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Caro Godart, Boa Noite.

Parabéns pela brilhante mensagem e por ter investido tempo em desenvolver o material referente a esse
pertinente tema.

O diminuto tamanho dos estribos suplementares (grampos, açougueiros, etc) pode mascarar a extrema
importância dessas armaduras na segurança de nossas estruturas: sem elas, barras de armadura distantes
de nós de estribo de pilares estariam praticamente desprotegidas à flambagem. Pequenos detalhes podem
fazer toda a diferença.

Analisando o seu exemplo, fiquei curioso por analisar a relevância dos estribos suplementares no consumo
de aço. Os resultados são interessantes, veja:

Ou seja, no pilar utilizado no seu exemplo, o processamento considerando que os grampos NÃO envolvem
estribos, gera economia na armadura longitudinal de cerca de 7%. Por outro lado, dada a necessidade de
maior quantidade de estribos suplementares (grampos), a armadura transversal (grampos+estribos) tem
consumo adicional de cerca de 43%. No final das contas, o consumo na armadura longitudinal, embora
inferior em pontos percentuais relativos, é maior em termos absolutos, o que significa que, na verdade o
pilar se torna cerca de 3% mais econômico. A economia se dá ao fato de que, ao não abraçar os estribos
principais com os estribos suplementares, ganha-se largura útil no pilar no valor de duas bitolas de estribo.

Naturalmente, esses valores são válidos apenas para o caso particular analisado. O pilar em questão é
relativamente “robusto”, em que relação entre as dimensões X e Y vale 80/30=2.67 .

Ao se realizar a mesma análise em um pilar mais alongado, por exemplo de dimensões 30x150, tem-se
resultados diferentes.

Ou seja, nesse outro exemplo, de um pilar mais alongado e com menor taxa de armadura, em vez de
economia, tem-se consumo adicional de aço, pois a representatividade do peso de estribos no peso total de
armaduras é maior. No caso segundo exemplo, embora se tenha tido economia de cerca de 3% na
armadura longitudinal, o consumo de adicional de armadura transversal, devido à maior quantidade de
estribos suplementares, supera a economia, o que resulta em consumo adicional de aço em cerca de 11%.
Foi escolhido um arranjo de bitola pequena propositadamente, apenas para evidenciar o aumento na
quantidade de grampos, pois existe solução mais adequada para tal pilar, com bitolas maiores e menor
quantidade de barras.
Portanto, acredito não haver uma resposta conclusiva em relação ao impacto no consumo de aço pelo fato
de os estribos suplementares envolverem ou não os estribos principais. Naturalmente, SEMPRE haverá
economia na armadura longitudinal ao não se envolver os estribos principais com os grampos, pois há
aumento de largura útil, porém, dependendo da geometria e carregamento do pilar, essa economia na
armadura longitudinal pode não ser suficiente para compensar o consumo adicional de grampos.

Em análises rápidas, tenho verificado que, em pilares com elevada taxa de armadura longitudinal o
consumo de grampos é relativamente de pouca significância, ao passo que, em pilares com baixa taxa de
armadura longitudinal, principalmente em arranjos de bitolas pequenas, a significância dos estribos
suplementares no consumo total de aço pode ser bastante elevada.

A questão do consumo, do meu ponto de vista, tem relevância, mas creio ser secundária, quando analisada
ao lado de fatores como: facilidade de execução e, mais importante, exequibilidade em obra conforme
projeto.

Do ponto de vista técnico, achava interessante a possibilidade que a NBR6118:2007 dava de os estribos
suplementares envolverem os estribos principais, pois essa opção gera pilares menos “congestionados”, o
que possibilita uma concretagem mais eficiente. Por outro lado, se o projetista conta com o detalhe dos
grampos envolvendo os estribos para proteger as barras à flambagem, é enorme a responsabilidade da
obra de seguir o detalhe à risca, de modo a garantir a segurança da estrutura.

O fato é que a revisão 2014 da NBR6118 prescreve que o estribo suplementar deve envolver a BARRA
LONGITUDINAL. É norma, logo, pelo CDC, é lei.
Portanto, é de se esperar, conforme a revisão atual da norma, pilares com maior quantidade de estribos
suplementares, já que, para cada par de barras distântes mais de 20 bitolas de estribo de um nó, será
necessário um novo grampo.

Uma alternativa para evitar quantidade excessiva de grampos em pilares mais alongados seria utilizar
estribos retangulares fechados menores e entrelaçados.

Gostaria de saber se os colegas tem maiores informações sobre o motivo pelo qual a opção anterior foi
removida da norma. Será para tornar menor a possibilidade de erro contra a segurança durante a
execução?

Sds,
--
Eng. Marcelo S. Carvalho
Fortaleza - CE

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