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Língua Brasileira de Sinais: Produzindo Conhecimento e Integrando Saberes
Língua Brasileira de Sinais: Produzindo Conhecimento e Integrando Saberes
TATIANE MILITÃO DE SÁ
Organizadoras
GILDETE DA SILVA AMORIM MENDES FRANCISCO
TATIANE MILITÃO
Organizadoras
Colaboradores
Cristina Lavoyer Escudeiro - UFF
Aline da Silva Alves - FIOCRUZ
Flávia Renata Mazzo Heeren - FIOCRUZ
Luciane Cristina Ferrareto - FIOCRUZ
Valeria Machado da Costa - FIOCRUZ
Walkiria Bernardo Pontes - FIOCRUZ
GILDETE DA SILVA AMORIM MENDES FRANCISCO
TATIANE MILITÃO
Organizadoras
1º edição
RIO DE JANEIRO
2017
Língua Brasileira: produzindo conhecimento e integrando saberes/
organização Gildete da Silva Amorim Mendes Francisco, Tatiane Militão
de Sá - 1 edição - Rio de Janeiro, 2017.
61 f.: p.21 cm - (Coleção de artigos completos)
(Letras) -- Universidade Federal Fluminense, Departamento Letras
Clássicas e Vernáculas, 2017.
ISBN 978-85-923216-1-1
SUMÁRIO
Tatiane Militão de Sá, Gustavo Fonseca de Lima, Lucas Martins, Yasmim Santos Pires
Gildete Amorim1
Clara Santos Henriques de Araújo2
3
Juliana Santos de Souza
1
Professor orientador
2
Psicóloga e aluna de licenciatura de Psicologia da Universidade Federal Fluminense. Email:
clarasharaujo@gmail.com
3
Aluna do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal Fluminense. Email:
juliana.wth@gmail.com
e a sensibilidade por parte dos ouvintes com a comunidade surda. É necessário valorizar
um debateque proporcione a exposição das necessidades da sociedade surda para a
sociedade ouvinte e cada vez mais, aproxime a realidade deles com a comunidade
ouvinte.
Palavras chave: surdez: representação; quadrinhos; experiência visual.
ABSTRACT
Historically, the deaf have suffered the stigma of disability. Deaf people are
taught their condition is a disability, not normal. However, nowadays there is a
movement to affirm the lack of audition as a difference, and not a deficit. They compose
a different culture with a different language (sign language). One characteristic of this
culture is the relevance of the visual experience as a cultural artifact. Mediatic exemples
became important for a positive identity development. It is necessary to create spaces
where deft are valued and seen as equals.
In this article two comic books with deaf characters were analyzed: Turma da
Mônica (the best-selling comic book in Brazil) and a prize-winner japanese manga, Koe
no Katachi. We observed how the deaf representation is made, and how deaf and
listeners interact in these works - or if they interact at all.
In conclusion, comic books can be a meeting point between listening and deaf
cultures. Nevertheless, as a frontier, it is also a place of tensions. We observed conflicts
in both works analyzed - even though there is an interest in deaf representation, deaf
culture still appears little. Their questions are not exposed in a way to create
conscientization and sensibility with the deaf community.
Key words: deafness; representation; comics; visual experience.
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
situação muito valorizada em uma conversa, e que surdos preferem ambientes com boa
iluminação para poderem conversar melhor.
Se a visualidade tanto contribui para a formação de sentidos e significados para
o sujeito surdo, as histórias em quadrinhos, por sua qualidade visual, parece ser um
meio privilegiado para se tratar da cultura surda - inclusive é um instrumento que
mesmo quando escrito por ouvintes e para ouvintes, frequentemente abdica de qualquer
escrita para ressaltar as imagens 4 (há algo da experiência visual que não pode ser
passada na língua escrita sem alguma perda).
No entanto, é certo que a maioria dos quadrinhos se utiliza também da
linguagem escrita. Campello (2008) nos diz que a língua escrita é a representação da
língua falada. No entanto, a língua de sinais notoriamente não é uma língua escrita e por
causa disso palavras podem não ter valor de signo para estudantes surdos. Os signos dos
surdos não remetem a fonemas, remetem a imagens. A leitura de história em
quadrinhos, no entanto, poderia servir como ponte entre duas línguas. Para surdos que
queiram aprender a língua oral, e para ouvintes interessados em desenvolver sua
capacidade visual. Campello (2008) narra uma experiência significativa:
“Assim, tornei-me bilíngüe. A leitura dos livros me possibilitou o acesso ao mundo
desconhecido e distante dos sons. Inicialmente comecei a captar as letras visuais, por gibi ou
por revistas em quadrinhos, acompanhando as perfomances e competência lingüística dos
personagens com seus diálogos introduzidos nos balões ou mesmo na ausência dos balões.
Captava, também, os desenhos sem legenda o que me possibilitou criar um senso crítico
visualmente constituído...”(CAMPELLO, p.20, 2008)
4 Por exemplo, o escritor e ilustrador australiano Shaun Tan tem um livro em quadrinhos chamado “The
Arrival” que não contém uma fala e ganhou diversos prêmios de literatura (READING AUSTRALIA). A
própria Marvel, gigante dos quadrinhos, em 2014 lançou uma história do Gavião Arqueiro sem falas e
com legendas em linguagem de sinais (o personagem havia perdido temporariamente a audição)
(GARCIA, 2014). A Marvel também promoveu um evento chamado ‘Nuff Said, que era uma edição sem
texto da revista de cada um de seus personagens, em um desafio para seus artistas contarem histórias sem
palavras (MARVEL DATABASE).
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ora, não parece que ganhar apenas um doce quando se queria ganhar dois seja
aprontar uma confusão - ao contrário, parece que Humberto se prejudica por não falar
como todos os outros personagens. Strobel (2013) nos conta que na cultura surda,
situações envolvendo a incompreensão entre a comunidade ouvinte e a surda é o tema
de grande parte das piadas. O caso de Humberto parece ser diferente: não fica claro que
existem outros modos de estar no mundo que não o ouvinte. Apenas ele é motivo de
piada dos demais unicamente por ser o que ele é: alguém diferente, que não fala.
Aos poucos o estúdio Turma da Mônica começa a mostrar a preocupação em
incluir mais diversidade entre seus personagens. Assim surgem, em 2004, Dorinha, uma
deficiente visual, e Luca, um cadeirante (MAURÍCIO DE SOUZA PRODUÇÕES). É
nesse embalo que em maio de 2006 fica esclarecida a forma que Humberto usa para se
comunicar, em uma história intitulada “Aprendendo a falar com as mãos”. Nela,
nos lembra que historicamente as representações surdas foram pautadas pelo saber de
médicos e educadores, para os quais surdos só viveriam normalmente se aprendessem a
falar:
“Com isto, brotou a necessidade de aperfeiçoar a “qualidade de vida” dos sujeitos surdos,
realçada pelos princípios que norteiam a inclusão e a “normalização” e pela evolução do
conceito de promoção de saúde. Por exemplo, estimular para que os sujeitos surdos
aprendam a falar e a ouvir, fazendo com que aparentem ser “ouvintes”, isto é, usarem
identidade mascarada de “ouvintes”, tendo a surdez fingida ou negada. (STRÖBEL, p. 25,
2007)”
Esta história da Turma da Mônica não rompe esse visão, ao contrário, nos dá a
entender que o ideal para o surdo é ouvir através de aparelhos. A última alternativa,
denominada como “outra maneira”, é a língua de sinais. Descobrimos isso pela
ilustração (algo estereotipada) que acompanha esta fala: dois homens fazendo gestos na
frente do corpo e balançando para cima e para baixo os braços estendidos ao lado do
corpo (como se fossem voar), enquanto o balão de pensamento esclarece que eles estão
dizendo “oi, como vai?” “vou bem, e você?”. Na página seguinte temos o “alfabeto de
sinais”. Como a Linguagem Brasileira de Sinais não é nomeada, não fica claro se esse
modo gestual de comunicação dos surdos é uma linguagem própria, ou uma mera
tradução da língua falada portuguesa. LIBRAS é gramaticalmente diferente do
português (STROBEL, 2013, QUADROS; MASSUTTI, 2007), e não sua tradução para
gestos - além disso, é um instrumento fundamental na cultura surda, uma vez que
permite a livre expressão dos sujeitos surdos ao captar as suas experiências visuais
(STROBEL, 2013).
Sobre a afirmação de que surdos tem mais dificuldade de aprender uma língua,
isso não é, necessariamente, verdade: filhos surdos de pais surdos não apresentam atraso
no desenvolvimento da linguagem, pois a família se comunica com ela em língua de
sinais desde cedo (STROBEL, 2013).
Enfim, Humberto parece um personagem que não surgiu para representar a
cultura surda, e sim para criar histórias cômicas sobre alguém que não fala. Ao tornar-se
efetivamente um personagem surdo, ele continua sendo escrito de um ponto de vista
ouvinte para um público ouvinte, sem trazer para os quadrinhos qualquer informação
sobre a cultura surda.
Outra produção em formato de quadrinhos que aborda o tema da surdez é o
mangá japonês Koe no Katachi, traduzido para o português como “A Voz do Silêncio”.
A história foi escrita por Yoshitoki Ooima com a consultoria da Federação Japonesa de
Surdos (OOIMA, 2017). O mangá foi vencedor de vários prêmios, como o Ozamu
Tezukapara novos artistas (19th TOCP, 2015). Foi traduzida e exportada para outros
países - está sendo lançada no Brasil através da Editora NewPop (NEW POP). A obra
foi adaptada para o cinema e ganhou o Japan Movie Critics Awards 2017, na categoria
de melhor animação do ano. (JMCAO, 2017)
A história gira em torno do relacionamento entre Shoya Ishida, um menino
ouvinte e Shouko Nishimiya, uma menina surda. Shouko se muda para a escola onde
Shoya estuda no sétimo ano do ensino fundamental. Devido a sua surdez, a menina
sofre bullying, até que acaba por se mudar de escola. Seis anos depois, Shoyo a procura
para se desculpar por não estabelecer uma comunicação com ela quando eram crianças.
A presença de Shouko, a única aluna surda da escola, altera a vida das pessoas
do seu entorno. Apesar da aluna ter a matrícula aceita na escola, a instituição não se
adapta para recebê-la: não tem qualquer tipo de intérprete para língua de sinais (LS),
professores falam sobre a matéria de costas para a turma (sem que Shouko possa tentar
fazer leitura labial) e atividades como ditados ou canto coral são tratadas como se não
requeressem qualquer tipo de adaptação para que Shouko pudesse participar.
Independente disso, Shouko tenta ao máximo se adaptar. Ela se comunica
através de um caderno, e pede aos colegas que se comuniquem com ela através dele. Se
esforça para fazer amigos, tentar ler lábios - ela quer entender o que é dito ao seu redor
e participar como qualquer outro aluno da turma. Este esforço para pertencer parece ser
frequente em crianças surdas nascidas em famílias ouvintes (STROBEL, 2013,
SANTANA; BERGAMO, 2005), assim como a frustração de, por mais que se tente,
não conseguir ser igual a todos os outros colegas. Shouko também passa por isso,
mesmo quando começa a utilizar aparelhos para ouvir e tentar falar. Ela é sempre
considerada anormal.
“Infelizmente, os surdos têm sido narrados e definidos exclusivamente a partir da
realidade física da falta de audição e, portanto, aos olhos da sociedade majoritária
ouvinte, têm sido vistos exclusivamente a partir desse fato. O efeito disto é que os surdos
e as línguas de que fazem uso (LIBRAS e português escrito/oral) tornam-se telas com
espaços em branco para a projeção do preconceito cultural e do discurso da
“normalização” (GESSER, p.230, 2008)
Ao mesmo tempo, é colocado desde o início que Shouko conhece língua de
sinais e se comunica com ela. A representação da Língua de Sinais na ilustrações é
cuidadosa: vemos as mãos e as expressões dos personagens detalhadamente. Quando
personagens surdos sinalizam, não há qualquer legenda (personagens ouvintes
frequentemente falam ao mesmo tempo que sinalizam). Fica evidente ao longo da
história que este é o modo privilegiado de comunicação para Shouko, no qual ela
consegue se expressar e entender tudo que lhe é dirigido. Mais do que isso, os
personagens que aceitam Shouko como sujeito surdo procuram aprender língua de
sinais espontaneamente para se aproximar dela. Por exemplo, Ishida inicialmente
considera Nishimiya como um “ser de outro planeta”, ele nunca tinha visto um surdo,
não a entende e acredita que por não ouvir ela nada compreende do que se passa ao seu
redor. Ao longo da história, outras facetas de ambos os personagens são reveladas.
Ishida entende que a menina pertence sim a essa planeta e àquela turma como ele, o que
o leva a buscar Shouko novamente. Para tal, ele aprende Língua de Sinais. Pode-se fazer
um paralelo entre esta situação e as consequências sociais de se considerar a língua de
sinais como língua:
“Ser normal implica ter língua, e se a anormalidade é a ausência de língua e de tudo o que
ela representa (comunicação, pensamento, aprendizagem etc.), a partir do momento em que
se configura a língua de sinais como língua do surdo, o estatuto do que é normal também
muda. Ou seja, a língua de sinais acaba por oferecer uma possibilidade de legitimação do
surdo como “sujeito de linguagem”. Ela é capaz de transformar a “anormalidade” em
diferença, em normalidade.” (SANTANA; BERGAMO, p.567, 2005)
suicídio, Nishimiya usa LS, e na publicação original não há legenda para o que ela está
dizendo: acompanhamos sua expressão facial, sua configuração de mãos e a expressão
de Ishida.
No entanto, apesar do mangá representar a Língua de Sinais, pouco sabemos
sobre o resto da comunidade surda da história. Sabemos que Shouko frequenta uma
escola especial, na qual ela está se saindo bem, e um centro de estudos de LS. No final
da escola, ela recebe uma oportunidade de estágio por parte de uma mulher, também
surda, na carreira que ela queria. Entretanto, não a vemos interagindo de fato com
nenhuma outra pessoa surda. Sabendo da importância de representações de personagens
surdos, e que elas são escassas na História; é necessário constantemente reafirmá-las
frente aos ideais ouvintes (STROBEL, 2007).Pode ser que o mangá tenha perdido a
oportunidade de nos mostrar outros personagens surdos; adultos, talvez, que fossem
outra referência no enredo.
A própria identidade de Shouko é constituída de muitas formas, não apenas pelo
uso fluente da linguagem de sinais, mas por sua apropriação da linguagem oral. Não se
pode dizer no entanto que ela não tem uma identidade surda. Ela tem o que Perlin
(2002) poderia chamar de identidade surda de transição. Nascida em família ouvinte,
não fica claro com que idade ela começou a ter contato com outros surdos. A identidade
surda, como qualquer outra identidade, não é única e finita. É fluida, inconstante,
mutável, dada nas relações com outros sujeitos. “A identidade seria uma construção
permanentemente (re)feita que buscaria tanto determinar especificidades que
estabeleçam fronteiras identificatórias entre o próprio sujeito e o outro quanto obter o
reconhecimento dos demais membros do grupo social ao qual pertence.” (SANTANA;
BERGAMO, p.568, 2005). Shouko ocupa outros espaços além de surda, por exemplo,
como irmã mais velha preocupada e atenciosa.
CONCLUSÃO
Mas como conhecer o outro se sua existência não é representada nas mídias?
Provavelmente, se estas obras de grande circulação tivessem sido escritas e realizadas
por pessoas surdas, teríamos outra representação da surdez, uma representação
politicamente comprometida com o debate da cultura surda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
TUDO SOBRE TURMA DA MÔNICA. Tudo sobre Humberto. 2016. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=zavKC6olsTk> Acesso em: 26 de maio de 2017.
1
Orientadora do ensaio, Docente da disciplina Libras I – UFF, tatimili2@yahoo.com.br
2
Discente de Libras I, Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem – UFF,
lauroluner@gmail.com
3
Discente de Libras I, Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem – UFF, lucaspires@id.uff.br
4
Discente de Libras I, Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem – UFF,
marthatudrejuff@yahoo.com
5
Discente de Libras I, Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem – UFF,
rayannekropf@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
6
Ver site: http://www.medel.com/br/hearing-loss/
pessoas o direito de usufruir de uma língua visual. Assim, aceitar o surdo implica em
conviver com a diversidade humana, um desafio que inclui o atendimento de qualidade
na área da saúde diante de suas especificidades (CHAVEIRO e BARBOSA, 2005).
Desta forma, este trabalho pretende discutir os aspectos da importância do ensino da
Libras nos cursos de licenciaturas, em especial para os cursos de graduação em
Enfermagem, através de uma revisão integrativa.
LILACS 3 0
Cinahl 0 0
BDENF 2 0
Fonte: Elaborado pelo autor
É possível observar através do quadro acima que o tema ainda é muito escasso
na literatura. A globalização e a necessidade de se comunicar com clareza são situações
que cresceram exponencialmente ao longo das décadas. Isso implica em uma
capacidade abrangente de qualidade atendimento por parte de profissionais da área da
Saúde. Este indivíduo necessita ser capacitado de modo a poder atender qualquer tipo de
paciente que venha a utilizar serviço de saúde público ou privado (SOUZA;
PORROZZI, 2009). Apesar da grande quantidade de deficientes auditivos no Brasil e
mundo, vê-se que as instituições de ensino superior não atendem a este tipo de demanda
(SOUZA; PORROZZI, 2009; OLIVEIRA et al. 2015; WHO, 2017)
O Conselho Nacional de Educação em conjunto com as Diretrizes Curriculares
Nacionais dos Cursos de graduação em Enfermagem, Fisioterapia e Odontologia
ressalvam a necessidade de organização curricular de modo a garantir que os
profissionais graduados tenham conhecimentos gerais e específicos de forma plena para
exercer sua devida profissão com as habilidades e competências necessárias, em
especial, na área da comunicação (OLIVEIRA et al., 2012).
Apesar do surgimento de leis que tornam obrigatório o ensino de Libras no
ensino superior, destacam-se as lacunas nos diversos modos de apresentação da
3. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Consideramos que em algumas universidades a Libras é oferecida aos
acadêmicos apenas no último ano do curso de graduação e com carga horária mínima de
60h/a numa única disciplina ou em duas disciplinas de 30h/a, pois nos estudos
analisados, em nenhum momento da abordagem à Lei e ao Decreto, observamos
referencias eficientes ou favoráveis a oferta da disciplina Libras nos cursos de
licenciaturas, com relação à carga horária mínima estabelecida na graduação e dos
períodos em que esta deve ser inserida o que implica em despadronização dos aspectos
da oferta pelas universidades do Brasil.
Consideramos ainda que a oferta da disciplina para enfermeiros parece ocorrer
apenas a título de cumprimento da lei, uma vez que no último ano do curso o acadêmico
de licenciatura já realizou todos os estágios supervisionados, sem nenhum preparo ou
conhecimento sobre as questões sobre Língua de Sinais e valorização da Cultura Surda
para atuar durante os estágios, partindo da proposta destas considerações o que podemos
esperar sobre os atendimentos que serão realizados nas unidades de atendimentos pelos
profissionais da saúde? Pois se o profissional não possui qualificação mínima,
estabelecida de maneira adequada, logo os pacientes irão sofre com demandas destas
implicações.
Por fim, nesta pesquisa, concluímos que o tema na literatura ainda é pouco
abordado, ou seja, escassez expressiva de textos que colaborem estudos de Libras e/ou
surdez em saúde. Desta forma, esperamos com este trabalho, contribuir com incentivos
à capacitação aos profissionais da área da saúde, a ampliarem as discussões a respeito
do ensino de Libras e sua importância dentro dos cursos de licenciaturas em
enfermagem, objetivando a melhoria do processo de ensino dentro das universidades no
intuito de viabilizar à sociedade melhor serviço de atenção à saúde do surdo a fim de
REFERÊNCIAS
CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria Alves. A surdez, o surdo e seu discurso. Rev.
Eletr. Enferm, v. 6, n. 2, p. 166-71, 2004.
SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da; CARVALHO, Rachel de.
Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein (São Paulo), São Paulo, v. 8, n.
1, p.102-106, Mar. 2010. Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
45082010000100102&lng=en&nrm=iso>. Access on 04 June 2017.
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134.
SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da; CARVALHO, Rachel de.
Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein (São Paulo), São Paulo, v. 8, n. 1, p.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
45082010000100102&lng=en&nrm=iso>. Access on 04 June 2017.
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134.
SOUZA, Marcos Torres De; PORROZI, Renato. Ensino de Libras para os Profissionais
de Saúde: Uma Necessidade Premente. Revista Práxis, Rio de Janeiro, agosto 2009.
Disponível em < http://web.unifoa.edu.br/praxis/numeros/02/43.pdf>.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Deafness and hearing loss: fact sheet.
Disponível em < http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs300/en/>. Acesso em 04
June 2017
RESUMO: A presente pesquisa objetiva investigar como o uso das Expressões Não
Manuais (ENM) na Língua Brasileira de Sinais – Libras podem colaborar para a
compreensão de sinais de substantivos e de adjetivos relacionados às emoções humanas. O
ser humano tem a habilidade de expressar seus sentimentos por meio de expressões faciais
e corporais que podem ser acompanhas por palavras, em línguas orais, e sinais, em línguas
visuais e espaciais. Na Libras, as ENM são um dos parâmetros fonológicos que podem
compor um sinal e estão relacionadas à corporificação da língua. Com base nas propostas
teóricas sobre a Libras (BRITO, 1995; QUADROS;KARNOPP, 2004; FELIPE;
MONTEIRO, 2008), a Linguística Cognitiva (EVANS;GREEN, 2006; FERRARI, 2011), a
Teoria da Metonímia Conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 1980) e a Corporificação em
Libras (NUNES, 2014), busca-se responder ao questionamento sobre de que modo as
ENM podem contribuir para a compreensão de emoções humanas em sinais caracterizados
como adjetivos e substantivos da Libras em noções abstratas e como esse saber
metalinguístico pode contribuir para o ensino da Libras. Para desenvolver o estudo, em
relação à metodologia, optou-se por uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e
1
Professora Assistente da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ no Departamento de Letras-Libras e
doutoranda em Linguística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (valerianunes@letras.ufrj.br)
2
Professora de Libras do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC e mestranda em Linguística pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (glenia.aguiar@yahoo.com.br)
3
Graduanda em Português e Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (fran.mrco@gmail.com)
ABSTRACT
The present research aims to investigate how the use of Nonmanual Markers in the
Brazilian Signs Language - Libras can contribute to the understanding of signs of nouns
and adjectives related to human emotions. Human beings have the ability to express their
feelings through facial and body expressions that can be accompanied by words, in oral
languages, and signs, in visual and spatial languages. In Libras, Nonmanual Markers are
one of the phonological parameters that can make up a sign and are related to the
embodiment of the language. Based on the theoretical proposals about Libras (BRITO,
1995; QUADROS;KARNOPP, 2004; FELIPE; MONTEIRO, 2008), Cognitive Linguistics
(EVANS, GREEN, 2006, FERRARI, 2011), Conceptual Metonymy (LAKOFF,
JOHNSON, 1980) and Embodiment in Libras (NUNES, 2014), it is sought to answer the
question about how Nonmanual Markers can contribute to the understanding of human
emotions in signs characterized as adjectives and nouns of the Libras in abstract notions
and how this metalinguistic knowledge can contribute to the teaching of Libras. In order to
INTRODUÇÃO
Assim, para este estudo, busca-se responder ao questionamento sobre de que modo
essas expressões podem indicar emoções em sinais caracterizados como adjetivos e
substantivos da Libras (BRITO, 1995; FELIPE; MONTEIRO, 2008; QUADROS,
KARNOPP, 2004) em noções abstratas e como esse saber metalinguístico pode contribuir
para o ensino da Libras.
Para desenvolver o estudo, em relação à metodologia, optou-se por uma pesquisa
bibliográfica de abordagem qualitativa e de campo com participação de dezenove alunos
adultos e ouvintes da atividade de extensão ‘Curso de Libras: processos linguístico-
cognitivos em sinais’ da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por meio de um
formulário de múltipla escolha, realizou-se uma pesquisa com seis sinais do Rio de Janeiro
(CAPOVILLA et col, 2015) relacionados às emoções humanas sobre choro, tristeza,
alegria, medo, surpresa e sorriso. Dessa forma, esta pesquisa possibilita uma análise
metalingüística sobre as relações as expressões humanas como parâmetros fonológicos da
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Vale ressaltar que há também adjetivos que se revelam no corpo do emissor, como
em CAMISA DE BOLINHA (Figura 2).
METODOLOGIA
Para desenvolver este estudo, por meio de uma pesquisa bibliográfica, optou-se por
uma abordagem caracterizada como pesquisa qualitativa, pois gera ações para descrever,
compreender e explicar características dos substantivos e dos adjetivos em Libras.
Para esta pesquisa, foram selecionados sinais da terceira edição revista e ampliada
do Novo Deit-Libras: dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais
Brasileira (Libras) baseado em Linguística e Neurociências Cognitivas, de Capovilla,
Raphael e Mauricio cujo escopo da validade dos sinais ou da entrada de sinais no corpus
do Novo Deit-Libras (2015) abrange onze estados brasileiros. Para este trabalho, foram
selecionados seis sinais do Rio de Janeiro relacionados às emoções humanas sobre choro,
tristeza, alegria, medo, surpresa e sorriso.
PORQUE GRÁVIDA (Ela está alegre porque está grávida) que há o uso do sinal, ora como
substantivos e ora como adjetivo (figura 3).
ALEGRE, EL@ PESSOA CHORON@ (Ele não é uma pessoa alegre, ele é uma pessoa chorona)
e AQUEL@ BEBÊ TER CHORO IRRITANTE (Aquele bebê tem um choro irritante).
MEDO LUGAR ESCURO (Ele tem medo de lugar escuro) e EL@ NÃO PESSOA CORAJOS@, EL@
MEDRO@ (Ele não é uma pessoa corajosa, ele é medroso) verifica-se a aplicação do sinal
ora como substantivo e ora como adjetivo.
Mais uma vez o coração é alvo dos sentimentos humanos. Logo, ocorre neste sinal
também a corporificação por meio metafórico sendo apresentada pela metonímia PARTE DO
CORPO PELA EMOÇÃO (CORAÇÃO POR SENTIMENTO) seguido pela Expressão Não Manual
representa pelo levantar das sobrancelhas.
Há o registro dicionarizado de SORRIR (verbo), figura 7, mas é possível em EL@
TER SORRISO BONITO (Ele tem um sorriso bonito) verificar o uso de substantivo e em EL@
DO CORPO PELA EMOÇÃO também se faz presente seguida da Expressão Não Manual com
um semblante alegre.
E, por último, o sinal TRISTE (adjetivo) é apresentado no dicionário, figura 8. É
possível verificar as diferenças gramaticais como adjetivo, na frase EL@ MENIN@ TRISTE
(Ele é um menino triste), e como substantivo, na frase VIDA TER TRISTEZA (Na vida há
tristeza).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. [reimpr. 1995].Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira:
estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
QUADROS, Ronice Muller de; PIZZIO, Aline Lemos; REZENDE; Patrícia Luiza
Ferreira. Língua Brasileira de Sinais II. Florianópolis: Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC, 2008. Disponível em http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetras
Libras/eixoFormacaoEspecifica/linguaBrasileiraDeSinaisII/assets/482/Lingua_de_Sinais_I
I_para_publicacao.pdf . Acessado em 04 de junho de 2017.
AMORIM, Gildete1;
ESPIRITO SANTO, Fátima¹;
AYRES, Nathalia1;
RODRIGUES, Luiza1;
PONTES, Rebeca1;
1
Universidade Federal Fluminense
ABSTRACT
The present study addresses the knowledge of LIBRAS of the HUAP nursing team vis-
à-vis deaf patients hospitalized. Therefore, it is a general objective to identify how many
nursing professionals know how to communicate in Brazilian sign language. Method:
This is a quantitative approach. Data collection was done through an interview, between
May 20 and June 2. Results: In total, 29 professionals of the nursing team were
interviewed, being 9 nurses and 20 nursing technicians; Regarding the knowledge of
LIBRAS, only 11% of the nurses had and 20% of the technicians. Concerning the
interest in learning: 78% of nurses and 73% of technicians reported being interested.
Among the reasons for not having knowledge in LIBRAS, stands out the lack of time
and the lack of opportunity. Most nurses (67%) and technicians (84%) report having
had contact with deaf patients. No professionalmade use ofLIBRAS tocommunicate,
emphasizing mime and writing as a form of communication. Both nurses and
technicians work on average in 2 different health units. Conclusion: Deaf care is a
challenge for health professionals and the deaf person, due to the lack of knowledge
about LIBRAS by professionals. Such knowledge is necessary for a more dignified
society, offering truly effective assistance. One such foundation comes from the
implementation of academic institutions that provide future professionals with the
concrete learning of sign language.
Keywords: Nursing; Sign language; Deafness; Professional Training;
INTRODUÇÃO
impossibilita o indivíduo surdo a aceitar e valorizar a sua língua de sinais e sua cultura.
Além desta nomenclatura promover o estereótipo de que as pessoas surdas são
“deficientes”, visto que a comunidade ouvinte exacerba a capacidade de audição, pois
para eles, a fala e a audição exerce o papel de amplitude na vida “normal” da sociedade
dos que ouvem (GIUSTINA; CARNEIRO; SOUZA, 2015).
Na atualidade, diversos idiomas são falados no Brasil, porém, mesmo havendo a
existência de tamanha variabilidade linguística, a língua portuguesa prevalece e
sobrepõe-se sobre todas as outras presentes no país. O problema envolvido em uma
sociedade em que possui o monolinguismo nacional, é que em uma sociedade com uma
pluraridade, como o Brasil, nem todos os grupos serão contemplados e conseguirão
sanar todas as suas necessidades para se expressar. Dentre os grupos sociais que sentem-
se prejudicados com tal monolinguismo, encontra-se a comunidade surda, que
necessitou de uma nova forma linguista para representar-se, a língua brasileira de sinais
(LIBRAS) (LEVINO et al., 2013).
A comunidade surda faz uso da Língua de Sinais como primeiro meio de
comunicação, sendo uma língua que possui cultura e características próprias. A língua
de sinais não possui caráter de estrutura universal nos diversos continentes, em cada
local apresentam uma estrutura gramatical diferenciada. Em sua definição, é uma língua
de modalidade espaço-visual, onde faz-se uso de signos compartilhado, que é recebido
pelos olhos e sua produção é realizada pelas mãos, em conjunto com os braços, tórax e
cabeça (CHAVEIRO et al., 2010; GIUSTINA; CARNEIRO; SOUZA, 2015).
Difere-se da mímica, pois constitui uma língua natural, possuindo uma estrutura
gramatical própria, com seus níveis fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos,
capaz de transmitir conceitos concretos e abstratos por meio de canal essencialmente
visual. No Brasil, devido a sua importância para o país, sancionou-se a Lei nº 10.436 de
24 de abril de 2002, onde reconhece oficialmente a LIBRAS como meio legal de
comunicação e expressão, e sancionado também o decreto nº 5.626 de 2005, onde, além
METODOLOGIA
Entrevista Estruturada
1. Você tem conhecimento na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)?
( ) Sim ( ) Não
a) Se sim, o que o motivou a fazer?
Interesse: ( )Pessoal ( ) Profissional ( ) Familiar
b) Se não, já teve interesse em aprender sobre LIBRAS?
( ) Sim ( ) Não
2. Porque não fez o curso de LIBRAS?
( ) Falta de oportunidade ( ) Tempo ( ) Incentivos institucionais ( ) Dinheiro
( )Outros: _______________
3. Já teve contato com algum paciente surdo?
( ) Sim. ( ) Não
a) Se sim, utilizou LIBRAS? ( ) Sim. ( ) Não
4. Caso não saiba LIBRAS, quais métodos utilizou ou utilizaria para se
comunicar?
( )Desenhos ( ) Escrita ( ) Mímica
( ) Outros: _______________
5. Em quantas unidades de saúde trabalha?
1( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ou mais ( )
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos nesta pesquisa foram expressos em gráficos, em que os
mesmos foram detalhados e elaborados com base em questões pertinentes ao contado
direto do profissional de saúde com o paciente.
Nessa perspectiva, serão expressos gráficos somente com as respostas dos
enfermeiros e respostas somente dos técnicos de enfermagem. Ao total, foram
entrevistados 29 profissionais da equipe de enfermagem, sendo 9 enfermeiros e 20
técnicos de enfermagem; dentre o período de coleta de dados, não houve participação de
auxiliares de enfermagem, por não ter nenhum membro dessa categoria presente no
momento das entrevistas.
Vale salientar que muitos profissionais indagados a responder a entrevista,
refutaram em responder, pois não visualizam a importância da Língua Brasileira de
Sinais em sua prática profissional, acreditando não estar inserido em seu cotidiano de
assistência à população, embora dados do IBGE demonstrem que o numero de surdos
no país se evidenciam aumentados.
11%
20%
80% 89%
Segundo Souza e Porrozzi (2009) em seu estudo sobre o Ensino de Libras para
os profissionais de saúde, comprovam que o atendimento prestado a comunidade surda
geralmente é de forma precária, devido ao despreparo dos profissionais acerca das
línguas de sinais, entendendo que o despreparo não sejafalta de aptidão, mas sim a
déficit de embasamento teórico-prático na formação acadêmica dos profissionais.
9% 0% 9% 0% 4% 0%
9%
26%
73% 70%
Como pode ser observado nos gráficos 5 e 6 acima, destaca-se a falta de tempo e
falta de oportunidade para a aprendizagem do ensino de libras. Ou seja, o profissional
sente a necessidade e vontade de realizar o curso de libras, porém lhe faltam subsídios
para a realização do mesmo. Giustina, Carneiro e Souza (2015) corroboram a
indispensabilidade da capacitação dos profissionais frente à assistência do paciente
surdo.
33% 16%
67%
84%
33% 60%
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CHAVEIRO, Neuma et al. Atendimento à pessoa surda que utiliza a língua de sinais, na
perspectiva do profissional da saúde. Cogitare Enfermagem, Paraná, v. 15, n. 4, p.
DA SILVA, Dirceu; LOPES, Evandro Luiz; JUNIOR, Sérgio Silva Braga. Pesquisa
Quantitativa: Elementos, Paradigmas e Definições. Revista de Gestão e Secretariado,
[S.l.], v. 5, n. 1, p. 01-18, abr. 2014.Disponível em:
<https://www.revistagesec.org.br/secretariado/article/view/297>. Acesso em:
05.06.2017.
GIUSTINA, Flávia Pinheiro Della; CARNEIRO, Denise Medeiros das Neves; SOUZA,
Ruana Medeiros de. A enfermagem e a deficiência auditiva: Assistência ao surdo.
Revista de Saúde da Faciplac, Brasília, v. 2, n. 1, jan – Dez, 2015. Disponível em:
<http://revista.faciplac.edu.br/index.php/RSF/article/view/101>. Acesso em 02.06.2017.
LEVINO, Danielle de Azevedo et al. Libras na graduação médica: o despertar para uma
nova língua. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 37, n. 2, p. 291-297, jun. 2013
. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
55022013000200018&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 05.06.2017.
<http://seer.fafiman.br/index.php/dialogosesaberes/article/view/271/0>. Acesso em
05.06.2017.
SOUZA, Marcos Torres de; PORROZZI, Renato. Ensino de libras para os profissionais
de saúde: uma necessidade premente. Revista Práxis, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, Ago,
2009. Disponível em:
<http://web.unifoa.edu.br/revistas/index.php/praxis/article/view/1119>. Acesso em
05.06.2017.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
RESUMO: O artigo que segue aborda o tema de evasão e fracasso escolar dos alunos
surdos no ensino regular, discutindo as garantias trazidas por leis que não se realizam
com eficiência no ambiente escolar. Aborda-se a violência simbólica apoiado na
perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu, elucidando esse conceito no contexto escolar.
Mostrando o reflexo que as políticas públicas brasileiras ineficientes acarretam na
educação de boa qualidade para os surdos.
Palavras-chave: evasão escolar, fracasso escolar, educação de surdos, violência
simbólica.
Abstract: The following article deals with the topic of school dropout and failure of
deaf students in regular education, discussing the guarantees brought by laws that are
not efficiently carried out in the school environment. It addresses the symbolic violence
supported by the perspective of the sociologist Pierre Bourdieu, elucidating this concept
in the school context. Showing the reflection that inefficient Brazilian public policies
result in good quality education for the deaf.
Docente de Libras da UFF. E-mail: gildeteamorin@yahoo.com.br
**
Graduanda em Pedagogia pela UFF. E-mail: fmgabrielle52@gmail.com
***
Graduanda em Pedagogia pela UFF. E-mail: npsampaio@outlook.com
****
Graduanda em Pedagogia pela UFF. E-mail: fagundes_carla@hotmail.com
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se
deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos
empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia
que insatisfeita foi criadora de minha própria vida
Clarice Lispector1
Apesar de toda situação política atual que estamos vivendo em nosso país, que
esmaga e massacra a educação cada vez mais, moldando projetos educacionais em larga
escala dentro de um pacote curricular sustentado por uma base nacional comum. Apesar
de sabermos que a educação de surdos não está nem um pouco próxima de ser a
educação que esperamos e que pensamos necessária. Apesar de o olhar clínico que
reabilita crianças surdas para a sociedade. Apesar de ter mais de dez anos que a Lei
10.436/02 foi regulamentada pelo Decreto 5.626/05, continua a luta para discussões
sobre a necessidade de respeitar a singularidade da linguística da comunidade surda e de
desenvolver novas práticas de ensino que se mostrem interessadas em atravessar
barreiras criadas ao longo dos anos com a educação dos alunos surdos e proporcionar
aos mesmos uma educação de boa qualidade.
Entendendo que a Lei 10.436 é uma lei recente, que foi reconhecida oficialmente
em abril de 2002, percebe-se que por muitos anos o país fechou os olhos para a grande
comunidade de surdos que temos no Brasil, ignorando suas necessidades e
desrespeitando a sua cultura e os seus direitos como cidadãos brasileiros. Segundo
dados do IBGE (2010), existem 45 milhões de pessoas com deficiência na população
1
Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres. Rio de Janeiro. 1998.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
2. CONTEXTO HISTÓRICO
2
Refiro-me ao reconhecimento da comunidade surda como pertencente a uma minoria linguística, muito
embora todos reconheçam o fato dessa comunidade possuir uma grande quantidade de indivíduos não
apenas no Brasil, como no resto do mundo. Dessa forma, apesar das dificuldades enfrentadas ainda hoje
por ela, tais como o preconceito e a falta de apoio governamental, significativos progressos para a sua
inclusão social já foram alcançados.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
deveriam ser reabilitados de todas as maneiras que fossem possíveis para a medicina
apenas para serem incluídos na sociedade idealizada dos ouvintes.
Por anos os ouvintes tentaram impor o oralismo aos surdos, desconsiderando a
sua identidade e cultura, fazendo com que se sentissem excluídos, que não fossem
pessoas normais e que não fizessem parte da nossa sociedade por conta disso. A palavra
deficiência passa a ideia de falta, de carência, de perda de valor e, por isso, ela não atrai
à nós, autoras deste texto. Enquanto a ideia da surdez for tratada como carência de algo,
como algo que você deve consertar a qualquer custo, o direito da comunidade surda
continua sendo massacrado. Essas pessoas não devem ser vistas como pessoas que estão
em reabilitação porque são deficientes, não devem ser forçadas à idas ao fonoaudiólogo
para empurra-lhes o oralismo goela abaixo.
“Em toda a história da humanidade os estereótipos que se referem ao povo
surdo demonstram o domínio do ouvintismo, relativo a qualquer situação
relacionada à vida social e educacional dos sujeitos surdos. Embora não sejam
poucos estes registros de dominação, frente ao povo surdo, vemos que
historicamente o povo ouvinte sempre decidiu como seria a educação de
surdos” (STROBEL, 2006, p. 247).
A Declaração de Salamanca (1994) vem para garantir aos alunos surdos o direito
à educação em sua língua nacional que é a Língua Brasileira de Sinais, aceitando e
respeitando a sua singularidade. Defende que deve haver classes especiais para esses
alunos que devem ser providas de equipamentos necessários para a educação de surdos
(assim também para os cegos). E no sentido de respeitar para além de sua pluralidade,
considerando também a sua singularidade, a declaração defende essas classes especiais
dentro de escolas regulares, para que haja a interação com toda a sociedade, mas
proporcionando uma educação em sua primeira língua e de boa qualidade.
Mais tarde, a Lei de Diretrizes e Bases (1996) cria uma visão utópica de inclusão
quando dedica todo um capítulo para a Educação Especial que traz diversas garantias
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
para a educação desse público que não é efetivada dentro das escolas de ensino regular.
Como, por exemplo, o direito ao intérprete, assegurando currículos e métodos
diferenciados de ensino voltados completamente para esse público, professores
especializados, integração na vida em sociedade, etc. Ou seja, direitos esses que
sabemos que não acontecem de fato dentro da escola, levando cada vez mais ao público
que necessita dessas garantias a evadir e permanecer na condição de marginalizado na
sociedade.
Soma-se isso ao caráter da educação inclusiva para surdos, garantida pelo
Decreto n° 5626 de 22 de dezembro de 2005, uma educação bilíngue em que os surdos
teriam a língua de sinais – LIBRAS – como primeira língua e a língua portuguesa como
segunda, possibilitando o desenvolvimento da sua linguagem e a compreensão do
mundo, já que depende da língua para aprofundar seus aprendizados.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
Inclusão está muito além da inserção de alunos com deficiência nas escolas
regulares, deveria abranger a possibilidade de desenvolvimento e crescimento integral
dessas pessoas. No caso da surdez, pode-se alterar as formas de prática docente, os
currículos, as avaliações, as possibilidades de sociabilidade dessas crianças, etc.,
mudanças que ajudassem na construção de sua identidade surda.
3.1 Bilinguismo
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
Estudos constatam que professores e gestores não tem conhecimento (ou pouco)
sobre a realidade dos surdos. Como demonstra o relato de Souza e Góes (1999),
“(...) frente a um tal quadro, as professoras se sentem desconcertadas,
não preparadas e sem amparo para dar conta do desafio hercúleo de
lidar, numa classe, com 30 ou 35 crianças marcadas por
singularidades. Suas perguntas quase sempre revelam um não saber o
que fazer. Muitas delas, sem conhecimento elementar sobre a surdez;
algumas fazem considerações ingênuas sobre a leitura labial:
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
4. Evasão escolar
Muito tem se discutido sobre a inclusão, mas o debate permanece necessário já que
os problemas persistem e ainda há muito a ser feito. A evasão escolar constitui uma
temática atual em diversos ambientes e níveis educacionais, relativas às políticas públicas
brasileiras e vem recebendo maior atenção e problematização nas últimas décadas. Gusso
(1998) aponta que o insucesso escolar está relacionado a fatores sociais, econômicos e
culturais, como a pobreza e a exclusão social
À medida que o debate ocorre, torna-se necessário pensar meios para solucionar
tal déficit. A educação inclusiva é o discurso de igualdade que prevalece atualmente no
mundo inteiro. Contudo, tal fato nem sempre ocorreu. Recorrendo a história como
alicerce fundamental para compreender a processualidade da educação do povo surdo, é
possível perceber a desvalorização dos indivíduos surdos, com políticas e propostas
sempre elaboradas pelos ouvintes sem respeitar suas potencialidades e diferenças.
Posto isso, há evidências anteriores ao fracasso e evasão escolares que
infelizmente permanecem até a atualidade. Muitas vezes alocada e camuflada atrás do
discurso dominante meritocrático que defende que a exclusão ou inclusão da pessoa é
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
responsabilidade da mesma, já que existe a escola inclusiva que adapta o surdo aos
padrões preponderantes na sociedade, no caso argumentado, dos ouvintes.
A marginalização dos sujeitos acontece de forma expressiva no contexto escolar,
não apenas pelos discursos camuflados, mas também a falta de preparo e de recursos o
que ocasiona a ineficácia dos métodos pedagógicos defendidos pelas instituições.
Motivando muitas famílias que já sofrem pressões diversas, devido a diferença não
respeitada, a retirar seus parentes das instituições regulares de ensino ditas “inclusivas”.
Como citado anteriormente, o discurso dominante permanece responsabilizando
aqueles que não foram bem sucedidos nas práticas escolares, submetendo os principais
sujeitos da prática educativa a rótulos que ultrapassam a surdez, como se não fossem
capazes de aprender e incapazes, até por muitas vezes não serem pensados na estrutura
do currículo escolar sujeitados a uma política genérica que não se adéqua as
especificidades do surdo. Permanecem então massacrados e dominados pelas regras
impostas em prol de uma falsa democracia que segrega o sujeito surdo.
Nesse universo onde a competitividade e a meritocracia são as ideologias
predominantes, os deficientes se encontram entre os excluídos. A produtividade
esperada não condiz com o modelo educacional oferecido mesmo com a educação
especial e a escola inclusiva, o discurso de igualdade camufla a ideia do diferente, do
respeito às variadas culturas, linguagens e expressões. Na circunstância referida no
presente texto, o discurso da deficiência camufla a diferença. Sendo muitas vezes
pressuposto para insistir no oralismo como a forma correta de inserir o surdo nos
contextos sociais, controlando a linguagem própria dos surdos.
Então, o discurso da deficiência é produzido devido aos acontecimentos
culturais, históricos e sociais. É corroborado para domesticar e violentar o sujeito que
não aprende e nem deve aprender nas condições impostas pela classe dominante. Os
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
3
Para melhor esclarecimento do leitor, ressalto aqui que o conceito de violência, elaborado pelo sociólogo
francês Pierre Bourdieu, aborda uma forma de violência exercida pelo corpo sem coação física, em que
causa danos morais e psicológicos. É uma forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma
imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica A violência simbólica se funda na
fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se posicionar no
espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante. Devido a esse conhecimento do
discurso dominante, a violência simbólica é manifestação desse conhecimento através do reconhecimento
da legitimidade desse discurso dominante. Para Bourdieu, a violência simbólica é o meio de exercício do
poder simbólico e vai além da dimensão física: ela tem de levar em conta também a possibilidade de as
crenças dominantes imporem valores, hábitos e comportamentos sem recorrer necessariamente à agressão
física, criando situações onde o indivíduo que sofre a violência simbólica sinta-se inferiorizado como
acontece, por exemplo, nas questões de bullying (humilhação constante), raça, gênero, sexualidade,
filosofia etc. A violência simbólica está muito presente na educação, a partir do momento em que
professores e gestores subescolares tentam impor suas convicções e/ou crenças particulares.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
5. CONCLUSÃO
A partir desses fatores analisados, observa-se que o fracasso escolar dos surdos é
resultado do fracasso de políticas públicas que não dão suportes necessários aos alunos
que são garantidos por leis e nem formam professores habilitados para receber esses
alunos em suas salas de aula. Não basta declarar Libras como uma língua nacional,
como primeira língua da comunidade surda, e não a incluir no currículo escolar, há a
necessidade de criar uma identidade surda.
“A identidade linguística remete a pensar em um direito além do
direito enquanto regras sociais, mas em um direito que nasce com o
homem, humano, um direito fruto do respeito aos diferentes modos de
conceber o mundo e se refletir sobre ele” (GARCIA, 2015, p. 78).
Para diminuir essa evasão dos alunos surdos, o sistema educacional precisaria,
primeiramente, entender que não existe uma linguagem desconectada de uma cultura,
identidade e visão de mundo. Consequentemente, não se pode ministrar uma língua para
esses alunos e desconsiderar todo o resto, sem que eles utilizem essa linguagem em
todos os espaços escolares, pois podemos perceber que apesar das garantias asseguradas
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
por lei, a sociedade como um todo permanece tentando impor o oralismo aos surdos,
desvalorizando sua identidade. As leis como a Salamanca e a LDB que deveriam se
complementar, criam brechas para que a educação dos surdos não avance
significativamente dentro do espaço escolar, mantendo uma qualidade de educação
questionável e que não contempla as particularidades e subjetividades dos alunos
surdos.
Para além disso, existe a necessidade de uma formação continuada que capacite
os professores a lidar com esses alunos surdos. Entendendo que só o intérprete não é
suficiente, pois não é habilitado para dar todas as aulas pelo professor – o que acaba
acontecendo na maioria das vezes – e que o professor precisa refletir sobre sua prática e
alterar toda sua metodologia de ensino para que esses alunos sejam de fato incluídos.
Portanto, há extrema necessidade do aprofundamento das questões relativas aos
valores estabelecidos e reproduzidos socialmente, da violência sofrida pela comunidade
surda, para problematizar as instituições que regulam tais práticas de exclusão ou
inclusão precária que visa homogeneizar uma sociedade que é diversificada em seu
cerne. Tornando de suma importância então, o debate sobre o espaço adequado que
respeite a especificidade e necessidades do aluno surdo e para além do debate teórico, a
ação e prática da inclusão dos surdos na sociedade.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
GARCIA, Eduardo. Todo pedagogo deve saber o que a lei de LIBRAS diz. In: O que
todo pedagogo precisa saber sobre libras. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015.p. 57-83
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
STROBEL, Karin Lilian. A visão histórica da in(ex)clusão dos surdos nas escolas.
ETD-Educação Temática Digital 7.2, 245-254. 2006.
1
Bacharel e Licenciando em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense – Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas (UFF/ICFH). E-mail: fspv@bol.com.br.
2
Bacharel e Licenciando em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense - Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas (UFF/ICFH). E-mail: carloswmc@yahoo.com.br.
3
Licenciando em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense – Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (UFF/ICFH). E-mail: juan-avelar@hotmail.com.
4
Licencianda em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense – Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (UFF/ICFH). E-mail: mariangelamellocunha@hotmail.com.
5
Orientadora do presente trabalho, professora da disciplina de Libras na Universidade Federal
Fluminense. E-mail: estervbasilio@gmail.com.
em pouco tempo foi possível vislumbrar que a inclusão dos sujeitos surdos é possível
em qualquer campo do saber, a partir da formação de professores conscientes e
comprometidos. Particularmente, no campo da Licenciatura em Filosofia, onde a
subjetividade se traduz como identidade entre alunos, professores e conteúdos
propostos, tem sido notório observar que aprender a dizer “a palavra” - o lógos - é
possível em qualquer lugar e por qualquer língua, quando barreiras são retiradas pela
busca de novas possibilidades de diálogo.
The text seeks to think of an inclusion of the deaf subject, bringing, as perspective, of
teaching of Libras, offered in degrees by means of discipline turned specifically for this
purpose. In this field, historically muted, public policies have been developed in the
work to dissolve the boundaries between the diverse fields of knowledge. The lived
experience of the Libras I course, offered by the UFF/ICFH, to approach
multidisciplinary, the students of different fields of knowledge, has provided a promise
dialogue. In this academic space, in short time was possible to glimpse that the
inclusion of the deaf subjects is possible in any field of knowledge from the formation
of conscientious and committed teachers. Particularly in the field of Philosophy Degree,
where it is a subjectivity, whether a translate as identity between student and teachers,
teachers and proposed contents, has been able to comprehend how to say "a word" - the
lógos - is possible anywhere and by any language, when barriers are removed for the
search of new possibilities for dialogue.
Keywords: Teaching of Libras. Degrees. Graduation in Philosophy. Fluminense
Federal University – Discipline of Libras.
1 INTRODUÇÃO
Falar de educação, em qualquer contexto onde ela possa ser vivenciada como
uma experiência humana de liberdade e de construção de mundos e de novas
perspectivas sempre é um desafio. Tal desafio se faz ainda mais presente quanto a
temática requer um esforço de análise que ajude a compreender os limites e as
perspectivas de sua abordagem no campo da formação de professores, sobretudo nas
licenciaturas.
No contexto do curso de Licenciatura em Filosofia da UFF, a disciplina de
Libras I, inserida no campo interdisciplinar, tem proporcionado diversos momentos de
aprendizagem, promovidos pelos alunos dos vários campos do conhecimento que a
compõem, em um ambiente acadêmico promissor onde vários saberes se entrecruzam.
Neste aspecto, os alunos têm vivido a possibilidade de repensar sua formação a partir de
uma perspectiva inclusiva.
O aperfeiçoamento do ordenamento jurídico e a ampliação das políticas públicas
de inclusão na educação tem garantindo uma inserção cada vez maior dos professores
no tocante à aprendizagem e ao ensino de Libras, permitindo novas formas de inclusão
no campo das licenciaturas.
A partir de uma abordagem crítica, o presente texto procura trazer elementos que
permitam refletir sobre a importância do ensino de Libras nos cursos de licenciatura,
focando mais amiúde o contexto da formação de professores de Filosofia, pensando a
efetividade da inclusão do aluno surdo também no universo filosófico, através de
políticas públicas que garantam a ele o direito de se afirmar como sujeito pensante por
meio de sua língua materna.
Ser surdo, ao longo da história, não foi fácil, foram feitas muitas
injustiças atrozes contra nós, não aceitavam o ‘diferente’ e nossas
‘diferenças’, assim como autor Foucault (2005), em seu livro ‘Vigiar e
Punir’ destaca graves problemas que a sociedade humana e as
autoridades públicas afrontam com as diferentes culturas em seus
territórios, os sujeitos diferentes são identificados e socialmente
estereotipados e também se tende a generalizar as suas limitações e a
minimizar as suas limitações e os seus potenciais, a diferença está tão
presente e enfatizada para os que os cercam que justifica os seus
sucessos e fracassos nos seus atos e realizações.
A fala de Strobel (2008) expõe que durante séculos, nos diversos seguimentos
sociais, devido ao total desconhecimento, acompanhado de doses de maldade e
crueldade, a população surda foi tratada com acentuado desprezo. As injustiças sofridas
por esse povo, que segundo Duarte et al. (2013), p. 1715) chegaram aos limites dos “[...]
sacrifícios em praças públicas, reclusão em instituições, políticas integracionistas até os
discursos atuais de inclusão”, revelam as angústias que viveram e ainda vivem os
sujeitos surdos, sob certas circunstâncias, permanecendo silenciados em diversos
lugares na atualidade, principalmente no tocante às políticas públicas, ainda incipientes.
Segundo Duarte et al. (2013), embora não haja relatos da existência de pessoas
com deficiências em tempos mais remotos, como na pré-história, segundo a autora é
possível compreendermos que em meio às dificuldades naturais, sobreviver era
prioridade. Portanto, os surdos, como outros grupos, não tinham vida fácil.
No decorrer da história, há registros dos diversos tratamentos dispensados dados
aos surdos. Nas primeiras civilizações, como no Egito e na Pérsia, eles eram tratados
com respeito, pois criam que por viverem em silêncio conversavam em segredo com os
deuses (SACKS, apud DUARTE et al.; STROBEL, 2008). Conforme salientam as
autoras, também há registros de relatos de filósofos, como Hipócrates (considerado “Pai
da Medicina”) e Sócrates (o “divisor de águas” da filosofia grega), reconhecendo a
existência da surdez e a importância do desenvolvimento de uma língua que
possibilitasse sua comunicação. Considera-se tal pensamento muito avançado para esses
dias.
Historicamente, também há referências pouco acolhedoras aos surdos, como a
que fez o filósofo Heródoto (484-424 a.C., afirmando que eles eram consequência do
pecado de seus ancestrais, considerando a surdez um castigo dado pelos deuses
(PERELLO; TORTOSA, 1978, apud DUARTE, 2013). Para as sociedades avançadas,
como a grega, que cultivava o intelecto, e a espartana, que cultuava o corpo, o
nascimento de crianças surdas era um peso social que deveria ser eliminado, visto que
acreditavam na impossibilidade serem instruídas, ou mesmo servir nas milícias em
defesa da pátria. Destarte, condenavam os sujeitos surdos à morte, ainda quando
crianças, por serem considerados inválidos (DUARTE, et al.; STROBEL, 2008).
Seguindo a linha do tempo, vemos na civilização judaico-cristã muitos relatos
interessantes no tocante à surdez, sendo que alguns a apresentam como deficiência;
outros como um fenômeno de ordem espiritual. A Torá, composta pelos cinco livros
sagrados da Lei Judaica, ressalta, de forma inclusiva, a importância social e o
tratamento que eram conferidos ao sujeito surdo.
No livro de Êxodo capítulo quatro verso 11 há um relato de Yahweh, o Deus do
povo Hebreu, com Moisés, líder por Ele constituído, utilizando a surdez, bem como
outras deficiências, como naturezas a serem respeitadas: partes de Sua criação. No
mesmo livro, capítulo e verso mencionados, Yahweh responde a Moisés: “Quem fez a
boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu,
Anos mais tarde, Samuel Heinicke, que ficou conhecido como o “Pai do Método
Alemão”, deu um passo científico importante para a compreensão intelectual do surdo
no contexto científico, ao fundar, em Leipzig, a primeira Escola do Oralismo Puro, que
atribui ao surdo uma identidade de ouvinte. No entanto, a experiência de Heinicke não
possibilitou um avanço consistente, pois a sociedade da época, pela ignorância,
discriminava a língua de sinais, tratando-a como vergonhosa (STROBEL, 2008).
Na contemporaneidade, foi o educador e filantrópico francês Abade Charles
Michel L’Epée quem mais avançou nas pesquisas sobre a comunicação dos surdos, ao
conhecer duas irmãs surdas que se comunicavam por meio de sinais, mantendo, a partir
de então, um contato efetivo com surdos carentes e humildes, que o levariam a
desenvolver os primeiros estudos sérios sobre língua de sinais (STROBEL, 2008).
Por meio desta breve contextualização histórica, pode-se conhecer quão antiga e
persistente foi a preocupação em buscar um lugar para o surdo, mesmo que ainda
incipiente.
No Brasil, segundo Strobel (2008), as primeiras experiências com a educação
dos surdos ocorreram em 1855, quando o surdo francês Ernest Huet relatou ao
Imperador D. Pedro II a experiência que havia tido na França, querendo, a partir dela,
fundar uma escola para surdos no Brasil. Tal intenção também decorreu também partiu
do interesse do Imperador em atender a um dos seus netos que era surdo.
Doravante, com o apoio do governo imperial, foi criado o Collégio Nacional
para Surdos-Mudos, que anos mais tarde passou a se chamar Instituto Imperial para
Surdos-Mudos e por fim, em 1957, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES),
sua atual nomenclatura.
Desde o período imperial até os dias atuais a educação e profissionalização de
sujeitos surdos passou por diversos momentos, obtendo relevância internacional por
meio do desenvolvimento de seus métodos de ensino. Contudo, o Método do Oralismo
Puro sempre preteriu o ensino da língua de sinais, mesmo sendo ela a preferida para a
comunicação entre os surdos.
Somente em 1982, por meio de um estudo científico realizado pela linguista
Lucinda Ferreira Brito, em uma tribo de índios na Amazônia, a língua brasileira de
sinais teve o seu primeiro reconhecimento, projetando outros estudos e chegando ao seu
pleno reconhecimento público como meio legal de comunicação, ou seja, como sistema
linguístico independente, firmado por legislação própria.
A Lei nº 10.436 de 22 de abril de 2002, que reconheceu Libras como meio legal
de comunicação e expressão, trouxe em si a primeira política pública de inclusão de
surdos, abrindo caminhos para o ensino da língua. A referida lei foi regulamentada pelo
Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005. No Artigo 3° desse decreto está
estabelecido, para o Ensino Superior, a inserção da disciplina, obrigatoriamente nos
cursos de Pedagogia, Educação Especial, nas diversas licenciaturas e no curso de
Fonoaudiologia.
O decreto supracitado também reconhece os direitos linguísticos dos sujeitos
surdos ao se comunicarem e de se expressarem livremente por meio de sua língua
materna, fato que resultou numa pequena transformação social quanto à valorização e
uso da Libras por pessoas surdas e ouvintes.
Por conseguinte, o mencionado decreto estabelece a defesa da educação
bilíngue, definindo-a e determinando os espaços onde ela deve ser implantada: “São
denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a
modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no
expectativa é que os próprios surdos sejam docentes da disciplina, visto que os mesmos
têm prioridade nos cursos de formação para a função, como previsto no capítulo III do
Decreto n° 5.626/05.
O fato de que a disciplina de Língua Brasileira de Sinais passou a ser obrigatória
nas licenciaturas pode ter dado a impressão que os professores deverão ser bilíngues, o
que seria tecnicamente impossível pela carga horária. Por essa razão, a apropriação da
Língua de Sinais, como qualquer outra língua, requer muito mais que um semestre ou
mesmo um ano inteiro de curso.
Para o conhecimento da estrutura léxica, sintática e semântica da Libras, seria
fundamental o aumento de sua carga horária para sua melhor fluência. Essa alteração no
currículo forneceria ao professor formas de explicar um conteúdo para alunos surdos,
facilitando o trabalho do tradutor-intérprete, bem como possibilitar uma melhor
interação entre professores e alunos.
Como se percebeu até aqui, a luta pela inclusão dos sujeitos surdos, bem como
dos deficientes, de um modo geral, continua sendo um dos grandes desafios da
contemporaneidade na educação brasileira. Deparar-se com a construção do verdadeiro
significado deste conceito, quando muitos ainda pensam que se trata apenas de colocar
alunos em sala de aula por meio de uma lei ainda é uma barreira a ser superada, pois
infelizmente, a não inclusão do sujeito surdo na sociedade ainda faz parte do senso
comum nos diversos espaços sociais.
Quando se fala em inclusão não se pode limitar o conceito ao elemento físico de
corpos inertes, dispostos em um determinado tempo-espaço, prontos para ouvir
ordeiramente conteúdos que lhes são oferecidos. Seria tal ação o sentido máximo do
conceito de “educação bancária” cunhado por Freire (1987). Inclusão não se trata disso,
senão de favorecer o desenvolvimento das habilidades potenciais de um aluno, seja ele
quem for e em qual nível estiver.
No tocante ao ensino de Libras, para que haja uma verdadeira inclusão escolar
desse aluno, serão necessários alguns passos, tais como: i) que o professor tenha uma
noção mínima de Libras; ii) que o professor compreenda o aluno surdo e o reconheça
como sujeito capaz e consciente de si; iii) que o professor desenvolva atividades para
esse aluno, reconhecendo que a língua dele é Libras; e iv) que seja contratado um
interprete de Libras para a perfeita execução do processo de ensinar e aprender.
Segundo Lemos e Chaves (2012), os planos de ensino na disciplina de Libras
estão sendo realizados em universidades públicas de quatro, das cinco regiões do Brasil,
sendo duas na região nordeste, uma na região norte, duas na região sul e uma na região
sudeste. A disciplina é oferecida
6
A matéria completa, intitulada “Filosofia em Sinais”, assinada por Desirée Antônio, encontra-se
disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm> e foi
acessada em 05.06.2017.
Em uma sala de aula pode ser um grande desafio para o professor de filosofia
responder o que é o lógos. Não apenas para o aluno surdo, como para os demais alunos,
o conceito de lógos pode ser pensado como linguagem, palavra, discurso e razão. O
professor de filosofia pode começar a sua caminhada para responder à pergunta pela
linguagem. Explicar o que é linguagem, para um aluno ouvinte é uma coisa, pois ele
está o tempo todo em contado com os discursos dele e dos outros. Entretanto, como um
professor poderia alcançar o mesmo nível de compreensão de um aluno surdo? Portanto,
o desafio não é apenas manter um diálogo por meio da língua de sinais: é fazer com que
o surdo entenda o conceito de lógos de forma fiel à ideia de lógos.
A língua de sinais pode ser um caminho a seguir, mas temos outras opções que
podem ajudar o professor e o aluno. O professor também pode utilizar a linguagem
visual. Dessa maneira, a pintura e a escultura podem ter um papel conjunto com a língua
de sinais. Não queremos dizer que essas formas de artes sejam melhores para
explicarem um conceito, no entanto elas podem ajudar o professor em suas aulas. A
pintura, por exemplo, tem uma linguagem própria que não privilegia os sujeitos
ouvintes e nem os surdos.
Voltemos agora ao conceito heraclítico de lógos. Por ele, nosso caro filósofo
afirma que o lógos enuncia como cada coisa se comporta. Podemos falar que o lógos é
um discurso. No entanto, ele diz sobre o comportamento de cada coisa no mundo.
Heráclito fala que os homens são ignorantes antes e depois de ouvirem o lógos. Assim,
temos por certo de que a escuta não é somente um privilégio dos sujeitos ouvintes, pois
toda a forma de linguagem pronuncia um tipo de língua. Destarte, todos os homens são
ignorantes antes ou depois de escutarem o lógos.
O sujeito ouvinte, quando não consegue enxergar a língua dos sinais está
ignorando uma forma de linguagem diferente da sua. Os homens não devem desprezar
as formas de linguagens que existem ao seu redor. A língua de sinais deve ser percebida
discurso das coisas. Devemos deixar claro que o discurso não é necessariamente um
discurso oral ou escrito. Ele pode vir da língua de sinais, como também de outras
formas de expressão discursiva.
A língua de sinais é aquela que expressa o discurso do sujeito surdo. Ele
consegue falar por meio da língua de sinais o mesmo que o sujeito ouvinte fala por meio
da língua oral. Neste caso, são as diferenças entre as duas línguas que devem ser
reconhecidas e respeitadas, pois ambas são línguas. Todavia, elas se expressão de
maneiras diferentes. Assim, como intérpretes do lógos, o que cada um deve fazer é
reconhecer e procurar entender o que a língua do outro tem em comum e o que cada
uma tem de peculiar, pois todas as línguas têm as suas particularidades e essas devem
ser respeitadas.
Portanto, o sujeito ouvinte e o sujeito surdo devem dizer coisas próximas do
que o lógos diz. Cabe ao professor de Filosofia, por sua vez, reconhecer as
singularidades de cada língua, agindo como mediador da aprendizagem pela
compreensão, valorização e expressão de cada língua. Dessa maneira, ele também vai
reconhecer o que cada língua tem a oferecer de melhor para a sua aula e para os alunos,
a fim de compartilhar o saber entre ambos. Portanto, este é um trabalho de troca, de
mediação entre o professor e os alunos.
Um aluno de Filosofia não precisa entender da mesma forma que outro aluno;
ele deve se aproximar de um entendimento comum que já exista sobre o objeto
estudado. Isto quer dizer que tanto os sujeitos surdos e os ouvintes devem tentar dizer o
mesmo que o objeto em discussão expresse. Seja o aluno surdo ou ouvinte, na sua
língua, deve anunciar coisas verdadeiras sobre as coisas. Assim, dizer o mesmo, ou se
aproximar do mesmo, significa dizer o lógos, ou simplesmente o que lógos é capaz de
comunicar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos anos foram necessários para que o ser humano compreendesse que o real
sentido de igualdade não torna deficiente alguém que, por limitações orgânicas, tem
dificuldades de se expressar em determinado grupo social, mas que o inclui como um
sujeito potencialmente capaz de ensinar por sua diferença física, seja ela qual for.
Na contemporaneidade, o ser humano tem a possibilidade de desenvolver cada
vez mais habilidades que o tornam sujeito de compreensões, mesmo em um mundo
onde as palavras não são faladas, contudo são ditas. No campo da formação de
professores em nível superior, mormente nas licenciaturas oferecidas pela UFF, a
disciplina de Libras I têm possibilitado, um intercâmbio de ricos significados, onde a
inclusão se faz presente pela compreensão de que o diálogo precisa ser estabelecido
com maior efetividade entre os diversos campos do saber. Neste aspecto, possibilitar ao
sujeito surdo aprender a dizer a palavra – o lógos, expressando-a em sua língua
materna, significa dizer ao mundo que não existem limites para o conhecimento
humano, quando aquele que inclui sabe afirmar com gestos aquilo que sente no coração.
É tempo de incluir por meio de novas políticas públicas no campo da formação
de professores nas licenciaturas, formando educadores comprometidos com diferentes
saberes, como na Filosofia, onde o conhecimento dos significados se faz pela
compreensão dos mundos, na objetividade ou na subjetividade, independentemente da
maneira em que eles sejam comunicados, pois o lógos pode ser afirmado de diversas
maneira, quando uma sociedade é capaz de se esforçar para dizê-lo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e base de educação
nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
Acessado em 05.jun.2017.
_______. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acessado em
05.jun.2017.
_______. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436,
de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art.
18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>.
Acessado em 05.jun.2017.
DUARTE, Soraia Bianca Reis, et al. Aspectos históricos e socioculturais da população
surda. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, n.4, out-dez.
INTÉRPRETE DE LIBRAS:
O SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
RESUMO: A comunidade surda através de sua luta ao longo de muitos anos tem obtido
muitas conquistas no âmbito legal, social e educacional. Juntamente com o
reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – como língua oficial do
surdo brasileiro, o intérprete de língua de sinais também ganhou espaço. Sua maior área
de atuação é na sala de aula fazendo a mediação entre professor ouvinte e aluno surdo.
Porém, há uma polêmica no que diz respeito aos limites desta atuação. Este trabalho
discutirá as fronteiras do trabalho do intérprete educacional e sua implicação no
processo educacional do aluno surdo.
PALAVRAS-CHAVE: Educação de Surdos; Bilinguismo; Intérprete de língua de
sinais.
ABSTRACT
The deaf community through their struggle over the years has obtained many
achievements in the legal, social and educational scope. Together with the recognition
of the Brazilian Sign Language - LIBRAS - as the official language of the Brazilian
deaf, the sign language interpreter also gained space. His major area of activity is in the
classroom, mediating between teacher listener and deaf student. However, there is a
controversy regarding the limits of this action. This paper will discuss the boundaries of
1
Especialista em Surdez – UNIRIO, ve_ribeirobio@yahoo.com.br
the work of the educational interpreter and their implication in the educational process
of the deaf student.
KEYWORDS: Deaf Education; Bilingualism; Sign language interpreter.
INTRODUÇÃO
Uma das áreas onde a presença do ILS é mais requisitada é a educação. Muitos
estudos têm sido feitos acerca do papel do intérprete de língua de sinais no espaço
escolar, mais precisamente a sua atuação na sala de aula.
Para Quadros (2004), o papel do intérprete que atua na área da educação ainda
precisa ser melhor esclarecida, pois sua função ainda é confundida com a do professor.
Segundo a autora (QUADROS, 2004, p.60) “O intérprete especialista para atuar na área
2
ILS: Intérprete de Língua de Sinais
Contudo Quadros (2004) enfatiza que o intérprete que atua em sala de aula deve
estar consciente da grande responsabilidade que é o espaço de aprendizado e isto “exige
qualificação específica na área da interpretação e nas áreas de conhecimento
A sala de aula acaba sendo um lugar onde os professores ainda não estão
preparados para receber alunos surdos, pois muitas das vezes nem mesmo a escola está.
Por isso, colocar um intérprete em sala de aula não é garantia de que o aluno seja
assistido de forma plena, pois se a metodologia utilizada pelo professor não for
adequada para o aluno surdo o aprendizado do aluno surdo não será satisfatório.
O Decreto 5.626/05 nos itens VI e VII do art. 14 estabelece formas diferenciadas
de avaliação da aprendizagem do aluno surdo, contudo não prevê como as informações
da avaliação serão ministradas aos alunos surdos que nem sempre conhecem a Libras.
Martins (2007), em seu texto traz a surdez “como uma experiência visual que
constitui uma marca no corpo surdo – a não audição que ocasiona a experiência da
construção subjetiva através da visão.” A autora não está aqui descrevendo o surdo
como um deficiente, um “anormal”, mas sim um sujeito com sua subjetividade
construída através da língua de sinais. A autora aborda o desejo do surdo de ter sua
demanda escutada. Paradoxalmente à sua condição, o surdo deseja ser ouvido.
É preciso ouvir o que o surdo tem a nos dizer sobre isso. Seus desejos, suas
inquietações, suas reivindicações.
O que atrapalha essa escuta é que a sociedade está inundada de saberes sobre o
outro, sobre o surdo. Saber esse que coloca o surdo na condição de deficiente. E para
um deficiente, uma medida “emergencial”: coloca-se o intérprete de língua de sinais em
sala de aula e o problema está resolvido.
Como já foi mencionado, o papel do intérprete de língua de sinais em sala de
aula ainda não está bem definido.
Perlin (2006) empreende uma investigação sobre a cultura surda e o papel dos
ILSs na qual percebe-se uma visão um tanto negativa dos autores surdos sobre os ILS,
que são ouvintes. Para a autora, a condição de ouvintes dos ILS faz com que pareça que
os surdos não confiam a tradução a eles. Acaba sendo uma relação onde o ouvinte
Daí que o trânsito do ILS nas fronteiras culturais exige que se esteja
preparado para romper com uma série de artefatos coloniais como a
enunciação da cultura surda vista ainda figura subalterna, ou como
inexistente em algumas frações sociais. (PERLIN, 2006, p.144)
METODOLOGIA
DISCUSSÃO E ANÁLISE
Nesse tempo, pude perceber que cada aluno surdo é diferente do outro no que
diz respeito a sua língua - ao nível de LS e da Língua Portuguesa escrita - e se possui
identidade surda ou não. E tudo isso influencia diretamente o trabalho do IE3 pois este
terá que adequar sua interpretação ao nível linguístico do aluno.
Apesar da lei de LIBRAS e o decreto 5626/05 deixarem claro que a LIBRAS
não poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa, a maioria dos surdos
que chegam ao ensino fundamental não possui conhecimento da Língua Portuguesa
suficiente para classificá-los como bilíngues a avaliá-los como tal.
Há casos onde o aluno surdo chega ao terceiro ano do ensino médio com pouco
vocabulário da Língua Portuguesa e com uma LIBRAS no nível primário.
Em 2014, fiquei responsável por interpretar para alunos do 6º ano do ensino
fundamental e assim que comecei notei que uma aluna não compreendia os sinais, pois
não respondia com coerência as perguntas que eu fazia. Logo os outros alunos surdos
me informaram que ela não sabia Libras o suficiente para haver uma comunicação.
Trabalhar com alunos que não tem conhecimento do Português é comum, mas nunca
havia interpretado para alguém que não sabia Libras.
A aluna tinha 16 anos de idade e havia estudado os anos anteriores em uma
escola regular sem intérprete e sem professor bilíngue. Os poucos sinais que ela sabia
tinha aprendido na APADA – Associação de Pais e Amigos do Deficiente Aditivo –
onde fez sessões de fonoaudioterapia quando criança.
Nota-se a importância da língua de sinais para o surdo para construção de sua
subjetividade, pois é parte essencial de sua cultura. Cultura essa defendida por Perlin
(2006) por se tratar de elemento constitutivo do sujeito surdo.
3
Aqui me refiro ao intérprete que assume o papel de intérprete educacional, ou seja, que faz
mais do que apenas traduzir línguas.
jovem começou a usar alguns dos recursos da língua de sinais como: os classificadores
e expressões faciais e/ou corporais tornando sua comunicação rica em detalhes.
Mas isso só pode acontecer porque me posicionei como intérprete educacional
assumindo a responsabilidade não só de agente de comunicação, mas também de
agente educacional. Pois se me coloco apenas como tradutora, ou seja, um profissional
com a função somente de traduzir línguas, essa aluna não poderia compreender os
conteúdos escolar e se integrar aos outros colegas e a comunidade escolar.
E é por isso, que defendo em meu trabalho a figura do Intérprete Educacional
com agente de educação. Pois acredito que o intérprete que atua em sala de aula não
deve se comportar como um intérprete que atua, por exemplo, em congressos e
palestras. Até porque, em sala de aula o foco é o aprendizado do aluno. De que adianta
o intérprete interpretar se o aluno não entende o que ele explica? Como o professor
ouvinte pode se comunicar com o aluno surdo através da escrita se o aluno ainda não
consegue escrever com coesão e coerência?
O intérprete educacional deve estar atento a essas questões e mediar não só a
comunicação entre surdos e ouvintes, mas também mediar o conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O código de ética do intérprete de língua de sinais nos diz que este profissional
deve ser imparcial e neutro e que sua função é apenas traduzir/interpretar.
Contudo, em sala de aula, o intérprete é impelido a fazer mais que isso. Esse não
deveria ser o comportamento do intérprete, porém, para ele, acaba sendo uma situação
em que não tem saída: parece que se ele não intervir o aluno será prejudicado, pois
ele participa do forjamento das relações sociais. Entretanto, essa forma de enxergar a
participação dos intérpretes no processo educacional é extremamente controversa, pois
reproduziria a assimetria entre ouvintes e surdos e não seria promovedora da autonomia
dos surdos.
Muito ainda precisa ser feito para que o surdo seja assistido de forma justa para
que ele possa ter acesso aos conteúdos de forma plena assim como os ouvintes, pois
seguindo o código de ética ou sendo mais do que um tradutor, ainda assim o ILS não é
garantia de educação de qualidade para o aluno surdo. Pois afinal, essa responsabilidade
é do sistema educacional como um todo: governo, escola, professores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LACERDA, C.B.F. de. O intérprete de língua brasileira de sinais (ILS). – In: LODI,
A.C.B., MELO, A.D.B. de, FERNANDES, E. (Orgs.) Letramento, bilinguismo e
educação de surdos. Porto Alegre: Mediação, 2012.
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo investigar como metonímias conceptuais
podem colaborar para a iconicidade cognitiva que está presente em verbos classificadores
da Libras (BRITO, 1995; QUADROS, KARNOPP, 2004; FELIPE; MONTEIRO, 2008;
FERREIRA; NAVES, 2014). Dentre os questionamentos que impulsionaram a desenvolver
este estudo, apresentam as seguintes problemáticas: a presença da metonímia conceptual
MANUSEIO DO INSTRUMENTO PELA AÇÃO VERBAL seria um fator visual e espacial que
promove a produção da iconicidade em verbos classificadores em Libras? A compreensão
da iconicidade cognitiva por meio de processos metonímicos é um saber metalinguístico
que pode contribuir para desenvolver atividades para o processo de ensino-aprendizagem
da Libras? Em relação à metodologia abordada (GERHARD e SILVEIRA, 2009), por
meio de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e quantitativa, são analisados
verbos classificadores e propostas teóricas da Gramática Cognitiva (LANGACKER, 2008),
1
Professora Assistente da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ no Departamento de Letras-Libras e
doutoranda em Linguística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ (valerianunes@letras.ufrj.br)
2
Professora Auxiliar da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Faculdade de Educação, e especialista em
Psicopedagogia clínica e institucional pela Universidade Castelo Branco - RJ (lizsouza1@yahoo.com.br)
3
Mestrando em Diversidade e Inclusão pela Universidade Federal Fluminense – UFF e graduando em Letras-Libras pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (wdsnetto@yahoo.com.br)
4
Graduando em Letras - Português e Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
(lucasg6@msn.com)
ABSTRACT
This research aims to investigate how conceptual metonymies can collaborate for the
cognitive iconicity that is present in the Libras verbs as classifiers (BRITO, 1995,
QUADROS, KARNOPP, 2004; FELIPE, MONTEIRO, 2008; FERREIRA, NAVES,
2014). Among the questions that led to the development of this study, they present the
following problems: the presence of the conceptual metonymy HANDLING OF THE
INSTRUMENT BY THE VERBAL ACTION would be a visual and spatial factor that
promotes the production of iconicity in verbs as classifiers in Libras? The understanding of
cognitive iconicity through metonymic processes is a metalinguistic knowledge that can
contribute to develop activities for the teaching-learning process of Libras?
On the methodology (GERHARD AND SILVEIRA, 2009), through a bibliographical
research and a qualitative and quantitative approach, verbs as classifiers and proposals are
analyzed according to Cognitive Grammar (LANGACKER, 2008), Theory of Conceptual
Metonymy (LAKOFF; JOHNSON, 1980) and Cognitive Iconicity (WILCOX, 2004;
NUNES; BERNARDO, 2016). Some signs of verbs were selected: OPEN (OPEN-POT,
OPEN-WIND, OPEN-DOOR and OPEN-BOTTLE); And CUT (CUT-HAIR, CUT-
PAPER and CUT-YOURSELF). The verbs were presented to nineteen adult listening
students, who did not know of verbs as classifiers in Libras, in didactic exercise with
multiple choice form with the verbs cited. This action occurred in the extension activity of
the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) entitled 'Basic course of Libras: linguistic-
cognitive processes in signs'. As a result of the researched data, it was verified that
fourteen students, when viewing the signs, were able to identify which verbal action was
being signaled and five students presented different responses. Thus, the knowledge of
these cognitive processes has proved to be relevant to the development of linguistic and
teaching research of Libras because it contributes to the teaching-learning procedures of
Libras, consequently, it contributes to the development of metalinguistic knowledge,
describing how through Libras world is described visually.
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
TESOURA, CORTAR-COM-FACA.
POR CASA.
Para a análise dos dados, verificam-se como as teorias sobre iconicidade cognitiva e
metonímia conceptual podem colaborar para o entendimento de verbos classificadores.
METODOLOGIA
INSTRUMENTO PELA AÇÃO VERBAL que favorece a Iconicidadde Cognitiva. Esse fato ocorre
devido à incorporação do uso de um instrumento para produzir uma ação verbal nos verbos
classificadores analisados.
Como resultado dos dados pesquisados, constatou-se que catorze alunos ao
visualizarem os sinais conseguiram identificar qual ação verbal estava sendo sinalizada e
cinco alunos apresentaram respostas diversificadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALLAN, Keith. Classifiers. Language, Vol. 53, No. 2, (pp. 285-311),Jun.,1977. Disponível
em : http://www.jstor.org/stable/413103?seq=1#page_scan_tab_ contents . Acessado em
26 de Jan de 2017.
BACKER, Anne; BOGAERDE, Beppien van den; PFAU, Roland; SHERMER, Trude. The
linguistics of Sign Language: an introduction. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins
Publishing Companing, 2016.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. [reimpr. 1995].Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010.
FERREIRA, Geyse Araújo; NAVES, Rozana Reigota. Um estudo sobre os verbos manuais
da Língua de Sinais Brasileira (LSB). VEREDAS on-line –ISSN: 1982-2243. Programa
de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível em
http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2014/07/19-Ferreira_Naves.pdf. Acessado em 18 de
Jan de 2017.
PIZZIO, Aline Lemos; CAMPELLO, Ana Regina e Souza; REZENDE; Patrícia Luiza
Ferreira; QUADROS, Ronice Muller de. Língua Brasileira de Sinais III. Florianópolis:
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Centro de comunicação e Expressão,
2009.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira:
estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
1 INTRODUÇÃO
efetivo atendimento aos surdos poderá aproximar a família, a escola e outros deste
universo e suas especificidades.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
que estabelece no Artigo 3º a Libras deve ser inserida como disciplina curricular
obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em
nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia, de instituições de ensino,
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 2005).
Salientamos que no curso de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense
(UFF), é obrigatória a oferta da disciplina de Libras I para conclusão da graduação, pois
trata-se de um curso de licenciatura, conforme prever o referido Decreto (BRASIL,
2005). A disciplina é oferecida apenas para os dois últimos períodos, tendo preferência
de vagas para o último período e seu tempo de duração é de um semestre, com 30h/a.
A disciplina Libras I é uma introdução a Língua Brasileira de Sinais, aprendendo
assim a sua história, o alfabeto, cumprimentos, estações do ano, parentesco, cores,
alimentos e lugares (casa, apartamento, e outros). Na ementa, também esta previsto para
atendimento a necessidade do uso dos parâmetros da Libras, tais como: expressões
faciais e corporais junto aos sinais, configuração das mãos, e outros.
No entanto, a oferta da disciplina Libras esta para além da introdução de
conteúdos básicos, são encontrados os desafios, tais como produzir materiais didáticos,
ementas de disciplinas, formar professores surdos, entre outros reflexos de como se dá a
disseminação de estratégias e metodologias para aquisição da Libras no sentido de
promover a acessibilidade dos surdos (SÁ; AMORIM 2017).
Dessa forma, ressaltamos sobre a importância da formação dos profissionais da
saúde em cursos específicos, bem como oferta da disciplina Libras em saúde nos curso
de licenciaturas para enfermeiros. Pois como qualquer outra pessoa, o paciente com
embora esteja presente no mundo todo, não possui uma estrutura universal,
apresentando uma estrutura gramatical diferenciada (CHAVEIRO et al, 2010).
A Organização Mundial de Saúde (OMS), afirma que aproximadamente 15% da
população brasileira possui algum tipo de deficiência auditiva. Comparando aos
portadores de deficiência física, auditiva e visual, o surdo é quem encontra maior
dificuldade de inclusão social, já que a audição é um sentido fundamental para obtenção
e uso da linguagem. (PAGLIUCA; FIUZA; REBOUÇAS, 2007).
É de tamanha importância à comunicação durante a consulta e assistência de
enfermagem, principalmente para entender a queixa clínica do paciente e identificar
seus problemas. Apesar de sua importância, conteúdos de comunicação nem sempre são
abordados nos processos de formação em enfermagem. Para estes profissionais que
lidam constantemente em seu cotidiano profissional com os clientes, isso traduz uma
assistência precária, já que o profissional não terá condições adequadas de reconhecer
mensagens não-verbais e/ou implícitas nas falas dos pacientes, o que muitas vezes pode
ser o mais revelador a respeito de suas condições de saúde. (PÁSCOA et al, 2009).
Dessa forma esta situação acaba acarretando para muitos, uma única solução, a
inclusão de uma terceira pessoa nesta relação, o interprete da LS (BARBOSA et al,
2003). Segundo Chaveiro e Barbosa (2004), a presença de intérprete junto ao serviço de
atendimento na saúde é uma realidade, mas isto não prepara o profissional para a
inclusão efetiva.
Os profissionais, na tentativa de uma mínima interação que seja, acabam usando
gestos que acreditam ser a comunicação ideal para o entendimento do paciente, mas o
entendimento leigo até mesmo com gritos, é uma tentativa desesperada do desejo de que
o surdo tenha sua audição recuperada milagrosamente para o enfermeiro não precise sair
da sua zona de conforto.
Durante a busca por artigos que abordam essa temática, encontramos alguns que
se destacaram, no quais na maioria das vezes podemos verificar a falta de preparação
dos profissionais para com esses pacientes e quase nenhum deles tem o domínio da
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência criou estratégias para
proporcionar um atendimento de qualidade às pessoas com deficiência, priorizando a
formação e a capacitação de profissionais para atuarem em todos os níveis de
atendimento em saúde.
O segundo artigo do Código de Ética do Profissional Enfermeiro (CEPE),
assegura que é direito do enfermeiro aprimorar seus conhecimentos técnicos, científicos
e culturais que dão sustentação a sua prática profissional. No artigo 15, revela o
enfermeiro tem o dever de ofertar uma assistência livre de preconceito de qualquer
natureza. (COFEN, 2007). Sendo assim o profissional da enfermagem tem o direito e o
dever de realizar um curso de formação em Libras a fim de prestar uma assistência de
qualidade aos pacientes surdos.
É preciso que o enfermeiro aperfeiçoe seus conhecimentos e suas especialidades,
agindo como um agente transformador que precisa acompanhar as prioridades de seus
pacientes (TIMBY apud ORIÁ; MORAES; VICTOR, 2004).
3 CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLOGICA
O uso das Tecnologias para o ensino de Libras (SÁ; AMORIM, 2017), aplicado
ao âmbito da saúde é essencial para promover a produção de informações, aplicativos,
instrumentos que contribuam para a compreensão e melhora do conhecimento
científico, validação do conhecimento empírico e aplicação na assistência. Para isso, é
importante, incorporar a linguagem tecnológica com os instrumentos já utilizados e de
domínio na sociedade, assim como na proposta da elaboração do vídeo ilustrativo
(Figura 1) para anamnese em Libras. Segue abaixo, os frames8 dos vídeos/testes:
8
Imagem, desenho ou quadro.
9
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=llfAP2KNMnk
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SÁ, Tatiane Militão de; AMORIM, Gildete da Silva. O uso das Novas tecnologias e
ensino de Libras na plataforma CEAD/ UFF nos cursos de licenciaturas. In: ANAIS IX
do Seminário internacional As Redes Educativas e as tecnologias, 2017.
MIRANDA, Rodrigo Sousa de; SHUBERT, Carla Oliveira; MACHADO, Wiliam César
Alves. Communication with people with hearing disabilities: an integrative
review. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, [s.l.], v. 6, n. 4, p.1695-
1706, 1 out. 2014. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO.
http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2014.v6i4.1695-1706. Disponível em:
<http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/viewFile/3204/pdf_12
23>. Acesso em: 08 jun. 2017.
OLIVEIRA, I.C.A. de, et al. A língua brasileira de sinais na formação dos profissionais
de enfermagem, fisioterapia e odontologia no estado da Paraíba, Brasil. Interface
(Botucatu) [online]. 2012, vol.16, n.43, pp.995-1008. Epub Dec 04, 2012. ISSN 1807-
5762. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832012005000047.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
1
Aluna do Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão – CMPDI/UFF, formada em
Pedagogia Bilingue pelo Departamento de Ensino Superior – DESU/INES e Especialista em Libras:
Ensino, Tradução e Interpretação pelo Departamento de Letras da UFRJ. Tradutora Intérprete de Libras e
Português do Departamento de Letras do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ – DL/IM/UFRRJ –
saratilsp@gmail.com
**
Professora Drª. Adjunta do Instituto Nacional de Educação de Surdos, membro do Curso de Mestrado
Profissional em Diversidade e Inclusão – CMPDI/UFF/INES rosanaprado.ines@gmail.com
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
ABSTRACT
The present work presents the relevance of the teaching of Libras to students who listen
to regular inclusive schools. The same is the product of a professional master's
dissertation on diversity and inclusion and begins in an attempt to answer the following
question: How to create mechanisms of linguistic interactions between deaf and hearing
in regular inclusive schools? To that end, the current research aims at analyzing the
history of deaf education in order to understand the current model of inclusive
education, investigate the contradictions between the same model and the orientation of
a bilingual education for deaf students, To support the importance of the teaching of
Pounds for hearing children in the inclusive regular school as a mechanism of
integration between the deaf and the hearing. For the development of the study, books
and academic articles on the history of deaf education, on inclusive education and on
the importance of Libras for the development of the deaf student were selected. The
theoretical reflection is based on authors like Vygotsky, Sanchez, Skliar, Lacerda,
among others. As legal bases were used documents such as Universal Declaration of
Human Rights, Declaration of Salamanca, Law 10.436 / 2002, Decree 5626/2002,
LDBEN 9493/96, among others. It is concluded that the main mechanism to promote
linguistic interaction in inclusive schools is to teach Pries to hearing children and thus to
provide a better linguistic and social use for both groups and to base the ideology of
having a truly bilingual society , Within a few years. With professionals working in the
most diverse areas, able to receive and assist any deaf citizen. Offering to this, the full
right to their citizenship.
Keywords: Deaf Education, Bilingualism, Inclusion of the Deaf
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
Assim, este estudo propõe uma análise da história da educação de surdos para
compreender as contradições do atual processo de inclusão de alunos surdos em escolas
regulares. Para o desenvolvimento do estudo foram selecionados livros e artigos
acadêmicos sobre história da educação de surdos e educação inclusiva. A importância
da Libras para o desenvolvimento do aluno surdo se apoiou em autores como Vygotsky,
Sanchez, Skliar, entre outros. Como bases legais foram utilizados documentos como
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declaração de Salamanca, Lei
10.436/2002, que oficializa a Língua Brasileira de Sinais, o Decreto 5626/2002,
LDBEN 9394/96 entre outros. Por meio desta análise, tivemos a intenção de
proporcionar maior familiaridade com o tema, de maneira a favorecer o surgimento de
propostas para promover a integração linguística entre surdos e ouvintes na escola
regular inclusiva.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
acesso à educação. Seu método teve sucesso e alguns anos depois, sua escola foi
transformada no Instituto Nacional de Surdos e Mudos de Paris.
Contrapondo a isso, na mesma época de L’Epée, surge na Alemanha, Samuel
Heinicke fundador da primeira instituição de surdos do país. Seu método de ensino era
baseado no oralismo2, apesar de utilizar alguns sinais e o alfabeto digital. Samuel
Heinicke, criticava os métodos utilizados por L’Épée e segundo Couto (2004) e Rocha
(2007), inúmeras publicações registraram o debate público entre ambos, dentro do que
acreditavam ser a melhor forma de se educar os surdos.
Outro importante personagem desse processo histórico, segundo Rocha (2007),
foi Thomas Hopkins Gallaudet, morador dos Estados Unidos, que decidiu dedicar-se ao
ensino dos surdos e partiu numa viagem à Europa, a fim de aprender sobre a
metodologia utilizada no Instituto Nacional de Surdos e Mudos de Paris, e então, fundar
uma escola em Hartford.
Depois de sua morte, um de seus filhos, Edward Miner Gallaudet, participou da
fundação do primeiro colégio universitário para surdos, chamado Gallaudet School.
Esta instituição, fundada em 1857, deu origem à Universidade Gallaudet, localizada na
cidade de Washington DC, reconhecida como referência na educação de surdos até os
dias atuais. A língua oficial da universidade é a American Sign Language - ASL.
A história da educação de surdos no Brasil iniciou-se através de E. Huet3, que de
acordo com Rocha (2007), ao chegar ao Brasil, em 1855, enviou ao Imperador D. Pedro
II um relatório no qual fazia alusão à criação de uma escola para surdos. Em 1857, foi
2
Oralismo é uma concepção de ensino para surdos, defendida principalmente por Alexander Graham Bell
(1874-1922) no qual se defende que a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da língua oral, ou
falada.
3
Segundo Rocha (2007), existem “inúmeros itens contraditórios da biografia do idealizador do atual
Instituto Nacional de Educação de Surdos. O próprio nome do idealizador tem sido objeto de dúvida.
Todos os documentos por ele assinados (...) não revelam seu primeiro nome. Suas assinaturas tem apenas
uma pequena variação ou E.Huet ou E. D. Huet.”
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
4
De acordo com Meireles (2010) o oralismo foi uma orientação pedagógica que determinou a soberania
do uso da língua oral e a total proibição do uso da Língua de Sinais na educação de surdos. Esta corrente
pedagógica acreditava que os surdos deveriam seguir o padrão de normalidade ouvinte e para tal,
deveriam aprender por meio da oralização.
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Entende-se que esta abordagem pressupõe mais que o uso e aquisição de duas
línguas. É uma filosofia educacional que prevê profundas mudanças em todo o sistema
educacional para surdos. Este tipo de educação consiste, em primeiro lugar, na
aquisição da língua de sinais, entendendo que a mesma é primordial para a construção
da identidade do indivíduo surdo. Que por sua vez, está inserido na grande comunidade
de ouvintes, que se caracteriza por fazer uso de língua oral e escrita. Por isso, em
segundo lugar, o surdo deve aprender a fazer uso da Língua Portuguesa em sua
modalidade escrita.
Entretanto, o movimento que defende o bilinguismo, inicia-se concomitantemente
com o movimento que defende a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas
regulares. Segundo Meireles (2010), documentos como a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e Declaração de Salamanca apontam para uma nova organização
escolar, como forma de expressão da crescente necessidade de se garantir uma educação
inclusiva para todas as pessoas, independentemente de classe, raça, gênero, etnia ou
deficiência, bem como o respeito à diversidade cultural e individual.
Outra característica importante destes documentos é o reforço da ideia de uma
educação para todos e não apenas para aqueles com deficiência, mas também para os
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5 Documento criado em Jontiem (Tailândia) em uma reunião promovida pelo Banco Mundial, com o objetivo de atender aos pedidos de diminuição da dívida dos
países em desenvolvimento cuja solução encontrada foi obrigar os países a investir em Educação Especial. (Banco Mundial, 1997)
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Essas lacunas, existentes na inclusão escolar de alunos surdos, não têm sido
favoráveis por serem, segundo Lacerda (2006 p. 181), “muito restritiva para o aluno
surdo, oferecendo oportunidades reduzidas de desenvolvimento de uma série de
aspectos fundamentais (linguísticos, sociais, afetivos, de identidade, entre outros)” E
que portanto,
A experiência de inclusão parece ser muito benéfica para os alunos ouvintes
que têm a oportunidade de conviver com a diferença, que podem melhor
elaborar seus conceitos sobre a surdez, a língua de sinais e a comunidade
surda, desenvolvendo-se como cidadãos menos preconceituosos. Todavia, o
custo dessa aprendizagem/elaboração não pode ser a restrição de
desenvolvimento do aluno surdo. Será necessário pensar formas de
convivência entre crianças surdas e ouvintes, que tragam benefícios efetivos
para ambos os grupos.”(LACERDA, 2006, p. 181)
Isso significa que precisamos tratar a inclusão escolar como uma oportunidade
de oferecer ferramentas linguísticas não só para os alunos com necessidades
educacionais especiais, no caso, os surdos, como para os alunos ouvintes. Ou seja, a
inclusão educacional de alunos surdos, preconiza, também, o aprendizado da Língua
Brasileira de Sinais, por parte dos alunos ouvintes, de modo que haja uma real interação
e formação de ambos os grupos. Visto que baseado em autores como Vygotsky(2001), é
através da interação social, que os sujeitos se constituem como tal e esse processo
ocorre por meio da linguagem.
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6 decreto que Regulamenta a Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de
dezembro de 2000.
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atuantes nas diversas áreas, aptos a receber e atender a qualquer cidadão surdo, pode-se
vislumbrar a possibilidade de uma sociedade mais humana e democrática no que se
refere às relações estabelecidas com indivíduos surdos. Afinal, como afirma CRUZ
(2013):
A inclusão escolar deve traduzir um conjunto de reflexões e ações que
garantam o ingresso, a permanência e a saída de todos os alunos,
devidamente instrumentalizados para a vida em sociedade. Caso contrário,
pode-se, a pretexto de promoção da inclusão, confirmar práticas pedagógicas
excludentes ou, no mínimo, dissimuladoras de uma realidade que prima pela
exclusão...
CRUZ (2008, p. 28)
Deste modo, faz-se necessário refletir sobre a formação na escola pública em
seus mais diversos aspectos e pessoas envolvidas. Incluir alunos surdos significa pensar
em uma escola linguisticamente acessível e isso somente será possível quando todas as
pessoas constituintes do ambiente escolar, tiverem a oportunidade de conviver e
aprender a língua de sinais e que por meio dela possam estabelecer relações
significativas com alunos surdos.
Assim, percebe-se que durante a história da educação de surdos, a escola regular
não acumulou experiências históricas com os indivíduos surdos e que a proposta de
inclusão educacional é recente em nossa sociedade, necessitando ainda de muitas
reflexões e práticas que se apoiem mutuamente. Na intenção de contribuir para a
inclusão de alunos surdos por meio da acessibilidade linguística, pensou-se na proposta
da criação de um currículo de Libras para os alunos ouvintes indo ao encontro da
necessidade de acessibilizar o ambiente escolar, torna-lo visual, interativo e
proporcionar a participação autônoma de alunos surdos.
Ao final do estudo foi possível afirmar que a proposta de criação de um
currículo de Libras para ouvintes tem potencial para contribuir para a inclusão escolar e
social.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.º 9.394/1996. Brasília, DF,
1996. Disponível em: www.mec.seesp.gov.br
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RESUMO: Este artigo descreve alguns estudos e achados sobre possíveis variações
linguísticas em alguns sinais da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Para que as
variações sejam compreendidas, o artigo apresenta um rápido estudo sobre certos
aspectos linguísticos da Libras, tais como o conceito de cultura e de comunidade surda,
uma breve história das línguas de sinais, as primeiras pesquisas no Brasil sobre Libras,
os primeiros parâmetros fonológicos propostos para a língua de sinais e os parâmetros
que são atualmente utilizados para a descrição da Libras. São apresentadas e analisadas
tanto variações diatópicas quanto variações diastráticas encontradas em Libras. Foram
encontradas variações nos sinais usados nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro
para a cor BRANCA; nos sinais TRISTE, em São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso
do Sul; nos sinais MAS e VERDE, em São Paulo, no Paraná e no Rio de Janeiro; nos
sinais VIAJAR, em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Todos esses sinais
apresentam variantes regionais no nível fonológico. Também são analisados os sinais
ROUBAR e SEXO, que são variações encontradas em diferentes camadas sociais,
sendo destacada a forma mais educada de apontar em certos sinais. Para análise das
variações são descritos os parâmetros fonológicos de cada sinal. Os parâmetros
adotados neste estudo são aqueles propostos por Stokoe em 1960, a saber, Configuração
de Mãos (CM), Localização (L), Movimento (M), juntamente com Orientação da mão
(Or) e Expressões Não-Manuais (ENM), que foram propostos por Battison, em 1974,
como complementação aos anteriores.
1
Professora de Libras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Linguística
pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: myrna.salerno@letras.ufrj.br
ABSTRACT
This article describes some studies and findings on possible linguistic variations in
some signs in Brazilian Sign Language - Libras. In order to understand these variations,
we also describe the concept of culture and deaf community, a brief history of sign
languages, the first researches about Libras in Brazil, the first phonological parameters
proposed for the language of Signs and parameters that are currently used for the
description of Libras. Both diatopic variations and diastronic variations found in Libras
are presented and analyzed. Variations were found at the states of São Paulo and Rio de
Janeiro on the sign BRANCO (WHITE, in English); on the signs TRISTE (SAD), in São
Paulo, Rio de Janeiro and Mato Grosso do Sul; on the signs MAS (BUT) and VERDE
(GREEN), in São Paulo, Paraná and Rio de Janeiro; on the VIAJAR (TRAVEL) signs, in
São Paulo, Rio de Janeiro and Minas Gerais. All these signs present regional variants at
the phonological level. The ROUBAR (STEAL) and SEXO (SEX) signs, which are
variations found in different social strata, are also analyzed, highlighting the more
educated way of pointing when using certain signs. To analyze the variations, the
phonological parameters of each signal are described. The parameters adopted in this
study are those proposed by Stokoe in 1960, namely Hand Configuration (CM),
Localization (L), Movement (M), along with Hand Orientation (Or) and Non-Manual
Expressions (NMS), which were proposed by Battisom in 1974 as a complement to the
previous ones.
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
3. Variações Linguísticas:
Variações linguísticas podem ser regionais ou sociais. São chamadas Variações
diatópicas as encontradas em diferentes regiões geográficas. As variações diastráticas
são as diferenças encontradas em diferentes segmentos da estrutura social. Dialetos
Regionais ocorrem nas regiões geográficas. Dialetos Sociais são os que ocorrem em
grupos sociais.
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisjornadacientifica.weebly.com/
198
METODOLOGIA:
Para analise das variações são descritos os parâmetros fonológicos de cada sinal.
(1) Na Libras, no nível lexical, os sinais para cor BRANCO no Rio de Janeiro e para a
cor BRANCO em São Paulo (SP) são diferentes respectivamente apresentados pelas
2
figuras 1 e 2.
(2) Outra variação linguística é o sinal de TRISTE no Rio de Janeiro, Mato Grosso do
Sul e São Paulo que são representados pelas figuras 3, 4 e 5, respectivamente.
2
Figuras 1 a 13 realizadas por Tadeu de Souza.
O sinal TRISTE (RJ) e (MS) são parecidos entre si, mas diferentes do sinal
TRISTE em SP. O primeiro e o segundo são parecidos no nível fonológico. Já o sinal
TRISTE (SP) destaca mais o sentido de “MAGOA” no peito.
Os parâmetros para o sinal TRISTE (RJ) são: CM n° 39; Ponto de Articulação, no
queixo; Movimento; mão direita com a ponta do dedo polegar tocando o queixo com a
expressão triste. O sinal TRISTE (MS) é semelhante ao sinal TRISTE (RJ), porém, no
nível fonológico, a mão é virada para baixo.
Os parâmetros para o sinal TRISTE (SP) são:
CM 46 e 02; Ponto de Articulação, no peito; Movimento, mão direita aberta, palma para
cima, movimentar ligeiramente para baixo e fechar os dedos.
(3) Os sinais, MAS em São Paulo e no Rio de Janeiro são representados pelas figuras 6
e 7.
A principal diferença entre o sinal MAS (SP) e o sinal MAS (RJ) é uma pausa
feita no final do sinal pelos surdos no Rio de Janeiro.
Os parâmetros para o sinal MAS (SP) são: CM n° 14; Ponto de Articulação,
espaço neutro; Movimento, mãos inclinadas para baixo e dedos indicadores cruzados.
Movem-se as mãos para os lados opostos, inclinando um pouco a cabeça para baixo.
Os parâmetros para o sinal, MAS (RJ) são: CM n° 64; Ponto de Articulação,
espaço neutro; Movimento, mãos abertas, palmas para frente. Movem-se as mãos
ligeiramente para frente, inclinando um pouco a cabeça para frente e fazendo uma
parada.
(4) Os sinais para VERDE em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná são ilustrados nas
figuras 8, 9 e 10:
Os sinais para VERDE são diferentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
(5) Os sinais VIAJAR em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são apresentados
nas figuras 11,12 e 13.
Os parâmetros para o sinal VIAJAR (RJ) são: CM, n° 63; Ponto de Articulação,
espaço neutro; Movimento, mãos abertas, palma a palma, mão esquerda acima da palma
da mão direita. Move-se a mão direita para cima, uma vez.
Os parâmetros para o sinal VIAJAR (SP) são: CM n° 42 e 45; Ponto de
Articulação, espaço neutro; Movimento, mão direita inclinada para cima, dedos unidos.
Move-se a mão para frente e para cima abrindo e fechando ligeiramente os dedos,
repetindo três vezes.
Figura 14 – ROUBAR
Outro sinal utilizado em diferentes contextos sociais é SEXO. O sinal pode ser
feito com a mão ou sinal não manual expresso por um determinado movimento da
4
língua na bochecha. (Figura 15)
Figura 15 – SEXO
3 4
e Figuras 14 e 15 – Fernando Cezar Capovilla & Walquiria Duarte Raphael. Dicionário enciclopédico
ilustrado trilingue da língua de sinais brasileira, 2 volumes: sinais de A – L e M – Z, Edusp, 2001.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo apresenta exemplos que mostram que a Libras, como qualquer outra
língua, apresenta variações linguísticas. Dentre os sinais analisados, constatou-se que
motivações regionais, sociais e históricas podem influenciar na produção de sinais,
conforme se verificou nos sinais: BRANCO para o estado do Rio de Janeiro e de São
Paulo; TRISTE, para Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul; MAS e VERDE,
em São Paulo, no Paraná e no Rio de Janeiro; VIAJAR, São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Motivações relacionadas ao modo de sinalizar, seja por descrição social
ou por preferência de quem sinaliza, encontraram-se as possíveis variações nos sinais,
ROUBAR e SEXO.
Para que se possa ter uma compreensão melhor da Libras são necessárias
pesquisas para encontrar mais variações, contribuindo assim para que pessoas possam
se comunicar melhor, bem como estudos profundos sobre os diversos fatores que
contribuem para as variações linguísticas em Libras.
Dentre estes fatores, destacam-se: a influência histórica de cada geração; os
acontecimentos gerados através da língua pela sociedade; as variações histórias,
regionais e sociais; as relações presentes nas classes sociais, ou seja, os surdos mais
velhos que costumam preservar as formas antigas; as formas mais escolarizadas, ou
seja, de prestigio social; variações entre as classes sociais, alterações nos itens lexicais
em relação a diferenças de idade, escolaridade e sexo (masculino e feminino); e as
distinções das formas estigmatizadas e não estigmatizadas, ou neutra, ou não marcada.
Sendo assim, este trabalho, de forma inicial, relata algumas variações da Libras a
fim de contribuir com as pesquisas linguísticas dessa língua visual.
REFERÊNCIAS
PADDEN, C. The deaf community and the culture of deaf people. In: WILCOX, S.
(Ed) American Deaf Culture: na anthology. Burtonsville. MD: Lindtok Press, 1989.
1
Professora de Libras na Universidade Federal Fluminense, orientadora do presente trabalho.
estervbasilio@gmail.com
2
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, yasmim.dinizandrade@gmail.com
3
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, thaislaudelino@hotmsil.com
4
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, marc2485@oi.com.br
5
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, kbieternik@gmail.com
6
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, balbino_barbara@yahoo.com.br
Abstract: The librarian has a duty to provide a good service to every user, with a
quality service that can increase your interest. Therefore, it is necessary be able to meet
various people, adapting to their needs, such as the deaf. However, when we focus on
caring for deaf users perceive as reality differs from the ideal, and the service becomes
faulty, damaging both the deaf user and the purpose of the librarian. In addition, the
librarian may have a role as cultural agent, because the training enables the inclusion
and dissemination of pounds in the social environment. Every library should be
included, especially the university, because they get a diverse group of people who need
certain information. Thus, this paper seeks demonstrate why the librarian needs
qualification and how you can obtain through the perspective of a university library. So
1 INTRODUÇÃO
No atual contexto da sociedade em que vivemos discute-se bastante sobre a
inclusão e o acesso à informação. Já existem linguagens que facilitam a comunicação
entre os usuários com deficiência auditiva. Das atribuições do bibliotecário ser o
facilitador e mediador do conhecimento são as mais importantes. Enfatizar o que é mais
relevante, aprender outras línguas e aplicar recursos tecnológicos deverão ser ações
atualizadas e capacitadas constantemente para o mercado de trabalho.
O elevado número de ingresso dessas pessoas com diversos tipos de deficiência
nas universidades é consequência da realização dos serviços ofertados pelas instituições
de ensino superior. Entre eles, as bibliotecas com a filosofia de inclusão que propõe
uma sociedade para todos.
Como mediador, o bibliotecário propicia a inclusão por meio de incentivos a
informação e concede espaço para utilizar a internet e tecnologias da informação para a
comunidade acadêmica. Até mesmo pessoas com necessidades educativas especiais. A
transformação que a filosofia de inclusão proporciona é evidente nas áreas de
[O segundo princípio] não terá descanso enquanto não houver reunido todos
– ricos e pobres, homens e mulheres, quem mora em terra firme e quem
navega os mares, jovens e idosos, surdos e mudos, alfabetizados e
analfabetos – a todos, de todos os cantos da Terra, até que os tenha conduzido
para o templo do saber e até que lhes tenha garantido aquela salvação que
emana do culto de Sarasvati, a deusa do saber. (RANGANATHAN, 2009
apud TARGINO, 2010)
Por que, ainda hoje, esse assunto é visto como um desafio? Para responder a essa
pergunta é preciso compreender que as pessoas com necessidades especiais sempre
estiveram à margem da sociedade, vítimas de preconceito tanto fora como dentro do
meio familiar. Os surdos, ainda hoje, sofrem com a "invisibilidade" de sua deficiência,
o que leva a precariedade dos serviços disponíveis a essas pessoas.
surdos, já que pode ser facilmente modificado para adequar-se às circunstâncias locais”.
(IFLA, 2000, p. 7).
As primeiras diretrizes tratam da capacitação dos funcionários da biblioteca para
que haja uma comunicação eficiente com o usuário surdo. Sugere treinamento total ou
parcial da equipe da biblioteca, responsabilização de um bibliotecário para atendimento
aos usuários surdos e até a presença de funcionários surdos que "possam obter
credibilidade dentro da comunidade surda." (IFLA, 2000, p. 8).
Este documento ressalta a importância de se oferecer um serviço igualitário a
todos os usuários da biblioteca, disponibilizando-os em diferentes formatos:
[...] nos locais onde serviços de Internet estão disponíveis, deve ser
disponibilizado acesso à biblioteca pelo correio eletrônico. Com os
constantes avanços tecnológicos, as bibliotecas devem ficar atentas aos
modos de comunicação aceitos e amplamente utilizados pelos usuários surdos
[...] (IFLA, 2000, p. 11).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das análises realizadas e dos dados coletados foi possível identificar a
necessidade de mudanças, que são necessárias em todas as áreas. Logo, é
imprescindível e urgente para o profissional bibliotecário, sentir que deve se modificar e
se atualizar sempre, pois as pessoas com surdez enfrentam ainda hoje, muitas barreiras e
desafios para usar e acessar a informação, o que é fundamental para que exerça sua
cidadania, seus direitos e deveres tanto no setor social, quanto no profissional.
As bibliotecas universitárias devem procurar adequar suas unidades para que
possam atender toda diversidade de usuários que procuram por informações e os
bibliotecários/profissionais da informação possuem parte dessa responsabilidade.
Devem ser acessíveis para que possam atender as necessidades informacionais diversas
do público que as procuram, tais como os surdos, cumprindo suas funções primordiais
de apoiarem as pesquisas, conhecerem a organização em que se situam, para que
possam subsidiar o planejamento tanto na fase em que o plano, programa ou projeto são
elaborados, como também no momento em que as ações serão implementadas e
promoverem o acesso à informação.
Através desse conhecimento ela irá colocar em prática suas ações, planos e
projetos para beneficiar o maior número de pessoas, oferecendo produtos e serviços que
atendam às expectativas de seus usuários. O rompimento das barreiras em torno da
acessibilidade é essencial para permitir que essas pessoas sejam incluídas na sociedade
da informação, pois não se deve pensar apenas nas mudanças físicas da biblioteca. É
preciso ir além: desenvolver uma conscientização por parte das pessoas que trabalham
nas unidades de informação, uma forma de pensar mais inclusiva, deixando isso refletir
em suas atitudes.
Um dos fatores percebidos para essa mudança, é a necessidade da inclusão
disciplina de Libras Instrumental como obrigatória na estrutura curricular do curso de
Biblioteconomia, uma vez que as universidades disseminam diversas informações,
sendo o lugar mais provável para conhecer a comunidade surda. Também pode ser
oferecido pela própria gestão da biblioteca, projetos de capacitação para todos os
funcionários poderem atender seus usuários com qualidade, além de oficinas
promovendo Libras para o público geral.
Sendo assim, a realidade das pessoas com surdez exige do profissional
bibliotecário um desempenho específico na escolha e disseminação da informação,
auxiliando-o no processo de mediação entre esta informação e o usuário, oferecendo
atendimento adequado, e atendendo a necessidade deste público.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Nelma Camelo; MOTA, Francisca Rosaline; SILVA, Josilene. A formação
do bibliotecário em Alagoas mediando o acesso à informação por deficientes auditivos.
In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO,
15., 2014, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2014. Disponível em:
<http://repositorios.questoesemrede.uff.br/repositorios/handle/123456789/3087>
Acesso em: 8 jun. 2017.
<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/[field_generic
o_imagens-filefield-description]_24.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2017.
MORAIS, Bruna Isabelle Medeiros de. Bibliotecas inclusivas: mediação com o usuário
surdo. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2011. Disponível em:
<http://www.liber.ufpe.br/bibtcc/files/p/383/383.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2017.
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisjornadacientifica.weebly.com/
223
TARGINO, Maria das Graças. Ranganathan continua em cena. Ciênc. Inf., Brasília, v.
39, n. 1, p. 122-124, abr. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
19652010000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 1 jun. 2017.
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar os riscos ambientais causados por
ruídos emitidos pelos equipamentos e máquinas presentes no ambiente industrial da
refinaria. Este estudo foi baseado na norma NBR – 105152 ou ABNT NB-95 que trata
da exposição ao ruído, sendo feita também uma descrição dos graus de surdez e suas
características para que sejam entendidos os riscos que um surdo e/ou um ouvinte
correm ao permanecerem expostos a um ambiente com elevado grau de ruído, pois o
contato diário com o barulho, mesmo que em uma baixa frequência, pode acarretar
sérios danos à saúde do trabalhador como doenças ocupacionais relacionadas à perda
auditiva. Para isso, faremos uma breve descrição das atividades e processos presentes
em uma refinaria, citando como base a refinaria de Duque de Caxias (REDUC). Assim,
permitiu-se realizar um estudo comparativo das principais atividades causadoras de
poluição sonora que podem comprometer a audição de um trabalhador ouvinte e um não
ouvinte. O trabalho teve como base metodológica a pesquisa exploratória e tomamos
1
Docente de Libras. Orientador do trabalho.
Abstract
This article aims to analyze the environmental risks caused by noise emitted by
equipment and machines present in the industrial environment of the refinery. This
study was based on the NBR-105152 or ABNT NB-95 standard that deals with noise
exposure, and describes the degrees of deafness and its characteristics to understand the
risks that a deaf person and / or a hearer are exposed to while being exposed to a high
noise environment, because daily contact with noise, even at a low frequency, can cause
serious damage to the worker's health as occupational diseases related to hearing loss.
For this, we will give a brief description of the activities and processes present in a
refinery, citing as a basis the Duque de Caxias refinery. Thus, we can make a
comparative study of the main activities that cause noise pollution that can compromise
the hearing of a worker listener and a non-hearer. The work was based on
methodological exploratory research and we take as institutio-nal references related to
health and safety of work, uniting as its aspects for an under-standing of the gravity of
certain services provided in an oil refining environment. With the results obtained, we
can identify ways to minimize noise in a refinery and thus preserve the health of the
worker in this environment, such as the use of safety equipment and damping machines.
We also perceive the need to raise the awareness of all parties (worker and company) in
the care that must be taken in hazardous areas.
Key-words: refinery; risks; deafs.
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
De acordo com a Norma Brasileira NBR 105152 (ou ABNT NB-95) com os limites de
tolerância para ruído contínuo ou intermitente, como pode ser visto na tabela abaixo,
existe uma tolerância permitida de exposição diária à ruídos no trabalho de forma que
não prejudique a saúde do funcionário.
Com isso, quando o funcionário está exposto a condições não favoráveis à sua saúde
auditiva, é necessário o uso do protetor auricular que é um EPI (Equipamento de
Proteção Individual) muito importante na segurança do trabalho. Ele tem por finalidade
atenuar ruídos, protegendo o ouvido que é uma região muito sensível do corpo humano,
que quando danificada pode problemas leves à irreversíveis. Existem alguns tipos de
protetores auriculares que devem ser usados em ocasiões específicas, são eles:
- Silicone ou Plug: o mais usado nos locais de trabalho atualmente, possui
também preço acessível e alta durabilidade.
- Espuma: são descartáveis e se adaptam bem ao ouvido devido ao seu
material. São menos usados atualmente.
- Concha: possuem bom conforto e arco regulável resistente.
85 8h
86 7h
87 6h
88 5h
89 4h e 30min
90 4h
91 3h e 30min
92 3h
93 2h e 30min
94 2h
95 1h e 45min
98 1h e 30min
100 1h
102 45min
104 35min
105 30min
106 25min
108 20min
110 15min
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise dos possíveis riscos no
trabalho de uma pessoa em uma refinaria expostas à riscos ambientais causados por
ruídos, assim, faremos uma descrição das principais atividades que acarretam ou podem
acarretar lesões aos trabalhadores ouvintes, bem como um estudo de caso das principais
atividades de potencial risco sonoro e como minimizá-lo, baseado na Norma Brasileira
NBR 105152 (ABNT NB-95) estudada na contextualização teórica.
Desta forma podemos trazer esta análise de riscos causados por ruídos para uma
refinaria de petróleo. O ruído proveniente deste ambiente é causado principalmente pelo
funcionamento de equipamentos tais como turbinas, compressores e motores, assim
como o ruído causado pelo fluxo de fluidos em alta velocidade através de válvulas,
dutos de transporte e bicos ejetores [4].
Um trabalhador exposto ao longo dos anos a um ambiente com ruído elevado,
como uma refinaria, pode sofrer alterações na sua capacidade auditiva. Primeiramente
tratando de um ouvinte, este pode vir a ter lesões graves no seu aparelho auditivo
podendo leva-lo a um dos casos de surdez citados na contextualização teórica. No caso
de um trabalhador surdo, este pode agravar sua lesão podendo chegar a níveis de surdez
mais drásticos e assim inviabilizar a continuidade do seu trabalho. Para que não ocorram
danos aos aparelhos auditivos do ouvinte e dos surdos deve-se utilizar sempre os
equipamentos de proteção individual, assim como tomar medidas mitigadoras como
controle da emissão de ruídos feito através de clausura ou isolamento dos equipamentos
que mais emitem ruídos.
Correias em Uma placa longa e Uma correia larga Troca-se a correia larga
Polias estreita produz em polias, resulta por correias mais estreitas
menos ruído que em muito ruído de e separadas por
uma placa baixa freqüência. espaçadores diminuindo
quadrada. os ruídos de baixa
freqüência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[3] LORENZI, A. et al. Quais os tratamentos atuais ? Cochlea, 2016. Disponivel em:
<http://www.cochlea.org/po/tratamentos>. Acesso em: 04 jun. 2017.
[4] MARIANO, J. B. Impactos ambientais do refino de petróleo, Rio de Janeiro, Fevereiro 2011.
216.
[5] NETO, N. W. Diálogo de Segurança DDS, Ruído Ocupacional. Segurança do Trabalho NWN,
2013. Disponivel em: <http://segurancadotrabalhonwn.com/protecao-auditiva-dds/>. Acesso
em: 03 Junho 2017.
INTRODUÇÃO
Sendo assim, devemos abordar essa temática recorrendo sempre àquilo que
Marta Abreu, Hebe Mattos e Carolina Dantas (2009) chamam de “dever de
memoria”, ou seja, uma maneira de preservar a história sofrida de grupos
marginalizados na sociedade para que, a partir daí, possamos achar meios de
reparação. E para que esses grupos possam receber a devida atenção, além de uma
política pública que vise inseri-los de forma plena na sociedade, o reconhecimento é
necessário:
Dessa forma, esse passado sofrido não deve cair em esquecimento, mas
deve ser acionado para mobilizar lutas sociais e usos políticos de determinados
grupos que foram oprimidos e injustiçados em algum período da história. E com
isso, segundo as autoras, “tais memorias e narrativas devem ganhar visibilidade, por
meio de sua patrimonização, através da mídia ou mesmo de muitas recordações e
é julgada inexistente; ora, sem cultura o homem não chega a ser humano
(TODOROV, 2008, p.40).
língua de sinais acaba por oferecer uma possibilidade de legitimação do surdo como
“sujeito de linguagem”. Ela é capaz de transformar a “anormalidade” em diferença,
em normalidade. (SANTANA, BERGAMO, 2005, p.567)
das escolas especiais para surdos a partir dos conceitos de grupo étnico, identidade e
patrimônio cultural.
No início do século XIX, o termo “etnia” foi criado pelo francês Vacher
Lapouge a partir da preocupação comum de muitos estudiosos em compreender a
necessidade dos seres humanos de se organizarem em grupos e quais os mecanismos
empregados nestes processos. Ao longo do século, o termo foi desenvolvido em
diferentes abordagens, inclusive por aquelas relacionadas a teoria racial.
Atualmente, o conceito de etnicidade pode ser entendido como uma
crença subjetiva que têm seus membros de formar uma comunidade e pelo sentimento
de honra social compartilhado por todos que alimentam tal crença. A pertença étnica
determina assim um tipo particular de grau social que se alimenta de características
distintivas e de oposições de estilo de vida [...] (POUTIGNAT e STREIFF-FENART,
1997, p.38).
1
“Neste artigo, faz-se referência às escolas específicas para surdos por ser um espaço que ainda consegue
manter-se em diversas cidades do Rio Grande de Sul, mesmo frente às propostas de inclusão educacional
dos surdos em escolas regulares. No entanto, é preciso destacar que a manutenção de tais escolas é fruto
de intensa militância e reivindicação por parte de surdos e ouvintes envolvidos com a causa da educação
de surdos”.
Pesquisas recentes têm focado sua atenção para a educação de surdos como
um campo específico de conhecimento, contrapondo-se a autores que buscam
posiciona-la dentro do âmbito geral da educação especial. Essa diferença de
posicionamento pode ser percebida em dois documentos relacionados a educação de
surdos: a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva de 2008 e o Decreto nº 5.626/05.
O Decreto, por sua vez, foi promulgado três anos antes, logo após a
aprovação da lei que deu reconhecimento legal à LIBRAS como Língua oficial da
comunidade surda. Resultado de uma série de reivindicações da comunidade surda e
pela pressão feita por especialistas na área da educação de surdos, ele se dedica
apenas aos processos educacionais referentes a este grupo. Como afirma Ana
Claudia Lodi,
A autora, que apresenta sua obra como uma “peça de memória” (ROCHA,
2007, p. 9-11), disserta desde suas diferentes propostas pedagógicas utilizadas no
decorrer de sua história, quando, em 1982, a curiosidades sobre sua história, como o
episódio no qual o ator Toni Ramos visitou a instituição à época da novela Sol de
Verão, produzida pela Rede Globo, onde representava o papel de um personagem
surdo (ROCHA, 2007, p.117-118).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA:
ABREU, Martha; MATTOS, Hebe; & DANTAS, Carolina Vianna. “Em torno do
passado escravista ações afirmativas e historiadores”. In: ROCHA, Helenice;
GONTIJO, R.; MAGALHAES, M. S. (Orgs.). A escrita da história escolar:
LODI, Ana Claudia Balieiro. Educação bilíngue para surdos e inclusão segundo a
Política Nacional de Educação Especial e o Decreto nº5.626/05. Revista Educação
e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 1, jan./mar. 2013, p. 49-63.
TODOROV, Tzvetan. O medo dos bárbaros: para além do choque das civilizações.
Petrópolis: Vozes, 2010.
kindergarten with a deaf child, the son of parents and who has no contact with the deaf
culture in their daily lives, except at school. Based on the studies by QUADROS,
LACERDA, OLIVEIRA (et.al) and in the laws of education related to deafness, we had
the intention of working the learner's learning in relation to sign language and the
Portuguese language. To introduce you to the universe of the Portuguese language and
the world of signs in Libras. The methodology used was bibliographic research.
Keywords: Inclusion, deaf culture, identity, Brazilian Sign Language.
INTRODUÇÃO
A cultura da escrita como uma produção social adentra no mundo das crianças
pequenas desde cedo. Em seu cotidiano, as crianças estão cercadas de letras, imagens,
números e símbolos. A linguagem oral nessa fase é um importante meio de
comunicação entre a criança e o outro ser. O brincar, o reconhecimento de si e do outro
também.
A partir do momento em que a criança está inserida em um contexto social,
político e histórico, ela passa a fazer parte de uma cultura. E a escolarização passa a ser
o meio pelo qual a criança aprende sobre o mundo que o cerca. Para apresentar à
criança pequena a esse mundo, aos quatro anos de idade, inicia-se o processo de
escolarização. Com base na lei de nº 12.769/2013 das Leis de Diretrizes e Base (LDB)
da educação. Com a escolarização vem o alfabetizar iniciando-se desde cedo nas escolas
o mundo das letras e dos números.
Ressaltando que a criança pequena aprende com o outro nas interações, seja em
casa, na rua, na igreja ou em qualquer ambiente em que se encontrar.
O que dizer então, de uma criança surda? Como iniciar na educação infantil uma
criança de 4 anos, proveniente de uma família de ouvintes que não conhecem Libras
(Língua Brasileira de Sinais)? E em que contexto essa criança deve ser inserida: em
salas regulares com intérprete de Libras ou em salas somente com outros alunos surdos?
Relato minha experiência como professora de apoio bilíngue, nesse ano de 2017,
em uma classe regular. Trabalhando em uma UMEI (Unidade Municipal de Educação
Infantil) no município de Niterói. Para preservar a identidade do meu aluno, de quatro
anos de idade, o chamarei de “Nel”.
Sou Pedagoga, pós-graduada no curso Pigead / UFF (Planejamento,
Implementação e Gestão da EaD), com Curso de Libras (nível 4) realizado pela
SEMEC/ Itaboraí, e cursando Libras na Igreja Nova Vida de Colubandê. Já tive
experiência com uma aluna deficiente auditiva que usava implante coclear, com a qual
trabalhei dois anos. A mesma tinha 12 anos na época, e estava inserida no 4º ano do
Ensino Fundamental. Porém essa sabia ler, escrever e contar e pouco lembrava de sinais
em Libras, e eu como apoio da mesma a ensinei o básico e um pouco de língua
portuguesa.
Seria a primeira vez com uma criança pequena e surda, que pouco teve contato
com Libras no ano anterior, através da outra professora de apoio bilíngue da escola. O
aluno veio bem arredio, recusando-se a aprender a rotina escolar, bem como sinais em
Libras do cotidiano.
SOBRE O ALUNO
Esse aluno passa por acompanhamento de uma fonoaudióloga, pela professora
da sala de recurso da escola em que estuda, além do meu apoio diariamente. Conta
também com a participação das duas professoras de referência da turma, visto que, em
Niterói as classes da Educação Infantil trabalham com a bidocência.
Quando cheguei à UMEI, o aluno não me olhava, relutava em me acompanhar,
parecia não aceitar minha presença. Talvez, por falta da professora anterior de apoio.
Não aceitava olhar para mim quando eu sinalizava em Libras. Não obedecia às regras,
fazia as tarefas da turma no seu tempo. E demonstrava não compreender as propostas
das atividades.
Hoje, com muita dedicação, calma e mediação, consegui, junto às professoras de
referência da turma, e parceria com os funcionários da escola uma comunicação com o
aluno.
Precisei ler muito sobre alunos surdos. A observação se dá no período de 8h, no
ambiente escolar, sendo avaliado cada gesto, olhar, atitude, tento decifrar. Por ser
metódico, o aluno já tem em mente a rotina da escola.
Quando quebramos a rotina, ele se desespera, ficando desestabilizado. Porém é
um aluno carinhoso e esperto quando está bem. Só não gosta de ser contrariado. Ele nos
testa a todo o momento.
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS
Para iniciar o processo de aprendizagem do aluno que tinha em minha mente,
precisava ganhar sua confiança para adentrá-lo no mundo dos Sinais em Libras. Não
que ele não tivesse contato anteriormente com a outra professora, mas eu tinha algo
reservado para ele. Primeiro passo foi ter uma maneira de nos comunicarmos. Então,
confeccionei um caderno de “Conceitos”.
Nesse caderno colei os sinais da rotina escolar, dos membros da família,
números, alfabeto, alguns meios de transporte, meses do ano, alimentos, cumprimento e
comandos. Cada folha do caderno tem:
Um sinal para a imagem;
Uma imagem;
E a imagem vem acompanhada da palavra em português.
O que pretendia com isso? Mostrar ao aluno que para cada objeto, pessoa ou
ação do dia a dia, havia uma forma de se comunicar. Mostrava para o aluno a imagem
(exemplo, comer), fazia o sinal e fazia a datilologia do nome da palavra. Com isso, o
aluno foi internalizando os sinais e fazendo associações. Ele ainda não faz com suas
próprias mãos alguns sinais em Libras (na sua maioria), mas compreende facilmente o
que é sinalizado para ele.
O tempo tem sido meu aliado. Digamos que em 4 meses alcançamos mais do
que o esperado. No início do mês de maio de 2017, o aluno apresentou a vontade de
balbuciar e juntamente tentar sinalizar com as mãos o que ele pretendia.
Nas rodas de conversa (chamadinhas). Ele participa, ajuda e tenta falar com as
outras crianças usando as mãos. Como eu faço e as outras professoras da sala fazem
igualmente. Somos uma equipe. Na sala de recursos o aluno tem reforçado as
especialidades que ainda não foi desenvolvido, como por exemplo: a coordenação
motora fina. Pois o aluno ingressou na rede pública no ano passado, mesmo ano em que
teve o primeiro conato com a língua de sinais. Sem muito contato com a Libras, a
comunicação ficava restrita, pois o aluno tem surdez severa. Sabendo que: ”A língua de
sinais vai ser adquirida por crianças surdas que tiveram experiência de interagir com
usuários de língua de sinais.” (QUADROS, p. 20, 2006).
A mãe do aluno é parceira da escola. Até se matriculou em um curso que é dado
pelo Município de Niterói, pela Fundação (FME), aos pais de alunos surdos e
professores. Para aprender a se comunicar em casa com seu filho.
Toda sexta-feira, a mãe do aluno leva para sua casa o caderno de Conceitos, para dar
continuidade ao trabalho que é feito em sala de aula. O aluno é muito observador.
Quando não compreendemos o que ele quer, e se o mesmo percebe isso, tenta
nos mostrar de outra forma. Se não conseguir, fica irritado e chora. Por vezes aponta,
balança a cabeça e até balbucia: “ ...também é verificado o início do uso de negação não
manual, através do movimento da cabeça para negar...” (QUADROS, p.20, 2006). E
como o observo também, utilizo muito os sinais interrogativos: Como? Onde? O que?
Às vezes, acho que me frustro mais do que o aluno, por nem sempre saber o que
ele deseja. Tenho acertado muito, mas por vezes passo distante do eu ele quer.
Acredito que, por não ter outras crianças surdas ele não se sinta à vontade de
utilizar de sinais em Libras para se comunicar, quer pertencer e ser igual aos ouvintes.
Às vezes, peço aos coleguinhas da mesa em que ele estiver sentado para
sinalizar igual à mim, fazendo-o pertencer ao que apresento. Tem dado certo. Ele até
repete os sinais.
Outra estratégia que tenho utilizado ao meu favor e para o desenvolvimento do
aluno é o seu fascínio por “helicóptero”. Tenho registro do aluno brincando com um
helicóptero de brinquedo da escola, e quando não tem em mãos o objeto, recria
situações que se assemelhe ao brinquedo. Utiliza de réguas para imitar a hélice do
helicóptero, usa massinha e palitos de picolé que tem em sala de aula.
Quando o aluno não quer obedecer à rotina da turma, porque para tudo há um
horário, necessito fazer um diálogo com o mesmo para que ele realize as tarefas e
depois dou o brinquedo. Às vezes, não dá certo, a troca. Mas tentamos imediatamente
mediar com outras propostas. Aprendi que, com o aluno tenho sempre que ter um plano
B. Cada tarefa apresentada para a turma, no dia seguinte adapto para o aluno utilizando
sinais em Libras. Seja para as histórias contadas para a turma, seja nas propostas do ano
letivo. Sempre adapto, porque tenho observado que se eu não mediar, ele não
compreende a proposta.
Um entrave que tivemos foi quando trabalhamos o reconhecimento do “eu”. O
aluno não se olhava no espelho. Não se desenhava, pois não se reconhecia. Seus
desenhos eram puro rabisco. Com mediação, o aluno foi dando cores e formas aos seus
INICIANDO O PROJETO
Iniciamos com o “Projeto Identidade”. O que nos custou um trabalho árduo. Pois
como já expliquei, o aluno não se olhava, não se reconhecia, nem identificava o seu
nome na ficha dos nomes. Fiz olhar-se no espelho, mostrei o que tínhamos no seu rosto
e as partes do corpo (cabeça, tronco e membros).
Para dar ênfase ao projeto utilizamos:
Contação de história. O livro: “O corpo de Bóris”, (Editora:
Ciranda Cultural);
Desenhamos o corpo das crianças em papel pardo. (Colocamos
um aluno e uma aluna par fazermos o contorno do corpo deles, e
demos nomes aos bonecos que surgiram), além de
confeccionarmos uma roupa para cada personagem;
Fizemos nos dias posteriores atividades para desenhar o rosto
(olhos, sobrancelhas, nariz, boca e ouvidos), e as partes do corpo.
A mesma tarefa que demos para turma foi a mesma que o aluno fez. No dia
seguinte foi adaptado a mesma tarefa em Libras. Para que houvesse a inclusão do
mesmo no mundo dos sinais e no mundo das letras. Parecia que não estávamos
alcançando-o.
Percebi que ele não tinha um sinal de batismo (os surdos batizam outros surdos
com um sinal). Não havia um surdo adulto na escola. Então eu o batizei com a letra
inicial de seu nome. E comecei a chama-lo por essa letra. Ele se apropriou do sinal. Pois
quando eu sinalizava o aluno compreendia. Comecei a produzir atividades com a letra
do nome dele em Libras.
Também o levei ao espelho, com o intuito de que o aluno se reconhecesse, mas
ele relutava em ver sua imagem. Tive uma ideia: Peguei meu celular e coloquei no
modo “self” e colocava o aluno no meu colo para que ele se visse no telefone, fiz
caretas e assim ele se visualizou. Em outro momento, apontei para meus olhos, nariz e
boca e apontei para os olhos dele, o nariz e a boca e fiz sinal em Libras de “igual”, e
desenhei um rosto com olhos, nariz e boca; e dei a ele uma folha para desenhar. E para
minha surpresa ele fez o que eu havia feito.
E no mesmo dia, foi até o quadro imitar o boneco que desenhamos para
contagem de meninos e meninas da turma naquele dia. Dei muitas tarefas com a letra do
nome do aluno, para fixar e para que o aluno reconhecesse o seu nome. O aluno foi
incentivado, nas rodas de conversa, na hora da chamadinha a pegar o seu nome também.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do projeto com a turma e com o aluno era a de fazer com que os
alunos se reconhecessem como sujeitos sociais, que pensam e que aprendem. Foi
preciso que, através desse projeto, o aluno surdo também se conhecesse. E que
tivéssemos uma forma de nos comunicar. De olhar para as partes do seu corpo, de se
identificar, de saber que o seu nome o pertencia.
Fez-se necessário apresentar o mundo das letras e números em Libras e em
português, para que o aluno tenha direito a inclusão, tanto na língua materna de seu país
quanto na língua utilizada pela comunidade surda no Brasil.
Temos alcançado objetivos inesperados. Precisa-se a cada dia criar estratégias
para ajudar o aluno a produzir conhecimento. Pois o mesmo pede para que seja visto e
atendido. E os resultados têm sido positivos.
A ideia agora é fazer com que o aluno tenha uma aprendizagem significativa.
Ensinando-o sobre a cultura surda e sua inclusão no ambiente escolar na rede municipal
de Niterói.
REFERÊNCIAS
QUADROS, Ronice Müller de. Ideias para ensinar português para alunos surdos.
Brasília: MEC, SEESP, 2006.
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.pdfAcessado em:
20 /05/2017.
1
Docente da disciplina Libras I, orientadora do ensaio- UFF, tatimili2@yahoo.com.br
2
Graduando em Licenciatura em História-UFF e discente da disciplina Libras I, edsonpimentel@id.uff.br
3
Graduanda em Licenciatura em História-UFF e discente da disciplina Libras I,
yngridperes@hotmail.com
4
Graduanda em Licenciatura em História-UFF e discente da disciplina Libras I, tamaraborg@gmail.com
5
Graduando em Licenciatura em História -UFF e discente da disciplina Libras I,
andre095.oliveira@hotmail.com
6
Graduando em Licenciatura em História -UFF e discente da disciplina Libras I, sr.bmuniz@gmail.com
7
Graduando em Licenciatura em História-UFF e discente da disciplina Libras I,
Leandro.cruz@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
Atualmente a educação brasileira tem caminhado à inclusão de alunos com
deficiência no ensino regular, conforme a Lei Federal n°9.394, de 20 de Dezembro de
1996, Art. 24 do decreto n°3.298/99 e a Lei n°7.853/89, que garante o direito ao acesso
8
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB
2/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2001. Seção 1E, p. 39-40.
9
DECRETO N° 5.626/2005. Cap. I; Art. 2°. Disponível em:<www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 27 maio 2017.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
2. Inclusão de surdos: expectativas e a realidades
Entendemos que o primeiro aspecto que se deve definir é a identidade desse
indivíduo surdo no meio educacional. Segundo BARBOSA (2007), ser surdo é apenas
uma diferença e não uma deficiência, porque a surdez não o impossibilita de realizar
diversas atividades, inclusive de comunicar-se com os ouvintes. A Resolução CNE/CEB
2/2001, em seu art. 4°, inciso II fala da busca pela identidade própria de cada educando
com o objetivo de ampliar os valores, atitudes, conhecimentos, habilidades e
competências, assim, com a identidade formada o indivíduo com N.E.E buscará sua
integração na sociedade como garante o inciso III 10do mesmo artigo.
No âmbito educacional, ao longo da história, adotou-se três modelos distintos
para se ensinar ao aluno surdo: o Oralismo, a Comunicação Total e o Bilinguismo
(NEVES, 2009). Esse último modelo é o adotado pela educação contemporânea e com
ele os profissionais da educação buscam construir a identidade do docente surdo, como
corrobora o Artigo 12°, § 2° da Resolução CNE/CEB n°2, de 11 de setembro de 2001 11
10
“ III - o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade de participação social, política e
econômica e sua ampliação, mediante o cumprimento de seus deveres e o usufruto de seus direitos”.
Resolução CNE/CEB 2/2001; Art. 4°, inciso III.
11
“§ 2° Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam dificuldades de
comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos
curriculares, mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a língua
de sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa, facultando-lhes e às suas famílias a opção
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Ao longo do texto, observaremos os movimentos por parte da comunidade surda
no decorrer da ultima década para garantia de seus direitos, frente às problemáticas da
crise econômica do país em detrimento ao faça-se cumprir nas políticas públicas para
educação inclusiva de alunos surdos. Assim, nossa proposta metodológica para
elaboração da pesquisa bibliográfica, conta o aporte de revistas, teses e noticias de
pela abordagem pedagógica que julgarem adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada
caso”. Resolução CNE/CEB 2/2001; Art.12°, § 2°.
13
§ 1º “São considerados professores capacitados para atuar em classes comuns com alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais aqueles que comprovem que, em sua formação, de nível
médio ou superior, foram incluídos conteúdos sobre educação especial adequados ao desenvolvimento de
competências e valores para: I – perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos e valorizar a
educação inclusiva; II - flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento de modo
adequado às necessidades especiais de aprendizagem; III - avaliar continuamente a eficácia do processo
educativo para o atendimento de necessidades educacionais especiais; IV - atuar em equipe, inclusive
com professores especializados em educação especial.” Resolução CNE/CEB 2/2001.
14
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=48321
das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na edição de 2017, o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) passa a oferecer
uma terceira opção de auxílio para esses participantes da prova em videolibras15. A
novidade será ofertada em caráter experimental. Por meio desta modalidade de exame,
os estudantes resolvem a prova com apoio de um vídeo, que apresenta as questões
traduzidas para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Serão até 20 alunos por sala.
Além das mudanças na aplicação das provas, o surdo também poderá contar com a
presença do interprete para tradução em Libras e leitura labial. Dessa forma é
importante ressaltar que a Resolução de 2001 e o Decreto de 2005 explicitam sobre
adaptação das provas, do currículo e até de horários, para o atendimento do aluno surdo,
acreditamos que isso não será diferente no ENEM.
16
Disponível em: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2016-05-18/faltam-cuidadores-de-
alunos-deficientes-visuais-nas-escolas-do-estado.html>. Acesso em: 20 maio 2017
desta noticia, a Deliberação CEE Nº 355, visando eliminar as barreiras que prejudicam a
participação e aprendizagem dos alunos com necessidade educacionais especiais, vê-se
que quando há redução de verbas os prejudicados são os alunos surdos o que resulta na
regressão das conquistas dos direitos adquiridos.
4.3 Inclusão de surdos: expectativas aplicadas às mudanças de realidades
Neste paragrafo apresentaremos um trecho da reportagem do jornal eletrônico
G1 e exibida no programa dominical Fantástico, da Rede Globo a fim de observar como
se da na realidade: Webert não conseguia acompanhar as aulas e não interagia com os
colegas até quando viu que a turma toda usava a linguagem de sinais.17. Essa
reportagem mostra que esta professora da rede pública promoveu a inclusão do aluno
surdo Webert, através da difusão da Libras em sua sala de aula, conforme previsto no
Decreto 5626/05 adaptando-se a difícil realidade. Percebemos que a professora buscou
avaliar as expectativas e aplica-las para modificação da realidade do aluno acordo com
Barbosa (2010) sobre inclusão. No entanto, infelizmente, essa é mais uma exceção à
regra, pois o aluno Webert teve sorte por sua mãe ter sido orientada, pelo Ministério
Público, a exercer seu direito, garantido por lei, e de sua professora saber a Libras, para
transmitir à turma, utilizando-se dos recursos tecnológicos disponíveis e, assim,
promovendo a inclusão do aluno surdo no espaço escolar e difundindo a Libras pela
comunidade escolar. Portanto, a professora fez cumprir o que o Decreto n° 5.626/2005 à
instituição de ensino e à sociedade fazendo com que o aluno desenvolvesse sua
capacidade cognitiva e de comunicação com os demais integrantes de seu meio social.
Através das notícias expostas nesse trabalho podemos perceber que as expectativas
das atribuições das garantias legais não são aplicadas à realidade, isso tem sido uma
17
G1. Fantástico. Disponível em:< http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/12/aluno-surdo-ganha-
apoio-da-turma-professora-incluiu-libras-no-curriculo.html >. Acesso em: 27 maio 2017.
5. CONSIDERAÇÕES
A inclusão de alunos surdos no ensino regular não pode ser vista como uma
mera inserção destes nas classes regulares. Não basta o aluno estar na classe e assistir as
aulas, é preciso que este estudante tenha os meios para acompanhar o andamento da
turma, e para tanto as estruturas do colégio devem estar mobilizadas para fazer isso
possível em todas as instancias.
Observamos aqui que ter uma legislação pertinente não garante de fato a
inclusão, mas é o primeiro passo para que essa inserção de alunos surdos realmente
aconteça. Pois uma das principais críticas que se faz a escola é o fato de que por vezes
esta não promover a inclusão efetiva de alunos com necessidades de atendimento
educacional especializado, e quando se trata de alunos surdos isso fica ainda mais
latente. Porém, como analisamos neste trabalho é necessário que as expectativas
superem a realidade, como capacitação, humanização e eficiência na tentativa de ir em
direção contraria ao movimento de dificuldades sócio-politicas-econômicas.
Sabemos que para do professor do ensino regular básico não é apropriado tentar
transmitir o conteúdo de sua disciplina de forma oral e, ao mesmo tempo, realizar os
sinais de Libras, para sua turma, por este motivo a garantia da presença do interprete de
Libras esta prevista em lei. Assim, este aluno necessita de um intérprete em sua sala,
para promover o acesso à comunicação, no caso de uma sala inclusiva.
No entanto, acreditamos que os professores devem aprender Libras, pois os
termos em Língua de sinais precisam de estudos e/ou contribuições de profissionais
surdos e ouvintes de diversas áreas dos conhecimentos, nesse aspecto observamos que o
uso e difusão da Libras precisa ser melhorada, uma vez que há insuficiência nos
termos/sinais para áreas especificas, com poucos registros sobre os conceitos relativos
REFERÊNCIAS
QUADROS, Ronice Muller de. Língua de Sinais Brasileira. Estudos Linguísticos. Porto
Alegre: Artemed, 2004.
ZOVICO, Neivaldo. Debate sobre Educação Inclusiva. In: Feneis. Revista da Federação
Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Jan-Jul de 2008, N° 35, pág. 9.
RESUMO: Este artigo tem por finalidade analisar e explicitar, através do documentário
Travessia do Silêncio, como o senso comum intervém nas relações interna e externa da
comunidade surda. Será abordado como o Congresso de Milão ainda interfere nessas
relações e como se dão as relações de poder entre ouvintes e surdos através da
oralização e da tentativa de “curar” e normalizar o indivíduo surdo, tratando sua
condição de existência como patologia.
Palavras-chave: Oralização, Surdez, Poder, Relações.
ABSTRACT
This article has as its finality analising and explaining, through the documentary
"travessia do silêncio", how the common sense intervenes in the relationships of deaf
community, internally and externally. It will be demonstrated how the Congress of
Milan still intervenes in these interactions and in the power exchange between listeners
and deaf people through the oralization, also the attempt of "healing" and normalazing
the deaf person, treating their condition of existence as a pathology.
Keywords: Oralization, Deafness, Power, interactions.
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO
sociedades distintas apenas por existirem no mesmo período de tempo, além dessa
divisão ser baseada na História da Europa, não correspondendo com o restante do
mundo – mesmo com essas peculiaridades, os livros de história trazem essas divisões
para situar o período a ser estudado.
Para compreender melhor a história dos surdos é preciso entender primeiramente
a diferença entre surdo e deficiente auditivo, e posterior, de comunidade surda e povo
surdo.
A surdez, habitualmente, é correlacionada à doença, incapacidade, “defeito”, a
uma condição patológica daquele indivíduo que deve ser tratada e curada, seja por
tratamentos fonoaudiólogos, próteses e métodos de oralização.
Ou seja, o surdo deve ser reabilitado, seu corpo o qual está danificado, deve ser
normalizado, deve se encaixar no padrão ouvinte, sendo esta condição institucionalizada
e medicalizada.
Desta forma, o engajamento social e o empoderamento que vem ocorrendo em
volta da comunidade surda e da proteção da cultura surda, estabelece novas demandas
sociais, auxiliando a condição de surdez a ser percebida como uma forma de existir.
Comumente é utilizado o termo “deficiente auditivo” – o que ocorre de forma
equívoca, já que deficiente auditivo é caracterizado por aquele que não expressa uma
identidade surda, reconhecendo as práticas culturais e não necessariamente inserido na
LIBRAS . “Surdo” não é uma definição pejorativa, pelo contrário, é o termo mais
utilizado pela comunidade surda (NAKAGAWA, 2011).
Tem-se por “povo surdo” o grupo de indivíduos que compartilham da
linguagem, dos hábitos e dos valores culturais, e já “comunidade surda”, entende-se
pelo grupo não só de surdos, mas de familiares, amigos, professores, interpretes e todos
aqueles que compartilham em mesmo âmbito interesses e trocas de experiências
(STROBEL, 2009).
Congresso de Milão
Apesar disso, a Língua de Sinais nem sempre foi/é aceita, gerando muitos
debates a cerca da educação e oralização de surdos.
Anos após o Congresso de Milão, ainda é possível identificar dificuldades de
aceitação e inclusão dos surdos na sociedade, e não só de forma geral, mas no âmbito da
família ainda existe resistência para inserção na comunidade de surdos, pois têm o
entendimento que esses teriam que se adequar a cultura ouvinte por ser a “comum”,
incentivando-os a não se comunicar através da libra e a não entrar na comunidade, dessa
forma dificultando sua inclusão social, já que esse indivíduo não pertence ao universo
do surdo nem do ouvinte.
O surdo deve ser visto como sujeito de direitos e ter suas particularidades
respeitadas, não sendo tratadas como deficiência – já exposto neste artigo as diferenças,
e articulando, dessa forma, a inclusão social e não apenas ignorando a identidade do
povo surdo para adequá-lo ao mundo ouvinte.
Relações de poder
Quando aponta-se a discussão acerca das relações de poder, não pode-se deixar
de colocar que essas relações são inerentes às relações sociais. As relações de poder se
dão através de toda e qualquer relação de domínio do mais forte em detrimento do mais
fraco – seja na política, na economia e/ou nas relações sociais.
Como visto em Gramsci (apud COUTINHO,1989), sob a ótica da totalidade, o social e
o político/econômico estão atrelados, não podendo ser desvencilhados. Desta forma
conseguimos compreender melhor como surgem as relações de poder.
Seguindo essa perspectiva, entendemos a sociedade como em dois planos: o
primeiro, infra-estrutura, representa a base econômica, englobando as relações do
homem com a natureza no sentido de manter e gerar os elementos necessários para sua
própria existência.
O segundo plano, a superestrutura, apresenta-se como a base político-ideológica,
representada pelo Estado e pelos demais aparelhos ideológicos (como as religiões, a
ciência, a educação).
Visto isso, temos a superestrutura determinada pela infra-estrutura, onde a base
econômica é essencial para corroborar o pensamento da classe dominante em cima do
Estado e dos diversos aparelhos ideológicos, garantindo a supremacia da classe
dominante.
Em Marx (1863-1866), essas relações básicas de poder da sociedade humana são
relações de produção, pautadas pela divisão social do trabalho, onde temos o
trabalhador/proletário como a classe dominada – tendo essa reafirmação e alienação
Skliar quando usa o termo “ouvintismo”, explicita que nesta concepção o surdo é
induzido a perceber-se e narrar-se como se fosse ouvinte, vivendo como tal, se
comunicando de forma oral, sendo educado em escolas regulares e passando por uma
série de instrumentos para “tratar” sua condição biológica, dessa forma o surdo é
assistido através de uma ótica antropológica e histórica-social.
O autor reafirma a noção de existência de uma ideologia dominante imposta pela
cultura oral, ou seja, o mundo ouvinte, que através do ouvintismo impõe normas e
padrões aos surdos, tratando o surdo e sua condição de existência como algo que foge
da normalidade, um desvio biológico e patológico presente naquele indivíduo.
A partir desse recorte, pode-se entender que as relações de poder já apresentadas
não ocorrem sempre de forma explícita, podendo passar despercebidas por meio de uma
roupagem de “inclusão”. A compreensão da surdez como uma incapacidade que
necessita de cura leva a uma série de práticas pelo “bem-estar” e pela inclusão do
indivíduo surdo. Supondo o que é felicidade e bem estar para o surdo, o mundo ouvinte
esforça-se para curar e apresentar formas de superação a surdez, como tratamentos de
fala, implantes cocleares e diversos outros dispositivos para assemelhar esse sujeito
cada vez mais a “normalidade”ouvinte. Essa imposição a “normalidade’ muitas vezes
ocorre de forma sutil, confundindo-se com inclusão o que seria uma forma de
preconceito e/ou dominação, como explicitado por Silva:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deve-se atentar para o fato de que mesmo que hoje existam movimentos sociais
que lutam contra o ouvintismo e para dar visibilidade à cultura surda, ainda é difícil
definir ou classificar a comunidade surda como homogênea, visto que dentro dela
existem muitas divergências de pensamentos e modos como se deve lidar com a surdez
e com a sociedade como um todo, como por exemplo, a diferença de pensamento entre
os surdos oralizados e os não oralizados que se comunicam apenas através da linguagem
de Sinais, como pode-se perceber no documentário “Travessia do Silêncio”, é comum o
surdo oralizado não estar presente na comunidade surda, não se identificando como um
membro nem tampouco compartilhando das mesmas questões que envolvem o surdo
não oralizado.
A questão pontuada não é que o surdo oralizado não vive as mesmas
dificuldades e nem as expressões de preconceito e exclusão do surdo não oralizado, mas
sim que este surdo oralizado por muitas vezes não se vê pertencente a esse grupo
enquanto um indivíduo que sofre uma relação de dominação, tendo sua existência como
condição patológica, e muitas vezes, tão pertencente ao mundo dos ouvintes, reproduz
os ideários da cultura oral, concordando com a surdez como uma patologia, um defeito.
REFERÊNCIAS
MARX, Karl. Manuscritos econômicos. São Paulo: Boitempo, 2004 (1844) p.79-90.
SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: _______.
Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais.
SKLIAR, Carlos Bernardo (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre:
Mediação, 1998.
ABSTRACT
Facing the uncountable difficulties that we find on the teaching of sign languague, we
pretend with this article, to analyse multiple aspects related to do the teaching of History
Subject on "Libras" languague in the public schools context at the region of Itaboraí
1 INTRODUÇÃO
Baseado nas experiências adquiridas no curso de História oferecido pela
Universidade Federal Fluminense e pesquisa de campo realizada no município de
1
Graduando em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) E-mail: Guilherme1rj@gmail.com
2
Graduando em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) E-mail: Sc.diogo25@gmail.com
3 Professora de Libras na Universidade Federal Fluminense (UFF), orientadora do presente trabalho. E-
mail: estervbasilio@gmail.com
gestual como meio de educação de surdos, pois definia com clareza que a linguagem de
sinais constituía um idioma, a exemplo deste trecho:
Ou seja, o oralismo puro, como acordado por grande parte dos mais de 170
membros do Congresso (em sua quase totalidade ouvintes), foi apontado como a melhor
abordagem para a educação de surdos.Tais diretrizes pautaram-se em uma série de
premissas que permeavam as concepções da época sobre a surdez. Diante destas
colocações, Foucault retoma o debate no século XX quando fala sobre a visão
biologizante do corpo, ou daquilo que era considerado um corpo normal saudável e
produtivo. Assim como a categoria “normal”, representa uma construção social e, por
consequência, histórica, a categoria anormal é produzida, em cada período histórico, e
legitimada pelo exercício de determinados poderes, definida pelo historicismo. Se em
outro momento a anormalidade estava vinculada ao campo do sobrenatural, com o
deveriam ter condições e capacidades de seguir o ritmo dos outros alunos não
portadores de deficiência. Ou seja, nesse processo os alunos com deficiência deveriam
se adaptar ao regime estabelecido. Essas práticas não visava uma modificação no
currículo escolar e nem na prática docente, os alunos apenas deveriam se enquadrar ao
grupo de alunos da escola e mesmo com suas dificuldades eles deveriam acompanhar os
outros alunos. Em síntese, essas pessoas deveriam se adaptar ao meio para fazer parte da
sociedade.
ensinar uma História que transcenda o factual e gere uma reflexão no aluno relacionado
ao seu papel na sociedade em que vive. Com foco no ensino do surdo é importante
apresentar o duplo desafio do professor, em dar uma aula em Libras e sempre buscar
métodos que procurem estimular seus alunos a se interessarem nas aulas. Gabriela
Neves utilizou-se de objetos manipuláveis para auxiliarem os alunos a perceberem a
história de forma concreta, além de imagens para mostrar com detalhes o período
histórico abordado.
Cabe ressaltar que a escola Helen Keller possui a infra-estrutura em grande parte
adaptada às necessidades especiais, realidade diferente da maioria das escolas do
Município de Itaboraí. Para melhor entender a situação atual do ensino de Libras no
Município, uma entrevista encaminhada para uma interprete da rede municipal, na qual
Valéria Sales dos Santos Prado Pereira coordenadora da educação integral e especial de
Itaboraí, explicou a atual situação da educação de surdos na cidade. Segue a entrevista:
R: O ideal seria que os surdos estivessem em classe bilíngue até o quinto ano e após
esse período fossem acompanhados por intérprete na classe inclusiva, juntos com alunos
ouvintes.
R: Sua função é interpretar a língua de sinais para outro idioma, ou deste outro idioma
para a língua de sinais. o intérprete de libras é o profissional que domina a língua de
sinais e a língua falada do país e que está qualificado para desempenhar a função. Ele
deve ter domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e técnicas de tradução e
interpretação, além de possuir formação específica na área de sua atuação (por exemplo,
a área da educação).
R: Antes das classes bilíngues e da inserção do intérprete nas salas de aula, o aluno
surdo recebia o mesmo direcionamento pedagógico dos demais alunos deficientes, sua
aprendizagem não acontecia do modo desejado, pois ele não interagia na sua língua
mãe, a libras.
R: Sim.
professores do curso de libras, foi a falta de intérprete na rede pública. Paollla Moura,
intérprete do Colégio Estadual Visconde de Itaboraí, queixou-se também, da falta de
preparos dos professores no momento de ensinar o aluno surdo. Afinal é necessário ser
mais do que uma ponte entre o conhecimento e o aluno, é preciso gerar uma reflexão no
aluno, seja ele ouvinte ou surdo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
são atendidos apenas uma ou duas vezes na semana, a contratação dos intérpretes nas
salas regulares nas escolas municipais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Thiago José Batista; CAMARGO, Eder Pires de; MELLO, Denise
Fernandes de.: DIFICULDADES RELATADAS POR PROFESSORES NO
PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA. III
Congresso Brasileiro de Educação - UNESP - Bauru. Disponível em: <
NEVES, Gabriele Vieira. Ensino de História para alunos surdos de Ensino Médio:
Desafios e possibilidades. IX Congresso Nacional de Educação - EDUCERE. III
Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia - PUCPR.
STROBEL, Karin Lílian. A visão Histórica da In(ex)clusão dos surdos nas escolas.
Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.245-254, jun. 2006 – ISSN: 1676-
2592.
1
Professora de Libras na Universidade Federal Fluminense, orientadora do presente trabalho.
(estervbasilio@gmail.com)
2
Graduando em Filosofia pela UFF (biasbusquetguimaraes@id.uff.br).
3
Graduando em Filosofia pela UFF (rquintanilharibeiro@gmail.com).
4
Graduanda em Antropologia pela UFF (gabrielladssoares@gmail.com).
INTRODUÇÃO
nenhuma sociedade sobrevive, sem linguagem não há história a ser contada e assim a
cultura morre. Por isso a linguagem sempre foi um tema importante para filosofia desde
de antiguidade com os filósofos Platão e Aristóteles que já abordavam a importante
temática em suas filosofias até a contemporaneidade com filósofos como Frege, Russel
e Wittgenstein, filósofos da linguagem.
Para Aristóteles, os surdos não possuíam linguagem e assim não poderiam
pensar (apud UFF, p. 11). Já o filósofo Platão, possuía uma outra visão em relação aos
surdos, em seu diálogo Crátilo, fala diretamente dos surdos e de sua possibilidade de
comunicação através dos sinais em uma passagem (422e) do diálogo de Sócrates com
seu discípulo Hermógenes.
Durante muito tempo as pessoas que possuíam deficiência auditiva não
conseguiam se inserir na sociedade como os demais cidadãos, pois como não
conseguiam se comunicar da mesma forma que os outros, ou seja, de forma sonora,
fonética, por isso acreditava-se que esses indivíduos possuíssem também um déficit
cognitivos uma vez que sua escolarização acontecia de forma tardia em relação aos
demais ou até mesmo não ocorriam. Felizmente os direitos dos surdos avançaram muito
com o passar dos séculos, porém sua liberdade de expressão permanece ainda muito
difícil.
Em várias partes do mundo muitos estudiosos como Fray de Melchor Yebra,
Juan Pablo Bonet, John Wallis, Konrah Amman, tentaram contribuir para modificar
esse senário desenvolvendo alguns métodos que permitissem aos surdos se expressarem.
A datilologia (soletração do alfabeto manual) como uma espécie de tradução da língua
oral, o ensino da escrita no mesmo idioma usado oralmente, leitura labial onde os
deficientes que precisavam se fazer entender e compreenderem através da leitura labial
da linguagem usada pelos falantes.
Havia uma corrente de estudiosos, como Jhon Bulwer, que defendia a língua de
gestos como fundamental para a educação dos surdos. Jhon era médico e observando a
comunicação gestual entre surdos percebeu que ela ocorria da mesma forma que ocorre
com os ouvintes e que os surdos, embora nessa condição, não possuíam nenhum déficit
cognitivo.
Embora hoje seja para todos nós claro que surdez não é sinal de déficit
cognitivo, essa evidenciação foi muito importante para que novos métodos fossem
elaborados, Samuel Heinicke fundou a primeira escola de oralismo puro, que consistia
em dar ao surdo uma identidade de ouvinte, onde o surdo aprendia a escrever e ler a
língua oral.
Depois que se compreendeu que os surdos eram capacitados intelectualmente
outros progressos foram alcançados. O educador Francês Abade Charles Michel de L'
Epée, após observar o uso de sinais por duas irmãs, fez um estudo mais profundo sobre
o uso de sinais como meio de comunicação e posteriormente criou a primeira escola
pública para surdos o “Instituto para jovens surdos e mudos de Paris”. L' Epée era
contra o processo de oralização dos surdos e defendia que a língua para eles era a língua
sinalizada.
Hoje, depois de se tentar oralizar os surdos, já existem diversas línguas de
sinais, da mesma forma que cada país possui sua língua oral cada país também possui
sua língua de sinais. A língua de sinais é uma linguagem usada para a comunicação de
portadores de deficiências auditivas para que possa haver uma interação dessas pessoas
com o restante da sociedade e garantir sua inserção social.
Apesar de haver grandes dificuldades ainda na relação e inserção do surdo no
mundo atual, felizmente um grande passo foi dado, a língua de sinais no Brasil, Libras,
que é de origem francesa, é reconhecida como a segunda língua oficial em nosso país
pela lei 10.436/2002. Contudo é preciso compreender que uma língua não passa a ser
oficial apenas com uma lei, é necessário que toda uma comunidade linguística a
legitime através de seu uso. Como qualquer outra língua oral, a língua de sinais também
pode se submeter a análise da filosofia da linguagem no que diz respeito ao seu
aprendizado, e ao seu uso, tanto por parte dos surdos como por parte dos falantes.
Por isso buscamos na filosofia de Wittgenstein, com seus jogos de linguagem,
abordar questões de certas noções que são muito necessárias para um novo aprendiz
ouvinte seja integrado naquele novo mundo outrora ininteligível a ele, como é possível
o aprendizado da linguagem e como o uso desses sinais se consolidam, onde os
significados destes são validados através dos usos que fazemos deles. Aprender a
linguagem é aprender seus jogos em suas diversas camadas, da mais primitiva a mais
complexa, consciente dos seus limites e de suas normatividades.
O presente artigo portanto ao analisar o aprendizado da linguagem divide-se em
duas partes, a primeira, como vimos, trata da filosofia analítica de Frege e Russel, que
ao analisar a linguagem o fazem através da língua, a procura de uma forma lógica e uma
explicação para o uso dos signos baseados em um atomismo lógico, e por vezes língua e
linguagem são tratados como sinônimos. A segunda parte do Artigo, ao abordarmos os
jogos de linguagem de Wittgenstein há uma separação clara entre língua e linguagem,
onde a língua é só uma dentre outras formas de comunicação, ela é uma espécie de
ferramenta para aquele que faz uso da linguagem.
Para frege, o sentido de uma frase é aquilo que se modifica quando parte das
frases são substituídas por outras com outro sentido, embora com a mesma referência. A
sugestão de Frege é que o sentido da frase é o pensamento que ela expressa.
Fizemos essa exposição da filosofia de Frege para podermos compreender de
que forma o sentido de um gesto usado pela língua de sinais também pode ser entendido
como sendo o pensamento que ele expressa.
Russel concentra seus estudos sobre a natureza do significado no exame das
proposições, tomando como proposição a penas pensamentos que podem ser expressos
na forma de sentença declarativa com valor de verdade, cuja finalidade é descrever fatos
ou designar objetos.
Russel propõe o atomismo lógico, onde todas as sentenças da linguagem quando
analisadas revelar-se-iam como constituídas de signos atômicos referentes a realidade.
O procedimento de análise nos conduziria aos fatos atômicos, como por exemplo a
sentença “isso é branco”.
O atomismo lógico de Russel defendeu uma concepção de significado diferente
de Frege. Para Russel o significado de um nome e aquilo a que ele se refere, por
exemplo, o significado da palavra “vermelho” e a percepção que se dá como sendo
vermelho, razão pela qual um cego de nascença não pode saber o seu significado. Para
Russel, os verdadeiros nomes apontam para os objetos com os quais temos
familiaridade, porém isso nos traz um problema: se o objeto não existe seu significado
não pode ser dado por familiaridade. Palavras como Homero e Pégasos mesmo sendo
entidades mitológicas não deixam de ter significado.
A teoria das descrições oferece uma solução para dificuldades como esta,
aplicando a nomes próprios como Pégasos e Homero como não sendo realmente nomes.
Pégasos seria “o cavalo alado de Belerofontes” e Homero “o autor da Ilíada e Odisseia”,
assim a pessoa está dizendo que a descrição de algo e verdadeira. Para Russel nomes
O JOGO DE LINGUAGEM.
tenha uma comunicação efetiva, ela acontece, mas dessa maneira conseguimos dar
conta apenas de um determinado emprego da linguagem, o que Wittgenstein chama nas
investigações de uma “linguagem mais primitiva do que a nossa” (§2).
Essa identificação da aprendizagem nominalista, onde cada sinal necessita de um
referente, no aprendizado da língua de sinais por falantes faz com que o aprendiz tenha
a tendência a procurar a essência de um sinal como algo necessário para a todas as
aplicações deste. O aprendiz falante da língua de sinais não se dá conta que procurar
uma definição clara de cada sinal ignora o fato de que esse sinal não esgota em si todas
as possibilidades quando gesticulado, o que esse gesto faz é provocar associações que
farão com que esse gesto tenha um significado.
Não há uma essência referente de um sinal como uma entidade definida, mas o
que se faz é usar os gestos o que também inclui usá-los em seus termos gerais, porém
neles não se esgotam todas as possibilidades, significado não é a essência, o referente
por detrás do gesto, significado é o uso que se faz dos signos em determinados jogos de
linguagem. Aprendizes falantes da língua de sinas na maioria das vezes esperam um
sinal que os professores da língua de sinais chamam de icônicos, ou seja, que o sinal
feito com as mãos traga a “lembrança” visual do que está sendo representado através do
sinal, mas não é só dessa forma que acontece, assim como não é só nomeando as coisas
que aprendemos uma linguagem oral. Aprender linguagem dessa maneira não é se não,
segundo Wittgenstein, um adestramento. “O ensino da linguagem não é aqui nenhuma
explicação, mas sim um adestramento” (Investigações Filosóficas §5).
A esse adestramento, essa maneira primitiva de comunicação, Wittgenstein
descreve como sendo um jogo de linguagem onde uma criança começa a fazer uso das
palavras, nas Investigações Filosóficas (§7) essa formulação aparece: “…jogos por
meios dos quais as crianças aprendem sua língua materna. ” Esses jogos de
aprendizagem não possuem um seguir de regras ou uma interpretação delas.
por exemplo o uso da datilologia para a descrição de nomes próprios, mas o uso dos
sinais não se esgota nessa possibilidade.
Para Wittgenstein os jogos de linguagem são feitos por nós e para nós e as regras
desses jogos de linguagem são determinados por fatores extralinguísticos onde o
sistema simbólico é feito das condições a partir das quais produzimos linguagem.
O significado de palavras e de signos, segundo o filósofo, só podem ser
verificados dentro de cada jogo de linguagem, isto é, tomando o significado como uso.
Podemos dizer que o que dá o lastro para o uso dos signos como os usamos nos tais
jogos, é a comunidade linguística que faz uso deles, ou seja, é ela que o legitima. As
regras de uso destes signos não estão, no entanto, por detrás, para além daquilo que é
dado como tipicamente busca a filosofia, mas está exposto diante dos nossos olhos.
A comunidade linguística que joga um determinado jogo de linguagem, não
admite que não se respeite as normas, as regras desse jogo, sob pena de marginalização
do participante que fez um lance não válido em um jogo determinado; ou de
determinado lance ser ignorado nesse jogo de linguagem; ou o lance não causar efeito
no jogo. É como em uma conversa entre dois falantes da língua de sinais onde um faz
um gesto para se comunicar que o outro não identifica o tal sinal como um gesto
comunicativo dentro da sua língua de sinais, ou seja, sem um efeito dentro daquela
comunicação. Para tentar elucidar de forma mais clara, podemos exemplificar o uso do
gesto que simboliza o sábado, que é o mesmo gesto que simboliza a fruta laranja, se o
contexto da conversa entre os falantes da língua de sinais não se tratar de frutas e nem
de dias da semana, o gesto não comunicará nada entre eles, será um lance fora da
conversação (jogo de linguagem) que está acontecendo naquele instante. Nos jogos de
linguagem há uma espécie de devir, os sinais ou as palavras para os falantes podem ser
empregadas de formas diferentes, seu significado não é fixo, sempre se faz necessário
observar o contexto. Os jogos de linguagem (cada conversação), nascem, outros
envelhecem ou são esquecidos, falar é uma parte de uma atividade, como nos diz
Wittgenstein (Investigações Filosóficas, §23).
O caráter múltiplo dos, ressaltado no parágrafo anterior, jogos de linguagem, se
realiza nas palavras (ou sinais), que “só adquirem significado no fluxo da vida; o signo,
considerado separadamente de suas aplicações, parece morto, sendo no uso que ele
ganha o seu sopro vital” (WITTGENSTEIN apud COSTA, 2002, p. 33). Todavia,
salientamos que o conceito, jogos de linguagem, está contido na sua própria lógica, pois
sugere ser definido a partir de determinados contextos, como nos mostra, Ludwig
Wittgenstein, nos seguintes exemplos (Investigações Filosóficas, §23):
CONCLUSÃO
A filosofia analítica da linguagem buscou uma forma lógica por detrás das
proposições, uma forma lógica a qual a linguagem ordinária pudesse ser reduzida, nessa
tentativa a busca por sentido, referência e significado passou por formulações que cada
vez mais afastaram a possibilidade de uma verdadeira compreensão de como fazemos
realmente o uso da linguagem.
Por sermos educados a perguntar sempre pelo nome das coisas, criamos o hábito
de buscar sempre o referente para os signos que nos são ensinados, no aprendizado de
outras línguas, principalmente a de sinais que acontece no campo visual, faz com que o
aprendiz busque sempre por sinais icônicos, ou seja, com um referente visual.
A filosofia de Wittgenstein esclarece que o aprendizado de uma linguagem
ocorre em diversos níveis e a nomeação de objetos é só o mais simples e mais primitivo
do que ele chamou de jogos de linguagem, jogos estes que determinaram a validade do
uso de cada signo (sinal) dentro de cada contexto, classificando o significado como uso.
REFERÊNCIAS
COSTA, Claudio. Filosofia da linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
UFF, Curso de Libras Online da. Aula 1: o mundo dos surdos. Disponível em:
http://www.cead.uff.br/libras/pluginfile.php/6591/mod_resource/content/4/LIVROLIBR
AS_aula1.pdf. Acesso em: 26 de junho de 2017.
RESUMO: Este trabalho apresenta uma breve pesquisa sobre acessibilidade para
surdos nas bibliotecas da Universidade Federal Fluminense. Ele mostra, principalmente,
as dificuldades dos deficientes auditivos na leitura da Língua Portuguesa e a falta de
preparo dos bibliotecários. O artigo também mostra como seria prático, para ambas as
partes envolvidas, o conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) pelos
bibliotecários. O artigo contou com pesquisas de outros artigos, legislação e entrevistas
com bibliotecários da UFF. Muito embora as Leis tenham sido promulgadas, normas
técnicas tenham se multiplicado e o Conselho Nacional do Ministério Público se
aperfeiçoado no sentido de promover uma acessibilidade universal para todos os tipos
de deficiência e necessidades especiais, as carências técnicas, preconceitos culturais e
diferenças sociais impedem a correta identificação e quantificação do público alvo a ser
beneficiado. Para haver acessibilidade de pessoas surdas é fundamental que haja uma
comunicação bilíngue, libras-português, além de outras metodologias e tecnologias no
ambiente acadêmico, incluindo as bibliotecas da Universidade Federal Fluminense.
Assim, como autora do texto e graduanda em Biblioteconomia, tenho me preparado para
um melhor exercício profissional no futuro, com inclusão de atendimento a surdos,
cursando a disciplina eletiva de Libras oferecida pela Universidade Federal Fluminense.
ABSTRACT
This work shows a small research on accessibility for the deaf in the libraries of
the Universidade Federal Fluminense (UFF). It basically shows the difficulties faced by
the hearing impaired in reading the Portuguese language and the lack of skills by the
librarians. The work also shows the practical effects that the knowledge of the Brazilian
Sign Language (Libras) by the librarians would have for both parties. It was based on
the survey of other articles, legislation, and interviews with UFF’s librarians. Although
laws have been passed, technical provisions have multiplied and the
National Council of Public Prosecution improved itself by promoting a general
accessibility for all types of disabilities and special needs, the technical features, cultural
prejudices and social differences prevent the correct identification and quantification of
the target people to be benefited. In the same manner, the number of workers, civil
servants, and students unfamiliar with the Brazilian Sign Language (Libras) is an
absolute majority and inversely proportional to those who know or are interested in
learning. To allow accessibility for the deaf, the existence of a bilingual Libras-
Portuguese communication is fundamental, as well as other methods and technologies
in the academic ambient, including the libraries of Universidade Federal Fluminense.
Therefore, as the author of this text and student of Library Science, I am preparing
myself for a future better professional practice, including the service to the deaf, by
studying the elective course in Libras offered by the Universidade Federal Fluminense.
1 INTRODUÇÃO
aplicativos para celulares também têm sido usados. Mas, a Libras (Língua Brasileira de
Sinais) é mais universalista, promovendo uma visão e leitura do mundo dentro do
idioma. Assim, em se tratando de atender ao aluno ou outro usuário portador de surdez
ou deficiência auditiva nas bibliotecas da UFF, o caminho está direcionado para a
solução mais ampla: o bilinguismo (Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais, a
Libras).
Foi visto que existem poucos alunos surdos na universidade. Mas, não existem
números concretos, uma vez que cada aluno é responsável por se declarar surdo ou não.
Sendo assim, muitos surdos não se autodeclaram como deficientes auditivos, porque são
oralizados, ou porque não querem ser tratados de forma diferente. Essas informações
foram extraídas a partir de uma conversa com a Divisão de Acessibilidade e Inclusão
Sensibiliza UFF, que é vinculada à Coordenação de Apoio Social (CAS) da Pró-Reitoria
de Assuntos Estudantis – Proaes. Ela tem como objetivo, nos seus projetos, assegurar o
ingresso e a permanência dos alunos com deficiência, além de criar condições básicas
de acesso à educação, de mobilidade e utilização de equipamentos e instalações da
Universidade.
2 DESENVOLVIMENTO
(BGQ)
Biblioteca do Instituto de Dois Zero
Matemática e Estatística
(BIME)
Biblioteca do Instituto de Zero Zero
Geociências (BIG)
Biblioteca da Escola de Zero Zero
Arquitetura e Urbanismo
(BAU)
Biblioteca da Faculdade de Zero Zero
Direito (BFD)
Biblioteca de Um oralizado Zero
Administração e Ciências
Contábeis (BAC)
Biblioteca Universitária de Existe um setor que cuida Zero
Campos dos Goytacazes dos vários níveis de
(BUCG) acessibilidades, mas não
tem números
Biblioteca do Campus de Zero Zero
Petrópolis (BCPE)
Biblioteca Central do Um Uma bibliotecária do setor
Gragoatá (BCG) de obras raras
Biblioteca Monteiro Zero Zero
Lobato (BML)
Biblioteca Flor de Papel Zero Zero
(BFP)
Biblioteca da Escola de Zero Zero
Enfermagem (BENF)
Na conversa com o Sensibiliza UFF, onde tive contato com muitos intérpretes de
Libras para alunos da universidade, surgiu o assunto sobre a dificuldade dos surdos,
principalmente os não oralizados, na leitura da Língua Portuguesa. Logo, esse poderia
ser um dos motivos da pouca procura dos surdos nas bibliotecas.
Existe, também, uma considerável parcela de surdos brasileiros que não teve
acesso à língua de sinais, ou por motivo de isolamento social ou por estarem inseridos
em escolas que não utilizam essa língua.
A Libras é uma língua de um povo, e por ser uma língua, ela é viva, autônoma e
reconhecida pela linguística. Ela é composta por todos os elementos pertinentes às
línguas orais, isto é, ela possui organização gramatical, semântica, pragmática, sintática
e demais elementos pertinentes a qualquer língua estruturada. Mas não é um
espelhamento da Língua Portuguesa.
linguagem escrita, ou seja, primeiro é esperado que o surdo fale e depois que aprenda a
escrever (GUARINELLO, 2007). Quanto à língua de sinais, fundamental para o
desenvolvimento do surdo, essa muitas vezes não é enfatizada, e o surdo acaba por
dispor apenas de fragmentos da língua oral.
3 CONCLUSÃO
Ao longo do artigo, pode-se inferir que são poucos surdos que possuem ensino
superior, principalmente pela dificuldade de escrita e leitura na Língua Portuguesa. Esta
mesma dificuldade de leitura que não atrai surdos às bibliotecas e que dificulta o
ingresso e permanência nos cursos de ensino superior no Brasil.
REFERÊNCIAS
LONGONE, Erika. O surdo e a língua escrita. Vida Mais Livre. Jul. 2012. Disponível
em: <https://vidamaislivre.com.br/colunas/o-surdo-e-a-lingua-escrita/>. Acesso em: 09
jun. 2017.
Summary:
position in this field of forces according to its potential to control the actions and
reactions of another agent, and this control can be exercised from an asymmetrical
relationship of political, economic, cultural and / or political power. symbolic. The
relations with the space of the different social agents reveal different forms of
signification, representation and production of meanings. The way in which spaces are
constructed, controlled and used reveals different positions of force between these social
agents. We seek to understand the struggle for the recognition and self-assertion of deaf
culture from the initial idea that the exercise of meaning of the world, that is, the
construction of meanings, values and languages, reveals a spatial and symbolic dispute.
This article aims to take a look at the universe of deaf women considering its
multidiversity in the struggle for a society that recognizes and guarantees the right to
difference. We focused the research on the issue of gender violence suffered by deaf
women with the intention of revealing the lack of integrative public policies that
guarantee access to information on women's rights and efficient care. This article aims
to take a look at the universe of deaf women considering its multidiversity in the
struggle for a society that recognizes and guarantees the right to difference. We focused
the research on the issue of gender violence suffered by deaf women with the intention
of revealing the lack of integrative public policies that guarantee access to information
on women's rights and efficient care. The methodology chosen by us consists in the
elaboration of a research through interviews and investigations about the accessibility to
the public information available for the deaf women who suffer with violence of gender.
We seek to conduct a conversation with these women as an investigative procedure in
order to better understand the deaf universe, its demands and its actions based on their
experiences and their reports. The research is relevant to the difficulty of recognizing
Brazilian society in the face of different forms of meaning in the world. The listener
INTRODUÇÃO
Como ponto de partida vale ressaltar que a luta pelo reconhecimento e auto
afirmação da cultura surda não é uma luta homogênea, o universo surdo é permeado por
múltiplas identidades e variados graus de surdez e por isso se encontra em constante
construção enquanto categoria política e cultural.
Ao longo deste artigo abordaremos a vulnerabilidade social da mulher surda
frente a falta de medidas integrativas eficientes que promovam a inclusão social e
reconheçam a surdez enquanto cultura e não somente enquanto uma deficiência
auditiva.
A afirmação da identidade surda enquanto diferença e não deficiência revela a
necessidade de luta frente a falta de preparo da sociedade diante do diferente. Essa falta
de preparo é perceptível espacialmente, o que revela que a luta por reconhecimento da
cultura surda envolve uma disputa pelos espaços.
Existe uma precariedade de iniciativas de espaços públicos e privados em
relação à medidas inclusivas que busquem tornar possível o acesso de pessoas com
outros referenciais de linguagem.
CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
Dentro dessa lógica cada agente social possui um posicionamento nesse campo
de forças de acordo com seu potencial de controle sobre as ações e reações de outro
agente, podendo ser esse controle exercido a partir de uma relação assimétrica de poder/
capital político, econômico, cultural e/ou simbólico.
Assim, para iniciar a análise, é necessário entender antes os agentes do campo de força,
os grupos sociais, formado por pessoas que compartilham uma mesma característica que pode
movê-lo enquanto agentes que possuem necessidades em comum, que possa fazer com que se
reconheçam enquanto grupo, para assim pensar em ações e tomar partido em lutas como uma
unidade. Dessa forma, “o agente contribui para a conservação ou a transformação de sua
estrutura [o campo de forças]. (BOURDIEU,1996. p. 50).
Uma instituição importante quando se trata de ações nos campos citados acima é
o Estado, pois, segundo Bordieu¹:
providos de um dos diferentes tipos de capital para poderem dominar o campo correspondente.
(BORDIEU, 1996, p. 52)
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Com esse artigo, foi proposto o exercício de compreender e pesquisar as
necessidades das mulheres surdas, enquanto mulheres e surdas, separadamente e de
forma indissociável. O que isso quer dizer, os confrontos enfrentados por serem
mulheres e pertencerem a um grupo com linguagem, necessidades e cultura diferente,
marcada pela expressão da linguagem de sinais demanda outros canais de
acessibilidade, sendo então um grupo com costumes diferentes e não pessoas que devem
ser corrigidas.
O ponto de partida foi o de conhecer e entender a perspectiva do feminismo para
mulheres surdas e qual seu alcance. Compreender se existe o contato das mulheres com
esse movimento, que busca uma visão sobre as leis e direitos a elas assegurados e que
devem ser debatidos, conhecidos e estimulados.
A partir deste entendimento foi buscado meios de informações para obter dados
de lugares voltados às questões da mulher surda e como são atendidas. Para isso
pesquisamos as delegacias que atendem especificamente as questões da mulher, para
saber quais seus recursos para atender a mulher surda de forma inclusiva, onde ela não
se sinta inferiorizada no processo de informação enquanto cidadã.
O Estado do Rio de Janeiro conta com 11 delegacias de atendimento a mulher,
que abrange a região Metropolitana, Norte, Sul e Serrana. Buscou-se estabelecer
comunicação com cada uma das delegacias, para compreender como é realizado o
suporte às mulheres, e se existem assistência e apoio necessário para as questões
próprias desse grupo.
O segundo método adotado para coleta de dados foi a de comunicação em forma
de entrevistas, através de uma intérprete, com mulheres surdas. Para buscar a
compreensão da realidade vivida e os processos de exclusão decorrente da sua diferença
na comunicação e diferença de gênero.
unidade. Além de informar a existência do aplicativo Emergência RJ, que serve para
denúncia de crimes e emergências. De acordo com eles, seria esse o meio mais
adequado para contato imediato com a polícia. Mas para isso a mulher surda necessita
de domínio da língua portuguesa.
Já o contato com a delegacia de Resende o contato foi mais difícil, a pessoa que
me atendeu não soube informar horário adequado sobre o atendimento nem me
informou sobre materiais de apoio direcionados às necessidades da mulher surda. Mas
ressaltou que presta socorro a qualquer cidadão que chegar na delegacia ou entrar em
contato com a unidade.
Diferente da Delegacia de São Gonçalo que informou que horário mais
adequado para o atendimento das necessidades de mulheres com necessidades especiais
é realizado na parte da manhã, apesar de contar com atendimento o dia todo, também
informou sobre o aplicativo Emergência RJ, citado anteriormente pela delegacia de
Duque de Caxias.
As melhores informações foram conseguidas na Delegacia de Jacarepaguá, que
informou que possui um quadro de funcionários qualificados em interpretarem a língua
de sinais.
A análise adquirida com a busca de informações com as delegacias nos
apresentou um cenário negativo, gerada pela falta de informação sobre um atendimento
específico e de qualidade. Porém o pior cenário observado é o da falta de informação, a
dificuldade de não conseguir se quer ser atendido no telefone e e-mail, mostram que a
delegacia da mulher não está apta a prestar o mínimo apoio às mulheres ouvintes e não
ouvintes.
Gráfico 1 - Feito através dos cálculos de porcentagem do número total das delegacias que existem em
relação aos atendimentos.
O outro método adotado para coleta de dados foi realizado através de entrevistas
e algumas informações levantadas serão citadas abaixo:
Lívia tem 27 anos é branca, professora de libras e mora em São Gonçalo, Região
Metropolitana do Rio de janeiro. Aos 18 anos, ficou surda devido uma doença genética.
Hoje se comunica por leitura labial e começou a aprender libras recentemente.
que o acesso a informação é muito difícil na região onde que mora e que a busca por
expandir os conhecimentos sobre a temática nunca foi prioridade para sua família.
Apesar disso alegou que foi na escola que aprendeu a maioria do que sabe à respeito de
leis no geral e pouca coisa sobre a especificidade de sua condição.
CONCLUSÃO
Assim sendo, os relatos colhidos de algumas delas são dramáticos: “eu não
tenho intérprete quando estou em situações cotidianas”, “eu tenho que ir junto com
minha mãe na consulta e ela sabe sobre minha doença, eu não sei nunca porque ela
resume tudo que ouve”, “o meu filho estuda na integração e, como mãe, não tenho
intérprete nas reuniões, me sinto como peixe fora da água”, “no aeroporto preciso
solicitar acompanhamento, não há legenda”, “no avião a tecnologia é moderna, mas os
filmes não têm legenda”, “o marido me batia no casamento anterior porque eu não o
entendia”, “como ligar para a delegacia da mulher, lá não tem intérprete, comunicação
por vídeo, nada para nós que usamos libras”.
Convém aqui lembrarmos que mais da metade da população surda mundial são
mulheres, segundo dados da Federação Mundial de Surdos (WDF). A WFD possui um
grupo de trabalho sobre mulheres surdas, cuja pauta de discussões baseia-se na análise
do papel das surdas nos movimentos surdos, além de denunciar a situação de
vulnerabilidade em que muitas dessas mulheres se encontram. A referida comissão
pretende ainda criar redes de solidariedade mundiais entre mulheres surdas de todo o
planeta.
algum grau de surdez, não ser atual é algo a se destacar. Em suma, esta situação é
estrutural e é mantida como um dos pilares sociais díspares que conduzem à um
comportamento de superioridade ouvinte em relação a pessoas surdas, se o comparativo
for acessibilidade, em geral.
Perante as circunstâncias analisadas sabe-se que o simples fato de não haver uma
disciplina obrigatória de língua de sinais nas escolas já pressupõe o limite que há na
comunicação e relação entre pessoas de campos distintos, distanciando-os ainda mais.
Agora, mais do que nunca, sabe-se a gravidade que essa diferenciação intermediada
pelo governo representa e é isso que queremos alarmar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDIEU, Pierre. Razões práticas sobre a teoria da ação. 9. ed. Papirus Editora.
Campinas, SP, 1996.
<http://blogueirasfeministas.com/2013/03/qual-e-o-seu-sinal/ >
Acesso em: 25/05/ 2017.
1
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, cleideuff@yahoo.com.br
2
Professora de Libras na UFF, orientadora do presente trabalho – UFF, estervbasilio@gmail.com
3
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, anap.cfontana@gmail.com
4
Graduanda de Biblioteconomia e Documentação – UFF, escmariana@gmail.com
especificamente pode ser utilizada também pelo publico em geral de ouvintes. Para tal
foi verificado o formato da literatura infantil em Libras e seu papel no desenvolvimento
cognitivo e educacional da criança surda. Conclui que mesmo com métodos já
estabelecidos para a inclusão da comunidade surda em bibliotecas, está ainda não é uma
realidade e por isso propõe que o bibliotecário assuma o papel de agente comunicador
para não só tornar mais acessível às informações para todos, como também promover
uma parceria entre as unidades de informação e as entidades de surdos, buscando
minimizar as dificuldades de adequação da acessibilidade, pois se verificou pouco
incentivo governamental.
INTRODUÇÃO
As adaptações de livros para Língua Brasileira de Sinal - Libras são algo
relativamente recente no mercado editorial brasileiro. Apenas no ano de 2002 foi
sancionada a Lei n 10.436, na qual torna a Libras uma das línguas oficiais do Brasil,
junto ao português. Até então, era comum proibir o uso da comunicação por sinais nas
escolas especializadas para deficientes auditivos, e muitas vezes dentro da própria
família, para tentar forçar uma oralização no surdo. Isso fez com que não houvesse
incentivo e interesse por parte do governo, nem das editoras, em desenvolver adaptações
literárias para esse público marginalizado e invisibilizado socialmente.
Hoje, sabe-se que o quanto antes for apresentada a língua de sinais ao bebê e
criança surdos, melhor, mais rápido e fácil será seu desenvolvimento cognitivo e
BIBLIOTECA INCLUSIVA
Uma bibloteca caracteriza-se pelo grande volume de informação que pode
armazenar para que se atenda a um gurpo específico que depende do local onde está
inserida. A biblioteca foi consagrada como um polo de informação que oferece serviços
diversos, que vão muito além do tradiconal empréstimo de livros. Hoje muitas
bibliotecas oferecem serviços de acesso gratuito à internet e outros recuros tecnológicos,
contação de história, salas multimídias.
Vivemos na sociedade da informação onde as pessoas se comunicam o tempo
todo e trocam um volume grande de informação. E cada vez mais escutamos falar sobre
a importância da inclusão.
Inclusão como o próprio termo sugere, significa incluir-se ou inserir-se em
algum lugar em um meio, que por sua vez precisa estar apto a receber os indivíduos do
jeito que são. Uma biblioteca insclusiva inclui todas as pessoas sejam quais forem suas
características físicas ou sócio-econômicas. Pensando nisso, chegamos a certos
conflitos.
Como uma criança surda tem acesso aos contos infantis? Como introduzir a
literatura infantil a uma criança surda?
São questões que nos fizeram pensar em como as bibliotecas podem se tornar
inclusivas, para que mais crianças surdas tenha acesso ao mundo dos contos e da
literatura infantil.
ADAPTANDO A BIBLIOTECA
Somente a educação promove as principais transformações sociais, e é com o
conhecimento que o indivíduo constrói e desconstrói como sujeito social. Bibliotecas
são portas de acesso à cultura, ao conhecimento e ao livre pensamento.
Estes equipamentos devem estar em pontos de acesso estratégicos para sua melhor
visualização.
No uso de computadores, estes devem estar preparados para fazer sinalizações
visuais em acesso a internet (exemplo de botão que pisca), inicialização de legendas
para arquivos sonoros ou qualquer trilha sonora que seja iniciada durante o acesso, e em
todos os casos que forem possíveis, as transcrições devem estar disponíveis para serem
baixadas.
Televisores devem ter o recurso “closed caption” habilitado e a biblioteca
também deve prover um aparelho decodificador de legendas para empréstimo
juntamente com material audiovisual que não contenha legenda, para que este acesso
seja irrestrito.
É importante que todo o material de audiovisual, principalmente o de acesso
público também esteja adaptado para utilização.
As instalações físicas da biblioteca devem ser bem sinalizadas, e sinais de alerta
(luminoso) deve ser acionado para caso de emergências.
Além de acervo relacionado à surdez, a biblioteca também deve ter material
informativo sobre centros de referência de atendimento e educação de surdos, além de
entidades de apoio aos surdos, familiares e profissionais. Os materiais didáticos para
surdos devemcompor o acervo de bibliotecas públicas.
É importante de as atividades desenvolvidas para publico, também seja de
acesso para todos, contando com serviço de intérprete de libras e intérpretes orais e,
além disto, a divulgação de serviços e impressos da biblioteca deve conter o número do
TTY.
Membros da comunidade surda, conforme definida nestas diretrizes, devem estar envolvidos no
planejamento e desenvolvimento dos serviços que sua biblioteca provêem, incluindo-se o
2
desenvolvimento de serviços e acervos e o estabelecimento de conselhos consultivos, de
organizações voluntárias, e de redes de contatos.
3 Bibliotecas devem oferecer programas conduzidos em línguas de sinais.
As bibliotecas devem prover informações sobre programas locais de letramento que sejam
4 acessíveis a surdos não-leitores. As bibliotecas devem certificar-se de que os programas de
letramento patrocinados pela biblioteca atendam às necessidades dos indivíduos surdos.
As bibliotecas devem incluir informações de interesse especifico da comunidade surda nas suas
5
bases de dados online de informações comunitárias e de referência.
As bibliotecas devem incluir uma variedade não tendenciosa de links eletrônicos relacionados aos
6
surdos e à surdez em suas bases de dados online.
DIVULGAÇÃO DOS PROGRAMAS
As bibliotecas devem realizar intensa divulgação frente à comunidade surda de seus programas e
1
serviços.
2 Toda publicidade da biblioteca deve prever o acesso à comunidade surda.
A LITERATURA SURDA
A literatura surda é dividida em três tipos: obras traduzidas, obras adaptadas e
obras criadas por pessoas surdas (PEIXOTOet al, 201?).
As obras traduzidas são livros que foram escritos por pessoas ouvintes e são traduzidas
para Libras, sem que haja uma adaptação na obra para que ela se aproxime da realidade
do sujeito surdo.
LITERATURA INFANTIL
É importante para as crianças encontrar seus pares semelhantes que se
comunicam em Libras. Segundo Castro,
Traduções de fábulas do português para a língua de sinais possibilitará
a formação de significados na narrativa pelos surdos, cumprindo então
o objetivo das fábulas na formação do conjunto de valores que vão
constituir os indivíduos como sujeitos inseridos em uma cultura.
(CASTRO, 2012, p. 60).
Porém, por mais que havido uma melhora na diversidade desse material, eles
não são facilmente encontrados em bibliotecas voltadas ao público infantil. Essas
bibliotecas acabam sendo um espaço quase que exclusivo para crianças ouvintes,
raramente incluindo em seu acervo obras que funcionem tanto para ouvintes, quanto
para surdos, ou pessoas com outras deficiências, como a visual. Um videobookem
libras, narrado e legendado em português, poderia ser usado por qualquer tipo de
criança, independente de ter ou não alguma deficiência. Havendo um espaço dentro das
bibliotecas para que se passem esses vídeos, os usuários, no caso, as crianças, estariam
participando de uma atividade juntas, interagindo, idealmente, sem distinção, o que por
sua vez ajudaria a integrar essas crianças com deficiência auditiva/visual à sociedade
ouvinte/vidente com mais facilidade, especialmente por esse tipo de atividade ajudar a
mostrar às ouvintes que as crianças surdas não são melhores nem piores que elas,
diminuindo o preconceito.
Um excelente projeto desenvolvido é a Biblioteca Bilíngue de Literatura Infantil
e Juvenil - Libras / Português, criada em 2013 pela Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Goiás-UFG. É uma biblioteca online que disponibiliza acervo que pode ser
reproduzido e divulgado livremente. A biblioteca conta inicialmente com 12 contos dos
Irmãos Grimm e está aberta às doações
Dentre a literatura surda anteriormente citada, encontramos em obras criadas por
surdos, O Feijãozinho Surdo (KUCHENBECKER, 2009),As estrelas de Natal (KLEIN
E STROBEL, 2015), Tibi e Joca (BISOL, 2001) e Casal Feliz (COUTO, 2010). Nas
adaptações encontramos A cigarra surda e as formigas (OLIVEIRA; BOLDO, 200?),
Cinderela Surda (HESSEL, 2003), O Patinho Surdo (ROSA, 2005) e Rapunzel Surda
(SILVEIRA, 2005). Nas traduzidas temos Alice para Crianças (CARROL, 2007),
Aventuras da Bíblia (SBB, 2008), O Gato de Botas (PERRAULT, 2011), Peter Pan
(BERRIE, 2009) e Uma Aventura do Saci Pererê (RAMOS, 2011). São diversas obras,
e estas são apenas um exemplo delas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, o DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, inclui
Libras como disciplina curricular optativa para o Curso de Biblioteconomia, mas
entendemos que esta deveria ser uma disciplina obrigatória, pois é obrigação das
bibliotecas atender todo tipo de usuário e o profissional bibliotecário deve ser preparado
para tal.
Apesar do crescimento do mercado literário para comunidade surda, a falta de
um maior apoio governamental dificulta a divulgação e acesso ao material, tanto para
instituições públicas quanto para a comunidade. Isto tem um impacto direto na
REFERÊNCIA
ALVES, Márcia Valéria; MAIA, Maria Aniolly Queiroz; OLIVEIRA, Magali Araújo
Damasceno de. A função social do profissional da informação numa biblioteca
inclusiva. XXV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da
Informação – Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de 2013. Disponível
em:<https://portal.febab.org.br/anais/article/view/1600>. Acesso em: 05 de maio de
2017.
BISOL, Cláudia. Tibi e Joca: uma história de dois mundos. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 2001.
gerais/noticia/2011/10/literatura-em-libras-estimula-inclusao-e-desenvolvimento-de-
criancas-surdas.html>. Acesso em: 04 jun. 2017.
CARROLL, Lewis. Alice para Crianças. Texto traduzido e adaptado por Clélia Regina
Ramos e ilustrado por Thiago Larrico. Tradutores para a Libras: Janine Oliveira e
Toríbio Ramos Malagodi. Supervisão da Libras: Luciane Rangel Livro de 24 páginas
ilustrado + CD-ROM bilíngüe Português Escrito/Libras e história contada em Libras.
Ed. Arara Azul. 2007.
COUTO, Cleber. Casal Feliz. Ilustrações: Cleber Couto, Belém – Pará, 2010.
<https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/1/208/6/JoseESE_Monografia.pdf>. Acesso
em: 05 de maio 2017.
GRIMM, Irmãos. João e Maria. CD-ROM e Livreto em Papel. Ed Arara Azul. 2011
PEIXOTO, Janaína Aguiar et al. Tradução de obras literárias para a Libras: Una
tradição cultural necessária na comunidade surda. 201?. Disponível em:
<http://www.prac.ufpb.br/enex/trabalhos/2CCHLADLVPROBEX2013519.pdf>.
Acesso em: 04 jun. 2017.
ROSA, Fabiano Souto; KARNOPP, Lodenir Becker. Patinho surdo. Ed. ULBRA,
2005.
1
Orientadora do artigo, docente da disciplina Libras I – UFF tatimili2@yahoo.com.br
2
Graduando em licenciatura em História - Universidade Federal Fluminense (UFF)
3
Graduando em licenciatura em História - Universidade Federal Fluminense (UFF)
4
Graduanda em licenciatura em História - Universidade Federal Fluminense (UFF)
1. INTRODUÇÃO
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
população. Dom Pedro 2º, traz ao Brasil, Rio de Janeiro, o professor francês Ernesto
Hwet, que funda a primeira instituição dedicada à educação de surdos. Apesar de ser um
grande passo, esse modelo tinha algumas falhas, se acreditava que os surdos teriam
melhor desempenho se fossem educados separados, o que não se mostrou verdade,
trazendo a necessidade de uma escola que fosse inclusiva, que desse direito de
igualdade de oportunidade e de cidadania, muitas vezes negado, aos deficientes.
Em 1996, a comissão internacional sobre educação para o século xxi, definiu
como essencial 4 pilares para educação durante a vida:
1º - Aprender a conhecer, consiste em ajudar o indivíduo a aprender e
compreender o mundo ao seu redor para que ele possa desenvolver
suas competências e habilidades para a carreira profissional, ou seja,
“aprender a aprender”, já que a busca do conhecimento é um processo
contínuo e que dura por toda a vida;
2º - Aprender a fazer, compreende ensinar o aluno a praticar o
conhecimento adquirido e a trabalhar coletivamente, aliando as
exigências do mercado de trabalho, além de ensiná-los a resolver
situações de conflitos;
3º - Aprender a viver juntos, consiste em uma educação baseada na
compreensão, respeito, tolerância e companheirismo, no saber lidar
com as diferenças, na luta constante contra a exclusão;
4º - Aprender a ser, implica formar o indivíduo consciente do mundo
em que está inserido e a desenvolver mecanismo para que aja com
responsabilidade no contexto social, mas com a liberdade que lhe é
assegurada. Esses pilares independem se o aluno tem ou não
deficiência, porque é papel da instituição de ensino atender a
necessidade individual de cada aluno. (BRITO; PRADO, p.6)
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Notamos assim que essa falta de papéis bem definidos geram consequências
para a sala de aula, tanto por deixar ambos: professores e intérpretes insatisfeitos,
quanto por poder prejudicar assim o processo de aprendizagem do aluno surdo.
Tendo isso em vista, assumimos uma postura de procurar pensar meios em que o
professor se integre mais no meio da comunidade surda desde sua formação até por
mecanismos passíveis de serem usados em salas de aula. Demos um enfoque maior, no
entanto, na última fase desse processo que é o uso de metodologia específica pelo
professor formado. Para tal buscamos primeiro pensar na questão do arcabouço
conceitual da LIBRAS e na utilização de plataformas de tradução acessíveis, tais quais
aplicativos de celulares, o Hand Talk e o ProDeaf Tradutor, e o dicionário de LIBRAS.
Fizemos então um levantamento de uma série de conceitos temáticos sobre as Reformas
Protestantes, os traduzimos através dessas três plataformas e montamos uma tabela
(Figura 1) com os resultados encontrados. A partir disso e das propostas de métodos
para a sala de aula de Gabriele Neves pudemos buscar caminhos para uma melhor
integração do aluno surdo no ensino de História.
Figura 1 - Tabela
Reforma Protestante X X X
Martinho Ø Ø Ø
Lutero\Luteranismo
Calvino\Calvinismo Ø Ø Ø
Teologia X Ø Ø
Europa X X X
Igreja Anglicana X X Ø
Catolicismo X Ø X
Igreja Católica X Ø Ø
Doutrina Ø X Ø
5
Pesquisadoras do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão- LPEQI- IQ- UFG.
Ou seja, a própria falta de inclusão histórica do surdo é uma das causas que
distanciam o vocabulário da língua de sinais com a língua portuguesa escrita, e é apenas
a inclusão e a formação de docentes dos campos científicos em Libras que será capaz de
reverter esse quadro.
Quanto ao tema das Reformas Protestantes utilizaremos a tabela acima como
referencial para alguns questionamentos. Foram escolhidas palavras que remetam ao
tema por serem conceitos (tais quais “Reforma Protestante”, “teologia”, “doutrina”,
“catolicismo”, “luteranismo” e “calvinismo”), por serem nomes de figuras históricas
(“Lutero” e “Calvino”) ou por serem instituições ainda presentes atualmente (“Igreja
Católica” e “Igreja Anglicana”) (Figura 1). Tais palavras foram traduzidas para a
Língua Brasileira de Sinais através de três plataformas diferentes, os aplicativos para
smartphones Talk Hand e ProDeaf Tradutor e o Dicionário da Língua Brasileira de
Sinais (dicionário financiado pelo governo federal através do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação. Foi verificado então a existência ou não das palavras na língua
de sinais (sendo com “tem sinal” as tradução ausentes de soletração) e, em caso de
existência, se as traduções eram iguais.
Disso tiramos algumas considerações. Em primeiro lugar se observou que a
maioria das palavras traduzidas não continham representação de sinais em pelo menos
uma das três plataformas (Figura 1). Ou seja, as plataformas não foram produzidas em
diálogo e nota-se a necessidade de que esses bancos de dados feitos separadamente se
mesclem e se atualizem para o melhor aproveitamento da Libras pelos seus usuários.
Mesmo nos casos em que as palavras traduzidas encontravam traduções em todas as três
plataformas, encontrou-se divergências nas traduções. Disso tiramos que é normal
haverem divergências na língua de sinais, no entanto se esses bancos de dados
pudessem dialogar de alguma forma, as traduções poderiam apresentar para os usuários
resultados que contivessem essas divergências contribuindo para melhor apreciação das
possibilidades da Libras. Em dois casos específicos, “Calvino\calvinismo” e
“Lutero\Luteranismo” (Figura 1), não se encontrou tradução em nenhuma das
plataformas. Percebemos nesses casos que a causa para isso é provavelmente por se
tratarem de nomes próprios e conceitos referentes a estes nomes próprios.
Tomamos então um método especial só para estes termos e utilizamos uma
plataforma online mais ampla que é o YouTube. Como resultado encontramos no caso
do Lutero um vídeo em que uma mulher faz a soletração de “Luterana” e “Lutero” e,
posteriormente apresenta sinais para “Lutero” e “Igreja Luterana”6; no caso de
“Calvino” e “calvinismo” não se encontrou nenhuma tradução. Aferimos então que
conceitos mais específicos (sejam das ciências humanas, exatas ou naturais) são de fato
mais difíceis de traduzir através de plataformas formais de tradução, porém isso não
necessariamente significa que a comunidade surda não tenha o conhecimento do termo e
não saiba quem são as personalidades. O YouTube no entanto, apesar de ser uma ótima
ferramenta de pesquisa sobre o mundo da comunidade surda e sobre a língua de sinais
(tanto a Libras como de outras nacionalidades), é uma plataforma muito ampla que não
possui o intuito didático que os aplicativos e o dicionário citados possuem.
Através da tabela temos então uma ideia de que tipo de limitações os conceitos
6
Vídeo de tradução de “Luterana\Lutero”: https://www.youtube.com/watch?v=Ftx6v2SLiq4 acessado em
04\06\2017;
específicos dão ao professor de história. Não seria muito produtivo nem para
professores, nem para alunos e nem para intérpretes por exemplo, que as aulas sobre
Reforma focassem na reprodução e tentativa de tradução através da Libras desses
conceitos mais específicos como calvinismo ou luteranismo, assim como de nomes
específicos (de pessoas ou de lugares) como Lutero, Calvino, Erasmo, Wittenberg, etc.
Para além de questões mais específicas a relação entre professor e intérprete possui
complicações próprias, pois estes se diferenciam em relação ao campo de conhecimento
(o professor domina o conhecimento científico e é quem tem condições de o transmitir -
o intérprete não domina o conhecimento científico, porém é quem é capaz de se
comunicar e criar relações com o aluno) e ambos têm dificuldade de se colocarem no
espaço de acordo com suas atribuições específicas de papel7.
A professora percebe o vínculo entre aluno surdo e o intérprete (não com o
conhecimento científico ensinado), mas não consegue ela mesma estabelecer
este vínculo com o aluno surdo e a intérprete sabe que é a professora quem
deveria ensinar a ele, mas mesmo assim está a ensinar conhecimentos que
não domina ao aluno surdo. (Oliveira & Benite, 2015, p. 618)
Porém pensamos que tais dificuldades, sejam as de caráter mais específico sejam
as de caráter mais abrangentes, não inviabilizam o processo de aprendizagem de alunos
surdos.
Lógico, representam desafios e barreiras que perpassam toda a educação do
aluno surdo e não é possível supor de forma alguma que este saia da escola podendo
competir de igual para igual com alunos ouvintes, seja por acesso ao ensino superior,
seja por vagas no mercado de trabalho. No entanto, as políticas de inclusão do aluno
surdo no sistema escolar brasileiro abriu um caminho que, mesmo que ainda possua
muitas falhas e empecilhos, permite que se reflita cada vez mais sobre a questão e que
se procure cada vez mais melhorar essas formas de inclusão. Podemos pensar, por
exemplo, em como podemos lidar com as problemáticas que levantamos. A própria
7
OLIVEIRA, Walquíria Dutra de. BENITE, Anna M. Canavarro. “Estudos sobre a relação entre o
intérprete de LIBRAS e o professor: implicações para o ensino de ciências”; Revista Brasileira de
Pesquisa em Educação em Ciências Vol. 15, No3, 2015 , p.597-626;
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8
NEVES, Gabriele Vieira. “Ensino de História para alunos surdos de Ensino Médio: desafios e
possibilidades”, IX Congresso Nacional de Educação - EDUCERE, III Encontro Sul Brasileiro de
Psicopedagogia, 26 a 29 de outubro de 2009 - PUCPR, p. 7903-7912;
6. REFERÊNCIAS
NEVES, Gabriele Vieira. “Ensino de História para alunos surdos de Ensino Médio:
desafios e possibilidades”, IX Congresso Nacional de Educação - EDUCERE, III
Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia, 26 a 29 de outubro de 2009 - PUCPR, p.
7903-7912;
Em sites
1
Docente de Libras (Orientadora), UFF (gildeteamorim@yahoo.com.br)
2
Graduanda de Biblioteconomia, UFF (biancaaportugal@gmail.com)
3
Graduanda de Biblioteconomia, UFF (claramos57@gmail.com)
4
Graduanda de Biblioteconomia, UFF (f.ferreiiraffc@gmail.com)
5
Graduanda de Biblioteconomia, UFF (luanaqsouza@gmail.com)
6
Graduanda de Biblioteconomia, UFF (yasmim15.ym@gmail.com)
ABSTRACT
Search pointing the scientific progression or regression in the world of the Língua Brasileira
de Sinais (LIBRAS) na Universidade Federal Fluminense (UFF)), aiming to expose mainly
the production in the college of Library Science and Documentation. Contextualizes the
development of this language in history and exposes how it begins its study. Defines the
concept of LIBRAS based on other authors. It presents the position of the UFF in relation to
the teaching of Libras, whether or not inserted in the academy. Try to see which are the areas
that produce more on LIBRAS in the UFF. It aims to analyze in the university's online catalog
(pergamum), through a scientometric study, the publications that consist of their indexing the
subject 'LIBRAS'. Explains the metric study carried out, concepts of the research method used
and its choice to evaluate the documentary production found. Demonstrates the results
obtained through graphs elaborated after the collection and organization of the data. In the
data analysis it addresses reflections that can be studied in future researches. It concludes by
promoting greater incentive to research in diversity and inclusion in the area of Information
Science.
1 INTRODUÇÃO
A pergunta-problema que norteia nosso trabalho é: Quais são as áreas que mais
produzem acerca da Língua Brasileira de Sinais na Universidade?
Por estar cursando a disciplina de Libras, nos deparamos com esse evento e a chance
de realizar um trabalho onde pudéssemos relacionar o nosso curso – Biblioteconomia e
Documentação – com a Jornada Científica. O trabalho terá finalidade de apontar a progressão
– ou não – científica no mundo da Língua Brasileira de Sinais na Universidade Federal
Fluminense.
2 LIBRAS
linguagem de sinais francesa (o que mais tarde derivou a linguagem brasileira de sinais). Ele
era um professor surdo formado em Paris que vem ao Brasil com o intuito de abrir uma escola
para pessoas surdas. Ernest mostrou documentos para educar surdos, com isso e o apoio do
Imperador, no dia 26 de setembro de 1857, D. Pedro II assinava a Lei 939. Inaugurada em 26
de setembro de 1857, a primeira escola para surdos no Rio de Janeiro era chamada
inicialmente de “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, hoje conhecida como “Instituto
Nacional de Educação de Surdos - INES”. O dia 26 de setembro é comemorado o Dia
Nacional do Surdo do Brasil em homenagem a essa inauguração.
O Instituto que usava inicialmente apenas a língua dos sinais e adotou em 1911 o
Oralismo Puro (consiste em efetivar a comunicação por meio do entendimento da leitura
labial), seguindo a determinação do Congresso Internacional de Surdos-mudos de Milão
(1880).
No século XX, até a década de 60, existia uma abordagem quase exclusivamente
oralista entre as escolas de surdos e, estudos demonstraram insuficiente eficácia destes
métodos no desenvolvimento linguístico e cognitivo da pessoa surda. Nos anos 50, uma série
de inovações aconteceu em benefício à surdez. Surgiram, por exemplo, as primeiras escolas
normais e jardins de infância para crianças surdas. Após esse período começou um
movimento pelo resgate da língua de sinais, de forma bimodal (dois modos de linguagens),
como uma fala de instrução, por meio da Filosofia da Comunicação Total (fazer uso
simultâneo da língua de sinais e da língua oral).
Tirando, assim, os surdos do isolamento cultural. Isolamento esse que durante séculos
os surdos sofreram. A comunidade surda se refere não somente aos surdos, mas também para
se referir a família, intérpretes, professores e quem mais se interessar pela cultura dos surdos.
No fim dos anos 1990, foi introduzida a opção de legendas nas configurações de televisões
(Closed Caption), e no início dos anos 2000, apareceram celulares com sms, para que a
comunidade surda se integrasse nos meios de comunicação.
Em 24 de abril de 2002, foi promulgada a lei 10.436 que reconhecia a LIBRAS como
língua oficial da comunidade surda brasileira. Regulamentando a lei, o Decreto 5626/05 que
considera a pessoa surda como alguém que compreende e interage por prática visual,
basicamente por LIBRAS. Inserindo o idioma como disciplina curricular obrigatória nos
cursos para professor, fonoaudiólogo de instituições de ensino e nos cursos de licenciatura e
nos demais cursos como optativa.
3 ESTUDOS MÉTRICOS
Estudos assim, que tem como foco tanto a avaliação dos insumos como dos produtos
gerados, apresentam abordagens diferentes e podem ser analisados em macro, meso ou micro
escalas.
Dessa forma, poderão ser estudados aspectos sobre a orientação, a dinâmica
e a participação da C&T em escala internacional (através da comparação
entre dois ou mais países), nacional (entre dois ou mais estados), local (entre
instituições de uma mesma cidade ou região). Cada uma dessas categorias de
análise pode ser subdividida e aprofundada, surgindo novas variáveis e
abordagens, por campo de atuação (linhas de pesquisa), por pesquisadores
(formação, titulação), por colaboração (trabalhos em co-autoria,
sociabilidade entre os autores), assuntos, tipos documentais (periódicos,
teses, dissertações, eventos, etc), instituições (universidades, centros de
pesquisa, empresas), departamentos, cursos, disciplinas, etc. (NORONHA,
2008, p.122)
Pergamum. Para coletar os dados foi utilizado assunto LIBRAS para a recuperação de
documentos. Por meio desta análise buscamos descobrir como está a produção científica na
área de Língua Brasileira de Sinais, quais são os cursos que mais produzem sobre o assunto e
qual é o grau que mais se interessa em pesquisar sobre o tema, na Universidade Federal
Fluminense. Demonstraremos os resultados através de gráficos elaborados após a coleta e
organização dos dados.
4 METODOLOGIA
A segunda etapa será analisar esses dados, fazendo assim um estudo cientométrico,
que é a mensuração e a quantificação do progresso científico. Analisaremos e faremos assim,
as considerações finais.
5 RESULTADOS
O ano de 2015 teve o maior número de trabalhos que utilizaram como assunto a
Língua Brasileira de Sinais, sendo a maior produção, neste ano, do curso de Mestrado em
Diversidade e Inclusão. Observa-se que a produção não seguiu uma constância, mas podemos
avaliar como uma tentativa de evolução.
De acordo com o gráfico é possível destacar uma maior produção nos cursos de
Ciências Biológicas, Diversidade e Inclusão e Pedagogia. Estes resultados apontam para uma
grande discursão a respeito das áreas que produzem sobre a comunidade surda, percebendo
uma grande lacuna que poderia ser preenchida pelas outras áreas do conhecimento.
13
12 13
11 12
10
9 Doutorado
8
7 Mestrado
6 Graduação
5
4 Especialização
3
2
1 2 1
0
A partir da seleção e coleta dos dados, obtivemos um resultado que permitiu uma
análise quantitativa da produção de trabalhos como critério para conclusão de cursos em
diversos níveis acadêmicos dentro da Universidade Federal Fluminense. Tínhamos como
propósito principal avaliar a progressão ou regressão da produção sobre línguas brasileiras de
sinais dentro do universo da Biblioteconomia, porém não obtivemos nenhum resultado que
nos permita tal análise. Assim surgiram algumas reflexões a respeito desta questão, que
podem ser estudadas em futuras pesquisas, são elas:
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho tinha como objetivo apresentar quais são os trabalho produzidos acerca
do assunto LIBRAS, para assim ter um panorama de como está à produção de informação
sobre a Língua Brasileira de Sinais.
Foi possível observar que as áreas que mais produzem a respeito de LIBRAS são a de
Diversidade e Inclusão, Pedagogia e Ciências Biológicas. A produção em graduação e
Mestrado são as maiores sobre o assunto e pelo que pode se observar as mais incentivadas a
tal pesquisa. Vale ressaltar que cursos na área de ciência da informação não tem registro de
qualquer produção sobre tal assunto, pode se dar ao fato que somente os cursos de licenciatura
tenham LIBRAS como disciplina obrigatória ou o incentivo ao estudo sobre diversidade e
inclusão na graduação. Este é um assunto que se faria importante devida a enorme área de
atuação do profissional da ciência da informação, que lida com o atendimento ao público.
REFERÊNCIAS
ROCHA, Solange. O INES e a Educação de surdos no Brasil. Rio de Janeiro: INES, 2008.
SABANAI, L. N. A evolução da comunicação entre e com surdos no Brasil. Revista HELB.
Ano, v. 1, 2007.
SILVA, J. A. da; BIANCHI, M. de L. P. Cientometria: a métrica da ciência. Paidéia
(Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 11, n. 21, p. 5-10, 2001 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2001000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jun. 2017.
SILVA, F. I. da et al. Aprendendo Língua Brasileira de Sinai como segunda língua: nível
básico. IFSC, 20--. Acesso em: < http://www.palhoca.ifsc.edu.br/materiais/apostila-libras-
basico/Apostila_Libras_Basico_IFSC-Palhoca-Bilingue.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2017.
SONSIN, G. K. Tribuna do interior: sabia que o Brasil tem uma 2 ª língua oficial?. 24 out.
2012. Disponível em: <http://www.tribunadointerior.com.br/noticia/sabia-que-o-brasil-tem-
uma-2a-lingua-oficial>. Acesso em 02 jun. 2017.
STROBEL, K. História da educação de surdos. UFSC, Florianópolis, 2009. Disponível em:
<http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacao
DeSurdos/assets/258/TextoBase_HistoriaEducacaoSurdos.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2017.
UFF. Conselho de Ensino e Pesquisa. Resolução nº239/2009. Dispõe Dispõe sobre o ensino
da Língua Brasileira dos Sinais (Libras) nos Cursos de Licenciatura e nos Cursos de
Bacharelado da Universidade Federal Fluminense. Niterói: 2009. Disponível em:
<http://www.conselhos.uff.br/cep/resolucoes/2009/239-2009.pdf> Acesso em: 02 jun. 2017.
Tenório, Rodrigo1
Souza, Beatriz2
Lima, Luciana3
Faria, Renata4
Medeiros, Thaís5
Alves, Thamirys6
De Sá, Tatiane Militão7
RESUMO: A surdez pode ser definida como a perda total do aparelho fonador, impedindo o
reconhecimento sonoro, sendo assim a pessoa é considerada surda. A Lei 10.436 de 2002, dispõe
sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Esta reconhece a Libras como meio legal de
comunicação e expressão. O decreto 5.626, de 22 de Dezembro de 2005 revela no capítulo VII, Artigo
25 que o Sistema Único de Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços
públicos de assistência à saúde, devem garantir a atenção integral à sua saúde da pessoa surda ou com
deficiência auditiva, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas, efetivando o
apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua
tradução e interpretação. A comunicação com os surdos surge como um desafio aos profissionais que
lhe prestam assistência à saúde. Dentro deste cenário busca-se então compreender qual é qualificação
do profissional de enfermagem frente a abordagem com o paciente surdo na atenção básica, presentes
na literatura. A busca dos estudos foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, utilizando as
1
Discente de Libras, graduação – UFF rodrigo.a.tenorio@gmail.com
2
Discente de Libras, graduação – UFF
3
Discente de Libras, graduação – UFF
4
Discente de Libras, graduação – UFF
5
Discente de Libras, graduação – UFF
6
Discente de Libras, graduação – UFF
7
Docente de Libras, orientadora do trabalho – UFF tatimili2@yahoo.com.br
bases de dados da Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base
de dados (BDENF). Foram utilizadas as seguintes palavras chaves para pesquisa: atenção básica,
SUS, paciente surdo, Enfermagem. Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos indexados nos
bancos de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, publicados a partir do ano 2000, utilizando dois ou
mais descritores em cada resultado, artigos que envolvessem diretamente a atenção básica e a atuação
da enfermagem na mesma, artigos preferencialmente da língua portuguesa. Os critérios de exclusão
foram: artigos periódicos estrangeiros, anteriores ao ano de 2000 e outros profissionais da saúde.
Foram selecionados 10 artigos publicados entre os anos de 2002 e 2016. A análise desses artigos
possibilitou uma maior compreensão sobre o tema, a importância e a necessidade de uma ampla
pesquisa e produções científicas relacionadas às temáticas devido a um número reduzido de artigos
abordando esse tema de extrema relevância e impacto para um atendimento integralizado para os
usuários do Sistema Único de Saúde.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Sá (2014, p.14) podemos entender a surdez como perda total do aparelho fonador,
impedindo o reconhecimento sonoro, sendo assim a pessoa é considerada surda. É importante
diferenciar da pessoa surda de deficiente auditiva, pois esse grupo consegue reconhecer alguns sons,
porém em uma escala audível mais baixa. A questão da surdez ultrapassa os limites da ciência e entra
em um âmbito cultural, de identidade e aceitação da natureza surda, principalmente da sua língua,
considerando-se surdo o indivíduo que se identifica com a língua de sinais e a cultura em que a
mesma está inserida. Já o deficiente auditivo não possui necessariamente essa identidade surda, pois
de modo geral ele participa do mundo dos ouvintes e compartilha a mesma língua que eles, ainda que
tenha certa dificuldade para acompanhar.
No Brasil a língua de sinais surgiu com a educação dos surdos brasileiros que se iniciou, em
1857, com a criação do Instituto Nacional de Surdos mudos (INSM) atual Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro. Na época a educação dos surdos baseava-se no
aprendizado da fala oral, o que hoje se denomina oralismo, e no uso de alfabeto digital e gestos para
que os surdos se comunicassem, atualmente denominado gestualismo. O discurso dos oralistas se
intensificou e em 1880 quando educadores de surdos de diversos países realizaram uma conferência
internacional, o Congresso de Milão. O resultado deste congresso foi a proibição do uso de sinais e
gestos na educação dos surdos, reflexo no mundo inteiro no qual a linguagem gestual quase
desapareceu, sobrevivendo devido aos adeptos e seguidores do trabalho de L’Épée que continuaram a
utilizar os sinais para educar os surdos. Na década de 1960 o estudioso Willian Stokoe pesquisou
sobre a língua de sinais americana revelando que de fato a língua de sinais constituía-se em uma
língua e não em uma linguagem (BARBOSA, OLIVEIRA, COSTA, 2011, p. 333).
Em 2002, a Lei 10.436 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), foi
reconhecida como meio legal de comunicação e expressão dos surdos oriundos do Brasil, com o
sistema linguístico de natureza visual-motora e estrutura gramatical própria. Em 2005 surge o Decreto
5626 que prevê que as instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência
auditiva, de acordo com as normas legais em vigor (BRASIL, 2005).
Segundo este Decreto sancionado em 2005, os portadores de deficiência auditiva, neste caso
os surdos, devem receber atendimento e tratamento adequado relacionado à saúde. Para estabelecer
essa assistência, umas das ferramentas mais utilizadas entre profissional de saúde e paciente é a
comunicação. Entretanto há barreiras no atendimento ao paciente surdo, destacando-se as dificuldades
linguísticas, atribuir aos surdos menor potencial cognitivo, comparando-os com deficientes
intelectuais e falta de acesso dos surdos às informações preventivas. O encontro com o paciente surdo
pode ser esporádico, mas o desafio para os profissionais da saúde está além dos serviços
especializados. Habilidades no trabalho com pessoas que não partilham a língua oral e apresentam
cultura própria não são rotineiramente ensinadas por isso, em muitos casos, os profissionais não estão
preparados para o encontro com o paciente surdo, assim a capacitação dos profissionais da saúde para
atender esses pacientes é uma necessidade urgente, uma formação que “contemple os métodos de
comunicação, cultura surda, noções básicas de língua de sinais e leitura-labial e como se posicionar
frente ao atendimento do surdo, assegura o acesso aos cuidados de saúde” (CHAVEIRO, BARBOSA,
PORTO, 2008, p.581).
O decreto 5.626/05 regulamenta a Lei 10.436/02, que dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais – Libras assim de acordo com o capítulo VII - Artigo 25 deste Decreto prevê que a após um
ano de publicação o Sistema Único de Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão
de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados
nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de
complexidade e especialidades médicas, efetivando o apoio à capacitação e formação de profissionais
da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação. (BRASIL, 2005, p. 6).
profissional de enfermagem frente à abordagem com o paciente surdo na atenção básica, presente na
literatura.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
de saúde sejam preparados, ainda na graduação, para se comunicar com a pessoa surda, tornando
assim, de fato, o atendimento igualitário e eficaz a comunidade surda.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Trata-se de uma revisão de literatura, com abordagem qualitativa, cuja busca foi realizada em
maio de 2017 na Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, utilizando as bases de dados da Literatura da
América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de dados (BDENF).
Foram utilizadas as seguintes palavras chaves para pesquisa: atenção básica, SUS, paciente
surdo, enfermagem. Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos indexados nos bancos de dados
da Biblioteca Virtual em Saúde, publicados a partir do ano 2000, utilizando dois ou mais descritores
em cada resultado, artigos que envolvessem diretamente a atenção básica e a atuação da enfermagem
na mesma, artigos preferencialmente da língua portuguesa. Os critérios de exclusão foram: artigos
periódicos estrangeiros, anteriores ao ano de 2000 e outros profissionais da saúde.
Segundo os estudos realizados foram selecionados 10 artigos publicados entre os anos de 2002 e
2016. A análise desses artigos possibilitou uma maior compreensão sobre o tema, a importância e a
necessidade de uma ampla pesquisa e produções científicas relacionadas às temáticas já que se tem
um número reduzido de artigos abordando esse tema de extrema relevância e impacto para um
atendimento integralizado para os usuários. Assim, mesmo com a escassez de produções cientificas
para profissionais de enfermagem no campo da surdez, podemos observar um crescimento gradativo
de pesquisas em torno da capacitação e ao atendimento dos surdos na área da saúde, visando
assistência, humanização, comunicação em Libras, atenção básica para saúde do surdo, pois a cada
ano, como podemos observar (gráfico 1) aumenta o número de publicações.
2018 2016
2016 2014
2014 2012
2011
2012 2009 2009 2009
2010 2007
2008 2005
2006
2004 2002
2002
2000
1
Durante a leitura dos artigos científicos verificamos que o atendimento do paciente surdo é
um desafio para os profissionais da saúde e para o próprio surdo, pois a comunicação verbal não é um
recurso que facilita o intercâmbio da pessoa surda com o mundo, mas, pelo contrário, um obstáculo
que esta precisa transpor para chegar ao mundo social de forma efetiva. A revisão de literatura
mostrou que as barreiras de comunicação entre paciente surdo e profissional da saúde, podem colocar
em risco a assistência prestada, podendo prejudicar o diagnóstico e o tratamento. (CHAVEIRO,
Neuma; et al., 2008)
Na língua de sinais “há as mesmas características de qualquer língua natural, quer em seu
aspecto gramatical, propriamente dito, quer nas várias manifestações do simbólico” (FERNANDES,
2003, p.44 apud BARBOSA, RS; et al, 2011). Há diferentes e variadas línguas de sinais: língua de
sinais dos índios, a língua de sinais francesa, língua de sinais americana, entre outras, ou seja, cada
comunidade linguística tem sua própria língua. Segundo estes autores as línguas de sinais são sistemas
abstratos de regras gramaticais, naturais das comunidades de indivíduos surdos que as utilizam.
A comunicação não-verbal é de extrema importância no atendimento aos pacientes e permite a
excelência do cuidar em saúde, o profissional que a reconhece adequadamente remete significado aos
sinais não verbais potencializando suas interações. (SILVA, MF; SILVA, MJP, 2004 apud
CHAVEIRO, N; BARBOSA, MA, 2005). Dessa forma, salientamos que desde 2009 já se observava
entre os estudiosos que a comunicação é a maior dificuldade no atendimento ao surdo nas Unidades
de Saúde (gráfico 2), assunto discutido repetidamente na área médica e de enfermagem, entendemos
que os registros comprovam que o paciente surdo só terá acesso à saúde mediante a qualificação em
Libras de tais profissionais.
2009
2009
2009
Enfrentamento de
problemas no Acesso da
atendimento ao comunidade surda à O atendimento em
usuário surdo rede básica de saúde saúde através do
olhar da pessoa surda
inclusão social plena, mas como um obstáculo que precisa transpor com dificuldades para chegar ao
mundo social de forma efetiva. (CARDOSO, AH; et al, 2006 apud CHAVEIRO, N; et al 2008), por
isso é tão necessária a qualificação destes profissionais objetivando o melhor atendimento ao surdo na
premissa da criação de contexto de comunicação eficaz.
5. CONSIDERAÇÃO FINAIS
de comunicação dos profissionais de saúde com os usuários surdos, salvo quando o mesmo está
acompanhado de algum familiar para servir de intérprete.
Concluímos que há necessidade de uma ampla pesquisa e produções científicas relacionadas à
temática, devido poucos artigos abordando esse tema de extrema relevância e impacto para um
atendimento integralizado para os usuários do Sistema Único de Saúde. Através deste trabalho
esperamos incentivar a capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso
de Libras para o atendimento com pacientes surdos.
6. REFERÊNCIAS
BARBOSA, Regiane da Silva; OLIVEIRA, Everton Luiz de; COSTA, Maria da Piedade Resende da.
Língua de Sinais na Educação e Comunicação de Pessoas com Surdez. In: ANAIS do VII Encontro da
Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial. Londrina, 2011. Disponível em <
http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2011/processo_inclusivo/0
32-2011.pdf> Acessado em 24/05/2017.
BRASIL, LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras e dá outras providências. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm> Acessado em 24/05/2017.
CHAGAS, Vera Beatriz Maciel. Nós falamos assim, com as mãos: os desafios da Unidade Básica de
Saúde no enfrentamento de problemas no atendimento ao usuário surdo. Fundação Oswaldo Cruz.
Porto Alegre, 2009. Disponível em <https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3039> Acessado em
24/05/2017.
CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria Alves. Assistência ao surdo na área de saúde como fator de
inclusão social. Rev. esc. enfermagem. USP v.39 n.4 São Paulo, 2005 Disponível em
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62342005000400007&lng=pt&tlng=pt > Acessado 05/06/2017
CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria Alves; PORTO, Celmo Celeno. Revisão de literatura sobre
o atendimento ao paciente surdo pelos profissionais da saúde. Rev Esc Enferm USP. 2007. Disponível
em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342008000300023>
Acessado em 24/05/2017.
COSTA, Luiza Santos Moreira da; ALMEIDA, Regina Célia Nascimento de; Mayworn Mariana
Cristina; et al. O atendimento em saúde através do olhar da pessoa surda: avaliação e propostas. Rev
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http://www.uff.br/isc/site_2_5/images/publicacoes/O_atendimento_em_saude_atraves_do_olhar_da_p
essoa_surda.pdf> Acessado em 05/06/2017.
FRACOLLI, Lislaine Aparecida; CASTRO, Danielle Freitas Alvim de. Competência do Enfermeiro
na Atenção Básica: em foco a humanização do processo de trabalho. O Mundo da Saúde, São Paulo,
v. 3, n. 36, p.427-432, Jul./Set. 2012. Disponível em < http://www.saocamilo-
sp.br/pdf/mundo_saude/95/4.pdf> Acessado em 30/05/2017.
GALAVOTE, Heletícia Scabelo, et al. O trabalho do enfermeiro na atenção primária à saúde. Escola
Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 1, n. 20, p. 90-98, Jan./Mar, 2016. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/1414-8145-ean-20-01-0090.pdf>. Acesso em 28 maio 2017.
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SÁ, Tatiane Militão de. O Surdo no Brasil. Revista Mais Saúde. Ano II, nº 12. Març-Abril. Região
Serrana, RJ, 2014. p. 14-15.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar um projeto de aplicação para
auxiliar o estudo da disciplina de Libras na Universidade Federal Fluminense. Através
da observação das ferramentas oferecidas pela universidade, da ementa da disciplina de
Libras, das ferramentas oferecidas pelo mercado, dos problemas causado pela carga
horária e do estudo feito por outros centros de ensino, foi verificado que, com a
modernização do mundo e com o advento de novas tecnologias da informação, somente
a sala de aula não basta. É necessário um conteúdo moderno e interativo para o estudo
de Libras que, na prática, seria uma extensão da sala de aula. Com base nas razões
citadas anteriormente e pelo sucesso que outras instituições têm tido com uso de
aplicativos para o estudo de uma disciplina, verificou-se que a melhor alternativa seria o
uso de um aplicativo voltado especificamente para o estudo de Libras. Como
metodologia da pesquisa, usamos um formulário online com algumas perguntas
elaboradas por nós com o intuito de obter dados para um melhor desenvolvimento do
aplicativo, esse mesmo formulário foi disseminado para os alunos da UFF através das
redes sociais. Então, foi feita uma análise de mercado para decidir para qual sistema
operacional e versão do mesmo o aplicativo seria desenvolvido. Também foi feita uma
análise para propor um modelo inicial da interface que seria utilizada no aplicativo.
1
Orientadora. Docente de Libras—UFF, tatimili2@yahoo.com.br
2
Discente de Sistemas de Informação—UFF, joao_melo@id.uff.br
3
Discente de Sistemas de Informação—UFF, gabrielroland@id.uff.br
4
Discente de Sistemas de Informação—UFF, daniel.96.furtado@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
Os alunos de Libras se deparam hoje com material de suporte antiquado e,
portanto, ineficiente para o estudo da disciplina. Atualmente o material de apoio se
encontra em vídeos dispersos entre canais ou em plataformas que ainda utilizam
recursos como o flash player, que causa incompatibilidade com os navegadores e
dispositivos mais recentes, o que dificulta muito o estudo fora de sala.
Avaliando as condições aqui citadas e tecnologias que estão em uso hoje,
propomos neste artigo uma discussão sobre a criação e o desenvolvimento de um
aplicativo para auxiliar o estudo do aluno fora da sala de aula.
1.1 Libras na Universidade Federal Fluminense
5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
Hoje, existem vários aplicativos ou plataformas auxiliando ou, até mesmo, sendo
a principal fonte de aprendizado de línguas estrangeiras. Já existem instituições de
ensino, como o colégio Dom Bosco de São Paulo, Nova Escola de São Paulo (escola de
música)7, utilizando aplicativos com enorme sucesso no auxílio da aprendizagem.
Podemos citar, por exemplo, o aplicativo Duolingo8, que transforma a aprendizagem de
um novo idioma em um jogo, sendo este dividido em diferentes componentes e
conforme o usuário avança, desbloqueia novos recursos. Podem ser citados, também, os
6
http://www.ufjf.br/historia/files/2013/11/Libras.pdf
7
http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,uso-de-aplicativos-para-celular-ganha-forca-na-
escola,1749345
8
https://pt.duolingo.com/
aplicativos da escola de idiomas Rosetta Stone9, que passa aos usuários exercícios
curtos em forma de palavras ou frases de outras línguas para que o usuário tenha a sua
pronúncia avaliada pelo aplicativo através de reconhecimento de voz.
Por que não fazer o mesmo para Libras? De fato, existem aplicativos com o
propósito de estudar Libras, mas são poucos e, muitas vezes, incompletos. Um bom
exemplo é o aplicativo Handtalk10 que faz a tradução de linguagem escrita para Libras,
porém, funciona muito melhor como um tradutor do que como uma ferramenta de
estudo.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
9
http://www.rosettastonebrasil.com/store/rstbr/pt_BR/home/
10
https://handtalk.me/
3 CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
11
http://brasileconomico.ig.com.br/mundo/2015-02-13/geracao-z-os-nativos-digitais.html
No formato atual, o aluno praticamente tem contato com o professor para, por
exemplo, tirar dúvidas, apenas na sala de aula. A maioria das instituições de ensino
ainda está presa a métodos de ensino tradicionais, grandes causadores dessa sensação de
distanciamento. Grande parte dos estudantes, ao estudar a matéria fora da sala de aula e
se deparar com uma dúvida ou dificuldade, acabe se sentindo frustrada e/ou
desestimulada pela falta de auxílio rápido.
12
https://sistemas.uff.br/conexaouff
de propósito geral, não é um aplicativo voltado ao estudo, o auxílio que ela pode prestar
ao aluno de Libras é pequeno e inexpressivo quando se trata da prática do idioma.
13
http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/08/19/quando-o-computador-ajuda-a-aprender/
14
http://www.approvado.com.br/
3.2 Pesquisa
Para apurar a opinião dos alunos da UFF sobre o aplicativo e suas possíveis
funções, foi elaborado um pequeno questionário com cinco questões que foi feito no
Google Forms15 e disponibilizado através de um link16 disseminado para os alunos da
UFF através das Redes Sociais. Ficou aberto ao corpo discente da universidade durante
duas semanas. Apesar de obtermos apenas 19 respostas, algumas conclusões podem ser
inferidas através dos resultados. A seguir podem ser conferidas as perguntas e respostas.
15
https://www.google.com/intl/pt-BR/forms
16
https://goo.gl/forms/26E9gji4WPESStdn1
A questão 2 foi elaborada para avaliarmos, com uma visão mais ampla, a
questão da carga horária e para observarmos a importância de um aplicativo para auxílio
do estudo.
Resultados
Gráfico 1 - Questão 1
Sim
[PORCENTAGEM]
[PORCENTAGEM] Não
Gráfico 2 - Questão 2
Gráfico 3 - Questão 3
Gráfico 4 - Questão 4
94,7 89,4
73,7
63,2
10,5 26,3 5,3 21 0 5,3 5,3 5,3
Questão 5: Cite uma funcionalidade que gostaria de ver em um aplicativo voltado para o
estudo de Libras que não está na lista anterior.
“Algum sistema de pontuação ao concluir algum módulo para deixar mais lúdico o
aprendizado. ”
“Um sistema de notas, tipo Uber, nas demonstrações, para que através desse feedback,
quem os posta, percebe se a técnica usada foi bem assimilada.”
Tabela 1 - Questão 5
4.1 Funcionalidades
Para essa funcionalidade, é necessária conexão com a internet, uma página teria
que ser desenvolvida tanto para uso em um notebook ou desktop quanto para
dispositivos móveis, ligações com outros aplicativos para a leitura do material recebido
e, também, permissões especiais do sistema operacional do smartphone para poder
salvar o conteúdo.
Pelo fato de a universidade já possuir a plataforma Conexão UFF que executa tal
funcionalidade, chegou-se à conclusão de que seria desperdício de recursos a
implementação da mesma em outra aplicação interna da instituição. Para uma
implementação inicial, essa funcionalidade será deixada de lado em prol de outras mais
inovadoras e requisitadas pelos alunos.
5 PROPOSTA
17
https://www.sociomantic.com.br/infografico-mobile-br/
18
https://digitalks.com.br/noticias/sociomantic-lanca-infografico-sobre-mercado-mobile-brasileiro/
19
https://developer.android.com/about/dashboards/index.html
Como tela inicial da aplicação foi escolhida uma página de recomendações, com
o propósito de chamar atenção do usuário a certos conteúdos e estimular o estudo.
Nessa página poderão ser exibidos tópicos de estudo iniciados pelo aluno que ainda não
tenham sido concluídos, assim como outros tópicos que possuam relação com aqueles já
estudados.
Nesta tela se encontrará um mecanismo de busca, para que seja fácil buscar
algum sinal que tenha dúvida ou um tópico específico. Para conciliar este mecanismo de
busca com a política de carregamento rápido, será feito uma cache com as últimas
palavras estudadas, aplicando o conceito LRU, que diz que a probabilidade de um
conteúdo acessado recentemente ser novamente buscado é maior que a dos outros. O
método deverá passar por muitos testes até que o tamanho dessa cache seja bem
estabelecido e a sua consulta seja realizada da maneira mais rápida possível, atingindo
assim seu ponto ótimo.
5.2.2 Menu
Figura 2 - Menu
6 CONSIDERAÇÕES
A primeira versão do programa terá funcionalidades limitadas, contará apenas
com demonstrações através de Gifs e um dicionário de configurações de mãos, mas
permitirá que os aluno não dependam mais da internet para procurar vídeos para praticar
e assimilar conteúdo.
7 REFERÊNCIAS
FLORES, Evandro Metz; BARBOSA, Jorge Luis Victória; RIGO, Sandro José. Um
estudo de técnicas aplicadas ao reconhecimento da língua de sinais: novas
possibilidades de inclusão digital. Rio Grande do Sul: UFRGS, 2012.
LODI, Ana Cláudia Balieiro; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa (orgs.). Uma escola,
duas línguas: letramento em língua portuguesa e língua de sinais nas etapas
iniciais de socialização. 4 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2014. 143-160p.
MARQUES, Fábio. Quando o computador ajuda a aprender. Pesquisa 246ª ed. São
Paulo: FAPESP, 2016. 4p. Disponível em: <
http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/08/19/quando-o-computador-ajuda-a-aprender/>.
Acessado em 02 jun. 2017.
PERLIN, Gladis Teresinha Taschetto. Identidades Surdas. In: SKLIAR, Carlos. (org.).
A surdez: um olhar sobre as diferenças. 6ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2013. 51-74p.
SALDAÑA, Paulo. Uso de aplicativos para celular ganha força na escola. O Estado
de São Paulo, 2015. Disponível em: < http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,uso-
de-aplicativos-para-celular-ganha-forca-na-escola,1749345>. Acessado em 01 jul. 2017.
RESUMO: O processo de conquista das leis inclusivas para a população surda na área de
educação superior no Brasil e na Argentina convidam a uma reflexão sobre suas brechas,
ausências e aplicações. Reunindo aqui os materiais utilizados na pesquisa que vão desde
matérias jornalísticas em grandes mídias aos textos da lei no Brasil, incluindo as exigências
dos seus editais para a formação dos profissionais da área, e na Argentina, focando-se no
resultado prático da efetivação dessas normas em uma universidade pública. Dessa forma,
buscando compreender como se dão essas dinâmicas no meio social analisamos, amparados
por autores como Ronice Quadros, Elcivanni Lima, Audrei Gesser, Gladis Perlin, Márcia
Silva e Mónica Báez, a prática da inclusão, sua recepção social, aspectos da lei e a orientação
pedagógica do profissional mais evidentemente relacionado ao processo, o intérprete da
Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Podemos constatar que a noção de que a mescla
adaptada de discentes ouvintes e surdos é mais eficiente para ambos, além de colocar novos
paradigmas essa também perturba zonas de conforto e desafia a tolerância. Sobre a garantia
do mínimo para o democrático direito à educação, discutiremos a aparentemente simples
oferta (ou não) do intérprete de libras, os requisitos necessários para chegar as faculdades
brasileiras e a correlação disso com o exemplo argentino.
1
Docente de Libras I, orientadora do trabalho - UFF
2
Discente de Libras I, graduando da UFF
3
Discente de Libras I, graduando da UFF
4
Discente de Libras I, graduando da UFF
ABSTRACT: The process of conquering inclusive laws for the population in the area of
higher education in Brazil and in Argentina, invite us to reflect on its gaps, absences and
applications. Combining in this article the materials used in research that goes from
journalistic reportages in big media groups to law texts in Brazil, including the requirements
of concourses that train professionals in the field, in Argentina, focusing on the practical
result of the application of those standards in a public university. In this way, trying to
understand how these dynamics in the social environment build up together, we analyzed,
supported by authors such as Ronice Quadros, Elcivanni Lima, Audrei Gesser, Gladis Perlin,
Márcia Silva and Mónica Baez, the practice of inclusion, its social reception, aspects of the
law and the pedagogical orientation of the professional related more evidently to the process,
the interpreter of Brazilian Sign Language (Libras). We can see that the notion of
appropriated union of hearing and deaf students is more efficient for both, in addition to bring
new paradigms it also disturbs comfort zones and challenges tolerance. Regarding the
guarantee of the minimum for the democratic right to education, we will discuss the
seemingly simple offer (or not) of the Libras interpreter, the requirements needed to reach
Brazilian universities and the correlation with the Argentine example.
1. INTRODUÇÃO
O século XXI começa com a aparente promessa de resolver todas demandas herdadas,
mas não resolvidas do anterior. São os binômios: economia-ambiente, globalização-
desigualdade, xenofobia-identidade, preconceito-sexualidade, e, o que mais interessa para
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
do surdo num contexto majoritariamente ouvinte, usado neste artigo com o objetivo de
abranger algumas perspectivas sobre este profissional. Estudos que contribuíram para
compreender e pensar sobre o que se espera do intérprete de Libras e o que é cobrado
formalmente deste nos editais públicos do ensino superior.
Confrontamos visões sobre as diferentes, e aparentemente opostas, concepções sobre
a surdez, o conceito socioantropológico e o clínico, que foram tão utilizados e debatidos pelas
professoras pesquisadoras Audrei Gesser e Gladis Perlin em seus trabalhos. Contudo, fez-se
necessário expandir horizontes de entendimentos para entender realidades para além da
brasileira.
A doutora argentina Mónica Baez desenvolve em suas pesquisas aproximações entre
ciência e psicologia da surdez que terminam por auxiliar e estender o leque de interpretações
sobre o tema. Elaborando investigações e temas relacionados a alfabetização e problemáticas
vinculadas a linguagem escrita em populações surdas e ouvintes, mas que se encontram em
vulnerabilidade social desmistificando lugares comuns nos estudos sobre a surdez.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLOGICA
Este artigo analisa o trabalho do intérprete de Libras nas universidades públicas e
privadas, separando um trecho para discutir a reação advinda da entrada dos surdos nesses
lugares e a repercussão dessas interações. Foram escolhidas quatro reportagens que
abordavam a ausência de intérpretes nos últimos 6 anos, focando-se no tratamento dispensado
pelas instituições aos educandos surdos e na narrativa jornalística dessas.
Aqui não será tratado este assunto genericamente, mas no contexto do Ensino
Superior público, dirigindo o olhar sobre o Intérprete, uma vez que sua presença é
indispensável à vida acadêmica do surdo. Para isto, o intérprete decide ingressar no cenário
universitário, logo, deverá passar por um filtro concorrido, o concurso público.
Deste modo, foram escolhidas três faculdades públicas nacionais cujos editais serão
analisados, observando os critérios, depois, comentários sobre problemas resultantes de uma
contratação falha do sistema seletivo. As instituições de ensino que servirão de respaldo são o
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), a Universidade Federal Fluminense (UFF)
e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Em comparação, atestamos as diferenças de abordagem da surdez pela via estatal
brasileira e argentina, nos utilizando de informações tão oficiais quantos os editais
universitários brasileiros, o ministério da educação argentina dispõe em suas páginas
governamentais informações sobre a surdez e organizações afins. Dentre as quais, o Instituto
Universitário do Gran Rosario, na província argentina de Santa Fé, servirá aqui como um
exemplo estrangeiro da prática cotidiana do trabalho com a Língua de Sinais e como se
propõe a relação entre deficiência, instituição e a educação superior. Esta instituição tem sido
reconhecida pelo trabalho desenvolvido na inclusão de estudantes com deficiência.
mesmos. Inserida em uma lógica de representatividade, haja visto que os próprios surdos não
se reconhecem como incapazes de falar, senão apenas como um grupo de língua diferenciada5
da padrão falada.
Em outra perspectiva, a concepção clínica que se tornou mais comum no imaginário
das pessoas. Uma ideia que prioriza biologia e posiciona a surdez no lugar de perda de uma
capacidade, um problema, algo que necessitaria ser corrigido6, condicionando a porta da
inclusão a aprendizagem da fala.
Ganhou força, assegurada na forma de lei, a ideia de que as instituições voltadas para
educação, principalmente públicas, devam possuir condições de atender adequadamente o
aluno surdo. Entretanto ainda se encontra situações frequentes de instituições de ensino que
não oferecem um intérprete apropriado, se esquivam da obrigação de fazê-lo ou sequer se
preocupam em possuir um profissional.
Em matéria7 de jornal carioca, um aluno surdo processa a faculdade que não dispunha
de intérprete. A universidade tentou solucionar a questão contratando uma das alunas da
graduação para a tarefa, realizada enquanto a mesma também assistia às aulas, naturalmente,
sem possibilidade de dedicar-se exclusivamente ao aluno. É necessário destacar que
intérprete não é professor do aluno, mas compõe parte essencial desse processo de
aprendizagem do aluno surdo como mediador pedagógico, mas neste caso, o intérprete era
um dos alunos exercendo dupla função.
Seguindo o exemplo da concepção clínica de lidar com a surdez, a capital gaúcha
também nos traz8 um problema de seis alunos surdos que estão sem intérprete no Instituto
Federal do Rio do Grande do Sul. O diretor-geral do campus Marcelo Schmitt ao comentar a
denúncia relata que “os professores estão buscando soluções, mas (...) os surdos têm uma
alfabetização diferente. A língua nativa deles é a linguagem dos sinais”, traduzindo
5
( 2003, p. 38 PERLIN)
6
(2010, p. 277, SILVA)
7
Notícia encontrada em edição de 2011 do jornal O GLOBO
8
Em março de 2017, num campus universitário de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul encontrada uma matéria
de um jornal local, o Sul21.
9
Em Minas Gerais, a Universidade Vale do Rio Doce conforme informa o site do G1.
10
Ministério da Educação
11
Universidade condenada a pagar danos morais por negar intérprete de libras à surdo, 2013, escritório de
advocacia Adede y Castro.
12
Centro Universitário Franciscano
13
(2008, p.230, GESSER)
continuam” o diretor deixa transparecer pela via da determinação pessoal dos alunos, ou pela
falta dela, uma desconfiança quanto ao real tamanho das dificuldades que um educando surdo
enfrenta em sala sem um intérprete, diferente do que relata14 a mãe do surdo no caso carioca.
Em todas as matérias a opinião dos surdos desaparece, por mais que as manchetes os
deem agência, ação de processar as faculdades, nenhum dos jornais colocou a opinião dos
surdos diretamente, optando-se por outros que “falem” por eles15. Pode ser vista como
benéfica a atitude de noticiar os casos, afinal foi publicizada uma ação lesiva contra um
determinado grupo, cabe ressaltar essa escolha excludente de representação e o que ela
significa.
A questão aqui tem a ver com identidade e com grupos hegemônicos politicamente,
ou seja, que não compõem maiorias de fato física, mas que, ainda assim, são os mais
contemplados por direitos, supostamente, universais. Em suma, ricos, homens, brancos,
heterossexuais, e, como propomos, ouvintes, que, por condições históricas e econômicas,
validam e reproduzem o mundo a sua imagem e semelhança. Explicando o porquê de mesmo
quando o intento é dar visibilidade a um grupo diferente disso, não conseguem olhar nos
estudantes surdos alguém igualmente capaz de se expressar16.
A importância dada a língua falada tem mais relação com a estruturação social de um
grupo biologicamente detentor da audição, do que com a fundamentalidade de expressar-se
com a voz. Os surdos formam apenas uma comunidade distinta da hegemônica, assim como
outros grupos minoritários. Entendemos o surdo como uma minoria política mais do que
minoria biológica, e por isso são tratados da mesma forma que outras minorias no Brasil.
A primeira grande temática vinculada a exclusão que o governo brasileiro, ainda
império, se propôs a mitigar foi abolição da escravidão de 1888. Pode-se afirmar, dessa
forma, que o debate racial foi pioneiro na formação de sensos comuns da maior parte da
14
“(...)Ele voltava com dor de cabeça de tanto tentar acompanhar a leitura labial.” conta a mãe do estudante
surdo da primeira reportagem, d’O GLOBO.
15
Apenas uma advogada opinou no caso da UNIVALE, sendo que sua especialidade era direito do consumidor
16
(2008, p.230, GESSER)
17
Ministério da Educação.
a 2010, ainda aceito como certificado de proficiência, desde 2011 realizado pelo INES. O
FENEIS18 também realiza avaliação com o mesmo propósito. São organizações e instituições
interessadas em dar ao surdo o acesso à informação, educação e comunicação. Desse modo,
para a admissão do profissional supracitado, há uma avaliação perante uma banca avaliadora,.
Outras exigências são apresentadas para garantir a competência do profissional e
garantia do exercício efetivo do Tradutor e Intérprete de Libras. No entanto, o cumprimento
da lei é uma mera forma de impor uma inclusão de forma forçada ou é um sentimento
comunitário?
18
Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos.
19
Edital Nº 2/2016.
20
Edital Nº 06ª/SRH/2015.
constado no Art. 4º do decreto nº 12.319. Isto pode ser suficiente no que se refere a Libras e
língua portuguesa, todavia, há termos estrangeiros sem tradução, os quais o intérprete
desconhece e a interrupção da aula, para perguntar ao professor como se escreve um termo
específico, é impensável. Não há sinal ou há, mas o intérprete desconhece e recorre ao uso da
datilologia para prosseguir o tráfego constante de informações jogadas pelo professor.
Contudo, nem sempre esta possibilidade resolve a frustração, pois o intérprete soletra
de qualquer jeito, rápido e errado ou demorado, devido a perda de tempo entre a assimilação
do termo e a melhor forma de traduzi-lo. Havendo um acúmulo de informações perdidas
durante este pensamento, prejudicando o aluno surdo.
Há uma solução para este problema: a comunicação entre intérprete e professor. Isto
é, o intérprete intervém pelo aluno com o objetivo de não tornar suas limitações prejudiciais.
Este é o primeiro passo, o acordo entre professor e intérprete, então ambos estarão dispostos a
criarem um método, por exemplo, de o professor ter os termos escritos no quadro negro ou
lousa para quando o intérprete se referir a algum termo determinado só aponta-lo para o
aluno, por sua vez já preparado para este sistema ajustado propositadamente. “Os intérpretes
devem saber: (...) – Ter familiaridade com o assunto” (Quadros, 2007, p.78), uma utopia, já
que dos intérpretes só se exige formação em Língua Portuguesa-LIBRAS, conforme diz a
legislação.
Ademais, um problema do intérprete que deve ter um foco maior refere-se ao
vocabulário precário diante de um cenário universitário, como já foi abordado “problemas
identificados no processo de tradução e interpretação da língua portuguesa para a língua de
sinais: (...) (2) distorções semânticas e pragmáticas em menor ou maior graúdo conteúdo
veiculado na língua fonte” (QUADROS, 2007, p.70). As escolhas lexicais para libras, por
falta de conhecimento ou por pressa em acompanhar o professor, acabam distorcendo o
conteúdo a ser transmitido. Isto é grave, pois se opõe ao conhecimento de língua portuguesa
exigido no currículo e examinado pelo concurso, que falham ao só avaliar regras gramaticais,
mas não levam em consideração a semântica, ou seja, o sentido do texto, pois, dependendo da
atuem na educação, bem como assistência de profissionais capazes para auxiliar cegos e
surdos em qualquer espaço público.
Dessa forma, compreende-se que cada instituição educativa deve contar com
tradutores e intérpretes disponíveis, ainda que, na prática, ocorra apenas quando há uma
demanda de um surdo. Quando falamos dos intérpretes dentro das instituições educativas
entendemos que é uma tarefa elementar para garantir o direito de cada educando, para sua
integração ao mundo educativo e sua formação como profissional.
Para poder realizar a tarefa de intérprete dentro de qualquer instituição pública ou
privada da Argentina deve ser realizado um estudo de nível superior, onde o título é
outorgado e depois homologado pelo Ministério da Educação, o que deixa poucas opções de
formação uma vez que são poucos os estabelecimentos reconhecidos no país.
O Instituto Universitário do Gran Rosario repleto de referências no assunto tal qual a
doutora Mónica Báez21, cujo trabalho inspira este, atual diretora de projetos de investigação a
respeito dos processos de aprendizagem da linguagem e desenvolve uma pesquisa com
escritos e problemáticas relativas ao rendimento de meninos e jovens na cultura escrita, em
populações de ouvintes e surdos. Apoiada em um marco legal de trabalho respaldado na lei
argentina em que garante-se igualdade de oportunidades e inclusão acadêmica, traz grupos
unidos de ouvintes e surdos a suas equipes de trabalho gerando novos e melhores espaços de
aprendizagem para cada indivíduo.
A pesquisadora não descarta o uso de novas tecnologias como ponto atraente para se
trabalhar a temática e a instituição serve-se delas como ferramentas também garantidoras de
acesso que visam empoderar esses educandos.
A página oficial do ministério da educação auxilia com uma tabela para que cada
instituição tenha clareza quais são os ajustes necessários a realizar em cada caso:
21
pupila de Emilia Ferreiro e conferencista, autora e coautora de livros, artigos em revistas nacionais e
internacionais sobre surdez
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo abordou o conceito de inclusão dos surdos no ensino superior a partir de
decretos e leis sancionadas, tratando do reconhecimento de LIBRAS como língua de
comunicação da comunidade surda e de sua cultura. Verificando a necessidade de ampliar
esse entendimento para fora da legislação e a dificuldade prática da aplicação dessas leis.
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superior. Universidade de Brasília. Programa de Pós-graduação em Linguística. Brasília, 2006.
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em:<https://www.pciconcursos.com.br/noticias/ines-rj-anunciaprocesso-seletivo-para-professor-substituto>.
Acesso em: 03/06/2017.
FUNDAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE NITERÓI. Edital Nº 02/2016 de Abertura de
Concurso. Universidade Federal Fluminense. Disponível em:<
http://www.coseac.uff.br/concursos/fme/2016/arquivos/ConcursoFME-2016-EditalConvocacao-
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Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Disponível em:
<https://www.pciconcursos.com.br/noticias/concursos-publicos-da-uerj-tem-vagastecnico-
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CAPACITACIÓN A TRABAJADORES UNIVERSITARIOS SOBRE LA TEMÁTICA DE DISCAPACIDAD.
2014. Disponível em:
<http://www.unr.edu.ar/noticia/7720/capacitacion-a-trabajadores-universitarios-sobre-la-tematica-de-
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BAEZ, M. Diálogo con Sordos. Editorial Laborde, Rosario, Argentina, año 2009.
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<http://servicios.infoleg.gob.ar/infolegInternet/anexos/140000-144999/141317/norma.htm>. Acesso em:
01/06/2017
OS 50 MELHORES PAÍSES PARA SE VIVER SEGUNDO A ONU. 2015. Disponível
em:<http://observador.pt/2015/12/18/os-50-melhores-paises-viver-segundo-onu/>. Acesso em: 01/06/2017
INTRODUÇÃO
Atualmente, a palavra inclusão tem sido trabalhada com frequência, para que
futuramente as turmas nas escolas sejam constituídas com diferentes alunos,
independentemente de suas particularidades, alegando consonância à tendência mundial,
seguindo orientações da ONU e do Banco Mundial. Uma proposta política que sai para
o governo um custo mais baixo, visto que não haverá gastos com estruturas
diferenciadas assim como professores voltados a aquele público. Mas ao destacar essa
modalidade que deseja colocar a classe destinada aos alunos surdos no contra turno da
sala de aula regular, deve-se levar em consideração os materiais didáticos usados nesse
contexto, visto que até em turmas destinadas apenas aos alunos surdos, muitos
professores anseiam por mais orientações, assim como o processo de socialização
desses alunos, visto que muitos se destacavam em outras escolas pois eram vistos como
diferentes, e em uma escola padrão para sua diferença, torna-se envolvido com o corpo
escolar. Logo, deve-se pensar em uma reforma em toda a estrutura escolar, indo além do
material pedagógico.
Ao pensar em um material pedagógico bilíngue que seja usado por todos, visto
que para os alunos surdos sua língua materna é a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e
sua segunda língua é a língua portuguesa. O professor que ingressar com a missão de
aplicar os conteúdos obrigatórios direcionados a essas turmas, deverá promover uma
verdadeira relação horizontal, visto que o seu planejamento para as aulas vai ser
pensada na realidade de sua turma, e é importante a visualidade para a aprendizagem da
geografia para alunos surdos, devido aos conflitos na relação linguística. O professor de
Geografia pode contribuir e muito para a aquisição de conteúdo, unindo assuntos
obrigatórios através de dados colhidos na própria sala de aula que leciona, como uma
análise da territorialidade da comunidade surda e a inserção dessa comunidade na
“O desenho foi mesmo uma opção de fuga. Fugir da palavra, seja ela
oral ou escrita, como transmissora única de conhecimentos e de
informações. Mas também foi uma opção de aproximação. Aproximar
de uma linguagem mais própria para a transmissão de conhecimentos
acerca do espaço, onde os elementos deste seriam apresentados
espacialmente, sem a necessidade de um encadeamento de palavras e
expressões. Ao olhar um desenho já se tem uma visão global do
mesmo e o podemos “ler” em vários sentidos, a partir de vários
pontos. Também é assim com o espaço e com a cidade” (1994, p.9).
E assim facilitando o estudo, seja em aula ou em casa, para que o aluno possa
revisar a matéria e agregar tal conhecimento. Percebe-se que o planejamento do
professor necessita de atenção e conhecimento prévio da turma, visto que o mesmo já
antecipa destaques devidos aos conteúdos, pois o professor possui consciência que
aquele conceito irá acarretar dúvidas para o processo de aquisição, mesmo que a edição
desse tipo de aula possa causar cansaço para os alunos, que podem ficar distraídos com
a constante exposição de “slides”, esse é um valioso instrumento usado em sala de aula,
e que deveriam ser usadas em todas as classes, mas infelizmente temos conhecimento
que nem todas as Instituições Escolares podem oferecer o uso de TV, laptop e outros
acessórios.
O professor com a missão de apresentar conteúdos de Geografia para uma turma
bilíngue deve levar em consideração recursos investigativos que irá promover uma
valiosa legitimidade cientifica em sua prática, se apoiando na teoria, com base sobre a
Linguística, Multiculturalismo e Semiótica. Aproveitando a vivência do grupo e
debatendo sobre o exterior do grupo que a configura. O professor que segue esse
caminho, torna-se um professor em constante pesquisa, que vai além de pesquisas em
meio a mestrados e doutorados, seguindo um rumo que transita constantemente entre a
teoria e a prática, buscando a todo momento aplicar em sua turma uma boa relação para
introdução e aquisição de conhecimentos, e a Escola gradativamente deveria incentivar
ao corpo docente essa constante busca para aperfeiçoar as práticas em sala de aula.
Debater sobre a metodologia perfeita à prática de ensino de geografia para surdos,
nos faz pensar sobre nossos próprios trabalhos e vivências, visto que nossa prática
transita e aborda nossas realidades, vagando além de técnicas pré fabricadas, fato que
muitos ligam diretamente ao método, limitando a criatividade do professor.
As teorias trabalhadas são nada menos que “explicações da realidade” visões
limitadas que até colaboram no processo de aquisição e investigação do aluno, mas
ainda assim pode limitar aquela visão sobre alguma questão que deve ser respondida. É
necessário atenção ao cuidado metodológico, assim como o autor ressalta:
próprio, e não tem a oportunidade de compartilhar com outros colegas que as vezes
possui os mesmos anseios em suas salas de aula. Os professores e os alunos continuam
existindo e resistindo, buscando o reconhecimento necessário e materiais didáticos
feitos por eles e para eles, de forma que realmente vá mudar a prática escolar, e não
sendo apenas algo superficial enviado por pessoas que não estão nessa prática. O ensino
da Geografia é amplo e pode ser voltado totalmente a realidade desse grupo, pode
passear por sua realidade e pode oferecer sólidos exemplos a partir das rotinas que os
cercam, produzindo conteúdo diferenciado e incluindo nas tecnologias que a turma pode
ter acesso.
importantes avanços, mas é necessário compreender que devemos avançar ainda mais.
A maioria das escolas, por exemplo, ainda não está preparada e estruturada para atender
adequadamente os alunos portadores de necessidades especiais, inclusive os alunos
surdos, que necessitam de uma inclusão baseada em conhecimentos e práticas, que
oportunize a educação igualitária para todos. No entanto, é importante que os
educadores ampliem o conhecimento sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras), para
que sua prática educativa contribua de fato para a ruptura de paradigmas
preconceituosos e que também os professores interpretes possam atuar, facilitando a
comunicação entre os professores e alunos. A superação das problemáticas de
segregação, dentro e fora da escola, são fundamentais, para que efetivamente ocorra a
inclusão social dos alunos surdos.
valorização da sua prática docente, para que este possa ter condições físicas,
emocionais e financeiras, para aprimorar o seu conhecimento e a sua formação
acadêmica e continuada. Desta forma, é preciso avançar significativamente neste
processo, pois não há a devida valorização dos profissionais de ensino e estes são
primordiais para o desenvolvimento da educação inclusiva transformadora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de surdos ? E o professor surdo, com a turma de ouvintes, quais seriam seus maiores
desafios ?
REFERÊNCIAS
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: O que
dizem os alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes,
Campinas, vol. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago. 2006. Disponível em:
<http://www.cedes.unicamp.br>
RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir a respeito da inclusão nos espaços
públicos dando enfoque no museu. Nosso objeto de estudo é o Museu do Amanhã e
nossas perspectivas e impressões acerca da acessibilidade baseada na legislação e na
Norma Brasileira – ABNT NBR 15599. Com base na interdisciplinaridade, nas aulas de
Libras e, consequentemente, nos campos diferentes de atuação profissional escrevemos
esse artigo englobando metodologia e visões de mundo, que contemplasse o campo da
História e das Ciências Biológicas. Assim, apresentamos o artigo, onde a acessibilidade
da comunidade surda se faz necessário não somente nas salas de aula, mas também em
espaços de culturais.
Palavras-chave: Acessibilidade. Inclusão. Espaços públicos. Museu. Museu do
Amanhã.
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, foi feita uma revisão bibliográfica, buscando
explicitar o compromisso ético que as instituições e o Estado possuem com a
comunidade surda e a legislação vigente que envolve o tema. Também foi feito
levantamento de artigos em bases de dados como Google Scholar e Periódicos Capes,
utilizando “acessibilidade em museus” como palavras-chave.
Os achados da revisão bibliográfica foram utilizados para a construção de uma
base teórica para a realização um estudo de caso. Para análise, observamos o Museu do
Amanhã, sob a perspectiva de sua acessibilidade para a comunidade surda. A avaliação
foi realizada com base em elementos definidos, pela legislação vigente e trabalhos
acadêmicos, como importante para tornar o conteúdo do museu acessível, como a
presença de intérpretes, os recursos presentes no museu para criar um ambiente que
envolva o visitante com a exposição, seja ele surdo ou ouvinte, presença de legendas e
se essas foram suficientes para a compreensão e envolvimento do visitante surdo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Podemos aplicar o que é defendido por Malvezzi (2009) como necessidades para
a construção de uma educação inclusiva para as escolas, como necessidades para a
construção de uma educação inclusiva em todos os espaços.
Devemos considerar que além da necessidade de mudanças na legislação,
necessitamos de mudanças éticas, baseadas na igualdade e equidade, na sociedade, em
seu sentido mais amplo. Com a inclusão real de pessoas de diferentes grupos que ainda
são colocados às margens de nossa sociedade não somente na educação, mas em todas
as práticas sociais, para que sejam capazes de exercer sua cidadania plenamente.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
garantir uma compreensão, o português é um idioma secundário para o surdo, o que faz
com que seu aproveitamento das diferentes experiências seja prejudicado.
Considerando que o Museu do Amanhã tem como eixo de seu projeto a proposta
de inovação, e considerando também que a sua criação é recente e que sua inauguração
ocorreu em um contexto avançado da discussão sobre acessibilidade e direitos da
comunidade surda, acreditamos que o projeto deveria garantir uma qualidade maior na
visita de surdos ao seu espaço, contendo, além dos textos em português, opção de
LIBRAS em todas as suas apresentações. Inclusive porque, os Museus e quaisquer
outros espaços deveriam servir à população, e não deveriam nunca negar interesses tão
fundamentais de diferentes culturas.
5. BIBLIOGRAFIA
STROBEL, K.L. A visão histórica da in(ex)clusão dos surdos na escola. Dossiê – Grupo de
Estudos e Subjetividades. 7(2): 245-254. Campinas. 2006.
1
Docente da disciplina Libras, orientadora do trabalho - UFF
2
Docente da disciplina Libras, co-orientadora do trabalho - UFF
3
Graduanda em Pedagogia licenciatura – UFF, estefania.bandeira@gmail.com
4
Graduanda em Ciências Sociais licenciatura – UFF, luana96ribeiro@hotmail.com
5
Graduando em Geografia licenciatura – UFF, glauciovmello@hotmail.com
reflete nos preconceitos e exclusão. Faremos um recorte para analisarmos dentro dessa
perspectiva como os surdos são vistos dentro dessa sociedade. Apresentaremos também
as conquistas que a comunidade surda obteve nesses últimos anos com leis como à
10.436/02 que reconhece a Língua de Sinais como língua, e o Decreto Nº 5.626/05 que
regulamenta e especifica a está lei. Conquistas essa que minimamente começam a fazer
uma inclusão dessas pessoas na sociedade.
1. INTRODUÇÃO
Neste artigo iremos fazer uma pesquisa bibliográfica fazendo uma análise
sociológica e um apanhado sobre as políticas de inclusão e reconhecimento da Língua
de Sinais. Problematizando sobre a sociedade atual onde fazendo um apanhado desde o
surgimento do capitalismo no mundo e fazendo um recorte com este sistema capitalista
instaurado no Brasil. Usaremos para o desenvolvimento do nosso trabalho autores que
seguem uma linha teórica marxista, como Engels (1990) e Lênin (1988), analisando
Politicas Publicas de inclusão para os surdos, como a Lei Nº 10.436/02 e o Decreto Nº
5.626/05.
Discorreremos a respeito de uma crítica ao mundo do trabalho alienado na
sociedade capitalista atual e qual educação temos hoje, qual é possível se ter dentro
deste modo de produção capitalista. Seguindo a linha marxista sobre o conceito de
trabalho alienado, partindo desse princípio, analisamos a que serve esta educação
fragmentada, que visa somente a construção de novos trabalhadores que se adequem a
necessidade atual/momentânea do mercado de trabalho.
Como as pessoas surdas dentro desse contexto da sociedade capitalista, onde
segue a lógica de que a força de trabalho é usada como forma de produto onde pode ser
trocado por dinheiro as pessoas com deficiência são vistas como incapazes. E a visão da
sociedade das pessoas surdas é ligada a essa questão de que são deficientes, logo são
descartadas do mercado de trabalho e por sua vez também são excluídas do convívio
social.
O mundo do trabalho alienado implica em vários aspectos que iremos ver nesse
artigo, a exclusão é um fator constate para as pessoas surdas que estão nessa sociedade,
pois como são vistas como não produtivas, elas são excluídas desde pequenas do espaço
escolar, que é visto nessa perspectiva de trabalho alienado uma educação fragmentada,
que reproduz a exclusão presente na sociedade. Então veremos como se institui a
exclusão e porque não a sociedade capitalista que visa somete o lucro não se
prontificam em combater efetivamente a exclusão dos surdos.
Mas não podíamos deixar de fora os avanços que aconteceram pela luta das
pessoas surdas por mais direitos e inclusão. As políticas públicas que aconteceram,
como funcionam e se realmente dão o resultado que é necessário para a real inclusão
dessas pessoas. O aspecto negativo que é o não aprendizado de todos com a Libras e o
bilinguismo, que segue sendo apenas uma realidade para as pessoas surdas que se
adentraram a comunidade surda, e que nos mostra que não existe essa inclusão se as
pessoas ouvintes não aprendem a se comunicar com um setor importante da sociedade,
que são as pessoas surdas e que tem direito a ampla comunicação com toda a sociedade,
a partir de sua própria língua.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
social, que é “um processo em que participa o homem e a natureza, processo em que o
ser humano com a sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio
material com a natureza como uma de suas forças [...]” e por isso é necessário analisar a
exclusão que pessoas surdas sofrem, também nesse viés.
Característica fundamental do sistema político, econômico e social que surge pós
decadência do feudalismo, o capitalismo, é a ideia de tornar a força de trabalho uma
mercadoria como outra qualquer sendo que a sua aquisição tinha um valor atribuído,
não equivalente às forças empregadas para produzir uma mercadoria.
Essa forma de trabalho alienado se estenderá nos anos que acompanha o
desenvolvimento do capitalismo, principalmente na modernidade segundo Lênin
(1988).
O negativo no sistema Taylor é que foi aplicado na escravidão capitalista e
serviu de meio para extrair dos operários uma quantidade dupla ou tripla de
trabalho com o mesmo salário, desprezando qualquer consideração acerca da
capacidade dos operários assalariados para render, sem prejuízo para seu
organismo, essa quantidade dupla ou tripla de trabalho em igual número de
horas. (LÊNIN, 1988, p. 120-121)
A citação acima pode ser usada também numa crítica ao modo de produção em
larga escala, ou em massa, que é popularizado a partir do início do século XX. Foi
difundida amplamente, pois permite uma alta taxa de produção por trabalhador além de
possibilitar baixos preços. Esse modo de produção possibilita um custo do trabalho mais
baixo e uma alta taxa de produção. Esse trabalho em serie e larga escala também tem
relação com o que Marx chama de alienação, pois antes o artesão tinha total controle e
conhecimento da produção, com a produção em série, o operário se especializa em uma
única função desconhecendo o produto final e sua importância na produção de acordo
com Marx (1975).
Este fato simplesmente subente que o objeto produzido pelo trabalho, o seu
produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força
independente do produtor. O produto o trabalho humano é trabalho
incorporado em um objeto e convertido em coisa física; êsse produto é uma
6
Dados da Relação Anual de Informações Sociais de 2015.
inserir as pessoas surdas nesse mercado? Ainda, como desenvolver essas habilidades e
competências para a formação desse trabalhador que dê conta de tudo? Não sendo
possível esse desenvolvimento, como e onde inserir as pessoas surdas no mercado de
trabalho? Seriam somente essas formas de trabalho precário?
Quando Bolsonaro, político brasileiro do PSC, diz que mulheres tem que ganhar
menos pois engravidam, ele não está somente deixando a opinião individual e machista
dele. Ele está representando a vontade capitalista da burguesia. O capitalismo não é
humano, ele vive pelo e para o lucro. E pagar os direitos trabalhistas, licença
maternidade, “correr o risco” de a trabalhadora ficar um tempo sem trabalhar, pois, seu
filho nasceu, faltar do trabalho pois está passando mal, causado pela gravidez, é algo
que os burgueses não desejam.
Exatamente assim funciona com as pessoas surdas. A pessoa tendo um histórico
de exclusão social, sendo negada a ela um ensino de sua própria língua, um convívio
harmonioso em sociedade, sem passar por preconceito e diversos traumas, sem uma
acessibilidade que é necessária, o que a burguesia vê é que a inclusão dessas pessoas
gera um capital a mais de gasto, que eles não querem abrir mão.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Nosso trabalho visa fazer uma pesquisa bibliográfica que faça uma análise
sociológica contextualizando na atualidade, onde o capitalismo está instaurado e como o
trabalho, a mais-valia, segue uma lógica excludente onde se insere nesse contexto os
surdos, pois são vistos como improdutivos. Fazendo uma analise sobre as Politicas
Publicas governamentais a Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/05 que regulamenta a lei,
que são avanços no meio dessa sociedade excludente, pois apresentam o
reconhecimento da Língua de Sinais e direitos que asseguram que os surdos aprendam a
Libras. Segundo os estudos de Marx (1977), Engels (1990), Lênin (1988), Fromm
(1975) e Marshall (1996), pois estes irão contribuir com os temas sobre, a ascensão da
burguesia na sociedade, o sistema capitalista e o trabalho alienado tais contribuições são
importantes pois faremos um recorte sociológico da sociedade atual onde a educação
fragmentada e a exclusão dos surdos na sociedade estão ligadas a como funciona a
lógica do trabalho onde a força de trabalho se torna mercadoria.
Como dito acima, a exclusão é algo muito presente na vida de pessoas surdas.
Mas como a história nos mostra que dentro do sistema capitalista, nada conseguimos
avançar sem muita luta, alguns avanços, até mesmo na consciência das pessoas na nossa
sociedade, fez com que hoje exista um constrangimento muito grande e uma pressão
para que pessoas surdas estejam incluídas nos espaços e no mercado de trabalho.
Mas, pensando nessa organização social que em sua natureza, já é excludente,
que desumaniza as relações humanas em torno do lucro e do capital, como inclui-las?
Atualmente, grandes empresas, dentro de seus programas sociais, vêm
cumprindo a legislação e contratando pessoas com deficiências. Sempre na lógica de
menos gastos e menos trabalho, procuram pessoas que já tenham uma formação
profissional, mas quando não encontram, são obrigados a cumprir as cotas e contratam
pessoas que necessitem de uma formação para inclusão da mesma. Como mostra, isso
tudo não acontece por uma inclusão real e preocupada com o humano, com a pessoa, é
sempre seguindo a lógica capitalista de produção de lucro e mais valia.
Sabemos que a educação no capitalismo, serve para o desenvolvimento real de
suas forças produtivas quando educa o trabalhador para ampliar a mais-valia. Isso
significa que nesse sistema a educação tem cumprindo um papel de legitimação da
alienação para assim continuar mantendo a exploração da sociedade capitalista, porém
Mesmo nesse panorama avanços tem acontecido. A luta dos surdos tem
conquistado vitórias e mostrado que a inclusão destes é o mínimo dentro desse sistema
que só é democrático no nome. Conquistas essas com as políticas públicas referidas as
pessoas surdas como reconhecimento por lei da Linguagem Brasileira de Sinais -
Libras, desde o dia 24 de abril de 2002, pela Lei 10.436, definindo o que se é
considerado língua de sinais dizendo no Artigo 1º, Parágrafo Único:
Digo que a lei de Libras foi um marco muito importante para a inclusão da
pessoa surda no ambiente escolar, pois se começa a entender as particularidades dessas
pessoas, que tem sua forma de se expressar e se comunicar, com sua fala não oral e sim
uma fala gestual-visual. Em 2005 foi promulgado o Decreto nº 5.626 que regulamenta e
especifica o que vem se pautando na Lei 10.436/02.
É pautado na lei referida acima sobre a obrigatoriedade dos docentes (níveis
médio e superior), Educação Especial e fonoaudiologia que em sua formação seja
adicionada a disciplina de Libras, integrando os Parâmetros Curriculares Nacionais os
PCNs descrito no Art. 4º. Se especifica mais detalhadamente esses pontos sobre a
formação desses profissionais no decreto citado acima e inclui no parágrafo 2º do
capítulo II, Art. 3º “ A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos
demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da
publicação deste Decreto” (BRASIL, 2005).
Entendemos que esses mecanismos que incluem na formação desses
profissionais a língua de sinais é uma forma de propagar a linguagem, uma ferramenta
que percebemos como necessária para inclusão dos surdos na sociedade começando
através da escola, tendo em vista que a obrigatoriedade descrita pelas políticas públicas
é majoritária para docentes. E compreendendo que as pessoas surdas vivenciaram por
muitos anos práticas de exclusão, segregação e normativas, então se faz mais que
necessárias leis que divulguem e propaguem a Libras.
interação que é a convivência com a comunidade surda que tem muita importância no
desenvolvimento da identidade, pois nessa comunidade a língua de sinais é praticada
constantemente e todo sujeito precisa interagir em seu meio, apropriar-se de sua cultura
e de sua história, e formar sua identidade por intermédio do convívio com o outro.
A garantia que a pessoa surda possa aprender a Língua de Sinais e a inserção
dentro do ensino regular, desde a educação infantil até a última etapa da educação
básica, incluindo o ensino superior, supõe-se que o professor terá uma noção da Libras,
já que constará em seu currículo de formação a disciplina correspondente, além da
garantia de ter um tradutor e interprete (Libras e Língua Portuguesa) em sala para suprir
as necessidades desse aluno. Que terá sua alfabetização em Libras sua primeira língua e
na obrigatoriedade da lei a criança/pessoa surda precisa ser alfabetizada em sua escrita
na Língua Portuguesa que é sua segunda língua, como diz o Capitulo VI:
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica
devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por
meio da organização de: I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a
alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e
nos anos iniciais do ensino fundamental; II - escolas bilíngues ou escolas
comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os
anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional,
com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade
linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e
intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. (BRASIL, 2005)
Entende-se que a pessoa surda deva se tornar bilíngue, essa formação ajuda com que ela
consiga se incluir na cultura surda que é muito importante para o seu entendimento e
aceitação de sua diferença, para enfrentar e entender melhor o que e por que existe uma
exclusão de parte da sociedade com pessoas surdas ou deficientes auditivos. Essas
pessoas surdas bilíngues, alfabetizada na Língua de Sinais e na Língua Portuguesa
escrita ainda sofrem uma exclusão enorme na sociedade, pois ao mesmo tempo que elas
são formadas nas duas línguas as pessoas ouvintes e sua grande maioria desconhecem a
cultura surda e sua língua (Libras), fazendo com que ainda haja um nível de segregação
entre pessoas surdas e ouvintes muito grande na sociedade.
O decreto de 2005 que regulamenta a “lei de Libras” (como é conhecida
popularmente) diz que os alunos surdos e ouvintes podem frequentar as escolas
bilíngues e os alunos surdos também podem (e devem) frequentar o ensino regular,
serão então inseridos nas duas línguas. Nesse sentido pela lógica que segue o Decreto
5.262 essas pessoas estão sendo incluídas dentro o sistema e ambiente escolar, como
todas as crianças/pessoas ouvintes porém na obrigatoriedade da lei só mente os surdos
devem ser bilíngues os ouvintes não tem essa obrigação e nem se é discutido o por que
o aprender Libras contribui para a verdadeira inclusão das pessoas surdas ou deficientes
auditivos, não só na escola e sim começar a entender a Língua de Sinais como uma
segunda língua para os ouvintes, como a Língua portuguesa é para os surdos.
Obviamente é uma vitória conquistada pela luta da comunidade surda os avanços
que tiveram as políticas públicas, como a Lei N° 10.436 e sua regulamentação no
Decreto N° 5. 626 que ajudam nas conquistas da inclusão em várias esferas da
sociedade, como por exemplo, escola. Mas ainda é preciso lutar para que a Língua de
Sinais seja propagada em todos os campos da sociedade, a escola sendo uma ferramenta
de inclusão ensinando a Libras para todos (surdos e ouvintes) na educação básica.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
então dentro da ideia de mais-valia que Marx discute sobre o capitalismo não se é
rentável ter essas pessoas surdas ou deficientes no sistema de produção. Elas então
ficam em sua maioria dependentes de seus familiares, justamente por estarem excluídas,
sem oportunidade de empregos e por sua língua não ser conhecida pelo resto da
população ouvinte que impossibilita o avanço dessas pessoas na socialização.
O papel da família e da comunidade surda para a propagação da Língua de sinais
é muito importante, para que os surdos se insiram dentro da sua cultura e pratiquem e a
prendam sobre a sua a Libras, já que fora desse meio ainda se é muito difícil que tenham
contato, por isso a pessoa surda que tem o contato com a comunidade surda, elas
conseguem ter mais acesso aos seus direitos, pois dentro desses espaços há uma
conscientização e é uma alavanca para travar as lutas pelo reconhecimento e inclusão da
cultura e de direitos das pessoas surdas.
As mudanças começaram a mais ou menos 15 anos atrás quando as primeiras
políticas públicas conquistadas pela luta da comunidade surda, com a lei que
regulamenta a Libras como língua. Avanços que em nossa analise identificamos como
sendo pontos positivos para inclusão das pessoas surdas na sociedade, mesmo não sendo
o que vemos ainda como o ideal.
Dentro dessas políticas públicas é previsto que a pessoas surda ao alfabetizar-se
em Línguas de Sinais precisa necessariamente ser alfabetizada em Língua portuguesa
como segunda língua. Porém mesmo vendo essas medidas como avanço não vemos
como se fosse uma verdadeira inclusão, pois entendemos que essas pessoas ainda
sofrem, a maioria da população brasileira é ouvinte e por sua vez com o histórico de
exclusão que os surdos sofrem na sociedade, pois mesmo com a Libras sendo
reconhecida e ensinada a consciência de que essa língua deveria ser difundida para toda
a população brasileira com segunda língua (para os ouvintes) poderia sim ter uma
verdadeira inclusão dessas pessoas em todas as esferas da sociedade.
Um ponto muito importante é o por que então o governo não faz um enfoque
nessa questão que pode ser essencial para que aconteça a inclusão dessas pessoas que
possuem apenas uma diferença de cultura (a cultura surda) e língua, mas fazem parte da
população brasileira e merecem igualdade de direitos como as pessoas ouvintes. O lucro
é muito mais importante que a inclusão, bem-estar e socialização dessas pessoas?
6. REFERÊNCIAS
LÊNIN, V.I. Primeira versão do artigo "As tarefas imediatas do poder soviético". In:
BERTELLI, A .R. (Org.). Lênin: Estado, ditadura do proletariado e poder soviético.
Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1988
1
Orientadora do ensaio, Docente da disciplina Libras I – UFF, tatimili2@yahoo.com.br
2
Discente de Libras I, Curso de Graduação – UFF
3
Discente de Libras I, Curso de Graduação – UFF
4
Discente de Libras I, Curso de Graduação – UFF – yasmimpires@id.uff.br
ABSTRACT
The present article approaches the access of students with hearing disability to the
Biblioteca Central do Gragoatá (BCG), housed in the Universidade Federal Fluminense
(UFF) , in the state of Rio de Janeiro. It will yet deal firstly with questions like the
inclusion of deaf students in schools and universities having UFF as the object of this
study. Secondly, this article will focus on the frequency of hearing disabled users in the
BCG as well as the accessibility and customer service provided by the library. Then, at
a third moment, the project of the Divisão de Acessibilidade e Inclusão of UFF with
scholars who have hearing disability will be presented.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho visa verificar as questões sobre acessibilidades de surdos no espaco
da biblioteca central do Gragoatá (BCG) na Universidade Federal Fluminense (UFF),
pois mais de uma década depois da regulamentação por a Lei 10436/02 e Decreto 5.626/
2005, ainda são muitos os desafios enfrentados por pessoas com necessidades especiais.
Assim, neste artigo tratamos inclusão dos surdos nos ambientes universitários, com
enfoque no espaço da Biblioteca, especificamente na UFF, uma vez que estes desafios
também são encontrados na BCG, pois a inclusão de surdos neste espaço é um processo
que exige tempo e adequação, já que a mesma não conta com sinalização para usuários
surdos, pessoal qualificado para atendimento em tempo integral, oficinas e visitas
guiadas voltadas para esse tipo demanda. De acordo com a Lei nº 10.098/2000. No art.
12:
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
de autores como Quadros (1997), Sá (2014), Ishimoto e Romão (2015), entre outros dão
que serão base do nosso artigo. É necessário ressaltar que em consonância à pesquisa
bibliográfica foi também realizada a pesquisa de campo, no qual pudemos observar
como se dá o acesso de alunos surdos na BCG.
Nos dias atuais o tema da inclusão tem atingido várias esferas da sociedade e
as muitas atividades nela desenvolvida. Debate-se o tema da inclusão de
pessoas portadoras de necessidades especiais na sociedade,
consequentemente, nas esferas do ensino, no que diz respeito às instituições
de ensino em geral: ensino básico e superior. Em decorrência deste debate,
inicia-se uma busca pela integração destes cidadãos, preferencialmente, no
ensino regular, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB nº 9.394/96, art. 58º. Sendo muitas as necessidades especiais, será
tratada neste artigo, de forma mais especifica aquela que diz respeito aos
indivíduos surdos, usuários da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Para o
prosseguimento deste assunto é necessário entender o que é
LIBRAS.Segundo a Lei Nº 10.436 de 2002, LIBRAS é entendida como:
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais-Libras a forma de comunicação
e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com
estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do
Brasil (BRASIL, 2002, p.23).
No rumo da inclusão, a Lei Nº 10.436 de 2002, acima citada, faz com que a
Libras atinja o status de língua oficial do País, nos tornando bilíngues (QUADROS,
1997). Assim, primeira língua oficial, Lingua portuguesa, por herança lusofonica e a
segunda é Libras, por reconhecimento legal. Consideramos de extrema importância a
necessidade da divulgação geral sobre o status de Libras como segunda língua oficial do
Brasil e que, assim sendo, consequentemente será passível de maior investimento e
notoriedade social, portanto ambas ocupam papéis semelhantes e de igual forma
merecem a devida atenção.
O número de estudantes surdos ingressantes no ensino superior no Brasil tem
aumentado a cada ano. Portanto, é recente a presença de estudantes surdos nas
De acordo com Ishimoto e Romão (2015, p 32), a biblioteca deve ser um espaço
cultural e social apto a atrair públicos que muitas vezes estão às margens, à procura de
serviços prestados de forma acessível. Sendo assim, entende-se que a biblioteca deve
oferecer recursos que integrem as parcelas que estão distantes ou excluídas.
Discutiremos a questão da acessibilidade de alunos surdos às bibliotecas
universitárias, no qual nos declinamos, especificamente, à Biblioteca Central do
Gragoatá (BCG) da Universidade Federal Fluminense (UFF), localizada em Niterói no
estado do Rio de Janeiro.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Para a realização deste trabalho, utilizamos tanto a pesquisa bibliográfica quanto
a pesquisa de campo, tendo como instrumento, visitas e a entrevistas com funcionarios
da Biblioteca do Central do Gragoatá (BCG) e da Divisão de Acessibilidade e Inclusão
da UFF (Sensibiliza). As visitações e entrevistas realizadas objetivaram coletar
infomações sobre frequência, acessibilidade e atendimento de alunos e usuários surdos
na BCG, sendo esses temas a base das perguntas realizadas aos funcionarios
entrevistados.
5
Informações retiradas do site: http://www.bibliotecas.uff.br/bcg/content/estrutura-f%C3%ADsica,
acessado em: 28/05/2017
que não é aluno da UFF, faz uso da biblioteca, necessitando do auxílio do profissional
que conheça Libras.
Dessa forma, a BCG conta com a Divisão de Acessibilidade e Inclusão da UFF
para dar suporte à alunos com deficiência. A biblioteca ainda busca apoio para
disponibilização de interpretes de Libras para atendimento aos surdos in loco, bem
como a sinalização que propicie o acesso de alunos surdos na biblioteca. De acordo com
Ishimoto e Romão:
“(...) o deficiente auditivo busca apoio e auxílio inclusivo e, dentro de uma
biblioteca, muitas vezes não tem suas necessidades saciadas, pois o espaço
físico não apresenta estrutura simples para garantir o acesso ao local, como
placas indicando serviços, e recursos visuais que possibilitem uma autonomia
espacial do surdo. Ocorre também a falta de recursos materiais e tecnológicos
em relação ao acervo. E, frequentemente, o bibliotecário não tem o domínio
da língua brasileira de sinais (LIBRAS) o que dificulta o processo de
comunicação entre o surdo e o profissional e consequentemente impede o
leitor deficiente de utilizar produtos e serviços que deveriam ser para todos.
Cabe, então, ao bibliotecário e sua equipe a adaptação do espaço e
principalmente ao atendimento inclusivo, que garantirá o acesso ao acervo e
consequentemente, à informação.” (Ishimoto, Romão, 2015, p. 33)
5. CONSIDERAÇÕES
6
https://sensibilizauff.wordpress.com/quem-somos-2/ , acessado em: 28/05/2017
6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96, art. 58º.
RESUMO: O seguinte trabalho tem como objetivo analisar a atual situação das
traduções e adaptações de textos da literatura, em especial os da literatura antiga, na
Língua brasileira de sinais - Libras. A base teórica do nosso estudo esta ancorada na
adaptação da cultura a comunidade surda, em autores como: Carvalho (2007), Karnopp
(2006) e Salles (2004). Foram observadas certas reflexões e experiências acerca do
tema, com o objetivo de encontrar sinais de Libras que pudessem tornar essas traduções
possíveis ou se essas traduções já existiam. Por fim conclui-se que as seguintes
traduções ainda não existem, utilizando sempre o método de datilologia (FELIPE, 2001)
para os termos mais complexos, ou em poucos casos, utiliza-se sinais que não constam
em dicionários oficiais, tornando as traduções nem sempre tão claras para seu público-
alvo, a comunidade surda.
1
Docente de Libras I, orientadora do trabalho - UFF
2
Discente de Libras I, graduando da UFF
1. INTRODUÇÃO
percebi que muitos continuaram repetindo: não seria tão difícil aprender a ler, ou o pior,
tentando me convencer de que eu estava falando besteira. Não...todo surdo é mudo sim
eles insistiram nesta afirmação. É muito difícil para algumas pessoas pensarem de
maneira diferente, em outras problemáticas que não as atingem. Mas inconscientemente
muitos procuram dizer “este problema não é meu” nas expressões que verificamos
descritas acima.
Esse distanciamento da música, leitura e por consequência de muitas outras
atividades são os principais motivos, penso, do afastamento do surdo da nossa cultura.
Na época em que vivemos o campo das informações está muito ligado ao meio auditivo,
e quando do contrário, a boa e velha escrita em Língua portuguesa. Essa forma de
interação afasta o surdo do nosso meio.
Pensando as questões sobre cultura surda quase invisível nos dias de hoje, me
interessei, como bom curioso do curso de história em procurar saber melhor como essa
comunidade surda funcionava no decorrer das eras, mas especificamente pelos lados da
história antiga, em parte da sociedade grega, rica em documentação. Primeiramente
questionei dois professores de história antiga da universidade e de forma inesperada a
reação deles foi exatamente a mesma: 'Surdo?! Os dois não conseguiram se lembrar de
absolutamente nada. Nenhuma figura social, religiosa, mitológica. Nem mesmo como
personagem de comédias e peças do teatro grego o surdo foi retratado.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Com base nos estudos dos teóricos do campo adaptação de textos literários em
literatura surda e uso da língua de sinais para a inclusão surda na História, como
Carvalho (2007), Karnopp (2006) e Salles (2004), reafirmo a importância da tradução e
adaptações de obras históricas para que estas possam ser conhecidas e propagadas no
meio surdo, em especial as obras da antiguidade, estas que contem um valor
indispensável. Tornar a comunidade surda conhecedora da literatura antiga clássica,
assim como também de outras, é de uma grande importância cultural da humanidade
que deve ser preservada sem exceções.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
procurava cura, ou que estava de alguma forma envolvido na sociedade, mas me faz
pensar se quando Aristóteles afirmou que surdos não eram capazes de raciocinar por não
possuir língua era consenso na sociedade (CARVALHO, 2007). Muito já se provou para
se saber que nem tudo escrito e relatado na antiguidade é regra. Porem ainda hoje
parecem pensar como Aristóteles.
De qualquer forma não basta que um sinal exista. O sinal de ‘Apollo’ por
exemplo, de nada vale se aquilo não faz um sentido, não transmite uma ideia já
subentendida e difundida para literatura visual (KARNOPP, 2006). Pode fazer o
comparativo com a tradução de músicas, nas quais a tradução acaba sendo apenas
literal, fazendo o sentido ser perdido, já que não existe harmonia em palavras vazias. A
tradução de Ilíada era realizada com um narrador ao lado, e quando eu escutava o que
ele dizia, e via os movimentos do intérprete, pude entender o que ele dizia como mímica
e não língua. Esta tradução era adaptada ao publico surdo, ou era uma reinterpretação
em linguagem corporal realizada para agradar os olhos de um público ouvinte? Os
aspectos eram certamente os da língua de sinais, posso ter quase certeza, mas será que
para um surdo aquilo faria sentido? Será que com apenas alguns gestos mímicos o
artista estaria traduzindo todo o sentido da frase: saia daqui agora se quiser continuar
vivo? Será que o surdo entendeu a tradução? No trecho o clamor do sacerdote a Apollo
que dizia: faça os gregos pagarem com o choro! Observei o português sinalizado e não
Libras quando o interprete realizou os sinais de FAZER, GREGOS, PAGAR e
terminando com o sinal de uma lágrima escorrendo pelo olho e canto do rosto.
Dramático, poético, artístico? Sim, muito bonito. Mas será que era claro? Claro para um
surdo que estivesse assistindo, tentando entender a história de Aquiles e Agamenon que
cometendo injuria ao sacerdote de Apollo tiveram seu povo amaldiçoado por doenças.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma solução para a tradução e adaptação destes temas que não são tão
explorados, como mitologia, história antiga e literatura clássica seria a criação de
glossários específicos de Libras, como existem hoje os dicionários temáticos de
mitologia, história, religião, entre outros. Porem, em um dicionário de Libras que deve
ser completamente visual, pode se tornar difícil criar tantos conceitos, explicar tantas
palavras que estão emaranhadas em outros contextos. Em um dicionário que explicasse
a palavra ‘Zeus’, teríamos seu sinal, e claro, precisaríamos de um verbete explicativo.
Ele seria expresso em Libras através de vídeo e esclarecido como, por exemplo: ‘deus
supremo do panteão grego. Deus de todos os deuses, senhor do Monte Olimpo, dos
raios e tempestades. Pai de todos os Olimpianos’. Dentro deste verbete, muitas outras
palavras que ainda podem ser confundidas estariam inclusas, o que torna uma tarefa
muito trabalhosa e árdua a execução de um glossário dessa forma, mas seria o ideal para
os surdos.
Assim, haveria sinais para uma tradução e adaptar de história, nas quais
deveriam ser trabalhadas ideias de livros em formas de vídeo. Pode parecer uma ideia
estranha, mas é muito comum que livros inteiros e extensos estejam disponíveis em
forma de audiobooks, ou livros em forma de áudio, muitos utilizados por motoristas ou
deficientes visuais. Da mesma forma, livros de mais diversos temas poderiam ser
passados a comunidade surda através de vídeos. Diferentes interpretes poderiam se
dividir e revezar ‘papéis’ como os do narrador, da fala de cada personagem, utilizar
artifícios visuais para tornar na medida do possível as histórias mais fiéis e claras aos
receptores surdos. Dessa forma, muitas histórias, trabalhos, obras literárias e ideias
poderiam chegar aos olhos dos membros desta comunidade, que quem sabe, não
começariam desta forma produzir seus próprios livros para a sua comunidade,
produzindo uma literatura visual.
Infelizmente o mundo dos que falam Libras e dos que falam português está
muito distante. Mais distante que o dos que falam inglês, que morram a um continente
de distância, enquanto a Libras está do nosso lado, imperceptível. A consciência de
ambos os lados ainda é muito diferente, e a busca por uma compreensão e união, a
busca de uma acessibilidade ainda é pequena, fraca. O primeiro passo para a igualdade é
identificar as diferenças, e depois disso não exterminá-las, mas aprender um meio de
torná-las parte do que é comum, da comunidade. Nós temos muito em comum, mas
precisamos nos conhecer melhor.
6. BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, Paulo Vaz ded. História dos Surdos no Mundo. Editora Surd’Universo.
(ISBN 978-989-95254-4-1-2). Lisboa 2007.
SALLES, Heloísa Maria M. L. [et al.]. Ensino de língua portuguesa para surdos:
caminhos para a prática pedagógica. v2. Brasília: MEC, SEESP, 2004 (Páginas
selecionadas 83 - 94). Disponível em: portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf
RESUMO: Este artigo foi construído a partir de uma discussão entre três psicólogos
formados pela Universidade Federal Fluminense (UFF) que na trajetória da matéria de
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), oferecida para aqueles que desejam o grau de
licenciado, nos deparamos com a questão de atendimento clínico aos surdos e quais
seriam as estratégias de escuta da constituição subjetiva do sujeito surdo. Com base no
método da análise de implicação e de revisão bibliográfica sobre psicoterapias e
psicanálise com surdos, nos deparamos tanto com uma defasagem de informações
acerca da temática quanto com certos instrumentos/ferramentas que são utilizados no
manejo clínico durante o processo terapêutico. Nos questionamos sobre a abordagem
dos instrumentos, seus limites e funcionamentos e uma falta de bibliografia no tema, o
que dificulta na busca de tratamento da comunidade surda e no material para os
profissionais que visem em trabalhar com essa população. Santos e Assis (2015),
analisando os resultados de suas entrevistas, percebem quatro categorias que emergem
1
Docente de LIBRAS da Universidade Federal Fluminense; gildeteamorin@yahoo.com.br;
2
Graduados em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense; thaismarques@id.uff.br;
romulo.quirino@gmail.com; anacruz@id.uff.br;
Abstract:
INTRODUÇÃO
Além disso, a própria LIBRAS era considerada apenas como uma linguagem3 e
passou por um longo processo de reconhecimento e aceitação enquanto língua³
legalmente e pela sociedade (Monteiro, 2006).
Conforme Souza &Porrozzi (2009), a preocupação com a inclusão social dos
grupos vulneráveis, como por exemplo, pessoas com algum tipo de deficiência, passou a
ser consistente no final do século passado. Essas pessoas enfrentam dificuldade para
realizar algumas atividades da vida diária e para usufruir de bens e serviços de saúde,
um tipo de deficiência que causa muitas adversidades no processo de socialização é a
limitação auditiva.
De acordo com o censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, estima-se que em 2010 aproximadamente 11,81% da população do Estado
do Rio de Janeiro sejam pessoas com deficiência auditiva total ou parcial.
Apenas em 2002 com a lei de nº 10.436 que a LIBRAS e outros recursos a ela
associados adquirem reconhecimento legal como um meio de comunicação e expressão,
com estrutura gramatical própria que constitui um sistema linguístico, e, de acordo com
o artigo 3 desta lei, é dever do poder público e empresas que concedem serviços
públicos, formas institucionalizadas de ofertar apoio e a difusão dessa língua.
Reforçando o artigo 3 da lei 10.436/2002, o decreto de lei 5.626 de 22 de
dezembro de 2005, em seu artigo 25, determina que o SUS e as empresas que prestam
serviços públicos de assistência à saúde devem garantir a atenção integral, com
atendimento e tratamento adequado às pessoas surdas ou com deficiência auditiva,
visando a inclusão destas em todas as esferas sociais, através dos diversos níveis de
3
Com base no dicionário Aurélio, linguagem é a expressão do pensamento pela palavra, pela escrita ou
por meio de sinais enquanto língua é um sistema de comunicação comum a uma comunidade linguística;
METODOLOGIA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Uma frase emblemática da Constituição Federal de 1988, seção II, artigo 196 é:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado”. Entendemos que há uma invisibilização
da surdez nas necessidades básicas/na sociedade.
Os surdos não estão totalmente incluídos Sistema de Saúde da maioria dos
municípios do país, pois estes serviços não se adequaram às especificidades do
atendimento direcionado a essa clientela, em vistas desses fatos, uma solução seria a
inclusão da LIBRAS como disciplina obrigatória em todos os cursos da área de saúde
(Souza&Porrozzi, 2009).
A língua de sinais é uma língua em desenvolvimento, portanto, pode traduzir
novos verbetes em sinais ou gestos, ampliando a capacidade de comunicação entre os
usuários da língua. Entende-se, portanto, que além de integralizar o cuidado, a inserção
da libras na formação dos profissionais de saúde contribui para a ampliação do léxico da
LIBRAS.
A partir do estudo de Bentes et al (2011) é possível observar que a estratégia
mais utilizada pela comunidade surda quando buscam atendimento em saúde é estar
acompanhado de um familiar ou amigo que faça a tradução, e que na indisponibilidade
destes, eles ficam sem atendimento por não conseguirem alguém que os compreenda no
serviço de saúde. Além desse recurso, de recorrer aos mais próximos para a tradução, há
também o recurso de solicitar/contratar um intérprete para o atendimento, considerando
que geralmente os serviços não possuem intérprete para disponibilizar para o
atendimento, porém, como aponta Chaveiro et al (2010) a presença de intérprete durante
o atendimento pode aumentar o constrangimento, colocar maior risco ao direito de
sigilo e privacidade, bem como à qualidade das informações repassadas.
Solé (2005) ao dissertar sobre o atendimento psicanalítico com surdos, conta que
a partir do seu encontro com a surdez ele se questiona se este seria um limite da
RESULTADOS E DISCUSSÕES
5
Processo de transmissão de uma informação de uma pessoa para outra então compartilhada por ambas
(Chiavenato apud Bentset al, 2011).
diferenças, requerimento e luta por direitos de forma que a singularidade do surdo seja
preservada e respeitada na medida em que a apreensão das coisas, do mundo e da
linguagem, a compreensão de ideias, a expressão de pensamento são diferentes da do
ouvinte. Esse movimento de visibilização da cultura surda viabiliza que o ouvinte
reconheça o surdo em sua alteridade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Solé (2005) só começa seu questionamento acerca da surdez ser um limite para a
psicanálise a partir de um encontro com uma situação num supermercado, onde ele
observa dois surdos dialogando através da LIBRAS, ou seja, isso dá a entender que,
durante toda sua formação e também sua prática clínica, ele não se deparou com essa
questão, até que, a partir deste acontecimento, ele começa a se questionar como seria
para que estes sujeitos tenham sua subjetividade acessada e se é através da LIBRAS,
como seria a terapia com os surdos, haveriam adaptações necessárias e quais seriam
elas?
Poderia ser de uma outra forma esse acontecimento, poderia ser um surdo
procurando atendimento psicoterápico e encontrar-se com o despreparo dos
profissionais.
É evidente o despreparo dos profissionais de saúde e a escassez de pessoas
capacitadas para atender com qualidade e na língua natural destes, a LIBRAS.
A comunidade surda teve algumas conquistas, o reconhecimento da LIBRAS, as
escolas especiais e os planos de inclusão no ensino com a disponibilização de
intérpretes no ensino e unidades de saúde, porém, algumas coisas estão apenas nos
planos, nas leis, mas não estão na realidade. Essas conquistas podem ser lidas também
como políticas mal formuladas, pois mesmo que a lei garanta a presença de intérprete, e
isso já não acontece, esta é uma prática ouvintista (BIGOGNO, 2010), já que a norma
estabelecida é escutar e por isso desresponsabiliza o profissional de saúde de aprender a
língua de sinais.
Essa inacessibilidade prejudica a autonomia destes sujeitos que estão sempre
necessitando que algum familiar ou amigo possa estar com ele nesses espaços para
traduzir a comunicação.
O acesso a um atendimento em saúde inclusivo, que atenda às necessidades das
pessoas com deficiência auditiva, principalmente aos surdos não oralizados, ainda é um
grande desafio. Isso porque as unidades tanto de baixa quanto de alta complexidade
dificilmente possui um profissional qualificado para o atendimento ou um intérprete
disponível para o paciente.
Estas situações ocorrem porque a surdez não está sendo abordada na base do
problema, ou seja, no processo de formação destes profissionais.
Olhamos para a nossa formação de psicólogos que nos compõe para, a partir
disso, pensarmos eticamente quais linguagens e línguas brasileiras não estamos
ouvindo. Seria o surdo deficiente, ou não seria deficiente a nossa formação? Um ethos
surdo apostaria na escuta desses sujeitos cujo histórico de silenciamento em serviços
públicos de saúde se mostra descaradamente. Como colaborar com a construção de uma
graduação/formação surda e não mais deficiente e excludente?
Concluímos que tanto a formação dos profissionais de saúde quanto dos
educadores devem reformular e/ou implementar medidas que garantam o acesso do
surdo a esses serviços básicos como o aprendizado necessário para sinalizar em
LIBRAS e o incentivo de sua atualização pelas próprias instituições de saúde e ensino.
Ampliando o acesso dos alunos e dando maior visibilidade a essa língua, estaremos
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
6
Conforme Levino (2013) a semana acadêmica é um evento anual, que objetiva despertar nos discentes
posturas relacionadas ao aprimoramento do conhecimento
profissional, científico, tecnológico, artístico e cultural e,
ainda, habilidades relativas à organização de tais atividades.
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folhet
o.pdf>. Acesso em: 10 de jun de 2017.
BENTES, Iratyenne Maia da Silva; VIDAL, Eglídia Carla Figueirêdo; MAIA, Evanira
Rodrigues. Deaf person's perception on health care in a midsize city: an descriptive-
exploratory study. Online Brazilian Journal of Nursing, [S.l.], v. 10, n. 1, may 2011.
ISSN 1676-4285. Disponível em:
<http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/j.1676-
4285.2011.3210.2>. Acesso em:10 de jun. 2017
NÓBREGA, Juliana Donato et al. Identity of the deaf and interventions in health from
the perspective of a community of sign language users. Ciencia&saude coletiva, v. 17,
n. 3, p. 671-679, 2012.
SOLÉ, Maria Cristina Petrucci. O sujeito surdo e a psicanálise: uma outra via de
escuta. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2005.
RESUMO: Este estudo de caso tem por objetivo a reflexão sobre a importância dos
programas de acessibilidade cultural no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em
especial as propostas educativas em Libras (Língua Brasileira de Sinais), mediante a ótica
teórica de Pierre Bourdieu. Na obra intitulada “Os excluídos do interior”, Bourdieu constrói o
conceito de “habitus” – maneiras de pensar, sentir e agir interiorizadas nos indivíduos desde a
infância em uma família; mostrando que a dominação se faz muito mais de dentro para fora
do que fora para dentro (vai se interiorizando a exterioridade). O centro cultural, contrapondo
a atualização deste “habitus” já interiorizado no individuo surdo e também desmistificando o
que Bourdieu chamou de “falsa democratização”, assume a responsabilidade de desenvolver
novas experiências, ampliando o capital cultural e construindo uma identidade surda
1
Discente de Libras – UFF, amateus@id.uff.br
2
Discente de Libras – UFF, biancagrd@hotmail.com
3
Discente de Libras – UFF, ozgauche@gmail.com
4
Discente de Libras – UFF,cintia.mcr2014@gmail.com
5
Professora de Libras na UFF, orientadora do presente trabalho. estervbasilio@gmail.com
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisjornadacientifica.weebly.com/
554
autônoma. A pesquisa foi feita a partir do acompanhamento da visita guiada oferecida pelo
CCBB do Rio de Janeiro - ministrada por dois guias (um surdo e um interprete) – à exposição
“Los Carpinteros: Objeto Vital”; assim como a análise de alguns dos programas de
acessibilidade cultural destinados a comunidade.O estudo conclui que as ações inclusivas do
Centro Cultural do Banco do Brasil influenciam de forma positiva na qualidade de vida dos
membros da comunidade surda ao introduzi-los nos debates sobre artes plásticas e cênicas; e
eventos relacionados a contação de histórias e poesias dentro do espaço não-escolar. Contudo,
não há indícios de barreiras para recriação destas atividades pela instituição escolar.
ABSTRACT
This article is a case of study that aims the importance of cultural accessibility
programs on CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), especially the educational proposals
for speakers in Libras (Brazilian Sign Language), throw the theoretical perspective of Pierre
Bourdieu in his book "Os excluídos do interior". He constructs the concept of "habitus" -
ways of thinking, feels and act internalized in individuals since childhood in his/her family.
Showing how the domination comes much more from inside than outside. The cultural center,
demystifying the democratization of educational system and opposing the update of this
already internalized "habitus", takes on the responsibility of developing new experiences,
expanding the cultural capital and building an autonomous deaf identity. For this research, we
join a guided tour to the exhibition "Los Carpinteros: Objeto Vital" offered by CCBB of Rio
de Janeiro and led by two guides (on deaf and one interpreter). As well, some analysis of
some of the cultural accessibility programs for the deaf community. Through it all, this study
concludes that inclusive actions from Centro Cultural Banco do Brasil influences positively to
increase the quality of life those members of the deaf community by introducing them into
debates about plastic and scenic arts; storytelling and poetry within non-school space. There
are no indications of barriers to a reproduction of these activities by school institution.
INTRODUÇÃO
Este estudo de caso tem por objetivo a reflexão sobre a importância dos programas de
acessibilidade cultural no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em especial as propostas
educativas em Libras (Língua Brasileira de Sinais), e como estas influenciam o
desenvolvimento da autonomia do sujeito surdo através do enriquecimento de seu capital
cultural e convivência com outros membros da comunidade surda.
O indivíduo surdo, ao longo da construção de sua identidade, é estigmatizado em
nossa sociedade como não produtivo - uma ótica utilitarista do corpo (Gilles DELEUZE &
GUATTARI, Mil Platôs, Vol.3) – e, portanto, não merecedor de investimento cultural. Este
processo de exclusão higienista sela o destino profissional, assim, como e, consequentemente,
em seus relacionamentos interpessoais, do sujeito surdo por sua característica física e não
mental.
Mesmo que, academicamente sabido, seja possível educar e tornar autônomo qualquer
indivíduo, respeitando o seu tempo e compreendendo suas necessidades (Vygotsky, 1984),
existe a permanência de um habitus (maneiras de pensar, sentir e agir interiorizadas nos
indivíduos desde a infância em uma família) que o limita em seu desenvolvimento. O
surgimento de leis que visam o bem-estar da população determinadas pelo Estado - como
oArt. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90, que diz que direito de toda
criança ter acesso à educação; e, em especial, a acessibilidade (Lei nº 10.098/94) e inclusão
(PNE, Lei nº 10.172/2001) – deram a oportunidade de ocupação e permanência em espaços
educacionais que antes eram de acesso limitado ou exclusivo.
A escola inclusiva, tendo como fim primário promover a construção de uma sociedade
onde há respeito e tolerância à diversidade; em pratica é habitada por dois grupos de sujeitos:
os “eleitos” e aqueles excluídos. Segundo Bourdieu:
O espaço escolar não tem cumprido a sua função de preparar o indivíduo para
sociedade quando não ensina a Língua Brasileira de Sinais a todos os seus alunos (surdos e
ouvintes) ou quando há ausência de interpretes capacitados a intermediar a aula falada para
língua dos alunos surdos. Resultando o atraso na aprendizagem, evasão escolar e, em certos
casos, transtornos de personalidade.
O Centro Cultural Banco do Brasil, um espaço não-escolar, tem propostas educativas
em Libras acessíveis a todos os surdos, a partir da idade de 5 anos. Seus programas de
acessibilidade cultural promovem novas experiências intelectuais enriquecedoras com e para
comunidade surda, como visita guiada mediada, contação de histórias e debate cinéfilo em
libras. Estas ações externas, que permitem ler o mundo, podem incorporar ao capital cultural
do sujeito surdo, conforme dita a teoria de Bourdieu, vivências capazes de atualizar o habitus
do mesmo, possibilitando a construção de uma identidade empoderada e autônoma.
As observações sobre as propostas educativas em Libras oferecidas pelo CCBB-RJ
foram realizadas com diferentes fontes de pesquisa, sendo elas: vivência como membro da
equipe pedagógica do centro cultural; entrevista com os guias Rodrigo Fialho (educador
surdo) e Davi Vasconcelos (intérprete) e; analise dos eventos e atividades destinados a
comunidade surda.
Tendo, esta pesquisa, como objetivo a coleta de informações sobre o ensino não-
formal, neste espaço não-escolar, mas, porém, capaz de colaborar com a autonomia do sujeito
surdo, ser pensado e adaptado ao currículo da instituição escolar.
exemplo, aos direitos básicos garantidos pela própria Constituição,como educação, saúde e
lazer,se os profissionais de tais áreas não possuem nenhum tipo de capacitação ou
conhecimento em Libras para atuarem e interagirem com estes indivíduos?
Dentro da comunidade surda, as crianças devem ser alfabetizadas, primeiramente, pela
sua língua materna (Libras) para que, posteriormente, a Língua Portuguesa seja inserida e
direcionada para facilitar o processo cognitivo do aprendizado. Entretanto, essa deficiência de
profissionais dentro do próprio sistema escolar e também nos espaços não escolares acaba,
por si só, criando um distanciamento ainda maior entre surdos e ouvintes e, paralelamente,
prejudicando ainda mais o ensino da língua portuguesa para estes.
É notório que a política de educação no Brasil vem construindo caminhos direcionais
no que tange a perspectiva de inclusão de todos na escola e nos espaços não escolares
comuns, em especial para as pessoas com deficiência. Dentro desse contexto inclusivo, os
olhares acolhedores para os indivíduos surdos têm se evidenciado de forma significativa
dentro da sociedade. Entretanto, por mais que as políticas estejam canalizando esforços para
este fim, muitas propostas, tanto no espaço escolar quanto fora dele, precisam ser revistas e
adaptadas para que, de fato, apresentem caminhos consistentes e produtivos para a educação e
inclusão dos indivíduos com surdez dentro do contexto social.
Ainda que tenham garantido por lei o direito à educação por meio da língua de sinais
(através da obrigatoriedade de intérpretes em estabelecimentos públicos de ensino), é possível
perceber que, na prática, poucos profissionais possuem o conhecimento necessário para
trabalhar com metodologias adequadaspara o ensino de surdos.
INDO AO CAMPO DE PESQUISA – APLICAÇÕES METODOLÓGICAS.
Com o intuito de aprofundarmos um pouco mais sobre esse Universo ainda tão pouco
explorado e conhecido, como metodologia de pesquisa adotamos entrevistar uma docente na
área de Libras. Escolhemos a professora Ester Vitória Basílio Anchieta, docente de Libras
pela Universidade Federal Fluminense,conforme a seguir:
1 - Por que o interesse pela docência em Libras?
O interesse pela docência foi algo involuntário e inato. Eu simplesmente sempre quis
ser professora. Por isso, cursei pedagogia na Universidade Federal de Juiz de Fora. Durante a
graduação participei de um grupo de estudos sobre educação de surdos, onde meu interesse
em ir para a vida acadêmica aumentou.
Aprendi Libras na adolescência, fiz amigos surdos e fiquei fluente em mais ou menos
1 ano de contato com os surdos.
Neste grupo de estudos que frequentei,comecei a estudar teoricamente os aspectos
linguísticos da Libras. Com isso, pós formados decidi estudar os aspectos de tradução
Português X Libras em literaturas infantis. Fiz meu mestrado na área pela Universidade
Federal de Santa Catarina.
2 - Há quanto tempo atua com alunos surdos?
Minha carreira começou como Intérprete. Eu tinha 13, 14 anos quando começaram a
me convidar para atuar em eventos. Com 17 anos comecei a trabalhar como intérprete em
uma faculdade privada de Juiz de Fora - MG, lá, precisaram de professor de Librase me
convidaram para atuar nos cursos de extensão. Tem aproximadamente 10 anos que trabalho
com tradução e uns 8 anos que trabalho com ensino de Libras.
3 - Qual a sua formação para atuar com esse público?
Sou pedagoga pela UFJF, pós-graduada em Libras pela Faculdade Eficaz (Paraná) e
mestre em tradução pela UFSC.
4 - Como foi a sua primeira experiência em uma turma com indivíduos surdos?
A primeira vez que estive com uma turma só de surdos foi em 2013 na Escola Dulce
de Oliveira, em Uberaba-MG. Mais tarde, em 2016, assumi um cargo público em uma escola
bilíngue para surdos em Angra dos Reis-RJ.
Estar em uma classe de surdos para ensinar Libras é um desafio. Sobretudo, por eu ser
ouvinte. Sinto que os alunos buscam uma referência/modelo surdo e eu, sendo ouvinte, não
consigo impacta-los com uma identificação.
Inevitavelmente, precisamos usar todos os recursos visuais possíveis.A Libras deve vir
sempre em primeiro plano para a comunicação. O currículo deve ser adaptado para excluir a
segregação e incluir a diferença.
7 - Como você descreveria o papel de um intérprete de libras?
Exclusivamente de mediação linguística. O TILS (Tradutor intérprete de língua de
sinais) deve buscar formação de qualidade e específica. Por exemplo, se há um TILS
trabalhando em hospital deve buscar conhecer os léxicos, as normas éticas e de conduta para
tal contexto. Bem como os TILS que atuam no contexto escolar.
É de suma importância que o tradutor e o professor dialoguem sempre. Desde a
construção do currículo até a preparação das aulas é preciso haver colaboração das partes. O
professor se preocupando em como ensinar, o TILS buscando como interpretar.
Ter um TILS em sala não descarta em hipótese alguma a necessidade de adaptação
curricular e metodológica por parte dos docentes. A memória visual do surdo deve ser
considerada e pensada pelo professor. Este, tem a função de ensinar. Já o intérprete deve
exclusivamente traduzir e não tem a função de ensinar, pedir para o aluno ficar quieto, cobrar
atividades, levar ao banheiro... O TILS é exclusivamente para mediação linguística.
8 - Os alunos surdos possuem algum acompanhamento especializado fora da sala de
aula? Como seria esse processo?
Há escolas que fornecem o AEE. O atendimento especializado educacional em contra
turno para alunos surdos. Normalmente o AEE é para ensino de Libras ou de português como
segunda língua.
9 - Qual a relação que você identifica entre a Libras e a política de inclusão?
Costumo dizer que quando falamos INCLUSÃO, a primeira coisa que nos vem à
mente é espaço físico acessível ou uma escola diversificada.
Inclusão vai para além disso. Incluir é se tornar acessível. Incluir não é pensar que
todos são iguais e por isso tem os mesmos direitos. Incluir é ter plena consciência que todos
são diferentes e mesmo assim tem os mesmos direitos e deveres.
A política de inclusão hoje é muito comentada por conta das conquistas legais.
Espaços culturais, ambientes educacionais, hospitais, empresas... todos precisam seguir as
políticas de inclusão por conta da cobrança da legislação.
Para além de uma obrigatoriedade, a inclusão nos faz sentir humanos. Nos faz ver o
quão pequenos somos e o quão grande podemos ser. Incluir é se tornar acessível. É ter sempre
empatia pelo individuo alheio e entender que não há uma porção mágica para a acessibilidade.
Por exemplo, de que adianta incluir TILS em uma escola se as aulas não são visuais? De que
adianta incluir TILS em uma empresa para grandes eventos se no dia a dia ninguém se
comunica com o empregado surdo? De que adianta empregar pessoas com deficiência por
obrigatoriedade legal e não fornece espaço acessível? De que adianta ter a disciplina de Libras
na formação e depois achar que o TILS é o responsável pelo meu aluno surdo?
Costumo brincar que a “política de inclusão” deveria ser substituída por uma
“construção moral de inclusão”. Cabe refletirmos.
10 - Poderia fazer um breve relato sobre a sua visão em relação ao indivíduo surdo, suas
experiências, emoções, frustrações, dificuldades e esperança para com este indivíduo
dentro da nossa sociedade?
Acho que deixei transparecer isso durante esta entrevista! Não posso relatar
experiências de algo que não sou, mas posso comentar aqui o que tenho visto.
A verdade é que a sociedade prega que todos somos iguais. De fato, não somos! Nisto,
está a beleza da criação divina. Somos todos diferentes e bonito mesmo é ver pessoas
respeitando tal diversidade.
Vejo muitos surdos frustrados, tristes, deprimidos com a falta de acesso à
comunicação em muitos espaços. Minha experiência pessoal e profissional com surdos me faz
pensar que a família normalmente é o lugar que o surdo mais sente a falta de acessibilidade.
Não poder conversar com os pais, com os irmãos ou ter dificuldade para isso entristece e
acarreta dificuldades em outras áreas, como a escola, o trabalho, a vida afetiva...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os programas de acessibilidade cultural oferecidos pelo CCBB do Rio de Janeiro com
certeza expandem o leque de opções de lazer e aquisição de capital cultural dos sujeitos
surdos que usufruem de suas possibilidades. Contudo, além disso existe a sensação de
pertencimento ao local de saber necessário para o desenvolvimento da personalidade
saudável.
O trabalho de mediação de agentes transformadores da realidade surda, como Rodrigo
Fialho, Davi Vasconcelos, são o lado humano da instituição que não se limita a ser apenas um edifício
com obras de arte plástica despojados em seus ambientes. É a realização da vulgarização do saber de
forma universalizada. Para além da instituição, existe o contato com o outro igual entre o surdo guia e
surdo visitante, formando uma relação de representatividade e identificação.
BIBLIOGRAFIA
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar relatos de experiências das
investigações realizadas no processo de pré-produção do filme curta−metragem
Incomunicáveis, assim como realizar uma análise do enredo comparando os métodos de
comunicação utilizados pelos personagens com os do surdocego. Foram utilizados
artigos, filmes, vídeos e entrevistas publicadas para o estudo do tema, além de narrativas
de histórias de vida de pessoas surdas e cegas registradas em áudio e por escrito. Os
resultados mostraram que há grande diversidade de meios de comunicação através de
pessoas surdas e cegas e que apesar de apresentar desafios, é possível que surdos e
ouvintes deficientes visuais se comuniquem e se relacionem.
ABSTRAC
The present work aims to present reports of the work of investigations made in the pre-
production process of the short film Incomunicáveis, as well as to perform a plot
analysis comparing the communication methods used by the characters with those of t
he deafblind. Articles, films, videos and interviews published for the study of the
subject were used, as well as narratives of life histories of blind people recorded in
audio and in writing. The results showed that there is a great diversity of means of
communication through deaf and blind people and that despite presenting challenges, it
is possible for deaf and visually impaired listeners to communicate and relate.
______________________________________
1 – INTRODUÇÃO
Alice é uma jovem de 18 anos que enfrenta dificuldades para se relacionar com os
colegas de faculdade. Ela é surda e por não ter pessoas que entendam a língua de sinais a seu
redor acaba por ficar isolada. As coisas mudam quando numa tarde Alice esbarra em Tomás, um
rapaz deficiente visual muito comunicativo. Ela se encanta por ele e a partir de então passa a
buscar novos meios para transmitir seus sentimentos, enfrentando seus maiores desafios: a
comunicação e a timidez. (INCOMUNICÁVEIS, 2017, sinopse)
roteiro literário é escrito, mais tarde ele será decupado (recortado) e então se inicia o
processo de pré−produção, nessa fase é preparado tudo o que será preciso para a
filmagem (as pesquisas continuam aqui como laboratório). A produção corresponde ao
período de gravação do filme, que pode durar horas ou meses, dependendo do projeto.
Por fim, temos a pós−produção, é nesse momento que todo o material audiovisual
capturado passa pelo processo de montagem e mixagem, partindo depois para a
distribuição e exibição.
Com a ideia definida, parti para a pesquisa. Na primeira semana fiz contato com
a professora Gildete Amorim e com a Divisão de Acessibilidade e Inclusão Sensibiliza
UFF que me orientaram nas investigações para aprofundamento do conhecimento da
surdez e da cegueira e suas características próprias, como a linguagem e desafios
cotidianos. A próxima etapa foi feita através de material teórico e entrevistas em que
surdos e cegos narraram suas estórias de vida. Também foi realizada uma apuração de
filmografia que abordassem a surdez e a cegueira, assim como levantamento de vídeos
de relatos de experiências.
respeito da surdocegueira, que Sandra Samara Pires Farias (2015, p.8) define como
“condição do déficit simultâneo da audição e da visão, resultando em uma deficiência
singular que ocasiona a privação dos dois sentidos responsáveis pela recepção de
informações à distância”, foi possível não só responder a pergunta como também
descobrir uma variedade de possibilidades para a comunicação entre pessoas surdas e
cegas.
2 – DESENVOLVIMENTO
[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura
surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida
pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou
consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da
homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de
invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social. (PERLIN, 2004. p. 77-
78)
Figura 1 – Gráficos de pesquisa de um estudo de caso sobre a inclusão de uma aluna surda no
ensino profissionalizante em escola pública da cidade de Londrina.
______________________________________
Outro gráfico, de uma pesquisa de campo realizada pelo professor João Paulo
Silva juntamente com uma turma do 5º período de História do Unilasalle−RJ, mostra
respostas de alunos e funcionários do campus à pergunta: “Você sabe o que é Libras?”:
Figura 2 – Gráfico de pesquisa de campo realizada pelo professor João Paulo Silva e turma do 5º
perído de História do Unilasalle−RJ
______________________________________
O primeiro método que Alice encontra é a Libras Tátil, que é a língua brasileira
de sinais adaptada para o surdocego através do uso da mão dele em cima das mãos do
interlocutor.
Fonte: Google.¹
O aprendizado da Libras Tátil pode ser algo complicado para o cego sem
nenhum conhecimento da língua de sinais brasileira como foi o caso de um aluno cego
da Universidade Federal Fluminense − entrevistado no processo de pesquisa − ao ter
um primeiro contato com a lingua e o universo surdo.
Como Tomás provavelmente não deveria conhecer a lingua brasileira dos sinas,
Alice precisa encontrar outro método para entrar em conato com ele. É então que ela
tem a ideia de fazer um alfabeto em Braile.
Fonte: Google.¹
Alice segue instruções para confeccionar celas do alfabeto Braile com E.V.A.,
ela as prepara e as utiliza para finalmente falar com Tomás, formando palavras com as
letras em Braile. Por sorte, Tomás conhece e saber ler Braile. Assim como a LIBRAS,
não são todos os cegos e surdocegos que conhecem e sabem usar o Sistema, alguns
inclusive conhecem mas não apreciam, como é o caso de outro aluno cego da
Universidade Federal Fluminense também entrevistado no processo de pesquisa de
desenvolvimento do filme.
Ainda nessa conversa Alice avisa a Tomás que pode compreender o que ele diz
através da leitura labial, que para Sacks (1998, p. 15), “é um termo bastante inadequado
para designar a complexa arte de observação, inferência e adivinhação inspirada dessa
tarefa”.
______________________________________
Fonte: Google.¹
Outro termo para designar este método de forma mais completa em seu
significado é leitura oroficial.
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisuff.wixsite.com/nuedis
577
Fonte: Pinterest.²
______________________________________
Fonte: Google.¹
Nas cenas inicias do filme Alice também faz uso da leitura orofacial ao assistir a
uma aula da universidade. Relatos sobre o uso da leitura orofacial em salas de aula
encontrados em Surdez e preconceito: a norma da fala e o mito da leitura da palavra
falada de Witkoski (2009, p. 569) mostram que o uso deste método pode não ser tão
simples assim: “Eu tinha 13 anos quando voltei para a escola de ouvintes. Foi um
sufoco. Não entendia nada e ficava isolada, sem conversar com professores e colegas.
(...) Na sala de aula é muito complicado, o professor explica no quadro pá, pá, pá, pá...
O surdo não entende.”
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisuff.wixsite.com/nuedis
579
______________________________________
Para finalizar este primeiro momento de discussão sobre o mito da leitura labial, uso o
depoimento de Karen Strobel, pesquisadora surda e mãe de um lindo menino surdo, que
ilustra exemplarmente o processo discriminatório alicerçado na conveniente aceitação desse
processo: Eu, por exemplo, procurava ler os lábios, mas após uns 10 minutos os meus olhos
começavam a arder, cansavam e eu desistia de prestar atenção nas aulas e ficava “olhando
para-a-parede”. Acho que se tivesse “diploma” para o total de horas “olhando-para-a-parede”,
eu bateria recorde por toda a minha vida escolar “inclusiva”.
Fonte: Google.¹
[...] este profissional deve ter domínio das línguas envolvidas no processo de tradução e
interpretação além de ter um bom relacionamento com a comunidade surda, o que facilita sua
atuação. Ressaltamos, porém, que a formação pedagógica é extremamente relevante para o
desempenho de sua função. Uma vez que atua na educação, deve ter os conhecimentos
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisuff.wixsite.com/nuedis
580
básicos de um bom professor e assim seguir em conjunto com a equipe pedagógica da escola
em prol do sucesso cognitivo dos alunos surdos. (SANTOS; GRILLO; DUTRA, 2010. p. 2)
______________________________________
Os surdos que acessam o Facebook buscam interagir com outros surdos e o espaço
virtual possui muitas informações e ferramentas de escrita, postagens de imagens e vídeos como
um jornal visual para surdos. Tudo acontece em tempo real, as postagens acontecem para todos e
a cada momento novas outras postagens são incluídas. (2016.p. 6)
______________________________________
Fonte: Google.¹
______________________________________
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisuff.wixsite.com/nuedis
583
Fonte: Google.¹
Fonte: Google.²
______________________________________
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
entre surdos e cegos, para trazer o conhecimento a respeito de uma diversidade dentro
da diversidade.
REFERÊNCIAS
Bevilacqua MC, Piccino MTRF, Pinto MDB. Rastreamento de fala em indivíduos com
audição normal. Pró-fono: Revista da Atualização Científica 1999;11(1):73-7.
Curta Incomunicáveis (em processo de produção).
http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade1/comunidade_cultura
surda.htm
http://www.unilasalle.edu.br/rj/noticias/voce-sabe-o-que-e-libras/
SANTOS, I.; GRILLO, J.; DUTRA, P. Intérprete educacional: teoria versus prática. In:
Revista da Feneis, n° 41, set-nov, 2010. p. 26-30.
RESUMO: Este artigo tem como objetivo geral apresentar um panorama do ensino de
Geografia para alunos surdos. Buscou-se ressaltar a importância da geografia escolar
como disciplina que possibilita o entendimento dos diversos contextos sociais aos quais
os alunos surdos e ouvintes estão inseridos. No entanto é possível encontrar barreiras na
inclusão completa dos alunos surdos ao ambiente escolar e aos conteúdos de suas
disciplinas. Os desafios nas aulas de geografia vão além da ausência de um intérprete
em sala, perpassam pela necessidade do professor dominar a Língua de sinais e
conseguir se aproximar da realidade do aluno deficiente auditivo. Evidenciou-se
também a necessidade de atividades adequadas no processo de ensino-aprendizagem do
aluno surdo destacando metodologias que possibilitem a construção do conhecimento
de maneira conjunta entre alunos ouvintes e deficientes. A partir do reconhecimento
destes desafios são propostas práticas possíveis para a efetividade do ensino de
Geografia. A metodologia utilizada para o desenvolvimento dos objetivos foi o
levantamento bibliográfico visando a construção de uma base conceptual organizada e
1
Docente de Libras I, orientadora do trabalho – UFF - tatimili2@yahoo.com.br
2
Discente da disciplina Libras I, graduanda do curso de Geografia-UFF - daltoecarolina@gmail.com
3
Discente da disciplina Libras I, graduanda do curso de Geografia-UFF - indianerc@gmail.com
4
Discente da disciplina Libras I, graduanda do curso de Geografia-UFF - leo.ankhor@gmail.com
5
Discente da disciplina Libras I, graduanda do curso de Geografia-UFF – rma.nathalia@gmail.com
6
Discente da disciplina Libras I, graduanda do curso de Geografia-UFF - orlando.adv@gmail.com
ABSTRACT:
This article aims at presenting an overview of the teaching of Geography for learners.
Deaf or hard of heraing during the research procell, we emphasized to these students the
importance of Geography as a subject that can enable them to have a better
understanding of the social context in wich they are inserted however. There seem to be
many barriers to a complete inclusion any of these students in the school environment
which way harm their academic performance in other subjects. Some of the challenge to
the teacher include the possible lack of fluency in sign language and the non existence
of a teacher helper, consequetly, there may be difficulties in the teacher learner
socialization process. These challenges revealed a great dehand for appropriate
activties and methodologies wich way cater for the needs of deaf and hard of hearing
students. Such methodologies should provide a co-construction of knowledge
between nondeaf and deaf learners having considered such challenges and difficulties.
This paper presents some proposals that may improve the teaching of Geography. The
methodology used for the development of the objectives was the bibliographical survey
aiming at the construction of an organized and systematized conceptual base of
available and pertinent knowledge to be researched. In the end, it was concluded that in
general the best quality in teaching should reach both groups of students, that is, deaf
students and listeners, in this way, to have the true integration of students and the
promotion of meaningful learning. Subsequently, it was pointed out that in addition to
the contact with the interpreter, interaction with geography teachers who know how to
communicate through the sign language is extremely important for the hearing impaired
student
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Esta situação deixa muitos professores aflitos, especialmente pelo fato de grande parte
dos profissionais não conhecer ou não dominar a Libras, ou seja, a língua adequada para
que alunos surdos possam alcançar maiores níveis de conhecimento e potencial crítico e
reflexivo (Darsie 2017).
As Línguas de Sinais se diferem das línguas orais pela fonte a qual se
expressam, ou seja, utilizam-se de um meio visual não auditivo, pois a comunicação se
estabelece através de configurações manuais.
aluno surdo deve ficar bastante atento como esses ensinamentos estão sendo recebidos,
estimulando os outros sentidos desses alunos e resultando em um melhor aprendizado.
Mais do que uma língua, as pessoas com surdez precisam de ambientes
educacionais estimuladores, que desafiem o pensamento e exercitem a capacidade
cognitiva desses alunos. Obviamente, são pessoas que pensam, raciocinam e que
precisam como os demais de uma escola que explore suas capacidades, em todos os
sentidos (Damázio, 2005).
Figura 1- Maquetes aproximam o aluno a realidade geográfica local, ensinando conceitos de bacia hidrográfica.
Fonte: https://turismoadaptado.wordpress.com/2012/04/17/
2- Trabalho de campo:
quais os professores podem fazer uso adquirindo apostilas e/ou participando dessas
oficinas para melhor promover o ensino de geografia para alunos surdos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ambiente escolar produz muito no que se refere à formação dos sujeitos, pois
nele aprende-se a conviver com as diferenças – de modo a respeitá-las e a potencializar
tudo aquilo que elas podem oferecer. Ainda, é o ambiente em que ocorre a troca de
conhecimentos, devido a isso deve procurar abranger a todos sem que haja qualquer tipo
de discriminação, inclusive aquela causada pela falta de conhecimento e domínio
técnico.
Torna-se válido ressaltar que uma melhor qualidade no ensino deve atingir os
dois grupos de alunos, isto é, que alunos surdos e ouvintes entendam o mesmo conteúdo
aplicado e, desta forma, ter-se a verdadeira integração dos alunos.
Diante disso, ressaltamos que além do contato com o intérprete, a interação com
professores que saibam se comunicar por meio da Libras é de extrema importância. Para
além do ensino de Geografia e do ambiente escolar estamos todos, indivíduos e
sociedade, diante de um imenso desafio: avançar na consolidação do ensino bilíngue (
Libras/Português) em todos os espaços possíveis no âmbito escolar: do ensino básico
fundamental à Universidade.
A Libras não está implementada e nem estruturada no país, ainda que do ponto
de vista legal haja determinação expressa nesse sentido. De uma maneira mais geral é
preciso considerar o uso dos dois idiomas, não apenas no ambiente escolar, mas em
todos os meios e mídias, como algo obrigatório e parte integrante de medidas que
promovam a integração, a cidadania e a dignidade da pessoa humana, nos termos do
artigo 1º , incisos II e III da Carta Política de 1988.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do
ensino fundamental. In: Caderno Cedes, Campinas, vol. 25, n7, 2005.
GOMES, Hilda. JANAINA, Larrate. MARISTELA, Siqueira. VAL, Vera Lúcia. Ensino
de Geografia para deficiente auditivo: Estudo de caso da unidade escolar Matias
Olimpio de Teresina- Piauí. DIAS, Elayne Cristina Rocha. PORTELA, Mugiany Brito.
VIANA, Bartira Araújo da Silva
LACOSTE,Y. A geografia - isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra. 1875.
RESUMO: Este artigo tem por objetivo principal mostrar as dificuldades de se ensinar
a Matemática ao aluno, restringindo as similaridades entre os sinais nas operações
matemáticas básicas: soma, subtração, multiplicação e divisão. É mostrado algumas
formas de se ensinar as operações e quais os métodos utilizados para que essa
aprendizagem se torne um pouco mais simples.
1
Docente da disciplina Libras I, orientadora do trabalho – UFF - E-maill: tatimili2@yahoo.com.br
2
Graduanda em Licenciatura em Matemática na UFF - E-mail: girlanesilva@id.uff.br
1. INTRODUÇÃO
O oralismo era defendido por Alexander Graham Bell, que dizia que a única
forma de se aprender era pela fala. Podemos perceber que este método é ineficaz, pelo
fato de um surdo não ter o mesmo feedback de um ouvinte, e mesmo que ele seja
acompanhado por fonoaudiólogos, isso demoraria muitos anos para acontecer.
Atualmente a Libras é adotada como primeira língua do surdo, e a Língua Portuguesa
como segunda língua, método esta chamado de Bilinguismo. Com o reconhecimento da
Libras, o surdo encontrou muito mais oportunidades, sendo inserido na sociedade.
Segundo dados do IBGE, do ano de 2013, cerca de 6,2% da população brasileira
tem algum tipo de deficiência. Isso gira em torno de 12,8 milhões de pessoas. Com
deficiência auditiva representa 1,1% da população brasileira, sendo bastante destoante
em relação a cor das pessoas que apresentam essa deficiência, sendo mais frequente em
pessoas brancas do que negras. Dessa porcentagem, 0,9% ficou surdo por conta de
alguma doença e 0,2% já nasceu surdo.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Brasileira dos Surdos, cujo objetivo era lutar pelos direitos dos surdos; e a FENEIDA
passou a ser chamada de FENEIS. Nos anos 2000 houve o reconhecimento da Libras
pelo governo por meio da lei nº 10.436/02.
entra em contato com alguém que domina Libras ficam em choque. E para aprender os
sinais corretos, demanda um pouco mais de tempo, pois precisa, pois precisa
desconstruir o que foi feito. Com isso, se faz necessário que se desperte o desejo da
família de estar preparada a ensinar a língua da criança.
A Libras teria que ser uma língua "de fácil acesso", para que fosse aprendida por
todos, de forma plena, a fim de trazer o surdo junto a convivência social, de forma ao
surdo não ter essa dificuldade de estar em sociedade, e não só no "mundo dos surdos".
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Tomando como base o artigo de Ilvanir Santos, foi tomado como estudo uma escola
que, tinha uma boa parte de alunos surdos inscritos. Com péssimas condições estruturais
para atender aos alunos em geral, a escola passava por reformas.
Segundo Santos (2015) define-se alfabetização matemática toda a ação inicial de ler e
escrever matemática, ou seja, de compreender e interpretar seus conteúdos básicos, bem
como expressar-se através de sua língua específica.
É importante que se saiba, ao mínimo, as quatro operações básicas da
matemática, porém o aluno surdo fica pra tras, pelo fato de trazer consigo a dificuldade
de compreensão e pela falta de percepcão linguística. Barham (1991) diz que: "O
conteúdo linguístico dos problemas ou as competências linguísticas dos alunos foram
considerados os principais fatores que contribuem para com que os alunos surdos
tenham dificuldade com a matemática em geral, bem como problemas com a palavra em
particular. (BARHAM; BISHOP, 1991, p.123)."
Embora Barbosa et al (2008) compartilham das ideias de que somente a surdez
não causa atraso na aprendizagem da Matemática, pois o que pode causar prejuízos ao
aprendizado da Matemática são os estímulos linguísticos, por exemplo, o acesso tardio a
Libras (Lobato e Noronha apud Barbosa et al, 2008, 2013, p.6)
Segundo Miranda (2011), é possível os professores se comunicar com os surdos,
mesmo sem saber sua língua, basta que tenha um pouco de habilidade gestual, porém
não saber LIBRAS pode se tornar uma barreira para o ensino do professor da mesma
maneira que só o seu conhecimento não é suficiente para um processo de ensino –
aprendizagem completo. E os surdos são capazes de aprender matemática, contudo de
maneira diferente da dos ouvintes, já que eles são de cultura diferente, possuem uma
identidade diferente e portanto aprendem de modo diferente.
Para que seja compreensível ao aluno, para apresentação do conteúdo, pode-se fazer
uso das cores no quadro, para entender o processo; o uso do material dourado para
operações e jogos para compreensão e fixação do conteúdo.
SOMA
Ao tratar a soma, primeiramente deve-se apresentar o sinal da adição:
Figura 2: Sinal da soma
Apresenta no quadro como se faz a operação por meio das cores e exemplos para
que seja de fácil compreensão ao aluno:
Figura 3: Operação da soma usando sinais
4 + 5 = 9
SUBTRAÇÃO
Faz-se o mesmo processo que foi utilizado na soma. Apresentação do sinal de
subtração:
Figura 4: Sinal da subtração
MULTIPLICAÇÃO
Faz-se uso do mesmo método para explicar a multiplicação, fazendo uso das
cores e exemplos. Ensina o sinal da mutiplicação:
DIVISÃO
Diferente das demais operações, a divisão apresenta mais de um sinal no sentido
de operação:
Figura 6: Sinal da divisão 1
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário que o professor seja bilíngue (Português / Libras) para que seja mais
fácil a compreensão do aluno surdo aos conceitos e didática aplicada aos demais alunos,
não que o intérprete não seja eficiente o bastante, somente pelo fato de que o intérprete
passe a informação de forma íntegra e com a mesma didática, sem que o conteúdo perca
o sentido.
Segundo Miranda (2011), todo o professor deve ser adaptar as singularidades de
cada aluno. No caso do aluno surdo, o qual foi o foco, o professor deve considerar as
suas características linguísticas a forma como os mesmo assimilam as ideias do mundo
a sua volta e os seus aspectos culturais. E para que isso possa ser feito, é necessário que
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Uma educação bilíngue para alunos surdos tem que se atentar para a aquisição
de uma língua, o mais precocemente possível, que seja compatível com sua condição
sensorial. Para Sacks (1998, p. 52) "um ser humano não é desprovido de mente ou
mentalmente deficiente sem uma língua, porém está gravemente restrito no alcance de
seus pensamentos, confinado, de fato, a um mundo imediato, pequeno". Pensando por
esse prisma, as crianças surdas não podem sofrer com atrasos linguísticos e cognitivos,
tem que se dar todo o aparato possível para construir letramento, tanto em Libras quanto
em Língua Portuguesa, para que sejam capazes de assimilar os conhecimentos ofertados
e socializados em sala de aula.
No Brasil o método da oralização corroborou para um grande contingente de
alunos surdos em situação de fracasso escolar (CAPOVILLA, 2001). Este
acontecimento evidenciou, dentre outras questões, que articular vocábulos não implica
necessariamente na significação dos mesmos. Na década de 1970: Chega ao Brasil a
Filosofia da Comunicação Total e na década de 1980, através das pesquisas realizadas
pela professora de Linguística Lucinda Ferreira Brito sobre LIBRAS, o Bilingüismo
começou a ser utilizado no Brasil. (GOLDFELD,2002). Existia nessa época uma
tentativa de normalizar e equiparar o surdo ao ouvinte em termos linguísticos, mas por
outro lado, não se preocupavam com a aprendizagem dos conteúdos escolares. Para a
Comunicação Total as práticas passaram a ser bimodais, o uso da língua oral como
principal meio de comunicação, mas também o uso de gestos e sinais, diferentemente da
Língua de Sinais. Portanto, não existia uma total utilização de nenhuma das duas
línguas. Bakhtin (1992), sinaliza que o aprofundamento da introspecção, da atividade
mental, cognitiva, que só é possível com a orientação social. Como poderia então, ser
veiculados os significados? Dentro da perspectiva teórica histórico-cultural concebendo
a linguagem como constitutiva dos sujeitos. É nas relações concretas de vida social que
nos tornamos humanos. Questões fundamentais para este estudo são levantadas por
Mikhail Bakhtin e Lev Vigotski, o processo de significação na constituição do humano,
colocando como eixo as relações sociais. Segundo Bakhtin (1992, p. 129) afirma que “é
impossível designar a significação de uma palavra isolada (por exemplo, no processo de
ensinar uma língua estrangeira), sem fazer dela o elemento de um tema”. Vigotski
(2001), afirma que o ponto de partida para a educação não é o que falta ao sujeito, mas
as condições sociais que lhes são oferecidas.
É interessante notar que os surdos foram escolarizados com os tradicionais
métodos de alfabetização, que recebem variadas críticas pelos profissionais dessa área
de pesquisa. Cagliari (1989), afirmava o grande equívoco da escola querer ensinar os
ouvintes a ler e a escrever sem que se levasse em conta os valores distintivos dos sons.
“A escola ensina a escrever sem ensinar o que é escrever; joga com a criança sem lhe
dizer as regras do jogo! (CAGLIARI, p. 97,1989). As práticas adotadas nas escolas
eram predominantemente voltadas para ouvintes, sendo submetidos às atividades
educacionais que propiciavam pouco uso e pouco domínio da língua portuguesa,
limitados usos da linguagem escrita e focados em regras gramaticais. O entendimento
entre professor-aluno era restrito, pois, não havia uma língua compartilhada, fazendo
com que muitos alunos surdos abandonassem a escola (LODI e MOURA, 2006).
Lodi et al (2002), afirmam que, para existir um letramento próprio para os
alunos surdos, é importante que a língua de sinais seja considerada e desenvolvida como
primeira língua e as práticas educacionais para um ensino de segunda língua precisam
ser conhecidas, estudadas e aplicadas pelos educadores para o ensino do português
escrito. Centrar o ensino apenas no aspecto gramatical não basta para a formação de
sujeitos letrados, pois o acesso à escrita só será pleno quando ela for tratada e concebida
como prática social de linguagem, cultural, social, histórica e ideologicamente
determinada. Para Botelho (2002), o letramento dos alunos surdos se torna mais
dificultado, em decorrência de diversos fatores já apontados, quais sejam, dificuldades e
restrições para estar inseridos nas práticas sociais de leitura e escrita.
Skliar (1999), afirma que os estudantes surdos que tiveram sua formação em
uma escola bilíngue, tendem a se identificar com a comunidade e a cultura surdas. O
bilinguismo não é restringido à dimensão pedagógica, deve ser visto em sua dimensão
política, como construção histórica, cultural e social, e no âmbito das relações de poder
e conhecimento. Alguns autores como Capovilla (2001), afirma que ainda existem
restrições à aprendizagem em razão de dificuldades metodológicas Ele sinaliza para a
necessidade de se realizar uma pesquisa sistemática sobre a eficácia da abordagem
bilíngue na alfabetização de surdos.
Nas últimas décadas, em todo o mundo, a questão da inclusão ganha espaço e força,
constituindo-se, hoje, em um movimento, tanto social quanto político, que busca
garantir às pessoas com deficiência o exercício amplo de seus direitos, tais como: o
acesso à educação, a facilitação da mobilidade, o desenvolvimento e o acesso à
tecnologia assistida, a inserção no mundo do trabalho e a possibilidade de desfrutar de
bens culturais, entre outros. No que diz respeito à educação, o Brasil, como política de
Estado, optou pela Educação Inclusiva, estabelecendo-a como modelo a ser
implementado, em detrimento da Educação Especial. Esta decisão está posta já na
Constituição de 1988, em seu artigo 206, quando determina que o ensino seja
ministrado, garantindo-se a igualdade de condições de acesso e de permanência na
escola. Mais adiante, no artigo 208, estabelece que a escolarização seja feita,
preferencialmente, nas classes regulares, ficando o poder público responsável por
garantir o suporte necessário para viabilizar esse atendimento. (BRASIL, 1988) Desde
então, a legislação vem sendo construída em sintonia com o movimento mundial de
discussão e elaboração de políticas que garantam a prática da Educação Inclusiva e
muitas propostas vêm sendo experimentadas em todo o país. Experiências estas que não
se pretendem conclusivas: Todas as experiências são legítimas, expressam a história da
educação no nosso país, suas contradições e singularidades, evidenciam que não existe
um caminho pronto e que basta percorrê-lo, mas que, somente a partir da compreensão
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
O surdo como qualquer outra pessoa tem sonhos e aspirações, e muitas vezes para os
realizar precisa passar pela faculdade, mas muitos mesmo quando conseguem acessar a
faculdade não conseguem a concluir pois são desestimulados e segregados até se verem
incapacitados de permanecerem ali.
Segundo um estudo realizado por Foster, Long e Snell sobre a vivência de
estudantes surdos do ensino superior em contexto de inclusão, demonstra que a
comunicação desses em sala de aula e o envolvimento com a aprendizagem
são iguais a de seus colegas ouvintes, mas eles se sentem menos integrados
que estes últimos à vida universitária. O estudo revela ainda que muitos
professores não se preocupam em fazer adaptações que favoreçam os alunos
surdos, e atribuem o sucesso ou fracasso desses aos serviços de apoio. (1999
apud BISOL et al, 2010).
impressora BRAILLE Juliet, BRAILLE fácil dentre outros instrumentos que permite a
acessibilidade e mobilidade aos que são deficientes, sem contar também os recursos
humanos, como o intérprete de LIBRAS e, no corpo docente podemos destacar pelo
menos uma professora surda, que ajuda a compor toda estrutura que permeia o acesso e
permanência dos discentes deficientes na pós graduação.
Ao acessar o site do CMPDI, dispomos de uma série de informações que são
agregadas a nossa discussão a respeito do acesso de surdos no ensino superior.
A partir de análise de algumas informações descritas no site observamos que, o
quantitativo de alunos surdos inscritos no CMPDI entre 2013 e 2016 totalizaram 18,
distribuído da seguinte forma: no ano de 2013, ano de início do curso, o número de
vagas totais somaram 22, sendo aproximadamente 10% de surdos matriculados, dentre
esses surdos apenas 1 defendeu a sua dissertação de mestrado. Em 2014 foram ofertadas
41 vagas, dentre elas haviam aproximadamente 7% de surdos inscritos, se percebe um
ligeiro declínio do número de surdos inscritos em relação ao ano anterior. No ano de
2014 apenas 2 dos 3 alunos surdos defenderam a dissertação de mestrado.
No ano subsequente, 2015 o curso se dividiu em 2 períodos, ocorreu aqui uma
mudança, que favoreceu o aumento de ingressantes surdos no curso. Em 2015-1 o total
de vagas somaram 38, mas não houve surdos inscritos, já 2015-2 o total de vagas
somaram 15 (LIMA; DELOU, 2016) graças a Ação Afirmativa destinada somente para
os surdos, que pela primeira vez puderam realizar a prova em português e também em
Libras (Língua Brasileira de Sinais), que é a segunda língua oficial aqui no Brasil a qual
os surdos utilizam no seu meio cultural e com pessoas ouvintes. Do total de 15 vagas
apenas 13 foram preenchidas, mas só com alunos surdos.
Em 2016 o número de vagas quadruplicou em relação ao ano de início do curso,
saltaram de 22 vagas para 88, e o número de surdos totalizaram 6. Aqui também se
percebe um declínio, só que muito acentuado em relação ao anterior. O número de
surdos matriculados, em comparação ao ano de 2015, teve uma queda, de
recursos visuais e a imagem visual que leva a formação de um novo campo visual que
permite não só a comunicação por línguas de sinais, mas formam um conjunto de
elementos que fornece aos surdos condição de interação e apropriação do aprendizado,
da escolarização, de maneira completa e autônoma.
Podemos dizer assim, que para inclusão dos surdos no ensino superior não basta
as Ações Afirmativas, intérpretes e professores, mas que haja a modelação de situações
que abarque as necessidades dos surdos ao longo do curso.
No ensino superior e nos segmentos seguintes, os conceitos surgem e com eles
a necessidade de sinais específicos, assim surdos linguistas juntos a
professores bilíngues necessitam criar ou convencionar sinais para o
entendimento de um determinado conteúdo (...) O desenvolvimento de sinais
aceitos pelo meio acadêmico, possibilita a aquisição dos conteúdos pelo corpo
discente surdo e auxiliam na tradução/interpretação, na íntegra, dos termos
utilizados. (SILVEIRA;BARBOZA;CAMPELLO;CASTRO,2016, p.104)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para os surdos (PORTAL BRASIL, 2012) a proposta foi de abrir entre 2013 e
2014, mais 27 cursos de Letras com habilitação em Libras, nas universidades federais,
e uma em cada unidade da federação, além da previsão do INES ( Instituto Nacional de
Educação de Surdos) para o próximo ano de abrir mais 12 cursos bilíngues.
Analisar esses dados e a efetivação do que foi programado referente a melhoria
do acesso dos surdos sejam eles oralizados, sinalizados, bilíngue ou bimodais, no
contexto brasileiro de ensino superior, ficará para um próximo momento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Matheus Rocha da; RESENDE, Mariani de Ávila; SILVA, Keli Maria de
Souza Costa. A inclusão do aluno surdo na universidade federal de uberlandia: uma
experiência a ser compartilhada. In: Seminário Nacional de Educação Especial, 6.,
2014, Minas gerais
CRUZ, José Ildon Gonçalves da; DIAS, Tárcia Regina da Silveira. Trajetória escolar do
surdo no ensino superior: condições e possibilidades. Rev. bras. educ. espec., Marília
, v. 15, n. 1, p. 65-80, Apr. 2009. Available from
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PIVETTA, Elisa Maria; SAITO, Daniela Satomi; ULBRICHT, Vânia Ribas. Surdos e
acessibilidade: análise de um ambiente virtual de ensino e aprendizagem. Rev. bras.
educ. espec., Marília , v. 20, n. 1, p. 147-162, mar. 2014 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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em 01 jun. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382014000100011.
Pontos de vista em diversidade e inclusão / Lima Neuza Rejane Wille, Cristina Maria
Carvalho Delou (organizadoras) Castro, Helena Carla ...[et al.]. – Niterói – Rio de
Janeiro - Associação Brasileira de Diversidade e Inclusão (ABDIn), 2016.
Pontos de vista em diversidade e inclusão – volume 2 / Lima Neuza Rejane Wille,
Cristina Maria Carvalho Delou (organizadoras) – Niterói – Rio de Janeiro - Associação
Brasileira de Diversidade e Inclusão (ABDIn), 2016.
Estudos Surdos II / Ronice Müller de Quadros e Gladis Perlin (organizadoras). –
Petrópolis, RJ : Arara Azul, 2007. http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-
justica/2016/09/apesar-de-avancos-surdos-ainda-enfrentam-barreiras-de-acessibilidade
<acesso em 05 jun. 2017>
Amorim, Gildete1
Silva, Ana Carolina Silvério da
Mendes, Hanna Felicia Mendes
Paes, Vítor de Castro
Universidade Federal Fluminense – UFF
Brasil
RESUMO: O objeto de estudo deste trabalho foi uma análise a acessibilidade dos
surdos na sociedade e uma incorporação à tecnologia dos celulares para aumentar a não
dependência de pessoas com esse tipo de deficiência para com ouvintes, com destaque
para redes de hotelaria. Foram verificados problemas simples que os surdos passam para
uma estadia em um hotel, e os principais problemas destacados no artigo vão desde o
processo de escolha do hotel, passando por problemas com a comunicação com os
funcionários, dificuldades com as solicitações de serviços e com a fragilidade na
segurança em sua estadia até sua partida, check-out. O presente trabalho descreve cada
uma dessas especificidades e mostra que essas adversidades estão relacionadas com a
falta de preparo do estabelecimento e utensílios tecnológicos de difícil compreensão e
manuseamento. A partir dos problemas destacados e as dificuldades passadas por
pessoas com surdez o artigo propõe uma utilização de um aplicativo de celulares
(smartphones). Esta ferramenta é de fácil acesso a todos e sua praticidade pode
contornar problemas salientados neste trabalho e assim incorporar os surdos na
sociedade. O artigo pretende mostrar que essa ferramenta não se restringe apenas para a
1
Orientadora
rede hoteleira mas poderá ser usados para outras redes e estabelecimento comercias para
inclusão dos surdos.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem a incumbência de discutir e melhorar a acessibilidade de
pessoas surdas na sociedade, utilizando tecnologia e aplicativos de celular, com ênfase
especial para ambientes de hospedaria e comerciais.
A comunicação desde o princípio da humanidade é uma ferramenta de
integração para indivíduos de uma comunidade. Além de incluir, ela também oferece
instruções e auxilia no desenvolvimento. Esse processo de comunicação consiste na
transmissão de informação entre um emissor e um receptor que decodifica ou interpreta
a mensagem. Há algumas formas de comunicação como sinais não linguísticos, como
gestos e expressões faciais, imagens e a linguagem falada ou escrita. Segundo
QUADROS [1], as línguas de sinais são, portanto, consideradas pela linguística como
línguas naturais e não como um problema do surdo. São línguas de modalidade viso
espacial que apresentam uma riqueza de expressividade diferente das línguas orais,
incorporando tais elementos na estrutura dos sinais através de relações espaciais,
estabelecidas pelo movimento ou outros recursos linguísticos.
No Brasil há cerca de 9,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva e outras
2,5 milhões apresentam alguma deficiência auditiva severa. Essas pessoas estão
inseridas em um mundo onde a comunicação falada e escrita é a forma mais utilizada
para passar informações, principalmente nas relações interpessoais. E com a deficiência
essa comunicação entre surdos e ouvintes fica debilitada, uma vez que as mensagens
passadas não são recebidas com clareza.
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
Website: http://nuedisuff.wixsite.com/nuedis
637
Assim, ter uma falha na comunicação em qualquer nível se torna difícil no êxito
de uma simples tarefa ou torna o processo de compreensão e execução mais
dispendioso. Por exemplo, a falta de acessibilidade para surdos no Brasil pode privá-los
a informações, e essa barreira os impedem de ter acesso a seus direitos. Outro obstáculo
é a falta de interpretes em eventos, como palestras, seminários e simpósios, que dificulta
em saber o que está sendo dito, há problemas em hospitais com falta de informação
geral ou são usados muitos termos técnicos que dificultam a compreensão e há também
a falta de preparo dos estabelecimentos comercias ou de hospedagem que não possuem
pessoas capacitadas ou infraestrutura adequada para suportar tais pessoas.
Com relação aos estabelecimentos de hospedagem, muitos oferecem aparelhos
que podem ajudar essa comunicação entre os ouvintes e os surdos. Porém, não há
preparo dos funcionários para manuseamento e explicação aos surdos, e muitas vezes
esses aparelhos não são práticos e acabam sendo deixados de lado com o tempo. Outro
fator preocupante são as instruções e avisos gerais para os surdos. A maior parte dos
alarmes são sonoros e somado com o obstáculo na comunicação podem gerar situações
de perigo e ou preocupação demasiada para surdos.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Atualmente, mesmo com as evoluções tecnológicas, os surdos passam por uma
série de desafios, desde a escolha do local para se hospedar até o check-out. A falta de
acessibilidade e a comunicação precária entre o hotel e os hóspedes surdos geram uma
sucessão de situações desagradáveis e aborrecimentos com consequentes reclamações.
digitação e leitura de texto através de uma linha de telefone. Outro problema recorrente
é a percepção do deficiente auditivo, estando este sozinho, quando há alguém na porta
do quarto.
Um fato a se destacar é a rotina e programação para os clientes do hotel.
Informações do hotel como horário do café da manhã, almoço, lanches e jantares nem
sempre são bem divulgados e sinalizados e isso pode acarretar em atrasos e eventuais
faltas deixando o hóspede surdo desassistido.
A segurança é outro fator que deve ser analisado com cautela. Apesar de ter
avisos de saída com sinal luminoso muitas vezes ele é complementado com um sinal
sonoro para mostrar que existe um problema que requer sua atenção. Na comunidade
surda, parte desse alarme não é captado, uma vez que cada segundo numa situação de
risco importa para a sobrevivência, essa falha na segurança pode ser fatal em situações
de perigo. Procedimentos de evacuação em situações de emergências também são falhos
diante de hóspedes surdos. Caso haja situações de emergência dentro do quarto, o hotel
tem dificuldade em identificar ou passar uma informação de emergência e o
procedimento que o cliente deve executar para sua segurança.
Por fim, problemas gerais enfrentados pelos surdos no quarto devem ser
destacados, entre eles problemas gerados pela falta de despertadores adequados para que
não cheguem atrasados em seus compromissos. Esse é um exemplo de serviço prestado
com eficiência para ouvintes e que deixa a desejar para a comunidade surda.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
O presente texto abordou cada etapa no contato entre um estabelecimento de um
hotel e o surdo, dando soluções com a ajuda da tecnologia. Abordaremos e
explicaremos cada fase do aplicativo.
De início, a primeira etapa é baixar e instalar o aplicativo, após isso o novo
usuário passará por um cadastro, aonde ele informará se prestará ou fará uso dos
serviços. Essa etapa tem a finalidade de coletar as informações dos hotéis como serviços
NUEDIS – Núcleo de Estudos em Diversidade e Inclusão de Surdos
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640
ajuda. Outro exemplo é para caso o usuário veja uma situação de risco e possa avisar a
direção do hotel para que sejam tomadas as devidas providencias.
Um sensor estará instalado em frente ao quarto, aonde caso alguém pare na porta
fará celular vibrar chamando a atenção do cliente. Para a segurança do usuário o toque
dos funcionários do hotel será diferenciado para que ele seja informado previamente de
quem está na porta.
Por último, ainda no quesito de segurança caso o usuário fique preso em
elevadores sem contato com ouvintes, mensagens dando atualização de informações o
ajudará a tranquiliza-lo. Por exemplo, o elevador quebrou com o hóspede surdo dentro
dele, e a manutenção demorará uma hora para consertar. No celular irá receber essas
informações para que não fique apreensivo demasiadamente.
Outras informações que trará o aplicativo será o quadro de informações do hotel
caso haja elevadores parados, como foi dito anteriormente, funcionamento da piscina,
transporte, o quadro de horários, como café da manhã e os horários do almoço e jantar,
e o serviço de limpeza, saberá quando as camareiras poderão ir limpar o quarto.
No aplicativo depois de efetuado o check-in, o cliente terá disponível um encarte
com os serviços disponíveis para navegação e compra. Por exemplo, no caso do hotel,
um catálogo com os serviços de quarto disponível para uma aquisição. Ele poderá
escolher caso necessite de algum funcionário no quarto, personalizar sua comida ou até
mesmo caso tenha algum ingrediente que não seja do seu agrado.
Constará informações sobre eventos que serão sediados pelo hotel e a
acessibilidade disponível a ele. Também haverá serviço para despertar o cliente no
aplicativo. Nele poderá escolher junto ao hotel a melhor forma de se realizado e agendar
possíveis transportes.
Por fim, a última etapa será após o check-out. Uma pesquisa será feita para uma
avaliação dos serviços prestados no estabelecimento. Na classificação de estrelas nos
hotéis, as questões de acessibilidade não tem um peso muito grande, e por isso não é
difícil encontrar hotéis 5 estrelas que não fornecem acessibilidade. O aplicativo
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642
Foto 1
Foto 2
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao desenvolvermos esse projeto, verificamos que há muitas necessidades da
comunidade surda em relação a redes hoteleiras, e que grande parte delas podem ser
supridas com uso de tecnologia. Constatamos que não são necessários investimentos de
altos custos para criarmos mecanismos que auxiliem um atendimento correto, que
respeite as limitações e atenda a especificidade dos deficientes auditivos.
Motivados em ajudar a comunidade surda e por acreditarmos que o preocupar-se
com o outro é fundamental, pensamos em um aplicativo que pudesse servir de
intermédio entre as redes hoteleiras e hóspedes surdos, incentivando dessa maneira a
independência dos mesmos.
Ainda que seja uma implementação simples, um singelo detalhe na vida de um
deficiente auditivo visamos ajudar na superação dessas pequenas limitações, em usar o
não poder ouvir como forma de inovação.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FELIPE, Tanya A. Libras em contexto. Curso básico livro do estudante. 8ª edição. Brasília,
2007.
RESUMO: O objetivo deste estudo é fazer uma análise sobre o ensino da Matemática
em Libras. Para isso, foram buscados os sinais relacionados à matemática, com enfoque
em Geometria Plana, e foram buscados também informações sobre o ensino dessa área
da matemática para pessoas surdas. Foram realizadas pesquisas nos dicionários INES e
no Capovilla e em artigos focados no ensino da matemática para surdos e constatou-se a
falta, não só de alguns sinais, mas também de material didático para esta disciplina.
Portanto, foi percebido que os instrumentos que o professor tem para dialogar com o
1
Docente de Libras, orientadora do trabalho – UFF tatimili@yahoo.com.br
2
Discente de Libras, graduando da UFF
3
Discente de Libras, graduando da UFF
4
Discente de Libras, graduando da UFF
5
Discente de Libras, graduando da UFF
6
Discente de Libras, graduando da UFF
7
Discente de Libras, graduando da UFF
aluno são insuficientes, fazendo com que seja necessária a criação de mais sinais
específicos para essa área da matemática.
ABSTRACT
The objective of this study is to analyze the teaching of Mathematics using
Libras. In order to do that, signs related to Mathematics were fetched, with emphasys in
planar geometry, and information about the teaching of this area of Mathematics to deaf
people was also sought. Searches in the dictionaries INES and Capovilla and in articles
focused in the teaching of Mathematics to deaf people were sought and the absence of
some signs and of didactic material to this discipline was noticed. Therefore, the
instruments that the teacher has to dialog with the student are insufficient, implying the
necessity of the creation of more signs specific to this area of Mathematics.
Key words: Mathematics in Libras, Planar Geometry, Teaching of deaf people, didatic
material.
1. INTRODUÇÃO
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
defendiam o método denominado oralismo puro como o mais adequado para educação
dos surdos.
Em 1987 foi fundada no Brasil a FENEIS – Federação Nacional de Educação e
Integração de Surdos, também no Rio de Janeiro. Apesar da fundação, a mesma só
conseguiu uma sede 6 anos depois. Em 1994, foi aprovado o direito de todas as
crianças, com deficiência ou não, estarem inseridas em escolas regulares de ensino
conforme a Declaração de Salamanca, que define, ainda, que suas necessidades deverão
ser atendidas. Em 24 de Abril de 2002, o Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso sanciona a Lei número 10.436. Lei esta que oficializa a Libras – Língua
Brasileira de Sinais como segunda língua do Brasil e declara a mesma como de direito
de todo cidadão Surdo como sua língua materna. Em 2005 aprova-se também o Decreto
5.626 no dia 22 de Dezembro. Decreto esse que sustenta a Lei 10.436 de 24 de Abril de
2002 e especifica os demais direitos dos cidadãos surdos como na área da saúde,
educação, trabalho. Também defende a Cultura Surda e a importância e obrigatoriedade
do Intérprete de Libras e sua devida formação. Atualmente, seguindo as exigências de
tais legislações a Língua Gestual-Visual Brasileira ou Língua Brasileira de Sinais vêm
sendo inserida nos cursos de graduação com licenciaturas. Intérpretes de Libras vêm
sendo contratados para atuarem em diversos espaços da sociedade. Em algumas
Universidades Federais do Brasil também já encontramos o curso de Letras / Libras
com Licenciatura para formar Professores de Libras e Bacharelado para formação de
Intérpretes.
Segundo FENEIS (Federação Nacional dos Surdos), o surdo–mudo é a mais
antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo, e infelizmente ainda utilizada em
certas áreas e divulgada nos meios de comunicação. Para eles o fato de uma pessoa ser
surda não significa que ela seja muda. A mudez é outra deficiência. Para a comunidade
surda, o deficiente auditivo é aquele que não participa de Associações e não sabe Libras,
a Língua de sinais. O surdo é o alfabetizado e tem a Libras (Língua Brasileira de
Sinais), como sua língua materna.
O surdo é o individuo em que a audição não é funcional para todos os sons e
ruídos ambientais da vida; que apresenta altos graus de perda auditiva prejudicando a
aquisição da linguagem e impedindo a compreensão da fala através do ouvido, com ou
sem aparelhos necessitando de próteses auditivas altamente potentes. Temos também o
hipoacústica auditiva termo usado para designara perda parcial de audição, sendo mais
frequente nos idosos.
Educar o surdo exige maneiras específicas e direcionadas ao educando.
Atualmente aplica-se e discute-se o bilinguismo voltado para a inclusão. Todas essas
considerações sobre língua, língua de sinais e ensino, permite supor o envolvimento
dessas praticas em adquirir a linguística da Libras em paralelo com a Língua
Portuguesa.
Vários educadores tendem a desenvolver os alunos, utilizando uma única
metodologia e esperando que todos aprendam ao mesmo tempo, ao invés de
administrarem a heterogeneidade entre eles e promover a aprendizagem e o respeito de
ambos.
Muitos professores, também, pensam que ter somente o domínio do conteúdo é
suficiente para ser um bom educador. No caso de alunos com surdez, acrescentam ainda
o uso da linguagem de sinais. Para ensinar, tanto alunos ouvintes quanto surdos, é
preciso conhecer o estudante como um todo.
Isto é pelo fato do ensino da matemática, tanto para ouvintes quanto para
surdos, ter como um dos objetivos a apreensão de uma forma de linguagem
(a linguagem matemática formalizada), e pelo fato desta ter em confronto
com a linguagem oral (ou mesmo gestual), uma maior precisão na sua
‘gramática’, permite que esta área obtenha resultados mais satisfatórios
(CUKIERKORN, 1996, p. 109).
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
TRIÂNGULO Ø X Ø
8
https://globoplay.globo.com/v/5377213/
torrno de 7 sinais, cada aluno gravou 1 vídeo. Foram 2 meses, desde o começo do
projeto até a apresentação do site9. O site é de fácil acesso e ele estará ajudando as
pessoas a se comunicarem com os surdos, e ajudando a estes a entenderem as palavras
técnicas da área de informática.
5. CONSIDERAÇÕES
Com todo conteúdo lido e discutido, percebemos que não apenas no ensino da
matemática, mas de modo geral, a Libras ainda carece de vocabulários específicos em
certas áreas.
Sobre o ensino da matemática para surdos, percebe-se a dificuldade no ato de
lecionar. Se faz necessária a união de professores de diversas áreas do conhecimento e
educadores para discutirem sobre tal assunto, chegando em um consenso e
posteriormente contribuindo para o vocabulário de Libras.
Comunicar- nos com o surdo, seja sobre matemática ou qualquer outro assunto,
por meio de sua língua materna, a Libras, é valorizar sua identidade e cultura.
6. REFERÊNCIAS
9
http://napnee.chapeco.ifsc.edu.br/sistema
CAMPELLO, Ana Regina S. Pedagogia Visual / Sinal na Educação dos Surdos. In:
Estudos Surdos II / Ronice Müller de Quadros e Gladis Perlin (orgs). – Petrópolis, RJ:
Arara Azul, Cap. 4, pag 100, 2007. Disponivel em: http://editora-arara-
azul.com.br/estudos2.pdf
SALLES, Heloísa Maria M. L. [et al.]. Ensino de língua portuguesa para surdos:
caminhos para a prática pedagógica. v2. Brasília: MEC, SEESP, 2004 (Páginas
selecionadas 83 - 94). Disponível em: portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf
RESUMO: Este estudo destina-se a abordar a temática da acessibilidade aos surdos nas
bibliotecas da Universidade Federal Fluminense – UFF, a partir da pesquisa
qualiquantitativa, na qual foi feito um levantamento dessas bibliotecas, nos campus do
município de Niterói, para as quais foram enviados questionários, contendo cinco
perguntas fechadas e duas abertas, para que o respondente pudesse, além de dar
respostas objetivas oferecidas por nós, responder da maneira que melhor lhe conviesse.
Partindo do princípio que as bibliotecas são centros de informações, e que, mais
especificamente, as bibliotecas universitárias são centros de apoio à pesquisa e
extensão, e que devem servir e disponibilizar o conhecimento para os alunos de
graduação, pós-graduação e professores, é esperado que as mesmas possam alcançar a
todo e qualquer tipo de usuário, assim como satisfazer suas demandas. Através desse
levantamento foi possível analisar se existe ou não a acessibilidade para esses usuários e
caso não exista, se há algum projeto para atender esse público, levando-se em
consideração as leis de libras e acessibilidade.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho visa abordar a questão da acessibilidade aos surdos nas bibliotecas
universitárias da Universidade Federal Fluminense, nos campos da cidade de Niterói,
utilizando-se de uma metodologia de cunho descritivo e abordagem qualiquantitativa,
ou seja, utiliza métodos quantitativos, objetivos, por meio de questionários com
questões fechadas, que possam retratar a freqüência de determinado dado e qualitativos,
que se dão através da interpretação e contextualização dos dados recolhidos
objetivamente, com os dados recolhidos pelas questões abertas dos questionários acima
referidos e com a bibliografia existente.
Os questionários foram enviados por e-mail, para dezessete bibliotecas da UFF,
sendo uma de pós-graduação, contendo questões fechadas e abertas, sobre a
2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Para que uma universidade seja autorizada a manter seus cursos de graduação,
assim como oferecer novos, esta terá suas bibliotecas submetidas a avaliações quanto à
infraestrutura e ao acervo, devendo ser este “um acervo de qualidade que possibilite o
uso e o acesso às fontes de informação indicadas nos planos de ensino das disciplinas no
projeto pedagógico dos cursos.” (MACHADO; BALTMAN, 2011, p. 10)
Assim sendo, a BU precisa ser acessível e satisfazer todas as demandas que lhe
forem solicitadas, oferecendo a acessibilidade em seus variados aspectos, dentre as
quais podemos citar, de acordo com FIALHO e SILVA (2012, p.156):
3 METODOLOGIA
quais foi enviado um questionário, criado a partir do programa Google Docs, disponível
em:https://doc.google.com/forms/d/1CtBr28fifCFaJK1fbLExaD9fs4FV9sW37UdFMv
KP1ZM/edit, contendo duas questões abertas e cinco fechadas, acerca da acessibilidade
nessas bibliotecas, como o domínio da língua de sinais por parte de algum funcionário,
o nível do domínio, a existência de interprete, a disponibilidade de materiais acessíveis
aos surdos e a existência de projetos para a implantação da acessibilidade, caso essa não
exista.
Assim sendo, a tabulação dos dados das questões fechadas se dará a partir do
próprio programa de confecção do questionário, o Google Docs, o qual gera
automaticamente gráficos estatísticos, referentes às respostas. Quanto às respostas da
questão aberta, serão expostas e discutidas na seção de analise dos resultados do
trabalho.
Através dos dados obtidos pelo questionário foi possível identificar que em um universo de treze
questionarios respondidos, apenas 23,1% dos profissionais tem o domínio da língua de sinais, conforme o
gráfico abaixo.
Gráfico 1
Gráfico 2
Mais da metade de todas as 13 bibliotecas responderan que tem materiais acessíveis aos
surdos, porém pode-se partir da ideia de que essas pessoas que responderam a pergunta
consideram o livro comum como um material para os surdos. Porém, a pergunta se
referia a materiais específicos para esses deficientes.
Gráfico 3
Dos 7 questionarios que dizem possuir materiais acessíveis aos surdos podemos
perceber que a maioria, 42,9%, tem livros com, enquanto que 14,3% conta com DVD’s,
14,3% com CD’s, 14,3% com aplicativos e os outros 14,3% com CD’s, DVD’s, Teses,
Dissertações e acesso ao Portal Capes.
Gráfico 4
Quanto às respostas sobre a existência de intérprete nas bibliotecas o resultado
foi surpreeendente, porque apenas 7,7% dos questionarios respondidos apontaram para a
existência, ou seja, ainda é preciso a implantação de muitas mudanças, pois existem,
ainda, muitas barreiras impeditivas da comunicação com os surdos.
Gráfico 5
Já nas perguntas abertas o grupo fez uma análise das respostas obtidas. Assim,
avaliando o nível das perguntas chegando ao resultado da tabela abaixo.
Tabela 1
Através da escrita. 2
Não há funcionários capacitados para tal. 1
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Brasília, DF, 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm#art18> Acesso em 06 jun.
2017.
BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Brasília, DF, 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm > Acesso em 06 jun.
2017
BRASIL. Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm > Acesso
em 06 jun. 2017
ANEXO
Questionário
1 Qual a instituição?
2 Algum profissional da biblioteca tem domínio da língua de sinais? ( )Sim ( ) Não
3 Qual a fluência ? ( ) Básico ( ) Intermediário ( ) Avançado ( ) Conversação
4 A biblioteca possui em seu acervo materiais acessíveis aos surdos? ( ) Sim ( ) Não
5 Caso possua, quais são? ( ) Livros ( ) CD's ( ) DVD's ( ) Aplicativos ( ) Outro
6 Existe alguma iniciativa/projeto para a implantação da acessibilidade aos surdos? Qual?
7 Existe interprete na biblioteca? ( ) Sim ( ) Não
8 Como se da a comunicação entre os surdos e os profissionais da biblioteca?
RESUMO: O projeto de implementar escolas inclusivas, como direito para todos, data
da década de 1990, mais precisamente do ano de 1994, quando a Declaração de
Salamanca foi redigida. No entanto, já se passaram mais de duas décadas e ainda se
observam muitos obstáculos para o fim do seccionamento no processo de ensino-
aprendizagem nas escolas regulares. Essa barreira de inclusão na sala de aula se
encontra em disciplinas fundamentais para a noção de cidadania e de interação com o
espaço. Portanto, o objetivo principal do presente artigo é compreender e evidenciar
quais os desafios enfrentados pelos alunos surdos, professores e intérpretes no ensino da
Geografia na rede regular de ensino. Considerando que essa disciplina é capaz de
propiciar o entendimento dos discentes sobre a dinâmica de ser/estar no mundo, a partir
de uma visão ampla, tem-se também o intuito de apresentar recursos que favoreçam a
assimilação dos conteúdos geográficos, de forma inclusiva. A metodologia utilizada
para a construção desse trabalho contou com duas etapas: a primeira correspondeu à
1
Graduanda em Bacharelado em Geografia - UFF, nina.carolina.castro@gmail.com
2
Graduando em Bacharelado em Geografia - UFF, diego_gerpe@yahoo.com.br
3
Orientadora do presente trabalho. Docente de LIBRAS - UFF, librasester@gmail.com
4
Graduanda em licenciatura em Geografia - UFF, janecf2016@gmail.com
5
Bacharel em Geografia e Graduanda em Licenciatura em Geografia, rapoportpaula@gmail.com
6
Graduanda em Bacharel em Geografia - UFF, suz_campos@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO
A inclusão tem sido um tema bastante recorrente nos últimos anos, na mídia, nas
redes sociais, nas escolas, nas universidades e em outros ambientes de convívio.
Todavia, sabe-se que embora a população tenha cada vez mais consciência da
importância em incluir socialmente indivíduos com deficiência, assim como vem se
estabelecendo um representativo avanço na legislação brasileira, ainda existem enormes
dificuldades enfrentadas por esses cidadãos em seu cotidiano. Esses obstáculos se
configuram tanto pela falta de infraestruturas para suprir as suas demandas, quanto pela
marginalização social conferida aos mesmos. É importante ressaltar que esses aspectos
atuais são decorrentes de um brutal histórico de discriminação às pessoas com
deficiência, seja ela física ou cognitiva.
Nesse sentido, o presente trabalho tem por intuito compreender e evidenciar os
desafios existentes para a inclusão de indivíduos com deficiência e, de forma mais
específica, para inclusão de estudantes surdos no ensino de Geografia em classes da
rede regular. À vista disso, iremos contextualizar a inclusão e seus respaldos legais no
Brasil; pontuar as principais dificuldades no ensino-aprendizagem de Geografia para
surdos; e listar alguns recursos didáticos que podem ser utilizados para uma melhor
interação entre os integrantes de uma turma inclusiva (professor – alunos, alunos
ouvintes - alunos surdos, alunos surdos – intérpretes).
Os argumentos apresentados ao longo do artigo têm por base a apreensão do
ensino inclusivo como “a prática da inclusão de todos – independentemente de seu
talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural – em escolas e salas de
aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”
(KARAGIANNIS; STAINBACK; STAINBACK, 1999). Assim, entendemos que
incluir o estudante surdo em uma escola regular não significa somente abrir as portas
para que o mesmo compareça às aulas, mas sim, garantir ao discente que todas as suas
demandas sejam atendidas para um ensino-aprendizagem de qualidade.
A fim de explorar tal assunto, estruturamos o trabalho em cinco seções, além da
introdução e das considerações finais. No item dois constará os métodos e
procedimentos utilizados na presente produção. A seção três irá contextualizar toda a
discussão abordada pelos autores, uma vez que explora o conceito de inclusão. O quarto
item embasa o artigo, através da apresentação dos pontos da legislação brasileira sobre
inclusão. A partir da seção cinco, o artigo pormenoriza o ensino inclusivo da Geografia,
disciplina cursada pelos autores. E por fim, a sexta seção apresentará experiências
concretas sobre a educação inclusiva de Geografia para surdos em uma escola na rede
regular de ensino, no município de Cachoeiras de Macacu.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
3 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
3.1 O ENSINO INCLUSIVO
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade de condições em igualdade com as demais pessoas
4 DISCUSSÃO
4.1 O ENSINO DE GEOGRAFIA PARA SURDOS
Esta seção se dedica a ilustrar de forma concreta o tema do referente artigo. Para
tanto, os autores realizaram em junho de 2017 uma entrevista com a professora Giuliane
Teixeira da Silva e Sousa, que leciona a disciplina de Geografia na Escola Municipal
São Francisco de Assis situada em Papucaia, no Município de Cachoeiras de Macacu,
numa classe regular de EJA (Educação de Jovens e Adultos), onde a realidade de
inclusão é uma constante na escola supracitada, uma vez que é a única na rede
municipal que atende a essa demanda.
A docente leciona para um aluno surdo de nascença, que cursa a nona fase do
ensino fundamental. Optamos por mencionar esse discente como “R.”, tendo em vista a
preservação da sua identidade. Diante desta vivência, a professora estaria, ao nosso ver,
apta para responder questões presentes neste trabalho, no que diz respeito às formas de
comunicação com o aluno, dificuldades na transmissão de conteúdo, desafios vividos
pelo aluno surdo e métodos de inclusão de alunos surdos no ensino regular.
Primeiramente, Giuliane conta que utiliza o quadro para colocar a rotina da aula
e a correção de exercícios, para que o aluno surdo tenha um melhor acompanhamento.
Em relação à comunicação, a professora, que não possui conhecimento da Libras, conta
com o auxílio de uma intérprete, o que ela mesma considera um privilégio, uma vez que
esta não é uma realidade viável na maioria das demais escolas do estado. Por outro lado,
a impossibilidade de comunicação direta com seu aluno a frustra diante do seu
entendimento de que os alunos devem ter a referência do professor.
Em relação ao conteúdo de Geografia a ser apresentado, a docente acredita que
os meios visuais sejam de extrema importância para que R. assimile os conteúdos.
Nessa perspectiva, ela utiliza diversos recursos em suas aulas, tais como: imagens,
mapas, gráficos, vídeos e trabalhos de campo. Além disso, R. conta com uma sala de
recursos onde pode receber apoio para compreensão de conteúdos transmitidos em sala
de aula, especialmente os mais complexos.
A professora atenta para um ponto positivo em R., que é sua capacidade de se
comunicar, mesmo que pouco, em Libras. Em referência a sua experiência, ela conta ter
lecionado para alunos surdos que não possuíam conhecimento algum da linguagem de
sinais, que os tornava “meros copistas” e dificultava a inclusão na turma. Por outro lado,
R. ainda enfrenta dificuldades em relação ao convívio com seus colegas de classe, pois
estes se vêem distantes do aluno surdo em termos comunicativos. Tal fato nos revela a
necessidade de aprofundar a educação inclusiva, uma vez que ela não funciona somente
educando os alunos surdos, mas sim todos que com ele dividem o ambiente de
aprendizagem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
em: <http://peei.mec.gov.br/arquivos/politica_nacional_educacao_especial.pdf>.
Acesso em: 02 jun. 2017.
RESUMO: O presente trabalho tem por finalidade discutir as políticas públicas para
educação de alunos surdos no Brasil e as dificuldades de implementação no contexto
escolar para compreender como a condição de marginalização linguístico-educacional
ainda prevalece. Tais políticas vêm preconizando o discurso de integração/inclusão do
portador de necessidades educativas especiais ao estabelecer o atendimento educacional
especializado, preferencialmente, nas classes regulares de ensino. Enfrentar a realidade
da sala de aula passa por lidar com as contradições de como tem se dado esse processo,
que segundo as perspectivas aqui adotadas, ainda não contemplam às especificidades
linguísticas e culturais do aluno surdo, sujeito historicamente segregado das
experiências educacionais. Inserir esses alunos nas classes regulares com algumas
medidas adaptativas (intérpretes e salas de recurso – principais focos do MEC para
operacionalização das políticas de inclusão) é suficiente? A despeito dos avanços
recentes no que tangem as linhas de ação enunciadas nos documentos oficiais,
verificamos que no bojo do discurso “Educação para Todos”, ainda prevalece uma
lógica homogeneizadora na qual esse aluno deve se adaptar a escola, e não o contrário,
além de preconizar uma inclusão sem que a rede de ensino tenha condições estruturais
de recebê-lo. Neste sentido, a educação de alunos surdos é percebida como um processo
em curso, cenário que reforça a importância da circulação de estudos na área e
1
Graduanda de Licenciatura em História – UFF, rafaela.vasconcelos@gmail.com.
2
Graduando de Licenciatura em História – UFF, matheus.ecabral@yahoo.com.br.
3
Trabalho orientado pela docente de Libras I – UFF, nuedis.uff@gmail.com.
ABSTRACT
This present study aims to discuss the educational public policies when it comes to deaf
students in Brazil and the implementation difficulties in the school context so as to
understand how the educational linguistic marginalization overrules. These policies
have been endorsing the speech of integration and social inclusion of the student with
special educational needs at the moment they provide special educational service,
preferably, in the regular school. Facing the reality in the classrrom goes through
dealing with the contradictions of how this process has been really going and, as it’s
shown in this paper, that this process does not contemplate the specificities either
linguistic or cultural of the deaf student who is historically segregated from the
educational experiences. Is inserting these students in regular classes with some
adaptive measures (interpreters and resource rooms - main focus of MEC for the
operationalization of inclusion policies) enough? Despite the recent advances with
respect to the lines of action mentioned in the official documents, we understand that
when it comes to the speech "Education for All" there is not only a homogenizing logic
prevailing in which this student must adapt to the school and not the other way around
but also an endorsement for the inclusion of the student without the educational network
having structural conditions to receive him. In this sense, the education of deaf students
is perceived as an ongoing process, a scenario that reinforces the importance of the
circulation of studies in the area and political involvement. For the development of this
research, the survey and the bibliographic analysis in the field of Deaf Studies,
Sociolinguistics and normative documents and data of the School Census of Basic
Education were carried out.
INTRODUÇÃO
é cercado de esquecimentos que não são inocentes, entre eles, um território marcado
pela diversidade linguística que existia, resiste e ainda é desconhecida por grande parte
da população. Abalando a ideia de monolinguismo, estima-se que mais de 250 línguas
sejam faladas no Brasil entre indígenas, de imigração, crioulas e afro-brasileiras e de
sinais, sendo uma delas a Libras4.
Até meados do século XIX, ainda não existia uma ideia pública sobre a
educação de surdos no Brasil. E mesmo com a fundação do Instituto de Educação do
Surdo (INES) no Rio de Janeiro, em 1857, a imposição do método oralista, objetivando
que o surdo se aproxime do modelo de perfeição ouvinte, se manteve dominante em
grande parte da trajetória educacional. Tensionado por movimentos de resistência da
comunidade surda, tal concepção representou ao lado do paradigma assistencialista um
obstáculo ao pleno desenvolvimento destes sujeitos.
Com a ascensão do valor da diversidade, dos ideais democráticos e
multiculturalistas relacionados à teoria pós-moderna no século XX, a luta por
reconhecimento de amplos direitos dos grupos minoritários têm se transformado nas
principais arenas políticas contemporâneas, onde a cultura e a língua exercem um papel
fundamental.
A partir da década de 1960, sociólogos, antropólogos e linguistas passam a se
debruçar sobre estudos relacionados aos indivíduos surdos, gerando uma visão sócio-
antropológica da surdez, em oposição à visão médico-terapêutica.
Neste quadro de elaboração de novas concepções sobre a surdez, que deixa de
estigmatizar pela incapacidade que impede a aquisição de conhecimentos e educação e
passa a ser afirmada positivamente como uma diferença, diversas políticas públicas são
gestadas em conformidade com a demanda por uma sociedade mais inclusiva.
4
Há registros de uma outra língua de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta
Amazônica. Ver os dados no Guia de pesquisa e documentação para o inventário nacional de diversidade
linguística: patrimônio cultural e diversidade linguística, produzido pelo IPHAN e disponível em:
< http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/INDL_Guia_vol1.pdf>
5
Educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação.
6
Considerando todas as esferas e etapas da Educação Básica e as redes pública e privada.
7
Considerando todas as esferas e as redes pública e privada. Os dados revelam uma forte expansão de
matrículas na rede pública, enquanto a rede privada tem uma participação reduzida: nos anos iniciais do
ensino fundamental são 20.663 matrículas de alunos incluídos nas classes regulares e no ensino médio
5.115 alunos incluídos.
Apesar da conquista, ao não determinar uma carga horária mínima e diretrizes para a
disciplina, não garante condições suficientes para que as demandas por profissionais que
dominam a língua sejam efetivamente atendidas. Para ilustrar, na Universidade Federal
Fluminense temos a disciplina Libras I atendendo todos os cursos de licenciatura, no
entanto, ainda limitada a uma carga de 30horas/aula. Apesar do estimulante e dedicado
trabalho da equipe docente, o tempo destinado para equilibrar o ensino teórico e prático
de uma língua com estrutura própria e distinta do português só garante um
conhecimento básico e o despertar do interesse. Outra lacuna, é que ao ser ministrada
em turmas com alunos oriundos de diferentes licenciaturas e aprendendo um “conteúdo
padrão”, não conseguimos entrar nas especificidades inerentes de cada curso. Como
explorar terminologias mais complexas utilizadas pela História, como o conceito de
colonização? A universidade tem uma responsabilidade social perante a comunidade e
precisa ir além do que determina a lei.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo verificou que os avanços recentes nos dispositivos normativos do contexto
socioeducacional revelam de forma sutil que sob o lema de “Educação para Todos”, na
prática se mantém uma escola que ao contrário de se adaptar ao educando surdo,
pretende o oposto, e assim continua perpetuando exclusão dentro do discurso de
inclusão/integração, sem modificar sua estrutura.
REFERÊNCIAS
________. Lei n.º 9.394/1996. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
RESUMO: Este artigo acadêmico propõe discutir sobre publicidade e propaganda para
surdos. O debate é iniciado com uma análise da dicotomia da comunicação social,
destacando as diferenças entre as áreas de Jornalismo, Teatro e Publicidade e
Propaganda, tratando um pouco sobre o cerne principalmente sobre seus objetivos ao
redor do público; conclui com a computação da diferença entre publicidade e
propaganda, definindo os dois conceitos, a fim de esclarecimento antes de chegar ao
ponto principal a ser discutido neste artigo. Após as definições, é contextualizado o
surdo em questões sociais, a partir da Lei 10436, o valor real da Lei de Libras (Língua
Brasileira de Sinais), que, apesar de tornar a Língua Brasileira de Sinais a segunda
língua oficial do Brasil, ainda força que o surdo aprenda o Português, ao definir que
Libras não pode substituir a Língua Portuguesa no discurso escrito. Então, é indagado
como a comunidade de surdos, que é enquadrada em um contexto cultural distinto, está
inserida e participando da esfera comunicacional, discutindo a história da educação para
surdos e conseqüências na atual realidade comunicacional. Depois de fazer uma relação
1
Docente da disciplina Libras, orientadora do trabalho – UFF tatimili2@yahoo.com.br
2
Discente da disciplina Libras, graduando da UFF deboraheltz@gmail.com
3
Discente da disciplina Libras, graduando da UFF
4
Discente da disciplina Libras, graduando da UFF gomesisabelle@id.uff.br
5
Discente da disciplina Libras, graduando da UFF raphaelareis97@hotmail.com
INTRODUÇÃO
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Atualmente, algumas marcas têm tentado ser mais inclusivas, como por exemplo
a Avon6 com o vídeo “Encanto Irresistível Apresenta: Maiara e Maraisa (Versão
Acessível) | AVON”7, em que há a presença de legenda, intérprete e áudio-descrição.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
6
Após pesquisa, percebe-se que é veiculado a versão acessível apenas online.
7
“Encanto Irresistível Apresenta: Maiara e Maraisa (Versão Acessível) | AVON”. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=qxqMI6ByGBI
8
Disponível para acesso em http://blog.handtalk.me/ Acessado em: 11 de Junho 2017
9
Disponível para acesso em https://culturasurda.net/ Acessado em: 11 de Junho 2017
até se tornarem na gigante presença que são na sociedade atual. Agora, marketing e
propaganda estão inseridos em todas as esferas, indo desde planejamento à
desenvolvimento de produto, de pesquisa de opinião até relacionamento com cliente. A
conexão entre as pessoas e a propaganda está cada vez mais forte.
Evoluindo tendencialmente, já se fizeram presentes textos enormes, imagens
atrativas, sons gritantes; encontrou momentos de crise e de barreiras, perdeu o mercado
do cigarro, é cada vez mais restringida com assuntos delicados, como em anúncio de
produtos infantis. Apesar disso, a publicidade e propaganda sempre dão a volta por
cima, estabelecendo a sua importância e essencialidade na realidade contemporânea.
Considerando as questões levantadas anteriormente neste artigo, porém, não é
possível dizer que a publicidade está realmente atingindo, em sua máxima capacidade,
todos os públicos; mas a situação da propaganda, é diferente.
A “personalidade” do século XXI é marcada pela velocidade, compressão,
compactação. Menos palavras, mais imagens, mais som, mais rápido. Inserir, então, o
surdo se mostra um grande desafio. A musicalidade carrega grande parte do sentido.
Músicas, paródias, pessoas dançando exibindo marcas e produtos. A publicidade
trabalha com a sensação, emoção, muitas vezes não relacionando o visual com o real
objeto anunciado; assim, mesmo com legendas, muitos da comunidade surda têm
grande dificuldade de entender o que as campanhas querem dizer, quais são os seus
objetivos; afinal, como dito anteriormente, o surdo vive uma realidade cultural diferente
do não-surdo, não estando inseridos nessa esfera comunicacional com a qual a
publicidade convencionalmente trabalha.
Aos poucos, a luta tem sido inserida no cotidiano, e a sociedade, porém, vem se
mostrando cada vez mais preocupada com questões envolvendo acessibilidade. Os
anúncios governamentais precisam, obrigatoriamente, ter legendas ou uma tela no canto
inferior com um intérprete, como citado anteriormente. Apesar disso, é preciso levar em
conta que, segundo o Censo de 2010, quase 10 milhões de brasileiros se enquadram
como surdos (constanto que, dentre eles, existem diferentes níveis de surdez), a
acessibilidade apenas deste tipo de propaganda não pode ser dita como suficiente.
Em contrapartida, é possível ver cada vez mais propagandas e campanhas com
conteúdo direcionado ou envolvendo surdos, em diferentes níveis e contextos. A seguir,
algumas destas serão mencionadas.
A Bradesco Seguros10 fez uma propaganda utilizando o programa de
acessibilidade construído para o site deles: um intérprete criado por animação traduz
todo o conteúdo em Libras. Na propaganda, esse intérprete fala, também em Libras,
sobre o recurso, o que ele pode fazer pelo usuário e como utilizá-lo.
SAMSUNG promoveu duas lindas campanhas, uma tendo viralizado na Internet,
onde uma cidade aprende Língua de Sinais para surpreender jovem surdo11, e também
“Teatro para Todos”12, onde a SAMSUNG disponibiliza, através de seus smartphones,
legendas em tempo real para que a comunidade surda seja capaz de frequentar e
entender peças de teatro.
As empresas Avon e Havaianas trouxeram a caixinha com intérprete no canto
inferior direito. A empresa de cosméticos, em seu comercial “Solte Suas Cores”13,
trouxe uma intérprete cheia de vida, dançante e animada, assim como é o conteúdo
transmitido. Havaianas14 brincou, trazendo a presença do intérprete como elemento
essencial ao tema da propaganda.
10
“Bradesco Seguros LIBRAS”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rYYt9WPWDXc
11
“Hearing Hands” (“Mãos que ouvem” em tradução livre). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=JEVT6b7zMUQ
12
“Teatro para todos”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RRihTJxAlk0
13
“Promoção: Solte Suas Cores (Versão Acessível) | AVON”. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=odbPSZBFuJ8
14
Daniella Cicarelli para a Havaianas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jPcWwzp9s28
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para começar, é preciso direcionar todas os questionamentos até que eles se tornem
apenas um: o que se pode fazer para mudar essa situação?
É extremamente necessário aumentar a conscientização da população em
relação ao estilo de vida dos deficientes auditivos, suas peculiaridades e as dificuldades
que eles enfrentam; e uma boa maneira de começar seria voltar as atenções para a
produção de conteúdo informativo. A publicidade tem o poder de tocar e emocionar as
pessoas – por que não usar esta capacidade para conscientizar e dar voz à comunidade
surda?
Apesar disso, há a evidente necessidade de pesquisar o universo dos surdos –
seu jeito de viver, suas singularidades, seu modo de observar o mundo – a fim de criar
conteúdo exclusivo para eles, algo com que eles se identifiquem e gostem de forma
genuína. Não adianta criar conteúdo focando na reação dos ouvintes: os surdos
merecem receber um material pensado exclusivamente para eles. Um bom exemplo
disso é o próprio comercial da Vivo, “Casal”18, citado anteriormente, que conquista o
público pela simplicidade da proposta.
Continua sendo necessário propagar as dificuldades que os surdos passam
diariamente e fazer com que suas histórias sejam observadas. O mundo de hoje
permanece não sendo tão favorável para as pessoas com deficiência, seja ela qual for,
apesar de tantos avanços tecnológicos e sociais. É importante incluir a comunidade
surda, fazer com que eles tenham acesso rápido e fácil a tudo do mesmo jeito que os
ouvintes são capazes hoje em dia. Com um pouco de planejamento e força de vontade, é
possível realizar essa conquista.
Qualquer avanço, por mais sutil que seja, é de extrema importância,
considerando ser trabalho da comunicação social levar em conta todas as pessoas para a
qual a propaganda vai se voltar. É essencial uma pesquisa e direcionamento maior para
a comunidade surda.
18
“Casal”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WB9VtOA_lgQ
7. REFERÊNCIAS
1
Licencianda em História – UFF, tbelonia@gmail.com
2
Licenciando em História – UFF, andre.henning@gmal.com
3
Licencianda em História – UFF, julialps@gmail.com
4
Licenciando em História – UFF, wallacepires98@live.com
5
Licencianda em História – UFF, jusanctos@gmail.com
6
Licencianda em História – UFF, luciana.costa.rb@gmail.com
7
Licencianda em História – UFF, annacarollyne95@hotmail.com
8
Licenciando em História – UFF, barros.felipe1998@gmail.com
9
Licencianda em História – UFF, juliassantos@hotmail.com
ABSTRACT
In this article, we are going to discuss about perceptions and meanings of some of the
terms used in Libras. We will specificaly think about the racial question e a “would be”
racism present at the signs. While discussing about this matter, we will try to understand
from diferent perspectives, from deaf as much as from listeners about representation
through signs, according to KARNOPP (2004)’s propositions. The researsh’s goal for
this group was the signs to black and white referring to ethnics, being the general
impression that they have a racist meaning in a reading through simbolism, in
MUNANGA (2006)’s point of view. By observing the signal for the white color comes
the idea that the skin color, by default, is white becouse this sign refers directly to skin.
About the sign to the black ethnics, the group questions itself from where does it comes:
if related to black counsciousness, or if in a pejorative way about hair style, as
expression for a cultural contracted racismo comming from MILLS (1999)’s theorical
basis.
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
A questão simbólica
10
Karin Lilian Strobel, doutora em educação pela UFSC, especializada na área de surdez,
professora no departamento de Letras da UFSC e coordenadora geral de Libras na instituição, desde 2013.
11
Mikhail Mikhailovich Bakhtin, foi um filósofo e pensador russo, teórico da cultura europeia e
as artes. Bakhtin foi um pesquisador da linguagem humana, seus escritos inspiraram trabalhos de
estudiosos em um número de diferentes tradições (o marxismo, a semiótica, estruturalismo, a crítica
religiosa) e em disciplinas tão diversas como a crítica literária, história, filosofia, antropologia e
psicologia.
12
Lodenir Becker Karnopp, Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no
Departamento de Estudos Especializados e no Programa de Pós-Graduação em Educação. Possui
graduação em Letras, Mestrado e Doutorado em Linguística e Letras (PUCRS, 1999). Desenvolve
pesquisas no campo dos Estudos Culturais em Educação, com ênfase em Línguas de Sinais e Educação de
Surdos. Desde julho de 2015 é líder do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos
(GIPES), do DGP/CNPq. http://lattes.cnpq.br/6776335394919903
Racismo simbólico
Em contrapartida, o antropólogo e professor brasileiro-congolês, Kabengelê
Munanga13 (2006), afirma que, “por ignorância em relação às diferenças culturais e
étnicas, e também por uma questão econômica e política, o espírito colonizador europeu
desfigurou a personalidade moral, a intelectualidade e as características biológicas do
negro, tornando-o escravo. Sem alternativas, o negro teve que ser instruído na escola do
colonizador e, pouco a pouco, foi convencido da própria inferioridade”.
Partindo desta compreensão, em um desenvolvimento socialmente
orientado, deve-se buscar a ressignificação de conteúdo, que tenham sido colonizados
para perpetrar formas de preconceito na língua, como racismo simbólico.
Não foram encontrados indícios que demarquem o surgimento do signo que
caracteriza a pessoa negra, mas resta supor que seu simbolismo denota uma observação
pejorativa, quando comparado com a neutralidade na identificação simbólica de outros
grupos étnicos. Cabe discutir se tal signo, de fato, faz representar tal grupo perante a si
mesmo, ou é uma designação realizada contra sua alteridade, pelo elemento dominador.
Do mesmo modo que os vocábulos dos falantes, os sinais podem, e devem
ser investigados na sua estrutura, simbolismo e significado, em seu tempo presente, e na
sua evolução no tempo histórico, que podem expor os interesses sociais e políticos
mobilizados.
Cabe notar que, a língua como elemento vivo, constitui memória cultural de
uma sociedade dada, transmitindo seus valores, e no seu processo de percepção das suas
incongruências, sua transformação registra as ampliações de suas preocupações
13
Kabengele Munanga, antropólogo e professor brasileiro-congolês. É especialista em
antropologia da população afro-brasileira, atentando-se a questão do racismo na sociedade brasileira.
Kabengele é graduado pela Université Oficielle du Congo e doutor em Antropologia pela Universidade de
São Paulo.
relacionais. Uma vez que não há palavra, enquanto signo, que seja isenta de
interpretação, política e ideologia, pois refletem valores marcados em algum momento e
situação, em sua escala própria de valores.
Nossa sociedade é reconhecidamente fundada em padrões de classes
dominantes, que impõem sua carga de valores próprios, em cada aspecto da vida social,
e a língua reflete estas cargas, sobretudo contra os grupos minoritários, em uma
ideologia encravada nos signos da língua, como reflexo da mentalidade organizada pelo
dominador.
Movidos por curiosidade investigativa, para comparar culturalmente a
simbolização do significado dado a pessoa negra em outros contextos, realizamos a
pesquisa de como esse termo é construído em outra cultura com dilemas semelhantes.
No caso, foi encontrada a construção do sinal na ALS - American Language Sign -
estadunidense. Tal sociedade articula de modo bastante crítico às questões da língua e
seus significados nas relações étnicas, ressaltando que, para estes, a preferência é se
referirem a si mesmos como black person, pessoa preta, pois o termo equivalente ao
termo negro, usado no português, tornou-se uma palavra proibida culturalmente, por
evocar o contexto escravista, sendo comumente referida como the ‘N’ word, a palavra
com N. Se faz necessária essa contextualização, para expor como questões de etnicidade
são tratadas em dada cultura. Foi percebido que, os sinais étnicos foram estabelecidos
em conformidade com o sinal da cor correspondente, e quando necessário marcar ser
pessoa ou grupo de pessoas, é conjugado com o sinal próprio para pessoas.
Percebendo essa dicotomia, cabe a análise sobre a auto representação em
Libras das questões de etnicidade, como modo de promoção da autoestima e
compreensão própria, da pessoa negra em relação a si própria. Uma vez que se faça a
reanálise esse simbolismo, sob outro ângulo, compreenda-se que a projeção do
imaginário social produz a ilusão de que o simbolismo ocorre naturalmente, sem
identificar que este reproduz a crença no mito da democracia racial.
A invisibilidade do racismo
14
Charles Wright Mills (1916-1962), sociólogo, filósofo e antropólogo dos EUA, com mestrados
em arte, filosofia e sociologia pela Universidade do Texas, e doutorado em sociologia e antropologia pela
Universidade do Winscosin, foi professor de sociologia nas Universidades de Maryland e Columbia.
CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Nesta etapa do artigo, foi realizada a análise em sala de aula a partir dos
sinais encontrados no dicionário. Na organização da análise, foi discutido o simbolismo
DISCUSSÃO DE RESULTADOS
REFERÊNCIAS
MILLS, Charles Wright. The Racial Contract. Ithaca, NY, USA: Cornell University
Press, 1999.
AGRADECIMENTOS
Neste artigo também é retratada a possível violência cultural que ocorre quando
não se leva em consideração a autorização cultural necessária para criar esses sinais
visto que os surdos são os verdadeiros detentores de Libras, sendo assim a criação de
sinais só pode ser realizada por alguém autorizado pela cultura surda, o próprio surdo ou
um indivíduo imerso e aceito pela comunidade. Sem o conhecimento das matérias
escolares, em especial química que é abordada nesse artigo, os alunos surdos, em
geral ficam sem perspectivas acadêmicas para uma formação futura.
1. INTRODUÇÃO
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
Este estudo se baseia em teóricos, tais como: Pereira e Vieira, (2009), Sperb e
Laguna, (2010) e Falcão, (2010) tem como finalidade verificar a existência dos
conceitos bases para entendimento da família dos Halogênios da tabela periódica em
Libras, a escolha dessa família se deve ao fato dela ser a segunda melhor compreendida,
logo depois dos metais alcalinos, e dado suas diversas propriedades e aplicabilidades,
através de pesquisas nos dicionários (CAPOVILLA, 2015), Hand Talk (ZERO PIXEL,
2012) e (LIRA E SOUZA, 2015) para formar o corpus deste trabalho.
Como abordado por Pereira e Vieira (2009), a Libras é composta por sinais que
possuem significados complexos e visto que a datilologia é apenas um empréstimo da
língua portuguesa, a necessidade de sinais que exprimam conceitos para a compreensão
de matérias não é suprida. Por isso a busca por lacunas no vocabulário de Libras é
fundamental, para que identificadas possam ser cobertas tornando assim de mais fácil
compreensão e atratividade para o aluno surdo. Também é abordada a questão levantada
por Sperb e Laguna (2012) de comunidade surda e sua cultura que devem ser
respeitadas durante a criação de sinais.
3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Halogênios Ø Ø Ø
Energia de Ø Ø Ø
Ionização
Afinidade Ø Ø Ø
eletrônica
Eletronegatividade Ø Ø Ø
Reatividade Ø Ø Ø
Diatômico Ø Ø Ø
Polarizabilidade Ø Ø Ø
Toxicidade Ø Ø Ø
Volatilidade Ø Ø Ø
Tabela Periódica X X Ø
5. CONSIDERAÇÕES
Consideramos que foi demonstrada a ausência dos mais básicos sinais para
propriedades químicas de extrema importância, fica claro que é esse um dos grandes
desafios do ensino e aprendizado de química através de Libras sendo necessária a
criação de sinais que abranjam todo o sentido do conceito a ser explicado, o que leva a
questão da autorização cultural necessária para criar esses sinais, pois não basta cria-los
é preciso que eles sejam integrados a comunidade surda e não impostos como oficiais
apenas por não existirem, para que não seja cometida uma violência cultural visto que
os verdadeiros detentores de Libras são os surdos.
REFERÊNCIAS
PINTO, Elaine Sueli da Silva; OLIVEIRA, Ana Carolina Garcia de. Ensino de Química
para surdos na perspectiva de alunos surdos, professor, intérprete e coordenação. Cruz
das Almas: UFRB, 2013.
SILVA, Deivisson Santos da; et al. A tabela periódica em libras como instrumento de
acessibilidade para o estudante surdo no aprendizado da química. Campus Arapiraca:
UFAL, 2009.
This work aims to do a brief historical gathering that refers to the sign language, linking
the disciplines of history and geography to this matter, allowing us to do a comparative
analysis of this language, with the support of certain jargons that are usually utilized by
those fields of study, with the objective to demonstrate the importance of the sign
1
Orientadora
language (libras) and it’s impact for the deaf society, pointing out education’s
importance as a tool for social inclusion.
INTRODUÇÃO
de cada língua de sinais de cada país, tanto como dentro das próprias regiões dos
territórios nacionais.
Antes do Séc. XVIII, não havia uma separação muito clara do que viria a ser
chamado de Oralismo e Gestualismo. No campo pedagógico existia uma espécie de
acordo no qual o sujeito surdo teria que aprender de qualquer maneira a língua dos
ouvintes da sociedade aonde estavam inseridos. Como falta de conscientização, os
oralistas basicamente exigiam que os surdos “superassem” esse problema da surdez e
aprendessem a fala para poderem se adequar aos padrões da sociedade na qual viviam, o
radicalismo nesse sentido era tão grande, que alguns chegavam a reprimir qualquer tipo
de atitude que lembrava ao sujeito que ele era surdo e que não poderia falar como os
ouvintes.
Essa exigência fazia com que os surdos fossem fortemente reprimidos pela
sociedade, e deixados de fora de qualquer possibilidade e acesso à educação, de
desenvolvimento pessoal e de uma integração na sociedade, sendo obrigados a se
organizar praticamente de forma clandestina. A partir do Séc. XVIII fora aberta uma
brecha nessa imposição radical, muito também pela luta que os gestualistas travaram
contra os Oralistas defendendo um ensino específico para os Surdos.
Os gestualistas defendiam que a tolerância era necessária, e muito além disso era
preciso desenvolver um ensino que não fosse por imposição do oralismo, e que fosse
capaz de introduzir o surdo na sociedade de maneira que eles tivessem acesso a todo
tipo de educação e organização social a qual todos tinham acesso. Eles foram
percebendo que os próprios surdos desenvolviam uma linguagem, que mesmo diferente
da linguagem oral, era muito eficaz para a comunicação e a transmissão de
conhecimento em geral, inclusive aquele que era teoricamente dirigido somente para a
cultura oral.
Essa divisão que fora feita a partir do Séc. XVIII permanece com uma certa
discussão até hoje, alguns defendem a necessidade de o surdo ser incluído na sociedade
aonde ele vive através do aprendizado da língua local, e dizem que isso é absolutamente
necessário para que a sociedade surda tenha um desenvolvimento, uma organização e
um acesso a todos os tipos de conhecimento e cultura de sua sociedade.
O congresso de Milão
Após séculos de falta de políticas oficiais quanto a educação dos surdos, o 2º
Congresso Internacional de Educação dos Surdos (ocorre em 1880) aparece como o
evento oficializador de regras para a educação dos surdos, dando início a um domínio
do ensino da língua oral nas instituições de ensino. Para falarmos do Congresso, porém,
não podemos falar dele como um evento a parte do resto da sociedade; ele também está
inserido em contextos históricos e sociais, como veremos a seguir.
Com a chegada da modernidade, temos o aumento do uso da razão em
detrimento da religião como argumento para justificar as ações tomadas pelos seres
humanos. Com a essa utilização da razão, a desculpa para a marginalização dos surdos
passa a ser biológica. Na sua obra Microfísica do poder, Michel Foucault, trata dessa
questão em particular, argumentando que o motivo estava voltado a questão da
produção, assim consequentemente ligado a sociedade capitalista, por isso haveria esse
investimento sobre a questão do corpo como parte importante dessa sociedade. Portanto
Foucault (2006, p. 80): E, no sistema capitalista, esse controle dos corpos está associado
ao “corpo enquanto força de produção, força de trabalho”.
Portanto as medidas propostas pelo Congresso, que visavam o uso majoritário,
se não total domínio do método oralista invés do gestual, teriam como meta uma
“higienização” da população surda, adequando as mesmas ao oralismo, por meio de
práticas tais como o trabalho das habilidades de fala e de leitura labial, assim adequando
a realidade que se construía as bases da sociedade produtiva, a qual necessitava corpos
produtivos, sem deficiências que atrapalhassem a produção.
Nota-se então que essas medidas tinham como objetivo uma alteração do uso da
língua, dando vez a língua oral com objetivo de inclusão na sociedade capitalista. Karl
Marx trata dessa questão, pois para ele a língua funcionava como produto social, ou
seja, como uma ferramenta usada pelo homem para conseguir alterar o que rodeia ele; o
seu meio, essencialmente. Percebe-se que a língua não está alienada do capitalismo,
principalmente a questão do uso de gestos, que foi notada quando o padre beneditino
Pedro Ponce de Léon se propôs a só ensinar a língua de gestos a membros de famílias
nobres.
Ao promover uma análise das medidas que foram implementadas pelo
Congresso, as autoras Angela Baalbaki e Beatriz Caldas fazem, em seu artigo “o
impacto do Congresso de Milão sobre a língua de sinais”, uma análise do discurso
dessas medidas, observando as palavras utilizadas pelo mesmo, por exemplo o uso da
palavra “pura”, que implicaria que a surdez seria algo impuro, e as medidas seriam para
“limpar” a língua gestual, uniformizando ela. Segundo Balbaaki e Caldas (2011, p.10)
“Não se chega a esse sentido explicitamente, porém, ao analisarmos o adjetivo pura em
língua articulada pura, não podemos nos furtar a tomá-lo no sentido de “livre de
impurezas, limpo. Haveria então um discurso apontando para uma inferioridade latente
dos surdos em relação aos ouvintes?”.
Como dito no começo deste capítulo, o Congresso de Milão não começou com
esse predomínio do oralismo, só deu um caráter oficial a ele, e assim foi seguido por
vários setores da ciência e da academia por consequência. Assim, o Congresso passa a
ser a instituição que citou as regras de como seria a educação de surdos até meados do
século XX, quando politicas inclusivas começam a visar esse grupo também. Abaixo
estão as medidas impostas por esse evento2
1. O uso da língua falada, no ensino e educação dos surdos, deve preferir-se à língua
gestual;
2. O uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino de surdos, afeta a
fala, a leitura labial e a clareza dos conceitos, pelo que a língua articulada pura deve ser
preferida;
3. Os governos devem tomar medidas para que todos os surdos recebam educação;
7. A idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10 anos,
sendo que a criança deve permanecer na escola um mínimo de 7-8 anos; nenhum educador
de surdos deve ter mais de 10 alunos em simultâneo;
8. Com o objetivo de se implementar, com urgência, o método oralista, deviam ser reunidas
as crianças surdas recém-admitidas nas escolas, onde deveriam ser instruídas através da
fala; essas mesmas crianças deveriam estar separadas das crianças mais avançadas, que já
haviam recebido educação gestual, a fim de que não fossem contaminadas; os alunos
antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral;
2
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%F3ria_dos_surdos
restringir a linguagem em sua forma oral ,este método pressupõe a surdez como uma
deficiência que deve ser minimizada através de uma estimulação auditiva que irá
contribuir para o aprendizado da linguagem oral, além de proporcionar uma interação
com a comunidade ouvinte, tornando-o assim uma pessoa “normal” , seguindo assim
uma tendência mundial, fato que só vem a sofrer mudança na década de 1970 quando
chega ao Brasil a filosofia da comunicação total.
Porém, Huet encontra grandes dificuldades para lecionar no Ines, devido o seu
não reconhecimento como cidadão brasileiro por parte das famílias brasileiras e a não
confiança em seu trabalho.
Após cinco anos à frente do Ines, Hernet Huet se afasta de seus trabalhos devido
as divergências que possuía com o conselheiro Marquês de Abrantes homem que o
governo imperial tinha designado para o auxiliar na obtenção de recursos para
manutenção da escola, após seu afastamento Huet concede a cessão de direitos do
INSM, deixando-o a cargo do governo imperial.
O Ines vira um ponto de referência para professores e para os surdos, sua
metodologia de trabalho que utilizava a língua francesa de sinais que era traduzida por
Huet, em combinação com a língua nacional existente no Brasil, se constitui como
matriz da língua brasileira de sinais, se originando assim de línguas pré-existentes.
Com a chegada no fim da década de 1970 no Brasil da filosofia da comunicação
total que irá usar os meios de comunicação oral e gestual, tendo assim um processo
comunicativo simultâneo, utilizando a fala e a língua de sinais ao mesmo tempo, esta
filosofia tinha como objetivo desenvolver nos surdos uma comunicação real com seus
familiares e pessoas do seu entorno, sendo em tal filosofia de linguagem que os surdos
terão contato e aprendizado com a língua de sinais, algo que ficou proibido após o
Congresso de Milão e posterior vigor da linguagem oral.
Art. 2º- Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias
de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua
Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente
das comunidades surdas do Brasil.
3
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/lei-de-/13574
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante um longo período da humanidade, os surdos foram vistos como
deficientes e renegados por diferentes sociedades. No entanto, conforme as sociedades
foram se modificando sua relação com a comunidade surda seguiu o mesmo passo e
passou-se a considerar importante a educação dos surdos para sua inclusão e
transformação social. Porém, diversos embates de opiniões metodológicas marcaram a
história da educação dos surdos.
Desde o Congresso de Milão, havia ficado definido que o oralismo seria a
prática de ensino dos surdos. Todavia, seus métodos não apresentaram bons resultados e
formaram uma rede de resistência dos surdos à essa metodologia. A partir de diversos
movimentos sociais e opiniões intelectuais contrárias a prática do oralismo, a linguagem
dos sinais foi ganhando força, espaço e consistência.
Atualmente, a linguagem dos sinais é reconhecida como idioma e língua materna
da comunidade surda. Essa forma de comunicação tem se mostrado efetiva e muito rica
em suas expressões, garantindo assim autonomia aos portadores de surdez e maior
aproveitamento da sociedade das habilidades dos mesmos.
Por fim, conclui-se que, embora ainda haja muitos desafios, é sabido que para
garantir a inclusão do surdo, é necessária uma rede de apoio familiar e escolar que
respeite e valorize a diferença desta comunidade. Tendo em vista, a quebra de barreiras
e preconceitos e o esforço de promover uma educação de inclusão para conceder aos
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Paulo Vaz de. História dos Surdos no Mundo. Editora Surd'Universo.
(ISBN 978-989-95254-1-2). Lisboa 2007.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 22. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2006.
REIS, Esilene dos Santos. O ensino de química para alunos surdos: desafios e
práticas dos professores e interpretes no processo de ensino e aprendizagem de
conceitos químicos traduzidos para libras. 2015. Tese de Doutorado.
RESUMO: Neste artigo busca-se apresentar o cenário atual dos surdos e deficientes
auditivos no Brasil, além de aplicar a eles uma situação frequente e necessária a todos: o
voto. Já em dezembro de 2005, o decreto nº 5.626 abordava a formação de profissionais
bilíngues, o ensino da Língua Portuguesa para surdos, LIBRAS (Língua Brasileira de
Sinais) como disciplina, garantia de saúde e educação para pessoas surdas ou com
deficiência auditiva etc. Os alunos surdos devem expor suas ideias, pensamentos e
sentimentos na sua primeira língua (a linguagem de sinais), depois disso pode-se pensar
na educação com a língua escrita. De acordo com a Portaria nº 310, de junho de 2006,
do Mistério das Comunicações, a programação dos serviços de radiodifusão deve ter
recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, como a janela de LIBRAS,
legendas, dublagem e audiodescrição nas propagandas e debates políticos. Através de
uma análise de elementos de acessibilidade em debates eleitorais transmitidos na
televisão, tem-se uma exemplificação do cenário descrito. A não-anuência destas
normatizações leva a uma exclusão dos surdos e deficientes auditivos de exercerem seu
pleno dever democrático e de cidadão, deixando-os sem conhecer as propostas dos
1
Discente de Estudos de Mídia – UFF, e-mail: caiomacedo@id.uff.br
2
Discente de Arquivologia – UFF, e-mail: camilagsro@yahoo.com.br
3
Professora orientadora e Docente de Libras – UFF, e-mail: tatimili2@yahoo.com.br
postulantes aos cargos eletivos e sem poder de escolha sobre seu futuro ou sobre o
futuro da Nação. Tornar esta tarefa dificultada devido a surdez do telespectador gerará
ruído na formação do caráter e no poder de conhecimento indutor de opinião do
cidadão, que se sentirá ainda mais excluído da sociedade por não conseguir usufruir dos
benefícios da televisão devido as suas restrições.
ABSTRACT
This article aims to present the current scenario of the deaf and hearing impaired in
Brazil, as well as to apply a frequent and necessary situation to all of them: voting. As
early as December 2005, Decree No. 5,626 dealt with the training of bilingual
professionals, the teaching of the Portuguese language for the deaf, LIBRAS (Brazilian
Sign Language) as a discipline, health guarantee and education for the deaf or hearing
impaired. Deaf students should expose their ideas, thoughts and feelings in their first
language (sign language), after which one can think of education with written language.
According to Ministerial Order no. 310, June 2006, of the Mystery of Communications,
the programming of the broadcasting services should have accessibility features for
people with disabilities, such as the window of LIBRAS, subtitles, dubbing and
audiodescription in advertisements and political debates. Through an analysis of
accessibility elements in electoral debates broadcast on television, an example of the
scenario described is shown. The non-acceptance of these norms leads to the exclusion
of the deaf and hearing impaired from exercising their full democratic and citizen's
duty, leaving them unaware of the candidates' proposals for elective positions and
without power of choice over their future or the future of Nation. Making this task
difficult because of the deafness of the viewer will generate noise in the formation of
character and in the power of knowledge that induces citizen opinion, which will feel
even more excluded from society because it can not enjoy the benefits of television
because of its restrictions.
INTRODUÇÃO
Consideramos que por vezes crianças surdas com pais ouvintes chegam na
escola regular sem domínio de nenhuma língua, e os professores acabam ensinando esse
aluno da mesma forma que os outros, provocando uma defasagem no aprendizado. Essa
criança não conseguirá se expor da maneira correta e irá apenas repetir e copiar o que
lhe foi mostrado, sem o seu entendimento.
Outro estudo realizado com surdos adultos que adquiriram a língua de sinais
em diferentes fases da vida, uns filhos de pais ouvintes, outros filhos de pais
surdos apresentou resultados que sugerem que, realmente existe um período
adequado para o aprendizado da língua. Ou seja, a aquisição da linguagem é
muito melhor quando realizada o mais precocemente possível. (RINALDI et
al., 1997)
Com tudo isso a criança tende a se tornar um adulto bilíngue, sabendo libras e
língua portuguesa. E com o tempo esse adulto deve organizar sua vida como uma
pessoa comum, trabalhar, se divertir, ter filhos e cumprir com os deveres políticos. E de
acordo com a Portaria nº 310, de junho de 2006, do Mistério das Comunicações, a
programação dos serviços de radiodifusão deve ter recursos de acessibilidade para
pessoas com deficiência, como a janela de LIBRAS, legendas, dublagem e
audiodescrição nas propagandas e debates políticos.
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Rinaldi (1997), as línguas de sinais, assim como as línguas orais,
surgiram de forma espontânea na interação das pessoas, e por isso são linguagens
naturais. E a linguagem de sinais, diferente das orais, usam o canal visual e não o som.
Fazendo com que o emissor utilize elementos linguísticos manuais para construir uma
mensagem, e o emissor utiliza o plano visual para captar e compreender esta mensagem,
METODOLOGIA
Tendo em vista o exposto, definimos como objeto deste artigo uma análise sobre
a presença de elementos de acessibilidade para surdos e demais pessoas com deficiência
auditiva através da tradução simultânea para LIBRAS. Conforme já dito anteriormente,
a Língua Brasileira de Sinais se difere da Língua Portuguesa por possuir sua própria
estrutura sintática, portanto não se recomenda, para fins de acessibilidade, que os
telespectadores surdos façam uso da janela oculta (ou closed caption, como é mais
conhecida) pois ela se baseará na Língua Portuguesa e não na LIBRAS.
apenas uma emissora (a Rede Bandeirantes – Band) faz uso da janela de LIBRAS em
debates eleitorais.
Figura 1 Composição com imagens estáticas de debates televisivos das 5 maiores emissoras brasileiras.
por parte do Judiciário Eleitoral a emissoras (Procuradoria..., 2014) pela ausência dos
elementos determinados conforme a determinação e as legislações criadas
posteriormente para regulamentar.
Além destas, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foi
consultada pelo Ministério das Comunicações para definir os padrões técnicos para
melhor implementação e uniformização destes elementos de acessibilidade
(ASSOCIAÇÃO, 2016), pois tal consenso inexiste em fóruns e órgãos
regulamentadores internacionais.
A não-anuência destas normatizações leva a uma exclusão dos surdos e
deficientes auditivos de exercerem seu pleno dever democrático e de cidadão, deixando-
os sem conhecer as propostas dos postulantes aos cargos eletivos e sem poder de
escolha sobre seu futuro ou sobre o futuro da Nação.
Sem os intérpretes e legendas, pessoas que possuem algum tipo de
deficiência acabam ficando a margem dos debates eleitorais. “Tanto se fala
em inclusão, mas na hora do voto – que é obrigado aqui no Brasil, não é
oferecido ao eleitor com deficiência a possibilidade de conhecer as propostas
e ideias. Além disso, no dia da votação, o eleitor ainda encontra dificuldades
para se locomover, nos casos de deficiência física. O ideal a ser oferecido às
pessoas com deficiência ainda esta muito aquém da nossa realidade”.
(AMORIM, 2014)
ANÁLISES E RESULTADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que se tem investido muito, com o passar dos anos, em novas
formas de informação e na melhora dos meios de comunicação já existentes. Os
recursos dispendidos para as televisões (através da TV digital, das transmissões em alta
definição, de programas interativos), rádio (mudanças de frequência) dentre outros
meios ditam o futuro de um Brasil mais integrado e com mais oportunidades para
acesso e aquisição de conteúdo.
Ainda assim, falta-se o interesse em tornar esta melhora – ou esta “nova TV” –
disponível universalmente, de modo que qualquer um possa usufruir das vantagens da
nova televisão digital. Mais importante, a televisão é um dos principais meios onde o
cidadão se informa e estabelece seus conceitos e opiniões.
Tornar esta tarefa dificultada devido a surdez do telespectador gerará ruído na
formação do caráter e no poder de conhecimento indutor de opinião do cidadão, que se
sentirá ainda mais excluído da sociedade por não conseguir usufruir dos benefícios da
televisão devido as suas restrições.
4
Ver <http://surdosol.com.br/tv-e-cinema-sem-barreiras-libras-tv-e-cine-ad>. Acesso em 06 jun. 2017.
5
Ver <http://portal.rybena.com.br/site-rybena/conheca-o-rybena>. Acesso em 06 jun. 2017.
6
Ver <http://www.vlibras.gov.br>. Acesso em 06 jun. 2017.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, Karine. Sem intérprete de libras nos guias eleitorais, deficientes ficam à
margem dos debates. 2014. Disponível em
<http://www.cadaminuto.com.br/noticia/255987/2014/09/12/sem-interprete-de-libras-
nos-guias-eleitorais-deficientes-ficam-a-margem-dos-debates>. Acesso em: 05 jun.
2017.
BRASIL. Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995. Lei dos Partidos Políticos. Brasília,
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-dos-partidos-
politicos/lei-dos-partidos-politicos-lei-nb0-9.096-de-19-de-setembro-de-1995>. Acesso
em: 06 jun. 2017.
Tele Síntese. TVs abertas já têm regra para adoção da Libras. Disponível em:
<http://www.telesintese.com.br/tvs-abertas-ja-tem-regra-para-adocao-da-libra>. Acesso
em: 06 jun. 2017.