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Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea
Postado por Altair Andrade Cruz em 29 setembro 2013 às 16:03
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Para a primeira aproximação com o objeto da investigação, ou seja, sobre a cibercultura, o autor refere que é necessário voltar no tempo histórico, para
mostrar os simbolismos deste fenômeno técnico, bem como as suas implicações socioculturais e filosóficas. Para o autor, a forma técnica da nossa atual
sociedade tecnológica da comunicação e da informação foi produzida nos primórdios do homem a partir da sua associação com a natureza.
A cibercultura transforma a sociedade do século XX: as sociedades do consumo e do espetáculo, e dá forma à sociedade do século XXI: a sociedade da
comunicação e da informação e das novas tecnologias de simulação. A simulação digital manipula o espetáculo analógico. (LEMOS, 2010, pp. 257,
258 e 259).
Lemos confronta as duas sociedades: Moderna, do século XX e observa a sociedade Contemporânea do século XXI a qual denomina de sociedade da
comunicação e da informação e das novas tecnologias de simulação. A nossa sociedade (pósmoderna), deve ser observada, refere, pois as novas
tecnologias estão em todo lugar, “tratase de uma sociedade que aproxima a técnica [...] do prazer estético e comunitário”. A sociedade “tribal” que ele
diz ser dispersa, efêmera, voltada para o compartilhamento de emoções e agrupamentos festivos virtuais, que Lemos por todo o livro vai chamar de
“socialidade”, termo usado por Michel Mafesoli. Lemos esclarece que na concepção de sociabilidade os sujeitos realizam funções práticas, objetivas e
sem emoções, coisas que não se fazem presente na “socialidade” das redes. Para Lemos a atual sociedade tem como finalidade de vida ‘ser feliz’
(hedonismo) e se apropria dos conteúdos da “sociedade do espetáculo” (assim denominada por Guy Debord). Ambas coexistem, segundo o autor.
O conceito de sociabilidade significa que os sujeitos desenvolvem funções práticas, precisas, objetivas, racionais. Já o conceito de Maffesoli,
“socialidade” é uma fenomenologia do social em que os sujeitos desenvolvem agrupamentos festivos, solidários, empáticos (sentir o que sente a outra
pessoa), emotivos, cotidianos, do “estar junto”. (LEMOS, 2010, p.21, nota 3).
As novas tecnologias da comunicação e da informação surgem a partir de 1975 com a fusão das telecomunicações analógicas com a informática sendo
então possível a veiculação de diversas formatações de mensagens em um mesmo suporte – a internet, e agora sem obedecer a hierarquia da
comunicação de massa que dita regras “umparatodos”, e sim, à multiplicidade, do que já está subjacente no homem arquétipo, (homem primordial,
homem modelo ou homem em sua essência), a mensagem na forma “todosparatodos”. (LEMOS, 2010, p.68).
A cultura do impresso vinga (tem vida) do século XV até fins do século XX, (LEMOS, 2010, p.70). Dito isso, fica explícito que o mágico, a tradição, o
maravilhoso, está de volta... Por atalhos, conexões, links, é possível navegar pelo espaço cibernético e entrar no tempo. Sabemos que se olhamos uma
obra de arte estamos no espaço, se construímos uma obra de arte estamos no tempo.
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/cibercultura-tecnologia-e-vida-social-na-cultura-contempor-nea 1/6
08/05/2015 Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea - Cafe Historia
Cibercultura é o espaço das redes sociais e todo o seu desenvolvimento é ligado aos microcomputadores (na metade dos anos 70), à Internet ou rede
das redes e à web ou teia mundial. O que caracteriza a cibercultura é a ação conjunta entre a técnica e o social, sem que nenhum desses dois elementos
seja tecnocrático, ou seja, tenha o poder. (LEMOS, 2010, p.267, nota 286).
A informática é uma ciência com base na ciência metafísica Cibernética que [...] estuda o controle de processos de comunicação entre: homens e
máquinas; homens e homens; e homens e máquinas e máquinas [...]. (LEMOS, 2010, p.189). Passado certo tempo a cibernética se separa da
informática. A informática passa a ser uma técnica de manipulação ou automação da informação e a cibernética a ser um modo de pensar os usos das
ferramentas de comunicação da máquina computer, aquela que conta, ordena, automatiza, classifica. (LEMOS, 2010, p.102 e 103).
A palavra “cibernética” foi usada por Norbert Wiener (1894–1964) (Cf.em: http://old.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=90. Acesso em: 2
dez. 2012), no seu livro Cibernética ou Controle e Comunicação no Animal e Máquina em 1948 e deriva da palavra grega kubernetes, que significa “o
piloto”, “o controle”, “o governo”. No sentido amplo ciberespaço é o espaço das redes sociais. Redes sociais são todas as variadas atividades exercidas
por elementos humanos no ambiente do ciberespaço. Todas as ações humanas no ciberespaço são ligadas a três componentes básicos: aos
computadores, à internet e à web.
Computadores são máquinas telemáticas criadas à semelhança dos sentidos e das inteligências humanas. Destas atividades (LEMOS; LÉVY, 2010, p:
27) surge a cultura do ciberespaço cujos três princípios são: emissão; conexão e reconfiguração, ou seja, as ações da cibercultura estão nos princípios
fundamentais do ciberespaço, que são: produzir, distribuir e compartilhar. (LEMOS; LÉVY, 2010, p.51).
Ciberespaço é um neologismo criado por William Gibson no romance de ficção intitulado Neuromancer em 1982. É o novo espaço público. A ágora da
Grécia antiga foi o espaço das conversas, por isso o espaço da democracia. O ciberespaço é o receptáculo da inteligência coletiva. Os dois autores
referem que o termo é uma referência direta à cibernética – a ciência surgida no final dos anos 40, que estuda o controle e funcionamento dos
organismos das máquinas e dos animais. (LEMOS; LÉVY, 2010, p: 51).
Informática é a ciência do tratamento da informação, de modo automático e racional como suporte de conhecimentos e comunicações. O conjunto de
aplicações dessa ciência compreende a máquina (hardware) ou parte dura, tudo o que se pode pegar e o programa (software), parte leve, que não se
pode pegar, mas sim, operacionalizar.
Internet significa uma estrutura telemática ligada a conceitos como interatividade (receptor interagir ativa e mutuamente com o emissor),
simultaneidade (ações realizadas ao mesmo tempo), circulação (circuito comunicativo circular) e tactalidade (sentido que percebe a presença de algo).
(LEMOS, 2010, p.137).
A raiz “ciber” se origina da palavra grega Kubernetes (a arte do controle, da pilotagem, do governo), mas, como irá mostrar ao longo do livro, diz, a
cibercultura não parece, como muitos acreditam, ser dominada por um olho onisciente (que tudo sabe) e onipresente (que tudo vê) de um Big Brother¹
timoneiro. (LEMOS, 2010, p. 18).
______________________
¹ "O Espetáculo do Homem Verdadeiro" romance de George Orwell de 1948 no qual há um rosto bondoso: o Grande Irmão. O livro trata sobre o
controle do corpo, corações e mentes das pessoas por meio de dispositivos de vigilância. Nessa sociedade que diariamente conversa com a tela de TV
sem compreender o real significado das palavras, existe o “Ministério da Verdade”, cuja função é produzir a mentira a serviço do poder do Big Brother.
(CHAUÍ, 2010, p.369).
A rede mundial é um contexto de comunicação telemática planetária e multimodal (LEMOS, 2010, p.139), enquanto que a web é um dos meios da rede
mundial, é o hipertexto multimídia da internet (LEMOS, 2010, p.123).
Nesse contexto se insere o ciberespaço. Ciberespaço é o fenômeno técnico e social onde estão as redes sociais. É uma tecnologia retribalizante, que
com a socialidade contemporânea produz a cibercultura. (LEMOS, 2010, p.71). Para explicálo refere que o ciberespaço é um espaço sagrado onde
circulam conhecimentos e informações.
O autor aproxima o ciberespaço da Hermenêutica – a arte baseada em cálculos para interpretar livros sagrados; textos antigos; leis; sinais e símbolos de
uma cultura. Para ele, essa técnica Hermenêutica é [...] uma técnica mágica de armazenamento e de tratamento de informações [...] (LEMOS, 2010, p.
129). O autor aproxima também o ciberespaço da Mnemônica – a arte de memorizar por associações. (IDEM, IBIDEM).
À título de informação, buscouse saber algo sobre o que é memória e descobriuse sob pesquisas em vários sites na internet, que na mitologia grega
Mnemosina é a deusa da memória, esposa de Zeus e mãe de Euterpe (a música). Euterpe é uma das nove musas que presidiam as artes e foram nascidas
para cantar as vitórias dos atletas olímpicos.
Voltando ao autor, ele refere (LEMOS, 2010, p.129) que o poeta grego Simonide de Céos (556 – 469 a.C), teve a ideia de que a memória poderia ser
uma casa onde seriam colocadas uma informação em cada aposento. Ao ser feito um percurso imaginário em cada aposento da casa as informações
seriam relembradas. Aproxima também o ciberespaço da Árvore da Ciência (LEMOS, 2010, p.130) a arte medieval de memorizar do poeta (da região
nordeste da Espanha, Catalunha) chamado Lull.
[...] Da mesma forma a metáfora da teia (a Web), que liga todas as informações disponíveis no planeta, serve hoje como imagem para o ciberespaço.
As interfaces gráficas são também metáforas e alegorias cognitivas visando buscar informações (o que chamamos metaforicamente de navegação).
Assim, manipular os ícones gráficos das interfaces revela a essência da manipulação mágica que está presente no ciberespaço. A manipulação mágica
do mundo, como a manipulação de dados no ciberespaço situamse na mesma dinâmica [...]. (LEMOS, 2010, p.130).
Lemos diz que pensar sobre a nova forma de comunicação realizada na nova mídia Internet exige grandes esforços. E cita o filósofo e educador
Marshall McLuhan (1911 – Canadá, Estados Unidos – 1980).
Segundo Chauí (2010, p.p. 364 e 365) no ensaio intitulado “Visão, Som e Fúria”, McLuhan empolgado com as suas teorias sobre o que denominou de
“a mecanização da expressão humana”, teorias oriundas dos seus estudos sobre a evolução dos meios de comunicação, MacLuhan escreve: [...] Hoje
invadimos culturas inteiras com informação enlatada, diversão e ideias [...]. Foi esse o alegre pensamento de MacLuhan sobre a cultura da Idade
Moderna (que tem início em 1453, quando termina a Idade Média, e se estende até 1789, quando começa a Revolução Francesa). Para McLuhan, [...]
que foi o começo de tudo [...] (que conseguiu descobrir a verdade sobre o que representa comunicar), refere Lemos com empolgação, para o pensador
canadense, esses novos meios favorecem a tactalidade, a volta à oralidade e a entrada no espaçotempo, tal como a evolução e uso das mãos
(desenvolvimento do dedo polegar) pelos primeiros antropoides permitiu a técnica e depois a linguagem. Do mesmo modo como as técnicas são
prolongamentos de nossos corpos, próteses dos nossos sentidos, diz ele, esses novos meios da internet são o prolongamento do nosso sistema nervoso.
A escrita e a imprensa destribalizaram o homem (ele parou de contar narrativas ao redor de amigos, família... MacLuhan mostrou como os meios de
comunicação modificam a nossa visão de mundo e nos colocam na aldeia global. (LEMOS, 2010, p.69).
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08/05/2015 Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea - Cafe Historia
A vida social contemporânea ou PósModerna [...] é o momento de implosão e de inversão, onde a sensação mítica do primitivo é reconectada à
sociedade tecnológica [...] em direção às tecnologias do virtual [...]. (LEMOS, 2010, p.67, apud KROKER). É esse processo de institui uma nova forma
de relação espaçotemporal.
Nessa pósmodernidade, segundo o autor:[...] o sentimento é o de compressão do espaço e do tempo, onde o tempo real (imediato) e as redes
telemáticas, desterritorializam (desespacializam) a cultura, tendo um forte impacto nas estruturas econômicas, sociais, políticas e culturais. O tempo é,
assim, um modo de aniquilar o espaço. Esse é o ambiente comunicacional da cibercultura. [...]. (LEMOS, 2010, p.68).
Vale ressaltar que o termo “pósmoderno” apareceu pela primeira vez em 1934 em uma antologia poética de Federico de Osnis. (LEMOS, 2010, p.
275, nota 456).
Com a contração do planeta pelos novos meios digitais, refere, transformamonos em várias e idiossincráticas (jeito próprio de ser, ver, sentir, reagir,
de cada indivíduo) aldeias globais, no rumo de realizar no ciberespaço o grande sonho enciclopédico de, em uma única mídia, armazenar todo o
conhecimento da humanidade e em disponibilidade a todos. (LEMOS, 2010, p.71).
REFERÊNCIAS
CHAUÍ,Marilena. Convite à Filosofia. Edição 14ª ; São Paulo: Ática, 2010
LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 5ª edição; Porto Alegre: Sulina, 2010
LEMOS, André; LÉVY Pierre. O Futuro da Internet: em direção a uma ciberdemocracia planetária. 2ª edição; São Paulo: Paulus, 2010
Exibições: 1428
Tags: Cibercultura
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