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ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA:
DIFERENTES POSSIBILIDADES
UIA 2 | DESORDEM E OS DESAFIOS NO APRENDIZADO
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SUMÁRIO
Durante as sessões aplicamos alguns testes, aqui optamos pelas provas operatórias pela necessidade
específica deste caso, a indicação de Deficiência Intelectual (DI). É importante salientar que não
consideramos nenhuma bateria de teste perfeita, devemos levar em consideração o momento de vida do
sujeito, as questões emocionais envolvidas em um momento de teste, as condições que podem alterar
um resultado, como por exemplo, se o sujeito dormiu bem na noite anterior ao teste, se teve uma boa
alimentação, se está em um momento de luto, ou atípico do seu cotidiano, se o local da aplicação do
teste é adequado, enfim, consideramos que devemos aplicar os testes dependendo das hipóteses
levantadas e com um olhar muito crítico e apurado levando em consideração as variáveis que podem
interferir em um resultado.
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Histórico de uma doença feito pelo médico com base nas informações colhidas com o paciente.
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Cuidados que o terapeuta precisa tomar na aplicação dos testes (WEISS, 2001):
As dificuldades escolares de J. poderiam estar relacionadas a uma série de fatores, inclusive emocionais,
devido a sua história de vida, logo precisávamos confirmar ou descartar a questão da DI. Utilizamos em sua
avaliação testes específicos da área psicopedagógica, mantendo a ética profissional que nos é devida.
Weiss (2002) aponta que as provas do diagnóstico operatório determinam o grau de aquisição de
algumas noções chaves do desenvolvimento cognitivo, tais como: noção de tempo, espaço, conservação,
causalidade, número, etc. Além do nível de pensamento alcançado pelo sujeito, ou seja, como opera a
estrutura cognoscitiva (conhecimento).
Devemos ser muito criteriosos com esta avaliação, pois Piaget,
pontua os estágios de desenvolvimento atrelados a idade
cronológica, porém devemos analisar também o contexto em que o
sujeito se desenvolve, pois a falta de mediação ou privação cultural
pode interferir diretamente no desenvolvimento cognitivo do sujeito.
J. apresentou dificuldades para responder as questões realizadas
durante a aplicação das provas. Na prova de conservação das
quantidades de líquidos (transvazamento) ele respondeu que havia
mais líquido no frasco mais comprido, porém com a mediação percebeu que mesmo o recipiente sendo
diferente a quantidade continuava a mesma.
Vamos procurar estabelecer relações entre as provas operatórias e os conceitos matemáticos
apresentados na unidade anterior, dessa forma ficará mais clara a análise da estruturação do pensamento
de J. Cabe lembrar que essas provas já foram descritas aqui e que nessa unidade vamos relatar esse
estudo de caso no intuito de fazermos uma relação entre teoria e prática. Para aprofundar tais
conhecimentos, basta seguir a indicação bibliográfica.
Em um primeiro momento J. apresentou respostas não conservativas, mas, a medida em que íamos
mediando, perguntando e o levando a refletir, ia aumentando sua articulação nas respostas. Ao final da
aplicação das provas operatórias constatamos que J. encontrava-se no estágio operatório concreto,
quando já poderia, na verdade, estar operando no hipotético- dedutivo. O teste em que J. foi avaliado e
que pontuou o déficit intelectual foi o Raven.
Vida Familiar Habilidade necessária para uma adequada funcionalidade no lar: cuidados
domésticos, participação na dinâmica familiar, convívio e bom relacionamento.
Autonomia Habilidade para fazer escolhas, tomar iniciativa, planejar e cumprir tarefas,
defender-se e resolver problemas.
Saúde e Habilidade para cuidar da própria saúde e segurança visando o seu bem estar e
Segurança proteção.
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Abreviatura que significa Quoeficiente de Inteligência. Se trata de um fator que mede a inteligência das pessoas com base nos
resultados de testes específicos. Os níveis de inteligência são classificados com base no resultado do teste, de acordo com a
escala: Igual ou superior a 130: Superdotação; 120 - 129: Inteligência superior; 110 - 119: Inteligência acima da média; 90 - 109:
Inteligência média; 80 - 89: Normal fraco; 70 - 79: Limite da deficiência; Igual ou inferior a 69: Deficiente Intelectual.
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Lazer Habilidade para participar de atividades de lazer individual e coletivo com prazer e
adequação.
CAUSAS PRÉ-NATAIS ADQUIRIDAS - que incidem desde a concepção até o início do trabalho de parto:
• Desnutrição materna;
• Má assistência à gestante;
CAUSAS PERINATAIS - que incidem desde o inicio do trabalho de parto até os primeiros dias de vida do bebê:
• Hipóxia ou Anóxia;
• Incompatibilidade RH.
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Campo do conhecimento que estuda as origens e causas das coisas.
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• Acidentes;
Ao retomar o caso J., percebemos que J. não contempla todos os critérios para um enquadramento de
Deficiência Intelectual. Nesse caso podemos levar em consideração os tratamentos a que J. foi
submetido, alguma lesão como sequela da meningite, mas, mesmo assim, não percebemos nenhum
comprometimento nas áreas supracitadas como mostra o texto da Deficiência Intelectual.
Pelo exposto acima, podemos perceber a importância de uma avaliação bem fundamentada, pois não só
apontará um prognóstico favorável, bem como havendo equívocos em uma avaliação o sujeito poderá ficar
prejudicado por carregar um rótulo, um estigma que poderá comprometer toda a sua vida pessoal e
acadêmica. Outro diagnóstico que devemos analisar no caso de J. é a questão da Desordem de
Processamento Auditivo Central. E é isso que abordaremos na Aula a seguir. Bons estudos!
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Literalmente significa "possuindo ou sendo relacionado às duas orelhas".
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a. Identificação dos absurdos: Seis frases onde os absurdos são apontados pela criança.
Consigna: “vou dizer algumas frases e no final de cada uma delas você me dirá se o fato que aconteceu
na frase é absurdo ou não, isto é, não pode acontecer ou se pode acontecer, por que você achou que é
absurdo ou não este fato.”
b. Identificação de objetos e situações: Identificar um objeto ou situação apresentada.
Consigna: “vou lhe fazer umas perguntas e você me responderá como souber.”
c. Definição de palavras: palavras que a criança deverá definir por gestos usos, descrição, etc.
Consigna: “vou perguntar o que é tal objeto e você me responderá o que souber.”
d. Organização sintático-semântica: conjunto de três palavras para a criança reunir
significativamente.
Consigna: “vou dizer algumas palavras soltas e gostaria que você fizesse uma frase usando todas as
palavras que eu disser.“
e. Avaliação do vocabulário compreensivo: 23 lâminas com 4 desenhos, a criança deve identificar
o desenho que melhor se adapte à palavra dita pelo examinador.
Consigna: “vou lhe mostrar umas figuras e dizer uma palavra e você apontará para a figura que para você
represente essa palavra.” (se necessário dê um exemplo).
2. Síntese Fonêmica:
SIM NÃO
p-é ( ) ( )
m-ão ( ) ( )
s-o-p-a ( ) ( )
ch-u-v-a ( ) ( )
r-a-t-o ( ) ( )
3. Rima:
Consigna: “ eu vou falar uma sequência de palavras, você deverá dizer qual palavra não pertence
a esse grupo”.
SIM NÃO
mel céu véu ( ) ( )
fé nó pó ( ) ( )
rua pau lua ( ) ( )
vem cai sai ( ) ( )
vou dou com ( ) ( )
4. Exclusão Fonêmica:
Consigna: “eu vou falar uma palavra e você repete retirando o fonema indicado”.
SIM NÃO
som /s/ de resto ( ) ( )
som /r/ de sair ( ) ( )
som /m/ de molho ( ) ( )
som /k/ de casa ( ) ( )
5. Transposição Fonêmica:
Consigna:”eu vou falar uma palavra e você deve repeti – lá fazendo a inversão dos fonemas”.
SIM NÃO
Roma (amor) ( ) ( )
Missa (assim) ( ) ( )
Sem (mês) ( ) ( )
Ova (avó) ( ) ( )
Se a maioria dessas respostas for “NÃO” pode denotar algum comprometimento auditivo ou de
processamento. Sugerimos que durante a avaliação sejam observados comportamentos, tais como, se as
crianças e/ou adolescentes são atentas, se fazem contato visual, muito extrovertidas ou tímidas, se tem
um estilo cognitivo lento, se pedem para repetir as consignas.
Voltamos a ressaltar que havendo a percepção de alterações relacionadas à audição deve ser incluída na
avaliação a investigação fonoaudiológica do processamento auditivo central, ou mesmo na avaliação
global da linguagem.
Refletindo sobre o caso de J podemos nos remeter a uma importante questão em Psicopedagogia: a
diferença entre oligofrenia e oligotimia.
No decorrer da avaliação percebemos que J se enquadra mais como olgotímico, isto é, o fator emocional
é preponderante, logo, o caso de J nos parece mais uma DPAC associada a uma inibição cognitiva de
ordem do emocional, do que um déficit intelectual propriamente dito. Durante as sessões focamos o
atendimento em ressignificação da modalidade de aprendizagem, resgate da autoestima, estimulação
cognitiva e auditiva.
Realizamos atividades lúdicas fazendo-o localizar sons ambientais,
como batidas da porta, toque do celular, barulho de chave, jogo de
esconde-esconde, adivinhar de onde vem a voz, diferenciar sons de
animais sem ver a gravura, analisar palavras curtas e longas, karaokê,
rimas, ritmos variados, ordenação de sílabas. Foram também
utilizadas técnicas de dramatização com imitação de vozes e sons
diferentes, fantoches, músicas e gravações.
Na mediação cognitiva foram trabalhados os conceitos muito bem abordados na unidade anterior, isto é,
conservação, reversibilidade, classificação, comparação, ordenação, seriação, coleções e resolução de
situações-problema, além da autonomia e criatividade.
Weiss (2002) diz que “A alfabetização é resultante da interação entre a criança, sujeito construtor do
conhecimento e a língua escrita”, dessa forma procuramos trabalhar com J., em relação à alfabetização,
com situações em que a leitura e a escrita tiveram significado para ele. Essas situações envolveram jogos,
desenhos, pinturas, livros de história e por meio delas pudemos perceber como J. aproximava-se ou
distanciava-se do conhecimento. Ressalta-se que desde o diagnóstico se deve trabalhar com o sujeito
buscando o processo de reaproximação com o saber, não deixando para começar o processo terapêutico
somente quando começarem as ações interventivas, propriamente ditas. Durante o atendimento
psicopedagógico, J. foi adquirindo segurança e autonomia, demonstrando um enorme crescimento.
Weiss (2002) também ressalta que “é preciso que se teça uma relação entre a qualidade do que o
paciente pode produzir como texto ou obter como leitura e a exigência a que está submetido na escola”.
Pode haver, então, um choque entre as possibilidades reais da criança e as exigências que são feitas pela
escola. Weiss (2002), ainda reitera que o desrespeito ao ritmo de construção da criança no ler e escrever
pode criar uma dificuldade que se avoluma com uma “bola de neve”.
Trabalhar com o que é significativo, partir das vivências, experiências pessoais de cada um e ampliá-las,
valoriza o saber e devolve ao sujeito o prazer em aprender. Concluída a avaliação é necessário que se faça
o Informe Psicopedagógico. Após a elaboração do Informe Psicopedagógico se faz necessária a
devolutiva com a família, a escola e o próprio sujeito. J. também foi avaliado nos aspectos psicomotores e
visuais, mas não demonstrou nenhum comprometimento.
Estimado estudante, chegamos ao final da nossa Aula 06. Aqui exploramos a avaliação do Caso J. Você notou
que nem todas as suspeitas se confirmaram ao se avaliar a criança de forma multidisciplinar/profissional. A
partir da atuação de diversos profissionais foi possível uma avaliação cuidadosa e detalhada da desenvoltura
de J. quanto as áreas da vista, fala, psicomotor, etc. Vamos continuar aprendendo enquanto continuamos
nosso estudo de caso na próxima aula? Bons estudos!
Prezado estudante, nesta aula continuaremos nosso Estudo de Caso: J. sob a visão das contribuições da Teoria
Psicogenética. Você também aprenderá sobre como a Teoria Psicogenética direciona a avaliação e ação
psicopedagógica. Vamos lá?
Casos como de J. de crianças com 12, 13, 14 anos, que não conseguiam ser alfabetizadas, eram muito
comuns. As crianças repetiam a primeira série por anos e anos e não conseguiam entender o processo de
alfabetização. Eram submetidos a repetições de métodos, analíticos, sintéticos, processos silábicos,
fônicos, cartilhas com poucos resultados práticos.
Com o aprofundamento teórico a respeito do Construtivismo que sofreu muitas críticas por não
apresentar um método de aplicação prático e depois com os estudos da Teoria Psicogenética pautada
em suas bases, as políticas públicas de formação docente no Brasil, principalmente, em relação a
Alfabetização, começaram a se direcionar para essa perspectiva.
Mesmo em meio a tantas críticas, é inegável constatar que a principal contribuição do Construtivismo e a
Teoria Psicogenética para a educação e, especificamente, para alfabetização, foi o vislumbramento por
parte dos professores, da importância da participação da criança no seu processo de construção do
conhecimento sobre a língua escrita e a ressignificação do papel do erro no processo de construção. O
erro, na perspectiva de Emília Ferreiro, passou a ter um significado diferenciado, e era considerado
como parte do caminho que estava sendo trilhado pela criança em sua aprendizagem.
MOÇO (2009) relata que em suas pesquisas, Emília Ferreiro (1990) e Ana Teberosky (1992) buscaram
explicar de que forma as crianças, na tentativa de entender o funcionamento da escrita, elaboravam
verdadeiras “teorias” e assim se desenvolviam.
Em resumo, este processo que a criança passa quando está adquirindo a noção
da escrita, pode ser descrito em três grandes níveis conceituais: nível pré-
silábico, silábico e alfabético. Deixamos claro que esses níveis têm processos
intermediários que têm a função de representar os conflitos de hipóteses que a
criança passa em seu processo de aquisição da escrita, e indicar o movimento
que a criança faz quando migra de um nível para o outro.
No nível pré-silábico a criança sabe que a escrita é uma forma de representação. Usa letras ou
pseudoletras, garatujas5 e números. Ainda não compreende que a escrita representa a fala. Organiza
letras pela quantidade. E, dessa forma estima um número mínimo e máximo de letras para ler. Pode
variar letras na escrita das palavras, sem correspondência sonora e pode relacionar o tamanho das
palavras com o tamanho do objeto (realismo nominal). Escreve com desenhos.
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Escrita à mão irregular, malfeita, e, por vezes, ilegível.
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Elefante- SHPODERTSNMONJHF
Formiguinha- HJK
• Sem valor sonoro: Em que a criança usa uma letra para representar cada sílaba, sem se preocupar
com o valor sonoro, pois ainda não faz relação do som com a grafia.
Bola - PT
Cavalo- BLT
Sabonete- DFBH
• Com valor sonoro: A criança escreve uma letra para cada sílaba já percebendo a relação do som
com a grafia. Já entende que a escrita representa a fala.
Bola: B L ou O A
Cavalo- C V L ou A A O
Sabonete- S B N T ou A O E E
Há uma hipótese de escrita intermediária entre o nível silábico e o nível alfabético (silábico-alfabético),
em que a criança começa a apresentar a escrita usando algumas vezes a hipótese silábica completa e
outras vezes, incompleta.
Cavalo- CVLU – K V L U/
Tomate- T O M T O M A T
No nível alfabético, onde se encontra J., a criança já faz correspondência entre fonemas (som) e
grafemas (letras). Entende que a sílaba não pode ser considerada uma unidade e que também pode ser
separada em unidades menores (as letras); A identificação do som não é garantia da identificação da
letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas; Nesse momento, a escrita supõe a
necessidade da análise fonética das palavras.
Cavalo- K V A L U
Tomate- T U M A T I
Casa C A Z A
Aos poucos a criança vai amadurecendo suas hipóteses e avança em outros estágios em que deixam
claro que a criança começa a se preocupar com a ortografia, o que ela não fazia antes quando estava
descobrindo a escrita.
1. É rígida na composição da palavra e acha que esta é formada de consoante mais vogal:
F O T E (fonte)
BACO (Barco).
2. Depois, começa a perceber que a regra anterior não é tão rígida e admite que a ordem consoante
mais vogal pode ser mudada, a sílaba pode ter mais de uma vogal, podem ter duas consoantes juntas:
3. Agora, o aluno entende que um som pode ser representado por duas letras:
4. Por fim, a criança entra em conflito até aceitar que uma consoante pode estar desacompanhada
de vogal:
Para cada fase, nível ou hipótese, (você pode usar a nomenclatura que se sentir à vontade), o professor
precisa trabalhar com atividades contextualizadas que estimulem o aluno a mudar seu nível porque
favorecem a reflexão da criança sobre a sua escrita. É pensando sobre o seu pensar que a criança aprende.
Para ter acesso aos tipos de atividades que podem ser utilizadas
em cada fase, encontramos um blog com sugestões bem
interessantes, para ter acesso ao texto, vá ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem e acesse o acervo da disciplina e veja o texto
“Como Trabalhar com as Fases da Aquisição da Escrita”.
DURAN (2008) explica que “O Construtivismo não é um método para a prática Pedagógica. No entanto, o
Construtivismo contribui para o entendimento da forma como ocorre o aprendizado”. Os estudos de
Piaget sobre o Construtivismo e as pesquisas de Ferreiro não nos dão a receita, mas o indicativo de como
entender e analisar como as crianças passam pelo processo de aquisição da língua escrita.
Estimado estudante, chegamos ao final de mais uma aula. Terminamos esta aula com as palavras de Emília
Ferreiro em que, humildemente, se posiciona em relação à contribuição de sua pesquisa dizendo: “A minha
contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que
olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa”.
• o motivo da avaliação,
• o prognóstico,
• e as indicações ou encaminhamentos.
Vamos agora dar um exemplo de Informe Psicopedagógico, apresentando por meio do caso J, uma
estrutura para elucidarmos esta temática.
APENAS UM MODELO...
Nome: Data de nascimento:
tarefas que inicia e reclama que não quer ir embora quando a sessão termina. J. apresenta
muitas possibilidades de aprendizagem, pois apesar e algumas dificuldades mantém
aceso o desejo de aprender. Tem uma modalidade de aprendizagem eficaz e está
motivado em relação ao aprendizado da leitura e escrita. Nos jogos demonstra interesse e
entusiasmo argumentando com segurança as suas escolhas e explicando as regras do jogo
sempre que necessário.
No decorrer das sessões foi adquirindo mais confiança e autonomia para a leitura e escrita,
argumentando nas tomadas de decisões e resolução de problemas durante os jogos. Tem
noções espaciais, temporais bem constituídas e um bom desenvolvimento psicomotor,
além de não evidenciar nenhum comprometimento visual. Na sala de aula J. necessita de
adequações curriculares e um plano pedagógico personalizado que contemplem suas
necessidades de aprendizagem, portanto aos professores orientamos:
• Na presença de ruído competitivo, falar mais alto, devagar e com mais expressão;
• Demandar a organização externa;
• Sentá-lo longe do corredor, do ruído da rua e não mais do que três metros do
professor.
Do ponto de vista emocional:
Estabelecer um vínculo de confiança e apoio. Propor atividades e materiais que não
tenham ligação com sua dificuldade, que possibilitem relaxamento, prazer, diversão,
domínio, sucesso. Enfim, atividades que promovam a elevação de sua autoestima,
autonomia, segurança para que ele possa estabelecer um vínculo saudável com ele
mesmo, a escola e a família.
Você lembra da lista de itens que mostramos no início da aula? Como exercício de análise e reflexão,
tente identificar cara parte do Informe Psicopedagógico de J. fornecido acima. Você faria a mesma
avaliação a partir dos dados fornecidos? Você concorda com a avaliação feita?
Termina aqui nossa última aula desta unidade. Estamos da metade do caminho dessa disciplina, nela você viu
sobre Deficiência Intelectual, Desordem de Processamento Auditivo Central, a contribuição do Construtivismo
e da Teoria Psicogenética para a Psicopedagogia, e enfim a construção do Informe Psicopedagógico.
Seguimos nossos estudos nas próximas unidades onde abordaremos a aplicação da ludicidade na análise e
tratamento da criança. Bons estudos!
REFERÊNCIAS
DURAN, Marília Claret Geraes. Alfabetização: Teoria e Prática. São Paulo: Centro de Referência em
Educação Mário Covas, 2008. Disponível em:
<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/alfabetizacao_p105-113.pdf>. Acesso em 14 de agosto de
2017.
FERREIRO, Emilia (org). Os filhos do analfabetismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
Moço, Anderson. Diagnóstico na alfabetização para conhecer a nova turma. Revista Nova Escola:
Março/2009. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/2489/diagnostico-na-alfabetizacao-
para-conhecer-a-nova-turma>.Acesso em 14 de agosto de 2017.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problema de Aprendizagem. Porto Alegre: Editora Artes
Médicas, 2ª Edição, 1986.
SANTOS, Maria Thereza Mazorra dos e PEREIRA, Liliane Desgualdo. Teste de consciência fonológica, In:
PEREIRA, Liliane Desgualdo e SCHCHAT, Eliane. Processamento Auditivo Central – manual de avaliação.
São Paulo: Ed. Lovise, 1997.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar.
9. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
GLOSSÁRIO
Anamnese: Histórico de uma doença feito pelo médico com base nas informações colhidas com o
paciente.
Binaural: literalmente significa "possuindo ou sendo relacionado às duas orelhas".
Etiologia: Campo do conhecimento que estuda as origens e causas das coisas.
Garatujas: Escrita à mão irregular, malfeita, e, por vezes, ilegível.
Q.I. ou QI: Abreviatura que significa Quoeficiente de Inteligência. Se trata de um fator que mede a
inteligência das pessoas com base nos resultados de testes específicos. Os níveis de inteligência são
classificados com base no resultado do teste, de acordo com a escala: Igual ou superior a 130:
Superdotação; 120 - 129: Inteligência superior; 110 - 119: Inteligência acima da média; 90 - 109:
Inteligência média; 80 - 89: Normal fraco; 70 - 79: Limite da deficiência; Igual ou inferior a 69: Deficiente
Intelectual.