa situação, enquanto
Catarina receber o auxílio-reclusão, Fabiano não terá direito a nenhum tipo de
aposentadoria nem a auxílio-doença.

( ) certo ( ) errado

Como visto nos comentários do item anterior, para que os dependentes te-
nham direito ao auxílio-reclusão é necessário que o segurado: (a) tenha sido
recolhido à prisão; (b) não receba remuneração da empresa; (c) não esteja
em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço; e (d) seja de baixa renda.
No entanto, vale frisar que o exercício de atividade remunerada pelo segurado
recluso em cumprimento de pena, em regime fechado ou semiaberto, que
contribuir na condição de contribuinte individual ou facultativo, não acarreta
perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão pelos seus dependentes
(Lei 10.666/2003, art. 2°, caput).
O segurado recluso, ainda que contribua como contribuinte individual ou
facultativo, não faz jus aos ~enefícios de auxílio-doença e de aposentadoria
durante a percepção, pelos dependentes, do auxílio-reclusão, permitida a
opção, desde que manifestada; também, pelos dependentes, pelo benefício
mais vantajoso (Lei 10.666/2003, art. 2°, § 1°). A opção pelo benefício mais
vantajoso deverá ser manifestada por declaração escrita do segurado e res-
pectivos dependentes, juntada ao processo de concessão (IN INSS/PRES
77/2015, art. 383, § 4°).
O enunciado da questão ora comentada afirma que Fabiano, presidiário que
exerce atividade remunerada, contribui para a previdência na qualidade de
contribuinte individual. Na época em que esta prova foi aplicada (ano de
2008), considerava-se como contribuinte individual o segurado recolhido à
prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste servi-
ço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem
intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce
atividade artesanal por conta própria. Mas atualmente essa pessoa física
não se enquadra como segurado obrigatório do RGPS, podendo, se assim
desejar, ser segurado facultativo (RPS, art. 11, § 1°, XI). Assim, se esta questão

377 Prova 18
Direito Previdenciário Cespe

fosse aplicada hoje, ela seria considerada como errada, mas na época em que
foi aplicada (ano de 2008) ela estava certa. Gabarito: certo.

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética que


trata de cumulação de benefícios, seguida de uma assertiva a ser julgada.
147. Tereza encontra-se afastada de suas atividades laborais e recebe o auxílio-doen-
ça. Nessa situação, caso engravide e tenha um filho, Tereza não poderá receber,
ao mesmo tempo, o auxílio-doença e o salário-maternidade.

( ) certo ( ) errado

O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício por incapaci-


dade (RPS, art. 102). Quando ocorrer incapacidade em concomitância com
o período de pagamento do salário-maternidade, o benefício por incapaci-
dade, conforme o caso, deverá ser suspenso enquanto perdurar o referido
pagamento, ou terá sua data de início adiada para o primeiro dia seguinte ao
término do salário-maternidade (RPS, art. 102, parágrafo único). Assim, não
é permitido o recebimento conjunto dos benefícios de salário-maternidade
e auxílio-doença (Lei 8.213/91, art. 124, IV). Gabarito: certo.

148. Sofia, pensionista da previdência social em decorrência da morte de seu primei-


ro marido, João, resolveu casar-se com Eduardo, segurado empregado. Seis me-
ses após o casamento, Eduardo faleceu em trágico acidente. Nessa situação, Sofia
poderá acumular as duas pensões, caso o total recebido não ultrapasse o teto de-
terminado pela previdência social.

( ) certo ( ) errado

Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto


de mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado
o direito de opção pela mais vantajosa (Lei 8.213/91, art. 124, VI). Assim,
na questão em tela, Sofia não poderá acumular as duas pensões, mas terá o
direito de optar pela mais vantajosa. Gabarito: errado.

Hugo Goes 378


Técnico do Seguro Sociai/INSS/2008

149. Pedro recebe auxílio-acidente decorrente da consolidação de lesões que o dei-


xaram com sequelas éefinitivas. Nessa condição, Pedro não poderá cumular o
benefício que atualmente recebe com o de aposentadoria por invalidez que even-
tualmente venha a rec<!ber.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando;


após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia (Lei 8.213/91, art. 86, caput). O auxílio-acidente
mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário de benefício e será
devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do
óbito do segurado (Lei 8.213/91, art. 86, § 1°). Assim, não será permitido o
recebimento conjuntc· de auxílio-acidente com qualquer aposentadoria (RPS,
art. 167, IX). Gabarito: certo.

150. Fábio recebe auxílio-acidente decorrente da consolidação de lesões que o deixa-


ram com sequelas definitivas. Nessa situação, Fábio poderá cumular o benefício
que atualmente recebe com o auxílio-doença decorrente de outro evento.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o RPS, art. 104, § 6°, o auxílio-acidente não poderá ser
acumulado com o auxílio-doença apenas nos casos em que o segundo bene-
fício for decorrente do mesmo acidente que gerou o primeiro. Nesse sentido,
Fábio poderá cumular o benefício que recebe (auxílio-acidente) com auxí-
lio-doença, tendo em vista a origem ter sido outro evento. Gabarito: certo.

379 Prova 18
,.,_-·,
Em relação à seguridade social brasileira, sua organização e seus princípios, jul-
gue os seguintes itens.
OI. De acordo com o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e ser-
viços às populações urbanas e rurais, uma das condições para a aposentadoria
por idade do trabalhador rural é a exigência de que atinja 65 anos de idade, se
homem, ou 60 anos de idade, se mulher.

( ) certo ( ) errado

Um dos princípios constitucionais da seguridade social é a uniformidade e


equivalência dos benefícios e serviços entre as populações urbanas e rurais
(CF, art. 194, parágrafo único, 11). A uniformidade diz respeito às contin-
gências que serão cobertas. A equivalência refere-se ao aspecto pecuniário
dos benefícios ou à qualidade dos serviços, que não serão necessariamente
iguais, mas equivalentes. 122
Quando se fala em uniformidade, equivale dizer, portanto, que as mesmas
contingências (morte, velhice, maternidade etc.) serão cobertas tanto para os
trabalhadores urbanos como para os rurais. Como exemplo de equivalência,
o valor mensal dos benefícios previdenciários que substituam o rendimento
do trabalho do segurado (urbano ou rural) nunca será inferior a um salário
mínimo (CF, art. 201, § 2°). 123
A idade exigida para a concessão da aposentadoria por idade é estabelecida
pela Constituição Federal, no seu art. 201, § 7°, 11: sessenta e cinco anos de
idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco
anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que

!22 MARTINS, Sérgio Pinto. Op. cit., pp. 77-78.


!23 § 2° Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segura-
do terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

381
Direito Previdenciário Cespe

exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos


o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. Assim, uma das
condições para a aposentadoria por idade do trabalhador rural é a exigência
de que atinja 60 anos de idade, se homem, ou 55 anos de idade, se mulher.
Gabarito: errado.

02. A importância da proteção social justifica a ampla diversidade da base de finan-


ciamento da seguridade social. Com o objetivo de expandir ou de garantir a se-
guridade social, a lei poderá instituir outras fontes de financiamento, de acordo
com o texto constitucional.

( ) certo ( ) errado

Um dos princípios constitucionais da seguridade social é a diversidade da


base de financiamento (CF, art. 194, parágrafo único, VI). A seguridade social
tem diversas fontes de custeio; assim, há ,maior segurança para o sistema; em
caso de dificuldade na arrecadação de determinadas contribuições, haverá
outras para lhes suprir a falta.
De acordo com o caput do art. 195 da Constituição Federal, a seguridade
social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I -do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada


na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
11 - do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos;
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.

HugoGoes 382
Analista do Seguro Sociai/INSS/2008

O§ 4° do art. 195 da Constituição Federal ainda prevê que "a lei poderá instituir
outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I". Ou seja, além das contribuições
sociais previstas nos quatro incisos do caput do art. 195 da Constituição Fe-
deral, outras fontes de custeio da seguridade social poderão ser instituídas.
Trata-se, aqui, das chamadas contribuições residuais. Para que essas contribui-
ções sejam instituídas, é necessário que se obedeça ao disposto no art. 154, I,
da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte: "Art. 154. A União poderá
instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo
anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base
de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição."
Assim, se a contribuição para a seguridade social estiver prevista nos quatro
incisos do art. 155 da Constituição Federal, ela poderá ser instituída me-
diante lei ordinária. Em caso contrário, só poderá ser instituída mediante
lei complementar. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisão do STF:

CoNSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CoNTRIBUIÇÕEs soCIAIS.


CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOAS
JURÍDICAS. Lei no 7.689, de 15/12/88. I - Contribuições pa-
rafiscais: contribuições sociais, contribuições de intervenção
e contribuições corporativas. CF, art. 149. Contribuições
sociais de seguridade social. CF, arts. 149 e 195. As diversas
espécies de contribuições sociais. 11- A contribuição da Lei
7.689, de 15.12.88, é uma contribuição social instituída com
base no art. 195, I, da Constituição. As contribuições do
art. 195, I, li, III, da Constituição, não exigem, para a sua
instituição, lei complementar. Apenas a contribuição do
parágrafo 4° do mesmo art. 195 é que exige, para a sua ins-
tituição, lei complementar, dado que essa instituição deverá
observar a técnica da competência residual da União (CF,
art. 195, § 4°; CF, art. 154, I) [... ]Y4

Gabarito: certo.

124 STF, RE 138284/CE, Rei. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 28/12/92. Na época em que esta deci-
são foi proferida, o art. 195 da c r só tinha três incisos. O inciso IV foi incluído pela EC 42/2003.

383 Prova 19
Direito Previdenciário Cespe

03. O princípio da distributividade na prestação de benefícios e serviços tem sua ex-


pressão maior na área de saúde, dado o amplo alcance conferido pela intensa uti-
lização do Sistema Único de Saúde.

( ) certo ) errado

Um dos princípios constitucionais da seguridade social é a seletividade e


distributividade na prestação dos benefícios e serviços (CF, art. 194, pará-
grafo único, III).
A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja, na escolha
dos benefícios e serviços a serem mantidos pela seguridade social, enquanto
a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as pessoas
com maior necessidade, definindo o grau de proteção. 125 Os benefícios da
assistência social, por exemplo, serão concedidos apenas aos "necessitados";
os benefícios salário-família e auxílio-reclusão só serão concedidos aos
beneficiários de baixa renda (atualmente, para aqueles que tenham renda
mensal inferior ou igual a R$ 1.089,72 126 ).
Assim, compete ao legislador- com base em critérios equitativos de solida-
riedade e justiça social e segundo as possibilidades econômico-financeiras do
sistema- definir quais benefícios serão concedidos a determinados grupos
de pessoas, em razão de especificidades que as particularizem.
Não é correto afirmar que o princípio em tela tem sua expressão maior na
área de saúde, pois nesta área não existe benefícios, existindo apenas servi-
ços. Na verdade, o princípio da distributividade na prestação de benefícios e
serviços tem sua expressão maior na área da assistência social, direcionando
benefícios para pessoas que nunca contribuíram para a seguridade social.
Gabarito: errado.

04. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierar-
quizada, que constitui um sistema único, organizado de acordo com as diretri-
zes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade.

( ) certo ( ) errado

125 BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 87.
126 Valor atualizado, a partir de 1"/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

HugoGoes 384
Analista do Seguro Sociai/INSS/2008

Conforme o caput do art. 198 da Constituição Federal, as ações e serviços


públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons-
tituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
(I) descentralização, com direção única em cada esfera de governo; (li)
atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais; (III) participação da comunidade.
Gabarito: certo.

Cada um dos itens que se seguem apresenta uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada, acerca da legislação previdenciária brasileira.
OS. Lucas é beneficiário de aposentadoria especial em razão de ter trabalhado expos-
to a agentes nocivos durante um período que, de acordo com a lei pertinente, lhe
garantiu o referido direito. Nessa situação, as despesas relativas ao pagamento
da aposentadoria de Lucas devem ser custeadas com recursos arrecadados pela
cobrança do seguro de acidente de trabalho.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 6° do art. 57 da Lei 8.213/91, "a aposentadoria especial


será financiada com os recursos provenientes da contribuição de que trata o
inciso II do art. 22 da Lei 8.212/91, cujas alíquotas serão acrescidas de doze,
nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segu-
rado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial
após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente".
O art. 22, II, da Lei 8.212/91 trata da contribuição a cargo da empresa, in-
cidente sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do
mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, com alíquota de:
(a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o
risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; (b) 2% (dois por cento)
para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
médio; (c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponde-
rante esse risco seja considerado grave.
Essa contribuição ficou conhecida pela sigla SAT (Seguro de Acidente do
Trabalho) em razão da redação original do art. 22, li, da Lei 8.212/91, que
tratava, simplesmente, da contribuição para o financiamento das prestações
por acidente de trabalho. Mas na redação atual deste dispositivo legal (redação
dada pela Lei 9.732/98), essa contribuição é destinada ao financiamento do

385 Prova 19
Direito Previdenciário Cespe

benefício da aposentadoria especial e daqueles concedidos em razão do grau


de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais
do trabalho. Por isso, atualmente, não é correto chamar essa contribuição
de "seguro de acidente de trabalho". Atualmente, para simplificar a deno-
minação dessa contribuição usa-se a sigla RAT ou GILRAT.
As alíquotas de GILRAT serão acrescidas de 12%, 9% ou 6%, se a atividade
exercida pelo segurado empregado ou trabalhador avulso a serviço da em-
presa ensejar a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos
de contribuição, respectivamente (Lei 8.213/91, art. 57, § 6°). Todavia, esse
acréscimo incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito
às condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física (Lei
8.213/91, art. 57, § 7°). Gabarito: errado.

06. Pedro trabalha em empresa que, anualmente, paga a seus empregados participa-
ção nos lucros, de acordo com lei específi~a. Em fevereiro de 2008, Pedro rece-
beu, por participação nos lucros de sua empresa referentes ao ano que passou, o
equivalente a 10% de sua remuneração no mês de dezembro de 2007, incluindo
13° salário e férias. Nessa situação, o montante recebido a título de participação
nos lucros integrará a base de cálculo do salário de contribuição de Pedro, dedu-
zidos os valores referentes a 13° salário e férias.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "j", a participação nos lucros ou
resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica,
não integra o salário de contribuição.
Na questão em tela, a empresa paga a seus empregados participação nos
lucros, de acordo com lei específica. Neste caso, a participação nos lucros
não integra o salário de contribuição. Gabarito: errado.

07. Germano, segurado especial do regime geral, contribui para o sistema na propor-
ção do resultado da comercialização de sua produção. Nessa situação, Germano
somente terá direito à aposentadoria por contribuição caso promova, pelo prazo
legal, os devidos recolhimentos na qualidade de contribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 386


Analista do Seguro Sociai/INSS/2008

Conforme o caput do art. 25 da Lei 8.212/91, a contribuição do segurado


especial destinada a Seguridade Social, é de: (I) 2% da receita bruta pro-
veniente da comercialização da sua produção; (II) 0,1% da receita bruta
proveniente da corr_ercialização da sua produção para financiamento das
prestações por acidente do trabalho.
Além das contribuições obrigatórias incidentes sobre a receita bruta da co-
mercialização da produção, o segurado especial poderá contribuir, facultati-
vamente, com alíquota de 20% sobre o salário de contribuição (Lei 8.212/91,
art. 25, § 1°). Neste caso, o salário de contribuição do segurado especial será
o valor por ele declarado (IN RFB 971/2009, art. 55, V). Vale frisar que o
recolhimento de contribuições facultativas sobre o salário de contribuição
não desobriga o segurado especial de continuar contribuindo sobre a receita
bruta da comercialização da produção rural.
Contribuindo, facultativamente, sobre o salário de contribuição, o segurado
especial terá, além dos benefícios que já lhes são assegurados, as seguintes
vantagens: (a) benefícios com valores superiores a um salário mínimo; e (b)
aposentadoria por tempo de contribuição.
Frise-se, contudo, que o recolhimento facultativo de contribuições sobre o
salário de contribuição não assegura ao segurado especial a percepção de
duas aposentadorias, em virtude da proibição legal do recebimento de mais
de uma aposentadoria, razão pela qual somente terá renda mensal superior
ao salário mínimo se contribuir sobre salário de contribuição superior a um
salário mínimo.
O recolhimento de :::ontribuições facultativas, incidentes sobre o salário de
contribuição, não provoca a perda da qualidade de segurado especial. Vale
dizer, o recolhimento dessas contribuições não transforma o segurado es-
pecial em segurado facultativo nem em contribuinte individual. Ele poderá
usar a faculdade de contribuir individualmente, mantendo a qualidade de
segurado especial no RGPS (IN RFB 971/2009, art. 10, § 9°). Ou seja, ele con-
tribui, facultativamente, como se contribuinte individual fosse, mantendo,
porém, a condição de segurado especial.
A questão ora comentada foi considerada como certa pela banca examinado-
ra. Mas, na minha opinião, a questão deveria ser considerada como errada,
pois afirma que o segurado especial só terá direito à aposentadoria por contri-
buição caso promova recolhimentos na qualidade de contribuinte individual.
Na verdade, para ter direito à aposentadoria por tempo de contribuição, o

387 Prova 19
Direito Previdenciário Cespe

segurado especial usará a faculdade de contribuir individualmente, man-


tendo, porém, a qualidade de segurado especial. Gabarito: certo.

08. Regina é servidora pública, titular de cargo efetivo municipal. Nessa situação,
caso deseje melhorar sua renda quando chegar o momento de se aposentar, Regina
poderá filiar-se ao regime geral da previdência social.

( ) certo ( ) errado

Conforme o§ 5° do art. 201 da Constituição Federal, "é vedada a filiação ao


regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de
pessoa participante de regime próprio de previdência".
A questão em tela não informa se o município tem regime próprio de previ-
dência. Caso o município possua regime próprio, Regina, servidora ocupante
de cargo efetivo, estará vinculada a esse regime, não podendo filiar-se ao
RGPS como facultativa. Caso o município não tenha regime próprio, Regina
será segurada obrigatória do RGPS, como empregada (RPS, art. 9°, I, "j").
Quem é segurado obrigatório do RGPS não pode se filiar como segurado
facultativo (Lei 8.213/91, art. 13).
Portanto, o município possua regime próprio ou não, Regina não poderá se
filiar ao RGPS como segurada facultativa. Caso deseje melhorar sua renda
quando chegar o momento de se aposentar, Regina poderá filiar-se a uma
previdência complementar. Gabarito: errado.

09. Sérgio, segurado aposentado do regime geral, voltou à atividade depois de conse-
guir um emprego de vendedor, tendo passado a recolher novamente para a previ-
dência. Nessa situação, caso sofra acidente de qualquer natureza e fique afastado
do trabalho, Sérgio deverá receber auxílio-doença.

( ) certo ( ) errado

O aposentado pelo RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer ativi-
dade abrangida por esse regime é segurado obrigatório em relação a essa ati-
vidade, ficando sujeito às contribuições destinadas ao custeio da Seguridade
Social (Lei 8.212/91, art. 12, § 4°). Atente-se, contudo, para o seguinte fato: a
contribuição não incidirá sobre o valor da aposentadoria que o trabalhador
recebe, mas sobre o valor da remuneração em retribuição ao seu trabalho.

Hugo Goes 388


Analista do Seguro Sociai/INSS/2008

Os proventos de aposentadorias e pensões concedidos pelo RGPS são imunes


às contribuições previdenciárias (CF, art. 195, li).
De acordo com o disposto no § 2° do art. 18 da Lei 8.213/91, "o aposentado
pelo RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele re-
tornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência
do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profis-
sional, quando empregado". Em contradição com a Lei 8.213/91, o art. 103 do
Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99) garante à segurada
aposentada que retornar à atividade o direito ao salário-maternidade. No
entanto, esse dispositivo do Regulamento está em consonância com o inciso
XVIII do art. 7° da Constituição Federal, que assegura para as trabalhadoras
a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração
de 120 dias. A aposentada que retoma à atividade é uma trabalhadora. Se
durante a licença-maternidade ela não tivesse direito ao recebimento do
salário-maternidade, haveria o prejuízo do salário, que é expressamente
vedado pelo inciso XVIII do art. 7° da Constituição Federal.
Diante do exposto, conclui-se que o aposentado pelo RGPS que estiver exer-
cendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por esse regime só terá
direito às seguintes prestações: salário-família, reabilitação profissional e,
no caso das seguradas, salário-maternidade. Assim, caso fique incapacitado
para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos, esse aposentado não terá
direito ao auxílio-doença. Gabarito: errado.

10. Para fins de obtenção de salário-maternidade, Lúcia, segurada especial, compro-


vou o exercício de atividade rural, de forma descontínua, nos dez meses anteriores
ao início do benefício. Nessa situação, Lúcia tem direito ao salário-maternidade
no valor de um salário mínimo.

( ) certo ( ) errado

Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo


de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual
ao número de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS,
art. 26, § 1°). Assim, será devido o salário-maternidade à segurada especial,
desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses
imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua (RPS,
art. 93, § 2°). Portanto, não se exige da segurada especial que tenha recolhido

389 Prova 19
Direito Previdenciário Cespe

10 contribuições mensais, bastando que tenha exercido a atividade rural nos


últimos 10 meses anteriores ao parto ou à data do requerimento do benefício.
Para a segurada especial, a renda mensal do salário-maternidade corresponde
a um salário mínimo (RPS, art. 101, li). Gabarito: certo.

11. Antônio, segurado aposentado do regime geral, retornou ao trabalho, visto que
pretendia aumentar seus rendimentos mensais. Trabalhando como vendedor,
passou a recolher novamente para a previdência. Nessa situação, caso seja demi-
tido injustamente do novo emprego, Antônio fará jus ao recebimento do seguro-
-desemprego cumulativamente à sua aposentadoria.

( ) certo ( ) errado

Conforme a Lei 8.213/91, art. 124, parágrafo único, "é vedado o recebimento
conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação conti-
nuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente".
Portanto, na questão em tela, Antônio não poderá acumular seguro-desem-
prego com aposentadoria. Assim, Antônio continuará recebendo aposenta-
doria, mas não receberá seguro-desemprego. Gabarito: errado.

Julgue os próximos itens, relativos à seguridade social.


12. A seguridade social tem como objetivo o caráter democrático descentralizado da
administração mediante gestão quadripartite, que envolve aposentados, traba-
lhadores, empregadores e representantes do governo nos órgãos colegiados.

( ) certo ( ) errado

A Constituição Federal, art. 194, parágrafo único, VII, assegura, para a


seguridade social, "caráter democrático e descentralizado da administra-
ção, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores,
dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgão colegiados".
De acordo com este princípio, a gestão dos recursos, programas, planos,
serviços e ações, nas três áreas da seguridade social, em todas as esferas de
poder, deve ser realizada mediante discussão com a sociedade. Podemos
citar como exemplo da materialização desse princípio a criação do Conselho
Nacional de Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 3°); do Conselho Nacional

Hugo Goes 390


Analista do Seguro Sociai/INSS/2008

de Assistência Social (Lei 8.742/93, art. 17); e do Conselho Nacional de Saúde


(Lei 8.080/90). Gabarito: certo.

13. Considere-se que técnicos da secretaria de fazenda de determinado estado estejam


preparando o orçamento para o próximo ano e peçam a José Carlos que elabore
proposta para gastos em programas voltados para a promoção social. Considere
ainda que José Carlos calcule que o estado deva aplicar R$ 500.000,00 em pro-
gramas desse tipo, correspondentes à parcela, estipulada em lei, da receita tribu-
tária líquida, estimada em R$ 100 milhões. Nesse caso, a proposta de José Carlos
é correta, pois os estados devem vincular 0,5% de sua receita tributária líquida a
programas de apoio à inclusão e promoção social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o parágrafo único do art. 204 da Constituição Federal, é


facultado aos estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio
a inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (I)
despesas com pessoal e encargos sociais; (li) serviço da dívida; (III) qual-
quer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos
ou ações apoiados.
Vale frisar que a Constituição não está obrigando os estados e o Distrito
Federal a vincularem este percentual de sua receita tributária líquida a pro-
grama de apoio à inclusão e promoção social. Na verdade, a Constituição
diz que" é facultado" aos estados e ao Distrito Federal fazer tal vinculação.
Gabarito: errado.

14. Considere que Marília, aposentada, e Lucília, pensionista do INSS, faziam planos
para visitar familiares durante o mês de janeiro e, para avaliar sua disponibili-
dade de recursos financeiros, resolveram tomar a média dos valores dos benefí-
cios que receberam durante o ano para calcular o valor da gratificação natalina
que iriam receber. Nessa situação, Marília e Lucília escolheram um procedimen-
to de cálculo errado, pois a gratificação natalina de aposentados e pensionistas
tem por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

( ) certo ( ) errado

391 Prova 19
Direito Previdenciário Cespe

Será devido abono anual ao segurado e ao dependente que, durante o ano, re-
cebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentc.doria, salário-maternidade,
pensão por morte ou auxílio-reclusão (RPS, art. 120). Como fica evidente,
o único benefício previdenciário que não dá origem ao abono anual é o
salário-família. O abono anual também pode ser chamado de gratificação
natalina (CF, art. 201, § 6°).
O abono anual corresponde ao valor da renda mensal do benefício no mês de
dezembro ou no mês da alta ou da cessação do benefício (IN INSS 77/2015,
art. 396). O recebimento de benefício por período inferior a doze meses,
dentro do mesmo ano, determina o cálculo do abono anual de forma pro-
porcional. O período igual ou superior a quinze dias, dentro do mês, será
considerado como mês integral para efeito de cálculo do abono anual.
Gabarito: certo.

HugoGoes 392
Em relação ao direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.
118. A seguridade social é um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes pú-
blicos e da sociedade, destinado a assegurar direitos que proporcionem a dignidade
da pessoa humana. Nesse contexto, as políticas públicas de ações afirmativas des-
tinadas à população negra, representadas, entre outras, pelo sistema de cotas para
negros, que garante vagas em universidade pública para um segmento que, duran-
te bastante tempo, foi excluído pelas dinâmicas sociais, são exemplo de atendimen-
to do mandamento constitucional para a seguridade social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o caput do art. 194 da Constituição Federal, "a seguridade


social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social".
Garantir vagas em universidade pública não é objetivo da seguridade social.
As ações da seguridade social destinam-se a assegurar os direitos relativos
à saúde, à previdência e à assistência. A educação não é parte integrante da
seguridade social. Gabarito: errado.

119. O valor mensal dos benefícios que, eventualmente, substituam o salário de contri-
buição ou o rendimento do trabalho não poderá ser inferior a um salário mínimo.
Esse princípio da seguridade social brasileira tem aplicação tanto na assistência
quanto na previdência social, sendo excepcionado apenas na área de saúde, pois
esta não possui prestações continuadas pagas em espécie.

( ) certo ( ) errado

393
Direito Previdenciário Cespe

O Capítulo Il do Título VIII da Constituição Federal trata da seguridade social.


Esse capítulo é dividido em quatro seções: seção I, disposições gerais; seção li,
saúde; seção III, previdência social; e seção IV, assistência social. A seção III, que
cuida da previdência social, é composta pelos artigos 201 e 202.
À vista do exposto acima, pode-se afirmar que as regras estabelecidas nos arti-
gos 201 e 202 da Constituição Federal aplicam-se somente à previdência social.
De acordo com o disposto no § 2° do art. 201 da Constituição Federal, "ne-
nhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do
trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo".
Fica evidente, portanto, que a regra estabelecida pelo § 2° do art. 201 da
Constituição Federal aplica-se somente à previdência social. Assim, tal regra
não se aplica à assistência social. Também não se aplica à saúde, até porque
na saúde não existem benefícios. Na saúde, existem apenas serviços.
Gabarito: errado.

120. Considere a seguinte situação hipotética.


Sérgio é estagiário em uma empresa de informática, recebendo remuneração su-
perior a 2 salários mínimos. Seu vínculo com a empresa obedece ao que dispõe
a Lei no 6.494/1977, que disciplina os estágios de estudantes de estabelecimento
de ensino superior e profissionalizante do ensino médio.
Nessa situação, Sérgio, mesmo exercendo atividade remunerada, caso queira, po-
derá filiar-se ao RGPS na qualidade de segurado facultativo.

( ) certo ( ) errado

Na época em que esta questão foi aplicada, os estágios eram disciplinados


pela Lei 6.494/77. Atualmente, os estágios são regulados pela Lei 11.788/08.
Se o estágio for regular, ou seja, se estiver de acordo com os critérios previstos
na Lei 11.788/08, o estagiário não será segurado obrigatório do RGPS, po-
dendo, se assim desejar, ser segurado facultativo. No entanto, a manutenção
de estagiários em desconformidade com a Lei 11.788/08 caracteriza vínculo
de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os
fins da legislação trabalhista e previdenciária. 127 Ou seja, prestando serviço
em desacordo com a lei, o estagiário será considerado segurado obrigatório
do RGPS, na condição de segurado empregado.

127 Lei 11.788/08, art. 15.

HugoGoes 394
Defensor Público da União/DPU/2007

Não cria vínculo empregatício de qualquer natureza 0 estágio que observa


os seguintes requisitos: (I) matrícula e frequência regular do educando em
curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição
de ensino; (II) celebração de termo de compromisso entre o educando, a
parte concedente do estágio e a instituição de ensino; (III) compatibilidade
entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo
de compromisso. O descumprimento de qualquer desses requisitos ou de
qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo
de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os
fins da legislação trabalhista e previdenciária. 128
Na questão ora comentada, o estágio desenvolvido por Sérgio obedece ao
que dispõe a lei que disciplina os estágios. Assim, Sérgio, caso queira, poderá
filiar-se ao RGPS na qualidade de segurado facultativo. Gabarito: certo.

Em relação ao direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.


121. A idade mínima para filiação ao RGPS é de 16 anos, ressalvados os contratos es-
peciais com idade limite inicial de 14 anos, ajustados nos termos da legislação
trabalhista, de forma escrita e por prazo determinado, assegurando ao menor e
ao aprendiz um programa de aprendizagem e formação técnico-profissional me-
tódica compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico.

( ) certo ( ) errado

O art. 7°, XXXIII, da Constituição Federal, estabelece a "proibição de tra-


balho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de quatorze anos".
Obedecendo a esta determinação constitucional, a idade mínima para
filiar-se ao RGPS também é de 16 anos. O aprendiz é o único segurado
que pode filiar-se ao RGPS com menos de 16 anos de idade. Isto porque a
Constituição permite o trabalho do aprendiz a partir dos 14 anos de idade.
Assim, o aprendiz filia-se ao RGPS, na qualidade de segurado empregado, a
partir dos 14 anos de idade.

128 Lei 11.788/08, art. 3°.

395 Prova 20
Direito Previdenciário Cespe

Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por


escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete
a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de
aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o
seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar
com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação (CLT, art. 428). A
idade máxima de 24 anos não se aplica a aprendizes portadores de deficiência
(CLT, art. 428, §5°). Gabarito: certo.

122. Considere que João e Fernanda sejam árbitros de futebol e atuem, de acordo com a
Lei no 9.615/1998, sem vínculo empregatício com as entidades desportivas direti-
vas em que atuam. Nessa situação hipotética, João e Fernanda podem ser inscritos
na previdência social na qualidade de segurados facultativos, tendo em vista ine-
xistir qualquer disposição legal que os obrigue a serem filiados ao regime geral.

( ) certo ( ) errado

É segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte individual, entre


outros, a pessoa que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter
eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego (Lei 8.213/91, art. 11,
V, "g"). Enquadra-se nessa situação o árbitro e seus auxiliares que atuam em
conformidade com a Lei 9.615/98 (RPS, art. 9°, § 15, XIV).
Assim, o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei
9.615/98 são segurados obrigatórios do RGPS, na qualidade de contribuinte
individual. Sendo segurados obrigatórios, não podem ser segurados facul-
tativos (RPS, art. 11).
Na questão ora comentada, João e Fernanda não podem ser inscritos como
segurados facultativos, tendo em vista que exercem atividade remunerada
que os enquadra como segurados obrigatórios da previdência social.
Gabarito: errado.

HugoGoes 396
Defensor Público da União/DPU/2007

123. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, em cada município ha-


verá um conselho tutelar, órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, en-
carregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente, composto de 5 membros escolhidos pela comunidade. O exercício
dessa atividade pública vincula o conselheiro ao RGPS na qualidade de empre-
gado, pois equivale ao exercício de cargo em comissão.

( ) certo ( ) errado

A Lei 8.069/90 dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Em seu


art. 132, essa lei determina que "em cada Município haverá, no mínimo, um
Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade
local para mandato de três anos, permitida uma recondução".
Nos termos do art. 134 da Lei 8.069/90, "Lei Municipal disporá sobre local, dia
e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à eventual
remuneração de seus membros". Assim, o membro do Conselho Tutelar pode
ou não ser remunerado, dependendo do que determinar a Lei Municipal.
Quando remunerado, o membro do Conselho Tutelar é segurado obriga-
tório do RGPS, na categoria de contribuinte individual (RPS, art. 9°, § 15,
XV). Não sendo remunerado e não estando vinculado a qualquer regime de
previdência social, poderá se inscrever como segurado facultativo, se assim
desejar (RPS, art. 11, § 1°, VO. Gabarito: errado.

Em relação ao direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.


124. Atualmente, é possível a concessão de pensão por morte aos dependentes, mesmo que
o segurado tenha falecido após perder a qualidade de segurado. Para isso, é indispen-
sável que os requisitos para obtenção da aposentadoria tenham sido preenchidos de
acordo com a legislação em vigor à época em que os requisitos foram atendidos.

( ) certo ( ) errado

Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que
falecer após a perda desta qualidade, salvo se preenchidos os requisitos para
obtenção da aposentadoria (Lei 8.213/91,, art. 102, § 2°).
Exemplo: Sebastiana trabalhou como empregada da empresa Moda Moderna
Ltda., durante o período de 24/03/1984 a 30/08/2000. A partir de setembro
de 2000, Sebastiana não exerceu mais nenhuma atividade remunerada, nem
recolheu contribuições como segurada facultativa. Em 19/04/2007, Sebastiana

397 Prova 20
Direito Previdenciário Cespe

completou 60 anos de idade. Neste caso, mesmo tendo perdido a qualidade


de segurada, Sebastiana terá direito à aposentadoria por idade, pois tem a
idade mínima exigida por lei (60 anos para mulher) e cumpriu a carência de
180 contribuições mensais (Lei 10.666/2003, art. 3°, § 1°).
No exemplo acima, caso Sebastiana venha a falecer após a data do aniversário
de 60 anos e antes de se aposentar, os seus dependentes terão direito à pensão
por morte, pois já tinham sido preenchidos os requisitos para obtenção da
aposentadoria. Se falecer após a data do início da aposentadoria, os dependen-
tes, obviamente, também terão direito à pensão por morte. Gabarito: certo.

125. Considere que Silva no seja segurado não aposentado da previdência social e tenha
sido condenado pela prática de crime que determinou o início do cumprimento
da pena em regime fechado. Nessa situação, a renda mensal inicial do auxílio-
-reclusão devida aos dependentes é calculada de acordo com o modelo de cálcu-
lo a ser utilizado em caso de aposentadoria por invalidez.

( ) certo ( ) errado

O valor mensal do auxílio-reclusão será de cem por cento do valor da apo-


sentadoria que o segurado teria direito se estivesse aposentado por invalidez
na data de seu recolhimento à prisão (RPS, art. 39, § 3°).
Assim, é correto afirmar que a renda mensal inicial do auxílio-reclusão
devida aos dependentes é calculada de acordo com o modelo de cálculo a
ser utilizado em caso de aposentadoria por invalidez. A aposentadoria por
invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa
renda mensal correspondente a 100% (cem por cento) do salário de benefício
(Lei 8.213/91, art. 44, caput). Gabarito: certo.

126. O fator previdenciário é um índice aplicável ao cálculo do salário de benefício


que considera a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do
segurado ao se aposentar, devendo ser aplicado no cálculo da renda mensal ini-
cial dos benefícios de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Para os benefícios de aposentadoria por idade e de aposentadoria por tempo


de contribuição, o salário de benefício consiste na média aritmética simples

Hugo Goes 398


Defensor Público da União/DPU/2007

dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento


de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário (Lei
8.213/91, art. 29, I).
Quando se trata de aposentadoria por tempo de contribuição, o segurado
poderá optar pela não inc:.dência do fator previdenciário quando o total re-
sultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as
frações, na data de requerimento da aposentadoria, for igual ou superior a:

Idade + tempo de Tempo mínimo de


Data do requerimento da contribuição contribuição
aposentadoria
Homem Mulher Homem Mulher
Até 31/12/ 2016 95 85
De 1°/01/2017 a 31/12/2018 96 86
De 1°/01/2019 a 31/12/2019 97 87
35 30
De 1°/01/2020 a 31/121202(• 98 88
De 1°/01/2021 a 31/12/2021 99 89
A partir de 1°/01/2C22 100 90

Serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição


do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de
efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamen-
tal e médio. Por exemplo, se uma professora tiver 25 anos de contribuição
e 55 anos de idade, para fins de enquadramento na tabela acima, ela terá 85
pontos (25 + 55 + 5). Isso ocorre porque o tempo mínimo de contribuição
desses professores é reduzido em 5 anos (CF, art. 201, § 8°).
Tratando-se de aposentadoria por idade e de aposentadoria da pessoa com
deficiência, o fator previdenciário somente incidirá se resultar em renda
mensal de valor mais elevado.
O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expecta-
tiva de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar,
mediante a fórmula:

Tcxa X [ 1+ _,(Id+T:xa)]
f=-- _.- - - - ' -
Es 100

399 Prova 20
Direito Previdenciário Cespe

onde:
f= fator previdenciário;
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
Te = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
Id = idade no momento da aposentadoria; e
a= alíquota de contribuição correspondente a 0,31.
A expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria será
obtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para toda a população
brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos.
Para efeito de cálculo do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do
segurado serão adicionados:
I - cinço anos, quando se tratar de mulher; ou
II - cinco ou dez anos, quando se tratar, respectivamente, de professor ou
professora, que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
A questão ora comentada afirma que o fator previdenciário deve ser aplicado
no cálculo da renda mensal inicial dos benefícios de aposentadoria por idade
e por tempo de contribuição. Como visto acima, na aposentadoria por tempo
de contribuição há possibilidade da não aplicação do fator previdenciário.
Na aposentadoria por idade, contudo, o fator previdenciário só deve ser
aplicado se for para beneficiar o segurado. Na aposentadoria da pessoa com
deficiência, seja por idade ou por tempo de contribuição, o fator previden-
ciário somente incidirá se resultar em renda mensal de valor mais elevado.
Por esse motivo, a questão foi anulada.
Gabarito: anulado.

HugoGoes 400
Defensor Público da União/DPU/2007

Em relação ao direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.


127. Considere a seguinte situação hipotética. Carlos aposentou-se por idade pelo
INSS. Depois disso, apesar da idade, conseguiu ser aprovado em concurso pú-
blico para ocupar cargo efetivo em uma administração municipal instituidora
de regime próprio. O referido município ainda não organizou sua previdência
complementar. Nessa situação, Carlos poderá renunciar ao benefício do RGPS,
mesmo após ter recebido algumas prestações, com a finalidade de aproveitar o
tempo de contribuição para o novo regime, com a possibilidade de receber, no
futuro, proventos integrais.

( ) certo ( ) errado

As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas


pelo RGPS são irreversíveis e irrenunciáveis (RPS, art. 181-B). O segurado
pode desistir do seu pedido de aposentadoria desde que manifeste essa inten-
ção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes da ocorrência do
primeiro de um dos seguintes atos: (a) recebimento do primeiro pagamento
do benefício; ou (b) saque do respectivo FUndo de Garantia do Tempo de
Serviço ou do Programa de Integração Social (RPS, art. 181-B, parágrafo
único). Assim, na questão ora comentada, Carlos não poderá renunciar à
aposentadoria por idade do RGPS.
Contudo, vale frisar que o tema abordado pela presente questão está em
discussão no STF. No RE 661256 RG I DF, o tema desaposentação teve reco-
nhecida a sua repercussão geral. O julgamento desse Recurso Extraordinário
pelo STF pacificará a discussão sobre o tema. Gabarito: errado.

128. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da


contribuição à seguridade social. Entretanto, no tocante à garantia de um salá-
rio mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la pro-
vida por sua família, há exigência de contribuição social.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 203 da Constituição Federal, a assistência social será


prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social. Assim, nenhuma prestação da assistência social exigirá
contribuição à seguridade social.

401 Prova 20
Direito Previdenciário Cespe

Um dos objetivos da assistência social é a garantia de um salário mínimo de


benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei (CF, art. 203, V). Esse benefício será
concedido independentemente de contribuição à seguridade social.
Gabarito: errado.

129. A prestação de serviço rural, por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei
no 8.213/1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previ-
denciários.

( ) certo ( ) errado

O limite mínimo de idade para ingresso no RGPS do segurado obrigatório


que exerce atividade urbana ou rural, do facultativo e do segurado especial,
é o seguinte: (a) até 28 de fevereiro de 1967, quatorze anos; (b) de 1° de março
de 1967 a 4 de outubro de 1988, doze anos; (c) a partir de 5 de outubro de
1988 a 15 de dezembro de 1998, quatorze anos, exceto para menor aprendiz,
que conta com o limite de doze anos, por força do art. 7° inciso XXXIII da
Constituição Federal e do art. 80 da CLT; (d) a partir de 16 de dezembro de
1998, dezesseis anos, exceto para menor aprendiz, que é de quatorze anos,
por força da EC 20, de 1998. Gabarito: certo.

Em relação ao direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.


130. Para a concessão de aposentadoria rural poridade, não se exige que o início de
prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefí-
cio, sendo que, para a comprovação de tempo de serviço rural, é imprescindível
documento em nome do próprio interessado.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a carência exigida para a concessão da aposentadoria por idade é


de 180 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, II). Mas para o segurado
especial, considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo exer-
cício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual ao número
de meses necessário à concessão do benefício requerido (RPS, art. 26, § 1°).
Assim, para o segurado especial, a carência não será contada em número

Hugo Goes 402


Defensor Público da União/DPU/2007

de contribuições mensais, mas em número de meses de efetivo exercício de


atividade rural.
Levando-se em consideração o disposto no art. 106 da Lei 8.213/91, a compro-
vação do exercício de atividade rural do segurado especial, bem como de seu
respectivo grupo familiar (cônjuge, companheiro ou companheira e filhos, in-
clusive os a estes equiparados), observada a idade mínima constitucionalmente
estabelecida para o trabalho, desde que devidamente comprovado o vínculo
familiar, será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:

I- contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;


li - declaração fundamentada de sindicato que represente
o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou
colônia de pescadores, desde que homologada pelo INSS;
III - comprovante de cadastro do INCRA;
IV- bloco de notas do produtor rural;
V- notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o§ 24
do art. 225 do RPS, emitidas pela empresa adquirente da pro-
dução, com indicação do nome do segurado como vendedor;
VI- documentos fiscais relativos à entrega de produção ru-
ral a cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros,
com indicação do segurado como vendedor ou consignante;
VII- comprovantes de recolhimento de contribuição à Pre-
vidência Social, decorrentes da comercialização da produção; .
VIII- cópia da declaração de imposto de renda, com indicação
de renda proveniente da comercialização de produção rural;
IX - licença de ocupação ou permissão outorgada pelo
INCRA;ou
X- certidão fornecida pela Fundação Nacional do Índio -
FUNAI, certificando a condição do índio como trabalhador rural.

Para concessão de aposentadoria por idade, os documentos de que tratam


os incisos I, III a VI, VIII e IX supra devem ser considerados para todos os
membros do grupo familiar, para o período que se quer comprovar, mesmo
que de forma descontínua, quando corroborados com outros que confirmem
o vínculo familiar, sendo indispensável a entrevista e, se houver dúvidas,
deverá ser realizada a entrevista com parceiros, confrontantes, empregados,
vizinhos e outros, conforme o caso (IN INSS/PRES 45, art. llS, § 1°).

403 Prova 20
Direito Previdenciário Cespe

Já os documentos referidos nos incisos III e IX, ainda que estando em nome
do esposo, e este tendo perdido a condição de segurado especial, poderão ser
aceitos para os demais membros do grupo familiar, desde que corroborados
pela declaração do sindicato que represente o trabalhador rural e confirmado
o exercício da atividade rural e condição sob a qual foi desenvolvida, por meio
de entrevista com o requerente, e se for o caso, com testemunhas (vizinhos,
confrontantes, entre outros) (IN INSS/PRES 20, art. 133, § 4°).
Diante do exposto, verifica-se que para a comprovação de tempo de serviço
rural, não é imprescindível a apresentação de documento em nome do próprio
interessado. Pode, por exemplo, um comprovante de cadastro do INCRA em
nome do esposo ser aceito para os demais membros do grupo familiar, desde
que corroborado pela declaração do sindicato que represente o trabalhador
rural e confirmado o exercício da atividade rural e condição sob a qual foi
desenvolvida, por meio de entrevista com o requerente e se for o caso, com
testemunhas. Gabarito: errado.

131. Francisco ajuizou reclamação trabalhista em face de seu ex-empregador, plei-


teando o reconhecimento do vínculo laboral. Em decorrência de acordo homo-
logado pela sentença, foi registrado o contrato de trabalho em sua CTPS. Assim,
esse documento constituirá início de prova material para fins de comprovação
de tempo de contribuição para a previdência social.

( ) certo ( ) errado

Entre outros, servem como prova de tempo de contribuição: o contrato


individual de trabalho, a Carteira Profissional, a Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS), a carteira de férias, a carteira sanitária, a cader-
neta de matrícula e a caderneta de contribuições dos extintos institutos de
aposentadoria e pensões, a caderneta de inscrição pessoal visada pela Capi-
tania dos Portos, pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca, pelo
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e declarações da Secretaria
da Receita Federal do Brasil (RPS, art. 62, § 2°, I, "a").
Assim, se em decorrência de acordo homologado por sentença judicial o
contrato de trabalho foi registrado na CTPS, esse documento constituirá
início de prova material para fins de comprovação de tempo de contribuição
para a previdência social. Gabarito: certo.

HugoGoes 404
Defensor Público da União/DPU/2007

132. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão, exceto se esta se deu em decorrên-
cia do cometimento de crime hediondo.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte,


aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração
da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono
de permanência em serviço, desde que o seu último salário de contribuição
seja inferior ou igual a R$ 1.089,72 (RPS, art. 116). 129 A concessão do auxílio-
-reclusão não fica condicionada ao tipo de crime cometido pelo segurado.
O que importa é que o segurado tenha sido recolhido à prisão sob regime
fechado ou semiaberto (RPS, art. 116, § 5°). Gabarito: errado.

Em relação ao direito previdenciário, julgue os itens que se seguem.


133. De acordo com a legislação previdenciária, salvo no caso de direito adquirido,
não é permitido o recebimento conjunto, pelo RGPS, dos seguintes benefícios:
mais de uma aposentadoria; salário-maternidade e auxílio-doença; assim como
mais de um auxílio-acidente.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no art.' 124 da Lei 8.213/91, salvo no caso de direito
adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios
da Previdência Social: (a) aposentadoria e auxílio-doença; (b) mais de uma
aposentadoria; (c) aposentadoria e abono de permanência em serviço; (d)
salário-maternidade e auxílio-doença; (e) mais de um auxílio-acidente; (f)
mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o
direito de opção pela mais vantajosa.
Também é vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com
qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto
pensão por morte ou auxílio-acidente (lei 8.213/91, art. 124, parágrafo único).
Gabarito: certo.

129 Valor atualizado, a partir de 1•/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13,09/01/2015.

405 Prova 20
Direito Previdenciário Cespe

134. Considere que Albertina tenha trabalhado como empregada da empresa FC Máquinas
Ltda. durante o período de junho/1992 a dezembro/2003, quando foi demitida. Ainda
desempregada, em junho/2006, sofreu um atropelamento que a incapacitou tempo-
rariamente para o trabalho. Nessa situação, Albertina não terá direito ao recebimen-
to de auxílio-doença porque já perdeu a qualidade de segurada.

( ) certo ( ) errado

Há situações nas quais o segurado, mesmo sem exercer atividade remunerada


e sem recolher contribuições, mantém a qualidade de segurado por certo
período. É o que se chama período de graça ou manutenção extraordinária
da qualidade de segurado.
Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até
12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de
exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver
suspenso ou licenciado sem remuneração (Lei 8.213/91, art. 15, II). Todavia,
esse prazo será prorrogado para até 24, (vinte e quatro) meses se o segurado
já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) co~tribuições mensais sem interrup-
ção que acarrete a perda da qualidade de segurado (Lei 8.213, art. 15, § 1°).
Estes dois prazos (12 ou 24 meses) serão acrescidos de mais 12 meses para o
segurado desempregado, desde que comprovada essa situação por registro
no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego (Lei 8.213/91, art. 15,
§ 2°). Durante o período de graça, o segurado conserva todos os seus direitos
perante a Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 15, § 3°).
Na questão em tela, Albertina trabalhou como empregada no período de
junho/1992 a dezembro/2003, tendo, portanto, mais de 120 contribuições
mensais. Assim, comprovando que está desempregada, Albertina manterá
a qualidade de segurada por 36 meses. Na data em que sofreu o acidente
(junho/2006), Albertina estava no período de graça, tendo, portanto, direito
ao benefício de auxílio-doença. Gabarito: errado.

135. A concessão dos benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-famí-


lia e auxílio-acidente independe de carência.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no art. 26 da Lei 8.213/91, independe de carência


a concessão das seguintes prestações: (a) pensão por morte, auxílio-reclusão,

Hugo Goes 406


Defensor Público da União/DPU/20C7

salário-família e auxílio-acidente de qualquer natureza; (b) salário-mater-


nidade, para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhadora
avulsa; (c) auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente
de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos de segurado que, após
filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças ou afecções espe-
cificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência e
Assistência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma,
deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especifici-
dade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; (d) aposentadoria
por idade ou por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão ou pensão por
morte aos segurados especiais, desde que comprovem o exercício de ativida-
de rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício,
ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses correspondente
à carência do benefício requerido; e (e) reabilitação profissional.
Gabarito: certo.

407 Prova 20
Acerca da legislação aplicável à seguridade social e sua gestão, julgue os seguin-
tes itens.
186. Para efeito de recebimento dos benefícios assistenciais, o conceito de incapacida-
de para a vida independente deve ser compreendido considerando-se tanto o im-
pedimento para as atividades elementares quanto a impossibilidade de prover o
próprio sustento.

( ) certo ( ) errado

Conforme o disposto no caput do art. 203 da Constituição Federal, a


assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social. Um dos objetivos constitucionais da
assistência social é a garantia de um salário mínimo de benefício mensal
à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei (CF, art. 203, V). Esta garantia constitucional é
assegurada mediante a concessão do "benefício de prestação continuada",
previsto no art. 20 da Lei 8.742/93 (LOAS). Trata-se de uma renda mensal
de um salário mínimo concedida à pessoa com deficiência e ao idoso com
65 anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família (art. 20 da Lei 8.742/93).
Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa com deficiência é aquela
que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas (Lei 8.742/93, art. 20, § 2°). Considera-se incapaz
de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja
renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo
(Lei 8.742/93, art. 20, § 3°).

409
Direito Previdenciário Cespe

Assim, para a pessoa portadora de deficiência ter direito à percepção deste


benefício, é necessário preencher, cumulativamente, dois requisitos: (a)
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas; e (b) impossibilidade de prover o seu próprio sustento ou
de tê-lo provido por sua família.
Diante do que foi exposto, conclui-se que a questão em exame está correta.
Gabarito: certo.

187. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é a autarquia previdenciária cuja


principal atribuição é a administração do regime geral de previdência social.

( ) certo ( ) errado

O Decreto 7.556, de 24/08/2011, aprovou a Estrutura Regimental do INSS.


De acordo com essa norma, o INSS é umà autarquia federal, com sede em
Brasília/DF, vinculada ao Ministério da Previdência Social, instituída com
fundamento no disposto no art. 17 da Lei 8.029, de 12 de abril de 1990. A
finalidade do INSS é promover o reconhecimento, pela Previdência Social,
de direito ao recebimento de benefícios por ela administrados, assegurando
agilidade, comodidade aos. seus usuários e ampliação do controle social.
Como se vê, no tocante ao regime geral de previdência social, o INSS atua
somente na concessão e administração dos benefícios previdenciários. A
parte relativa à arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições pre-
videnciárias cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei 11.457/2007,
art. 2°, caput).
Assim, o INSS administra apenas uma parte do regime geral de previdência
social. Gabarito: errado.

HugoGoes 410
Juiz Federai!TRF da S• Região/2007

188. Considere a seguinte situação hipotética. Amador ocupa cargo efetivo no servi-
ço público de um estado da Federação e é vinculado ao regime próprio de pre-
vidência social. Nessa situação, se o referido estado ainda não tiver instituído
regime de previdência complementar, Amador poderá filiar-se ao regime geral
de previdência social na qualidade de segurado facultativo a fim de obter para
si, mediante modestas contribuições, uma fonte a mais de receita para sua futu-
ra aposentadoria.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no §5° do art. 201 da Constituição Federal, "é


vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdên-
cia". Assim, sendo vinculado a regime próprio de previdência, Amador não
poderá filiar-se ao regime geral de previdência social na qualidade de segu-
rado facultativo. Se Amador desejar obter uma fonte a mais de receita para
sua futura aposentadoria, deverá aderir a uma previdência complementar.
Gabarito: errado.

Julgue os itens subsequentes, relacionados ao custeio da previdência social.


189. A contribuição previdenciária sobre o valor das diárias pagas pelo empregador,
quando excederem a 50% da remuneração mensal do empregado, é calculada com
base na totalidade da rubrica e não apenas pela diferença que ultrapasse a meta-
de da remuneração do segurado.

( ) certo ( ) errado

As diárias têm por fim indenizar despesas com deslocamento, hospedagerr.,


alimentação e manutenção do empregado, quando este for obrigado a viajar
para executar as determinações do empregador. A transitoriedade do des-
locamento do empregado é essencial para caracterizar o pagamento como
diária. Quando há transferência, não se pode falar em diárias. 130
Visando a evitar que salários sejam rotulados de diárias, a CLT adotou um
critério prático, simples porque de aritmética elementar: faz computar como
salário as diárias que excedam a 50% do salário percebido pelo empregado
(CLT, art. 457; §§ 1° e 2°).

130 SÜSSEKIND, Curso de Direito do Trabalho. 2' ed. p. 429.

411 Prova 21
Direito Previdenciário Cespe

O valor das diárias para viagens, quando excedente a 50% da remuneração


mensal, integra o salário de contribuição pelo seu valor total (Lei 8.212/91,
art. 28, § 8°). Nesse mesmo sentido, dispõe a Súmula 101 do TST: "Integram
o salário, pelo seu valor total e para efeitos inde::lizatórios, as diárias de via-
gem que excedam a 50% do salário do empregado, enquanto perdurarem
as viagens".
Se, por exemplo, a remuneração mensal do empregado é de R$ 1.000,00
e, durante o mês, recebeu diárias para viagens no valor de R$ 600,00, a
contribuição previdenciária (tanto a do empregador como a do empregado)
incidirá sobre R$ 1.600,00. Todavia, se as diárias ::-ecebidas tivessem o valor de
R$ 500,00, a base de cálculo da contribuição previdenciária seria R$ 1.000,00.
Neste último caso, pelo fato de não ter excedido a 50% da remuneração, o
valor das diárias fica fora do campo de incidêncic.:. da contribuição previden-
ciária. Gabarito: certo.

190. Os abonos de qualquer espécie ou natureza e as parcelas indenizatórias pagas pelo


empregador, inclusive em razão da rescisão do contrato de trabalho, são conside-
rados rubricas que integram o conceito de salário de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Os abonos que, por força de lei, estão expressamer_te desvinculados dosa-


lário não integram o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "e",
7; RPS, art. 214, § 9°, V, "j").
Abonos são adiantamentos em dinheiro, uma an:ecipação salarial ou valor
a mais que é concedido ao empregado. 131 Os abonos, em regra, integram o
salário (CLT, art. 457, § 1°). Somente quando a lei expressamente determi-
nar que o abono não seja salário é que ele não terá natureza salarial. Como
exemplo, pode-se citar a Lei 8.178/91, que concedeu abonos de abril a agosto
de 1991 e, em seu art. 9°, § 7°, determinou que tais abonos "não serão incor-
porados, a qualquer título, aos salários, nem às rendas mensais de benefícios
da Previdência Social, nem estarão sujeitos a quaisquer incidências de caráter
tributário ou previdenciário". Da mesma forma, a Lei 8.276/91 concedeu o
pagamento de um abono de Cr$ 21.000,00 exclusivamente no mês de de-
zembro de 1991, determinando o seu art. 1o, § SO, que o referido abono não
seja incorporado ao salário a qualquer título.

131 MARTINS, Direito da Seguridade Social. 17• ed. p.145.

Hugo Goes 412


Juiz Federai/TRF da S• Região/2007

As parcelas relativas a indenizações, em geral, não estão incluídas no con-


ceito de salário de contribuição. Por exemplo, não integram o salário de
contribuição: férias indenizadas e o respectivo terço constitucional, pagos
na rescisão (Lei 8.212/91, art. 29, § 9°, "d"); indenização compensatória de
40% do montante depositado no FGTS, em caso de despedida sem justa
causa (Lei 8.212/91, art. 29, § 9°, "e", 2); indenização por despedida sem justa
causa do empregado nos contratos por prazo determinado (Lei 8.212/91,
art. 29, § 9°, "e", 3); indenização do tempo de serviço do safrista, quando da
expiração normal do contrato (Lei 8.212/91, art. 29, § 9°, "e", 4); indenização
por dispensa sem justa causa no período de 30 dias que antecede a correção
salarial (Lei 8.212/91, art. 29, § 9°, "e", 9) etc. Gabarito: errado.

191. Sobre a ajuda de custo paga pelo empregador em cinco parcelas e recebida exclu-
sivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado inci-
de contribuição previdenciária.

( ) certo ( ) errado

A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência


de mudança de local de trabalho do empregado, não integra o salário de
contribuição (Lei 8.212/91, art. 29, § 9°, "g"). Todavia, se o pagamento da
ajuda de custo for dividido em duas ou mais parcelas, estas integrarão o
salário de contribuição.
Assim, quando paga pelo empregador em duas ou mais parcelas, incidirá
contribuição previdenciária sobre o valor da ajuda de custo em decorrência
de mudança de local de trabalho do empregado. Gabarito: certo.

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética acer-


ca das prestações da previdência social, seguida de uma assertiva a ser julgada.
192. Marcelo tem 17 anos de idade e é filho único de Selma e Antônio, divorciados e
ambos segurados da previdência social na qualidade de empregados. Nessa si-
tuação, caso o pai e a mãe venham a falecer, Marcelo não terá direito a duas pen-
sões, apesar de seus pais não morarem juntos.

( ) certo ( ) enado

413 Prova 21
Direito Previdenciário Cespe

De acordo com o art. 124, VI, da Lei 8.213/91, não é permitido o recebimen-
to conjunto de mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro,
ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.
Como a lei proíbe apenas o acúmulo de pensões cujo instituidor seja cônjuge
ou companheiro do beneficiário, conclui-se pela possibilidade de acumula-
ção caso as pensões sejam deixadas pelos pais em favor do filho menor ou
inválido. Nesse sentido, a seguinte decisão do TRF da s• Região:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. fiLHA MAIOR INVÁ-


LIDA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. ACUMULAÇÃO.
PosSIBILIDADE. 1. A pensão por morte é devida ao conjunto
dos dependentes do segurado, em razão do evento morte,
independente de carência. 2. Não constando no rol proibitivo
do art. 124 da Lei no 8.213/91, é possível a acumulação de duas
pensões por morte. 3. Hipótese em que a suplicante é filha
maior inválida dos falecidos, com dependência econômica
presumida, nos termos da legislaÇão vigente. 4. Remessa
oficial improvida. 132

À vista do exposto, a banca examinadora deveria ter considerado o item ora


examinado como errado, mas tanto o gabarito preliminar como o definitivo
o consideraram como certo. O que nos resta é, com todo respeito, discordar
da decisão da banca. Gabarito: certo.

193. Joana trabalha em uma indústria têxtil e, portanto, é segurada da previdência


social na qualidade de empregada; além disso, ela recebe pensão por morte de-
corrente do falecimento de seu esposo. Nessa situação, caso fique desempregada,
Joana não terá direito a seguro-desemprego, pois já recebe pensão por morte.

( ) certo ( ) errado

Consoante o disposto no parágrafo único do art. 124 da Lei 8.213/91, "é ve-
dado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício
de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou
auxílio-acidente". Assim, Joana poderá acumular o benefício previdenciário da
pensão por morte com o recebimento do seguro-desemprego. Gabarito: errado.

132 REOMS 82.955/CE, TRF5, 4• T., Rei. Luiz Alberto Gurgel de Faria, DJ de 14/08/2003, p. 739.

Hugo Goes 414


Juiz Federai/TRF da S• Região/2007

194. Cláudio, segurado da previdência social, morreu, e seu filho Sérgio, com 16 anos,
passou a receber pensão por morte. Nessa situação, Sérgio terá direito ao recebi-
mento da pensão somente até os 21 anos, improrrogável, independentemente de
ainda estar cursando algum curso universitário.

( ) certo ( ) errado

Para ser beneficiário do RGPS, na condição de dependente do segurado, o


filho (não emancipado, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente) pode ser de qualquer condição. Assim, não há dis-
tinção entre filhos legítimos, ilegítimos, incestuosos, adulterinos ou adotados.
Confusão frequente sobre o filho dependente diz respeito aos filhos maiores
de 21 até 24 anos de idade que sejam universitários ou estejam cursando
escola técnica de 2° grau. Para fins de imposto de renda, o contribuinte pode
incluir esses filhos em sua declaração como sendo seus dependentes. Todavia,
para efeitos previdenciários, esse fato é irrelevante: qualquer filho maior de
21 anos somente manterá a condição de dependente se for inválido. Nesse
sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE. FILHO.


ESTUDANTE DE CURSO UNIVERSITÁRIO. PRORROGAÇÃO DO
BENEFÍCIO ATÉ OS 24 ANOS DE IDADE. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTE. I - O pagamento de pensão por morte a filho
de segurado deve restringir-se até os 21 (vinte e um) anos de.
idade, salvo se inválido, nos termos dos arts. 16, I, e 77, § 2°,
II, ambos da Lei no 8.213/91. II- Não há amparo legal para
se prorrogar a manutenção do benefício a filho estudante de
curso universitário até os 24 (vinte e quatro) anos de idade.
Precedente. Recurso provido. 133

De acordo com o disposto no art. 5° do novo Código Civil, "a menoridade


cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
os atos da vida civil". Apesar disso, para fins previdenciários, os filhos, as
pessoas a eles equiparadas e os irmãos que não se emanciparem continuam
sendo dependentes do segurado até os 21 anos de idade. A redução promovida
pelo novo Código Ovil da maioridade de 21 para 18 anos (aquisição da plena

133 STJ, REsp 638589/SC, Rei. Min. Felix Fischer, 5• T., DJ 12/12/2005, p. 412.

415 Prova 21
Direito Previdenciário Cespe

capacidade civil), em nada altera a situação dos dependentes previdenciários


(filhos, equiparados a filhos e irmãos). Isto porque o art. 16 da Lei 8.213/91
não fala em capacidade, mas em "menor de 21 anos", não tendo sido revogado
pelo Código Civil neste particular. 134
No caso de filho inválido, mesmo que seja maior de 21 anos, continua sen-
do dependente do segurado, desde que a invalidez tenha ocorrido antes da
emancipação ou de completar a idade de 21 anos. Todavia, se a emancipação
ocorrer por motivo de colação de grau em curso superior, o filho inválido
não perde a condição de dependente.
O filho que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente também manterá a
qualidade de dependente mesmo depois de completar 21 anos de idade.
Na questão em tela, presume-se que Sérgio não seja inválido nem tenha
deficiência intelectual ou mental, pois em caso contrário, o enunciado teria
que informar. Assim, Sérgio terá direito ao recebimento da pensão somente
até os 21 anos, improrrogável, independentemente de ainda estar cursando
algum curso universitário. Gabarito: certo.

195. Célia é aposentada pelo regime geral de previdência social e retornou à ativida-
de na qualidade de empregada, razão pela qual passou a sujeitar-se novamente
às contribuições previdenciárias. Nessa situação, apesar de voltar a contribuir,
Célia não terá direito a nova aposentadoria, mas terá direito ao salário-materni-
dade.
( ) certo ( ) errado

O aposentado pelo RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer ati-
vidade abrangida por esse regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito ao pagamento de contribuições para fins de custeio
da Seguridade Social (Lei 8.212/91, art. 12, § 4°).
Nos termos do § 2° do art. 18 da Lei 8.213/91, o aposentado pelo RGPS que
permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará
jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício
dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando
empregado.

134 SETTE, Direito Previdenciário Avançado, p. 185.

Hugo Goes 416


Juiz Federai!TRF da s• Região/2007

No entanto, conforme dispõe o art. 103 do Regulamento da Previdência Social


(Decreto 3.048/99), a segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao
salário-maternidade. Este dispositivo do Regulamento está em consonância
com o inciso XVIII do art. 7° da Constituição Federal, que assegura para
as trabalhadoras a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
com a duração de cento e vinte dias. A aposentada que retoma à atividade é
uma trabalhadora. Se durante a licença-maternidade ela não tivesse direito
ao recebimento do salário-maternidade, haveria o prejuízo do salário, que é
expressamente vedado pelo inciso XVIII do art. 7° da Constituição Federal.
Gabarito: certo.

196. Geraldo trabalhou em um banco durante 12 anos e foi demitido em julho de


2005. Desde essa data, não conseguiu retornar ao mercado formal de trabalho
nem contribuiu para a previdência social,, sobrevivendo dos recursos que rece-
beu na rescisão do contrato de trabalho. Nessa situação, caso venha a sofrer, em
outubro de 2007, sério acidente que o incapacite por mais de sessenta dias para
o exercício habitual de qualquer atividade, Geraldo ainda terá, em tal oportuni-
dade, todos os seus direitos perante a previdência social preservados, razão pela
qual poderá pleitear auxílio-doença e ter seu pedido deferido.

( ) certo ( ) errado

Há situações nas quais o segurado, mesmo sem exercer atividade remunerada


e sem recolher contribuições, mantém a qualidade de segurado por certo
período. É o que se chama período de graça ou manutenção extraordinária
da qualidade de segurado.
Estando com a qualidade de segurado mantida, o trabalhador conserva to-
dos os seus direitos perante a Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 15, § 3°).
Assim, na questão em tela, Geraldo terá direito ao auxílio-doença desde que
esteja com a qualidade de segurado mantida.
O trabalhador que deixar de exercer atividade remunerada mantém a qua-
lidade de segurado até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições
(Lei 8.212/91, art. 15, li). Este prazo será prorrogado para até 24 meses, se o
segurado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção
que acarrete a perda da qualidade de segurado (Lei 8.213, art. 15, § 1°). Estes
dois prazos (12 ou 24 meses) serão acrescidos de 12 meses para o segurado
desempregado, desde que comprovada essa situação por registro no órgão
próprio do Ministério do Trabalho e Emprego (Lei 8.213/91, art. 15, § 2°).

417 Prova 21
Direito Previdenciário Cespe

À vista do exposto, verifica-se que o período de graça do segurado que deixa


de exercer atividade remunerada pode ser:
a) de 12 meses- para o segurado com menos de 120 contribuições mensais;
b) de 24 meses- para o segurado com mais de 120 contribuições mensais;
ou para o segurado com menos de 120 contribuições mensais que com-
provar que permanece na situação de desemprego (mediante anotações
referentes ao seguro-desemprego ou ao registro no Sistema Nacional de
Emprego - SINE do Ministério do Trabalho e Emprego);
c) de 36 meses - para o segurado com mais de 120 contribuições mensais
que comprovar que permanece na situação de desemprego.

Na questão que ora analisamos, Geraldo conta com mais de 120 contribuições
mensais. Neste caso, após a cessação das contribuições, manterá a quali-
dade de segurado por 24 meses. Se comprovar que permanece na situação
de desemprego (mediante registro no SINE-MTE), manterá a qualidade de
segurado por 36 meses. Todavia, o enunciado da questão não informa se
Geraldo comprovou, perante o INSS, a situação de desemprego. Considera-se,
portanto, o período de graça de Geraldo como sendo de 24 meses.
O reconhecimento da perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia se-
guinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa
ao mês imediatamente posterior ao término dos prazos acima citados (RPS,
art. 14). Na questão em tela, o prazo de 24 meses terminou em julho de 2007.
O mês seguinte é agosto de 2007. O vencimento da contribuição do contri-
buinte individual relativa ao mês de agosto de 2007 foi no dia 17/09/2007 (dia
15/09/2007 foi um sábado). Assim, Geraldo perdeu a qualidade de segurado
no dia 18/09/2007. Ocorrendo a incapacidade para o trabalho (por mais de 15
dias) no mês de outubro de 2007, Geraldo não terá direito ao auxílio-doença.
Gabarito: errado.

197. Alberto é associado de uma cooperativa de produção e, nessa condição, ajustou


e executou serviço à própria cooperativa. Nessa situação, Alberto é considerado
segurado do regime geral de previdência social na qualidade de empregado.

( ) certo ( ) errado

É segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte individual,


entre outros, o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição,

HugoGoes 418
Juiz FederalffRF da S• Região/2007

presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao


trabalho executado (RPS, art. 9°, V, "n").
Cooperativa, urbana ou rural, é a sociedade de pessoas, sem fins lucrativos,
com forma e naturezc. jurídica próprias, de natureza civil, não sujeita à
falência, constituída para prestar serviços a seus associados (Lei 5.764/71).
Cooperativa de produção, espécie de cooperativa, é a sociedade que, por
qualquer forma, detém os meios de produção e seus associados contribuem
com serviços laborativos ou profissionais para a produção em comum de
bens (IN RFB 971/2009, art. 210).
Considera-se cooperaco o trabalhador associado a cooperativa, que adere
aos propósitos sociais e preenche as condições estabelecidas no estatuto
dessa cooperativa.
O cooperado de cooperativa de produção é segurado obrigatório do RGPS,
mas não é segurado en:pregado. O cooperado é enquadrado no RGPS como
contribuinte individual (RPS, art. 9°, V, "n").
O trabalhador associaco à cooperativa que, nessa qualidade, presta serviços
a terceiros também é segurado obrigatório na qualidade de contribuinte
individual (RPS, art. 9°, § 15, IV). Trata-se, neste caso, de cooperado asso-
ciado à cooperativa de trabalho. Assim, o cooperado, seja de cooperativa de
produção ou de trabalho, é segurado obrigatório do RGPS na categoria de
contribuinte individual. Gabarito: errado.

198. Sérgio é titular de firma individual e trabalha com manutenção de máquinas


exposto de maneira permanente, não ocasional nem intermitente, a níveis de
ruído acima de 90 decibéis. Nessa situação, que é de prestação de trabalho sujei-
to a condições especiais que prejudicam a saúde, Sérgio terá direito, cumprida a
carência exigida e demais requisitos legais, a aposentadoria especial.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida


ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este
somente quando coorerado filiado a cooperativa de trabalho ou de pro-
dução, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos,
conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física (RPS, art. 64, caput). Como exemplo de agente nocivo

419 Prova 21
Direito Previdenciário Cespe

prejudicial à saúde ou à integridade física, temos a exposição a ruídos supe-


riores a 85 decibéis.
O titular de firma individual (considerado empresário individual pelo art. 931
do Código civil) é segurado obrigatório do RGPS na qualidade de contribuinte
individual (Lei 8.213/91, art. 11, V, "f"). Em regra, mesmo que trabalhe em
condições prejudiciais à saúde, o contribuinte individual não faz jus à aposenta-
doria especial. O único contribuinte individual que tem direito à aposentadoria
especial é o cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou de produção que
trabalha sujeito a condições especiais prejudiciais a sua saúde ou a sua integri-
dade física (Lei 10.666/2003, art. 1°, caput).
Na questão em tela, Sérgio, titular de firma individual, é segurado obrigatório
na qualidade de contribuinte individual. Assim, mesmo trabalhando exposto
a ruídos acima de 90 decibéis, Sérgio não terá direito à aposentadoria especial.
Gabarito: errado.

Ainda com relação às prestações da previdência social, julgue os próximos itens.


199. A inscrição de companheira ou companheiro na qualidade de dependente pode
ser feita inclusive se o segurado for casado.

( ) certo ( ) errado

A inscrição do dependente do segurado será promovida quando do reque-


rimento do benefício a que tiver direito (RPS, art. 22, caput).
De acordo com o § 3° do art. 16 da Lei 8.213/91, considera-se companheira
ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o
segurado ou com a segurada. Considera-se união estável aquela configurada
na convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher,
estabelecida com intenção de constituição de família (RPS, art. 16, § 6°, e
Código Civil, art. 1.723, caput).
Ao regular a união estável, o Código Civil aplicou a esse tipo de constituição
de família os impedimentos do casamento, ressalvando, porém, que a união
estável se constituirá, ainda que um dos companheiros ou ambos sejam
separados apenas de fato (CC, art. 1.723, § 1°).
De acordo com o disposto no art. 1.521 do Código Civil, não podem casar: (I)
os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; (11)
os afins em linha reta; (111) o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o

HugoGoes 420
Juiz Federai/TRF da S• Região/2007

adotado com quem o foi do adotante; (IV) os irmãos, unilaterais ou bilaterais,


e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; (V) o adotado com o filho
do adotante; (VI) as pessoas casadas; (VII) o cônjuge sobrevivente com o
condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Podemos dizer, então, que, em regra, as pessoas impedidas de se casar tam-
bém são impedidas de constituir união estável. Nesta linha de raciocínio, as
pessoas casadas, em regra, não podem constituir união estável. Todavia, se
a pessoa casada for separada de fato ou judiçialmente, embora impedida de
se casar, poderá constituir união estável (CC, art. 1.723, § 1°).
O art. 372 da IN INSS 77/2015 regula a situação em que cônjuge e companhei-
ro pleiteiam pensão por morte do mesmo instituidor nos seguintes termos:

Art. 372. Na hipótese de cônjuge e companheiro habilitados


como dependentes no benefício de pensão por morte do
mesmo instituidor, o cônjuge deverá apresentar declaração
específica contendo informação sobre a existência, ou não,
da separação de fato, observando que:
I - havendo declaração de que não houve a separação de
fato, o cônjuge terá direito à pensão por morte mediante a
apresentação:
a) da certidão de casamento atualizada na qual não conste
averbação de divórcio ou de separação judicial;
b) de pelo menos um documento evidenciando o convívio
com o instituidor ao tempo do óbito;
II - havendo declaração de que estava separado de fato, o
cônjuge terá direito à pensão por morte, desde que apresente,
no mínimo, um documento que comprove o recebimento
de ajuda financeira sob qualquer forma ou recebimento de
pensão alimentícia.
§ 1o Na situação prevista no inciso I do caput, estará afastado
o direito do companheiro, ainda que haja a apresentação de
três documentos na forma do§ 3° do art. 22 do RPS.
§ 2° Na situação prevista no inciso II do caput, será devido
o benefício de pensão por morte desdobrada para o cônjuge
e para o companheiro que comprovar a união estável ao
tempo do óbito.

421 Prova 21
Direito Previdenciário Cespe

Sendo o segurado separado de fato da mulher com a qual é civilmente


casado, e mantendo união estável com outra mulher, esta será considerada
sua companheira e, por conseguinte, beneficiária do RGPS na condição de
dependente. Se esse segurado falecer, a inscrição de sua companheira na
qualidade de dependente pode ser feita, mesmo sendo ele casado com outra.
Gabarito: certo.

200. O fato de o empregador deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional, constitui
crime; entretanto, mesmo que o empregador não tenha promovido o recolhimen-
to, a administração não pode, sob o fundamento de que o empregador nadare-
colheu, indeferir requerimento de segurado empregado que apresente pedido de
benefício.

( ) certo ( ) errado

Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e na forma legal ou convencional, constitui crime
de apropriação indébita previdenciária (Código Penal, art. 168-A, caput). A
pena prevista para esse crime é reclusão de dois a cinco anos, e multa.
No entanto, mesmo que a empresa não recolha as contribuições previden-
ciárias descontadas de seus empregados, este fato não prejudicará os direitos
previdenciários desses segurados. Os empregados não serão penalizados
pela infração cometida pela empresa. O INSS não pode negar um benefício
previdenciário a um segurado empregado sob o único argumento de que a
empresa não recolheu as contribuições previdenciárias dele descontadas.
Assim, no cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decor-
rente de acidente do trabalho, serão computados, para o segurado empregado
e trabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses de
contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa (Lei 8.213/91,
art. 34, I).
Gabarito: certo.

HugoGoes 422
Julgue os itens a seguir, acerca do conceito, da organização e dos princípios da
seguridade social.
06. A seguridade social obedece aos princípios da seletividade e da distributividade
na prestação dos benefícios e serviços.

( ) certo ( ) errado

De acordo com as lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, "princípio é, por


definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, dis-
posição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes
o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência
exatamel].te por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no
que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos
princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do
todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo". 135
Os princípios da seguridade social encontram-se em vários dispositivos da
Constituição Federal. É, porém, no parágrafo único do art. 194 da Constitui-
ção que estão inseridos a maioria desses princípios. 136 Embora esse dispositivo

!35 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. !7• ed. São Paulo: Malheiros, 2004,
p. 841-842.
136 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públi-
cos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
!I - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participa-
ção dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

423
Direito Previdenciário Cespe

constitucional utilize a expressão "objetivos", na verdade, estão enumerados


ali verdadeiros princípios constitucionais; tanto é assim que a Lei 8.212/91,
art. 1o, parágrafo único, denomina-os de "princípios e diretrizes".
A seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços é um
dos princípios constitucionais da Seguridade Social (CF, art. 194, parágrafo
único, III). A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja,
na escolha dos benefícios e serviços a serem mantidos pela seguridade so-
cial, enquanto a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo
para as pessoas com maior necessidade, definindo o grau de proteção. 137
Os benefícios da assistência social, por exemplo, serão concedidos apenas
aos "necessitados"; os benefícios salário-família e auxílio-reclusão só serão
concedidos aos beneficiários de baixa renda (atualmente, para aqueles que
tenham renda mensal inferior ou igual a R$ 1.089,72). 138
Assim, compete ao legislador- com base em critérios equitativos de solida-
riedade e justiça social e segundo as possibilidades econômico-financeiras do
sistema - definir quais benefícios serão concedidos a determinados grupos de
pessoas, em razão de especificidades que as particularizem. Gabarito: certo.

07. Assistência social é a política social que provê o atendimento das necessidades
básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adoles-
cência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de con-
tribuição à seguridade social.

( ) certo ( ) errado

Conforme o disposto no art. 203 da Constituição Federal, a assistência social


será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos: (I) a proteção à família, à maternidade,
à infância, à adolescência e à velhice; (II) o amparo às crianças e adolescentes
carentes; (III) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (IV) a ha-
bilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de
sua integração à vida comunitária; (V) a garantia de um salário mínimo de
benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.

137 BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 87.
138 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

Hugo Goes 424


Procurador Federai/AGU/2007

A organização da assistência social é disciplinada pela Lei 8.742/93, conhecida


como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Nos termos do art. 1° da LOAS, a assistência social, direito do cidadão
e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que
provê os mínimos sociais, realizada por meio de um conjunto integrado de
ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às
necessidades básicas.
Assim, a assistência, parte integrante da seguridade social, tratará de atender
os hipossuficientes, destinando pequenos benefícios a pessoas que nunca
contribuíram para o sistema.
A assistência social diferencia-se da previdência social: a previdência social
tem caráter contributivo; a assistência social independe de contribuição.
Gabarito: certo.

Pedro, segurado obrigatório do RGPS, era casado com Solange, brasileira e em-
pregada na embaixada do Sudão, de quem jamais se divorciou ou se separou ju-
dicialmente.
Atualmente, Pedro vive com Carla e é tutor de Sofia, com 12 anos de idade, filha
de seu irmão falecido.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens seguintes quanto aos
beneficiários do RGPS, na forma <;la Lei no 8.213/1991.
08. Solange continua a ser dependente de Pedro.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no caput do art. 16 da Lei 8.213/91, são beneficiários


do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segu-
rado: (I) o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado,
de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente; (11) os pais; (III) o irmão não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente.
Para o cônjuge, a perda da qualidade de dependente ocorre pela separação ju-
dicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos,

425 Prova 22
Direito Previdenciário Cespe

pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada


em julgado (RPS, art. 17, I).
Na questão em tela, em relação a Solange, não ocorreu nenhuma hipótese
de perda da qualidade de dependente. Assim, Solange manteria a qualidade
de dependente para fins previdenciários.
Todavia, de acordo com o disposto no§ 2° do art. 76 da Lei 8.213/91, o côn-
juge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão
de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes
preferenciais (cônjuge, companheiro(a) e filhos não emancipados menores
de 21 anos ou inválidos).
De acordo com a Súmula 336 do STJ, "a mulher que renunciou aos alimen-
tos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do
ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente".
À vista do exposto, conclui-se que para o cônjuge separado de fato manter a
qualidade de dependente (e ter direito~ pensão por morte) é necessário que
exista a dependência (ou necessidade) econômica.
Na questão que ora analisamos, Solange não é separada judicialmente nem
divorciada de Pedro, mas é separada de fato. O enunciado da questão não
fala sobre a existência de dependência (ou necessidade) econômica nem de
pensão alimentícia. Por isso, não é possível afirmar se Solange mantém (ou
não) a qualidade de dependente, razão pela qual a questão foi anulada.
Gabarito: anulado.

09. Sofia pode figurar como dependente de Pedro, desde que essa condição seja de-
clarada e que seja demonstrada a dependência econômica.

( ) certo ( ) errado

Conforme o disposto no § 2° do art. 16 da Lei 8.213/91, o enteado e o menor


tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que
comprovada a dependência econômica.
Na questão ora comentada, Pedro, segurado do RGPS, é tutor de Sofia. Assim,
ela, menor tutelada, pode figurar como beneficiária do RGPS na condição
de dependente, desde que essa condição seja declarada por Pedro e que seja
demonstrada a dependência econômica dela em relação a ele. Gabarito: certo.

Hugo Goes 426


Procurador Federal/ AGU/2007

10. Solange é segurada obrigatória do RGPS.

( ) certo ( ) errado

É segurado obrigatório do RGPS, como empregado, entre outros, aquele


que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular
de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas
missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente
no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da
respectiva missão diplomática ou repartição consular (Lei 8.213/91, art. 11,
I, "d").
Na questão ora comentada, Solange, brasileira e empregada na embaixada
do Sudão, pode ou não ser segurada obrigatória do RGPS. Presumindo-se
que a citada embaixada funciona no Brasil, ela será segurada obrigatória do
RGPS se não for amparada pela legislação previdenciária do Sudão. Toda-
via, se ela for amparada pela legislação previdenciária do Sudão, não será
segurada obrigatória do RGPS.
O enunciado da questão não informa se Solange é amparada pela legislação
previdenciária do Sudão. O gabarito oficial considerou este item como errado,
mas, tendo em vista que o enunciado está incompleto, o mais justo seria a
sua anulação. Gabarito: errado.

A respeito do custeio do RGPS e do salário-de-contribuição, julgue os itens sub-


sequentes.
11. Considere que um auditor fiscal constate que determinado segurado, contratado
como trabalhador avulso, preenche as condições da relação de emprego. Nessa si-
tuação, o auditor deverá ingressar, na Procuradoria do INSS, com uma ação judi-
cial visando desconsiderar o vínculo pactuado e, consequentemente, efetuar, por
decisão judicial, o enquadramento como segurado empregado.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no § 2° do art. 229 do Regulamento da Previdência


Social- RPS, se o Auditor-Fiscal constatar que o segurado contratado como
contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denomi-
nação, preenche as condições da relação de emprego, deverá desconsiderar
o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado.

427 Prova 22
Direito Previdenciário Cespe

Para a execução deste procedimento, não é necessário que o Auditor-Fiscal


ingresse com ação judicial. Este procedimento in depende de decisão judicial.
Gabarito: errado.

12. Os valores do salário de contribuição serão reajustados na mesma época e com os


mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada
da previdência social.

( ) certo ( ) errado

A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador


avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o
seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa (Lei 8.212/91,
art. 20). As alíquotas de contribuição destes segurados são progressivas, ou
seja, quanto maior o salário de contribuição, maior será a alíquota. A pro-
gressividade das alíquotas está alinhada com o princípio constitucional da
equidade na forma de participação no custeio (CF, art. 194, parágrafo único,
V). Em valores atualizados, a partir de 1°/02/2009, a tabela de contribuição
destes segurados é a seguinte:

Até 1.399,12 8%
9%

Os valores constantes da tabela de salário de contribuição acima serão rea-


just;idos na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento
dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social (Lei 8.212/91,
art. 20, § 1°). O limite máximo do salário de contribuição (atualmente,
R$ 3.689,66) também é reajustado na mesma época e com os mesmos índices
que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previ-
dência Social (Lei 8.212/91, art. 28, §5°).
Por sua vez, o valor dos benefícios do RGPS é reajustado, anualmente, na
mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas
respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no índice
N acionai de Preços ao Consumidor- IN PC, apurado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (Lei 8.213/91, art. 41-A).

Hugo Goes 428


Procurador Federai/AGU/2007

O enunciado da questão ora comentada refere-se ao reajustamento da tabela


de salário de contribuição e do limite máximo do salário de contribuição. Isso
vale ser ressaltado para que não se confunda com a correção dos salários de
contribuição que foram utilizados como base de cálculo da contribuição do
segurado e serão utilizados no cálculo do salário de benefício. Estes salários
de contribuição também serão devidamente atualizados (CF, art. 201, § 3°),
mas a época da atualização não será a mesma do reajuste dos benefícios de
prestação continuada da Previdência Social. Os salários de contribuição
utilizados no cálculo do salário de benefício serão corrigidos, mês a mês,
de acordo com a variação integral do INPC, referente ao período decorrido
a partir da primeira competência do salário de contribuição que compõe o
período básico de cálculo até o mês anterior ao do início do benefício, de
modo a preservar o seu valor real (Lei 8.213/91, art. 29-B e RPS, art. 33).
Gabarito: certo.

3. Considere que Maria receba salário-maternidade. Nessa situação, não haverá des-
conto da contribuição previdenciária do valor desse benefício.

( ) certo ( ) errado

O salário-maternidade é um benefício previdenciário (Lei 8.213/91, art. 18,


I, "g"). Em regra, não incide contribuição previdenciária sobre o valor dos
benefícios concedidos pelo RGPS (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "a"); todavia, o
salário-maternidade é a única exceção, sendo considerado salário de contri-
buição (Lei 8.212/91, art. 28, § 2°). Assim, haverá desconto da contribuição
previdenciária sobre o valor do salário-maternidade recebido pela segurada
do RGPS. Gabarito: errado.

Em relação aos benefícios de previdência social, julgue os itens que se seguem.


14. O contribuinte individual e o empregado doméstico não fazem jus ao benefício
de auxílio-acidente.

( ) certo ( ) errado

Na época em que esta prova foi aplicada (ano de 2010), somente podiam
beneficiar-se do auxílio-acidente os seguintes segurados: {a) empregado; (b)
trabalhador avulso; e {c) segurado especial.

429 Prova 22
Direito Previdenciário Cespe

Mas a Lei Complementar 150/2015 assegurou ao empregado doméstico o di-


reito ao auxílio-acidente. Atualmente, os segurados que podem beneficiar-se
do auxílio-acidente são os seguintes: (a) empregado; (b) trabalhador avulso;
(c) empregado doméstico e (d) segurado especial (Lei 8.213/91, art. 18, § 1°).
Na data em que foi aplicada, esta questão foi considerada como certa, mas,
se fosse aplicada hoje, ela seria considerada como errada.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

15. Considere que Joana seja empregada e não tenha conseguido comprovar o valor
dos seus salários de contribuição, no período básico de cálculo. Nessa situação,
mesmo que preenchidos os requisitos para a concessão do benefício, Joana não
fará jus a um benefício previdenciário.

( ) certo ( ) errado

Consoante o disposto no art. 35 da Lei 8.213/91, ao segurado empregado,


inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso que tenham cumprido to-
das as condições para a concessão do benefício pleiteado mas não possam
comprovar o valor dos seus salários de contribuição no período básico de
cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo essa renda ser
recalculada, quando da apresentação de prova dos salários de contribuição.
Nos casos acima, após a concessão do benefício, o órgão concessor deverá
notificar a Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB para adoção das
providências cabíveis (RPS, art. 36, § 4°). Gabarito: errado.

16. O contribuinte individual que trabalha por conta própria, sem relação de empre-
go, não faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição.

( ) certo ( ) errado

A questão em tela trata do contribuinte individual que trabalha por conta


própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado. Contribuindo
na forma do caput do art. 21 da Lei 8.212/91, com 20% sobre o salário de con-
tribuição, esse segurado faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição.
Mas, se ele optar pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por

Hugo Goes 430


Procurador Federai/AGU/2007

tempo de contribuição, a alíquota de contribuição, incidente sobre o limite


mínimo mensal do salário de contribuição, será de: (I) onze por cento, no
caso do segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria,
sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado faculta-
tivo; e (II) cinco por cento, no caso do microempreendedor individual (Lei
8.212/91, art. 21, § 2°). Vale dizer, optando por esta forma menos onerosa de
contribuição, o referido segurado perde o direito à aposentadoria por tempo
de contribuição (Lei 8.213/91, art. 18, § 3°). Gabarito: errado.

Acerca do período de carência, julgue os itens seguintes.


17. A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria se todos
os requisitos para a sua concessão já tiverem sido preenchidos e estiverem de acor-
do com a legislação em vigor à época em que esses requisitos foram atendidos.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a perda da qualidade de segurado importa em caducidade dos


direitos inerentes a essa qualidade (Lei 8.213/91, art. 102, caput). No entanto,
esta regra comporta algumas exceções.
a) A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria
para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo
a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos (Lei
8.213/91, art. 102, § 1°).
b) A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão
das aposentadorias por tempo de contribuição e especial (Lei 10.666/2003,
art. 3°).
c) Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segu-
rado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o
segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente
ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício
(Lei 10.666/2003, art. 3°, § 1°).

Gabarito: certo.

431 Prova 22
Direito Previdenciário Cespe

18. Considere a seguinte situação hipotética. Lucas foi empregado pelo período de 15
anos, após o qual ingressou no serviço público, no qual exerceu atividades duran-
te 10 anos. Com o intuito de se aposentar, requereu o piigamento das contribuições
devidas como contribuinte individual durante o período pretérito, para fins de ca-
rência. Nessa situação, mesmo não sendo contribuinte obrigatório no referido pe-
ríodo, Lucas poderá contar com esse tempo de contribuição, desde que faça, agora,
o referido pagamento das prestações em atraso, com juros e correção monetária.

( ) certo ( ) errado

O reconhecimento de filiação no período em que o exercício de atividade


remunerada não exigia filiação obrigatória à previdência social somente será
feito mediante indenização das contribuições relativas ao respectivo período
(RPS, art. 122, caput).
Para que o segurado possa indenizar contribuições relativas a período em que
o exerc;ício de atividade remunerada não exigia filiação obrigatória à previ-
dência social é necessário que, posteriormente, a atividade tenha se tornado
de filiação obrigatória (RPS, art. 216, § 9°). Os trabalhadores autônomos,
por exemplo, só se tornaram segurados obrigatórios com o advento da
Lei 3.807, de 26/08/1960 (LOPS). Assim, se um trabalhador autônomo
comprovar o exercício desta atividade em período anterior à vigência da
Lei 3.807/60, poderá contar este período como tempo de contribuição, desde
que pague a respectiva indenização (RPS, art. 60, XVI).
Se a atividade exercida no passado continua sendo de filiação facultativa,
não é possível a indenização. Neste caso, aplica-se a regra geral: para o segu-
rado facultativo, não é permitido o pagamento de contribuições relativas a
competências anteriores à data da inscrição (RPS, at. 11, § 3°). Por exemplo,
um estagiário que presta serviços a empresa de acordo com a Lei 11.788/08
continua sendo segurado facultativo (RPS, art. li., § 1°, VII). Assim, o período
em que a pessoa exerceu a atividade de estagiário não pode ser indenizado
para fins de contagem de tempo de contribuição.
De acordo com o art. 45-A da Lei 8.212/91, o contribuinte individual que pre-
tenda contar como tempo de contribuição, para fim de obtenção de benefício
no RGPS ou de contagem recíproca do tempo de contribuição, período de
atividade remunerada alcançada pela decadência deverá indenizar o INSS.
Neste caso, o valor de cada mês a ser indenizado corresponderá a 20%: (I) da
média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, reajustados,
correspondentes a 80% de todo o período contributivo decorrido desde a

HugoGoes 432
Procurador Federai/AGU/2007

competência julho de 1994; ou (II) da remuneração sobre a qual incidem as


contribuições para o regime próprio de previdência social a que estiver filiado
o interessado, no caso de indenização para fins da contagem recíproca de tem-
po de contribuição, observados o limite máximo do salário de contribuição
(Lei 8.212/91, art. 45-A, § 1°). Sobre tais valores incidirão juros moratórios de
0,5% ao mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual máximo de
50%, e multa de 10% (Lei 8.212/91, art. 45 -A,§ 2°). Vale frisar que esta forma
de cálculo não se aplica aos casos de contribuições em atraso não alcançadas
pela decadência do direito de a Previdência constituir o respectivo crédito,
obedecendo-se, em relação a elas, as regras gerais relativas a contribuições
pagas com atraso (Lei 8.212/91, art. 45-A, § 3°).
Nos casos em que a indenização for possível, o período indenizado contará
como tempo de contribuição (RPS, art. 60, XVI). Todavia, este período não
contará para efeito de carência. Para o segurado contribuinte individual e
facultativo, inclusive o segurado especial que contribui facultativamente
com 20% sobre o salário de contribuição, o período de carência é contado
da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso, não
sendo consideradas para esse fim as contribuições recolhidas com atraso
referentes a competências anteriores (Lei 8.213/91, art. 27, 11).
Na questão ora examinada, Lucas, com o intuito de aposentar-se, requereu,
para fins de carência, o pagamento de contribuições devidas como contri-
buinte individual referente~ a período pretérito. Lucas não era segurado
obrigatório no referido período: A questão não informa se a atividade que
Lucas desenvolvia no passado é, atualmente, de filiação obrigatória. Contudo,
mesmo que a referida atividade tenha, posteriormente, se tornado de filia-
ção obrigatória, o período indenizado não contará para efeito de carência.
Portanto, a questão deve ser considerada como errada.
Gabarito: errado.

433 Prova 22
Direito Previdenciário Cespe

Com base no regulamento do seguro de acidentes do trabalho e da moléstia pro-


fissional, julgue os itens a seguir.
19. Cabe ao empregado comunicar o acidente do trabalho à previdência social até o
primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência do acidente; em caso de morte, a em-
presa deverá comunicar o acidente de imediato, à autoridade competente, sob
pena de multa variável, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e
cobrada pela previdência social.

( ) certo ( ) errado

Conforme o disposto no caput do art. 22 da Lei 8.213/91, a empresa ou o


empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Pre-
vidência Social até o 1° (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em
caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa
variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribui-
ção, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela
Previdência Social.
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio
acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que
o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o
prazo acima mencionado (Lei 8.213/91, art. 22, § 2°).
O enunciado da questão ora comentada está errado, pois afirma que o empre-
gado deve comunicar o acidente do trabalho à previdência social até o primeiro
dia útil seguinte ao da ocorrência. Na verdade, esta obrigação é da empresa. Se
esta não cumprir sua obrigação, o empregado acidentado poderá formalizar a
comunicação, sem, no entanto, ficar sujeito ao cumprimento de prazo.
Gabarito: errado.

20. Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verifica


nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida
motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doen-
ças (CID).

( ) certo ( ) errado

Consideram-se acidente do trabalho as seguintes entidades mórbidas: (I)


doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da

Hugo Goes 434


Procurador Federal/ AGU/2007

respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência


Social; (11) doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada
em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele
se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I (Lei
8.213/91, art. 20, caput).
Como visto nos comentários do item anterior, a empresa e o empregador
doméstico são obrigados a comunicar o acidente do trabalho à Previdência
Social, mediante apresentação da Comunicação de Acidente do Trabalho -
CAT. Infelizmente, é comum que muitos empregadores deixem de elaborar
esse documento, buscando com isso evitar possíveis responsabilizações civis
e, ainda, excluir o direito do segurado à estabilidade provisória, quando do
retorno (Lei 8.213/91, art. 118). Sem a CAT, havia dificuldades para o reco-
nhecimento do benefício como acidentário.
O art. 21-A da Lei 8.213/91 veio resolver esta questão, estabelecendo o seguin-
te: "a perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária
da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemioló-
gico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da
empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID."
Assim, o nexo técnico estabelece o vínculo da incapacidade elencada na
CID, obtida a partir da perícia médica, com a atividade desempenhada pelo
segurado, reconhecendo-se o benefício como acidentário mesmo sem a CAT.
Por exemplo, se o segurado tem LER (Lesão por Esforços Repetitivos) e é
digitador, já poderá a previdência assumir o benefício como acidentário,
mesmo sem CAT. Este novo procedimento é de especial importância para
as doenças ocupacionais, nas quais há grande resistência à emissão da CAT.
Gabarito: certo.

435 Prova 22
41. Considere que, após a morte de Cláudio, seus familiares tenham procurado a pre-
vidência social para promoverem a inscrição como dependentes do de cujus a fim
de requererem os benefícios a que têm direito. Nessa situação, é exigível prova de
dependência econômica para a inscrição de

a) filho inválido com mais de 21 anos.


b) enteado menor de 18 anos.
c) companheira, desde que apresente a ·Certidão de casamento do falecido com
averbação da separação judicial ou divórcio, ou que tenha prole em comum.
d) filho menor de 21 anos, m~smo que ocupe emprego público efetivo.
'e) filha solteira com mais de 21 anos, desde que esteja desempregada.
'
A dependência econômica é presumida para os seguintes dependentes: o côn-
juge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente. Para os demais dependentes, a dependência eco-
nômica deve ser comprovada (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°).
Diante do exposto, passa-se aos comentários das alternativas propostas:
Alternativa A - A dependência econômica do filho inválido é presumida.
Assim, para efeito de inscrição deste dependente não se exige prova de de-
pendência econômica.
Alternativa B- O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante
declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica
(Lei 8.213/91, art. 16, § 2°). Assim, é exigível prova de dependência econô-
mica para a inscrição de enteado.

437
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa C- Para ser beneficiária do RGPS, na qualidade de dependente


do segurado, a companheira não precisa comprovar dependência econômica,
pois esta é presumida. O que a companheira deve comprovar é a união estável.
Alternativa D - Filho menor de 21 anos que ocupa emprego público efetivo
é emancipado, não podendo ser inscrito como dependente (Lei 8.213/91,
art. 16, I).
Alternativa E - Para ter a qualidade de dependente, o filho deve ser não
emancipado, menor de 21 anos ou inválido ou ter deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialmente. Assim, não sendo inválida, nem deficiência intelectual ou
mental, a filha com mais de 21 anos, mesmo que solteira e desempregada,
não pode ser inscrita como dependente.
Gabarito: B

42. Não é segurado empregado da previdência social

a) brasileiro que trabalhe para a União no exterior, em organismo oficial inter-


nacional do qual o Brasil é membro efetivo, domiciliado e contratado fora do
Brasil, e não segurado da previdência social do país em que esteja trabalhando.
b) brasileiro domiciliado no Brasil, mas ajustado para trabalhar em sucursal de
uma grande empresa de mineração brasileira no exterior.
c) brasileiro domiciliado e ajustado no Brasil para trabalhar em empresa impor-
tadora de equipamentos de informática, com sede no exterior, mas cuja maio-
ria do capital votante pertença a grande empresa brasileira de capital nacional.
d) brasileiro que trabalhe na Bélgica, em organismo oficial internacional do qual
o Brasil seja membro efetivo, contratado e domiciliado naquele país, e que não
esteja vinculado ao regime de previdência social belga.
e) brasileiro que preste serviço, no Brasil, a missão diplomática belga, tenha re-
sid~ncia permanente no país, e que não esteja amparado pela legislação pre-
videnciária belga.

Alternativa A - É segurado obrigatório da Previdência Social, como empre-


gado, entre outros, o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior,
em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na
forma da legislação vigente do país do domicílio (Lei 8.213/91, art. 11, I, "e").

Hugo Goes 438


Juiz do Trabalho!TRT da S• Região/2006

Alternativa B - É segurado obrigatório da Previdência Social, como empre-


gado, entre outro:;, o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no
Brasil para traba~har como empregado em sucursal ou agência de empresa
nacional no exterior (Lei 8.213/91, art. 11, I, "c").
Alternativa C- É segurado obrigatório da Previdência Social, como empre-
gado, entre outro5, o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no
Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior
com maioria do capital votante pertencente a empresa constituída sob as leis
brasileiras, que tenha sede e administração no país e cujo controle efetivo
esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas
físicas domiciliadas e residentes no país ou de entidade de direito público
interno (RPS, art. 9°, I, "d").
Alternativa D - É segurado obrigatório da Previdência Social, como contri-
buinte individual, entre outros, o brasileiro civil que trabalha no exterior
para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda
que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social (Lei 8.213/91, art. 11, V, "e"). Assim, a alternativa D é a que
deve ser assinalada, pois o trabalhador identificado no seu enunciado "não
é segurado empregado da previdência social". Na verdade, este trabalhador
é segurado obrig1tório do RGPS na condição de contribuinte individual.
Alternativa E- É segurado obrigatório da Previdência Social, como emprega-
do, entre outros, aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou
a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados,
ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem
residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação pre-
videnciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular
(Lei 8.213/91, art. 11, I, "d").
Gabarito: D

439 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

43. Assinale a opção correspondente a segurado que não se enquadra como contri-
buinte individual da previdência social.

a) Pessoa física que, por meio de inscrição no OGMO, exerce atividade de limpe-
za e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques, incluindo bati-
mento de ferrugem, pintura, reparo de pequena monta e serviços correlatos.
b) Cidadão brasileiro que esteja cumprindo pena no regime semiaberto e, nes-
sa condição, preste serviço fora da unidade penal a diversas empresas com a
intermediação da organização carcerária.
c) Titular de cartório que recebeu a delegação da atividade notarial por meio de
concurso público em 1998, não sendo remunerado pelos cofres públicos.
d) Indivíduo cooperado em uma cooperativa de produção que organiza a fabri-
cação e a distribuição de redes em determinado estado do Nordeste brasileiro,
que presta serviço à cooperativa e a terceiros mediante remuneração ajustada
ao trabalho executado.
e) Pastor de uma seita evangélica, desenvolvendo diversas atividades religiosas
na camunidade a que pertence, que receba remuneração do grupo adminis-
trativo da seita.

Alternativa A - A pessoa física identificada no enunciado da alternativa A


não se enquadra como contribuinte individual da previdência social. Na
verdade, esse trabalhador é segurado obrigatório do RGPS na condição de
trabalhador avulso.
Trabalhador avulso é o segurado que, sindicalizado ou não, presta serviço
de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício,
com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra (OGMO)
ou do sindicato da categoria (RPS, art. 9°, VI).
Alternativa B - Na época em que esta prova foi aplicada, estava em vigor
a alínea "o" do inciso V do art. 9° do RPS. Conforme esse dispositivo, era
segurado obrigatório da Previdência Social, como contribuinte individual,
entre outros, o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto,
que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma
ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária
ou entidade afim, ou que exerça atividade artesanal por conta própria. Mas,
atualmente, esta pessoa não é considerada como segurado obrigatório, po-
dendo, no entanto, filiar-se como segurado facultativo (RPS, art. 11, § 1o, XI).
Alternativa C- É segurado obrigatório da Previdência Social, como contri-
buinte individual, entre outros, o notário ou tabelião e o oficial de registros
ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da

Hugo Goes 440


Juiz do Trabalho/TRT da S• Região/2006

atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos,


admitidos a partir de 21 de novembro de 1994 (RPS, art. 9°, § 15, VII).
Alternativa D- É segurado obrigatório da Previdência Social, como contri-
buinte individual, entre outros, o cooperado de cooperativa de produção que,
nesta condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração
ajustada ao trabalho executado (RPS, art. 9°, V, "n").
Alternativa E- É segurado obrigatório da Previdência Social, como contri-
buinte individual, entre outros, o ministro de· confissão religiosa e o membro
de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa (Lei
8.213/91, art. 11, V, "c").
Os ministros de confissão religiosa são aqueles que consagram sua vida a ser-
viço de Deus e do próximo, com ou sem ordenação, dedicando-se ao anúncio
de suas respectivas doutrinas e crenças, à celebração dos cultos próprios, à
organização das comunidades e à promoção de observância das normas estabe-
lecidas, desde que devidamente aprovados para o exercício de suas funções pela
autoridade religiosa competente. São, por exemplo, os padres, pastores e bispos.
Os membros do instituto de vida consagrada, de congregação ou ordem
religiosa são os que emitem ou professam voto (promessa feita pelos religio-
sos), devidamente aprovado pela autoridade religiosa competente. São, por
exemplo, as freiras, freis e monges.
Gabarito: A

44. De acordo com a normatização previdenciária, não integra a base de cálculo de


contribuição o(a)

a) vale-transporte pago em pecúnia por empresa de conservação e limpeza.


b) complementação ao valor do auxílio-doença paga apenas aos empregados
expostos a agentes nocivos.
c) valor das contribuições efetivamente pagas pela pessoa jurídica relativo a pro-
grama de previdência complementar fechada ou aberta, disponível a todos os
empregados do setor financeiro.
d) valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios forneci-
dos ao empregado e utilizados no local do trabalho com a finalidade de pres-
tar os respectivos serviços.
e) participação nos lucros ou resultados da empresa, sendo possível o parcela-
mento em no máximo quatro vezes no mesmo ano civil, independentemente
de acordo ou convenção coletiva.

441 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa A - A parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da


legislação própria, não integra a base de cálculo das contribuições previden-
ciárias (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "f").
O vale-transporte foi instituído pela Lei 7.418/85. O empregador deverá
adquirir os vales-transporte necessários aos deslocamentos do trabalhador
no percurso residência-trabalho e vice-versa, no serviço de transporte que
melhor se adequar (Lei 7.418/85, art. 4°, caput). O empregador participará dos
gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à
parcela que exceder a 6% de seu salário básico (Lei 7.418/85, parágrafo único).

Por exemplo:
Tiago recebe um salário básico de R$ 1.500,00. Seu empregador entrega-lhe,
mensalmente, 50 vales-transporte, no valor total de R$ 200,00. Nesse caso,
o empregador descontará R$ 90,00 (6% de R$ 1.500,00) do salário de Tiago,
referente à participação do empregado no custeio do vale-transporte. Nes-
a
sa situação, participação do empregadqr no custeio do vale-transporte
será de R$ ÜO,OO' (parcela que excedeu a 6% de seu salário básico). ·

O vale-transporte, concedido nas condições e limites definidos na Lei


7.418/85, no que se refere à parcela do empregador (os R$ 110,00 do exemplo
acima), não constitui base de incidência de contribuição previdenciária.
O STF tem entendido que o vale-transporte, mesmo sendo pago em dinhei-
ro, não sofre a incidência da contribuição previdenciária. Nesse sentido,
confira-se o seguinte julgado:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALE-TRANSPORTE. MOEDA.
CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL
DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. l. Pago O
benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em
vale-transporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não
salarial do benefício. [... ] 6. A cobrança de contribuição
previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título
de vales-transporte, pelo recorrente aos seus empregados
afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa.
Recurso Extraordinário a que se dá provimento. 139

139 STF, RE 478410 f SP, Rel. Min. Eros Grau, Dje-086, 14/05/2010.

HugoGoes 442
Juiz do Trabalho/TRT da s• Região/2006

O STJ fez uma revisão do seu entendimento anterior, passando a alinhar-se


com a posição do STF. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

TRIBUTÁRIO. CoNTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE-


-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA.
PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL fEDERAL. JURISPRU-
DÊNCIA DO STJ. REVISÃO. NECESSIDADE. 1. O Supremo
Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso aná-
logo (RE 478.410/SP, Rei. Min. Eros Grau), concluiu que é
inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária
sobre o vale-transporte pago em pecúnia, já que, qualquer
que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza
indenizatória. Informativo 578 do Supremo Tribunal Federal.
2. Assim, deve ser revista a orientação pacífica desta Corte
que reconhecia a incidência da contribuição previdenciária
na hipótese quando o benefício é pago em pecúnia, já que o
art. 5° do Decreto 95.247/87 expressamente proibira o em-
pregador de efetuar o pagamento em dinheiro. 3. Recurso
especial provido. 140

O enunciado da alternativa A refere-se a vale-transporte pago em pecúnia


(em dinheiro). Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2008), o
enunciado da letra A foi considerado como errado, pois, naquele tempo, o STJ
defendia a incidência de contribuição previdenciária sobre o vale-transporte
pago em dinheiro (REsp 508583/PR). Mas, hoje, o STJ e o STF entendem que
o vale-transporte, mesmo sendo pago em dinheiro, não sofre a incidência
da contribuição previdenciária. Assim, se a referida questão fosse aplicada
hoje, a letra A deveria ser assinalada como sendo um valor que não integra
a base de cálculo de contribuição previdenciária.
Alternativa B- Não integra o salário de contribuição a importância paga ao
empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde
que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa (Lei
8.212/91, art. 28, § 9°, "n").
O auxílio-doença é um benefício previdenciário cuja renda mensal corres-
ponde a 91% do salário de benefício. O auxílio-doença não poderá exceder a
média aritmética simples dos últimos 12 salários de contribuição, inclusive
em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12, a

140 STJ, REsp 1180562/R), Rei. Min. Castro Meira, 2' T., D/e 26/08/2010.

443 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

média aritmética simples dos salários de contribuição existentes (Lei 8.213/91,


art. 29, § 10). Dessa forma, quase sempre, o valor do auxílio-doença será me-
nor que a remuneração mensal do trabalhador. Para que o trabalhador não
tenha uma redução em sua renda mensal, a empresa pod.e complementá-la.
Caso isso ocorra, não incidirá contribuição previdenciária sobre o valor dessa
complementação do auxílio-doença, desde que esse direito seja extensivo à
totalidade dos empregados da empresa.
De acordo com o enunciado da alternativa B, a complementação ao valor do
auxílio-doença é paga apenas aos empregados expostos a agentes nocivos.
Neste caso, por não ser extensiva à totalidade dos empregados da empresa,
a complementação do auxílio-doença integra o salário de contribuição.
Alternativa C- Não integra o salário de contribuição o valor das contribui-
ções efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previ-
dência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade
de seus·empregados e dirigentes (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "p").
De acordo com o enunciado da alternativa C, a empresa patrocina previdência
complementar somente para os empregados do setor financeiro. Neste caso,
por não ser disponível à totalidade dos seus empregados e dirigentes, o valor
das contribuições efetivamente pago pela empresa, relativo a programa de
previdência complementar, integra o salário de contribuição.
Alternativa D- Não integra o salário de contribuição o valor correspondente
a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e
utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços (Lei
8.212/91, art. 28, § 9°, "r").
Na situação aqui apresentada, os valores correspondentes a vestuário, equi-
pamentos e outros acessórios não são fornecidos ao trabalhador como forma
de retribuir seu trabalho. Aqui, esses valores são fornecidos como forma de
proporcionar condições para a execução do trabalho. Assim, são fornecidos
para o trabalho, e não pelo trabalho. Por isso, estão fora do campo de inci-
dência das contribuições previdenciárias.
Alternativa E - Não integra o salário de contribuição a participação nos
lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com
lei específica (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "j").
A Lei 10.101/2000 dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros
ou resultados da empresa. De acordo com o disposto no § 2° do art. 3° dessa
lei, "é vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição deva-
lores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais

HugoGoes 444
Juiz do Trabalho/TRT da S• Região/2006

de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um)


trimestre civil".
Para que não incida contribuição previdenciária sobre o valor da participação
dos empregados nos lucros da empresa, é necessário que a distribuição seja
feita de acordo com os preceitos da Lei 10.101/2000. Caso contrário, haverá
a incidência da contribuição previdenciária.
O enunciado da alternativa E afirma ser possível o parcelamento da parti-
cipação nos lucros em no máximo quatro vezes no mesmo ano civil. Neste
caso, por estar em desacordo com a Lei 10.101/2000, a participação nos lucros
integra o salário de contribuição.
Gabarito: D

45. Com relação aos benefícios da previdência social, julgue os próximos itens.

I. Dada a natureza protetiva da previdência social, o auxílio-doença é devido


ao segurado que se filie ao regime geral já portador de doença ou lesão que
possa ser invocada como causa de benefício.
11. Considere a seguinte situação hipotética. Geraldo é aposentado por invalidez
pela previdência social e, em função do grau de sua incapacidade, necessita
que uma pessoa lhe preste assistência permanente, auxiliando-o em uma sé-
rie de situações. Nessa situação, seu benefício, mesmo sendo equivalente ao
valor máximo permitido pel~ lei, será acrescido de 25% a fim de auxiliá-lo
no pagamento das despesas de assistência.
111. Para efeito de caracterização, doenças degenerativas e doenças inerentes ao
grupo etário não são consideradas doenças de trabalho.
IV. Considere a seguinte situação hipotética. Solange, professora de ensino médio
aposentada, retornou à atividade como diretora de uma pequena escola em
sua vizinhança. Dada essa condição, é considerada novamente contribuinte
obrigatória para a previdência social. Nessa situação, caso venha a adotar
criança carente recém-nascida, cuja mãe falecida já tenha recebido o salá-
rio-maternidade, não terá direito a este benefício.
V. A doença do trabalho, de acordo com a legislação, é resultado das condições es-
peciais em que um trabalho é realizado, e está diretamente relacionada com ele,
devendo constar na relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social.
A quantidade de itens certos é igual a

a) 1. b) 2.
c) 3. d) 4.
e) 5.

445 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

Item I- Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime


Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como
causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo
de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão (Lei 8.213/91, art. 59,
parágrafo único).
Item II- O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar
da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco
por cento). Esse acréscimo será devido ainda que o valor da aposentadoria
atinja o limite máximo legal. Cessará, porém, com a morte do aposentado,
não sendo incorporável ao valor da pensão (Lei 8.213/91, art. 45). O anexo
I do Regulamento da Previdência Social relaciona as situações em que o
aposentado por invalidez terá direito à majoração de 25% na renda mensal
de seu benefício. São as seguintes:

1- Cegueira total.
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.
3 - Paralisia dos dois membros super:iores ou inferiores.
4- Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a
prótese for impossível.
5 -Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese
seja possível.
6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando
a prótese for impossível.
7- Alteração das faculdades mentais com grave perturbação
da vida orgânica e social.
8 - Doença que exija permanência contínua no leito.
9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida
diária.

Item III- De acordo com o§ 1° do art. 20 da Lei 8.213/91, não são conside-
radas como doença do trabalho: (a) a doença degenerativa; (b) a inerente a
grupo etário; (c) a que não produza incapacidade laborativa; (d) a doença
endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desen-
volva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.

Hugo Goes 446


Juiz do Trabalho/TRT da s• Região/2006

Item IV- O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS


que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por esse
regime é segurado obr:gatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às
contribuições de que trata a Lei 8.212/91, para fins de custeio da Seguridade
Social (Lei 8.213/91, art. 11, § 3°).
Apesar de o art. 18, § 2°, da Lei 8.213/91 reduzir o direito dos aposentados que
permanecem ou voltam a exercer atividade vinculada ao RGPS às prestações
de salário-família e reabilitação profissional, o art. 103 do RPS deixa claro
que a segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento
do salário-maternidade. De acordo com caput do art. 71-A da Lei 8.213/91,
ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda
judicial para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo
período de 120 (cento e vinte) dias.
O salário-maternidade é devido à segurada independentemente de a mãe
biológica ter recebido o mesmo benefício quando do nascimento da criança
(RPS, art. 93-A, § 1°).
Na questão ora em exame, Solange, aposentada que voltou a exercer atividade
abrangida pelo RGPS, adotou uma criança recém-nascida, cuja mãe falecida
já havia recebido o salário-maternidade. Nessa situação, Solange terá direito
ao salário-maternidade pelo período de 120 dias.
Item V- De acordo com o inciso 11 do art. 20 da Lei 8.213/91, entende-se por
doença do trabalho a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante de relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social.
A relação de agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do
trabalho encontra-se no anexo 11 do Regulamento da Previdência Social (RPS).
Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na citada
relação resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com
ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente
do trabalho (Lei 8.213/91, art. 20, § 2°).
Gabarito: C

447 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

46. Considerando-se que a perda da qualidade de beneficiário implica o não recebi-


mento das prestações de direito, assinale a opção incorreta, com base na legisla-
ção previdenciária.

a) Considere que Raul está em gozo de auxílio-doença. Nesse caso, enquanto


essa situação perdurar, sua condição como segurado da previdência social
será mantida.
b) Considere a seguinte situação hipotética. Gerson, empregado de uma grande
empresa de energia, foi processado, julgado por prática de infração criminal
e condenado a cumprir 6 anos de reclusão. Após sujeitar-se a mais de 36 me-
ses da pena, obteve livramento condicional. Nessa situação, sua qualidade de
beneficiário será mantida durante os 12 meses seguintes ao livramento.
c) Considere que Gilmar, síndico de um condomínio residencial, sem remune-
ração, tenha promovido sua inscrição na previdência social. Nessa situação,
caso venha a deixar de contribuir por 6 meses consecutivos, perderá a quali-
dade de segurado da previdência.
d) Considere a seguinte situação hipotética. Claudemir, durante doze anos e
meio, contribuiu para a previdência social, contudo, amargou desemprego
por 48 meses. Nessa situação, se Claudemir voltar a trabalhar como empre-
gado, para fazer jus à aposentadoria por idade, caso preencha os demais re-
quisitos, deverá contribuir durante mais 30 meses.
e) Considere a seguinte situação hipotética. Maria divorciou-se de Arnaldo, pas-
sando a receber alimentos. Posteriormente, Arnaldo, que se encontrava em união
estável com Miriam, sem ter filhos de ambos os relacionamentos, faleceu. Nes-
sa situação, tanto Maria quanto Miriam têm direito à pensão por morte.

Alternativa A - Quem está em gozo de benefício mantém a qualidade de


segurado, independentemente de contribuições, sem limite de prazo, ou seja,
enquanto essa situação perdurar (Lei 8.213/91, art. 15, 1).
Alternativa B - O segurado do RGPS que venha a ser detido ou recluso
mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até
12 meses após o livramento (Lei 8.213/91, art. 15, IV). Durante o período em
que estiver preso, ele também mantém a qualidade de segurado.
Alternativa C- O síndico de um condomínio, quando não remunerado, pode
filiar-se ao RGPS na condição de segurado facultativo (RPS, art. 11, § 1o, II).
O segurado facultativo mantém a qualidade de segurado até 6 meses após
a cessação das contribuições (Lei 8.213/91, art. 15, VI). Atrasando o reco-
lhimento de suas contribuições previdenciárias por até 6 meses, o segurado
facultativo ainda permanece com a qualidade de segurado mantida. Todavia,

Hugo Goes 448


Juiz do Trabalho!TRT da S• Região/2006

se atrasar o recolhimento de suas contribuições por 7 meses consecutivos,


perde a qualidade de segurado.

Por exemplo:
Joaquim, segurado facultativo, deixou de recolher as suas contribuições
previdenciárias relativas aos meses de fevereiro a julho de 2009. Se Joaquim
recolher a contribuição da competência agosto de 2009, que deverá ser
paga até 15/09/2009, não ocorrerá a perda da qualidade de segurado.
Mas, se a contribuição da competência agosto de 2009 também ficar em
atraso, Joaquim perderá a qualidade de segurado no dia 16/09/2009 (Lei
8.213/91, art. 15, § 4°).

O gabarito oficial considerou como certo o enunciado da alternativa C.


Fica, contudo, nossa discordância em relação ao entendimento da banca
examinadora.
Alternativa D- Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade
de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que
o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente
ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício (Lei
10.666/2003, art. 3°, § 1°).
Em regra, para a concessão de aposentadoria por idade, exige-se um período
de carência de 180 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I I). Todavia,
para os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até 24/07/91, bem
como para os trabalhadores e empregadores rurais antes amparados pela
Previdência Social Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142
da Lei 8.213/91. A regra de transição levará em conta o ano em que o segu-
rado implementar todas as condições necessárias à obtenção do benefício,
de acordo com a seguinte tabela:

449 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

Carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição


e especial para os segurados inscritos até 24/7/91:
Ano de implementação das condições Meses de contribuição exigidos
1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

Na situação hipotética apresentada pelo enunciado da alternativa D,


Claudemir contribuiu para a Previdência Social durante doze anos e meio,
que é o equivalente a 150 contribuições mensais. Em seguida, Claudemir
amargou desemprego por 48 meses (4 anos). Assim, na data em que esta
prova foi aplicada pelo Cespe (04/11/2006), já fazia, no mínimo, 16 anos e
meio (12,5 + 4 = 16,5) que Claudemir havia se filiado ao RGPS. Portanto,
Claudemir filiou-se ao RGPS antes de 24/07/91.
À vista do exposto, se na data da aplicação desta prova (04/11/2006)
Claudemir tivesse requerido o benefício de aposentadoria por idade, teria que
preencher os seguintes requisitos: (a) idade mínima de 65 anos (Lei 8.213/91,

Hugo Goes 450


Juiz do TrabalhofTRT da s• Região/2006

art. 48, caput); (b) período de carência de 150 contribuições mensais (regra
de transição do art. 142 da Lei 8.213/91).
O enunciado da questão diz que Claudemir já conta com 150 contribuições
mensais. Assim, se já tiver 65 anos de idade, em 04/11/2006, Claudemir já teria
direito à aposentadoria por idade, sem precisar, para isso, de contribuições
adicionais. O fato de ter perdido a qualidade de segurado não prejudica o
direito à aposentadoria por idade, pois Claudemir já cumpriu o período de
carência (ISO contribuições mensais para segurados inscritos até 24/07/91
que tenham requerido a aposentadoria por idade em 2006).
Alternativa E- Para o cônjuge, a perda da qualidade de dependente ocorre
pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a pres-
tação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença
judicial transitada em julgado (RPS, art. 17, 1).
Assim, para efeito de concessão da pensão por morte, o cônjuge divorcia-
do ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos
concorrerá em igualdade de condições com os dependentes preferenciais
(Lei 8.213/91, art. 76, § 2°). O entendimento do STJ é ainda mais favorável
à mulher divorciada ou separada judicialmente. De acordo com a Súmula
336 do STJ, "a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial
tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a
necessidade econômica superveniente".
Os dependentes preferenciais são: o cônjuge, a companheira, o companheiro
e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o tor-
ne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei
8.213/91, art. 16, I).
Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,
mantém união estável com o segurado ou com a segurada (Lei 8.213/91,
art. 16, § 3°).
A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre
todos em partes iguais (Lei 8.213/91, art. 77, caput).
Na situação hipotética apresentada na alternativa E, na data do óbito de
Arnaldo, Maria (ex-esposa de Arnaldo) era divorciada e recebia pensão ali-
mentícia. Miriam era a companheira de Arnaldo. Assim, Maria e Miriam
dividirão a pensão por morte, deixada por Arnaldo, em partes iguais.
Gabarito: D

451 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

47. Julgue os itens a seguir, relativos ao auxílio-acidente, segundo o ordenamento ju-


rídico em vigor.

I. O auxílio-acidente é concedido como indenização ao segurado quando, após


consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resul-
tarem em sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia.
I I. O auxílio-acidente mensal corresponde a 50% do salário de benefício.
III. O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimen-
to auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com a aposentadoria do
tipo invalidez.
IV. Após o início do benefício, o recebimento de salário prejudicará a continui-
dade do recebimento do auxílio-acidente.
V. O segurado desempregado não terá direito ao auxílio-acidente, mas poderá
receber auxílio-doença, desde que cumpra os requisitos da legislação.
Estão certos apenas os itens

a) I, II e III. b) I, 11 e V.
c) I, IV e V. d) 11, 111 e IV.
e) III, IV e V.

Item I - De acordo com o caput do art. 86 da Lei 8.213/91, "o auxílio-


-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia".
Item II - O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento
do salário de benefício e será devido até a véspera do início de qualquer
aposentadoria ou até a data do óbito do segurado (Lei 8.213/91, art. 86, § 1°).
Item III - O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da ces-
sação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou
rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria (Lei 8.213/91, art. 86, § 2°). Veja que a vedação para acumular
auxílio-acidente não é somente com aposentadoria por invalidez, mas tam-
bém com aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição
e aposentadoria especial.

Hugo Goes 452


Juiz do Trabalho!fRT da S• Região/2006

Item IV- O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto


de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-
-acidente (Lei 8.213/91, art. 86, § 3°).
Item V- Na época em que foi aplicada esta prova, não cabia a concessão de
auxílio-acidente ao segurado que estivesse desempregado na data em que
ocorreu o acidente (RPS, art. 104, § 7°). Mas, atualmente, cabe a concessão de
auxílio-acidente oriundo de acidente de qualquer natureza ocorrido durante
o período de manutenção da qualidade de segurado, desde que atendidas
as condições inerentes à espécie (RPS, art. 104, § 7°). Assim, se o segurado
encontra-se desempregado, mas com a qualidade de segurado mantida, terá
direito ao auxílio-acidente no caso de, após consolidação das lesões decor-
rentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
Na época em que esta prova foi aplicada, a banca examinadora considerou
este item como certo, mas, se a prova fosse aplicada hoje, ele deveria ser
considerado como errado.
Gabarito: B

48. Considerando as disposições constitucionais acerca da previdência social, assi-


nale a opção incorreta.

a) De acordo com as características de determinado setor da economia, inclusive em


relação à maior necessidade de utilização de mão de obra, as contribuições sociais
incidentes sobre folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou cre-
ditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vín-
culo empregatício, poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas.
b) As entidades de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei, são isentas das contribuições para a seguridade social.
c) A imunidade dos aposentados e pensionistas refere-se à não incidência em
relação ao recebimento de benefício, não contemplando a hipótese de o apo-
sentado retornar ao trabalho, situação que determinará a cobrança de con-
tribuição em relação a esta nova atividade.
d) A contribuição do segurado especial, beneficiando, inclusive, os respectivos
cônjuges, é feita mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção, e seus beneficiários farão jus aos benefícios que
a lei determinar.
e) Não ofende os princípios da seguridade social a possibilidade de se criar um sis-
tema de inclusão previdenciária com alíquotas e carências inferiores às vigentes.

453 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

Alternativa A - As contribuições sociais do empregador, da empresa e da


entidade a ela equiparada poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferen-
ciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de
obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho
(CF, art. 195, § 9°).
Alternativa B - De acordo com o § 7° do art. 195 da Constituição, "são
isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei". A isenção
(na verdade, imunidade) prevista no art. 195, § 7°, da Constituição, tem os
seus procedimentos regulados pela Lei 12.101, de 27 de novembro de 2009.
Conforme o art. 1o da referida lei, a certificação das entidades beneficentes
de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social
serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-
vos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a
finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou
educação, e que atendam ao disposto n~ Lei 12.101/09.
A análise e decisão dos requerimentos de .concessão ou de renovação dos
certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas
no âmbito dos seguintes Ministérios: (I) da Saúde, quanto às entidades da
área de saúde; (II) da Educação, quanto às entidades educacionais; e (III)
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de as-
sistência social (Lei 12.101/09, art. 21).
O art. 29 da Lei 12.101/09, estabelece os requisitos que a entidade benefi-
cente, devidamente certificada, deverá atender para fazer jus à isenção do
pagamento das contribuições para a seguridade social.
Portanto, para que a imunidade seja concedida, é necessário que as insti-
tuições de assistência social, saúde ou educação não tenham fins lucrativos,
sejam certificadas como entidades beneficentes de assistência social e aten-
dam aos requisitos previstos na Lei 12.101/09.
Alternativa C - De acordo çom o inciso li do art. 195 da Constituição, não
incidirá contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
Geral de Previdência Social. Trata-se, neste caso, de uma imunidade tributária.
Todavia, o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS
que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por esse
regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às
contribuições de que trata a Lei 8.212/91, para fins de custeio da Seguridade
Social (Lei 8.213/91, art. 11, § 3°).

Hugo Goes 454


Juiz do TrabalhofTRT da s• Região/2006

Atente-se para o seguinte fato: as contribuições previdenciárias não incidi-


rão sobre o valor da aposentadoria que o trabalhador recebe. A incidência
ocorre sobre o valor da remuneração em retribuição ao trabalho do apo-
sentado. Os proventos de aposentadorias e pensões concedidos pelo RGPS
são imunes às contribuições previdenciárias (CF, art. 195, li).
Alternativa D - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e
o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota
sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios
nos termos da lei (CF, art. 195, § 8°). Esses trabalhadores são segurados obri-
gatórios do RGPS, na condição de segurado especial (Lei 8.213/91, art. 11, VII).
A contribuição do segurado especial, incidente sobre a receita bruta da co-
mercialização da produção rural, é de: (a) dois por cento para a seguridade
social; e (b) zero vírgula um por cento para o financiamento dos benefícios
concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa
decorrente dos riscos ambientais do trabalho (Lei 8.212/91, art. 25, caput).
Alternativa E- De acordo com o§ 12 do art. 201 da Constituição, "lei disporá
sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores
de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente
ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes
a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual
a um salário mínimo". Este sistema especial de inclusão previdenciária terá
alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do
regime geral de previdência social (CF, art. 201, § 13).
Gabarito: B

49. Assinale a opção cujo enunciado se opõe à jurisprudência do Superior Tribunal


de Justiça.

a) Para efeito da obtenção de benefício previdenciário, a prova exclusivamente


testemunhal não basta para a comprovação da atividade rurícola.
b) O auxílio-creche integra o salário-de-contribuição.
c) O segurado vítima de novo infortúnio faz jus a um único benefício somado
ao salário de contribuição vigente no dia do acidente.

455 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

d) O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição


obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposen-
tadoria por tempo de serviço se recolher contribuições facultativas.
e) Tem direito de retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do
empregador, o aposentado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cin-
co anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo.

Alternativa A- De acordo com a Súmula 149 do STJ, "a prova exclusivamente


testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da
obtenção de beneficio previdenciário". Assim, o enunciado da alternativa A
não se opõe à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Alternativa B- De acordo com a Súmula 310 do STJ, "o auxílio-creche não
integra o salário de contribuição". Assim, o enunciado da alternativa B
opõe-se à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Alternativa C- De acordo com Súmula 146 do STJ, "o segurado, vítima de
novo infortúnio, faz jus a um único benefício somado ao salário de contri-
buição vigente no dia do acidente". Desse modo, o enunciado da alternativa
C não se opõe à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Alternativa D - De acordo com a Súmula 272 do STJ, "o trabalhador rural,
na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a
produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo
de serviço, se recolher contribuições facultativas".
Contribuindo somente sobre a receita bruta da comercialização da produ-
ção rural, o segurado especial terá direito às aposentadorias por idade e por
invalidez, mas não terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição.
O segurado especial, além da contribuição obrigatória, pode contribuir, fa-
cultativamente, com a alíquota de 20% sobre o salário de contribuição (Lei
8.212/91, art. 25, § 1°). Recolhendo essa contribuição facultativa, durante
35 anos (para homem) ou 30 anos (para mulher), o segurado especial terá
direito à aposentadoria por tempo de contribuição.
Alternativa E - O enunciado da alternativa E corresponde aos enunciados
das Súmulas 217 do STF e 160 do TST. Conforme abaixo transcritas:

Súmula 217 do STF: Tem direito de retornar ao emprego ou


ser indenizado em caso de recusa do empregador, o empre-
gado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco

Hugo Goes 456


Juiz do Trabalho/TRT da sa Região/2006

anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva após


esse prazo.
Súmula 160 do TST: Cancelada a aposentadoria por invalidez,
mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar
ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo
na forma da lei.

Não há nenhuma súmula do STJ que reproduza o mesmo texto do enunciado


da alternativa E. Mas este enunciado não se opõe à jurisprudência do STJ,
ou seja, não há no STJ jurisprudência em sentido contrário.
Gabarito: B

50. Considerando a ordem social traçada e propugnada pela Constituição Federal de


1988, em relação à seguridade social, julgue os itens a seguir.

L O princípio-objetivo da equidade na forma da participação do custeio é equi-


valente em conteúdo à capacidade contributiva, tendo em vista a inequívoca
natureza tributária das contribuições sociais.
11. No tocante à previdência social, a universalidade da cobertura e do atendimen-
to, dada a natureza diferenciada desse subsistema, opera no campo da univer-
salidade de participação n?s planos previdenciários de custeio e benefícios.
111. Apesar de não estar expresso no Título da Ordem Social, a solidariedade é
um princípio que irradia seus efeitos no sistema de seguridade social e em
toda a sociedade.
IV. Considerando a diversidade da base de financiamento, é correto afirmar que
as fontes de custeio não se limitam às bases econômicas já expressas na Cons-
tituição, sendo possível a tributação de novas manifestações de riqueza, bas-
tando, para isso, lei ordinária.
A quantidade de itens certos é igual a

a) O. b) 1.
c) 2. d) 3.
e) 4.

457 Prova 23
Direito Previdenciário Cespe

Item I- O princípio da capacidade contributiva está expresso no § 1° do


art. 145 da Constituição Federal, nos seguintes termos:

§ 1° Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal


e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especial-
mente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.

De acordo com o dispositivo constitucional acima transcrito, o princípio da


capacidade contributiva é aplicado aos impostos. As contribuições sociais
têm natureza tributária, mas não são impostos.
Aplica-se às contribuições para a seguridade social o princípio da "equidade
na forma de participação no custeio" (CF, art. 194, parágrafo único, V). Aqui
não se trata do conceito clássico de capacidade contributiva, originária do
Direito Tributário, o qual até excluiria a contribuição em algumas situações.
Na previdência social, ainda que dotado de escassos recursos, o trabalhador
é compulsoriamente filiado ao regime, sendo obrigado a contribuir. O que
se pode fazer é reduzir sua contribuição, compensando essa perda com o
aumento da contribuição de outros que sejam mais ricos. 141
Item II- O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento (CF,
art. 194, parágrafo único, I) tem por objetivo tornar a seguridade social
acessível a todas as pessoas residentes no país, inclusive estrangeiras. Mas no
tocante à previdência social, por ter caráter contributivo (CF, art. 201), não
se pode dispensar a necessária participação econômica do segurado, sem a
qual o sistema não seria viável.
A Lei 8.213/91 inclui, entre os princípios que regem a previdência social, a
"universalidade de participação nos planos previdenciários" (art. 2°, I). Para
atender a esse princípio constitucional, foi criada, no regime geral de previ-
dência social, a figura do segurado facultativo (Lei 8.213/91, art. 13). Assim,
todos, mesmo que não exerçam atividade remunerada, têm a cobertura pre-
videnciária. Para tanto, é necessário contribuir para o sistema previdenciário.
Item III- A solidariedade é o princípio de maior importância para a segu-
ridade social. Traduz o verdadeiro espírito da seguridade social.

141 IBRAH!M, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 7• ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p. 53.

HugoGoes 458
Juiz do Trabalho/TRT da s• Região/2006

Encontramos na Constituição determinações indicando a solidariedade


como pressuposto genérico. Um dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil é "construir uma sociedade livre, justa e solidária"
(CF, art. 3°, I). Aplicado esse preceito à seguridade social, aqueles que têm
melhores condições financeiras devem contribuir com uma parcela maior;
os que têm menores condições financeiras contribuem com uma parcela
menor; os que ainda estão trabalhando contribuem para o sustento dos que
já se aposentaram ou estejam incapacitados para o trabalho; enfim, vários
setores da sociedade participam do esforço arrecadatório em benefício das
pessoas mais carentes.
É esse princípio que permite que as pessoas portadoras de deficiência e os
idosos com mais de 65 anos, quando não possuem meios de prover a pró-
pria manutenção nem de tê-la provida por sua família, sejam amparados
pela assistência social por meio do benefício de prestação continuada, que
cor responde a uma renda mensal de um salário mínimo, mesmo sem nunca
terem contribuído para a seguridade social.
Esse princípio também justifica, por exemplo, o fato de um trabalhador que,
no seu primeiro dia de trabalho, sofreu um acidente e ficou definitivamente
incapaz para o trabalho, aposentar-se por invalidez, mesmo sem ter qualquer
contribuição recolhida para a seguridade social.
Item IV - As contribuições para a seguridade social expressas no caput do
art. 195 da Constituição podem ser instituídas por lei ordinária. Além das
contribuições sociais previstas no caput do art. 195 da Constituição, outras
poderão ser instituídas para garantir a manutenção ou expansão da segu-
ridade social (CF, art. 195, § 4°). Mas estas novas contribuições não podem
ser instituídas por meio de lei ordinária. Contribuições para a seguridade
social que não estejam expressas na Constituição só podem ser instituídas
mediante lei complementar.
Ao examinar o § 4° do art. 195 da Constituição, o STF entendeu que as
contribuições para a seguridade social, diferente das previstas no caput do
art. 195, só podem ser instituídas mediante lei complementar e devem ser
não cumulativas. Podem, contudo, ter fato gerador ou base de cálculo pró-
prios dos impostos discriminados na Constituição (RREE 242.615; 231.096;
258.774 e 252.24).
Gabarito: C

459 Prova 23
186. Joaquim, segurado da previdência social, mantinha união estável, sem filhos, com
Maria. Após 12 anos de convívio nesse regime, Joaquim separou-se de Maria, pas-
sando a viver com Elisa, a qual registrou na previdência social como sua depen-
dente. Decorridos 6 meses morando com Elisa, Joaquim faleceu. Nessa situação,
com base na legislação previdenciária de regência, Maria e Elisa serão conside-
radas dependentes de Joaquim, tendo direito, cada uma, a 50% do valor dares-
pectiva pensão por morte deixada pelo de cujus.

( ) certo ( ) errado

Os dependentes do segurado da classe preferencial são: o cônjuge, a com-


panheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialmente (Lei 8.213/91, art. 16, I).
Na data do óbito de Joaquim, Elisa era a sua companheira. Maria era a sua
ex-companheira. Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que,
sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada,
de acordo com o § 3° do art. 226 da Constituição Federal (Lei 8.213/91,
art. 16, § 3°).
A perda da qualidade de dependente ocorre para a companheira ou compa-
nheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou segurada, enquanto
não lhe for garantida a prestação de alimentos (RPS, art. 17, II).
Na questão em tela, se Maria não recebia pensão de alimentos, paga por
Joaquim, não terá direito à pensão por morte. Neste caso, a única beneficiária
da pensão por morte será Elisa.

461
Direito Previdenciário Cespe

Se, contudo, Maria recebia pensão de alimentos, concorrerá em igualdade


de condições com Elisa, ou seja, cada uma receberá 50% do valor da pensão
por morte (Lei 8.213/91, arts. 76, § 2°, e 77, caput).
A respeito deste tema, o STJ tem um entendimento mais benéfico à mulher
divorciada ou separada judicialmente. De acordo com a Súmula 336 do STJ,
"a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade
econômica superveniente".
O enunciado da questão não informa se Maria era beneficiária de pensão
de alimento paga por Joaquim. Na falta da informação, presume-se que não
havia pagamento de pensão alimentícia. Neste caso, Maria não terá direito à
pensão por morte. Assim, a questão ora comentada está errada.
Outro erro da questão é a informação de que Joaquim registrou Elisa na
previdência social como sua dependente. Na verdade, incumbe ao depen-
dente promover a sua inscrição quando do requerimento do benefício a
que estiver habilitado (Lei 8.213/91, art'. 17, § 1°). Assim, será a própria Elisa
quem promoverá sua inscrição no momento em que for requerer a pensão
por morte. Gabarito: errado.

187. Marcelo trabalha para a pessoa jurídica Alfa, exercendo o cargo de auxiliar admi-
nistrativo. Em 10/2/2006, Marcelo teve seu contrato individual de trabalho com
a empresa Alfa rescindido. Nessa situação, por sua condição de segurado obriga-
tório da previdência sociàl, Marcelo terá direito ao benefício previdenciário de-
nominado seguro-desemprego.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o inciso UI do art. 201 da Constituição, a "proteção ao traba-


lhador em situação de desemprego involuntário" é atribuição da previdência
social. No entanto, a situação de desemprego involuntário não receberá
a cobertura do Regime Geral de Previdência Social (Lei 8.213/91, art. 9°,
§ 1°). O seguro-desemprego é, atualmente, de incumbência do Ministério
do Trabalho e Emprego, que paga esse benefício com recursos do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT), tendo este como fonte principal de receitas as
contribuições para o PIS/PASEP. Assim, seguro-desemprego não é benefício
do RGPS. Gabarito: errado.

HugoGoes 462
Juiz Federai/TRF da S• Região/2006

188. Henry, de nacionalidade francesa, presta serviços no Brasil à embaixada da França.


Em virtude da natureza de sua atividade, Henry fixou residência em Brasília -
DF. Nessa situação, Henry é segurado obrigatório da previdência social.

( ) certo ( ) errado

A Lei 8.213/91, no seu art. 11, I, "d", enquadra como segurado obrigatório da
previdência social, na condição de empregado, "aquele que presta serviço no
Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira
e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasi-
leiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão
diplomática ou repartição consular". Gabarito: certo.

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética acer-


ca de direito previdenciário, seguida de uma assertiva a ser julgada.
189. Pedro, pela prática de crime de homicídio doloso, foi condenado a 7 anos de re-
clusão, em regime fechado. Nessa situação, durante o período de cumprimento
da pena, Pedro não poderá filiar-se ao regime geral de previdência social.

( ) certo ( ) errado

Na qualidade de segurado facultativo, podem filiar-se ao RGPS, entre outros:


(a) o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a
qualquer regime de previdência social; (b) o segurado recolhido ·à prisão sob
regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou
fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação
da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal
por conta própria (RPS, art. 11, § 1°, IX e XI).
Na questão em tela, Pedro não é segurado obrigatório do RGPS, mas pode
filiar-se na condição de segurado facultativo. Gabarito: errado.

463 Prova 24
Direito Previdenciário Cespe

190. Antônio já trabalhou para diversas pessoas jurídicas e, apesar de ter ficado alguns
períodos sem contribuir para a previdência social, nunca perdeu sua qualidade
de segurado. Atualmente, após ter pago 140 contribuições mensais para o cus-
teio da previdência social, Antônio foi despedido de seu último emprego, sem jus-
ta causa. Nessa situação, com base na legislação previdenciária vigente, Antônio
manterá sua qualidade de segurado pelo prazo de 24 meses, a partir de seu des-
pedimento, independentemente do pagamento de contribuição para a previdên-
cia social.

( ) certo ( ) errado

Há situações nas quais o segurado, mesmo sem exercer atividade remunerada


e sem recolher contribuições, mantém a qualidade de segurado por certo
período. É o que se chama período de graça.
De acordo com o inciso II do art. 15 da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de
segurado, independentemente de contribuições, até 12 (doze) meses após a
cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remu-
nerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado
sem remuneração. Este prazo será prorrogado para até 24 meses, se o segu-
rado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que
acarrete a perda da qualidade de segurado (Lei 8.213/91, art. 15, § 1°). Estes
dois prazos (12 ou 24 meses) serão acrescidos de 12 meses para o segurado
desempregado, desde que comprovada essa situação por registro no órgão
próprio do Ministério do Trabalho e Emprego (Lei 8.213/91, art. 15, § 2°).
A vista do exposto acima, verifica-se que o período de graça do segurado
que deixa de exercer atividade remunerada pode ser:
a) de 12 meses - para o segurado com menos de 120 contribuições mensais;
b) de 24 meses- para o segurado com mais de 120 contribuições mensais; ou
para o segurado com menos de 120 contribuições mensais que comprovar
que permanece na situação de desemprego (mediante anotações referentes
ao seguro desemprego ou ao registro no Sistema Nacional de Emprego -
SINE do Ministério do Trabalho e Emprego);
c) de 36 meses - para o segurado com mais de 120 contribuições mensais
que comprovar que permanece na situação de desemprego (mediante
registro no SINE-MTE).

HugoGoes 464
Juiz FederalffRF da S• Região/2006

Na questão ora comentada, como não há informação sobre a comprovação da


situação de desemprego, mediante registro no órgão próprio do Ministério
do Trabalho e Emprego, pode-se, então,. afirmar que Antônio manterá sua
qualidade de segurado pelo prazo de 24 meses. Mas, se Antônio comprovar
que está desempregado, mediante anotações referentes ao seguro-desemprego
ou ao registro no Sistema Nacional de Emprego - SINE do Ministério do
Trabalho e Emprego, o seu período de graça aumentará para 36 meses.
Gabarito: certo.

191. Aloísio, segurado obrigatório da previdência social, faleceu em Brasília, em


14/5/2006. Ana, alegando ser esposa de Aloísio, requereu perante o INSS do lo-
cal do falecimento a concessão do benefício previdenciário denominado pensão
por morte. Ana afirmou que não pôde juntar ao requerimento a certidão de ca-
samento, comprobatória de sua condição de viúva de Aloísio, por tê-la perdido
e em virtude de o registro público ter sido efetivado no cartório de registro civil
de pessoas naturais do município de Rio Branco - AC, local do casamento, o que
dificultaria sobremaneira a obtenção de uma segunda via. Nessa situação, Ana
poderá requerer a realização de audiência de justificação administrativa para
produzir prova de sua condição de dependente do de cujus.

( ) certo ( ) errado

A justificação administrativa co:p.stitui recurso utilizado para suprir a falta


ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou circunstância de
interesse dos beneficiários, perante a previdência social (Lei 8.213/91, art. 108).
Não será admitida a justificação administrativa quando o fato a comprovar
exigir registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de qualquer
ato jurídico para o qual a lei prescreva forma especial (RPS, art. 142, § 1°).
Gabarito: errado.

465 Prova 24
Direito Previdenciário Cespe

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética acer-


ca de direito previdenciário, seguida de uma assertiva a ser julgada.
192. Marco Aurélio foi contratado por determinada pessoa jurídica, em 22/8/2004,
para o cargo de auxiliar administrativo. Em 7/7/2006, Marco Aurélio teve seu
contrato individual de trabalho rescindido. Durante o período em que traba-
lhou para a referida pessoa jurídica, Marco Aurélio nunca gozou férias. Nessa
situação, Marco Aurélio terá direito ao pagamento de férias indenizadas, no ato
de sua rescisão, o qual não integrará o valor de seu salário de contribuição.

( ) certo ( ) errado

A extinção do contrato de trabalho faz surgir para o empregado direito à


indenização dos períodos de férias que, até o momento da dispensa, ele haja
adquirido e não gozado.
Com a cessação do contrato de trabalho, as férias, evidentemente, não
terão mais como ser gozadas. Em razão dessa impossibilidade, faz jus o
empregado à sua indenização. Pagameqto de férias na rescisão significa, em
simples palavras, indenização das férias, total ou parcialmente adquiridas
pelo empregado, que não foram gozadas no.curso do contrato de trabalho.
Para que incida contribuição previdenciária sobre o valor relativo às férias, é
necessário que elas sejam gozadas durante a vigência do contrato de traba-
lho. Assim, as férias indenizadas e o seu respectivo terço constitucional não
integram o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "d").
Gabarito: certo.

193. José tem 63 anos de idade e exer,ceu atividade rural, de forma descontínua, na
condição de empregado. Acreditando ter direito ao benefício previdenciário de-
nominado aposentadoria por idade, José o requereu no INSS. Para a comprova-
ção do tempo de carência, José apresentou a Carteira de Trabalho e Previdência
Social, que continha anotações que demonstravam o exercício de atividade ru-
ral de janeiro de 1992 até abril de 1998; a declaração expedida pelo sindicato dos
produtores rurais da região, homologada pelo INSS, que demonstrava o exercí-
cio de atividade rural de julho de 1998 até agosto de 2003; e declaração expedi-
da pelo antigo empregador de José, extraída de seu livro de registro de pessoal,
acessível ao INSS, que comprovava o exercício de atividade rural de novembro
de 2003 a junho de 2006. Nessa situação, com base nos dados informados, é cor-
reto concluir que José tem direito à aposentadoria por idade.

( ) certo ( ) errado

HugoGoes 466
Juiz FederalffRF da S• Região/2006

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência


exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessen-
ta), se mulher (Lei 8.213/91, art. 48, caput). Os limites de idade são reduzidos
para 60 (sessenta) e 55 (cinquenta e cinco) anos no caso de trabalhadores ru-
rais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea "a" do inciso I,
na alínea "g" do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11 da Lei 8.213/91, bem
como para os garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de
economia familiar (RPS, art. 51, caput). Assim, os limites de idade são reduzidos
em cinco anos quando se trata dos seguintes trabalhadores:

a) empregado rural (Lei 8.213/91, art. 11, I, "a");


b) trabalhador que presta serviço de natureza rural, em
caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação
de emprego (Lei 8.213/91, art. 11, V, "g");
c) trabalhador avulso rural (Lei 8.213, art. 11, VI);
d) segurado especial (Lei 8.213/91, art. 11, VII); e
e) garimpeiro que trabalhe, comprovadamente, em regime
de economia familiar (CF, art. 201, § 7°, 11).

De acordo com o art. 143 da Lei 8.213/91, o trabalhador rural (enquadrado


como empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual ou segurado
especial) pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário
mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta
lei (25/07/1991), desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda
que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício.
Assim, durante este período, a concessão da aposentadoria por idade para
estes trabalhadores rurais independe da comprovação de qualquer recolhi-
mento de contribuição previdenciária. O período de quinze anos chegou ao
seu término no dia 25 de julho de 2006. Todavia, para o trabalhador rural
empregado, o art. 2° da Lei 11.718/2008 prorrogou este prazo até 31 de de-
zembro de 2010. Esta prorrogação também se aplica ao trabalhador rural
enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual que presta
serviços de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego (Lei 11.718/2008, art. 2°, parágrafo único).
Em regra, a carência exigida para a concessão da aposentadoria por idade
é de 180 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, 11). Todavia, para os

467 Prova 24
Direito Previdenciário Cespe

segurados inscritos na Previdência Social Urbana até 24/07/91, bem como


para os trabalhadores e empregadores rurais antes amparados pela Previ-
dência Social Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da
Lei 8.213/91.
A vista do exposto, verifica-se que para a concessão da aposentadoria por
idade são exigidos dois requisitos: (a) idade mínima; e (b) carência.
Na questão em tela, José preenche o requisito da idade mínima. Para o tra-
balhador rural do sexo masculino, a idade mínima exigida é de 60 anos. De
acordo com o enunciado da questão, José tem 63 anos de idade.
Mas será que José preenche o requisito da carência? Ele iniciou suas atividades
rurais em janeiro de 1992. Para o trabalhador que se filiou à Previdência a
partir de 25/07/91, o período de carência exigido para a aposentadoria por
idade é de 180 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, II). Para a con-
cessão da aposentadoria de José, os períodos que serão considerados para
efeito de carência são os seguintes: (a) de janeiro de 1992 até abril de 1998
(76 meses); (b) de julho de 1998 até agosto de 2003 (62 meses); e (c) de no-
vembro de 2003 a junho de 2006 (32 meses). Assim, para efeito de carência,
em julho de 2006 (data da realização da prova ora comentada), José contava
com 170 meses de efetivo exercício na atividade rural. Como o período de
carência exigido é de 180 meses, em julho de 2006, José não preenchia todos
os requisitos necessários para a concessão da aposentadoria por idade.
Gabarito: errado.

194. Mariana exerce cargo exclusivamente em comissão, em determinado órgão da


União. Nessa situação, Mariana poderá filiar-se ao regime próprio de previdên-
cia social dos servidores públicos dessa entidade da federação.

( ) certo ( ) errado

Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em


lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário
ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social (CF,
art. 40, § 13).
Os servidores públicos que podem ser amparados por regime próprio de
previdência social são os titulares de cargos efetivos da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios, incluídas suas autarquias e fundações
(CF, art. 40, caput). Gabarito: errado.

HugoGoes 468
Juiz Federai!TRF da S• Região/2006

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética acer-


ca de direito previdenciário, seguida de uma assertiva a ser julgada.
195. Rogério foi contratado por determinada pessoa jurídica, em 10/4/2005 e, por sua
condição de empregado, aderiu a plano de previdência complementar, instituído
por entidade fechada de previdência privada. Rogério foi demitido em 23/5/2006.
Nessa situação, Rogério terá direito a benefício proporcional diferido, mesmo que
não tenha direito ao benefício pleno, em razão de ainda não ter implementado
todos os requisitos para a sua aquisição.

( ) certo ( ) errado

Nas entidades fechadas de previdência complementar, observadas as normas


estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador, os planos de benefícios
deverão prever o instituto do benefício proporcional diferido, em razão da
cessação do vínculo empregatício com o patrocinador ou associativo com
o instituidor antes da aquisição do direito ao benefício pleno, a ser conce-
dido quando cumpridos os requisitos de elegibilidade (Lei Complementar
109/2001, art. 14, 1).
Os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando
implementadas todas as condições estabelecidas para elegibilidade consig-
nadas no regulamento do respectivo plano (Lei Complementar 109/2001,
art. 68, § 1°).
Um benefício é diferido quando o seu pagamento inicia ao termo de um deter-
minado prazo. Assim, nas entidádes fechadas de previdência complementar,
o benefício proporcional, assegurado por lei, é também diferido devido à
necessidade de o participante preencher os demais requisitos previstos no
regulamento do plano de benefícios, como, por exemplo, a idade mínima.
A questão em tela não informa quais os requisitos constantes do regulamento
do plano de benefício ao qual Rogério aderiu. Assim, não é possível afirmar
se Rogério terá ou não o direito ao benefício proporcional diferido. Por isso,
a questão foi anulada.
Gabarito: anulado.

469 Prova 24
Direito Previdenciário Cespe

196. Henrique tem 68 anos de idade e trabalha para a pessoa jurídica Delta, desde
janeiro de 1968. Verificando ter implementado todas as condições necessárias,
Henrique requereu no INSS a concessão de benefício previdenciário denomina-
do aposentadoria por tempo de contribuição. O INSS, ao analisar o requerimento
formulado por Henrique, constatou que, apesar de comprovada a sua condição de
segurado empregado, não houve, por parte do empregador de Henrique, o reco-
lhimento das contribuições devidas, no período entre dezembro de 1989 e março
de 1997. Nessa situação, com base na legislação vigente, os salários de contribui-
ção correspondentes aos períodos em que não houve o recolhimento da contri-
buição previdenciária deverão ser computados para o cálculo do valor da renda
mensal do benefício de Henrique.

( ) certo ( ) errado

Para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e trabalhador avulso, no


cálculo do valor da renda mensal do benefício, serão computados os salários
de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que
não recolhidas pela empresa ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo
da respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis (Lei 8.213/91,
art. 34, I).
De acordo com o enunciado da questão, Henrique é segurado obrigatório do
RGPS como empregado e já preenche todos os requisitos necessários para
a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. Todo o período
no qual Henrique trabalhou como empregado, independentemente de a
empresa ter recolhido suas contribuições previdenciárias, será considerado
como tempo de contribuição.
Gabarito: certo.

197. Fernanda, em virtude do falecimento de seu marido, requereu, no INSS, benefício


previdenciário denominado pensão por morte. Nessa situação, o valor da renda
mensal do benefício de Fernanda será calculado com base no salário de benefí-
cio do de cujus, correspondente à média aritmética simples dos maiores salários
de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multi-
plicada pelo fator previdenciário.

( ) certo ( ) errado

A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado


que falecer (Lei 8.213i91, art. 74). Na classe preferencial, figuram como de-

Hugo Goes 470


Juiz Federai/TRF da S• Região/20C6

pendentes do segurado: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho


não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne abso-
luta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei 8.213/91,
art. 16, 1).
O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da apo-
sentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse
aposentado por invalidez na data de seu falecimento (Lei 8213/91, art. 75).
O enunciado da questão não informa se o marido de Fernanda já era apo-
sentado. Mas, independentemente dessa informação, a renda mensal da
pensão por morte que Fernanda terá direito não será calculada da forma
enunciada na questão.
Se o marido de Fernanda era aposentado, o valor da pensão por morte será
100% do valor da aposentadoria que ele recebia. Se ele não era aposentado,
a renda mensal da pensão por morte será 100% do valor que ele teria direito
se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento. Esta renda
mensal corresponderia à média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contri-
butivo (Lei 8.213/91, art. 29, II). Não haveria, portanto, a interferência do
fator previdenciário. Gabarito: errado.

Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hip9tética acer-


ca de direito previdenciário, seguida de uma assertiva a ser julgada.
198. Luciano, aposentado por tempo de contribuição, tem sua renda mensal no valor
de um salário mínimo. Em maio de 2006, o governo federal reajustou o salário
mínimo em 20% e, por intermédio de decreto do Poder Executivo, reajustou os
benefícios mantidos pela previdência social em 7,93%. Nessa situação, o valor do
benefício de Luciano será reajustado em 27,93%.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no § 4° do art. 201 da Constituição Federal, "é


assegurado o reajustamento dos beneficios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei".
Em obediência a esse dispositivo constitucional, o art. 41-A da Lei 8.213/91
determina que o valor dos benefícios em manutenção seja reajustado, anual-
mente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com

471 Prova 24
Direito Previdenciário Cespe

suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no


índice Nacional de Preços ao Consumidor- INPC, apurado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Os benefícios do RGPS serão reajustados na mesma data de reajuste dosa-
lário mínimo, mas não necessariamente pelo mesmo índice de reajuste do
salário mínimo. Em fevereiro de 2009, por exemplo, os benefícios do RGPS
foram reajustados em 5,92% (Decreto 6.765/09), enquanto o salário mínimo
foi reajustado em 12,05% (Medida Provisória 456/09).
Não há que se confundir o preceito constitucional da manutenção do valor
real do benefício (CF, art. 201, § 4°) com equivalência em número de salários
mínimos. Manter o valor real do benefício significa reajustá-lo de acordo com
a variação inflacionária, de modo a evitar diminuição injusta do seu poder de
compra. Em nenhum momento o legislador constituinte quis vincular aquela
garantia ao valor do salário mínimo. Apenas no período em que vigorou o
art. 58 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (entre a data de
publicação da Constituição de 1988 e a entrada em vigor da Lei 8.213/91) foi
o valor dos proventos fixado em número de salários mínimos. 142
A Constituição em seu art. 201, § 2°, assegura que "nenhum benefício que
substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado
terá valor mensal inferior ao salário mínimo".
Na questão em tela, a renda mensal da aposentadoria de Luciano é um salá-
rio mínimo. Se, porventura, o salário mínimo for reajustado mediante um
percentual superior ao do reajuste dos benefícios do RGPS, a aposentadoria
de Luciano continuará sendo de um salário mínimo, em obediência ao § 2°
do art. 201 da Constituição. Assim, neste caso específico, a aposentadoria
do segurado terá o mesmo índice de reajuste do salário mínimo.
O enunciado da questão está errado, pois afirma que o reajuste da aposen-
tadoria de Luciano será o índice de reajuste do salário mínimo somado ao
índice de reajuste dos benefícios do RGPS.
Gabarito: errado.

142 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI. João Batista. Manual de direito previdenciário. 6• ed.
São Paulo: LTr, 2005, p. 462.

HugoGoes 472
Juiz Federai!TRF da S• Região/2006

199. A pessoa jurídica Beta possui mais de 200 empregados. Renato, após ter concluí-
do processo de reabilitação profissional, realizado pelo INSS, foi contratado pela
pessoa jurídica Beta, por prazo indeterminado, para exercer a função de ascen-
sorista. Após 6 meses de trabalho, Renato foi demitido, sem justa causa. Nessa
situação, a demissão de Renato somente será considerada válida se precedida da
contratação de um substituto que também tenha concluído processo de reabili-
tação profissional.

( ) certo ( ) errado

A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a


5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de
deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: (a) até 200 empregados, 2%;
(b) de 201 a 500 empregado, 3%; (c) de 501 a 1.000 empregados, 4%; (c) de
1.001 em diante, 5% (Lei 8.213/91, art. 93, caput).
De acordo com o § 1o do art. 93 da Lei 8.213/91, "a dispensa de trabalha-
dor reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo
determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por
prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de
condição semelhante". Gabarito: certo.

200. Fábio é proprietário de pequena gleba rural, onde reside e cultiva café e soja. Para
o exercício dessa atividade, Fábio contratou Felipe, para o qual paga valor corres-
pondente ao salário mínimo. Nessa situação, com base na legislação previdenciá-
ria de regência, Fábio é contribuinte obrigatório por sua condição de empregador
rural, e facultativo por ser também contribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

Para se filiar ao RGPS como segurado facultativo, é necessário que a pessoa


física preencha, de forma cumulativa, dois requisitos: (a) ser maior de 16 anos
de idade; e (b) não estar exercendo atividade remunerada que o enquadre
como segurado obrigatório da previdência social.
No caso em tela, Fábio é um produtor rural que exerce atividade agropecuá-
ria. Nessa situação, Fábio é segurado obrigatório do RGPS, não podendo,
portanto, filiar-se como segurado facultativo. Isso já é suficiente para que a
questão seja considerada como errada.

473 Prova 24
Direito Previdenciário Cespe

As informações que constam na questão em comento são suficientes para que


se afirme que Fábio é segurado obrigatório do RGPS, mas são insuficientes
para que se saiba se ele se enquadra como contribuinte individual ou como
segurado especial.
Filia-se obrigatoriamente ao RGPS, na qualidade de contribuinte individual,
entre outros, a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade
agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em
área superior a 4 módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4
módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por
intermédio de prepostos; ou, ainda, quando deixar de satisfazer as condições
para ser segurado especial.
O produtor rural que exerce atividade agropecuária (agricultura ou pecuária)
somente será considerado segurado especial se a área da propriedade for de no
máximo 4 módulos fiscais (o módulo fiscal varia de um município para outro).
Se superior a isso, o produtor rural torna-se contribuinte individual. Além dis-
so, é necessário que ele exerça sua atividade individualmente ou em regime de
economia familiar. Entende-se como regime, de economia familiar a atividade
em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistên-
cia e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em
condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes (Lei 8.213/91, art. 11, § 1°). O grupo familiar poderá utilizar-se de
empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhadores eventuais,
à razão de, no máximo, 120 pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos
ou intercalados ou, aindà, por tempo equivalente em horas de trabalho, não
sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da
percepção de auxílio-doença (Lei 8.213/91, art. 11, § 7°). Esta relação pessoas/
dia significa o seguinte: o segurado especial poderá contratar um empregado
por até 120 dias dentro de um mesmo ano civil. Se contratar dois empregados,
poderá mantê-los por até 60 dias. Se forem quatro empregados, por 30 dias,
e assim por diante. Contratando uma quantidade de empregados superior ao
limite estabelecido, o produtor rural torna-se contribuinte individual.
A questão em tela não informa a área da propriedade de Fábio. A questão infor-
ma que Fábio contratou um empregado, mas não informa o prazo de duração
deste contrato de emprego. Por isso, sabe-se que Fábio é segurado de obrigatório,
mas não se sabe se ele é contribuinte individual ou segurado especial. Conclui-se,
portanto, que na parte em que afirma que Fábio é contribuinte facultativo, a
questão está errada. Gabarito: errado.

Hugo Goes 474


Julgue os itens a seguir, acerca da seguridade social.
189. Uma das aplicações do princípio da equidade na forma de participação do cus-
teio é a possibilidade de a base de cálculo das contribuições previdenciárias dos
segurados empregados ser distinta da base de cálculo dos empregadores.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o princípio da equidade na forma de participação do custeio


(CF, art. 194, parágrafo único, V), quem tem maior capacidade contributiva
irá contribuir com mais e quem tem menor capacidade com menos. Assim,
o trabalhador não pode contribuir da mesma maneira que a empresa, pois
não tem as mesmas condições financeiras. 143
Comparando a contribuição previdenciária da empresa com a do empregado,
verifica-se diferença nas alíquotas e também nas bases de cálc1,1lo.
A contribuição da empresa é, em regra, de 20% sobre a remuneração do segu-
rado que lhe presta serviço (Lei 8.212/91, art. 22, I e 111). A empresa também
pagará contribuição destinada ao financiamento da aposentadoria especial e
dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidente sobre are-
muneração dos segurados empregado e trabalhador avulso, com as seguintes
alíquotas: (I)- 1% para a empresa em cuja atividade preponderante o risco
de acidente do trabalho seja considerado leve; (11) 2% para risco médio; ou
(III) 3% para risco grave (Lei 8.212/91, art. 22, 11).
De acordo com o art. 20 da Lei 8.212/91, a contribuição do empregado, inclu-
sive o doméstico, e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação

!43 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17• ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 79.

475
Direito Previdenciário Cespe

da correspondente alíquota sobre o seu salário de contribuição mensal, de


forma não cumulativa, de acordo com a seguinte tabela:

Salário de Contribuição (R$ ) Alíquota


Até 1.399,12 8%
De 1.399,13 até 2.331,88 9%
De 2.331,89 até 4.663,75 11%

Exemplo:
Joaquim, empregado da empresa Alfa Ltda., recebe uma remuneração de
R$ 7.000,00. Na atividade desenvolvida pela empresa, o risco de acidente do
trabalho é leve e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP) é igual a 1. Neste
caso, a contribuição da empresa é de R$ 1.400,00 (que éorresponde a 20%
de R$ 7.000,QO). A empresa também pagará R$ 70,00 (que corresponde a
1% de R$ 7.000,00), a título de contribuição destinada ao financiamento da
aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho. A empresadescontará a contribuição do empregado que, neste
ca~Ó, s.erá de R$ 513,Ól (que corresponde a 11% de R$ 4.663;75).

No exemplo que foi dado, o valor da base de cálculo da contribuição da


empresa (remuneração do segurado, no valor de R$ 7.000,00) foi superior ao
da base de cálculo da contribuição do empregado (salário de contribuição
do segurado, no valor de R$ 4.663,75). Aplicou-se, portanto, o princípio da
equidade na forma de participação no custeio (CF, art. 194, parágrafo único,
V). Assim, a questão está correta.
Na Lei 8.212/91, há outros exemplos de equidade na forma de participação no
custeio: as instituições financeiras contribuem para a seguridade social com
alíquotas mais elevadas do que as empresas em geral; já as microempresas e
empresas de pequeno porte contribuem de forma mais simplificada e favore-
cida (Lei Complementar 123/2006); os segurados empregados, trabalhadores
avulsos e empregados domésticos têm alíquotas progressivas (8%, 9% ou
11%)- quanto maior a remuneração maior será a alíquota.
Gabarito: certo.

Hugo Goes 476


Advogado da União/AGU/2006

190. As contribuições previdenciárias somente podem ser exigidas após o decurso do


prazo de 90 dias da data de publicação da lei que as houver instituído ou modi-
ficado, incluindo-se nessas modificações a eventual alteração do prazo de reco-
lhimento da obrigação tributária.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o § 6° do art. 195 da Constituição, as contribuições sociais


para a seguridade social só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias
da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". Trata-se, aqui, do princípio da
anterioridade nonagesimal, também conhecido como princípio da noventena
ou da anterioridade mitigada.
As modificações que estão sujeitas à anterioridade nonagesimal são as que
representam uma efetiva onerosidade para o contribuinte. As modificações
menos onerosas ao contribuinte podem ser aplicadas desde a entrada em
vigor da lei nova.
O princípio da anterioridade nonagesimal tem como objetivo proteger o
contribuinte contra o fator-surpresa. A noventena é o tempo necessário para
que o contribuinte ajuste seu planejamento financeiro, visando ao pagamento
da contribuição.
Para os demais tributos, com algumas exceções, além da anterioridade
nonagesimal, aplica-se também o princípio da anterioridade anual (ou
anterioridade do exercício). De acordo com o princípio da anterioridade
anual, os tributos não podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro
em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150,
III, "b"). Para as contribuições destinadas à seguridade social, o princípio da
anterioridade anual não se aplica. Para essas contribuições, aplica-se apenas
a anterioridade nonagesimal.
O STF entende que a lei que se limita simplesmente a mudar o prazo de
recolhimento da contribuição social (ou de qualquer outro tributo) não se
submete ao princípio da anterioridade nonagesimal (também não se sub-
mete à anterioridade anual). Para firmar este entendimento, o STF editou a
Súmula 669: "Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade." Neste mesmo sentido,
confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CI-


VIL. PIS. FINSOCIAL. PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALTERAÇÃO

Prn\1;:~~ ?Ç
477
Direito Previdenciário Cespe

PELA LEI N° 8.218, DE 29/08/91. ALEGADA CONTRARIEDADE


AO ART. 195, § 6°, DA CoNSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Examinan-
do questão idêntica, decidiu a 1• Turma: "Improcedência da
alegação de que, nos termos do art. 195, § 6°, da Constituição,
a lei em referência só teria aplicação sobre fatos geradores
ocorridos após o término do prazo estabelecido pela norma.
A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o
prazo de recolhimento da obrigação tributária, sem qualquer
repercussão, não se submete ao princípio da anterioridade.
Recurso extraordinário conhecido e provido". 2. Preceden-
tes de ambas as Turmas, nos quais têm sido rejeitados os
argumentos em contrário, ora renovados pela agravante. 3.
Agravo improvido. 144

Gabarito: errado.

191. Os templos de qualquer culto são contribuintes do PIS/PASEP, sendo a base de


cálculo da contribuição o equivalente à folha de salários.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 150, VI, "b", da Constituição, é vedado à União, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos sobre tem-
plos de qualquer culto. Mas o PIS e o PASEP não são impostos. A natureza
jurídica do PIS e do PASEP é de contribuição social, destinada ao custeio
da seguridade social (CF, arts. 149, 195, § 4°, e 239). 145 Assim, os templos de
qualquer culto são contribuintes do PIS/PASEP.
A arrecadação decorrente do PIS/PASEP passa, a partir da promulgação
da Constituição de 1988, a financiar o programa do seguro-desemprego e
o pagamento do abono de um salário mínimo anual aos empregados que
percebam até dois salários mínimos de remuneração mensal (CF, art. 239).
A contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP será calculada mediante a
aplicação das seguintes alíquotas:

I44 STF, RE-AgR 274949/SC, Rei. Min. Sydney Sanches, DJ27/03/1998, p. 514.
145 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 6• ed.
São Paulo: LTr, 2005, p. 252.

Hugo Goes 478


Advogado da União/AGU/2006

I - no caso das pessoas jurídicas de direito privado e as que


lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda,
inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia
mista e suas subsidiárias: (a) 0,65% sobre o faturamento
mensal, para as que estão sujeitas ao regime de incidência
cumulativa (Lei 9.715/98, art. 8°, I); e (b) 1,65% sobre o fa-
turamento mensal, para as que estão sujeitas ao regime de
incidência não cumulativa (Lei 10.637/2002, art. 2°).
li- 1% sobre a folha de salários, no caso das entidades sem
fins lucrativos (Lei 9.715/98, art. 8°, II);
III- 1% sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e
das transferências correntes e de capital recebidas, no caso
pessoas jurídicas de direito público interno (Lei 9.715/98,
art. 8°, III).

Assim sendo, os templos de qualquer culto contribuem para o PIS/PASEP


com base na folha de salários. Gabarito: certo.

192. Após o modelo de previdência social concebido por William Beveridge, implan-
tado na Inglaterra a partir de 1946, novos sistemas surgiram no cenário mun-
dial: o social-democrata, adotado nos países nórdicos, cujo objetivo era assegurar
rendas a todos mediante redistribuição igualitária; e o liberal ou residual, cujo
exemplo mais expressivo é o do Chile, caracterizado, especialmente, pela indivi-
dualização dos riscos sociais.

( ) certo ( ) errado

O relatório Beveridge, publicado em 1942, motivou o governo inglês a


apresentar um plano de previdência social, que deu origem à reforma do
sistema inglês de proteção social, que foi implantado em 1946. 146 O Plano
Beveridge representa um marco histórico da seguridade social no mundo.
Entre seus pontos mais importantes, pode-se citar: (a) extensão do seguro
social para todos os trabalhadores - não somente os empregados, mas todos
os trabalhadores, como os autônomos, devem integrar o sistema; (b) adoção
da tríplice fonte de custeio- Estado, empresas e trabalhadores; (c) unificação
do seguro acidente do trabalho com o seguro social. Surge, a partir daí, a
política do bem-estar social (Welfare State).

146 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17' ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 31.

479 Prova 25
Direito Previdenciário Cespe

Posteriormente, surgiu o modelo social-democrata, adotado nos países nór-


dicos (Norte da Europa), onde predominou o sistema de seguridade social
financiado mediante transferência dos recursos provenientes de impostos,
por meio de transferências orçamentárias, objetivando uma redistribuição
igualitária de rendas. Neste modelo de previdência, a distribuição dos bene-
fícios dá-se seguindo um patamar básico de vida digna do cidadão.
Atualmente, o modelo previdenciário vislumbrado na política do bem-
-estar social vem sendo substituído, em diversos países, por outro, no qual
o principal fundamento é a poupança individual, sem a centralização dos
recursos em órgão estatais. Países como o Chile - primeiro a adotar esse
modelo de previdência -, Argentina, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai
estão privatizando a gestão previdenciária, uns mantendo a presença estatal
em níveis mínimos, outros entregando totalmente à iniciativa privada a
questão previdenciária. 147 Este sistema, conhecido como liberal ou residual,
tem co~o base ideológica a crença na autossuficiência do indivíduo.
Gabarito: certo.

Julgue os itens que se seguem, relativos ao regime geral de previdência social.


193. Sobre os valores recebidos pelo segurado empregado a título de gratificação na-
talina, também conhecida como décimo terceiro salário, não incide contribui-
ção previdenciária.

( ) certo ( ) errado

O décimo terceiro salário (gratificação natalina) integra o salário de contri-


buição, exceto para o cálculo de benefício (Lei 8.212/91, art. 28, § 7°). Assim,
incide contribuição previdenciária sobre o décimo terceiro salário.
A respeito da incidência de contribuição previdenciária sobre a gratificação
natalina, o STF editou a Súmula 688, nos seguintes termos: "É legítima a
incidência da contribuição previdenciária sobre o 13° salário".
Gabarito: errado.

147 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZAR!, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 6• ed.
São Paulo: LTr, 2005, pp. 38 e 39.

Hugo Goes 480


Advogado da União/AGU/2006

194. Do caráter contributivo da previdência social, conforme expressa previsão cons-


titucional, decorre que nenhuma das aposentadorias será concedida sem o cum-
primento da carência, isto é, um número de contribuições mensais necessárias
para a efetivação do direito a um benefício.

( ) certo ( ) errado

In depende de carência a concessão de aposentadoria por invalidez nos casos


de acidente de qualquer natureza, bem como nos casos de segurado que, após
filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especifi-
cadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social
(Lei 8.213/91, art. 26, 11). Gabarito: errado.

195. Considere a seguinte situação hipotética. Estêvão pediu demissão da empresa


em que trabalhava, concordando em trabalhar durante o período de aviso prévio
equivalente a 30 dias, prazo concedido para que o empregador providenciasse a
contratação de um novo empregado. Nessa situação, sobre o valor pago duran-
te o último mês que Estêvão trabalhou não incide contribuição previdenciária,
pois se trata de verba indenizatória.

( ) certo ) errado

Os valores pagos ao seguràdo que não integram a base de cálculo das con-
tribuições previdenciárias são, exclusivamente, os relacionados no § 9° do
art. 28 da Lei 8.212/91. Dessa relação, não consta o aviso prévio trabalhado. Se
o aviso prévio é trabalhado, vem a se constituir em salário e, por isso, integra
a base de cálculo da contribuição previdenciária. Assim, incide contribuição
previdenciária sobre o valor relativo ao aviso prévio trabalhado.
Gabarito: errado.

196. O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário pago apenas aos dependentes


do segurado que esteja recolhido sob regime prisional fechado.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte,


aos dependentes do segurado recolhido à prisão (em regime fechado ou se-
miaberto) que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de

481 Prova 25
Direito Previdenciário Cespe

auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde


que o seu último salário de contribuição seja inferior ou igual a R$ 1.089,72148
(RPS, art. 116, caput).
Assim, para que os dependentes recebam o auxílio-reclusão, não é necessário
que o regime prisional do segurado seja o regime fechado. Esse benefício
será devido aos dependentes durante o período em que o segurado estiver
recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto (RPS, art. 116, § 5°).
Gabarito: errado.

197. Considere a seguinte situação hipotética. Elaine é cabeleireira, Sílvia é mani-


cure e Cláudia é esteticista. As três trabalham por conta própria e exercem suas
atividades na residência de Elaine. Nessa situação, apesar de não terem vínculo
empregatício com qualquer estabelecimento, todas são consideradas seguradas
obrigatórias da previdência social na qualidade de contribuinte individual.

( ) certo ( ) errado

É segurado obrigatório da previdência social, como contribuinte individual,


entre outros, a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econô-
mica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não (Lei 8.213/91, art. 11,
V, "h"). Este é o autônomo propriamente dito.
Na questão em tela, Elaine, Sílvia e Cláudia são trabalhadoras autônomas,
por isso são seguradas obrigatórias do RGPS, na qualidade de contribuinte
individual. O trabalho prestado pelo trabalhador autônomo pode ter natu-
reza contínua, porém sem subordinação, pois ele trabalha por conta própria,
assumindo os riscos de sua atividade econômica.
O elemento fundamental que distingue o trabalhador autônomo do empre-
gado é a subordinação: empregado é trabalhador subordinado (está sujeito
ao poder de direção do empregador), ao passo que o autônomo não é subor-
dinado. Gabarito: certo.

148 Valor atualizado, a partir de 1•/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

HugoGoes 482
Advogado da União/AGU/2006

198. Considere a seguinte situação hipotética. Célia é segurada empregada da previ-


dência social e sofreu aborto natural antes da 23• semana de gestação, comprovado
mediante atestado médico. Nessa situação, Célia terá direito ao salário-materni-
dade correspondente a duas semanas.

( ) certo ( ) errado

O salário-maternidade é devido à segurada do RGPS em decorrência dos


seguintes fatos geradores:

a) parto, durante 120 dias (Lei 8.213/91, art. 71);


b) em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante
atestado médico, a segurada terá direito ao salário-mater-
nidade correspondente a duas semanas (RPS, art. 93, § 5°);
c) em caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção
de criança, o salário-maternidade é devido pelo período
de 120 dias (Lei 8.213/91, art. 71-A).

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2006), prevalecia o entendi-
mento que, para fins de concessão de salário-maternidade, considerava-se parto
o evento ocorrido a partir da 23• semana (6° mês) de gestação, inclusive em caso
de natimorto (IN INSS 45/2010, art. 294, § 3°). Assim, a segurada que, involun-
tariamente, perdesse o feto a partir da 23• semana de gestação recebia o salário-
-maternidade durante 120 dias. Mas, se o evento ocorresse antes da 23• semana
de gestação, o salário-maternidade era devido pelo período de duas semanas.
Na questão em exame, Célia sofreu aborto natural antes da 23• semana de
gestação, comprovado mediante atestado médico. Neste caso, a segurada teve
direito ao salário-maternidade pelo período de duas semanas.
Atualmente, para fins de concessão do salário-maternidade, considera-se
parto o evento que gerou a certidão de nascimento ou certidão de óbito da
criança (IN INSS 77/2015, art. 343, § 3°). Em caso de aborto não criminoso,
comprovado mediante atestado médico com informação do CID (Classifica-
ção Internacional de Doenças) específico, a segurada terá direito ao salário-
-maternidade correspondente a duas semanas (IN INSS 77/2015, art. 343,
§ 4°). Tratando-se de parto antecipado ou não, ainda que ocorra parto de
natimorto, este último comprovado mediante certidão de óbito, a segurada
terá direito aos 120 dias previstos em lei, sem necessidade de avaliação
médico-pericial pelo INSS (IN INSS 77/2015, art. 343, §5°). Gabarito: certo.

483 Prova25
Direito Previdenciário Cespe

Em relação à organização da previdência privada, julgue os próximos itens.


199. A parte patronal, isto é, a contribuição das empresas patrocinadoras de planos
de previdência privada, conforme estabelece a Constituição, não pode ultrapas-
sar o limite equivalente ao da contribuição dos segurados empregados.

( ) certo ( ) errado

A Constituição, em seu art. 202, § 3°, veda o aporte de recursos a entidade de


previdência privada pela União, estados, Distrito Federal e municípios, suas
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e
outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na
qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do
segurado. Mas esta vedação não se aplica quando o patrocinador da entidade
de previdência complementar for uma empresa privada, sem vínculo com o
Poder Público. Gabarito: errado.

200. A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lu-
crativos somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se
não houver contribuição dos beneficiários.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a Súmula 730 do Supremo Tribunal Federal - STF, "a imuni-
dade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas
de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários".
De acordo com o art. 150, VI, "c", da Constituição, é vedado à União, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos sobre patri-
mônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e
de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. As-
sim, a imunidade tributária à qual faz referência a Súmula 730 do STF diz
respeito somente a impostos. Para que a entidade fechada de previdência
complementar goze dessa imunidade tributária, deve existir contribuição
apenas do patrocinador, não sendo cobrada contribuição dos beneficiários
(participantes e assistidos).
Gabarito: certo.

HugoGoes 484
Relativamente aos benefícios e aos beneficiários da Previdência Social, julgue os
itens a seguir.
111. Um vereador de um município que não tenha regime próprio de Previdência So-
cial organizado é segurado obrigatório do regime previdenciário geral, na qua-
lidade de empregado.

( ) certo ( ) errado

O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que


não vinculado a regime próprio de previdência social, é segurado obrigatório
do RGPS, na qualidade de segurado empregado (Lei 8.213/91, art. 11, I, "j").
Exercentes de mandato eletivo são: vereador, prefeito, deputado estadual,
deputado distrital (no caso do DF), governador, deputado federal, senador
e presidente da República. Esses mandatários são, em regra, segurados
obrigatórios do RGPS, na categoria de segurado empregado. No entanto, se
um servidor público amparado por regime próprio de previdência for eleito
para exercer um desses mandatos, nessa situação, continuará vinculado ao
regime próprio de origem e, desse modo, excluído do RGPS.
Uma atenção especial deve ser dada à situação previdenciária dos vereadores.
Isso porque há o permissivo constitucional da acumulação de subsídios do
mandato eletivo com a remuneração do cargo efetivo, desde que haja com-
patibilidade de horários (CF, art. 38, 111). Se o vereador não tiver nenhum
vínculo efetivo com o serviço público, filia-se somente ao RGPS. Contudo,
se ele exercer, concomitantemente, mandato eletivo e cargo efetivo em ente
federativo que possui RPPS, filia-se ao RGPS, pelo mandato eletivo, e ao
RPPS, pelo cargo efetivo. Mas, se o ente federativo no qual ele exerce o cargo
efetivo não possuir RPPS, o servidor/vereador será filiado ao RGPS em relação
a ambas as atividades exercidas (Lei 8.213/91, art. 11, § 2°).

485
Direito Previdenciário Cespe

Não havendo compatibilidade de horários para exercer a vereança, o servidor


terá que se afastar do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
ção (CF, art. 38, 11 e UI). Neste caso, se o ente federativo onde ele exerce o
cargo efetivo possuir RPPS, independentemente de ter ou não optado pela
remuneração do cargo, o servidor/vereador continuará vinculado somente ao
RPPS de origem. Neste mesmo caso, se o ente federativo não possuir RPPS,
o servidor/vereador filia-se somente ao RGPS. Gabarito: certo.

112. Considere a seguinte situação hipotética: Cláudio trabalha em uma indústria de


produtos químicos e exerce sua atividade em condições especiais, consideradas
prejudiciais à saúde. Nessa situação, para ter direito ao benefício da aposentado-
ria com menor tempo de contribuição, Cláudio deverá comprovar exposição per-
manente, isto é, não ocasional nem intermitente, aos agentes nocivos.

( ) certo ( ) errado

A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo


segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional
nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física, durante o período mínimo de 15, 20 ou 25 anos (RPS,
art. 64, § 1°). Gabarito: certo.

113. A fim de promover a inclusão previdenciária, o texto constitucional prevê um


sistema especial para todas as pessoas que se dediquem ao trabalho doméstico e
que não possuam renda própria.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 12 do art. 201 da Constituição Federal, "lei disporá sobre


sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de
baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente
ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes
a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual
a um salário mínimo" (Redação dada pela EC 47).
Assim, o sistema de inclusão previdenciária tem dois destinatários: (a) tra-
balhadores de baixa renda; e (b) pessoas sem renda própria que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde
que pertencentes a famílias de baixa renda.

Hugo Goes 486


Procurador Federai/AGU/2006

No tocante às pessoas que se dedicam ao trabalho doméstico, para partici-


par do sistema especial de inclusão previdenciária é necessário que: (a) não
possuam renda própria; (b) exerçam o trabalho doméstico no âmbito de sua
própria residência; e (c) rertençam a famílias de baixa renda.
A questão em exame afirma que o sistema especial de inclusão previdenciária
destina-se a todas as pessoas que se dediquem ao trabalho doméstico e que
não possuam renda própria. À luz do que foi exposto, percebe-se que esta
afirmação é falsa. Gabarito: errado.

114. Considere a seguinte situação hipotética: Cesário é eletricista e presta serviço de


natureza eventual ao supermercado Lua Nova Ltda. Nessa situação, a contribui-
ção previdenciária de Cesário, na qualidade de contribuinte individual, deve ser
descontada do valor a ser pago a ele a título de remuneração, devendo ser reco-
lhida pela empresa tomadora do serviço juntamente com as demais contribui-
ções a seu cargo.

( ) certo ( ) errado

O trabalhador que presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter


eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego é segurado
obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte individual (Lei 8.213/91,
art. 11, V, "g").
A partir de 01/04/2003, a empresa passou a ser obrigada a arrecadar a con-
tribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a
da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com
a contribuição a seu cargo até o dia 20 do mês seguinte ao da competência
(Lei 10.666/2003, art. 4°). Gabarito: certo.

115. A recente alteração na expectativa de vida dos brasileiros, conforme cálculo pro-
movido pelo IBGE, influencia diretamente o valor calculado dos benefícios pa-
gos pela Previdência Social, o que gera, entre outros efeitos, a necessidade de os
trabalhadores estenderem um pouco mais o período de atividade a fim de rece-
berem um benefício de valor equivalente ao que receberiam caso fosse mantida
a expectativa de vida anterior.

( ) certo ( ) errado

487 Prova 26
Direito Previdenciário Cespe

A expectativa de vida medida pelo IBGE tem influência no cálculo das


aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, pois, para esses
benefícios, o salário de benefício consiste na média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período
contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário (Lei 8.213/91, art. 29, I).
O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa
de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar (Lei
8.213/91, art. 29, § 7°). A expectativa de sobrevida do segurado na idade da
aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade cons-
truída pelo IBGE, para toda a população brasileira, considerando-se a média
nacional única para ambos os sexos (Lei 8.213/91, art. 29, § 8°).
O gabarito oficial considerou esta questão como certa. Todavia, a alteração
na expectativa de vida dos brasileiros não influencia o cálculo de todos os
benefícios do RGPS. Tem influência somente no cálculo das aposentadorias
por tempo de contribuição e por idade. Assim, é contestável o gabarito desta
questão. Gabarito: certo.

Julgue os itens que se seguem, acerca da organização e dos princípios da seguri-


dade social e do sistema de custeio do Regime Geral de Previdência social.
116. Os planos de serviços e benefícios da seguridade social relacionados aos serviços
de saúde devem ser elaborados pelo legislador de tal forma a garantir que apenas
os que realmente necessitam da proteção estatal a eles tenham acesso.

( ) certo ( ) errado

A saúde é direito de todos e dever do Estado (CF, art. 196). Assim, em relação
aos serviços de saúde, não pode o Poder Público se negar a atender deter-
minada pessoa em razão de suas condições financeiras. Gabarito: errado.

117. Para efeito de cálculo da contribuição previdenciária, o salário pago em forma


de utilidade é usado apenas em relação à parte sob responsabilidade dos empre-
gadores, devendo ser excluído da cota dos empregados em razão de não compor
o cálculo dos benefícios.

( ) certo ( ) errado

HugoGoes 488
Procurador Federai/AGU/2006

Os ganhos habituais sob a forma de utilidades integram a base de cálculo


da contribuição previdenciária a cargo da empresa (Lei 8.212/91, art. 22,
I) e também integram a base de cálculo da contribuição do segurado (Lei
8.212/91, art. 28, I). Serão considerados para cálculo do salário de benefício
os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título, sob forma de
moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha incidido contribuições
previdenciárias, exceto o 13° salário (Lei 8.213/91, art. 29, § 3°).
Gabarito: errado.

Ainda a respeito da organização e dos princípios da seguridade social e do sistema


de custeio do Regime Geral de Previdência social, julgue os itens que se seguem.
118. O princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios é alcançado, entre outras
medidas, mediante a aplicação do índice de reajuste concedido anualmente ao
salário mínimo, de maneira uniforme a todos os benefícios pagos pelo Regime
Geral de Previdência Social.

( ) certo ( ) errado

A irredutibilidade do valor dos benefícios é um dos princípios da seguridade


social (CF, art. 194, parágrafo único, IV). Na doutrina, não há consenso a
respeito do significado deste princípio aplicado à Seguridade Social. Parte
da doutrina entende que seu obj~tivo é preservar o valor real do benefício.149
Outra parte entende que a sua finalidade é, simplesmente, impedir a dimi-
nuição do valor nominal do benefício. 150
A interpretação que o Regulamento da Previdência Social (art. 1o, parágrafo
único, IV) dá a este princípio da Seguridade Social é a de que seu objetivo
é a preservação do poder aquisitivo do benefício, ou seja, a preservação do
valor real.
Mas para o STF, não havendo diminuição do valor nominal, não procede a
alegação de ofensa ao princípio da irredutibilidade. Nesse sentido, confira-se
o seguinte julgado da Suprema Corte:

149 Esta é a posição defendida por Fábio Zambitte Ibrahim (2008, p. 58), Marcelo Leonardo Tavares (2004,
p. 5), Kerlly Huback Bragança (2006, p. 14), Ivan Kertzman (2005, p. 27),1talo Romano Eduardo e Jeane
Tavares Aragão Eduardo (2008, p. 20).
ISO Esta é a posição defendida po~ Sérgio Pinto Martins (2002, p. 78), Carlos Alberto Pereira de Castro e João
Batista Lazzari (2008, p. 101), Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior (2006, p. 40).

489 Prova 26
Direito Previdenciário Cespe

Servidor público militar: supressão de adicional de inatividade:


inexistência, no caso, de violação às garantias constitucionais
do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos (CF,
art. 37, XV). É da jurisprudência do Supremo Tribunal que
não há direito adquirido a regime jurídico e que a garantia
da irredutibilidade de vencimentos não impede a alteração de
vantagem anteriormente percebida pelo servidor, desde que
seja preservado o valor nominal dos vencimentos. 151

É verdade que a jurisprudência supra é relativa a proventos de inatividade


de servidor público militar. Mas a irredutibilidade do valor dos benefícios é
princípio equivalente ao da irredutibilidade dos vencimentos dos servidores
públicos (CF, art. 37, XV). Confira-se, agora, um julgado do STF a respeito
de benefício do RGPS:

Previdência social. Irredutibilidade do benefício. Preservação


permanente de seu valor real. - N0 caso não houve redução
do benefício, porquanto já se firmou ~jurisprudência desta
Corte no sentido de que o princípio da irredutibilidade é
garantia contra a redução do "quantum" que se recebe, e
não daquilo que se pretende receber para que não haja perda
do poder aquisitivo em decorrência da inflação. - De outra
parte, a preservação permanente do valor real do benefício
- e, portanto, a garantia contra a perda do poder aquisitivo
- se faz, como pre.ceitua o artigo 201, § 2°, da Carta Magna,
conforme critérios definidos em lei, cabendo, portanto, a
esta estabelecê-los. Recurso extraordinário não conhecido. 152

Nesse mesmo sentido, colaciono a seguinte decisão do Tribunal Regional


Federal da 4• Região:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. URV. CONVERSÃO DOS BENEFÍ-


CIOS. PRINCÍPIO DA iRREDUTIBIILIDADE. INEXISTÊNCIA DE
VIOLAÇÃO. 1. Não há que se falar em inconstitucionalidade do
termo 'nominal' do inciso I, do artigo 20, da Lei no 8.880/94,
a partir da decisão exarada pelo Plenário do Excelso Supremo

151 STF, AI-AgR 618777/RJ, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, 1• T., D/ 03/08/2007.
152 STF, RE 263252/PR, Rei. Min. Moreira Alves, 1• T., DI 23/06/2000. Vale frisar que a redação original do
§ 2• do art. 201 da CF corresponde à atual redação do§ 4• do mesmo artigo.

HugoGoes 490
Procurador Federai/AGU/2006

Tribunal Federal no julgamento do RE no 313.382-9/SC. 2.


Não havendo demonstração da ocorrência de redução do
valor nominal do benefício (em moeda corrente), não pro-
cede a alegação de ofensa ao princípio da irredutibilidade
preconizado no art. 194, IV da CF/88} 53

Nessa linha de raciocínio, o princípio da irredutibilidade assegura apenas


que o benefício legalmente concedido - pela Previdência Social ou pela
Assistência Social- não tenha seu valor nominal reduzido. 154 Assim, uma
vez definido o valor do benefício, este não pode ser reduzido nominalmente,
salvo se houve erro na sua concessão.
Fica claro que, conforme a jurisprudência predominante no STF, o princípio
da irredutibilidade veda apenas a redução do valor nominal dos benefícios.
Mas, se o benefício for concedido em desacordo com a lei, até mesmo o valor
nominal poderá ser reduzido. O STF entende que "a redução de proventos
de aposentadoria, quando concedida em desacordo com a lei, não ofende o
princípio da irredutibilidade". 155
Vale ressaltar que, em relação aos benefícios previdenciários, o § 4° do
art. 2{}1 da Constituição Federal, assegura "o reajustamento dos benefícios
para preserva-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei".
Assim, em relação aos benefícios previdenciários, o princípio da irreduti-
bilidade (CF, art. 194, parágrafo único, IV) é garantia contra a redução do
valor nominal, e o§ 4° do art. 201 da Carta Magna assegura o reajustamento
para preservar o valor real. Mas esses dois dispositivos constitucionais têm
significados distintos, não devendo ser confundidos. O primeiro é o princípio
da irredutibilidade, aplicado à seguridade social (engloba benefícios da pre-
vidência e da assistência social). O segundo é o princípio da preservação do
valor real dos benefícios, aplicado somente à previdência social. O princípio
da irredutibilidade, por si só, não assegura reajustamento de benefícios. O que
assegura o reajustamento dos benefícios do RGPS, de acordo com critérios
definidos em lei ordinária, é o princípio da preservação do valor real dos
benefícios, previsto no§ 4° do art. 201 da Constituição. A separação desses
dois princípios fica evidente no seguinte julgado do STF:

153 Agr. Regimental na Apelação Cível, Processo 2003.71.00.082188-8, DJ 28/09/2005, p. 1024.


154 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Op. cit., p. 90.
155 STF, MS 25552/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJ 30/05/2008.

491 Prova 26
D:reito Previdenciário Cespe

(... ) 2. PREVIDÊNCIA SociAL. Reajuste de benefício de prestação


continuada. Índices aplicados para atualização do salário-
-de-benefício. Arts. 20, § 1° e 28, §5°, da Lei no 8.212/91.
Princípios constitucionais da irredutibilidade do valor dos
benefícios (art. 194, IV) e da preservação do valor real
dos benefícios (art. 201, § 4°). Não violação. Precedentes.
Agravo regimental improvido. Os índices de atualização dos
salários-de-contribuição não se aplicam ao reajuste dos bene·
fícios previdenciários de prestação continuwa. 156

No concurso para Procurador da Fazenda Nacional realizado em 2006, a


ESAF propôs uma questão em que constava a se.5uinte assertiva: "o pr2ncípio
da irredutibilidade do valor dos benefícios, segundo a orientação do Supremo
Tribunal Federal, significa a irredutibilidade do valor real, protegendo-os
do fenômeno inflacionário". A assertiva foi considerada falsa, pois esta não
é a orientação do STF.
Todavia, se a questão de concurso não fizer nenhuma referência à jurispru-
dência, afirmando simplesmente que o princípio da irredutibilidade do valor
dos benefícios visa à preservação do seu poder aquisitivo, o candidato deve
considerar a questão como verdadeira, pois, apesar de não ser a orientação
do STF, este é o entendimento dado pela redação do art. 1°, parágrafo único,
IV, do Regulamento da Previdência Social.
Em obediência ao§ 4° do art. 201 da Constituição Federal, a Lei 8.213/91, em
seu art. 41-A, determina que "o valor dos benefícios em manutenção será rea-
justado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata,
de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento,
com base no índice Nacional de Preços ao Consumidor- INPC, apurado
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE". Em
suma: os benefícios do RGPS serão reajustados na mesma data de reajuste
do salário mínimo, mas não necessariamente pelo mesmo índice de reajuste do
salário mínimo. Em fevereiro de 2009, por exemplo, os benefícios do RGPS
foram reajustados em 5,92% (Decreto 6.765/09), enquanto o salário mínimo
foi reajustado em 12,05% (Medida Provisória 456/09).
A questão em tela afirma que o princípio da irredutibilidade do valor dos be-
nefícios visa a assegurar reajuste dos benefícios do RGPS com base no mesmo

156 STF, AI-AgR 590177/SC, Rei. Min. Cezar Peluso, 2• T., DJ 27/04/2007, p. 96.

Hugo Goes 492


Procurador Federal/AGU/2006

índice concedido ao salário mínimo. A luz do que foi exposto, percebe-se


que esta afirmativa é falsa. Gabarito: errado.

119. A depender das condições econômicas do país, a legislação vigente permite a subs-
tituição gradual das contribuições previdenciárias sobre a folha de salários pela
contribuição incidente sobre a receita ou faturamento das empresas.

( ) certo ( ) errado,

O§ 13 do art. 195 da Constituição Federal prevê a possibilidade de substi-


tuição gradual, total ou parcial, da contribuição da empresa incidente sobre
a folha de salários pela incidente sobre a receita ou o faturamento.
Gabarito: certo.

120. A Secretaria da Receita Federal é competente para arrecadar, fiscalizar, lançar e


normatizar o recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a
remuneração paga ou creditada aos segurados empregados pelas empresas.

( ) certo ( ) errado

A Secretaria da Receita Federal (SRF) compete arrecadar, fiscalizar, lançar e


normatizar o recolhimento das ,contribuições sociais das empresas, inciden-
tes sobre faturamento e lucro e as incidentes sobre a receita de concursos de
prognósticos, cabendo também a este órgão promover a respectiva cobrança
e aplicar as sanções previstas legalmente (Lei 8.212/91, art. 33, caput).
Na data em que esta prova foi aplicada (22/01/2006), as contribuições previ-
denciárias incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados
pelas empresas eram de competência da Secretaria da Receita Previdenciária,
órgão vinculado ao Ministério da Previdência Social.
Mas, a partir de 02/05/2007, fica extinta a Secretaria da Receita Previden-
ciária, e a Secretaria da Receita Federal passa a denominar-se Secretaria
da Receita Federal do Brasil, órgão da administração direta subordinado
ao Ministro de Estado da Fazenda (Lei 11.457/2007, arts. 1° e 2°, § 4°). A
partir desta data, além das competências que eram atribuídas à Secretaria
da Receita Federal, cabe também à Secretaria da Receita Federal do Brasil
planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação,

493 Prova 26
Direito Previdenciário Cespe

fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais


previdenciárias (Lei 11.457/2007, art. 2°, caput).
Atualmente, portanto, a Secretaria da Receita Federal do Brasil é competente
para arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribui-
ções previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos
segurados empregados pelas empresas.
A questão estava errada na data em que a prova foi aplicada (22/01/2006).
Mas hoje é correto afirmar que a Secretaria da Receita Federal do Brasil é
competente para arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento
das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga ou
creditada aos segurados empregados pelas empresas.
Gabarito: certo.

Hugo Goes 494


A Lei no 8.213/1991, que estabelece os planos de benefícios da previdência social,
definiu, no seu art. 24, o período de carência como sendo o número mínimo de
contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefí-
cio, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas com-
petências. Acerca dos períodos de carência dos benefícios previdenciários, julgue
os itens subsequentes.
186. A concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez depende do pe-
ríodo de carência de 12 contribuições mensais.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez


depende do período de carência de 12 contribuições mensais (Lei 8.213/91,
art. 25, I). Assim, a questão está correta.
Ressalte-se, porém, que a concessão de auxílio-doença e aposéntadoria por
invalidez independe de carência nos casos em que a incapacidade for decor-
rente de acidente de qualquer natureza ou causa, de doença profissional ou do
trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido de alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase,
alienação mental, esc~erose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna,
cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado
da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica
adquirida (Aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da
medicina especializada (Lei 8.213/91, art. 26, II c/c art. 151).
Gabarito: certo.

495
Direito Previdenciário Cespe

187. A concessão de aposentadoria por idade e de aposentadoria por tempo de servi-


ço, bem como a de aposentadoria especial, dependem do período de carência de
120 contribuições mensais.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a concessão das aposentadorias por idade, tempo de contribuição


e especial dependem do período de carência de 180 contribuições mensais
(Lei 8.213/91, art. 25, Il). Todavia, para os segurados inscritos na Previdência
Social Urbana até 24/07/91, bem como para os trabalhadores e empregadores
rurais antes amparados pela Previdência Social Rural, observa-se a regra de
transição prevista no art. 142 da Lei 8.213/91. Gabarito: errado.

188. A concessão de auxílio-reclusão independe de carência.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o inciso I do art. 26 da Lei 8.213/91, independe de carência


a concessão das seguintes benefícios: pensão por morte, auxílio-reclusão,
salário-família e auxílio-acidente.
Também independe de carência a concessão das seguintes prestações: (a)
salário-maternidade, para as seguradas empregada, empregada doméstica
e trabalhadora avulsa; (b) auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos
casos de acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos de
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças
ou afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e
da Previdência Social; (c) serviço social; e (d) reabilitação profissicnal (Lei
8.213/91, art. 26).
Para o segurado especial, fica garantida a concessão, independentemente
de carência, de aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio-doença,
auxílio-reclusão ou pensão por morte, no valor de um salário mínimo, desde
que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua,
no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao
número de meses correspondente à carência do benefício requeLdo (Lei
8.213/91, arts. 26, III, e 39, I).
Gabarito: certo.

HugoGoes 496
Juiz Federai/TRF da s• Região/2005

Jairo, empregado da empresa Cervejaria Bem Gelada S.A., presta serviços de na-
tureza urbana, em caráter não eventual, sob subordinação e mediante remune-
ração, e está inscrito no Regime Geral da Previdência Social estabelecido pela Lei
no 8.213/1991. A relação de emprego teve início em janeiro de 2003 e é o seu pri-
meiro emprego. Jairo é casado com Maria, servidora pública ocupante de car-
go em comissão da União, sem vínculo efetivo. O casal tem dois filhos menores,
Nádia, com 2 anos de idade, e Bruno, com 1 ano de idade. Com base nessa situa-
ção hipotética e no que dispõe a Lei no 8.213/1991, julgue os seguintes itens.
189. A previdência social considera Jairo e Maria Segurados obrigatórios como em-
pregados.

( ) certo ( ) errado

Além de outros, são segurados obrigatórios da previdência social, como em-


pregado: (a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa,
em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração,
inclusive como diretor empregado; (b) o servidor da União, Estado, Distrito
Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração (RPS, art. 9°, I, "a" e "i"). Assim, Jairo e Maria são segurados
obrigatórios do RGPS como empregados. Gabarito: certo.

190. Na hipótese da morte de Jairo, os, dependentes Maria, Nádia e Bruno devem re-
ceber da previdência social a pensão por morte e deve continuar a receber o sa-
lário-família a que faz jus o de cujus.

( ) certo ) errado

A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado


que falecer (Lei 8.213/91, art. 74). Na classe preferencial, figuram como de-
pendentes do segurado: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta
ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei 8.213/91, art. 16,
I). A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre
todos em parte iguais (Lei 8.213/91, art. 77, caput). Assim, na hipótese da
morte de Jairo, a pensão por morte será rateada entre Maria, Nádia e Bruno
em partes iguais. Portanto, em relação à pensão por morte, o enunciado da
questão está correto.

497 Prova 27
Direito Previdenciário Cespe

Mas, em relação ao salário-família, o enunciado da questão está errado, pois


este benefício cessa com a morte do segurado. Assim, as cotas de salário-
-família que Jairo recebia não serão incorporadas ao benefício da pensão
por morte que Maria, Nádia e Bruno passarão a receber. De acordo com o
art. 70 da Lei 8.213/91, "a cota do salário-família não será incorporada, para
qualquer efeito, ao salário ou ao benefício". Gabarito: errado.

191. A pensão por morte paga para o filho é extinta se o filho for emancipado ou quan-
do ele completar 18 anos de idade, salvo se for inválido.

( ) certo ( ) errado

O pagamento da cota individual da pensão por morte cessa para o filho,


ao completar 21 anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência (Lei
8.213/91, art. 77, § 2°, II). Assim, a questão está errada, pois, para o filho, a
extinção da pensão por morte não oco~re aos 18 anos de idade.
Gabarito: errado.

192. Caso Jairo sofra um ato de agressão por parte de um companheiro de trabalho,
no local e horário de expediente, a ponto de causar redução temporária da sua
capacidade para o trabalho, a previdência social deverá classificar esse ato como
acidente de trabalho.

( ) certo ( ) errado

A Lei 8.213/91, em seu art. 21, li, "a", equipara ao acidente do trabalho, para
efeitos previdenciários, o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário
do trabalho, em consequência de ato de agressão, sabotagem ou terrorismo
praticado por terceiro ou companheiro de trabalho.
Gabarito: certo.

193. A cervejaria deverá comunicar qualquer acidente de trabalho sofrido pelos seus
empregados à previdência social até o primeiro dia útil do mês seguinte e, em
caso de morte, até 5 dias após a ocorrência do fato, à autoridade competente, sob
pena de multa.

( ) certo ( ) errado

HugoGoes 498
Juiz Federai/TRF da S• Região/20CS

A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do


trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocor-
rência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena
de multa variável entre o lioite mínimo e o limite máximo do salário de
contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e co-
brada pela Previdência Socia~ (Lei 8.213/91, art. 22, caput). Gabarito: errado.

A Lei no 8.212/1991, que dispõe sobre a organização da seguridade social e ins-


titui seu plano de custeio, no seu art. 10, define que a seguridade social deve ser
financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da Cons-
tituição Federal e dessa lei, ml:diante recursos provenientes da União, dos esta-
dos, do Distrito Federal, dos municípios e de contribuições sociais. Acerca das
contribuições sociais para a seguridade social, julgue os próximos itens.
194. A alíquota de contribuição do segurado contribuinte individual e facultativo é
de 20% sobre o respectivo salário-de-contribuição.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual


e facultativo será de 20% scbre o respectivo salário de contribuição (Lei
8.212/91, art. 21, caput).
No tocante à contribuição do contribuinte individual e do segurado facul-
tativo, a questão em exame apresenta a regra geral, razão pela qual deve ser
considerada como certa. No entanto, no caso de opção pela·exclusão do
direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquo-
ta de contribuição, incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de
contribuição, será de: (I) onze por cento, no caso do segurado contribuinte
individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com
empresa ou equiparado e do segurado facultativo; e (II) cinco por cento, no
caso do microempreendedor individual (Lei 8.212/91, art. 21, § 2°).
A empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte
individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a
recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo
até o dia dez do mês seguinte ao da competência (Lei 10.666/2003, art. 4°,
caput). Neste caso, a alíquota de contribuição a ser descontada pela empresa
da remuneração paga, devida ou creditada ao contribuinte individual a seu
serviço, observado o limite máximo do salário de contribuição, é de 11% no

499 Prova 27
Direito Previdenciário Cespe

caso das empresas em geral e de 20% quando se tratar de entidade benefi-


cente de assistência social isenta das contribuições sociais patronais (RPS,
art. 216, § 26). Gabarito: certo.

195. A contribuição do empregador doméstico é de 12% do salário de contribuição do


empregado doméstico a seu serviço.

( ) certo ) errado

Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2005), a contribuição


previdenciária do empregador doméstico era de 12% (doze por cento) do
salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço (Lei 8.212/91,
art. 24). Mas, a partir da competência 10/2015, o empregador doméstico
passa a recolher suas contribuições previdenciárias com base no art. 34 da
Lei Corr1plementar 150/2015.
De acordo com o art. 34 da Lei Complementar 150/2015, o Simples Do-
méstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de
arrecadação, dos seguintes valores:

I - 8% a 11% de contribuição previdenciária, a cargo do


segurado empregado doméstico, nos termos do art. 20 da
Lei 8.212/91;
II- 8% de contribuição patronal previdenciária para a segu-
ridade social, a cargo do empregador doméstico, nos termos
do art. 24 da Lei 8.212/91;
III - 0,8% de contribuição social para financiamento do
seguro contra acidentes do trabalho;
IV - 8% de recolhimento para o FGTS;
V - 3,2%, na forma do art. 22 desta Lei; e
VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o
inciso I do art. 7° da Lei 7.713/88, se incidente.

O empregador doméstico é obrigado a recolher os valores acima até o dia 7


do mês seguinte ao da competência (LC 150/2015, art. 35).
O inciso I do art. 34 da LC 150/2015 refere-se à contribuição que o empregador
doméstico descontará do segurado empregado doméstico. Essa contribuição,

HugoGoes 500
Juiz Federai/TRF da sa Região/2005

como visto anteriormente, corresponde a 8%, 9% ou 11% sobre o salário de


contribuição do segurado.
Os valores previstos nos incisos IV a VI do art. 34 da LC 150/2015 não se
referem a contribuições previdenciárias.
As contribuições previdenciárias patronais, a cargo do empregador domés-
tico, são as previstas nos incisos 11 e UI do art. 34 da Lei Complementar
150/2015. Assim, as contribuições previdenciárias a cargo do empregador
doméstico são as seguintes:

a) 8% de contribuição patronal previdenciária para a se-


guridade social, a cargo do empregador doméstico, nos
termos do art. 24 da Lei 8.212/91;
b) 0,8% de contribuição social para financiamento do seguro
contra acidentes do trabalho.

De acordo com o§ 1° do art. 34 da Lei Complementar 150/2015, as contri-


buições incidem sobre a remuneração paga ou devida no mês anterior, a cada
empregado [doméstico], incluída na remuneração a gratificação de Natal {13°
salário). Assim, podemos resumir as contribuições patronais previdenciárias
do empregador doméstico por meio do seguinte quadro:

Contribuições patronai~ previdenciárias do empregado.f d}miéstico .


Destinação 'Alíquota . .B.a:se cie c*.kuJ9
Para a seguridade social 8% Remuneração paga ou devida
a cada empregado doméstico,
Para financiamento do seguro incluída na remuneração a
0,8%
contra acidentes do trabalho gratificação natalina

Gabarito: certo.

196. As diárias recebidas pelo segurado empregado durante o mês, independente-


mente de seu valor, integram o salário de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Quando excedentes a 50% da remuneração mensal, as diárias para viagens


integram o salário de contribuição pelo seu valor total (Lei 8.212/91, art. 28,

501 Prova 27
Direito Previdenciário Cespe

§ 8°). Para efeito de verificação do limite de 50%, não será computado, no


cálculo da remuneração, o valor das diárias (RPS, art. 214, § 13).
Assim, desde que não excedam a 50% da remuneração mensal, as diárias para
viagens não integram o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "h").
As diárias têm por fim indenizar despesas com deslocamento, hospedagem,
alimentação e manutenção do empregado, quando este for obrigado a viajar
para executar as determinações do empregador.
Visando a evitar que salários sejam rotulados de diárias, a CLT adotou um
critério prático, simples porque de aritmética elementar: faz computar como
salário as diárias que excedam de 50% do salário percebido pelo empregado
(CLT, art. 457, §§ 1° e 2°). Gabarito: errado.

A respeito dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, julgue os itens


que se seguem.
197. Precede, necessariamente, à aposentadoria por invalidez, o benefício do auxí-
lio-doença, que será concedido ao segurado considerado incapaz e insuscetível
de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a


carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para
o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga en-
quanto permanecer nesta condição (Lei 8.213/91, art. 42, caput).
Assim, para que seja concedido o benefício de aposentadoria por invalidez,
não há necessidade de concessão prévia de auxílio-doença. A incapacidade
para o trabalho insuscetível de reabilitação, em alguns casos, pode ser cons-
tatada de imediato pelo médico perito, em face da gravidade das lesões à
integridade física ou mental do indivíduo. No entanto, nem sempre é possível
verificar a incapacidade total e definitiva de imediato. Por isso, na maioria das
vezes, concede-se inicialmente ao segurado o benefício de auxílio-doença e,
posteriormente, concluindo-se pela impossibilidade de retorno à atividade
laborativa, transforma-se o benefício inicial em aposentadoria por invalidez.
Gabarito: errado.

HugoGoes 502
Juiz Federai!TRF da sa Região/2005

198. O valor do benefício da aposentadoria por invalidez de segurado que necessitar


da assistência permanente de outra pessoa deve ser acrescido de 25%, sendo esse
acréscimo devido mesmo em situações em que o valor da aposentadoria atinja o
limite máximo legal.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do tra-


balho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% do salário de
benefício (Lei 8.213/91, art. 44). Mas, se o aposentado por invalidez necessitar
da assistência permanente de outra pessoa, o valor da aposentadoria será
acrescido de 25%, alcançando, neste caso, a 125% do salário de benefício
(Lei 8.213/91, art. 45, caput). O acréscimo será devido ainda que o valor
da aposentadoria atinja o limite máximo legal, mas cessará com a morte
do aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão por morte (Lei
8.213/91, art. 45, parágrafo único).
O anexo I do Regulamento da Previdência Social relaciona as situações em que
o aposentado por invalidez terá direito à majoração de 25% na renda mensal
de seu benefício. São as seguintes: (1) cegueira total; (2) perda de nove dedos
das mãos ou superior a esta; (3) paralisia dos dois membros superiores ou in-
feriores; (4) perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for
impossível; (5) perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja
possível: (6) perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese
for impossível; (7) alteração das faculdades mentais com grave perturbação
da vida orgânica e social; (8) doença que exija permanência continua no leito;
e (9) incapacidade permanente para as atividades da vida diária.

Exeinplõ:
. J?~9, s~g~p~49, ~() ~QP§f em,_q~cpr;r~?Fia c1e um acidente, p~r,d~u I),8Y~ ~~c;lp,~.
das rriãos. NÓp~()Cedimehto <te êo1.€es~~o de aposentadória po~iinraÚci~i!,~ .
o
INSS ca]crilbu saláriodebenefído do segurado no valor: de R$ 3;000,0ó:.
Né~te éaso:· à'tentlà hlénsállqiéüÜ da aposentadoria por Úwalidh sétá_aé· .
., R$ 3:?5o;·oo {qtie cori~spoh<léai_25% do salário de benefício). ··

Gabarito: certo.

503 Prova 27
Direito Previdenciário Cespe

199. A aposentadoria por idade é devida ao segurado que, cumprida a carência exigi-
da pela Lei n° 8.213/1991, completar 70 anos de idade, se homem, e 65, se mulher.
No caso de trabalhadores rurais, essas idades são reduzidas para 60 e 65 anos,
respectivamente.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carên-


cia exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
(sessenta), se mulher (Lei 8.213/91, art. 48, caput:•. No caso de trabalhadores
rurais, essas idades são reduzidas para 60 e 55 anos, respectivamente (Lei
8.213/91, art. 48, § 1°). Gabarito: errado.

200. Ao empregado doméstico não é devido o salário-família.

( ) certo' ( ) errado

Na época em que esta questão foi aplicada (anJ de 2005), os empregados


domésticos não tinham direito ao recebimento de salário-família. Mas,
atualmente, de acordo com o art. 65 da Lei 8.213/91, na redação dada pela
Lei Complementar 150/2015, o salário-família será devido, mensalmente,
ao segurado empregado, inclusive ao doméstico, e ao segurado trabalhador
avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (me-
nores de 14 anos ou inválidos).
O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65
anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 anos ou mais, se do
feminino, também terão direito ao salário-família, pago juntamente com a
aposentadoria (Lei 8.213/91, art. 65, parágrafo úruco). Para isso, é necessário
que o aposentado tenha filho ou equiparado de até 14 anos ou inválidos e
seja de baixa renda.
Para fins previdenciários, equiparam-se aos fibos, mediante declaração
escrita do segurado, comprovada a dependência econômica, o enteado e o
menor que esteja sob sua tutela e desde que não possuam bens suficientes
para o próprio sustento e educação (RPS, art. 16, § 3°).
Gabarito: certo.

Hugo Goes 504


A respeito do regime geral de previdência social (RGPS), julgue os itens de 51 a 55.
51. Trabalhador avulso é aquele que presta serviços sem vínculo empregatício, natu-
reza urbana ou rural, a diversas empresas, com ou sem a intermediação de sindi-
cato ou órgão gestor de mão de obra.

( ) certo ) errado

O trabalhador avulso presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas


empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão
gestor de mão de obra (OGMO) ou do sindicato da categoria (RPS, art. 9°, VI).
Na atividade portuária, quem faz a intermediação é o OGMO; nas demais
atividades, a intermediação s~rá feita pelo sindicato da categoria profissional.
A questão em exame está errada 1pois afirma que o trabalhador avulso presta
serviços com ou sem a intermediação de sindicato ou órgão gestor de mão de
obra. E, como visto, a intermediação do OGMO ou do sindicato é obrigatória.
Gabarito: errado.

52. A inscrição é o ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS, por meio de com-
provação de dados pessoais e outros elementos.

( ) certo ( ) errado

Inscrição de segurado, para os efeitos da previdência social, é o ato pelo qual


o segurado é cadastrado no RGPS, mediante comprovação dos dados pessoais
e de outros elementos necessários e úteis à sua caracterização (RPS, art. 18).
Gabarito: certo.

505
Direito Previdenciário Cespe

53. Se um ex-dirigente sindical, aposentado pelo RGPS, for nomeado magistrado


classista temporário da justiça do trabalho, ele será segurado desse regime como
empregado.

( ) certo ( ) errado

O aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado como magistrado


classista temporário da Justiça do Trabalho será segurado obrigatório como
contribuinte individual (RPS, art. 9°, V, "m"). A EC 24/99 extinguiu a cate-
goria de magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho, entretanto
assegurou o cumprimento dos mandatos dos juizes classistas que já tinham
sido nomeados. Como o mandato dos juízes classistas era de três anos,
conclui-se que, atualmente, não há mais juiz classista na Justiça do Trabalho.
Gabarito: errado.

54. Um trabalhador que tenha sido contratado como escrevente por titular de ser-
viços notariais em 2/1/1995 é segurado obrig11tório da previdência social como
empregado.

( ) certo ( ) errado

O escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de


registro a partir de 21/11/94, bem como aquele que optou pelo RGPS, em
conformidade com a Lei 8.935/94, é segurado obrigatório do RGPS como
empregado (RPS, art. 9°, I, "o"). Gabarito: certo.

55. O proprietário de terreno urbano que realize obra de construção civil com fina-
lidade de residência própria é equiparado a empresa para fins previdenciários.

( ) certo ( ) errado

Equipara-se a empresa, para fins previdenciários, o proprietário ou dono de


obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a segurado que
lhe presta serviço (RPS, art. 12, parágrafo único, IV). Mas esta equiparação
não é para todos os fins. A pessoa física, proprietária ou dona de obra de
construção civil, equipara-se a empresa somente em relação a segurado que
lhe presta serviço. Assim, se não houver a contratação de segurados, a pessoa
física, dona da obra, não será equiparada a empresa. Gabarito: errado.

HugoGoes 506
Técnico Previdenciário/INSS/2003

Cláudio, contador de uma empresa atacadista, está elaborando um manual de


orientação para as pessoas que o ajudam a confeccionar a folha de pagamento da
empresa. A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens de 56 a 61, corres-
pondente às orientações que Cláudio está redigindo para, incluir no manual.
56. Sobre o abono de férias - valor correspondente à conversão em dinheiro de um
terço das férias -, incide contribuição previdenciária.

( ) certo ( ) errado

O abono de férias é a conversão em dinheiro de 1/3 do período de férias. Esse


valor não integra o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "e",
6). No tocante às férias, haverá a incidência da contribuição previdenciária
somente quando estas forem gozadas. Gabarito: errado.

57. Sobre despesas com alimentação, habitação e transporte fornecidos pela empresa
ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da sua residên-
cia, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamen-
to e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, não incide contribuição previdenciária.

( ) certo ( ) errado

Este valor não é pago em retribuição ao trabalho, mas para dar condições
para que o trabalhador possa desempenhar suas atividades. Não é pago pelo
trabalho, e sim para o trabalho. Por isso, não integra o salário de contribuição
(Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "m"). Gabarito: certo.

58. Sobre o aviso prévio trabalhado incide contribuição previdenciária.

( ) certo ( ) errado

Nos contratos de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justa
causa, quiser pôr fim à relação de emprego deverá comunicar à outra da sua
resolução com a antecedência mínima de trinta dias (CF, art. 7°, XXI). A
falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos
salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração
desse período no seu tempo de serviço (CLT, art. 487, § 1°).

507 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

Durante o período de aviso prévio, o valor recebido pelo empregado tem


natureza salarial, ainda que o empregador pague antecipadamente os cor-
respondentes salários e dispense a prestação dos serviços. A circunstância
de ser pago antecipadamente não lhe altera a natureza jurídica. 157
Assim, o pagamento relativo ao período do aviso prévio, trabalhado ou não,
está sujeito à incidência da contribuição previdenciária. Gabarito: certo.

59. Incide contribuição previdenciária sobre os valores correspondentes a adicionais


de insalubridade, de periculosidade, por trabalho noturno, por tempo de servi-
ço, por transferência de local de trabalho ou função.

( ) certo ( ) errado

Os adicionais de insalubridade, de periculosidade, por trabalho noturno e


por tempo de serviço integram o salário de contribuição. Todavia, o valor
recebido por transferência de local de trabalho refere-se à ajuda de custo,
sobre o qual, quando pago em parcela única, não incide contribuição pre-
videnciária (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "g"). Esta ajuda de custo destina-se
a indenizar as despesas do empregado, em deco:-rência da mudança de seu
local de trabalho. Gabarito: errado.

60. Incide contribuição previdenciária sobre o saldo de salário recebido na rescisão


de cml.trato de trabalho.

( ) certo ( ) errado

Saldo de salário corresponde ao salário dos dias trabalhados pelo empregado


no mês da rescisão do contrato de trabalho. Apesar de ser uma verba paga
na rescisão do contrato de trabalho, o saldo de salário não tem natureza
indenizatória (Lei 8.212/91, art. 28, I). Portanto, incide contribuição previ-
denciária sobre o saldo de salários. Gabarito: certo.

157 SÜSSEKIND, Arnaldo. Op. cit., p. 352.

HugoGoes 508
Técnico Previdenciário/INSS/2003

61. Sobre férias normais usufruídas na vigência do contrato de trabalho, excetuado


o terço constitucional, incide contribuição previdenciária.

( ) certo ( ) errado

No tocante às férias, quando gozadas, tanto incide contribuição previdenciá-


ria sobre as férias normais como também sobre o terço constitucional (RPS,
art. 214, § 4°). Gabarito: errado.

A Associação para Ajuda Juvenil (AAJ)- sociedade civil que presta serviços a seus
sócios, sem finalidade lucrativa - remunera, pelos serviços prestados como em-
pregados, uma atendente, um digitador, um zelador e uma cozinheira e, eventual-
mente, utiliza-se dos serviços de uma faxineira. Em face dessa situação hipotética,
julgue os itens de 62 a 65, relativo à AAJ do ponto de vista da previdência social.
62. Não é empresa, pois não possui fins lucrativos.

( ) certo ( ) errado

De acordo com a legislação previdenciária, a associação ou entidade de qual-


quer natureza ou finalidade é equiparada a empresa (Lei 8.212/91, art. 15,
parágrafo único). O fato de não possuir fins lucrativos não faz com que a
associação deixe de ser equiparada a empresa. Gabarito: errado.

63. Está obrigada a calcular e recolher as contribuições do zelador e da cozinheira na ca-


tegoria de empregados domésticos, em razão da ausência da finalidade lucrativa.

( ) certo ( ) errado

Empregado doméstico é aquele que presta serviços de forma contínua,


subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à
família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 dias por semana (Lei
Complementar 150/2015, art. 1°). Já que a citada associação é equiparada a
empresa, o zelador e a cozinheira, por ela contratados, não podem ser em-
pregados domésticos. Gabarito: errado.

509 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

64. Deverá descontar contribuição da remuneração da atendente e do digitador como


segurados empregados.

( ) certo ( ) errado

A associação é equiparada a empresa (Lei 8.212/91, ar;:. 15, parágrafo único).


Por isso, em regra, tem as mesmas obrigações das empresas em geral. A
empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado empregado, do
trabalhador avulso e do contribuinte individual a seu serviço, descontando-a
da respectiva remuneração (RPS, art. 216, I, "a"); e recolher o valor arrecada-
do, juntamente com a contribuição a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte
ao da competência (RPS, art. 216, I, "b").
Gabarito: certo.

65. Não possui obrigações previdenciárias em relação à faxineira, pois não está con-
figurada a existência, entre esta e a AAJ, de vínculo empregatício.

( ) certo ( ) erradO.

A faxineira é considerada contribuinte individual (Lei 8.213/91, art. 11, V,


"g"). Em relação ao contribuinte individual, a empresa terá que cumprir as
seguintes obrigações, entre outras: (a) arrecadar a contribuição do segurado
contribuinte individual a seu serviço, descontando~a da respectiva remu-
neração, e recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a
seu cargo até o dia 20 do mês seguinte ao da competência (Lei 10.666/2003,
art. 4°); (b) incluir o contribuinte individual na GFIP (RPS, art. 225, IV);
(c) incluir o contribuinte individual na folha de pagamento (RPS, art. 225,
§ 9°, II). Com isso, conclui-se que a questão está errada, pois, apesar da ine-
xistência de vínculo empregatício, a AAJ possui obrigações previdenciárias
em relação à faxineira.
Gabarito: errado.

Hugo Goes 510


Técnico Previdenciário/INSS/2003

Determinado município previu, por meio de lei municipal, a concessão de aposen-


tadoria e pensão a seus servidores. Nesse município:- Aldo, servidor da Fundação
de Ensino Médio (FEM), foi aprovado em concurso público, para ocupar cargo de
provimento efetivo; - a professora Júlia foi contratada pela FEM pelo período
de quatro meses, para substituir outra, que estava em gozo de licença-maternidade;
- os servidores da Companhia Municipal de Águas (CMA) são contratados pelo
regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);- Alfredo foi designado para
ocupar cargo em comissão de livre nomeação e exoneração na FEM; - Adalberto,
recém-empossado em cargo público, pretende contar como tempo de contribui-
ção aquele em que frequentou curso superior. Com base nessas situações hipotéti-
cas, julgue os itens de 66 a 71.
66. O servidor do município que se aposentar pelo RGPS e continuar a trabalhar
como prestador eventual de serviços à prefeitura sem vínculo empregatício não
estará obrigado a recolher contribuições ao RGPS, visto que não poderá mais ob-
ter novo benefício de aposentadoria.

( ) certo ) errado

O aposentado pelo RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer ati-
vidade abrangida por esse regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei 8.212/91, para
fins de custeio da Seguridade Social (Lei 8.213/91, art. 11, § 3°).
Gabarito: errado.

67. Aldo não faz parte do RGPS, pois é segurado do regime próprio de previdência.

( ) certo ( ) errado

A questão não deixa claro se os servidores ocupantes de cargo efetivo do


citado município têm regime próprio de previdência, pois não diz quais
as aposentadorias que eles têm direito. Entende-se por regime próprio de
previdência social o que assegura pelo menos as aposentadorias e pensão
por morte previstas no art. 40 da Constituição Federal (RPS, art. 10, § 3°).
A questão foi anulada, em razão da insuficiência de informações.
Gabarito: anulado.

511 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

68. A professora Júlia não é segurada do regime de previdência do município.

( ) certo ( ) errado

A professora Júlia é uma servidora contratada por uma Fundação Municipal,


por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excep-
cional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição
Federal. Este tipo de servidor público é segurado obrigatório do RGPS como
empregado (RPS, art. 9°, I, "1"). Assim, a questão está certa, pois a professora
Júlia não é segurada do regime de previdência do município.
Gabarito: certo.

69. Os servidores da CMA não serão vinculados ao RGPS, pois estão amparados pelo
regime próprio do município.

( ) certo ( ) errado

Os servidores regidos pela CLT não têm direito a regime próprio de pre-
vidência; portanto, são filiados ao RGPS. Pela denominação da Empresa
(Companhia Municipal de Águas), percebe-se que se trata de uma s_ociedade
de economia mista, que tem todos seus empregados filiados ao RGPS (Lei
8.213/91, art. 11, I, "a"). Gabarito: errado.

70. Alfredo não será incluído no RGPS por já estar amparado pelo regime de previ-
dência municipal.

( ) certo ( ) errado

A questão não deixa claro se Alfredo é um ocupante de cargo efetivo (ou


uma pessoa estranha aos quadros da Administração Municipal) que está
sendo designado para ocupar cargo em comissão. Também não fica claro
se os servidores ocupantes de cargo efetivo do citado município têm regime
próprio de previdência, pois o enunciado não diz quais as aposentadorias a
que eles têm direito. Por isso, a questão foi anulada.
Gabarito: anulado.

Hugo Goes 512


Técnico Previdenciário/INSS/2003

71. Adalberto poderá inscrever-se e recolher as contribuições ao RGPS, relativas ao


período de estudante, na qualidade de segurado facultativo.
( ) certo ( ) errado

Adalberto poderia ter feito sua inscrição como segurado facultativo na


época em que era somente estudante. Agora, na qualidade de ocupante de
cargo público, não pode ser segurado facultativo (RPS, art. 11). A filiação na
qualidade de segurado facultativo gera efeito somente a partir da inscrição
e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o
pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da
inscrição (RPS, art. 11, § 3°).
Gabarito: errado.

Acerca da legislação previdenciária, julgue os itens de 72 a 74.


72. Entre as várias situações cobertas pela previdência social, está a concessão dosa-
lário-família e do auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados que rece-
bam remuneração até o teto de contribuição do INSS.

( ) certo ( ) errado

O salário-família é devido ao segurado de baixa renda, em razão da existência


de filhos menores de 14 anos OJ.l inválidos (CF, art. 7°, XII). O auxílio-reclusão
é devido aos dependentes dos segurados de baixa renda (CF, art. 201, IV).
De acordo com o art. 13 da Emenda ConstituCional 20/98, até que a lei dis-
cipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão, esses benefícios serão
concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a
R$ 360,00, que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices
aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social.
Os R$ 360,00 citados pela art. 13 da Emenda Constitucional 20, corrigidos
pelos mesmos índices de reajuste aplicados aos demais benefícios do RGPS,
correspondem, atualmente, a R$ 1.089,72. 158
Assim, o enunciado da questão está errado, pois, para efeito de concessão
de salário-família e auxílio-reclusão, o limite máximo da renda mensal do
segurado não é o teto de contribuição do INSS. Entenda-se por teto do INSS

158 Valor atualizado, a partir de 1"/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

513 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

o limite máximo do salário de contribuição, que atualmente corresponde


a R$ 4.663,75 159 •
Gabarito: errado.

73. A previdência tem caráter democrático e descentralizado da administração, me-


diante gestão tripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores
e do governo nos órgãos colegiados.

( ) certo ) errado

Um dos princípios que regem a Previdência Social é o caráter democrático


e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados (CF, art. 194, parágrafo único, VII - Lei
8.213/91, art. 2°, VIII). Portanto, a questão está errada, pois a gestão não é
tripartite. Na verdade, a gestão é quadripartite. Gabarito: errado.

74. O INSS fornecerá a certidão negativa de débito em relação às contribuições pre-


videnciárias das empresas e dos trabalhadores, acerca da comercialização da pro-
dução rural e das receitas de concursos de prognósticos.

( ) certo ( ) errado

Na época em que foi aplicada esta prova (16/03/2003), o documento de


inexistência de débito era fornecido pelos órgãos locais competentes: (a) do
INSS, em relação às contribuições sociais previdenciárias; e (b) da Secretaria
da Receita Federal, em relação às contribuições das empresas, incidentes
sobre a receita ou o faturamento e o lucro; e as incidentes sobre a receita de
concursos de prognósticos (RPS, art. 257, § 10).
A partir de 02/05/2007, a certidão negativa de débito - CND, em relação a
todas as contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social,
passou a ser fornecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei
11.457/2007, art. 2°).
Gabarito: errado.

!59 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

Hugo Goes 514


Técnico Previdenciário/INSS/2003

Quanto ao financiamento da seguridade social, julgue os itens 75 a 83.


75. As contribuições a cargo da empresa, provenientes do faturamento e do lucro,
destinadas à seguridade social, são arrecadadas, normatizadas, fiscalizadas e co-
bradas pelo INSS.

( ) certo ( ) errado

Na época em que foi aplicada esta prova (16/03/2003), as contribuições a


cargo da empresa, provenientes do faturamento e do lucro, destinadas à
seguridade social, eram arrecadadas, normatizadas, fiscalizadas e cobradas
pela Secretaria da Receita Federal (RPS, art. 230).
A partir de 02/05/2007, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil pla-
nejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação,
fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento de todas as contribuições
destinadas ao financiamento da seguridade social (Lei 11.457/2007, art. 2°).
Gabarito: errado.

76. As contribuições previdenciárias das empresas incidem sobre a remuneração


paga, devida ou creditada aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço,
com ou sem vínculo empregatício.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o texto constitucional, a contribuição das empresas destinada


ao pagamento de benefícios do RGPS (contribuição previdenciária) incide
sobre "a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou cre-
ditados a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício" (CF, art. 195, I, "a"). Gabarito: certo.

77. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS e pagas


com atraso ficam sujeitas a atualização monetária, juros de mora e multa.

( ) certo ( ) errado

Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previdenciá-


rias, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa
de mora e juros de mora (Lei 8.212/91, art. 35). Com relação à atualização
monetária, a sua aplicação depende da data da ocorrência do fato gerador

515 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

da contribuição, ou seja, nem sempre o débito está sujeito a essa atualização.


Para fatos geradores ocorridos a partir de janeiro/1995, não há atualização
monetária (Lei 8.981/95, art. 6°). Por isso, a questão está errada.
Gabarito: errado.

78. Um contribuinte individual da previdência social, sócio-gerente de uma socie-


dade limitada, poderá, na competência em que não auferir remuneração, contri-
buir como facultativo.

( ) certo ( ) errado

No mês em que não for paga nem creditada remuneração, ou não houver
retribuição financeira pela prestação de serviço, os segurados contribuintes
individuais poderão, por ato volitivo, contribuir para a Previdência Social
na qualidade de segurados facultativos (IN RFB 971/2009, art. 9°, § 2°).
Gabarito: certo.

79. Com exceção da opção pelo recolhimento trimestral de contribuições, o segu-


rado facultativo não pode retroagir sua filiação, estando vedado pagamento de
contribuição relativa a competências anteriores à data de sua inscrição e do seu
primeiro recolhimento.

( ) certo ( ) errado

A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, ge-


rando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não
podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas
a competências anteriores à data da inscrição, ressalvada a hipótese de opção
pelo recolhimento trimestral (RPS, art. 11, § 3°). A opção pelo recolhimento
trimestral só pode ser feita se o salário de contribuição for igual ao valor de
um salário mínimo (RPS, art. 216, § 15). Gabarito: certo.

80. É de 2% o limite máximo que o INSS pode cobrar a título de multa sobre contri-
buições previdenciárias em atraso.

( ) certo ( ) errado

Hugo Goes 516


Técnico Previdenciário/INSS/2003

Os débitos decorrentes de contribuições sociais previdenciárias, não pagos


nos prazos legais, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de
0,33% (trinta e três centésimos por cento) por dia de atraso. A multa será
calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do pra-
zo previsto para o pagamento da contribuição até o dia em que ocorrer o
seu pagamento. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte
por cento (Lei 9.430/96, art. 61, caput e §§ 1o e 2°). Aplica-se o percentual da
multa de mora sobre o valor da contribuição devida.
Se, por exemplo, a empresa pagar a contribuição previdenciária da com-
petência 01/2009 (cujo vencimento é dia 20/02/2009) no dia 27/02/2009, o
percentual da multa de mora será de 2,31% (que corresponde a 7 x 0,33%).
Mas, se esta mesma contribuição for recolhida no dia 29/04/2009 (com 68
dias de atraso), o percentual de multa será de 20%, que é a multa máxima.
Gabarito: errado.

81. No caso de empregado doméstico, contribuição previdenciária do empregador


é de 20% sobre a remuneração paga ao empregado, da mesma forma que ocorre
com as empresas em geral.

( ) certo ( ) errado

As contribuições previdenciárias patronais, a cargo do empregador domés-


tico, são as previstas nos incisos II e III do art. 34 da Lei Complementar
150/2015. Assim, as contribuições previdenciárias a cargo do empregador
doméstico são as seguintes:

Contribuições patronais previdenciárias do emp~egador d.~méstico


Destinação . Alíquota .. .Ba~e de cál~Ú~q ·.
Para a seguridade social 8% Remuneração paga ou devida
a cada empregado doméstico,
Para financiamento do seguro incluída na remuneração a
0,8%
contra acidentes do trabalho gratificação natalina

Gabarito: errado.

517 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

82. A falta de recolhimento das contribuições urbanas e rurais devidas ao INSS acarreta
multa variável, que será relevada caso o pagamento seja feito no mês de vencimento.

( ) certo ( ) errado

Os débitos decorrentes de contribuições sociais previdenciárias, não pagos


nos prazos legais, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de
0,33% (trinta e três centésimos por cento) por dia de atraso. A multa será
calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo
previsto para o pagamento da contribuição até o dia em que ocorrer o seu
pagamento. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por
cento (Lei 9.430/96, art. 61, caput e§§ 1° e 2°).
Exemplo: a contribuição previdenciária a cargo da empresa relativa ao mês de
abril de 2009 deveria ter sido recolhida até o dia 20/05/2009, mas a empresa
só recolheu no dia 29/05/2009. Neste caso, mesmo sendo recolhida dentro
do mês de vencimento, incidiu multa de 2,97% (que corresponde a 9 x 0,33%)
sobre o valor desta contribuição, em razão de o recolhimento ter ocorrido
após a data do vencimento.
Gabarito: errado.

83. Se uma mulher encontra-se em gozo de salário-maternidade, então o valor do be-


nefício que ela recebe não integra a base de cálculo das contribuições previden-
ciárias que o seu empregador terá de recolher ao INSS.

( ) certo ( ) errado

O salário-maternidade integra o salário de contribuição (Lei 8.212/91, art. 28,


§ 2°). Este é o único benefício do RGPS sobre O' qual incide contribuição
previdenciária (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "a").
Gabarito: errado.

Hugo Goes 518


Técnico Previdenciário/INSS/2003

João, casado com Sônia, é beneficiário da previdência social na condição de segu-


rado. João tem um filho, José, com vinte anos de idade, de união anterior; um ir-
mão inválido, chamado Mário, com 23 anos de idade; e um menor sob sua tutela,
Luís, com seis anos de idade. Sônia tem um filho, Pedro, com 20 anos de idade, de
pai falecido. Em comum, João e Sônia têm dois filhos: Josué, com cinco anos de
idade, e Paulo, com dezenove anos de idade, que é inválido. Mário, Luís e Pedro
não possuem bens suficiente;; para seu sustento e educação. Com base nessa si-
tuação hipotética e considerando o plano de benefícios da previdência social, jul-
gue os itens de 84 a 88.
84. João pode, a qualquer momento, inscrever Sônia, os filhos de ambos e seu irmão
Mário na previdência social como dependentes.

( ) certo ( ) errado

A questão está errada, poi5 o segurado não inscreve seus dependentes a


qualquer momento. Na verdade, a inscrição do dependente do segurado
somente será promovida quando do requerimento do benefício a que tiver
direito (RPS, art. 22, caput). Gabarito: errado.

85. CasÓ João faleça, Sônia e os filhos de ambos, em comum ou não, concorrerão para
o recebimento de pensão.

( ) certo ( ) errado

No tocante aos filhos de João (em comum com Sônia ou da união anterior),
não há o que discutir: concorrerão para o recebimento da pensão, já que
têm menos de 21 anos e n1o são emancipados. Pedro (filho de Sônia com
seu ex-marido falecido) também concorrerá para o recebimento da pensão,
pois é enteado de João, equiparando-se a filho, e não possui bens suficientes
para seu sustento e educação. Sônia é casada com João; assim, também con-
correrá para o recebimento da pensão. O menor sob tutela (Luís) também
concorrerá, pois não possui bens suficientes para seu sustento e educação. A
questão deixa o menor sob tutela de fora dos concorrentes ao recebimento
da pensão, o que a torna errada (Lei 8.213/91, art. 16). Gabarito: errado.

86. A condição de .dependente de Paulo prescinde de comprovação de sua dependên-


cia econômica.

( ) certo ( ) errado

519 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

A dependência econômica é presumida para os seguintes dependentes: o côn-


juge, a companheira, o companheiro e o f..lho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente. Para os demais dependentes, a dependência eco-
nômica deve ser comprovada (Lei 8.213/91, art. 16, § 4°).
Paulo, 19 anos, inválido, não emancipado, é filho de João. Portanto, sua
dependência econômica é presumida; logo, prescinde de comprovação, ou
seja, dispensa comprovação.
Gabarito: certo.

87. Em caso de falecimento de João, na distribuição de cotas de pensão, Sônia rece-


berá 50% do valor, enquanto os outros 50% >erão igualmente distribuídos entre
os dem11is dependentes.

( ) certo ( ) errado

Os dependentes de uma mesma classe ccncorrem em igualdade de condi-


ções (RPS, art. 16, § 1°). Assim, a pensão por morte, havendo mais de um
pensionista, será rateada entre todos em parte iguais (Lei 8.213/91, art. 77,
caput). Na situação hipotética ora em exame, a cota de Sônia será igual à dos
demais dependentes preferenciais (dependentes da classe I).
Gabarito: errado.

88. Na hipótese de falecimento de João, caso José, após tornar-se pensionista, contraia
matrimônio, sua cota de pensão reverterá em favor dos demais pensionistas.

( ) certo ( ) errado

O casamento é uma das hipóteses de emancipação (Código Civil, art. 5°,


parágrafo único, li). Na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2003),
o art. 77, § 2°, 11, da Lei 8.213/91 tinha a seguinte redação:

§ 2° A parte individual da pensão extingue-se:


[...]

Hugo Goes 520


Técnico Previdenciário/INSS/2003

li - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de


ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte
e um) anos de idade, salvo se for inválido;

Assim, na época em que esta questão foi aplicada (ano de 2003), na hipótese
de casamento do filho pensionista, cessava o pagamento da sua cota indivi-
dual da pensão por morte. De acordo com o § !O do art. 77 da Lei 8.213/91,
reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar.
Por isso, a questão ora comentada foi considerada como CERTA.
Mas, atualmente, o art. 77, § 2°, Il, da Lei 8.213/91 tem a seguinte redação:

§ 2° O direito à percepção de cada cota individual cessará:


[ ... ]
I! - para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos
os sexos, ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo
se for inválido ou com deficiência;

Percebe-se que, na redação que está atualmente em vigor, a emancipação


não é causa de cessação da cota individual da pensão por morte. Assim, se
esta questão fos.se aplicada hoje, ela deveria ser considerada como errada.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

Acerca do plano de benefícios do INSS e da manutenção, perda e restabelecimen-


to da qualidade de segurado, julgue os itens de 89 a 96.
89. O RGPS concede as seguintes prestações aos segurados: aposentadoria (por in-
validez, idade, tempo de contribuição e especial), auxílio-doença, salário-famí-
lia, salário-maternidade, auxílio-acidente, reabilitação profissional.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 18 da Lei 8.213/91, o RGPS compreende as seguintes


prestações, expressas em benefícios e serviços:

I -quanto ao segurado: (a) aposentadoria por invalidez; (b)


aposentadoria por idade; (c) aposentadoria por tempo de

521 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

contribuição; (d) aposentadoria especial; (e) auxílio-doença; (f)


salário-família; (g) salário-maternidade; (h) auxílio-acidente;
li- quanto ao dependente: (a) pensão por morte; (b) auxílio-
-reclusão;
III -quanto ao segurado e dependente: (a) serviço social; (c)
reabilitação profissional.

Assim, todas as prestações presentes na questão ora examinada são conce-


didas aos segurados do RGPS (Lei 8.213/91, art. 18, I e III).
Gabarito: certo.

90. A concessão do salário-maternidade para as seguradas contribuinte individual,


empregada doméstica, especial e facultativa depende do recolhimento mínimo
de dez contribuições mensais.

( ) certo ( ) errado

Para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa,


a concessão do salário-maternidade independe de carência (Lei 8.213/91,
art. 26, VI). Para as seguradas contribuinte individual e facultativa, o salário-
-maternidade depende do período de carência de 10 contribuições mensais
(Lei 8.213/91, art. 25, III). Será devido o salário-maternidade à segurada
especial, desde que comprove o exercício de atividade rural nos últimos dez
meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do be-
nefício, quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontínua
(RPS, art. 93, § 2°).
A questão em exame está errada, pois afirma que o salário-maternidade da
empregada doméstica e da segurada especial depende do recolhimento míni-
mo de dez contribuições mensais. Como visto, para a empregada doméstica,
o salário-maternidade independe de carência. Para o segurado especial,
considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses
necessário à concessão do benefício requerido (RPS, art. 26, § 1°). Assim, para
receber salário-maternidade, a segurada especial não precisa comprovar o
recolhimento de dez contribuiçôes mensais, bastando comprovar o exercício
da atividade rural nos últimos dez meses. Gabarito: errado.

Hugo Goes 522


Técnico Previdenciário/INSS/2003

91. Carência é o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições men-


sais exigíveis para que o beneficiário tenha direito a usufruir o benefício.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 24 da Lei 8.213/91, "período de carência é o número


mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário
faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia
dos meses de suas competências". Gabarito: certo.

92. As aposentadorias por idade e por tempo de contribuição cuja concessão está su-
jeita à carência de 180 contribuições mensais terão o salário de benefício calculado
pela média aritmética simples dos maiores salários de contribuição corresponden-
tes a 80% de todo o período contributivo multiplicado pelo fator previdenciário.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a concessão das aposentadorias por idade, por tempo de contribui-


ção e especial depende do período de carência de 180 contribuições mensais
(Lei 8.213/91, art. 25, Il). Todavia, para o segurado inscrito na Previdência
Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o
empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das
aposentadorias por idade, por tempo de contribuição e especial obedecerá à
seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado i~p.plementou
todas as condições necessárias à obtenção do benefício:

1995 78 meses
1996 90 meses

1999 108 meses

523 Prova 28
Di·eito Previdenciário Cespe

Ano de implementação
Meses de contribuição exigidos
das condições
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

Para as aposentadorias por idade e tempo de contribuição, o salário de be-


nefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contri-
buição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,
multiplicada pelo fator previdenciário (Lei 8.213/91, art. 29, I).
Quando se trata de aposentadoria por tempo de contribuição, o seg·.trado
poderá optar pela não incidência do fator previdenciário quando o to:al re-
sultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as
frações, na data de requerimento da aposentadoria, for igual ou superior a:
I. d .··. . . .. . T .
.. ·. . .. .· · . . I ade + tetppq d.e LeW,pq míninw de
.r;>ata.do . r~.q~~.li.:f'tn
.. 't;1lto.A.a ·. -· .· · .· t .b.... ,..," ......., · .·.···.'.c''o·n···t·.··r·I'b·.·.u·'I'.·ç·a·o
. · · . · , . . ... ·p,;,;,.,_·..;.;:'.;:.o·c,_o.:-.11-:...t'.:...xr-u.:..·~:;.ç,:.;a.o~,:'""'~··,.;.'''""'·+~~,--,.,',...-T-~~-----1
· · . ·. aposeritadqriii{·' ·~;.''.·.•.·H·',.·o···:,., . ··.,·.m·.''·.·, ,.;·.Ih'····--·. . H.. ,...... . M .. lh
· _ ··- mu , eJ _. ometíl · u er
Até 31/12/2016 95 85
De 1°/01/2017 a 31/12/2018 96 86
De 1°/01/2019 a 31/12/2019 97 87
35 3J
De 1°/01/2020 a 31/12/2020 98 88
De 1°/01/2021 a 31/12/2021 99 89
A partir de 1°/01/2022 100 90

Serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição


do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de

Hugo Goes 524


Técnico Previdenciário/INSS/2003

efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamen-


tal e médio. Por exemplo, se uma professora tiver 25 anos de contribuição
e 55 anos de idade, para fins de enquadramento na tabela acima ela terá 85
pontos (25 + 55 + 5). Isso ocorre porque o tempo mínimo de contribuição
desses professores é reduzido em 5 anos (CF, art. 201, § 8°).
Tratando-se de aposentadoria por idade e de aposentadoria da pessoa com
deficiência, o fato~ previdenciário somente incidirá se resultar em renda
mensal de valor mais elevado.
Assim, a questão em exame está errada, pois passa a ideia de que a aplicação
do fator previdenciário é obrigatória para as duas aposentadorias citadas.
Gabarito: errado.

93. Os segurados trabalhadores avulsos deverão provar o recolhimento das contri-


buições para que sejam contadas para efeito de carência.

( ) certo ( ) errado

Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribui-


ções do segurado empregado, do empregado doméstico, do trabalhador avulso
e, relativamente ao contribuinte individual, a partir da competência abril de
2003, as contribuiçôes dele descontadas pela empresa. Gabarito: errado.

94. O salário de benefício é o valor básico para cálculo da renda mensal dos bene-
fícios de aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte, auxílio-acidente e
auxílio-reclusão.

( ) certo ( ) errado

Salário de benefício é o valor básico utilizado para cálculo da renda mensal


dos benefícios de prestação continuada, inclusive os regidos por normas es-
peciais, exceto o salário-família, a pensão por morte, o salário-maternidade
e os demais benefícios de legislação especial (RPS, art. 31). Os benefícios de
pensão por morte e auxílio-reclusão não são calculados, diretamente, com
base no salário de benefício, embora, indiretamente, também o sejam.
O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da
aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se es-
tivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (Lei 8.213/91,
art. 75). Para efeito do cálculo da renda mensal do auxílio-reclusão, aplica-se

525 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

a mesma regra utilizada para a pensão por morte (Lei 8.213/91, art. 80, e
RPS, art. 39, § 3°).
Gabarito: errado.

95. Serão considerados, para cálculo do salário de benefício, os ganhos habituais do


empregado sob a forma de utilidades sobre os quais tenha incidido contribuição
previdenciária.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o disposto no art. 458 da CLT, "além do pagamento em di-


nheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação,
habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força
do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado". A pres-
tação in natura (ganhos em forma de utilidade) constitui salário quando,
além de habitual, for concedida ao empr;egado pelo trabalho realizado como
parte de sua contraprestação, e não para proporcionar a execução do serviço
contratado. Em suma, se a utilidade é fornecida pelo trabalho, terá natureza
salarial; se fornecida para o trabalho, não terá natureza salarial.
Para fins previdenciários, nos termos do § 3° do art. 29 da Lei 8.213/91, "se-
rão considerados para cálculo do salário de benefício os ganhos habituais
do segurado empregado, a qualquer título, sob forma de moeda corrente ou
de utilidades, sobre os quais tenha incidido contribuições previdenciárias,
exceto o décimo terceiro salário (gratificação natalina)". Gabarito: certo.

96. Nenhum segurado poderá receber da previdência social benefício em valor su-
perior ao limite máximo do salário de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Em regra, a renda mensal dos benefícios do RPGS não terá valor superior ao
do limite máximo do salário de contribuição (Lei 8.213/91, art. 33). Mas esta
regra admite algumas exceções: (a) o valor da aposentadoria por invalidez
do segurado que necessitar de assistência permanente de outra pessoa será
acrescido de 25%, ainda que, com esse acréscimo, o valor da aposentadoria
ultrapasse o limite máximo do salário de contribuição (Lei 8.213/91, art. 45);
(b) o salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa

HugoGoes 526
Técnico Previdenciário/INSS/2003

consistirá numa renda mensal igual à sua remuneração integral (Lei 8.213/91,
art. 72, caput), limitada ao subsídio dos ministros do STF (CF, art. 248).
Gabarito: errado.

No que se refere às normas gerais de tributação e arrecadação no âmbito do INSS,


julgue os itens de 97 a 110.
97. Se o proprietário de um terreno em uma capital tiver iniciado a construção de
sua casa no dia to de março de 2003, ele deverá efetuar o cadastro específico do
INSS (CEI) de sua obra na mesma oportunidade em que se dirigir à agência da
previdência social para calcular as contribuições previdenciárias devidas em re-
lação aos trabalhadores contratados para a construção.

( ) certo ( ) errado

A obra de construção civil deverá ser matriculada no Cadastro Específico


do INSS (CEI) no prazo de 30 dias, contados do início das atividades (Lei
8.212/91, art. 49, § 1°, "b "). Com isso, já se conclui que a questão está errada.
A partir de 02/05/2007, a matrícula de obra de construção civil deve ser
reali.zada na Secretaria da Receita Federal do Brasil, no prazo de 30 dias,
contados do início das atividades (Lei 11.457/2007, art. 2°, § 3°).
Gabarito: errado.

98. Cessão de mão de obra é o ato de pôr à disposição do contratante, em suas depen-
dências ou nas de terceiros, segurados que realizem serviços contínuos, relacio-
nados ou não com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e
a forma de contratação.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 3° do art. 31 da Lei 8.212/91, "entende-se como cessão de


mão de obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências
ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relaciona-
dos ou não com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza
e a forma de contratação".
Gabarito: certo.

527 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

99. Os valores incluídos em notificações fiscais de lançamento de débito, excetuados


os casos das empresas vinculadas ao sistema integrado de pagamento de impos-
tos (SIMPLES), podem ser parcelados junto ao INSS em até 72 meses, observado
o número de até quatro parcelas mensais, para cada competência, a serem incluí-
das no parcelamento.

( ) certo ( ) errado

Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional (inclusive os


débitos de natureza previdenciária) poderão ser parcelados em até sessenta
parcelas mensais, a exclusivo critério da autoridade fazendária (Lei l0.522/02,
art. 10). Gabarito: errado.

100. O direito de pleitear restituição ou de realizar compensação de contribuições ou


de outras importâncias extingue-se em cinco anos, contados da data do paga-
mento oü do recolhimento indevido.

( ) certo ) errado

O direito de pleitear restituição ou de realizar compensação de contribuições


ou de outras importâncias extingue-se em cinco anos, contados da data: (a) do
pagamento ou recolhimento indevido; ou (b) em que se tornar definitiva a
decisão administrativa ou passar em julgado a sentença judicial que tenha
reformado, anulado ou revogado a decisão condenatória (CTN, art. 168; LC
118/2005, art 3°; e RPS, art. 253).
O primeiro termo inicial -data do pagamento indevido- aplica-se aos casos
em que o sujeito passivo tenha pago indevidamente de maneira espontânea,
por algum tipo de erro. Por exemplo: a contribuição previdenciária de uma
empresa, relativa à competência 02/2007, foi recolhida a maior em 12/03/2007.
Nesta situação, a empresa terá de pleitear a restituição ou efetuar a compen-
sação até 12/03/2012. Após esta data, o direito estará extinto.
O segundo termo inicial - data da decisão final, administrativa ou judicial,
que entender indevida a contribuição paga - aplica-se aos casos em que, ao
pagar, o sujeito passivo o fazia de acordo com o que foi determinado pela
administração, por meio do lançamento. Todavia, embora tenha pago, o
sujeito passivo, insatisfeito com a exigência, dá causa à instauração de litígio
que discute justamente a legitimidade da dívida. Tal litígio pode ser instau-
rado tanto na esfera administrativa como na judicial. Sobrevindo decisão

Hugo Goes 528


Técnico Previdenciário/INSS/2003

final a favor do sujeito passivo, entendendo ilegítima a exigência fiscal, terá


ele direito a realizar compensação ou pleitear restituição dentro do prazo
de cinco anos, a contar da decisão final. 160
A questão em tela deve ser considerada como certa, pois enuncia a regra geral,
segundo a qual o direito de pleitear restituição ou de realizar compensação
de contribuições ou de outras importâncias extingue-se em cinco anos,
contados da data do pagamento ou recolhimento indevido.
Gabarito: certo.

101. O pedido de restituição que envolver somente importâncias relativas a terceiros


deverá ser formulado diretamente à entidade, cabendo ao INSS prestar as infor-
mações e (ou) realizar diligências.

( ) certo ( ) errado

No caso de restituição de contribuições para terceiros, vinculada à resti-


tuição de contribuições previdenciárias, será o pedido recebido e decidido
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que providenciará a restituição,
descontando-a obrigatoriamente do valor do repasse financeiro seguinte
ao da restituição, comunicando o fato à respectiva entidade (RPS, art. 250,
§ 1°). Todavia, o pedido de restituição de contribuições que envolver somente
importâncias relativas a terceiros será formulado diretamente à entidade
respectiva e por esta decidido, cabendo à Secretaria da Receita Federal
do Brasil prestar as informações e realizar as diligências solicitadas (RPS,
art. 250, § 2°).

Observação:
As competências acima atribuídas à Secretaria da Receita f:ederal do
BrasiÍ: na época em que esta prova foi apÜcada (16/03Ji003), eram da
competência do INSS.

Gabarito: certo.

160 ROCHA, João Marcelo. Direito Tributário. 3• ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2005, p. 376.

529 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

102. Considere a seguinte situação hipotética: A fiscalização do INSS constatou que


a empresa Limpo Ltda., que atua no ramo de prestação de serviços de vigilân-
cia, limpeza, conservação e locação de mão de obra, optou pelo SIMPLES, ape-
sar de a lei pertinente vedar, a essa atividade de prestação de serviço, a inscrição
no SIMPLES. Nessa situação, a exclusão de ofício dar-se-á mediante ato declara-
tório do diretor de arrecadação da diretoria colegiada do INSS, após esgotadas
todas as instâncias recursais.

( ) certo ( ) errado

A partir de 1o de julho de 2007, fica instituído o Regime Especial Unificado


de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte- Simples Nacional, em substituição ao SIMPLES
(Lei Complementar 123/2006, arts. 12, 88 e 89).
A competência para exclusão de ofício do Simples Nacional é da Secretaria
da Receita Federal do Brasil e das Secretarias de Fazenda ou de Finanças do
Estado ou do Distrito Federal, segundo a localização do estabelecimento,
e, tratando-se de prestação de serviços incluídos na competência tributária
municipal, a competência será também do respectivo município (Lei Comple-
mentar 123/2006, art. 29, § 5° e art. 33, caput).
A questão em exame está errada, pois o INSS não tem competência para
excluir empresas do Simples N acionai.
Gabarito: errado.

103. Suponha que determinada empresa informa mensalmente ao INSS - por inter-
médio da guia de recolhimento do fundo de garantia por tempo de serviço e in-
formações à previdência social (GFIP) -, na forma por ele estabelecida, dados
cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras in-
formações de interesse daquele instituto. Nesse caso, a obrigação que está sendo
cumprida é considerada acessória, pois consiste em obrigação de fazer, não fa-
zer ou tolerar a determinação do INSS.

( ) certo ( ) errado

A obrigação tributária é principal ou acessória. A obrigação principal surge


com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo
ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela de-
corrente. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por

Hugo Goes 530


Técnico Previdenciário/INSS/2003

objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da


arrecadação ou da fiscalização dos tributos (CTN, art. 113).
GFIP é a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social.
Es:a guia não é utilizada para pagamento de contribuição previdenciária.
É, contudo, utilizada para pagamento do FGTS. Assim, em relação à Previ-
dência Social, a GFIP representa uma obrigação acessória, pois serve apenas
para prestar informações (RPS, art. 225, IV). Mas em relação ao FGTS o
pagamento da GFIP representa a obrigação principal.
A questão em exame apresentou um sentido dúbio, sendo, por isso, anulada.
Gabarito: anulado.

104. Considere a seguinte situação hipotética: Determinada empresa foi fiscalizada


pelo INSS, tendo sido notificada a pagar um valor expressivo de contribuições
previdenciárias não recolhidas na época devida. Entretanto, a diretoria da em-
presa, não concordou com a notificação e apresentou sua defesa junto à autar-
quia federal previdenciária. Nessa situação, a certidão negativa de débito pode
ser expedida enquanto a decisão do contencioso administrativo estiver pendente.

( ) certo ( ) errado

No caso em tela, o crédito previdenciário está com exigibilidade suspensa.


Assim, não será possível a expedição de Certidão Negativa de Débito- CND.
O documento a ser expedido será a certidão positiva de débito com efeitos
de negativa- CPD-EN (CTN, art. 206). Gabarito: errado. ·

105. Caso uma empresa apresente ao INSS um pedido de parcelamento de débito, o


deferimento do pedido ficará condicionado ao pagamento da primeira parcela.
Caso esta não seja paga, proceder-se-á à inscrição da dívida confessada, exceto
se já tiver sido inscrita na dívida ativa do INSS, e à sua cobrança judicial.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o caput do art. 11 da Lei 10.522/02, o parcelamento terá sua


formalização condicionada ao prévio pagamento da primeira prestação,
conforme o montante do débito e o prazo solicitado. Não sendo paga a
primeira parcela, proceder-se-á à inscrição da dívida confessada na Dívida
Ativa da União e à sua cobrança judicial (RPS, art. 244, § 7°). Se o crédito

531 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

previdenciário, objeto do parcelamento, já se encontra inscrito em dívida


ativa, não é necessário inscrevê-lo novamente.

Observação:
Não época em que esta prova foi aplicada, o deferimento do parcelamen-
to era feito pelo INSS. Caso não fosse paga a primeira parcela, a dívida
confessada era inscrita na Dívida Ativa do INSS. Portanto, na época de
sua aplicação, a questão estava correta.

Gabarito: certo.

106. Não é permitido o parcelamento de dívidas de empresa com falência decretada.

( ) certo ( ) errado

A Legislação não permite o parcelamento de dívidas de empresa com falência


decretada (Lei 10.522/02, art. 14, IX). Gabarito: certo.

107. O reparcelamento de débito confessado junto ao INSS poderá ocorrer uma úni-
ca vez, em cada processo, porém sem inclusão de novos créditos ou de saldos de
outros parcelamentos, exceto quando o reparcelamento ocorrer na dívida ativa.

( ) certo ( ) errado

Será admitido reparcelamento de débitos constantes de parcelamento em


andamento ou que tenha sido rescindido (Lei 10.522/02, art. 14-A). No repar-
celamento, poderão ser incluídos novos débitos. A formalização do pedido
de reparcelamento fica condicionada ao recolhimento da primeira parcela
em valor correspondente a: (I) 10% do total dos débitos consolidados; ou
(11) 20% do total dos débitos consolidados, caso haja débito com histórico
de reparcelamento anterior.
Na época em que esta prova foi aplicada, este item estava correto. Mas, de
acordo com a legislação atual, esta questão deve ser considerada como errada,
pois, atualmente, um mesmo débito pode ser reparcelado mais de uma vez.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

Hugo Goes 532


Técnico Previdenciário/INSS/2003

108. A certidão negativa de débito será exigida das empresas na licitação, na contra-
tação com o poder público, e no recebimento de benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios concedidos por ele.

( ) certo ( ) errado

Nas situações apontadas pela questão, será exigida da empresa a apresenta-


ção de CND (Lei 8.212/91, art. 47, I, "a"). Por isso, a questão deve ser julgada
como certa. Há, contudo, outras situações nas quais também será exigida
CND da empresa, como, por exemplo, na alienação ou oneração, a qualquer
título, de bem imóvel ou direito a ele relativo (Lei 8.212/91, art. 47, I, "b").
Gabarito: certo.

109. O titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de responsabili-
dade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos
junto à seguridade social.

( ) certo ( ) errado

Esta prova foi aplicada na época em que ainda estava em vigor o art. 13 da
Lei 8.620/93, que determinava que "o titular da firma individual e os sócios
das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidaria-
mente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social".
Contudo, este dispositivo legal foi revogado pela Medida Provisória 449/08.
Assim, se esta questão fosse aplicada nos dias atuais, ela deveria ser consi-
derada como errada.
Agora, esta matéria é regulada pelo Código Tributário Nacional (CTN). Dessa
forma, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obri-
gações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou
infração de lei, contrato social ou estatutos (CTN, art. 135, III). Aqui não se
trata de responsabilidade solidária, mas sim de responsabilidade pessoal dos
administradores das sociedades empresárias. Ou seja, a dívida será exigida
exclusivamente do responsável, deixando de lado a figura do contribuinte.
Mas para ocorrer a responsabilidade pessoal dos administradores é impres-
cindível que seja o ato cometido com excesso de poderes ou com infração
de lei, contrato social ou estatutos. Nestes casos, o administrador causador

533 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

do dano deve ser pessoalmente responsabilizado, não havendo que se falar


em responsabilidade da pessoa jurídica.
A infração da lei a que se refere o art. 135 do CTN não pode ser entendida
como mero inadimplemento de tributo, mas sim como atos que, contraria-
mente à lei, tenham sido praticados com o intuito de não pagar o tributo.
Por outro lado, não basta ser sócio para que se aplique o inciso III do art. 135
do CTN, sendo necessário que exerça a administração da empresa ao tempo
da prática da infração. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

TRIBUTÁRIO- EXECUÇÃO FISCAL- REDIRECIONAMENTO-


RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO SÓCIO-GERENTE - ART.
135 DO CTN. l. É pacífico nesta Corte o entendimento acerca
da responsabilidade subjetiva do sócio-gerente em relação aos
débitos da sociedade. De acordo com o artigo 135 do CTN,
a responsabilidade fiscal dos sócios restringe-se à prática
de atos que configurem abuso de poder ou infração de lei,
contrato social ou estatutos da sociedade. 2. O sócio deve
responder pelos débitos fiscais do período em que exerceu
a administração da sociedade apenas se ficar provado que
agiu com dolo ou fraude e exista prova de que a sociedade,
em razão de dificuldade econômica decorrente desse ato,
não pôde cumprir o débito fiscal. O mero inadimplemento
tributário não ensejao redirecionamento da execução fiscal.
Embargos de divergência providos. 161

Imagine-se, por exemplo, a empresa que descontou a contribuição previden-


ciária do empregado, não recolheu o valor descontado aos cofres da previ-
dência e omitiu da GFIP o empregado que lhe prestou serviço. Neste caso,
pode-se aplicar o art. 135, III, do CTN, e cobrar a contribuição previdenciária
diretamente do administrador por ter havido infração de lei, caracterizando
os crimes de apropriação indébita previdenciária (CP, art. 168-A) e de sone-
gação de contribuição previdenciária (CP, art. 337-A, I).
Gabarito: errado.

161 STJ, EAg 494887/RS, Rei. Min. Humberto Martins, D/e 05/05/2008.

Hugo Goes 534


Técnico Previdenciário/INSS/2003

110. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua


apresentação deficiente, o INSS pode, sem prejuízo da penalidade cabível nas es-
feras de sua competência, lançar, de ofício, importância que reputar devida, ca-
bendo à empresa, ao empregador doméstico ou ao segurado o ônus da prova em
contrário.

( ) certo ( ) errado

Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou


sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode,
sem prejuízo da penalidade cabível nas esferas de sua competência, lançar de
ofício importância que reputar devida, cabendo à empresa, ao empregador
doméstico ou ao segurado o ônus da prova em contrário (RPS, art. 233, caput
c/c Lei 11.457/2007, art. 2°).
Considera-se deficiente o documento ou informação apresentada que não
preencha as formalidades legais, bem como aquele que contenha informa-
ção diversa da realidade, ou, ainda, que omita informação verdadeira (RPS,
art. 233, parágrafo único).

Ob$ervação: '~ '


. '. '· . '· ' ' .
N.a épqca· ~m. que: foi ~plicada es~a, Pf«?Và.·(ll$/03/~po3);a:~:rrec.~~a.Ç~o, a
fiscali:iaçã,o· e á'co!)rahça das.contdbu~Çõ,ell pféYid~n,ciáJ:j.a~eram,atribui­
ções'do IN$S; Apartii'-c:le 02/(}S/2()07; ~s~as atribuiçõ~.s f<?ra,~ttapsferidas

.·.:;;, ;f~if~;J;~dJ~~:~lüTctt~:fJ~~t:~~U~~f:~ai~~~~!~·o ; ·~rí. 7


·.z.o).

Gabarito: certo.

Acerca dos segurados e dos benefícios da previdência social, julgue os itens de


111 a 125.
111. Mesmo quando a perícia médica inicial concluir pela incapacidade definitiva para
o trabalho, a aposentadoria por invalidez deverá ser precedida de auxílio-doença.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a


carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para

535 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga en-


quanto permanecer nesta condição (Lei 8.213/91, art. 42, caput).
Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e
definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será concedida (Lei
8.213/91, art. 43, § 1°). Assim, a questão está errada, pois não é necessário
que a aposentadoria por invalidez seja sempre precedida de auxílio-doença,
embora seja o mais comum. Gabarito: errado.

112. O segurado empregado terá computados, no cálculo do valor da renda mensal


do benefício, todos os salários de contribuição relativos às contribuições devi-
das, ainda que não tenham sido recolhidas pela empresa.

( ) certo ( ) errado

Para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e trabalhador avulso, no


cálculo do valor da renda mensal do benefício, serão computados os salários
de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não
recolhidas pela empresa, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação
das penalidades cabíveis (Lei 8.213/91, art. 34, I).
A renda mensal da maioria dos benefícios é calculada com base río salário
de benefício (Lei 8.213/91, art. 28).
Para a aposentadoria por tempo de contribuição, por exemplo, o salário
de benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multi-
plicada pelo fator previdenciário (Lei 8.213/91, art. 29, I). Ressalte-se, porém,
que para o segurado filiado à Previdência Social até 28/11/99 (dia anterior
à data de publicação da Lei 9.876/99), no cálculo do salário de benefício só
serão considerados os salários de contribuição referentes às competências
de julho de 1994 em diante (Lei 9.876/99, art. 3°, caput).
Todo o período no qual o segurado trabalhou como empregado, indepen-
dentemente de a empresa ter recolhido suas contribuições previdenciárias,
será considerado como tempo de contribuição. Mas, para o cálculo do salário
de benefício, nem todos os salários de contribuição serão considerados. Para
este fim, só serão considerados os 80% maiores salários de contribuição do
segurado. Assim, os 20% menores salários de contribuição serão descartados
para fins desse cálculo. Serão também desprezados, para efeito do cálculo

Hugo Goes 536


Técnico Previdenciário/INSS/2003

do salário de benefício, os salários de contribuição relativos às competências


anteriores a julho de 1994.
Assim, para que o salário de contribuição de um determinado mês seja
considerado para o cálculo do salário de benefício do segurado empregado,
não importa o tàto de a empresa ter recolhido ou não a contribuição previ-
denciária. Não se pode, contudo, dizer que todos os salários de contribuição
serão computados no cálculo da renda mensal do benefício. Para os bene-
fícios que tenham sua renda mensal inicial calculada com base no salário
de benefício, serão considerados apenas os maiores salários de contribuição
correspondentes a 80% de todo o período contributivo decorrido desde a
competência julho de 1994. Gabarito: errado.

113. O professor de ensino médio que comprovar, como tempo total para fins de apo-
sentadoria, apenas tempo total de atividade docente em sala de aula e atividades
afins poderá aposentar-se com vinte e cinco anos de contribuição.

( ) certo ( ) errado

Será reduzido em cinco anos o tempo de contribuição da aposentadoria do


professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das fun-
ções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio
(CF, art. 201, § 8°). Assim, para o professor, o tempo de contribuição é de 30
anos. Para a professora é que é de 25 anos.
Para efeito da redução de cinco anos na aposentadoria por tempo de contri-
buição, considera-se função de magistério a exercida por professor, quando
exercida em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e
modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as funções de dire-
ção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico
(RPS, art. 56, § 2°). No julgamento da ADin 3772, o STF entendeu que as
atividades de exercício de direção de unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico também terão o tempo de contribuição reduzido
em cinco anos, desde que exercidas por professores. 162
A educação básica é formada pela educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio (Lei 9.394/96, art. 21).

162 STF, ADl3772/DF, Rei. Orig. Min. Carlos Britto, Rei. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, Data do
Julgamento 29/10/2008.

537 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

A questão em exame está errada, pois o professor (do sexo masculino) do


ensino médio não pode se aposentar aos 25 anos de contribuição. Na verdade,
a aposentadoria deste professor ocorre aos 30 anos de contribuição.
Gabarito: errado.

114. Considere a seguinte situação hipotética: Marília, ensacadora de café, que pres-
ta serviços a diversas empresas, sem vínculo empregatício e com a intermedia-
ção do sindicato de sua categoria profissional, obteve a guarda judicial, para fins
de adoção, de Fernando, que tem três anos de idade. Nessa situação, Marília terá
direito ao salário-maternidade por sessenta dias.

( ) certo ( ) errado

Na época em que essa questão foi aplicada (ano de 2003), à segurada da Pre-
vidência Social que adotasse ou obtivesse guarda judicial para fins de adoção
de criança era devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias, se a criança tivesse até 1 (um) ano de idade, de 60 (sessenta) dias, se a
criança tivesse entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade, e de 30 (trinta) dias,
se a criança tivesse de 4 (quatro) a 8 (oito) anos de idade (Lei 8.213/91, art.
71-A). Mas, atualmente, ao segurado ou segurada da Previdência Social que
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido
salário-maternidade pelo período de 120 dias (Lei 8.213/91, art. 71-A, na
redação dada pela Lei 12.873/2013).
Na época em que essa questão foi aplicada (ano de 2003), a questão em tela
foi considerada como certa, mas, se fosse aplicada hoje, ela seria considerada
como errada, pois atualmente, em caso de adoção ou guarda judicial para
fins de adoção, o prazo de duração do salário-maternidade é de 120 dias,
independentemente da idade da criança. Ou seja, atualmente, o período não
é variável de acordo com a idade da criança.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

Hugo Goes 538


Técnico Previdenciário/INSS/2003

115. Considere a seguinte situação hipotética: Lucas, que é segurado da previdência


social e exerce duas atividades concomitantes, como contribuinte individual e
como empregado, incapacitou-se definitivamente para aquela que exerce como
empregado. Nessa situação, Lucas será aposentado por invalidez em relação à ati-
vidade para a qual se incapacitou, enquanto a incapacidade não se estender à ou-
tra atividade.

( ) certo ( ) errado

Quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar defi-


nitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido indefini-
damente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez,
enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades (RPS,
art. 74). Gabarito: errado.

116. O fator previdenciário será calculado mediante fórmula que considere a idade, a
expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar.

( ) certo ( ) errado

O fator previdenciário, instituído pela Lei 9.876/99, será calculado por meio
de uma fórmula matemática que leva em consideração a idade, a expectativa
de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar (Lei
8.213/91, art. 29, § 7°). Gabarito: certo.

117. Após a filiação e o primeiro recolhimento, o segurado facultativo poderá recolher


contribuições em atraso, desde que não tenham decorrido doze meses da cessa-
ção dos recolhimentos.

( ) certo ( ) errado

Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribui-


ções em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado
(RPS, art. 11, § 4°). O segurado facultativo mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até seis meses após a cessação das
contribuições· (Lei 8.213/91, art. 15, VI). Assim, o segurado facultativo po-
derá recolher as contribuições em atraso, desde que não tenham decorrido
mais de seis meses após terem cessado suas contribuições. Gabarito: errado.

539 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

118. O ministro de confissão religiosa é segurado obrigatório da previdência social na


qualidade de empregado.

( ) certo ( ) errado

Os ministros de confissão religiosa são aqueles que consagram sua vida a


serviço de Deus e do próximo, com ou sem ordenação, dedicando-se ao
anúncio de suas respectivas doutrinas e crenças, à celebração dos cultos
próprios, à organização das comunidades e à promoção de observância das
normas estabelecidas, desde que devidamente aprovados para o exercício
de suas funções pela autoridade religiosa competente. São, por exemplo, os
padres, pastores e bispos.
A questão em tela está errada, pois o ministro de confissão religiosa é se-
gurado obrigatório do RGPS como contribuinte individual (Lei 8.213/91,
art. 11, V, "c"). Gabarito: errado.

119. É vedada a inscrição de segurado após sua morte, exceto em caso de segurado es-
pecial.

( ) certo ( ) errado

Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscrição post mortem do


segurado especial (RPS, art. 18, § 5°). Para os demais segurados, é vedada a
inscrição post mortem. Gabarito: certo.

120. A filiação ao RGPS representa ato volitivo em relação ao trabalhador associado


a cooperativa que, nessa qualidade, preste serviços a terceiros.
( ) certo ( ) errado

O trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, presta serviços


a terceiros é segurado obrigatório como contribujnte individual. Assim, sua
filiação ao RGPS representa ato obrigatório (RPS, art. 9°, § 15, IV).
Gabarito: errado.

Hugo Goes 540


Técnico Previdenciário/INSS/2003

121. A filiação materializa a inscrição junto ao lRGPS e objetiva a identificação pessoal


do segurado.

( ) certo ( ) errado

Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o


ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS, mediante comprovação
dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua caracte-
rização (RPS, art. 18). Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas
que contribuem para a previdência social e esta, do qual decorrem direitos
e obrigações (RPS, art. 20). Assim, a questão está errada, pois o correto seria
dizer que a inscrição materializa a filiação. Gabarito: errado.

122. O servidor, civil ou militar, amparado por regime próprio, que venha a exercer,
concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS não preci-
sa contribuir em relação a essas atividades, pois elas já possuem cobertura pre-
videnciária.

( ) certo ( ) errado

Se o servidor público, amparado por regime próprio de previdência social,


vier a exercer, concomitante.p1ente, uma ou mais atividades abrangidas pelo
RGPS, tornar-se-á segurado obrigatório do RGPS em relação a essas ativida-
des (RPS, art. 10, § 2°). Nessa situação, deverá contribuir para os dois regimes
de previdência (geral e próprio) e, caso cumpra os requisitos previstos em
lei, poderá vir a ter duas aposentadorias: uma concedida pelo RGPS e outra
pelo regime próprio. Gabarito: errado.

123. São beneficiários do RGPS, na condição de dependentes do segurado, o cônjuge,


a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição,
menor de 21 anos de idade ou inválido.

( ) certo ( ) errado

Todas as pessoas relacionadas no enunciado da questão são beneficiárias do


RGPS, na condição de dependentes do segurado (Lei 8.213/91, art. 16, I). Na
verdade, o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado,
de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência

541 . Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim


declarado judicialmente são dependentes preferenciais.
Nesta questão, o Cespe adotou um critério de julgamento bastante ques-
tionável. O gabarito oficial definitivo diz que esta assertiva está errada,
provavelmente, por ela deixar de fora outras pessoas que também são be-
neficiários do RGPS, na condição de dependentes do segurado, como, por
exemplo, os pais e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que
o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente
(Lei 8.213/91, art. 16, II e III).
Gabarito: errado.

124. Equiparam-se aos filhos; mediante declaração escrita do segurado, comprova-


da a dependência econômica na forma estabelecida pela legislação, o enteado e o
menor sob guarda, desde que não possuam bens suficientes para seu sustento e
educação.

( ) certo ( ) errado

A questão está errada, pois o menor sob guarda não se equipara a filho. Na
verdade, equiparam-se a filho, mediante declaração escrita do segurado,
comprovada a dependência econômica, o enteado e o menor sob tutela,
desde que não possuam bens suficientes para o próprio sustento e educação
(RPS, art. 16, § 3°).
Gabarito: errado.

125. O filho e o irmão perdem a qualidade de dependentes ao completarem 21 anos


de idade, exceto se forem inválidos, ou ao serem emancipados, ainda que sejam
inválidos.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o art. 17 do RPS, a perda da qualidade de dependente ocorre


para o filho e o irmão, de quallquer condição, ao completarem vinte e um
anos de idade, salvo se inválidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes:

HugoGoes 542
Técnico Previdenciário/INSS/2003

a) de completarem vinte e um anos de idade;


b) do casamento;
c) do início do exercício de emprego público efetivo;
d) da constituição de estabelecimento civil ou comercial
ou da existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria; ou
e) da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles
na falta do outro, mediante instrumento público, inde-
pendentemente de homologação judicial, ou por sentença
do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos
completos.

Para que o filho e o irmão mantenham a qualidade de dependentes, é ne-


cessário que eles sejam não emancipados, menores de 21 anos ou inválidos
ou tenham deficiência intelectual ou mental que os tornem absoluta ourela-
tivamente incapazes, assim declarado judicialmente (Lei 8.213/91, art. 16, I
e III). No tocante à idade, se eles não forem inválidos nem tiverem deficiên-
cia intelectual ou mental, manterão a qualidade de dependentes enquanto
não completarem 21 anos. Mas, se forem inválidos ou tiverem deficiência
intelectual ou mental que os tornem absoluta ou relativamente incapazes,
a qualidade de dependente será mantida enquanto durar a invalidez ou a
deficiência, independentemente da idade.
Vale frisar que as alíneas "b" a "e" do inciso III do art. 17 do RPS éonfiguram
hipóteses de emancipação, previstas no parágrafo único do art. 5° do Código
Civil. O inciso 111 supra pode ser resumido da seguinte forma: o filho ou o
irmão não inválido que perdeu a qualidade de dependente em razão de ter
completado 21 anos de idade ou da emancipação, se ficar inválido após tal
evento, não recuperará a qualidade de dependente perdida. Ou seja, uma
vez perdida a qualidade de dependente, esta não será recuperada em razão
da invalidez superveniente.
Assim, a pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja in-
validez tenha ocorrido antes da emancipação ou de completar a idade de 21
anos, desde que reconhecida ou comprovada, pela perícia médica do INSS,
a continuidade.da invalidez até a data do óbito do segurado (RPS, art. 108).

543 Prova 28
Direito Previdenciário Cespe

De acordo com o Código Civil, a colação de grau em ensino de curso superior


também provoca a emancipação (CC, art. 5°, parágrafo único, IV). Mas esta
hipótese de emancipação não está relacionada no inciso 111 do art. 17 do RPS.
Assim, se, por exemplo, o filho colar grau em cu:so superior com 19 anos
de idade e ficar inválido com 20 anos, manterá a qualidade de dependente
mesmo após completar 21 anos.
Gabarito: errado.

Hugo Goes 544


Com relação ao financiamento da seguridade social e à aplicação das nor.inas pre-
videnciárias, julgue os itens de 91 a 98.
91. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à
saúde, à previdência e à assistência social.

( ) certo ( ) errado

A questão está correta, pois transcreve, na íntegra, a redação do caput do


art. 194 da Constituição Federal. Este dispositivo constitucional conceitua
a Seguridade Social como sendo o gênero do qual são espécies a Previdência
Social, a Assistência Social e a Saúde. Gabarito: certo.

92. A previdência social atende, entre outros, a cobertura de eventos de doença, in-
validez, morte e idade avançada; a proteção ao trabalhador em situação de de-
semprego involuntário; a pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
cônjuge ou companheiro e dependentes.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o caput do art. 201 da Constituição, a previdência social será


organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e


idade avançada;
II -proteção à maternidade, especialmente à gestante;

545
Direito Previdenciário Cespe

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego


involuntário;
IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes
dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
cônjuge ou companheiro e dependentes.

Gabarito: certo.

93. A contribuição previdenciária que for instituída ou majorada por meio de lei pu-
blicada em 01/11/2003 poderá ser cobrada a partir de 2/1/2004.

( ) certo ( ) errado

As contribuições sociais previdenciárias só poderão ser exigidas após de-


corridos 90 dias da data da publicação·· da lei que as houver instituído ou
modificado (CF, art. 195, § 6°). Assim, se a lei que instituiu ou majorou a
contribuição foi publicada em 30/11/2003, a contribuição não poderá ser
cobrada em 02/01/2004, pois, nesta data, ainda não transcorreram 90 dias.
Gabarito: errado.

94. Considere a seguinte situação hipotética: Uma senhora foi admitida como em-
pregada doméstica em 5/3/2003, tendo sido registrado em sua Carteira de Tra-
balho e Previdência Social (CTPS) um salário de R$ 200,00, que correspondia,
naquela época, a um salário mínimo. Nessa situação, a contribuição previden-
ciária será devida a partir da competência abril/2003, pois a competência mar-
ço/2003 tem base de cálculo abaixo do limite de um salário mínimo em razão de
o número de dias trabalhados ter sido inferior a 30.

( ) certo ( ) errado

Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado,


inclusive o doméstico, ocorrerem no curso do mês, o salário de contribuição
será proporcional ao número de dias efetivamente trabalhados (RPS, art. 214,
§ 1°). Assim, no caso em tela, será devida contribuição a partir de março/2003,
mesmo a empregada doméstica não tendo trabalhado o mês inteiro.
Gabarito: errado.

Hugo Goes 546


Analista Previdenciário/INSS/2003

95. Considere a seguinte situação hipotética: o Banco Austral S.A. oferece previdên-
cia complementar privada aberta para todos os empregados e dirigentes da empre-
sa por intermédio da Superprev S.A. Nessa situação, os valores das contribuições
para a previdência privada efetivamente pagas pelo banco, embora não sejam con-
siderados base de cálculo das contribuições previdenciárias, podem ser deduzidos
do recolhimento à previdência social das contribuições a cargo da empresa.

( ) certo ( ) errado

O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo


a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que
disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, não integra a base
de cálculo das contribuiçôes previdenciárias (Lei 8.212/91, art. 28, § 9°, "p").
Não há, contudo, amparo legal para que esse valor seja deduzido do reco-
lhimento das contribuições previdenciárias a cargo da empresa. O fato de o
Banco Austral oferecer uma previdência complementar aos seus empregados
e dirigentes não o desobriga de contribuir para o RGPS. Assim, a contribuição
da empresa destinada à previdência complementar não pode ser deduzida da
contribuição da empresa destinada ao RGPS.
Gabarito: errado.

96. O décimo terceiro salário integra o salário de contribuição para todos os fins,
sendo devidá a contribuição quando do pagamento ou crédito da última parcela
ou na rescisão do contrato de trabalho.

( ) certo ( ) errado

O 13° salário integra o salário de contribuição, exceto para o cálculo de bene-


fício (Lei 8.212/91, art. 28, § 7°). Assim, a questão está errada, pois não é "para
todos os fins" que o 13° salário integra o salário de contribuição. Para fins de
cálculo de benefício, o 13° salário não integra o salário de contribuição.
As contribuições previdenciárias incidentes sobre o valor bruto da gratifi-
cação natalina (13° salário) são devidas quando do pagamento ou crédito da
última parcela e deverão ser calculadas em separado e recolhidas até o dia
20 de dezembro, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior se não houver expediente bancário no dia 20 (RPS, art. 216, § 1°). Mas
na hipótese de rescisão de contrato de trabalho, inclusive naquela ocorrida
no mês de dezembro, as contribuições incidentes sobre o 13° salário deverão

547 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

ser recolhidas até o dia 20 do mês seguinte ao da rescisão, antecipando-se o


vencimento para o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente
bancário no dia 20. Gabarito: errado.

97. O Ministério da Previdência Social poderá, com base nas estatísticas de aciden-
tes do trabalho, apuradas em inspeção, alterar o enquadramento das empresas
em relação aos riscos ambientais no trabalho, a fim de estimular investimentos
em prevenção de acidentes.

( ) certo ( ) errado

A Lei 8.212/91, art. 22, § 3°, autoriza o Ministério da Previdência Social a pro-
mover alterações no enquadramento de empresas para efeito da contribuição
para o financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos
em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho (RAT), com base nas estatísticas de acidentes
do trabalho, apuradas em inspeção, a fim de estimular investimentos em
prevenção de acidentes. Gabarito: certo.

98. O INSS é o órgão competente para instituir, arrecadar e fiscalizar o recolhimento


das contribuições sociais, entre outras, devidas pelas empresas e incidentes sobre
a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados e demais pessoas físicas
a seu serviço, com ou sem vinculo empregatício.

( ) certo ( ) errado

O INSS não tem competência para instituir contribuições sociais. Quem tem
esta competência é a União (CF, art. 149).
Atualmente, o INSS também não tem competência para arrecadar e fiscalizar
o recolhimento das contribuições previdenciárias. A partir de 02/05/2007,
cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompa-
nhar e avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação,
cobrança e recolhimento das contribuições sociais previdenciárias (Lei
11.457/2007, art. 2°).
Gabarito: errado.

HugoGoes 548
Analista Previdenciário/INSS/2003

Julgue os itens de 99 a 102 quanto ao plano de benefícios da previdência social.


99. A inscrição de dependente na previdência social não pode ser feita antes do re-
querimento do benefício a que este tiver direito.

( ) certo ( ) errado

Incumbe ao dependente promover a sua inscrição quando do requerimento


do benefício a que estiver habilitado (Lei 8.213/91, art. 17, § 1°). Desse modo,
a questão está correta. A inscrição do dependente não pode ser promovida
antes do requerimento do benefício. Será promovida quando do requerimento
. do benefício (RPS, art. 22). Gabarito: certo.

100. O médico residente, contratado na forma da Lei no 6.932/1981, e o estagiário que


presta serviços à empresa em desacordo com a Lei n" 6.494/1977 são segurados
obrigatórios como empregados.

( ) certo ( ) errado

O estagiário que presta serviço em desacordo com a Lei 11.788/08 é segura-


do empregado (RPS, art. 9°, I, "h"). Mas o médico-residente é contribuinte
individual (RPS, art. 9°, § 15, X). Por isso, a questão está errada.
Gabarito: errado.

101. O contribuinte individual pode, desde que provado o exercício da atividade, re-
colher contribuições relativas a competências anteriores à sua primeira contri-
buição, que serão computadas inclusive para efeito de carência.

( ) certo ( ) errado

Para o contribuinte individual, o período de carência é contado a partir da


data do recolhimento da primeira contribuição sem atraso, não sendo con-
sideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a
competências anteriores (RPS, art. 28, H). O contril;minte individual pode
recolher contribuições relativas a período anterior à sua inscrição, desde
que comprovado o exercício de atividade remunerada no respectivo período
(RPS, art. 124). Todavia, essas contribuições pagas com atraso não serão
computadas para efeito de carência. Serão computadas apenas como tempo
de contribuição. Gabarito: errado.

549 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

102. Para os segurados facultativos, a filiação - vínculo que se estabelece entre a pre-
vidência social e a pessoa que para ela contribui - decorre da inscrição formali-
zada e do pagamento da primeira contribuição.

( ) certo ( ) errado

Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para


a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações (RPS,
art. 20). A filiação à previdência social decorre automaticamente do exercí-
cio de atividade remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição
formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o segurado
facultativo (RPS, art. 20, parágrafo único). Gabarito: certo.

Joaquina, dona de casa, segurada facultativa da previdência social, emprega, em


sua residência, Maria, como empregada doméstica. Após conhecer os dotes culi-
nários de Maria, Joaquina passou a utilizar-se dos seus serviços para preparar
biscoitos e doces que são vendidos em uma 'feira.
Com base na situação hipotética acima, julgue os itens 103 e 104.
103. Joaquina poderá continuar a recolher à previdência social suas contribuições
como segurada facultativa.

( ) certo ( ) errado

Joaquina deve recolher suas contribuições previdenciárias na qualidade de


contribuinte individual, pois se trata de uma pessoa física que exerce, por
conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos
(Lei 8.213/91, art. 11, V, "h"). Gabarito: errado.

104. Em razão das atividades desenvolvidas, as contribuições relativas à remuneração


de Maria devem ser recolhidas como segurada empregada.

( ) certo ( ) errado

As atividades desenvolvidas por Maria assemelham-se às de um empregado


doméstico. Todavia, empregado doméstico é aquele que presta serviços de
forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à
pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por
semana (Lei Complementar 150/2015, art. 1°). Nas condições estabelecidas

HugoGoes 550
Analista Previdenciário/INSS/2003

pela situação hipotética apresentada, Maria é segurada empregada, pois as


atividades por ela desenvolvidas são geradoras de lucro para Joaquina, sua
empregadora (Lei 8.213/91, art. 11, I, "a"). Gabarito: certo.

Os temas relacionados a crimes, renúncias e diversas obrigações acessórias são


considerados pontos críticos para a previdência social. Nesse contexto, julgue os
itens de 105 a 108.
105. Se um orfanato cumprir os requisitos da legislação previdenciária e obtiver isen-
ção das contribuições previdenciárias, os estabelecimentos que estejam sob a de-
pendência desse orfanato serão contemplados com a mencionada isenção, exceto
as eventuais obras de construção civil da entidade, quando por ela executadas e
destinadas a uso próprio.

( ) certo ( ) errado

São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficen-


tes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (CF,
art. 195, § 7°). Conforme o art. 30 da Lei 12.101/09, a referida isenção não se
estende a entidade com personalidade jurídica própria constituída e mantida
pela entidade à qual a isenção foi concedida. Gabarito: errado.

106. Uma empresa que, na qualidade de cedente de mão de obra, preste serviços de
conservação e limpeza para diversos bancos deve elaborar folhas de pagamento
e guias de recolhimento do fundo de garantia por tempo de serviço e informa-
ções da previdência social (GFIP) distintas para cada estabelecimento da empre-
sa contratante de serviço.

( ) certo ( ) errado

A empresa contratada para prestar serviços mediante cessão ou empreitada


de mão de obra, deverá elaborar folha de pagamento e GFIP distintas para
cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante
do serviço (RPS, art. 219, § 5°). O objetivo é demonstrar quais empregados
trabalharam para cada tomador de serviço. Gabarito: certo.

551 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

107. Se um orfanato deixar de ser considerado de utilidade pública federal, a sua isen-
ção de contribuição previdenciária será cancelada, não lhe sendo possível inter-
por recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social.

( ) certo ( ) errado

Cancelada a isenção, a pessoa jurídica de direito privado beneficente terá o


prazo de trinta dias contados da ciência da decisão, para interpor recurso
com efeito suspensivo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Contudo, não cabe recurso da decisão que cancelar a isenção pela falta do
cumprimento dos seguintes requisitos: (a) ser reconhecida como de utilidade
públicàfederal; (b) ser reconhecida como de utilidade pública pelo respectivo
estado, Distrito Federal ou município onde se encontre a sua sede; ou (c) ser
portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a
cada três anos (RPS, art. 206, § 9°).

Observação:
Na época em que esta prova foi aplicada, o recurso era dirigido ao Con-
selh? de Recursos da Previdência Social- CRPS, mas atualmente a com-
petência é do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.

Gabarito: certo.

108. Uma das condutas típicas do crime de apropriação indébita previdenciária é dei-
xar de recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a ter-
ceiros ou arrecadada do público, sendo passível de aplicação de pena de reclusão e
multa. Todavia, a punibilidade poderá ser extinta se o agente, espontaneamente,
declarar, confessar e efetuar o pagamento de contribuições, importâncias ou va-
lores e prestar as informações devidas à previdência social, na forma definida em
lei ou regulamento, até o recebimento da denúncia pel() juiz.

( ) certo ( ) errado

De acordo com o§ 2° do art. 168-A do Código Penal, no tocante ao crime


de apropriação indébita previdenciária, é extinta a punibilidade se o agente,
espontaneamente, declara, confessa e efetua o paganento das contribuições,

HugoGoes 552
Analista Previdenciário/INSS/2003

importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social,


na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Como se vê, nos termos do§ 2° do art. 168-A do CP, o recolhimento posterior
ao início da ação fiscal não seria causa de extinção da punibilidade. No entanto,
conforme o disposto no§ 2° do art. 9° da Lei 10.684/2003, extingue-se a puni-
bilidade dos crimes de apropriação indébita previdenciária (CP, art. 168-A) e
de sonegação de contribuição previdenciária (CP, art. 337-A) quando a pessoa
jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos
oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios.
Assim, de acordo com o § 2° do art. 9° da Lei 10.684/2003, o pagamento
da contribuição previdenciária, a qualquer tempo, extingue a punibilidade
do crime de apropriação indébita previdenciária. Nesse sentido, a seguinte
decisão do Supremo Tribunal Federal:

AÇÃO PENAL. Crime tributário. Tributo. Pagamento após


o recebimento da denúncia. Extinção da punibilidade. De-
cretação. HC concedido de ofício para tal efeito. Aplicação
retroativa do art. 9° da Lei federal n° 10.684/03, cc. art. 5°, XL,
da CF, e art. 61 do CPP. O pagamento do tributo, a qualquer
tempo, ainda que após o recebimento da denúncia, extingue
a punibilidade do crime tributário. 163

O Tribunal Regional Federal da 4" Região tem observado a atual orientação


do STF para autorizar a extinção da punibilidade, inclusive, na fase de exe-
cução penal. Nesse sentido, a seguinte decisão:

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. LEIN° 10.684/03. PAGAMENTO


DO DÉBITO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE APÓS O TRÂNSITO
EM JULGADO. PossiBILIDADE. 1. A extinção da punibilidade
pelo pagamento integral do débito com fundamento no
§ 2° do artigo 9° da Lei no 10.684/03, ao contrário da mera
suspensão da pretensão punitiva prevista no caput do cita-
do dispositivo, é passível de reconhecimento mesmo após
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 2.
Agravo provido. 164

163 STF. Habeas Corpus 81929/Rj, Rel. Ministro Cezar Peluso, D/ de 27/02/2004, p. 27.
164 TRF4, Agravo em Execução Penal2004.70.00.004272-5 I PR, Rel. Des. Federallosé Luiz B. Germano da
Silva, DJU 30/06/2004, p. 925.

553 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

Nessa mesma linha de raciocínio, confira-se mais um julgado do TRF da


4• Região:

DIREITO PENAL. NÃO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES


PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO INTEGRAL. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE. LEI N° 10.684/2003. - A Lei no 10.684/2003
veda o parcelamento dos débitos com o INSS referentes à
parte das contribuições descontadas dos salários dos empre-
gados, porquanto tal possibilidade -prevista inicialmente no
artigo 5°,§ 2°, da referida Lei- restou expressamente vetada
pelo Presidente da República, por contrariar o disposto no
art. 7° da Lei no 10.666/2003. Contudo, não há restrição al-
guma quanto à extinção da punibilidade a qualquer tempo,
nas hipóteses de pagamento integral da dívida, conforme,
aliás, previsto no § 2° do artigo 9° da citada Lei 11° 10.684.
Aplicação retroativa da norma penal benéfica (art. 5", XL, da
CF/88 ele art. 2°, parágrafo único, do CP). 165

Diante do exposto, percebe-se que a questão em exame está errada, pois


afirma que a extinção da punibilidade só ocorre se o pagamento for feito até
o recebimento da denúncia pelo juiz. E, na verdade, de acordo com a juris-
prudência, a extinção da punibilidade pelo pagamento integral do débito é
passível de reconhecimento mesmo após o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. Gabarito: errado.

Juliana começou a prestar serviços a Fábio em agosto de 2002 como emprega-


da doméstica. Em novembro de 2002, ao ser cientificado de que Juliana estava
grávida e que seu parto estava previsto para abril de 2003, Fábio assinou a CTPS
dela com uma remuneração de R$ 200,00 e iniciou os recolhimentos à previdên-
cia social. Em janeiro de 2003, Fábio aumentou a remuneração de Juliana para
R$ 1.500,00, passando a calcular a contribuição previdenciária sobre este valor.
Considerando essa situação hipotética e que Juliana não tenha efetuado, anterior-
mente, recolhimentos à previdência social, julgue os itens de 109 a 111.
109. Juliana receberá o salário-maternidade da previdência social no valor mensal de
R$ 1.500,00.

( ) certo ( ) errado

165 TRF4, Apelação Criminall999.70.00.029081-4/PR, Rei. Paulo Afonso Brum Vaz, 8• T., DI I2/ll/2003, p. 606.

HugoGoes 554
Analista Previdenciário/i NSS/2003

Para a empregada doméstica, o salário-maternidade independe de carência


(Lei 8.213/91, art. 26, VI). O valor do salário-maternidade da empregada
doméstica corresponde ao seu último salário de contribuição (Lei 8.213/91,
art. 73, I). Para o empregado doméstico, entende-se por salário de contribui-
ção a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social
(Lei 8.212/91, art. 28, II). Assim, Juliana receberá o salário-maternidade da
previdência social no valor mensal de R$ 1.500,00, valor correspondente ao
seu último salário de contribuição.
Gabarito: certo.

110. Caso o parto de Juliana seja antecipado para março de 2003, após 36 semanas de
gravidez, e a criança nasça morta, comprovando-se tal fato via atestado médico,
ainda assim o salário-maternidade será concedido por 120 dias, sem necessida-
de de avaliação médico-pericial do INSS.

( ) certo ( ) errado

Em caso de parto antecipado ou não, a segurada tem direito aos 120 dias
previstos na legislação (RPS, art. 93, § 4°). Em caso de aborto não criminoso,
comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito ao salário-
-maternidade correspondente a duas semanas (RPS, art. 93, §5°). Na época
em que esta questão foi aplicada (ano de 2006), prevalecia o entendimento
que, para fins de concessão de salário-maternidade, considerava-se parto o
evento ocorrido a partir da 23• semana (6° mês) de gestação, inclusive em
caso de natimorto (IN INSS 45/2010, art. 294, § 3°). Assim, a segurada que,
involuntariamente, perdesse o feto a partir da 23• semana de gestação recebia
o salário-maternidade durante 120 dias. Mas, se o evento ocorresse antes
da 23• semana de gestação, o salário-maternidade era devido pelo período
de duas semanas.
Atualmente, para fins de concessão do salário-maternidade, considera-se
parto o evento que gerou a certidão de nascimento ou certidão de óbito da
criança (IN INSS 77/2015, art. 343, § 3°). Em caso de aborto não criminoso,
comprovado mediante atestado médico com informação do CID (Classifica-
ção Internacional de Doenças) específico, a segurada terá direito ao salário-
-maternidade correspondente a duas semanas (IN INSS 77/2015, art. 343,
§ 4°), Tratando-se de parto antecipado ou não, ainda que ocorra parto de
natimorto, este último comprovado mediante certidão de óbito, a segurada

555 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

terá direito aos 120 dias previstos em lei, sem necessidade de avaliação
médico-pericial pelo INSS (IN INSS 77/2015, art. 343, § 5°).
Gabarito: certo.

lll. Considere ainda que, em dezembro de 2002, em razão de complicações de gra-


l
videz, Juliana tenha fi cada incapacitada para o trabalho por vinte dias. Nessa si-
tuação, Juliana teve direito a receber auxílio-doença da previdência social.
l
1
( ) certo ( ) errado I
I
.~
O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando
for o caso, o período de carência, ficar incapacitado para o seu trabalho ou
para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos (Lei 8.213/91,
art. 59, caput).
Em regra, a concessão do auxílio-doença depende do período de carência
de 12 contribuições mensais (Lei 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a concessão
independe de carência nos casos em que a incapacidade for decorrente
de acidente de qualquer natureza ou causa, de doença profissional ou do
trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido de alguma das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase,
alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna,
cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado
da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica
adquirida (Aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da
medicina especializada (Lei 8.213/91, art. 26, 11 c/c art. 151).
De acordo com o enunciado da questão, em dezembro de 2002, Juliana con-
tava com menos de 12 contribuições mensais. Assim, para saber se Juliana
teve direito ao auxílio-doença, é necessário que se saiba o tipo de doença
que provocou a sua incapacidade para o trabalho por 20 dias. O enunciado
da questão não fornece essa informação. Por isso, a questão foi anulada.
Gabarito: anulado.

Hugo Goes 556


Analista Previdenciário/INSS/2003

Em relação aos segurados e aos benefícios da previdência social, julgue os itens


de 112 a 120.
112. Uma professora do ensino fundamental de âmbito municipal, que esteja am-
parada por regime próprio de previdência e ministre aulas particulares em sua
residência, estará dispensada de recolher contribuições ao INSS quanto à remu-
neração que receba proveniente da atividade de professora particular.

( ) certo ( ) errado

Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou


mais atividades abrangidas pelo RGPS, tornar-se-ão segurados obrigatórios
em relação â essas atividades (RPS, art. 10, § 2°). No caso em tela, a professora
deverá recolher contribuição previdenciária para o RGPS, incidente sobre a
sua remuneração proveniente da atividade de professora particular.
Gabarito: errado.

113. O aposentado por invalidez não poderá, sem prejuízo do recebimento desse be-
nefício, desempenhar atividade profissional, ainda que diversa daquela que ori-
ginou a aposentadoria.

( ) certo ( ) ermdo

O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá


sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno
(Lei 8.213/91, art. 46). Mas, se a recuperação da capacidade de trabalho do
aposentado por invalidez for verificada mediante avaliação da perícia mé-
dica do INSS, a cessação da aposentadoria obedecerá às regras constantes
do art. 47 da Lei 8.213/91, abaixo transcritas:

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho


do aposentado por invalidez, será observado o seguinte
procedimento:
I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos,
contados da data do início da aposentadoria por invalidez
ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o
benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver di-
reito a retornar à função que desempenhava na empresa

557 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista,


valendo como documento, para tal fim, o certificado de
capacidade fornecido pela Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do
auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para
os demais segurados;
li - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o pe-
ríodo do inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado
apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitual-
mente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo
da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da
data em que for verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período
seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cjnco por cento), também
por igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual
cessará definitivamente.

Verifica-se, portanto, que é possível, durante um determinado período (no


máximo, 18 meses), o segurado receber aposentadoria por invalidez e, con-
comitantemente, desempenhar atividade profissional (Lei 8.213/91, art. 47).
Gabarito: errado.

114. Considere a seguinte situação hipotética: Joana, trabalhadora rural como empre-
gada, acabou de completar 55 anos de idade e está em gozo de auxílio-doença.
Ela já conta com 185 contribuições mensais para a previdência social, anteriores
ao início do auxílio-doença. Nessa situação, Joana poderá pedir a transforma-
ção do benefício em aposentadoria por idade.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência


exigida, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher (Lei 8.213/91,
art. 48). Os limites de idade são reduzidos para 60 e 55 anos, respectivamente
homens e mulheres, no caso de trabalhadores rurais (Lei 8.213/91, art. 48,
§ 1°). A carência da aposentadoria por idade é de 180 contribuições mensais

Hugo Goes 558


Analista Previdenciário/INSS/2003

(Lei 8.213/91, art. 25, li). Na época em que esta questão foi aplicada (ano de
2003), a aposentadoria por idade podia ser decorrente da transformação de
aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, desde que requerida pelo
segurado, observado o cumprimento da carência exigida na data de início
do benefício a ser transformado (RPS, art. 55). Assim, na época em que foi
aplicada, a questão em exame estava correta, pois Joana, que é empregada
rural, já preenche os requisitos de idade e carência exigidos para a concessão
da aposentadoria por idade. No entanto, o art. 55 do RPS foi revogado pelo
Decreto 6.722, de 2008. Dessa forma, se esta questão fosse aplicada hoje, ela
seria considerada como errada.
Gabarito oficial: certo.
Gabarito adaptado: errado.

115. Suponha que Mariana, com 65 anos de idade, seja segurada empregada, e já con-
te com 190 contribuições mensais à previdência social. Nesse caso, a empresa em
que ela trabalha poderá, independentemente da vontade de Mariana, requerer a
sua aposentadoria compulsória.

( ) certo ( ) errado

A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o
segurado empregado tenha cumprido o período de carência e completado
70 anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 anos, se do sexo feminino,
a
sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado indenização
prevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do
contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da aposentadoria
(Lei 8.213/91, art. 51). Gabarito: certo.

116. Considere a seguinte situação hipotética: O casal Adacir e Ana, ambos segurados
da previdência social como empregados, tem cinco filhos na faixa etária de dois
a onze anos de idade. Adacir recebe remuneração mensal de R$ 250,00, e Ana,
de R$ 350,00. Nessa situação, Adacir e Ana têm direito a receber, cada um, cin-
co cotas de salário-família.

( ) certo ( ) errado

559 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

O salário-família é devido aos segurados empregado e trabalhador avulso


de baixa renda, na proporção do respectivo número de filhos, até 14 anos de
idade ou inválidos (RPS, arts. 81 e 83). Quando o pai e a mãe são segurados
empregados ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito ao salário-família
(RPS, art. 82, § 3°).
De acordo com o art. 7°, XII, da Constituição Federal, o salário-família será
pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da
lei. Assim, cabe à lei definir o que seja trabalhador de baixa renda. Essa lei
ainda não existe. Mas, de acordo com o art. 13 da Emenda Constitucional
20/98, "até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão
para os servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão cmi.-
cedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a
R$ 360,00, que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices
aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social".
Os R$ 360,00 citados pela art. 13 da EC 20, corrigidos pelos mesmos índices
de reajuste aplicados aos demais benefícios do RGPS, correspondem, atual-
mente, a R$ 1.089,72 166 •
Conclui-se, portanto, que a questão está certa, pois, à luz do que foi exposto,
Adacir e Ana têm direito a receber, cada um, cinco cotas de salário-família.
Gabarito: certo.

117. O auxílio-acidente será devido ao segurado da previdência social em gozo de


auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez decorrente de acidente de qual-
quer natureza do qual resulte sequela definitiva.

( ) certo ( ) errado

O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do


auxílio-doença, independentemente de ~ualquer remuneração ou rendi-
mento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria (Lei 8.213/91, art. 86, § 2°). O auxílio-acidente mensal será
devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do
óbito do segurado (Lei 8.213/91, art. 86, § 1°). Assim, a questão em comento
está errada, pois o segurado em gozo de aposentadoria por invalidez não
tem direito ao recebimento do auxílio-acidente.

166 Valor atualizado, a partir de 1•/01/2015, pela Portaria MPS/MF 13, de 09/01/2015.

Hugo Goes 560


Analista Previdenciário/INSS/2003

Em regra, não é vedada a acumulação de auxílio-acidente com auxílio-doen-


ça. Só não pode acumular no caso de reabertura de auxílio-doença decorrente
do mesmo acidente que deu origem ao auxílio-acidente. Nesta hipótese,
reabre-se o auxílio-doença e suspende-se o auxílio-acidente enquanto durar
o auxílio-doença (RPS, art. 104, § 6°). Gabarito: errado.

118. A renda mensal dos dependentes relativa à pensão por morte do segurado que
falecer em atividade corresponderá a 100% do valor da aposentadoria a que esse
segurado teria direito caso se aposentasse por invalidez.

( ) certo ( ) errado

O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da apo-
sentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse
aposentado por invalidez na data de seu falecimento (Lei 8.213/91, art. 75).
A questão em análise está correta, pois estando o segurado em atividade
(vale dizer, não sendo aposentado), e ocorrendo o seu óbito, o valor global
da pensão por morte será 100% do valor da aposentadoria que o segurado
teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.
Gabarito: certo.

119. O salário-maternidade é devido à segurada empregada enquanto existir a rela-


ção de emprego.

( ) certo ( ) errado

A Constituição Federal proíbe a dispensa arbitrária ou sem justa causa da


empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após
o parto (ADCT, art. 10, II, "b"). Se a empregada gestante for dispensada sem
justa causa, o período de estabilidade no emprego deve ser indenizado pela
empresa. Essa indenização também englobará os valores que seriam pagos
a título de salário-maternidade. Nesse caso, a previdência social não paga o
salário-maternidade, estando a empregada protegida pela indenização. Se
fosse pago, haveria bis in idem. Assim, o salário-maternidade da segurada
empregada será devido pela previdência social enquanto existir relação de
emprego, observadas as regras quanto ao pagamento desse benefício pela
empresa (RPS, art. 97, caput).

561 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

No entanto, durante o período de graça, a segurada desempregada fará jus


ao recebimento do salário-maternidade nos casos de: (a) demissão ocorrida
antes da gravidez; ou (b) dispensa ocorrida durante a gestação, desde que por
justa causa ou a pedido. Nestas situações, o benefício será pago diretamente
pela previdência social (RPS, art. 97, parágrafo único).
Podemos dizer também que o salário-maternidade da empregada será devido
pela previdência social somente enquanto existir relação de emprego, nos
seguintes casos: (a) se a dispensa sem justa causa ocorrer durante o período de
estabilidade da empregada gestante; ou (b) se a dispensa por justa causa ou a
pedido ocorrer após a gestação. Nos demais casos, a empregada terá direito ao
salário-maternidade enquanto estiver com a qualidade de segurada mantida.
Para as demais seguradas do RGPS, o salário-maternidade será devido en-
quanto estiver mantida a qualidade de segurada.
A banca examinadora considerou a questão em comento como certa, levando
em consideração apenas a regra estabelecida no caput do art. 97 do RPS.
Levando-se, contudo, em consideração' o disposto no parágrafo único do
art. 97 do RPS, o gabarito torna-se bastante questionável.
Gabarito: certo.

120. Considere a seguinte situação hipotética: Adalgisa exerceu, por conta própria,
atividade econômica de natureza urbana até dezembro de 1999, quando suspen-
deu os recolhimentos à previdência social, após tê-los feito ao longo de 180 me-
ses, pois deixou de exercer atividade remunerada. Em fevereiro de 2003, aos 66
anos de idade, Adalgisa faleceu. Nessa situação, embora Adalgisa já contasse com
180 contribuições mensais à previdência social, seus dependentes não farão jus à
pensão, pois ocorreu a perda da qualidade de segurada.

( ) certo ( ) errado

Ao falecer, em fevereiro de 2003, Adalgisa tinha 66 anos de idade. Assim,


em dezembro de 1999, quando suspendeu os recolhimentos à previdência
social, a segurada já contava com, no mínimo, 62 anos de idade e com 180
contribuições mensais. Portanto, em dezembro de 1999, Adalgisa já preen-
chia os requisitos para obtenção de aposentadoria por idade (para mulher,
60 anos de idade e carência de 180 contribuições mensais).
De acordo com Lei 8.213/91, art. 102, § 2°, "não será concedida pensão por
morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda desta quali-

HugoGoes 562
Analista Previdenciário/INSS/2003

dade, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção de aposentadoria".


No caso em tela, o fato de Adalgisa ter perdido a qualidade de segurada não
prejudicará a concessão da pensão por morte aos seus dependentes, pois, na
data do seu falecimento, ela já havia preenchido os requisitos para obtenção
de aposentadoria por idade. Gabarito: errado.

Considerando as normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação no


âmbito do INSS, julgue os itens de 121 a 125.
121. Considere a seguinte situação hipotética. A empresa Beta Ltda., desde janeiro de
2002, vem arrecadando de seus empregados as contribuições previdenciárias de-
vidas por estes à previdência social; todavia, em razão de graves dificuldades fi-
nanceiras, não tem repassado esses valores ao INSS. Nessa situação, a empresa
não poderá parcelar as contribuições devidas ao INSS.

( ) certo ( ) errado

A empresa Beta Ltda. não poderá parcelar as contribuições previdenciárias


descontadas de seus empregados (Lei 10.666/03, art. 7°). Mas poderá par-
celar a parte patronal das contribuições previdenciárias incidentes sobre a
remuneração dos seus empregados. Assim, a questão ora examinada está
errada. Gabarito: errado.

122. Uma microempresa merece um tratamento diferenciado, que vise inc:entivá-la por
meio da simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previden-
ciárias e creditícias, ou, até mesmo, pela eliminação ou redução dessas mediante
lei, conforme orientação expressa da Constituição da República. Nesse sentido,
é correto afirmar que a certidão negativa de débito (CND) não será exigida para
as microempresas quando do arquivamento de seus atos constitutivos nas juntas
comerciais, inclusive de alterações e extinção de firma individual ou sociedade.

( ) certo ( ) errado

As microempresas e empresas de pequeno porte não necessitam de CND


(nem de CPD-EN) para o arquivamento, na junta comercial, de seus atos
relativos a constituição, alteração e extinção (Lei Complementar 123/2006,
art. 9°). No caso de extinção (baixa) de microempresa e empresa de pequeno
porte, os titulares ou sócios são solidariamente responsáveis pelos tributos
ou contribuições que não tenham sido pagos ou recolhidos, inclusive multa

563 Prova 29
Direito Previdenciário Cespe

de mora ou de ofício, conforme o caso, e juros de mora (Lei Complementar


123/2006, art. 78, §§ 3° e 4°).
Frise-se que o gabarito oficial desta questão considerou-a como errada. Isso
ocorreu porque a prova foi aplicada antes da edição da Lei Complementar
123/2006. Mas, de acordo com a legislação atualmente vigente, a questão
deve ser considerada como certa.
Gabarito oficial: errado.
Gabarito adaptado: certo.

123. Considere a seguinte situação hipotética: Joaquim apresentou-se a uma agência


da previdência social para que fossem calculadas as contribuições previdenciá-
rias devidas em razão da construção de sua casa, pois desejava obter a CND para
averbar a respectiva obra no cartório de registro de imóveis de sua cidade. Para
tanto, levou consigo a cópia do projeto devidamente aprovada pelo CREA para
verificação e comprovação das informações prestadas pelo contribuinte no ato
da inscrição. Procedidos os cálculos, Joaquim não concordou com os valores ar-
bitrados pelo INSS para recolhimento e regularização da questão. Nessa situa-
ção, o servidor do INSS deve informar a data de publicação, no Diário Oficial da
União, da tabela utilizada para fins de arbitramento do valor considerado como
custo por m 2 da obra, haja vista o ônus da prova ser do INSS, responsável pela
arrecadação das contribuições previdenciárias e interessado maior em que estas
sejam recolhidas.

( ) certo ( ) errado

Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos


salários pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido
mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área construí-
da, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade
imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário (Lei
8.212/91, art. 33, § 4°). No caso em tela, o ônus da prova em contrário cabe
a Joaquim. Assim, a questão em análise está errada.
Gabarito: errado.

HugoGoes 564
Analista Previdenciário/INSS/2003

124. Considere a seguinte situação hipotética: Carlos- segurado obrigatório da pre-


vidência social como empregado- teve sua contribuição previdenciária referente
à competência de janeiro de 2003 descontada com um valor superior ao efetiva-
mente devido. Tal erro só foi detectado quando o empregador já havia recolhido
a guia da previdência social. Nessa situação, a restituição da contribuição descon-
tada indevidamente de Carlos somente poderá ser feita a ele ou ao seu procura-
dor, exceto se seu empregador, ao requerer a restituição, comprovar que efetuou
a devolução da quantia indevidamente descontada.

( ) certo ( ) errado

A restituição de contribuição indevidamente descontada do ·segurado so-


mente poderá ser feita ao próprio segurado, ou ao seu procurador, salvo se
comprovado que o responsável pelo recolhimento já lhe fez a devolução (RPS,
art. 249, parágrafo único). Gabarito: certo.

125. O direito de pleitear restituição ou de realizar compensação de contribuições


extingue-se em dez anos, contados da data do pagamento ou recolhimento inde-
vido ou em que se transitar em julgado a sentença judicial que tenha reformado,
anulado ou revogado a decisão condenatória.

( ) certo ( ) errado

O direito de pleitear restituição ou de realizar compensação de contribuições


ou de outras importâncias extingue-se em cinco anos, contados da data: (a) do
pagamento ou recolhimento indevido; ou (b) em que se tornar definitiva a
decisão administrativa ou passar em julgado a sentença judicial que tenha
reformado, anulado ou revogado a decisão condenatória (CTN, art. 168; LC
118/2005, art 3°; e RPS, art. 253). Portanto, a questão em comento está errada.
Gabarito: errado.

565 Prova 29
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