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Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
FACULDADE DE GEOLOGIA

RELATÓRIO DA PRÁTICA DE CAMPO DE GEOLOGIA GERAL

Marabá - Pará
2011
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 2

ANDERSON FERREIRA DA SILVA


GIGLIANNE BORGES DE SOUZA
LOURIVAL ALVES FERREIRA COSTA
MARCÍLIO CARDOSO ROCHA

ESTUDO GEOLÓGICO DA FOLHA SB.22-Z-B (XAMBIOÁ)

Trabalho apresentado à disciplina PRÁTICA DE


CAMPO DE GEOLOGIA GERAL do Curso de
Graduação em Geologia da Universidade Federal
do Pará, como avaliação parcial da disciplina.

Profa. Dra. Valéria Pinheiro.

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira”.


TOLSTOI, Leon

Marabá - Pará
2011
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1 OBJETIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 LOCALIZAÇÃO E ACESSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4.1 Clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4.2 Solos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4.3 Vegetação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.4 Hidrografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 ATIVIDADES E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 ATIVIDADES PRELIMINARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 TRABALHO DE CAMPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 TRABALHO COMPILATÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3 GEOLOGIA REGIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.1 ARCABOUÇO TECTÔNICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2 DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.3 LITOESTRATIGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.3.1 Bacia do Parnaíba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.3.2 Faixa Orogênica Araguaia-Tocantins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3.3 Área do Cráton do Guaporé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4 DIAGNÓSTICO GEOECONÔMICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.5 EVOLUÇÃO GEOLÓGICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4 GEOLOGIA LOCAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1 DESCRIÇÃO DAS UNIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.2 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3 CORRELAÇÃO COM A GEOLOGIA REGIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
6 RECOMENDAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
8 ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata do estudo geológico da Folha SB.22-Z-B (Xambioá), Estado


do Tocantins, região norte do Brasil, realizado por alunos do curso de Geologia da
Universidade Federal do Pará, como peça indispensável da unidade curricular Prática de
Campo de Geologia Geral. Nele é apresentado o resultado dos estudos de campo, distribuídos
e organizados em capítulos.

1.1 OBJETIVO

O objetivo desse trabalho consiste, essencialmente, em praticar os conhecimentos


teóricos adquiridos em sala de aula, ao longo da disciplina Geologia Geral e a partir dessa
visão, acompanhados pela Professora Valéria Pinheiro e do monitor Di Alexandre descrever
de forma detalhada todos os pontos ou afloramentos de rochas visitados durante a prática de
campo, fotografar, identificar minerais, compreender seus aspectos geológicos, compreender
eventos que ocorreram no passado, coletar amostras de rochas para uma análise mais
criteriosa e, além disso, registrar o trajeto realizado.
Não menos importante que o objetivo anterior é a oportunidade que esse trabalho
nos proporciona de ampliar nossos conhecimentos sobre Geologia Geral, o que nos ajudará
entender melhor e com maior facilidade as próximas disciplinas de conhecimento geológico.
Como a referida região já havia sido objeto de estudo de pesquisadores, concluímos
que esses conhecimentos nos serão de grande utilidade, portanto, tornou-se mais um objetivo
buscar o máximo de informações possíveis sobre a região em outras fontes de conhecimento.

1.2 LOCALIZAÇÃO E ACESSO

A região que foi selecionada como área de estudo para a realização da Prática de
Campo de Geologia Geral encontra-se situada na região norte/noroeste do estado do
Tocantins, mais precisamente ao longo da BR-153 e de estradas estaduais e vicinais que
cortam a porção sudeste do município de Xambioá, que está localizado cerca de 507 km de
Palmas e aproximadamente 160 km da cidade de Marabá (Figura 1.1). Na área destacam-se
as rodovias pavimentadas BR-230 (Rodovia Transamazônica) e BR-153 (São Domingos do
Araguaia-Palmas). Partindo-se das rodovias estadual e federal existe uma boa rede de estradas
municipais e vicinais. A escolha dessa área deve-se à variabilidade de tipos de rochas e dos
registros dos eventos geológicos que ocorreram no passado e que podem ser percebidos na
paisagem contemporânea com a ajuda dos conhecimentos adquiridos em sala de aula.
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O acesso por terra, a partir de Marabá, pode ser efetuado pela BR-230, no sentido
Marabá-Araguatins, até as proximidades da cidade de São Domingos do Araguaia; a partir daí
o acesso será pela BR-153 (passando pela travessia de balsa no rio Tocantins, entre São
Geraldo do Araguaia e Xambioá) até a cidade de Xambioá. Estradas vicinais e rodovias
estaduais facilitam o acesso para os locais de estudo da Prática de Campo.
Na área destacam-se as rodovias pavimentadas BR-230 (Rodovia Transamazônica) e
BR-153 (São Domingos do Araguaia-Palmas). Partindo das rodovias estadual e federal há
uma quantidade expressiva de estradas municipais e vicinais. O transporte fluvial restringe-se
a pequenas embarcações que trafegam pelo rio Tocantins. O transporte aéreo limita-se à
operação de táxis-aéreos, sendo as pistas de pouso de leito natural, com exceção de Araguaína
e Marabá, que contém aeroportos de boa estrutura.

Figura 1.1: Localização e cobertura cartográfica da Folha Xambioá.


FONTE: Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
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1.3 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

O Município de Xambioá fica a aproximadamente 500 quilômetros de Palmas, capital


de Tocantins. É conhecido principalmente pela exuberância de suas praias, o tradicional
carnaval de rua e por ter sido palco da guerrilha do Araguaia. Nasceu em 1959, quando a
descoberta de garimpo de cristal-de-rocha atraiu muitas pessoas para povoar a região. O nome
é referência a uma tribo local e significa pássaro preto veloz. Segundo o censo de 2010,
realizado pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a população é de
aproximadamente 11.484 habitantes, destes, a maioria são descendentes de nortistas e
nordestinos. A cidade conta com 15 escolas de Ensino Fundamental, 01 Pré-escola e 03
escolas de Ensino Médio. Na área da saúde possui 01 hospital estadual e 01 municipal, além
de 04 hospitais do setor privado. Xambioá possui duas agências bancárias, sendo uma do
Banco do Brasil e outra da Caixa Econômica Federal, além de uma agência de Correios. A
economia é baseada na Agricultura de subsistência, pecuária e pesca no rio Araguaia, sendo
que o turismo começa a exercer sua influência nesta área. As principais atrações turísticas
estão nas praias da Ilha de Campo e do Murici, todas com largas extensões de areia branca,
além do bar flutuante conhecido como Titanic. Diversas outras ilhas e praias podem ser
encontradas ao longo do rio, mas é na Ilha do Murici, que a prefeitura monta mais estrutura
para atender a população na temporada de praias. A cidade possui ainda diversos balneários e
cachoeiras. As corredeiras de Xambioá compreendem uma área de 6 km de águas velozes,
sendo um belo atrativo para quem gosta de esportes radicais. Poção do Noleto, balneário
Poção, Balneário Paraíso, Chapada e Cachoeira da Cascata são atrações à parte para quem
aprecia belas paisagens naturais exóticas.
Produto Interno Bruto (PIB) a preço de mercado e Produto Interno Bruto per capita:
2002 2003 2004 2005
PIB (1000 R$) 36.640 45.326 50.056 58.726
PIB - per capita anual (R$) 3.027 3.692 4.055 4.651
Fonte: IBGE/ SEPLAN-TO/DPI

1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A Folha Xambioá está inserida numa área de clima do tipo Aw, contransição para Am,
segundo a classificação de Köeppen (1948), O clima Aw, predominante na parte leste,
apresenta as seguintes características: duas estações bem distintas, verão úmido (outubro a
abril) e inverno seco bem acentuado (maio a setembro); temperaturas, média mínima e
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máxima anual entre, respectivamente, 13°C e 14°C e, 35°C e 36°C (Estação de Araguaína,
dados de 1985 a 1989); e índice pluviométrico médio anual entre 1.548 mm (estações
Xambioá e Ananás, dados de 1969 a 1987) e 1.795 mm (Estação Piraquê, dados de 1974 a
1987). O clima Am, que prevalece na parte oeste, distingue-se por exibir uma estação chuvosa
mais prolongada, com índice pluviométrico médio anual superior a 2.000 mm (Estação
Marabá), e uma estação seca de pequena duração junho a agosto e temperatura média mínima
superior a 24°C. Segundo Veloso et al. (1974), 80% da área encontrava-se coberta de floresta
tropical densa e aberta. O cerrado, no extremo-leste da folha, perfazia pouco mais de 5%, e
uma faixa de transição cerrado/floresta ocupava o restante. Atualmente, grande parte da
cobertura original foi eliminada, notadamente nas margens da rodovia PA-150, cedendo lugar
às extensas pastagens.

1.4.1 Clima

O clima predominante no Estado do Tocantins é Tropical, caracterizado por uma


estação chuvosa - de outubro a abril - e outra seca - de maio a setembro. É condicionado
essencialmente pela sua ampla extensão latitudinal e pelo relevo de altitude gradual e
crescente de norte a sul, que variam desde as grandes planícies fluviais até as plataformas e
cabeceiras elevadas entre 200 a 600 metros, especialmente pelo relevo mais acidentado, acima
de 600 metros de altitude Sul.
Estiro em vista as curvas térmicas sempre positivas, fornecidas pelas estações
meteorológicas dispostas na região, identificou-se para área a região climática quente, a qual
esta caracterizada por possuir o clima térmico nas partes baixas e mesotérmico nas áreas
elevadas onde as temperaturas são suavizadas pela altitude. Assim é que, de acordo com as
curvas térmicas de GAUSSEN foi possível dividi-la em duas sub-regiões climáticas: a
xeroquimenica e a sua transição para a Xerotérica.
O Clima Xeroquimênico é um clima tropical de monção, com um período seco no
inverno, onde os dias são relativamente curtos e o um período úmido bastante acentuado com
chuvas torrenciais no verão. Neste caso os dias são mais longos.
Nesta sub-região climática estão incluídas as estações meteorológicas de Conceição do
Araguaia, Carolina e Imperatriz e Marabá na direção leste-oeste, áreas estas onde a
temperatura média do mês mais frio se encontra inferior a 20°C, o que condiciona uma
variação termoxeraquimênica atenuada.
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O Clima xeroquimênico em transição para o xerotérico tem como característica


principal um período seco, na primavera, quando os dias são ligeiramente mais longos que os
de inverno; e uma época de chuva torrenciais no fim do verão.
Esta sub-região climática esta representada pela estação de Altamira onde aparece a
média do mês mais frio superior a 25°C, um período seco de 3,5 meses e a precipitação
pluviométrica, em relação a Marabá, é mais elevada.

1.4.2 Solos

Segundo Rosatelli et al (1974), há na região em estudo as seguintes classes de solo:


Latossolo Amarelo - Trata-se de solos ácidos e fortemente ácidos, de boa drenagem,
permeáveis, de baixa fertilidade natural e de baixa saturação de bases. O teor de argila no
perfil pode variar muito, diferenciando solos com textura argilosa e muito argilosa.
Apresentam perfis friáveis, bastantes porosos, com estruturas pouco desenvolvidas, variando
sua textura de acordo com sua situação topográfica e com o material de origem, sedimentos
do terciário e do Cretáceo.
Estão disposto, de uma maneira geral, em relevo plano os de textura muito argilosa e
em relevo suave ondulado a ondulado os de textura argilosa;
Latossolo Vermelho-Amarelo - São solos profundos, com relação textural em torno
de 1,0, fertilidade natural baixa e saturação de bases também baixa, com coloração variando
de bruno a bruno amarelado, nos matizes 10YR e 7.5YR no horizonte A e bruno forte a
vermelho-amarelado, principalmente no matriz 7.5YR, no horizonte B;
São fasados em textura média e argilosa, os primeiros com teor de argila de 15 a 35%
e os últimos como teor de argila superior a 35% e possuem perfil do tipo A, B e C, friável,
bastante poroso, permeável, com estrutura pouco desenvolvida e são encontrados em relevo
plano ou suave ondulado, sob vegetação de floresta e de cerrado;
Latossolo roxo - Estes solos possuem estrutura maciça muito porosa, consistência
muito frável e pequena diferenciação morfológica entre os seus horizontes.
Morfologicamente o latossolo roxo se avermelha ao latossolo vermelho escuro,
entretanto, difere na coloração. A diferença de coloração se deve a que o latossolo roxo
geralmente e de formação “ínsito”, pela intemperização das rochas básicas que possui mineral
rico em ferro, e por latossolo vermelho escuro de sua origem.
Eles são encontrados geralmente na posição sudeste das áreas e desenvolvidos sobre
rochas básicas e ultrabásicas associadas a filitos e xistos;
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Podzólico Vermelho-Amarelo - Os Podzólicos Vermelho-Amarelos são solos ácidos,


bem desenvolvidos, que possuem um horizonte A fraco (ócrico) e um horizonte B argílico.
Eles têm fertilidade baixa e de textura argilosa, que apresentam sequência de horizontes do
tipo A, B e C, cuja espessura não excede a 200 cm, e com pronunciada diferenciação entre o
A e B. Relativamente, em menor proporção, são encontrados solos de fertilidade média e alta
e solos de textura média (percentagem de argila entre 15 e 35%);
Solos concrecionários Lateríticos Indiscriminados - Não oferece interesse agrícola
e engloba tanto solos com textural, com B latossólico e mesmo litólicos. Ocupa relevo suave
ondulado a forte ondulado sob vegetação de cerrado ou floresta e possuem boa distribuição de
poros e uma estrutura em blocos subangulares mascarada pelas concreções lateríticas;
Solos Aluviais - São solos predominantemente minerais, de formação recente a partir
da deposição de sedimentos arrastados pelas águas. Sua composição e granulometria
apresentam-se de forma bastante heterogênea, estando a natureza das camadas estreitamente
relacionadas com o tipo dos sedimentos depositados.

1.4.3 Vegetação

A vegetação da folha Xambioá encontra-se na parte norte do estado do Tocantins. Ela


é uma área de transição, pois se encontra entre dois biomas, à floresta amazônica e a caatinga.
A porção oeste da folha é recoberta em sua maioria por dois tipos de florestas, à floresta
aberta que incluem as formações latifoliadas e a mista; e a floresta Tropical, não esquecendo
de uma porção norte recoberta pela floresta do cocais. A porção do extremo leste por sua vez
é recoberta pelo cerrado que incluem as formações do cerradão, campo cerrado, parque e por
fim a formação de contato, caracterizando uma vegetação bastante variada.
Floresta Aberta: Este tipo de vegetação é considerado como uma área de transição
entre a floresta amazônica e as regiões extra-amazônicas. Nessas regiões, a fitomassa e o
fitovolume, e por conseqüência o recobrimento, vão diminuindo gradativamente de densidade,
advindo daí seu nome. Ocorre em regiões com mais de 60 dias secos por ano e, sobretudo em
áreas de relevo acidentado. Freqüentemente caracterizam a transição entre o cerradão e a
floresta ombrófila densa. Essa formação esta desposta em uma parte muito grande e
diversificada da folha, sua maior ocorrência é a porção central dela;
Floresta tropical: Características de regiões cuja temperatura é permanentemente
quente com chuvas superiores a um total de 1500 mm anual. Apresenta muitas espécies
vegetais de grande valor econômico como as madeiras-de-lei, destacando-se o Mogno e o
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Pau-Brasil. Essa formação esta desposta em varias regiões da folha, inclusive na região onde
foi feita a Pratica de Campo, sua maior ocorrência esta também na porção central da folha.
A vegetação é o espelho do clima. Em área, o cerrado ocupa o primeiro lugar no
estado do Tocantins. As árvores do cerrado estão adaptadas à escassez de água durante uma
estação do ano. Caracterizam-se por uma vegetação campestre, com árvores e arbustos
esparsos, útil à criação extensiva do gado, por ser uma vegetação de campos naturais, em
espécie vegetal dos diferentes tipos de Cerrado;
Cerradão: Formação florestal do cerrado, com árvores podendo alcançar até 15
metros de altura. Nos cerradões agregam-se as linhas de matas e matas de galeria. O cerradão
é a uma formação florestal do bioma cerrado com características esclerófilas (grande
ocorrência de órgãos vegetais rijos, principalmente folhas) e xeromórficas (com
características como folhas reduzidas, suculência, pilosidade densa ou com cutícula grossa
que permitem conservar água e, portanto, suportar condições de seca). Encontra-se dividida
na porção do extremo nordeste e do extremo sudeste da folha e encontra-se em um grau baixo
de quantidade;
Campo Cerrado: Vegetação campestre, com predomínio de gramíneas,
pequenas árvores e arbustos bastante esparsos entre si, as árvores geralmente ficam isoladas
(tipo de Cerrado). Transição entre campo e demais tipo de vegetação ou, às vezes, resultantes
da degradação do cerrado. Prejudicada na estação seca pelos incêndios anuais provocados
pelo homem. Localiza-se no extremo leste com ocorrência contínua do nordeste ao sudeste da
folha;
Parque: Região natural posta pelo governo sob sua proteção legal, a fim de preservar
sua fisiografia, flora e fauna. Localiza-se no extremo nordeste da folha com ocorrências
mínimas;
Contato: Essa vegetação é a transição entre o cerrado e a floresta, está desposta na
porção nordeste e sudeste da folha;
Floresta dos Cocais: Essa vegetação, como o nome já diz, apresenta uma abundância
em cocais, então se pressupõe que o solo é rico em carbonato (CaCO3), dando indícios de que
já foi fundo de mar no passado, observados dentro da faixa Araguaia.
O geólogo a partir de observações rápidas consegue fazer levantamentos da evolução
geológica bastante precisa. Esses levantamentos só não foram mais precisos, pois o objetivo
principal da prática de campo não consiste nesse tipo de trabalho e pelos conhecimentos que
ainda não foram desenvolvidos neste tipo de área.
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Os principais impactos provocados pela ocupação são as queimadas para a abertura de


pastos, instalação de fazendas para criação de gado e plantações de diversos produtos
agrícolas, os desmatamentos para retirada de madeira e a mineração são os principais
impactos provocados pela ocupação humana na Região.

1.4.4 Hidrografia

O rio Araguaia é o coletor hidrográfico principal da Folha Xambioá, atravessando-a


diagonalmente de SW para NE e apresenta problemas naturais à navegação, por apresentar
grande variação do seu nível de água ao decorrer do ano. Ele Caracteriza-se pela formação de
planícies, sendo comum a presença de grandes bancos de areia no fundo do leito, praias
marginais, afloramentos rochosa e ilhas de formas geométricas e dimensões variadas.
Seus principais afluentes são os rios Muricizal, Lontra, Corda e Piranhas, pela margem
direita, e o ribeirão Itaipavas e os rios Xambioá, Sucupira e Gameleira, pela margem
esquerda. Freqüentes cachoeiras e corredeiras restringem a navegabilidade na época da seca a
embarcações de pequeno porte. As porções NW e W da área são drenadas pelos rios Sororó e
Vermelho, tributários do rio Itacaiúnas.
Ele caracteriza-se pela formação de planícies, sendo comum a presença de grandes
bancos de areia no fundo do leito, praias marginais, afloramentos rochosa e ilhas de formas
geométricas e dimensões variadas ao decorrer do seu curso fluvial.

2 ATIVIDADES E MÉTODOS

A metodologia adotada para dividir e organizar nosso trabalho se deu em três etapas
contínuas e bem definidas, a saber:

2.1 ATIVIDADES PRELIMINARES

A turma teve uma aula específica no laboratório com a Professora Valéria -


denominada pré-campo - com o objetivo de receber as instruções necessárias sobre como agir
no campo e a introdução de como manusear os equipamentos necessários para a realização
dessa parte do trabalho. Além disso, também nos foi entregue algumas instruções para nos
ajudar desenvolver o relatório de campo;
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2.2 TRABALHO DE CAMPO

No campo foram realizadas diversas atividades, como descrever afloramentos naturais


e artificiais, classificar os tipos de rochas, como ígneas, metamórficas e sedimentares, nas
quais, em alguns casos, foram observadas falhas, fraturas, dobras, veios e sua composição
mineralógica. Foram colhidas ainda algumas amostras de rochas para serem analisadas com
mais tempo após a volta do campo.
Para a realização dessa parte do trabalho foram necessários alguns equipamentos, tais
como: GPS, bússola, trena, facão, martelo petrográfico e caderneta de campo.
 GPS - Através da utilização do aparelho GPS (Sistema de Posicionamento Global)
foi possível fazer a localização geográfica dos afloramentos;
 BÚSSOLA - A bússola serviu para nos orientar quanto ao norte e para medir a
direção de acamamentos e veios, direção do mergulho e ângulo do mergulho;
 TRENA - Com essa ferramenta foi possível ter uma noção das dimensões dos
afloramentos e medir algumas rochas;
 FACÃO - O facão serviu principalmente para facilitar o acesso aos afloramentos e
para limpar seus arredores;
 MARTELO DE GEÓLOGO - Foi usado para retirar amostras de rochas mais
resistentes para uma análise mais detalhada;
 CADERNETA DE CAMPO - Foi usada registrar o trajeto percorrido, esboçar e
descrever detalhadamente todos os afloramentos.

2.3 TRABALHO COMPILATÓRIO

Após o campo, pesquisamos em diversas fontes de conhecimento outras informações


sobre a região em estudo para serem integradas ao que conseguimos no campo e assim
produzir o relatório final, por exemplo, dados do Projeto RADAM, internet e outros. A
próxima fase foi organizar essas informações, fotografias e mapas de acordo como o
desenvolvimento do relatório.

3 GEOLOGIA REGIONAL

O quadro geológico da Folha Xambioá (SB.22-Z-B) que está inserida no Cráton


Amazônico compreende parte dos cinturões Itacaiúnas e Araguaia e da Bacia do Parnaíba,
além de coberturas aluvionares a lateríticas.
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O Cráton amazônico é uma das principais unidades tectônicas da plataforma sul-


americana, constituído pelos escudos das Guianas e Brasil central, separados pela expressiva
faixa sedimentar das bacias do Amazonas e Solimões localizado na porção norte da América
do sul, cobre uma área de aproximadamente 4.500.000 km², que incluía parte norte do Brasil,
Guiana, Guiana francesa, Suriname, Venezuela, Colômbia e Bolívia. É a norte limitado pela
margem atlântica, e em suas bordas oriental e meridional por faixas orogênicas
neoproterozóicas marginais do escudo atlântico (cinturões paraguaios-araguaia-tocantins),
geradas durante o ciclo Brasiliano. (Schobbenhaus e Brito Neves 2003).
O Cinturão Itacaiúnas ocorre, de maneira restrita, na porção oeste da folha e engloba
rochas do Complexo Xingu e do Grupo Rio Novo. Sua evolução é atribuída ao Arqueano e
caracteriza-se por um regime compressivo oblíquo com movimentação de massas rochosas.
O Cinturão Araguaia ocupa cerca de dois terços da área estudada, mostra orientação
submeridiana e abrange diversas unidades litoestratigráficas de idades arqueanas a
proterozóicas, incluindo os ortognaisses do Complexo Colméia, os granitóides do Ramal do
Lontra e os metassedimentos do Grupo Baixo Araguaia, além da Associação Máfica-
Ultramáfica Serra do Tapa. É entendido no contexto do modelo distensão-compressão
litosférica com evento deformacional progressivo, de natureza dúctil e envolvendo
movimentação de massas de ESE para WNW.
A Bacia do Parnaíba, de idade paleo-mesozóica, ocupa o terço leste da folha e
apresenta a deposição de suas diversas unidades litoestratigráficas associada a um regime
distensivo controlado pela estruturação do seu embasamento. Completam o quadro geológico
coberturas lateríticas, resultantes de processos de pediplanação pleistocênica e aluviões.

3.1 ARCABOUÇO TECTÔNICO

Segundo Veloso et al. (1974) o produto de colisão continental associado a regime


tectônico compressivo de baixo ângulo é como podemos definir arcabouço tectônico regional
delineado, que propiciou através de deslaminações e/ou imbricamentos das diversas fatias
crustais (Figura 3.1), o desenvolvimento de nappes, além de permitir a exposição, lado a
lado, de unidades de graus metamórficos diferenciados. A Folha Xambioá encontra-se no
contexto da articulação dos blocos Araguacema e Porangatu, contendo internamente parte dos
cinturões Araguaia e Itacaiúnas. Na parte leste, em faixa alongada segundo o meridiano,
dispõem-se os sedimentos da Bacia do Parnaíba. As formações superficiais, na forma de
lateritos e aluviões, ocupam indiscriminadamente partes pouco significativa do terreno.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 14

Figura 3.1: Diagrama esquemático do desenvolvimento de nappes na crosta, segundo


Weber (1985) - (A, B, C). Em D, perfil esquemático da Folha Xambioá.
FONTE: Programa Levantamento Geológicos Básicos do Brasil.

A Província Tocantins, é um extenso orógeno neoproterozóico gerado pela colisão


entre três grandes blocos continentais representados pelo Cráton Amazônico, São
Francisco/Congo e Paranapanema, este último recoberto pela bacia do Paraná e
comprovadamente confirmado através de reconstruções do Gondwana e Rodínia.
O Cráton amazônico representa uma grande placa litosférica continental, compostas
por várias províncias crustais de idades arqueanas, a mesoproterozóica, estabilizada
tectonicamente em torno de 1,0 GA, tendo se comportado como uma placa estável no
neoproterozóico, durante o desenvolvimento das faixas erogênicas marginais brasilianas
(Brito Neves e Cordani 1991).
O desenvolvimento da Faixa Araguaia coeso ao evento Brasiliano é confirmado por
datações Pb/Pb de grãos de zircão encontrados em veios graníticos intrusivos nas rochas
metassedimentares, delimitando idades de deformação entre 498 e 583 Ma (Moura e
Gaudette, 1993).
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 15

O desenvolvimento tectônico sedimentar da Bacia do Parnaíba é atribuído à


estruturação precursora relacionada aos pulsos terminais do ciclo brasiliano, responsável pela
formação de grábens distribuídos poda a bacia, com eixos orientados de nordeste a norte.
A influência desta tectônica no desenvolvimento da sedimentação pós-ordoviciano
marcou pronunciadamente as primeiras fases deposicionais na bacia (Góes et al. 1994).
Cunha (1986) reconheceu a enorme influencia dos pulsos terminais do ciclo brasiliano
cambro ordovicianos sobre a sedimentação subseqüente da Bacia Parnaíba. Em função desta
tectônica terminal, formaram-se grábens ou riftes precursores, com eixos orientados de
nordeste a norte-sul, preenchidos por sedimentos imaturos. O elemento tectônico de destaque
é a Estrutura de Xambioá, de orientação leste-oeste.
Situada no centro da Bacia, que foi uma alta depressão interna durante o Paleozóico
(Aguiar, 1969). No Mesozóico, a fragmentação do Pangea modificou o arcabouço tectônico
da bacia, passando a Estrutura de Xambioá a compor um novo eixo deposicional (Hasui et al.,
1991), alterando localmente as conformações dos estratos.

3.2 DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS

A região de Xambioá apresenta quatro principais domínios geomorfológicos:


Depressão do Araguaia, Chapadas do Meio Norte, Planalto Residual do Araguaia e Planícies e
Terraços Fluviais, que são descritas a seguir.
Depressão do Araguaia: É a área de maior distribuição espacial da folha Xambioá.
Ela caracteriza-se por altitudes médias de 200 m com caimento geral para o noroeste,
chegando a aproximadamente a 160 m na sub-bacia do ribeirão Curiacas, acompanhando a
calha do Araguaia. As maiores altitudes correspondem às formas residuais (morros
testemunhos) localizadas no inicio da depressão periférica, a oeste do front da cuesta
representada pela escarpa herdada de falha das Chapadas do Meio Norte. São formas isoladas
como os morros Azul e do Mato, cotados a 330 e 315m, respectivamente (Figuras 3.1 e 3.2).
Conforme representação geológica (CPRM, 1994), a Depressão do Araguaia
individualiza-se por estruturas metassedimentares do Proterozóico (Cinturão Araguaia), bem
como pelos denominados “domos” gnáissicos que representam o core esvaziado de antigos
anticlinais (Complexo Colméia). O contato estrutural é marcado pela seqüência estratigráfica
da Bacia do Meio Norte, representada pelas formações Pimenteira (Devoniano), Piauí
(Carbonífero), Pedra de Fogo (Permiano), Motuca (Permo-Triássico), Sambaíba (Triássico),
além dos derrames basálticos da Formação Mosquito (Triássico-Jurássico). A seqüência em
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 16

questão dispõe-se no sentido norte-sul, seguindo uma faixa que varia de 2,5 (Formação Piauí)
a 25 km (Formação Mosquito). A referida disposição tem uma extensão superior a 300 km,
abrangendo as Folhas Araguaína e Xambioá em praticamente toda extensão latitudinal. A
diversidade litológico-estrutural encontra-se seccionada pelo pediplano intermontano,
elaborado no Plio-Pleistoceno, ainda testemunhado por aplainamentos conservados ou pelo
menos preservados nos topos dos interflúvios. A primeira referência implica imposição
direcional sul norte à sub-bacia do ribeirão Lago Grande. A Depressão do Araguaia apresenta
solos Podzólicos Vermelho-amarelos Pedregosos Petroplintossolos e Cambissolos Pedregosos
subordinados. As associações de Podzólicos Vermelho-amarelos com Podzólicos Vermelho-
amarelos Pedregosos relacionam-se às formas convexizadas da seção leste associadas aos
argilitos, siltitos e arenitos da Bacia do Parnaíba. As Areias Quartzosas vinculam se ao
domínio tabular dos sedimentos areno-conglomeráticos da cobertura cretácica (Formação Rio
das Barreiras) da sub-bacia do rio Muricizal (seqüênciade entulhamento do gráben do
Muricizal). As Areias Quartzosas com Latossolos Amarelos e Latossolos Vermelho-amarelos
subordinados, situadas na seção leste da Unidade, bem como as associações de Latossolos
Vermelho-Amarelos e Latossolos Amarelos prevalecem nas sequências sedimentares das
formações Motuca, Pedra de Fogo, Piauí e Pimenteiras. Enquanto as associações de
Gleissolos e Solos Aluviais distribuem-se em diversos trechos dos vales dos rios Araguaia e
Corda e do ribeirão Muricizal. As unidades pedológicas individualizadas apresentam caráter
distrófico, o que identifica baixa troca de bases, bem como baixo teor de ferro;
Chapadas do Meio Norte: Essa unidade localiza-se na parte leste da folha Xambioá
limitando-se a Oeste com a Depressão do Araguaia. No trecho do entroncamento para Natal
(rodovia TO-010), apresenta o domínio de Cerrado. Nela observa-se a presença de sedimentos
arenosos da Formação Sambaiba, especificamente por Areias Quartzosas. Com determinada
ocorrência nota-se a presença de basalto intemperizado sotoposto por seqüências arenosas da
formação Sambaiba, favorecendo assim, ao desenvolvimento das várzeas.
Nas proximidades rio São Marinho constata-se a presença de arenitos de coloração
avermelhada, ainda relacionados à Formação Sambaiba, destacando-se a mata ciliar e a
ocorrência de babaçuais;
Planalto Residual do Araguaia: Ocupa extensa faixa longitudinal na área,
caracterizando-se pelo domínio de formas aguçadas nas serras Verde e do Sororó, todas
localizadas a Sul de Xambioá; no interflúvio entre o córrego do Zuza e o ribeirão Gameleira, e
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 17

na serra Azul, onde é interrompida pela inflexão do rio Araguaia, que continua no Estado do
Pará com o nome de serra das Andorinhas.
As Serras da Ametista, Serra do Lontra, Serra do Bodocó, Serra do Sororó e Verde, se
formaram a partir de seqüências metassedimentares proterozóicas (micaxistos, moscovita-
biotita-quartzitos, metaconglomerados, quartzitos e ortoquartzitos) do Cinturão Araguaia
(Formações Xambioá e Morro do Campo).
Os solos são predominantemente Podzólicos Vermelho amarelos Plínticos ou
Pedregrosos Distróficos e Álicos associados a Petroplintossolos Pedregosos Distróficose
Álicos, na superfície evidencia-se a presença de matacões e quartzo leitoso/mármore;
Planícies e Terraços Fluviais: Essa área corresponde a planície de várzeas que
sofrem inundações periódicas, vinculam-se também às feições ligadas a acumulação fluvial de
forma plana, levemente inclinada, apresentando ruptura de declive em relação ao leito do rio e
às várzeas recentes situada sem nível inferior, entalhada devido às mudanças de condições de
escoamento e conseqüente retomada de erosão, os denominados terraços.

Figura 3.1: Domínios tectônicos da Folha Xambioá


FONTE: Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 18

Figura 3.2: Domínios geomorfológicos da Folha Xambioá.


FONTE: Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

3.3. LITOESTRATIGRAFIA

A área apresenta-se, em termos geológicos, composta por litologias metamórficas do


embasamento cristalino e da Faixa Orogênica Tocantins-Araguaia, sedimentares da bacia do
Parnaíba, coberturas Tércio-Quaternárias e depósitos aluvionares holocênicos (CPRM, 1994;
1995).

3.3.1 Bacia do Parnaíba

A Bacia do Parnaíba está inserida na Plataforma Sul-americana, sobreposta a um


embasamento cristalino cratonizado após o término do evento Brasiliano. A sucessão de
rochas sedimentares e magmáticas da Bacia do Parnaíba pode ser disposta em cinco
sequências: Siluriana, representada pelo grupo Serra Grande (Formações Ipu, Tianguá e
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 19

Jaicós), Mesodevoniana-Eocarbonífero, descrita pelo Grupo Canindé (formações Itaim,


Pimenteira, Cabeças, Longá e Poti), Neocarbonífera-Eotriássica, concerne ao Grupo Balsas
(formações Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Sambaíba), Jurássica, representada pela
Formação Pastos Bons e a Cretácea representada pelas formações Codó, Corda, Grajaú e
Itapecuru, que são delimitadas por discordâncias que se estendem por toda bacia ou abrangem
regiões extensas.
As formações sedimentares pertencentes à Bacia do Parnaíba são as: Pimenteiras,
Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Rio das Barreiras. A Formação Pimenteiras, de idade
devoniana, encerra siltitos, folhelhos e arenitos interestratificados com níveis
microconglomeráticos a conglomeráticos. Já a Formação Piauí, de idade carbonífera,
constitui-se de arenitos feldspáticos finos a grossos com estratificação cruzada e níveis
conglomeráticos, na base, e intercalações de siltitos, argilitos, folhelhos, margas, calcários e
linhito mais para o topo. A Formação Pedra de Fogo, de idade permiana, está representada por
conglomerados polímitos com interdigitações de siltitos, folhelhos e silexitos que foram
designados de Unidade Rios das Barreiras. A Formação Motuca compreende os sedimentos
depositados entre o Permiano Superior e o Triássico. Esta formação é constituída de arenitos
com estratificação cruzada e intercalações de argilitos, folhelhos e siltitos, bem como níveis
de calcário, gipsita e anidrita.

3.3.2 Faixa Orogênica Araguaia-Tocantins

A Faixa Orogênica Araguaia-Tocantins é constituída essencialmente pelas rochas


alcalinas das Suítes Monte Santo e Serra da Estrela, cuja intrusão marcou o riftamento que
originou a formação da Bacia Araguaia (Alvarenga et al. 2000) e essencialmente pelas
formações supracrustais do Supergrupo Baixo Araguaia, dividido nos grupos Estrondo e
Tocantins. Além dessas unidades, ocorrem também corpos máficos e ultramáficos, bem como
rochas granitóides sin e tarditectônicas (Dall'Agnol et al. 1988).
A Faixa ou Cinturão Araguaia apresenta cerca de 1200 km de extensão e cerca de 100
metros de largura e foi formada no período Pré-Cambriano Superior a Médio (entre 2 e 2,5
Ga, aproximadamente). A qual é disposta em Grupos: Tocantins e Araxá, possuindo ainda um
"Serpentine Belt" ou cinto serpentino. Seus fáceis metamorfitos exibem fácies metamórficas
crescentes no sentido de oeste para leste. O "Serpentine Belt" é um importante evento ligado à
evolução do geossinclinal, parecendo corresponder ao cinturão de rochas ultrabásicas de
Goiás que se prolongaria rumo ao norte.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 20

Pertencentes à Faixa Orogênica Araguaia-Tocantins encontram-se litologias do Grupo


Estrondo (Formações Morro do Campo e Xambioá) e rochas básico-ultrabásicas. Quartzitos
puros a moscovíticos e quartzo xistos micáceos, localmente feldspáticos, compõem litologias
da Formação Morro do Campo. A formação Xambioá contempla moscovita-biotita-quartzo
xistos e calci-biotita-quartzo xistos, feldspáticos, localmente granatíferos e grafitosos com
lentes de anfibolitos. As rochas básico-ultrabásicas constituem-se de serpentinitos e
serpentinitos silisificados, com rochas sílico-carbonatadas associadas. Localmente, ocorrem
cloríta-talco xistos e cloríta-tremolititos. [INPE].

3.3.3 Área do Cráton do Guaporé

O Cráton Amazônico é uma das maiores áreas cratônicas do mundo que abrange uma
superfície de aproximadamente 4,3 x 105 km², localizado na região norte do Brasil, no
contexto da Plataforma Sul-americana. Foi formado no período Pré-Cambriano superior B,
datado a aproximadamente 1.380 Ga.
A área cratônica Brasil Central foi submetida a eventos orogenéticos e epirogenéticos,
responsáveis por estabelecer o ciclo tecnomagmático. Sobre essa área cratônica foi depositada
uma sequência de rochas ricas em ferro, representada por jaspilitos hematíticos, itabiritos,
metabasitos espilíticos, dobrados e falhados.
Foram identificadas duas fases orogênicas: uma marginal Araguaia-Tocantins e outra
que reativou o Complexo Xingu e dobrou as rochas Grão-Pará, estabelecendo falhamentos e
fraturamentos com direção N 30° W e N 40° E, e cuja direção de esforço primário se pode
supor ao redor de N 20° e E (NNE). Nesta última, as principais estruturas formadas foram o
sinclinório de Carajás e sinclinal da Tocandera com direção e caimento para NW. O evento
magmático deste estágio corresponde ao "emplacement" de granitos pós-cinemáticos do tipo
Granito da Serra dos Carajás, com 1800-200 Ma.
Essa porção do Cráton evoluiu para o estágio do "quasicraton" ou do "vulcanismo
subsequente" depois de cessados os movimentos diastróficos, manifestando-se então intensos
falhamentos. Nas bacias intermontonas acumulou-se uma sedimentação pelítica com estratos
de material carbonoso. Durante a fase do vulcanismo houve o "emplecement" de granitos,
granófiros, com feições circulares, cratogênicos, mineralizados em cassiterita, topázio e
tentalita. Esta fase vulcano-sedimentar é representada pelo Grupo Uatumã. Após um episódio
erosional começou a ser depositada uma sequência continental denominada Formação
Gorotire, sobreposta discordantemente pela Formação Triunfo de igual caráter.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 21

3.4 DIAGNÓSTICO GEOECONÔMICO

Na Folha Xambioá foram catalogados 48 jazimentos minerais, em sua maioria


ocorrências e/ou garimpos abandonados. Foi cadastrada uma única jazida (mármore), cuja
lavra encontrava-se em fase final de instalação para produção de pó calcário de uso agrícola.
Somente dois garimpos, em setembro/91, estavam em atividade, ambos dedicados à
exploração de cristais. Os cristais de quartzo podem formar acumulações colúvio-eluvionais
(garimpos da cidade de Xambioá, Manchão do Meio e Chapada). Tais depósitos foram objeto
dos principais garimpos durante as décadas de 50/60, mola de um impulso no
desenvolvimento regional da época. (Schalka, 2008)
Ocorrências de cristal-de-rocha foram inclusas como não-metálicos, por destinarem-se
principalmente para a indústria eletro-eletrônica, ainda que tenham aproveitamento
secundário como pedra semipreciosa. Os principais núcleos habitacionais regionais utilizam-
se de materiais básicos para construção civil, obtidos em sua maioria nos rios, ri beirões e
córregos da região.
Em relação a pedras preciosas foram catalogadas seis ocorrências de diamante, todas
relacionadas com depósitos aluvionares lavrados por métodos de garimpagem. É uma
atividade intermitente de pequena expressão, haja vista que, durante o período de campo,
somente um garimpo estava em franca atividade (Ribeirão das Lajes). Informações verbais
obtidas em Xambioá relatam que as cachoeiras do rio Araguaia são exploradas eventual e
esporadicamente, destacando-se as de São Miguel, Santa Cruz e Santa Isabel. A produção é
muito irregular e pequena, e os registros são quase nulos, limitando-se a informações de
moradores da região.
O cenário da mineração no Estado do Tocantins passou por uma mudança significativa
em 2008, notadamente nos nove primeiros meses do ano, com um aumento considerável no
número de áreas requeridas para pesquisa mineral, o que levou o Estado a ocupar a 4ª posição
nacional nesse quesito. A maior parte desses requerimentos é voltada para minério de ferro,
níquel, cobre e ouro e sustenta-se basicamente em dois fatores: o reconhecimento pela
indústria mineral do potencial do Tocantins e os elevados preços das commodities minerais
nos últimos anos. O exame do mapa geológico da CPRM (1994) mostra a variedade de bens
minerais que ocorrem na área, a exemplo do ferro, do níquel, da ametista, do cristal de rocha,
do calcário, do diamante, dentre outros.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 22

3.5 EVOLUÇÃO GEOLÓGICA

A evolução do Cráton Amazônico, segundo Santos (2003) e Tissinari e Macambira


(2004), é resultante de sucessivos episódios de acresção crustal durante o paleo e
mesoproterozóico, em volta de um núcleo mais antigo, estabilizado no final do arqueano.
O Cinturão Araguaia é uma importante feição geotectônica da Província Estrutural de
Tocantins, desenvolvida durante a amalamação do supercontinente Gondwana Ocidental no
Neoproterozóico. O cinturão está situado na borda leste do Cráton Amazônico e limita dois
segmentos crustais distintos: a leste ocorrem terrenos afetados pelos eventos termos-
tectônicos decorrentes da amalgamação do Gondwana (ciclo Pan-africano ou Brasiliano) e a
oeste, terrenos que não mostram evidências de atuação destes eventos.
Estudos geocronológicos revelaram que as rochas do Cinturão Araguaia repousam
sobre um embasamento de idade arqueana ao norte, e de idade paleoproterozóica ao sul.
Adicionalmente, eles revelaram a presença de basaltos com estrutura almofadada, situados na
porção mais oeste do Cinturão Araguaia, com cristais de zircão (herdados) de 2.05 Ga. Estes
dados sugerem que a contribuição de material crustal, paleoproterozóico pode ter sido
importante e que as rochas setassedimentares do cinturão podem ter tido áreas fontes de
idades distintas.
O desenvolvimento tectônico sedimentar da Bacia do Parnaíba é atribuído à
estruturação precursora relacionada aos pulsos terminais do ciclo brasiliano, responsável pela
formação de grábens distribuídos poda a bacia, com eixos orientados de nordeste a norte.
A influência desta tectônica no desenvolvimento da sedimentação pós-ordoviciano
marcou pronunciadamente as primeiras fases deposicionais na bacia (Góes et al. 1994).
Cunha (1986) reconheceu a enorme influência dos pulsos terminais do ciclo brasiliano
cambro ordovicianos sobre a sedimentação subsequente da Bacia Parnaíba. Em função desta
tectônica terminal, formaram-se grábens ou riftes precursores, com eixos orientados de
nordeste a norte-sul, preenchidos por sedimentos imaturos.
O elemento tectônico de destaque é a Estrutura de Xambioá, de orientação leste-oeste.
Situada no centro da Bacia, que foi uma alta depressão interna durante o Paleozóico (Aguiar,
1969). No Mesozóico, a fragmentação do Pangea modificou o arcabouço tectônico da bacia,
passando a Estrutura de Xambioá a compor um novo eixo deposicional (Hasui et al. 1991),
alterando localmente as conformações dos estratos.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 23

4 GEOLOGIA LOCAL

Para organizar de maneira eficiente todas as informações obtidas durante a Prática de


Campo de Geologia Geral, optamos por dividir este conteúdo em subitens, sendo um para
cada função específica, a saber: Descrição das Unidades; Interpretação dos Dados e
Correlação com os Dados Regionais. Cada subitem tratará essencialmente das unidades
geológicas estudadas e citadas ao longo deste trabalho de acordo com suas características,
sendo: (I) Cráton Amazônico; (II) Faixa Araguaia e (III) Bacia do Parnaíba.

4.1 DESCRIÇÃO DAS UNIDADES

Unidade I: Foi observado no afloramento artificial de corte de estrada ao longo da BR 153,


sentido Xambioá-Araguaína, com dimensões de aproximadamente 8 metros de altura por 300
metros de comprimento. O paredão apresentava variação de cor cinza e amarela e alternância
de faixas horizontais de coloração rosa avermelhada. Apresentava fratura e falhas verticais,
horizontais e diagonais e no decorrer do afloramento foi observado veios de quartzo. Foram
encontrados na área os minerais pirita, moscovita, biotita em rochas como gnaisse, de para e
orto derivação, migmatito e granito (Figuras 4.1 e 4.2).

Figura 4.1: Afloramento artificial, de corte de estrada, caracterizado por apresentar


gnaisses e migmatitos e por possuir falhas e fraturas. Margem esquerda da BR-153, no sentido
Xambioá-Araguaína. Coordenadas geográficas: S 06º 26,042’ W 48º 31,325’ - Ponto 8.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 24

Figura 4.2: Continuação do afloramento anterior, olhado do outro lado da rodovia.


As características são semelhantes. Margem direita da BR-153, no sentido
Xambioá-Araguaína. Coordenadas geográficas: S 06º 26,042’ W 48º 31,325’ - Ponto 8.

Unidade II: Foi observada em outro afloramento, localizado na rodovia TO 164, de


ocorrência natural de beira de estrada, a presença de rochas metamórficas e sedimentares. No
local o solo apresentava coloração alaranjada com a presença de moscovita xisto (Figura 4.3).

Figura 4.3: Afloramento natural de beira de estrada, caracterizado pela presença


de rochas metamórficas e sedimentares e por possuir coloração alaranjada.
Margem esquerda da TO 164, no sentido Xambioá-Wanderlândia.
Coordenadas geográficas: S 06º 59,320’ W 48º 25,270’ - Ponto 1.

No local ainda foram encontrados lateritos - solo endurecido - com dimensões de


aproximadamente 55 x 80 cm, oriundos de afloramento natural de blocos rolados, compostos
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 25

por clastos de quartzito, quartzo e mica xisto imersos em matriz fina de cor marrom e preto,
com predominância de matriz sobre clastos (Figura 4.4).

Figura 4.4: Lateritos (solo endurecido) em afloramento de origem natural de blocos


rolados com coloração amarronzada e a preto. Margem esquerda da TO-164, no sentido
Xambioá-Wanderlândia. Coordenadas geográficas: S 06º 59,320’ W 48º 25,270’ - Ponto 1.

Em outro afloramento natural de coloração cinza esverdeada foram encontrados


blocos de dimensões de 2 metros de comprimento por 90 cm de altura, de rocha granada-
biotita-moscovita xisto (Figura 4.5) e a mais ou menos 1 km desse ponto foi encontrado outro
afloramento natural in situ do mesmo tipo de rocha exposta parcialmente com veio de quartzo
discordante com dimensões de aproximadamente 15 x 0,08 metros (Figura 4.6).

Figura 4.5: Afloramento natural de blocos rolados, caracterizado pela presença


de rocha metamórfica granada-biotita-moscovita xisto.
Margem direita da TO-164, no sentido Xambioá-Wanderlândia.
Coordenadas geográficas: S 06º 44,182’ W 48º 36,183’ - Ponto 4.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 26

Figura 4.6: Veio de quartzo imerso discordantemente em rocha metamórfica.


Ângulo de Mergulho: 80º SE; Direção: 26º; Direção do Mergulho: 116º.
Margem esquerda da TO-164, no sentido Xambioá-Wanderlândia.
Coordenadas geográficas: S 06º 44,182’ W 48º 36,183’ - Ponto 4.

Na rodovia TO-164, foram observadas rochas de um afloramento natural, por blocos


rolados de migmatitos, com dimensões que chegam a aproximadamente 131 x 137 cm, de cor
preta, cinza e amarela, com várias dobras (Figura 4.7). Junto aos migmatitos percebeu-se,
ainda, a presença de outras rochas, como gnaisses e tonalitos.

Figura 4.7: Afloramento natural constituído por blocos rolados, caracterizado pela presença
de migmatitos, gnaisses e tonalitos. Margem direita da TO-164, no sentido
Xambioá-Wanderlândia. Coordenadas geográficas: S 06º 31,067’ W 48º 35,250’ - Ponto 6.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 27

Outro afloramento observado na rodovia TO-164, com dimensões de


aproximadamente 7 x 100 metros de coloração marrom acinzentado e branco. A área
apresentava rocha argilito caulinizado e muitas falhas (Figura 4.8).

Figura 4.8: Afloramento artificial de corte de estrada, caracterizado por possuir


coloração marrom acinzentado e branco e pela presença de falhas normais.
Margem direita da TO-164, no sentido Xambioá-Wanderlândia.
Coordenadas geográficas: S 06º 36,520’ W 48º 37,900’ - Ponto 5.

Afloramento artificial de corte de estrada de coloração rosa avermelhada com


dimensões de aproximadamente 30 x 200 metros. O paredão é constituído por rochas
metassedimentares de material bem selecionado de granulação fina, compostos por quartzito,
talco, veios de quartzo, moscovita, siltito e arenito.

Figura 4.8: Afloramento artificial de corte de estrada, caracterizado por possuir


coloração rosa avermelhada e pela presença de quartzito, talco, veios de quartzo.
Margem esquerda da TO-164, no sentido Xambioá-Wanderlândia.
Coordenadas geográficas: S 06º 29,655’ W 48º 34,692’ - Ponto 7.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 28

Na área foi observada a estrutura pós-deposicional, denominada gretas de contração,


onde a água presente no solo evaporou, contraindo e formando as rachaduras. Foi possível
perceber o registro de pequenas marcas da última chuva na sua estrutura (Figura 4.9).

Figura 4.9: Estrutura pós-deposicional, denominada gretas de contração, caracterizada por


apresentar rachaduras por conta da evaporação da água que havia antes no local.
Faz. Las Vegas, margem esquerda da TO-164, no sentido Xambioá-Wanderlândia.
Coordenadas geográficas: S 06º 41,900’ W 48º 31,803’- Ponto 2.

Unidade III: Outro ponto de estudo, foi o afloramento com dimensões de aproximadamente
3,5 x 300 metros. O solo da área apresentava coloração avermelhada (Figura 4.10). No local
havia uma quantidade expressiva de moscovita e rochas como quartzito, argilito e
conglomerados (Figura 4.11). No topo do barranco há a seleção de clastos para a formação de
conglomerados e no meio há duas faixas pretas.

Figura 4.10: Afloramento artificial de corte de estrada, caracterizado por possuir


solo avermelhado por conta da quantidade expressiva de ferro no local.
Margem direita da BR-153, no sentido Xambioá-Araguaína.
Coordenadas geográficas: S 06º 29,117’ W 48º 28,204 - Ponto 10.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 29

Figura 4.11: Amostra de mão, no mesmo afloramento da Figura 4.9, mostrando que no local
foram encontrados conglomerados. Margem direita da BR-153, no sentido Xambioá-Araguaína.
Coordenadas geográficas: S 06º 29,117’ W 48º 28,204 - Ponto 10.

Em outro afloramento artificial de corte de estrada às margens na rodovia BR-153,


com dimensões de aproximadamente 1,5 x 6 metros, foi observado solo de coloração
alaranjada, marrom e acinzentada, onde se notou a presença de moscovita, mica xisto, basalto
e de um veio de quartzo (Figura 4.12).

Figura 4.12: Afloramento artificial de corte de estrada, caracterizado por apresentar moscovita
e por possuir basalto e veio de quartzo no local. Margem direita da BR-153, no sentido
Xambioá-Araguaína. Coordenadas geográficas: S 06º 28,751’ W 48º 29,537 - Ponto 10.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 30

4.2 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Unidade I: No afloramento cujas coordenadas são S 06º 26,421’ W 48º 31,325’, foram
encontrados rochas metamórficas como gnaisses, migmatitos e rochas ígneas como granito.
As rochas do tipo gnaisses do afloramento são de protólitos sedimentar, na qual a moscovita
sofreu processo de recristalização confirmando a teoria da mesma. O paredão possui faixas de
cores predominantemente rosa devido à presença de feldespato-K, possui também coloração
cinza de composição máfica (parte mais escura) e cores amarelo e branco de origem félsica
(partes mais clara). Já o migmatito (félsicos que se fundem e os máficos recristalizam),
consiste de porções claras e escuras, sendo que as porções claras apresentam um aspecto
ígneo e as porções escuras exibem feições metamórficas, como bandamento, alinhamento
mineral, foliação e dobras.
As falhas e fraturas são devidas ao tectonismo da área de momentos distintos e como o
paredão é artificial algumas fraturas e falhas podem ter sido causadas pela ação humana com
o uso de explosivo para a abertura da rodovia.

Unidade II: Nesta unidade geológica encontram-se rochas metamórficas do tipo moscovita
xisto, granada-biotita-moscovita xisto, migmatitos e minerais de quartzo.
A referida unidade, cujas coordenadas geográficas são S 06º 59,320’ W 48º 25,270’,
apresenta rochas metamórficas, como moscovita xisto de baixo grau bastante intemperizada e
dispersa no terreno. Outras rochas encontradas na área foram os lateritos denominados
paraconglomerados polimíticos de blocos rolados desagregados da rocha matriz. O solo da
área apresenta coloração avermelhada devido à oxidação dos íons de ferro.
As rochas metamórficas do tipo granada-biotita-moscovita xisto são de origem
sedimentar por conta da moscovita em sua composição. Ao atravessar a rodovia, próximo ao
local, localizado segundo as coordenadas S 06º 48,782’ e W 48º 36. 183’encontrou-se um
veio de quartzo discordante na rocha por um processo distensivo na qual os minerais de
quartzo preencheram a fratura da rocha dando origem o veio.
Outro litotipo, encontrado nessa unidade geológica foi o migmatito que é uma rocha
de protolito ígneo, onde as partes claras são félsicas e as escuras são máficas. Essas rochas
metamórficas de alto grau foram soerguidas dentro da faixa por atividade tectônica.
O metamorfismo dessa unidade é progressivo, devido ao aumento do gradiente de
temperatura e pressão, onde é evidenciado através do primeiro ponto visitado de moscovita
xisto de baixa temperatura e pressão e variando ao mais alto grau até ao migmatito.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 31

Unidade III: Nesta unidade, após observar a região, percebeu-se que a área é extremamente
rica em ferro, pois o solo, que apresenta uma coloração avermelhada, é oriundo de sucessivos
derrames de lava rica em ferro, de composição máfica, que entraram em contato com arenitos.
A partir do derrame basáltico percebeu-se que houve um metamorfismo de contato
desencadeado pelas altas temperaturas da lava que alteraram a superfície do arenito. No
entanto, o arenito não alterado por apresentar granulometria bastante fina, então, leva-nos a
concluir que o agente de transporte foi o vento.
Além disso, na área encontram-se outros tipos de rocha, tais como, sedimentares do
tipo ortoconglomerado (pouca quantidade partindo do todo) e há a seleção de clastos para a
formação de conglomerados e rochas metamórficas como moscovita xisto intemperizada,
basalto e quartzo dispersos no solo.

4.3 CORRELAÇÃO COM A GEOLOGIA REGIONAL

Unidade I: Essa unidade é divida por várias províncias e domínios geomorfológicos e é


conhecida como Cráton Amazônico. Nesta unidade foram encontradas rochas metamórficas
de baixo grau como filitos, de grau intermediário como xistos, gnaisses e a até de grau alto
como migmatitos. O afloramento está de acordo com o esperado, pois, no Cráton Amazônico
são encontradas rochas arqueanas, metamórficas e nos pontos visitados foi possível perceber
que eram rochas muito antigas e rochas que sofreram recristalização.

Unidade II: Esta unidade trata dos afloramentos que fazem parte da Faixa Orogênica
Araguaia-Tocantins, que apresentam rochas metamórficas como xistos e metassedimentares
como metaconglomerados. A presença de rochas sedimentares na faixa é explicada pela
presença de uma bacia sedimentar que foi invertida tectonicamente acompanhada de
transporte de massa. As rochas metamórficas presentes na faixa são resultado da colisão
continental associado a regime tectônico compressivo de baixo ângulo, que propiciaram
através de deslaminações e/ou imbricamentos das diversas fatias crustais, o desenvolvimento
de nappes, além de permitir a exposição de unidades de graus metamórficos diferenciados.

Unidade III: Nesta unidade, os afloramentos são referentes à Bacia do Parnaíba, onde
predominam as rochas sedimentares. No entanto, em alguns afloramentos visitados, notou-se
que no passado houve derrames basálticos sobre rochas sedimentares e rochas
metassedimentares. Foram encontradas rochas sedimentares sob um derrame basáltico. Elas
foram formadas no paleozóico decorrente de um regime de tectônica germanótipa que
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 32

reativou antigas zonas de fraqueza, que possibilitaram a deposição dos sedimentos da Bacia
do Parnaíba. Durante o triássico esse regime continuou condicionando a extrusão de lavas
basálticas na Bacia do Parnaíba.
Os afloramentos visitados desta unidade correspondem com a literatura da Bacia do
Parnaíba por apresentar cobertura laterítica, rochas metassedimentares e derrame basálticos.

5 CONCLUSÃO

Dentre os vários benefícios alcançados durante a Prática de Campo de Geologia Geral,


sem dúvidas, o de nos proporcionar ampliar e praticar os conhecimentos teóricos já adquiridos
em sala de aula, ao longo da disciplina Geologia Geral, merece destaque. Além disso, durante
o trabalho de campo foi possível identificar na prática os minerais presentes nas rochas que
compõem os afloramentos, compreender seus aspectos geológicos e os eventos que ocorreram
no passado na região de Xambioá, por exemplo, a constituição do Cráton Amazônico, da
Faixa Araguaia-Tocantins e da Bacia do Parnaíba.
Foi possível, ainda, após a visita ao campo, fazer um levantamento sobre o contexto
geológico regional e local, onde conseguimos reunir uma quantidade expressiva de
informações, as quais foram juntadas aos nossos dados obtidos no campo e posteriormente
foram organizados e distribuídos neste relatório.
Durante o período da prática de campo visitou-se um local de exploração de calcário,
entretanto, não foi possível estudá-lo, pois este, infelizmente, estava ínvio por estar encoberto
por um material inconsolidado.

6 RECOMENDAÇÕES

Não há dúvidas de que a Prática de Campo de Geologia Geral é uma atividade muito
importante, que contribui para ampliar nossos conhecimentos. Por isso, a partir dessa visão,
pensando nas próximas turmas do curso de Geologia que estão por vir, recomendamos
algumas ideias que podem enriquecer essa atividade e deixá-la ainda mais produtiva, a saber:

 Maior disponibilidade de materiais didáticos de campo (GPS, bússola, lupa, e outros);


 Alteração do período da Prática de Campo de 2 para 3 ou mais dias;
 Aumento do número de instrutores/monitores.
Relatório da Prática de Campo de Geologia Geral - Página 33

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CPRM. Projeto Xambioá. Folha Xambioá SB.22-Z-B. Disponível em:


< http://www.cprm.gov.br/>. Acesso em: 22 ago. 2011.

 CUNHA, F. M. B. 1986. Evolução Paleozóica da Bacia do Parnaíba e seu Arcabouço


Tectônico. Rio de Janeiro. 107 p. (Dissertação de Mestrado, UFRJ).

 MENK, J. R. F. et al 2002. Solos, Folha SB.22-Z-B (Xambioá).


Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins - SEPLAN

 NASCIMENTO, M. A. L. S. et al 2004. Geomorfologia, Folha SB.22-Z-B (Xambioá).


Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins - SEPLAN

 PREFEITURA DE XAMBIOÁ. Como Chegar. Disponível em:


<http://www.xambioa.to.gov.br/Dados%20da%20Cidade.htm>. Acesso em: 20 ago. 2011.

 PREFEITURA DE XAMBIOÁ. Dados da Cidade. Disponível em:


<http://www.xambioa.to.gov.br/Dados%20da%20Cidade.htm>. Acesso em: 20 ago. 2011.

 ROSATELI, J. S. et al. PROJETO RADAM. Levantamento Exploratório de Solos da


Folha SB.22 Araguaia e parte da Folha SC.22 Tocantins. Palmas

 VELOSO, H. P. et al. PROJETO RADAM. Estudo Fitogeográfico da área abrangida pelas


Folhas de SB.22 Araguaia e SC.22 Tocantins. Palmas,

 SILVA, F. F. et al. Prática de Campo em Geologia Estrutural. Marabá, 2010.

 WIKIPÉDIA. Xambioá. Disponível em:


< http://pt.wikipedia.org/wiki/Xambio%C3%A1>. Acesso em: 22 ago. 2011.

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