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Estou apenas começando o estágio correspondente, mas posso dizer, a partir da convivência

docente e de outros estágios, que o problema em relação à reflexão sobre a práxis educacional
não se situa em uma perspectiva individual de cada educador. Ou seja, não entendo que
devamos ficar relacionando que percebemos professores dedicados, que amam a profissão e
que fazem de tudo para uma prática consequente com os alunos e professores desanimados,
alienados, que apenas cumprem uma cartilha pré-estabelecida e diante desta observação, que
é apenas aparência de realidade, elaborar uma conclusão no sentido de aprender com os
professores supostamente dedicados. Penso que não estamos tomando os conceitos de forma
rigorosa, pois estaríamos descurando do próprio processo de "ação-reflexão-ação". Não
estamos problematizando a prática docente, de ensino e aprendizagem destacando as
qualidades individuais de certos professores, deixando de entender as razões de muitos
professores terem perdido o encanto com o ambiente da sala de aula, conduzindo sua prática
através de uma mesmice sem correspondencia com a realidade dos educandos. Precisamos,
para sermos consequentes com a teoria estudada, sair desta aparência da realidade e
mergulhar em sua essência, ou seja, a inexistência de espaços institucionais para a realização
efetiva da dinânica de "ação-reflexão-ação". Enfim, não podemos jogar a responsabilidade de
um processo educacinal na dependencia da boa vontade de professores, quando a grande
maioria precisa trabalhar em várias escolas, não dispondo de momentos efetivos de reflexão
sobre sua própria forma de relação com os alunos, o que vai gerando um comodismo
institucional. Por outro lado, visitando creches em minha cidade pude perceber a dificuldade
da concretização daquilo que Beatriz Freitas relata: " É preciso valorizar a exploração e a
manipulação, investindo em materiais que possibilitem isso, como os brinquedos". Sem estas
condições mínimas como esperar que educadores possam efetivar o ato de ensinar e cuidar
garantindo situações de desenvolvimento pedagógicos quando o próprio professor não
vivencia estes elementos de desenvolvimento? Neste sentido, precisamos resgatar a dimensão
mais fundamental do ato de ensinar: a transformação das existências, das condições sociais,
das injustiças, do desamor, da violência, da deslealdada, como afirma Paulo Freire em
Pedagogia da Autonomia (1996, pg. 40). Ou seja, sem uma ação-reflexão-ação da própria
política educacional mais geral, nas suas condições básicas e estrutrurais não teremos uma
práxis que efetivamente possa formar sujeitos transformadores e autônomos. Espero que o
estágio possa incorporar novas dimensões a estas minhas questões e dúvidas.

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