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AULA 1
Conceito de traumatologia
Estudo dos traumas. Trauma nada mais é do que a ação da energia que é
capaz de produzir lesão. Essa energia que fere é chamada de energia
vulnerante. Assim, trauma é da a ação da energia vulnerante. Se a energia
fere, o resultado dessa energia é a lesão. Assim, lesão é o resultado do
trauma. Os traumas e as lesões vão ser estudados na traumatologia.
Para que o trauma possa transferir essa energia para o corpo deve haver um
objeto que o faça. Objeto é qualquer material que nós tenhamos de perceber
com nossos sentidos, seja ou não manufaturado pelo homem. Os que foram
manufaturados para desempenhar determinado trabalho leva o nome de
instrumento. Assim, todo instrumento é um objeto, mas nem todo objeto é
um instrumento.
Agentes vulnerantes:
1) Física
1.2) Elétrica
1.3) Térmica
1.4) Sonora
1.5) Barométrica
1.6) Luminosa
1.7) Radiante
2) Química
2.1) Ácidos
2.2) Bases
2.3) Tóxicos
3) Biológica
3.1) Vírus
3.2) Bactérias
3.3) Protozoário
3.4) Vegetais
3.5) Animais
4) Mista
4.1) Físico-química
4.2) Biomecânica
- Contundentes
- Perfurante
- Cortante
- Misto
• pérfuro-cortante
• pérfuro-contunde
• corto-contundente
Quando um individuo vivo recebe uma pancada, esse vasos que estão
embaixo da epiderme sofrem vaso dilatação, daí fica a pele fica quente e
avermelhada. Quando os vasos sanguíneos recebem essa pressão, o plasma
do sangue sai dos vasos através dos seus pequenos orifício. É o
extravasamento de plasma. Isso é o que se chama de rubefação ou
eritema. Só ocorre em vivos porque exige a vaso dilatação. Some em 30 a
50 minutos. A rubefação é uma conseqüência de uma lesão corporal, que
pode decorrer de um crime de lesão corporal ou mesmo da contravenção de
vias de fato.
Tipos se equimose:
Quando há esse hematoma, nas primeiras horas, a vítima não sente nada.
Daí 6 horas depois, ela começa a ter dor de cabeça, visão dupla, tonteira,
vômitos em jato, começa a ficar desorientada, fica agressiva. Daí, quando
isso acontece com alguém que está bebendo álcool, as pessoas pensam que
aquele comportamento é produto de embriaguez, mas não é, ele está sendo
vítima de um hematoma que está comprimindo o cérebro dele. Não raro,
essas pessoas entram no hospital e são tratadas de embriaguez. Só se
descobre a causa da morte no exame cadavérico. Agora, excepcionalmente,
esse hematoma aparece em uma cadáver, quando ele está numa fogueira,
sendo queimado, e o calor do fogo começa a fazer o encurtamento da
musculatura, daí o sangue começa a ser empurrado e começa a extravasar
no cérebro. Então, não é raro encontrar o hematoma extra-dural em
cadáveres carbonizados.
Através da forma da lesão, podemos saber qual foi o agente vulnerante que
produziu aquela lesão.
Esse sangue que extravasa não recebe mais oxigênio. Daí a hemoglobina
começa a se decompor, dando origem a outras substancias de outras
tonalidades.
Quem faz essa limpeza das hemoglobinas são os glóbulos brancos, daí
quanto maior a área, mais demorará para tirar tudo, se tem pouco, os
prazos são menores.
Assim, se alguém chega pro perito e fala que foi espancado ontem e está
com uma equimose esverdeada, dá pra saber que não foi espancado ontem.
Ao contrário, se chega com uma equimose avermelhada dizendo que foi
espanado há 15 dias, ele não foi espancado há tanto tempo.
O perito não diz o que aconteceu, ele diz os vestígios. Ele não trabalha com
indícios, isso quem faz é o delegado, juiz, promotor, etc.. É aplicação do
brocardo visum et repertum (ver e referir), olhar e descrever aquilo que está
vendo, como uma máquina fotográfica. Só vai dar opinião se for chamado a
opinar em juízo para dar parecer, mas na hora de fazer o laudo, ele só diz os
vestígios da lesão, descrevendo a forma, a tonalidade e o local da lesão.
Só que as vezes ela vai ainda mais fundo, e ultrapassa a derme papilar (que
fica logo abaixo da camada basal, indo até a derme reticular. Aqui já há
vasos sanguíneos maiores, sangra mais, daí eu vou ter uma crosta
hemática.
No entanto, na ferida, ela, por mais superficial que seja, ela atinge os planos
inferiores, então não tem como ela regenerar. Então a evolução de uma
ferida é através de uma cicatriz, que fica pra sempre.
Feridas contusas
Mecanismos de ação:
1) Pressão;
2) Tração;
3) Torção;
4) Deslizamento;
1) Rubefação;
2) Equimose;
3) Bossa;
4) Hematoma;
5) Entorse/luxação;
6) Fratura fechada;
7) Escoriação;
9) Fratura exposta;
10) Amputação;
11) Mutilação;
12) Esmagamento.
AULA 2
A pele tem, na derme, uma grande quantidade de fibras elásticas, elas que
conferem a elasticidade que a pele tem. Quando o instrumento perfurante
penetra na derme, como ele não corta, não tem gume, ele simplesmente
afasta as fibras.
Esse instrumento não corta, ele só perfura. Daí no que ele entra no corpo,
ele atravessas as fibras elásticas do corpo, mas como ele tem um calibre
significativo, ele afastas as fibras. Só que ele as afasta muito, de tal maneira
que quando ele esta introduzido no corpo ele fica com um orifício circular.
No momento em que o instrumento sair, as fibras vão tentar voltar ao
aspecto natural. Mas sendo um instrumento de médio calibre, essas fitas
foram esgarçadas e esticadas além de um certo limite. Então, na hora que o
instrumento sair, as fibras tentam fichar o buraco, mas não conseguem. Daí
a forma da ferida é de um circulo esticado, uma fenda, uma casa de botão,
uma bucetinha.
Como a pele é elástica, cada região do corpo tem uma linha de força que
puxa a pele em um sentido. Daí, as feridas feitas pelos instrumentos
perfurantes em locais próximos têm a mesma direção, já que a pele repuxa
a todas da mesma forma.
É aquele instrumento que tem uma lâmina, que tem uma das extremidades
afiadas, chamada de gume. Quanto mais afiado for o gume, menor vai ser a
força que eu vou ter que aplicar, já que a superfície vai ser menor. Mas será
mais fácil ainda se eu deslizar o gume, daí ele vai afastar, cortando as fibras
que unem a pele.
A ferida não será mais puntiforme, mas sim em linha, já que a extensão vai
ser maior que a profundidade. Quando eu olhar as bordas dessa ferida, as
bordas serão regulares, sem escoriação, os vasos na parede da ferida estão
cortados, daí eles sangram muito. Essa ferida é chamada de ferida incisa.
Uma das características dessa ferida incisa é que na hora que o agressor
atinge a pele, ele está utilizando um força maior, daí ele desliza e tira. Daí
se nota que a ferida é mais profunda no inicio, e vai se superficializando no
final. Assim, o ponto mais profundo marca o inicio do golpe e o mais
superficial a saída. As vezes o final é tão superficial que atinge apenas a
derme e a epiderme, não sendo mais ferida nesse ponto, mas sim uma
escoriação. Daí um cara chamado Romanese disse que essa escoriação que
marca o final da ferida é chamada de cauda de escoriação. Só que pode
acontecer que antes de o instrumento entrar, ele atinja apenas a superfície,
e aparece uma escoriação no inicio, mas não posso chamar de cauda no
inicio, porque ela fica no final. Resolveu-se chamando de escoriação de
entrada e escoriação de saída. A escoriação que fica mais próxima da
maior profundidade é a de entrada, e a que fica mais próxima da menor
profundidade é a de saída.
Mas como diferenciar uma ferida incisa feita com o objetivo de lesionar e a
ferida com a finalidade médica, chamada de ferida cirúrgica, sendo essa
feita pelo bisturi, que é um instrumento cortante. As características básicas
das duas feridas são as mesmas. Mas o agente que visa atingir a vítima
causa uma ferida com o fundo côncavo, variável. Na ferida cirúrgica, o
bisturi entra, corre e sai, não tendo escoriação de entrada ou de saída, e a
profundidade na entrada é igual a profundidade de saída. Além disso, o
fundo é plano e não côncavo.
Mas deve-se levar em conta também a localização da ferida, já que incisões
médicas não são feitas em qualquer lugar, mas em lugares específicos, a
depender do intuito do médico.
Mas para saber se foi suicídio ou homicídio temos que analisar outros
aspectos.
Como a entrada é mais profunda que a saída, se a vítima for destra, ela vai
fazer um corte no lado esquerdo, de cima pra baixo e de trás para frente.
Assim, eu devo encontrar uma ferida na parte posterior e mais superficial na
parte anterior. O lance é que a pessoa está confusa, daí ela não tem muita
certeza do golpe que vai dar. Por isso é comum encontrar na vítima lesões
de hesitação no punho, sendo feridas superficiais, não mortais, indicando
que a vítima está tomando coragem para dar o golpe mortal, está hesitando.
Mas como ela corta alguma vezes no punho e não morre, ela vai pro
pescoço. Quando ela chega no pescoço, ela não dá um golpe decisivo, mas
pequenas feridas pouco profundas e aos poucos ela vai aprofundando, daí,
aos poucos, você nota uma ferida que tem entalhes está dizendo para o
observado que o golpe veio e parou, veio de novo e parou, indicando que a
vítima esta hesitando, que ela não está convicta, falando em favor do
suicídio. O agressor não da golpe aos poucos, dá um golpe só. Mas não é
patognomônico, essas lesões falam em favor daquelas hipóteses.
A pessoa quando é atacada, ela para se defender de golpe usa as mãos, daí
é muito comum que apareçam lesões na região palmar, na borda ulnar (osso
ulna) parte de fora do antebraço. Essas lesões são as lesões de defesa.
Assim, se tivermos lesões de defesa e golpe único no pescoço, não terei
dúvida que estou diante de um homicídio.
Quando o agente cortante atinge o corpo através de uma prega de pele, ele
vai fazer duas feridas incisas, mas um só golpe. É o caso do golpe que pega
no braço e depois no tórax, o golpe que pega na duas mamas da mulher,
mas não chega no peito em baixo. Ou o caso de um gordão que emagrece e
fica com as pelancas, daí pode ser que um só golpe pegue varias pregas de
pele. Assim, nesses casos, um só golpe dado em uma prega de pele, vai
produzir inúmeras lesões.
Isso acontece muito também com tiro, que vai atravessando o corpo,
passando por braços e tórax, por exemplo. Assim, você pode ter varias
entradas e saídas, mas um tiro só.
Assim, voltando aos dois cortes no mesmo ponto. Quando ele recebeu o
primeiro corte, a pele abriu, quando recebeu o segundo golpe, a pele já
estava aberta. Daí faz-se o seguinte, escolhe-se uma das feridas e fecha-se
ela. Daí quando for fechar a outra, se essa segunda a ser fechada foi a
segunda a ser feita, ela não fechará em uma linha continua, mas sim
quebrada. Isso que dizer que você fechou na ordem certa, ou seja, fechou
primeiro a que foi primeiramente feita e em segunda a que foi feita em
segundo lugar pelo agressor.
Se você não tiver feito na ordem certa, haverá uma sobra de pele, você não
consegue fechar. Daí você tem que desfazer e começar pela outra para ver
se acontece o que foi dito acima.
Vamos começar pelos pérfuro-cortantes. Ele tem que ter uma ponta para
poder furar e pelo menos um gume para poder cortar, mas ele pode ter
inúmeros gumes. Dois gumes – punhal. Três gumes – lima do serralheiro, a
lesão é em forma de triângulo. Quatro gumes – estrelinha ninja (shuriken),
daí a lesão vai ter forma estrelada.
Agora, se ele tem dois gumes, ele vai fazer uma ferida em fenda, lembrando
que pode ser também um instrumento perfurante de médio calibre. Assim,
tenho que olhar as bordas, se elas estiverem cortadas, pérfuro-cortante de
dois gumes, se estiverem repuxadas, sem cortes, o instrumento é
perfurante de médio calibre.
A medida de gumes que o instrumento tem, mais ângulos ele terá. Assim,
poderíamos imaginar um instrumento pérfuro-cortante com um sem numero
de gumes, podendo fazer parecer com a ferida de um instrumento
perfurante. Mas isso só em exemplo de laboratório mesmo, na prática esse
instrumento não existe.
Imagine que uma faca tenha certa largura e certa profundidade. Só que a
ferida é muito mais larga e profunda que a faca que a ocasionou. Isso ocorre
porque quando ela penetra o agente arrasta a faca na direção do gume. A
extensão da ferida será maior do que a largura da face, é o que ocorre no
haraquiri japonês. Quando você corta a barriga, os intestinos pulam, daí
fala-se que houve evisceração.
Agora imagine um gordão que tem de distância da pele até a aorta tem 70
centímetros (profundidade), e eu sei isso com a minha régua, que é o
instrumento indispensável do perito, sendo que tem que ser de papel, não
pode ser chique, porque o Blanco é roots. Sabe-se também que por trás da
aorta passa a coluna vertebral.
Só que a faca que fez a ferida tem 30 centímetros. Mas como pode? Um
perito Frances chamado Lacassagne disse que em áreas capaz de sofrerem
compressão, se você usar uma pressão muito grande naquela região, você
pode fazer com que a pele se aprofunde e fazer com que um instrumento de
30 centímetros alcance um órgão que está a 70 cm da pele. A pele foi
comprimida, daí como, as vezes, a arma tem uma guarda, essa guarda fica
marcada na pele, deixando sua assinatura. Daí você vê uma ferida em casa
de botão com uma equimose de cada lado. Isso demonstra que foi aplicada
grande pressão na pele.
Quando for transfixante ou penetrante, ele pode ser não cavitário, ai ele é
sedenho. Mas ele pode ser também cavitário, sendo normalmente mais
graves porque corre muito mais risco, já que ele pode acertar órgãos
internos.
AULA 3
Balística:
Arma de pressão: não chegam a ser arma, usada para esportes e diversão,
disparando chumbinho, que não pode passar de 6mm de diâmetro e projeto
podem atingir 160 m/s. Pode ser por mola ou por pressão. Não se incluem
nas armas de fogo proibidas.
Arma de fogo, o nome, decorre do fato, porque para que o projétil seja
lançado, a carga do propelente, ao queimar, produza gás, que ao se
expandir, saia o tiro.
Arma carregada é a que tem uma bala pronta para ser disparada. Arma
alimentada é a que tem balas no carregador.
EC = mV2/2
Quanto mais grosso e maior fator de ponta, mais energia é liberada na hora
que se choca com o corpo, mas ela penetra menos.
Já se o PAF atinge alvo de alta densidade, duro, rígido, o alvo vai opor
grande resistência ao PAF, que tem entrada, trajeto e saída.
O ferimento nesse caso é penetrante, entra e não sai, fica dentro do corpo.
Nesse caso ele deixou toda a energia que ele trazia dentro do alvo. Portanto
ferimento transfixante transfere menos energia ao alvo, já que ele atravessa
o alvo, mantendo energia ao sair.
A extremidade do projétil cônico é mais leve que sua traseira, dai com o
arrasto ele tende a levantar, virar ao contrário, dar cambalhotas, etc.
Com essas raias, o projétil é obrigado a girar em seu próprio eixo, num
movimento de rotação. Com essa rotação ele evita as cambalhotas,
mantendo sua estabilidade na trajetória.
O projétil quando sai do cano não vem perfeitamente reto, mas vem fazendo
pequenos círculos (“com formato de nuvem”), do mesmo jeito que um peão
rodando que vai perdendo velocidade. Quanto maior a velocidade, menor é o
movimento lateral.
Cano liso não tem rotação, e se tiver, é ao acaso. Armas de cano liso são
feitas para tiro de curto alcance, como as espingardas, que tem cano longo e
liso. Escopeta é espingarda em castelhano.
Não precisa da raia porque não vai haver o contato do balim com o cano.
Se calcula o calibre de uma espingarda não pelo balim, mas sim de acordo
com o diâmetro do cano. Você faz uma esfera de chumbo do diâmetro do
cano, pesa ela e vê quantas são necessárias para pesar uma libra. Na 12
você precisa de 12 esferas pra completar uma libra. Quanto maior o valor
numérico do calibre aumenta, o tamanho da esfera (e, por conseguinte o
diâmetro do cano) diminui.
Com a bucha pneumática, a dispersão dos balins só vai ocorrer após uma
determinada distancia do cano.
Assim, não é só porque os balins entraram juntos no corpo que o tiro foi de
perto. Temos que avaliar a bucha utilizada, o tamanho do cano, bem como a
existência do cano.
O calibre também pode ser real, que é quando se mede a boca da arma. O
calibre da caixa de munição é o nominal.
O projétil ao passar pelo cano com raias ganha estrais. Cada arma tem um
número de raias, para direita ou para a esquerda.
Mas cada arma, mesmo que iguais, vem com defeitos microscópicos, que
fazem com que seja possível identificar de qual arma o tiro saiu.
Existem ainda as estrias terciárias, que são as estrias provocas pelo uso da
arma, de acordo com o desgaste da arma. Essas podem ser alteradas com o
uso e a idade da arma.
Mas ai tem outro recurso. Cada pino de percussor, que bate na espoleta,
tem sua marca própria também. Assim, se a policia encontrar o estojo
deflagrado e a arma, mesmo com o cano trocado, pode se comparar essa
marca do percussor nos estojos.
Isso tudo dificulta a penetração. Na hora que o projétil bater no alvo, ele se
deforma, parecendo um cogumelo, tendo muita dificuldade continuar
atravessando o alvo, dispersando toda sua energia. Seu stopping power é
maior. É normal também se fazer um orifício na ponta do projétil, com o
objetivo de criar um ponto fraco, facilitando a deformação. O nome dessa
cavidade é hollowpoint. “Isso é só uma curiosidade”, velho filho da puta.
Outra curiosidade...
Tiro pro alto: tem menos lesividade que o tiro direto, porque tem muita
resistência do ar. A tese que a velocidade do tiro pro alto é igual na subida e
descida só funciona no vácuo. Quando ela desce na atmosfera, tem menos
potencialidade lesiva. Se tiver trajetória de parábola, ela continua tendo
muita potencialidade lesiva.
E mais uma...
Dizem que a bala queima, mas não é verdade. Na boca da arma, há uma
língua de fogo. Mas a variação térmica do projétil é muito pequena. O
projétil entra cheio de bactéria, devendo-se tomar antibiótico.
Aula 4
A função do projétil é perfurar, mas com calibre alto e ponta rombuda, ele
além de perfurar, contunde.
Por isso o desenho ficaria com a epiderme com um buraco maior, a derme
com um buraco um pouco menor e suja desses resíduos, desse sarro. Essa
parede suja leva o nome de orla de enxugo,(ou orla de resíduos). Como
escoriação é o arrancamento da epiderme com exposição da derme, essa
área limítrofe, chama-se também de orla de escoriação, que fica por fora
da orla de enxugo.
Se o PAF atinge a pele a 90º, ele vai lesionar a pele de uma maneira
uniforme por todos os lados. A orla de escoriação terá uma forma
concêntrica. Isso não quer dizer que eles estejam frente a frente, o que
importa é o ângulo de incidência do tiro.
A orla de escoriação vai ser importante para saber de onde veio o projétil.
Quanto mais espessa a orla de escoriação em relação ao outro lado, maior
será o ângulo de entrada.
No momento do disparo, o PAF parte, mas atrás dele fica a nuvem de gás
proveniente da pólvora. O gás se espalha em forma de cone, conhecido
como cone de dispersão.
Um pouco mais adiante, esse gás já não chega mais, mas a pólvora que
virou fumaça chega em forma de pequenos grãos, mas como são muito
pequenos, são logo detidos pelo ar. Não alcançam uma distancia maior.
Mas grãos de pólvora que não queimou tem uma massa maior, que vão um
pouco mais longe.
O PAF faz atrito com o cano, dai saem pequenos pedaços do cano, do
projétil e da mistura iniciadora da espoleta.
Uma vez que o cone vai abrindo, tem-se maior distância da boca do cano.
Você pode medir o tamanho dessas orlas, e, fazendo experiências em
laboratório, você pode saber a distância em que o tiro foi disparado.
Quanto mais pólvora tiver, mais longe vai o cone. O cone não costuma
passar de 70 centímetros. Dai, se não fizerem os testes, só da pra afirmar
que foi há menos de 1 metro.
Não se olvide que a área mais afastada do ângulo menor escoria menos. Só
que no tiro à curta distância, além da orla de fisch, o material pulverolento
que sair da boca da arma vai se espalhar em área mais extensa para o lado
oposto do ângulo pequeno, ficando com menor intensidade de pólvora
menor, e será menor a área e mais concentrada a pólvora no ângulo que
vier a bala. É o oposto da orla de escoriação que é maior na ângulo que vier
a bala.
O lance é que se o ângulo for muito pequeno, essa área de resíduos pode
parecer maior no lado em que a bala for disparada.
Pode haver lesão de entrada sem enxugo, desde que haja um anteparo
antes que filtre, limpe a bala. Assim, se tiver enxugo, é lesão de
entrada. Se não tiver enxugo, não quer dizer que não é lesão de
entrada. Pode ocorrer inclusive que um mesmo PAF entre duas vezes no
mesmo corpo. Na segunda entrada não vai haver orla de enxugo porque o
PAF foi limpo na primeira entrada. O enxugo quando presente, garante a
primeira entrada, isso é certo.
Se a boca esta apoiada na pele, todo o material que sai da boca da arma,
não tem pra onde se expandir, dai todo ele vai entrar na pele. Dai vai haver
a orla de fisch com uma orla de queimadura. Não vai haver orla de
esfumaçamento ou de tatuagem, porque tudo entrou na pele. O tiro com
cano encostado não tem material pulverolento por fora, está tudo por
dentro. A pele, por se muito elástica, num exame de microscópio, as bordas
dessa lesão tem fissuras, que estão querendo romper, que só não se
rompem porque a pele é elástica.
A bala passa direto pelo osso, mas quando os gases vêm, eles batem no
osso e voltam, mas voltam com uma pressão muito grande e o buraco de
entrada que seria proporcional ao calibre do projétil, faz um buraco muito
grande. Mas o que faz esse buraco são os gases. É o fenômeno da casca da
banana. A parte de dentro vira pra fora como se fosse casca de banana. Um
perito chamado Hoffmann, chamou essa lesão em boca de mina, porque
parecia uma boca de mina de carvão, porque ela fica toda preta em volta.
Também chamou de lesão em câmara de mina.
Só que o osso do crânio é duplo, entre as duas camadas do osso, tem uma
membrana, que fica cheio de pedaços de osso. E essa bala quando bate no
osso, ela fica desestabilizada, dai o buraco na parte de dentro do osso do
crânio é maior do que a de fora, como se fosse a metade de um cone, que
leva o nome de tronco de cone, em ângulo divergente, crescente, em bisel.
O sinal de Benassi indica que foi encostado o tiro, o sinal de Bonnet tem em
qualquer entrada e saída de bala na cabeça.
As vezes, no local em que o tiro foi dado, a boca da arma fica desenhada no
local onde foi disparado o tiro, indicando que aquele é o buraco de entrada.
Esse desenho também indica que não há osso por baixo, porque senão
haveria uma boca de mina de Hoffmann. A esse desenho da arma na pele,
dá-se o nome de sinal de Puppe-Werkgartner.
É possível que haja um tiro com o cano encostado e com pólvora por fora,
desde que haja algum dispositivo que disperse o gás proveniente do cano da
arma antes do final da boca. Assim, nesses casos há a lesão de entrada e
queimadura por pólvora em cima do cano.
Se a arma não tiver encostada com firmeza, pode ser também que ela recue
um pouco e não entre tudo, ficando queimado em volta da entrada.
Lesão de saída:
Quando a bala sai, ele começa empurrando a derme, que é mais elástica,
que, por sua vez, empurra a epiderme. Dai a bala sai. Quando ela sai, a
derme e epiderme voltam para posição normal. Só que nesse caso não há a
orla de escoriação. Também não há orla de enxugo, porque os resíduos já
ficaram pelo corpo.
O lance é que a vítima esta deitada, encostada no muro, com uma carteira,
o PAF não vai sair normalmente, dificultando a saída. Dai a derme empurra a
epiderme até o anteparo onde o PAF sairia, ai a derme se atrita com o
anteparo, nisso, a derme não tem como esticar, dai a derme não vai, dai o
atrito da epiderme com o anteparo faz com que eu veja uma orla de
escoriação na saída do projétil.
Quanto mais macio, menor duro, mais elástico, menos denso, e vice-versa.
Quando o PAF vem, ele vem com uma velocidade, que pode de alta ou baixa
velocidade. Se ele é de alta velocidade, tem mais energia.
O projétil entra nos tecidos como se fosse uma lancha na água empurrando
a água ao passar, quanto maior a velocidade, mais ele vai empurrar os
tecidos pro lado.
Nisso que o PAF vai passando, forma-se uma cavidade, que só existe
enquanto o projétil ta passando, que, por isso, é chamada de cavidade
temporária. Essa lesão paralela vai depender dos tecidos pelos quais ela
vai passar. Depois que ele passa, a cavidade temporária tende a voltar ao
normal.
PAF de ponta fina passam mais facilmente, liberam menos energia, fazem
cavidades temporárias menores. Quanto mais grossa a ponta, maior a
cavidade temporária. PAF blindado não se deforma, causa menos cavidade
temporária.
Quanto mais deformável for o PAF, mais cavidade temporária ele faz.
Aqui, você não vê uma ferida, mas um conjunto de feridas. A esse conjunto
de lesões dá-se o nome de rosa de tiro de Cevidalli.
Quanto maior o diâmetro da rosa, nas mesmas condições, o tiro foi menos
concentrado, mostrando que o tiro foi dado de mais longe.
Mas não pode se olvidar do choque, que serve para retardar a dispersão
dos balins. Dai isso pode fazer com que varie o diâmetro mesmo que na
mesma distância. O cano serrado, ao contrario, permite a dispersão mais
precoce dos balins. Há a possibilidade da bucha pneumática, que retardam
a dispersão também, já que esse copinho só se abre com s balins dentro
depois de estar do lado de fora do cano.
AULA 5
Para morrer, não é preciso que haja anoxia, que é a ausência de oxigênio,
mas só a hipoxia, dês que em níveis muito baixos.
Outra forma de sufocação direta pode se dar pela obstrução das vias
aéreas superiores, que é a obstrução por balas, brinquedos, comida, etc.,
das vias respiratórias. O que acontecia com a bala Soft.
Depois de um tempo parece que o cara está com uma mascara arroxeada. A
essa máscara se dá o nome de máscara de Morestin.
Essa máscara diz que um peso comprimiu o tórax de forma que o coração
não conseguisse receber todo o sangue de volta, deixando o sangue se
acumular nos vasos que deveriam levar o sangue de volta ao coração.
Essas duas manchas indicam que na hora que ocorre um asfixia ou morte
rápida, o sangue se acumula nos vasos, esses se dilatam, dai o sangue
começa a extravasar, dando azo às petéquias ou manchas de Tardieu.
O afogamento pode ser com água doce ou salgada. Na prática, não faz
diferença de qual o modo.
Voltando à água doce, quando ela entra no alvéolo, faz osmose com a água
do sangue, como essa é mais concentrada, ela puxa a água do alvéolo
enchendo. (O afogamento em água doce leva em média 4 a 7 minutos). No
afogamento em água doce o sangue fica mais diluído, menos concentrado,
menos denso.
O sangue sai do pulmão e vai para o átrio direito, descendo para o ventrículo
direito, circulando o corpo e voltando para o coração, só que agora no átrio
esquerdo, indo para o ventrículo esquerdo, voltando para o pulmão e
recomeçando o ciclo.
Dai, para solucionar isso, alguns caras vieram com a tese de que quando
alguém pula numa água muito fria, haveria o choque térmico, ocasionando o
grande refluxo de sangue pro coração repentinamente de modo que o
coração não agüente. Poderia ocorrer também que a pessoa engoliu
pequenas quantidades de água na laringe ocasionando os espasmos da
glote, fechando a passagem de ar. Nesses dois casos a pessoa morre dentro
d’água sem água nos pulmões.
Assim, as vezes o cara morre dentro d’água e os peixes comeram tudo, dai
não dá para saber o que aconteceu. Dai se analisam os ossos para ver se ele
tem algas diatomáceas na medula óssea, se tiver é porque ele aspirou água
com algas, que foram parar dentro dos ossos.
De acordo com as algas encontradas dentro dos ossos, da pra saber mais ou
menos o local em que ocara morreu, porque essas algas são diferentes de
região para região. Assim, mesmo que o cara tenho sido levado pela
correnteza, da pra saber aonde ele morreu, pelo menos mais ou menos. Isso
só no CSI Miami.
Soterramento
Confinamento
O individuo fica preso num ambiente que não permite a renovação com o ar
atmosférico. Por exemplo, o caso do submarino russo Kursk.
A diferença é que se a força que apertar o laço for o peso do corpo, termos
enforcamento. Se qualquer outra força que não seja o corpo da vítima
apertar o pescoço, termos estrangulamento.
Se ele tava pendurado, o sulco vai ser obliquo, ascendente e vai apertar
mais de um lado do que do outro, tendo profundidade variada.
Só que esses indícios são apenas sugestões, porque nada impede que a
vítima estivesse ajoelhada e o agressor mais alto. Assim, seria um
estrangulamento com indícios de enforcamento. Principalmente se depois da
morte, o agressor pendurasse a vítima pelo pescoço. A posição e a forma do
sulco são apenas sugestivos, não são patognomônicos, afirmativos.
O perito não diz se foi suicídio, homicídio ou acidente, ele só diz que foi
enforcamento.
A parte que aperta o pescoço chama-se alça, que é sustentada pelo nó. Esse
nó pode ser fixo ou corrediço. Normalmente quando ele é corrediço, ele
encosta no corpo, quando é fixo ele normalmente não encosta no pescoço.
Assim, se ele aparece, provavelmente teremos um nó corrediço.
A alça pode passar mais de uma vez ao redor do pescoço, criando sulcos
múltiplos ou simples.
Aula 6
Fogo
Quanto mais profunda é a lesão, significa que a lesão foi maior. Entretanto a
carbonização não foi tão profunda, sendo superficial. Ela nem sempre é
mortal, podendo ser superficial, parcial ou geral.
Mas como caracterizar que as lesões foram feitas pelo fogo no exame
cadavérico?
Se não tem sinal de Montalti, pode ser que já estivesse morto. Se tem o
sinal, é porque tava vivo na hora do incêndio.
Pela gravidade, o líquido escorre, nisso ele vai esfriando, dai o ponto de
contato tem uma queimadura mais intensa do que as áreas subjacente, dai
dizer-se que a gravidade é decrescente a medida que o líquido escorre ao
longo do corpo.
Pode acontecer que ao esfriar o líquido junto à pele, ele se resfrie, passando
a ter um aspecto sólido, deixando vestígios no corpo (pixe, cera, lacre).
A ação vai ser muito parecida com a do fogo, havendo pelos crestados,
carbonização, mas só onde o ferro encostar. Ficará marcada uma cicatriz
capaz de representar a forma do sólido.
Pode ser vapor em uma caldeira, que, ao atingir o corpo, transfere a energia
térmica para o corpo. Nesse caso também não há queimadura de 4º grau ou
pelos crestados. A lesão vai ser homogênea, ao contrário dos líquidos.
Assim, podemos diferenciar um do outro. Quando há grandes pressões, o
vapor pode até arrancar as roupas da vítima, gerando lesões generalizadas.
Serão tratados juntamente com agentes químicos. Mas já sabemos que eles
causam queimaduras porque causam uma reação exotérmica, que pode
queimaduras de até 4º grau. Mas não utilizamos o termo carbonização, mas
sim necrose de coagulação.
Fotofitodermite
Pode ocorrer com bronzeadores caseiros usando folhas de figo. Assim, tudo
o que não estava protegido por roupas sofreu queimaduras.
Tem que ter cuidado com a afirmativa de que a lesão bolhosa é decorrente
de queimadura
Dai quando isso vai pro legista, esses cortes podem ser interpretados
erradamente, confundindo a fasciotomia com lesão criminosa.
Agora, se o ambiente for frio, ao invés de fazer vaso dilatação, vai fazer a
vaso constrição, pra não levar o frio pra dentro. O problema e que se estiver
muito frio, ele fecha muito os vasos, podendo gerar uma isquemia das
extremidades. Isso pode gerar a necrose dos tecidos se demorar muito, já
que não chega oxigênio nos tecidos. Isso pode chegar ao extremo de
amputação dos tecidos necrosados.
Uma outra complicação é que o corpo todo sofre com o frio. No calor quente
aparece a úlcera de Curling, aqui vão aparecer a úlcera de estresse de
Wischneswski. Do mesmo jeito que a de Curling não é causada pelo calor,
mas sim do estresse que a vítima apresentava por estar internada no
hospital, a mesma coisa no frio, são inúmeras pequenas úlceras que causam
sangramento no estomago.
OBS: só da pra andar sobre as brasas porque há uma fina camada de cinzas
cobrindo as brasas, isolando o calor. Por isso que só se anda sobre brasas a
noite, porque não é perceptível o uso das cinzas.
Aula 7
O que chama muita atenção no local em que houve a lesão é que ao lado do
cadáver, junto às roupas espalhadas, é comum que as peças de metal do
ambiente fiquem imantadas – é o fenômeno da imantação. Pode, ser
cintos, relógios, cordões, anéis, etc.
A vítima é jogada no chão quando bate o raio, daí pode ser que ele tenha a
marca de Lichtenberg, mas o que lhe causou a morte foi a ação contundente
da queda. O sinal de Lichtenberg não é patognomônico, nem obrigatório,
mas na ausência de outras lesões mais a imantação, vai permitir que o
perito indique a ocorrência da eletrofulguração.
A corrente elétrica só entra quando ela possa sair, devendo haver um ponto
de escoamento, que, normalmente, é a terra. Se não der pra fechar o
circuito, a corrente nem mesmo entra.
Autopsia branca é aquela que não mostra qualquer sinal de lesão, que
justifique a morte.
Os sinais internos são aqueles de qualquer morte súbita, rápida, sem perda
sanguínea, que são sangue fluido e escuro, petéquias disseminadas,
congestão polivisceral e livores cadavéricos escuros.
Isso por isso acontece quando estamos diante de uma corrente continua,
onde os fluxos dos elétrons vão sempre em uma direção. A corrente
continua também é chamada de corrente galvânica.
A corrente elétrica quando passa pelo coração muda de sentido 60vezes por
segundo, daí o coração que bate umas 70 vezes por minuto fica
descontrolado. Daí o movimento do coração que é ritmado, se transforma
num movimento descontrolado. Isso é a fibrilação ventricular.
Daí vem o desfibrilador, que é uma corrente continua que da uma ordem de
parar tudo, gerando uma parada cárdica. Essa parada pára aquele batimento
desordenado, daí o organismo recupera o ritmo natural. O lance é que ele
pode não voltar a trabalhar, daí tem que fazer CPR(sigla em inglês).
As vezes a pessoa pega num fio condutor com média ou alta amperagem
que nem passa pelo coração, mas ela ao passar faz com que a musculatura
periférica responsável pela respiração sofra um espasmo, que é uma
contração que não se interrompe, que se mantém. Pode ocorrer no braço e
na mão que ta segurando esteja sofrendo espasmo, daí você não consegue
soltar. Daí a pessoa morre asfixiada com o coração batendo.
A energia elétrica também é usada pelo taser como arma menos que letal
(less than letal weapon), na linguagem mais moderna (antigas não letais).
Esse aparelho pode ser de contato ou disparado (voador), ele tem baixa
amperagem corrente, mas alta voltagem. Esse sinal quando entra no corpo
confunde as ordens dos sistema nervoso central, daí a vítima não consegue
gritar ou reagir, instantaneamente caindo no solo. Nos 15 segundos
seguintes a pessoa fica sem reação. A arma é paralisante em conseqüência
da grande voltagem. Ocorre que o taser pode matar. O taser é uma arma
controlada, não podendo ser livremente utilizada no Brasil.
No sinal de Lichtenberg, repare que ele aparece na pele, mas a lesão ocorre
não na pele, mas nos vasos sanguíneos superficiais.
Mas se ele tem elementos que a vítima estava sofrendo fibrilação e depois
morreu sem deixar vestígios, ele pode sugerir que a morte ocorreu pela
energia de baixa voltagem.
Só pode ter cerca eletrificada se ela estiver identificada e a corrente não seja
idônea de matar. Mas pode ser que essa corrente mesmo baixa pode matar
se o local estiver molhado, porque, mesmo sendo a voltagem baixa, se a
resistência cai, a intensidade aumenta. São conhecidas como ofendículas
(cercas eletrificas, cacos de vidro, etc.).
É necessário que se entenda que nem sempre que hajam lesões corporais
não significa que tenham ocorrido crime de lesões corporais.
O exame de corpo de delito é de lesões corporais, mas isso não significa que
o crime seja esse. Por exemplo, numa tentativa de homicídio nos podemos
ter lesões corporais, num crime de transito, maus tratos, torturas, podem
haver lesões corporais apresentadas pela vítima. O crime deixa vestígios que
são lesões corporais. O exame de corpo de delito numa tentativa de
latrocínio não é exame de corpo de delito de latrocínio, mas sim de lesões
corporais.
O perito não analisa o dolo ou culpa do agente, ele analisa as lesões em si.
No caso do crime de lesões corporais ele não vai olhar para o caput, mas
sim para as causas qualificadoras do crime.
Ocorre quando não estão presentes nenhum dos incisos dos §§1º e 2º, 129,
CP, mas há a lesão.
A lei não fala em perda de órgão, então se a pessoa tem dois órgãos, perde
um mas o outro continua desempenhando sua função normal, houve apenas
sua debilidade.
Vamos ver agora a aceleração de parto e o aborto. Cuidado que esse aborto
aqui não é um aborto doloso, é culposo. Se houver dolo, o crime é de
aborto. Mas o legista não esta preocupado com o dolo do agente, ele só diz
que houve aceleração de parto por causa da lesão ou então o aborto.
Vamos ver agora a enfermidade incurável – tem que se ter em mente que o
Código é de 1940, hoje não há muitas doenças incuráveis. Agora, para sua
caracterização não é necessário que o paciente se submeta a uma cirurgia
para “diminuir o dolo do agressor”, assim uma simples hérnia seria uma
enfermidade incurável (cara, isso não tem nenhum respaldo em direito
penal, se o cara não procurou o médico ele mesmo que deu causa a
enfermidade incurável e não o agressor).
Repare que não faz diferença ou não ter dor, o que importa é a lesão.
Roupas sujas de sangue também não fazem prova de lesão.
O laudo não é mais de lesão corporal, mas sim auto de exame cadavérico.
SEXOLOGIA FORENSE
AULA 1
A vagina é só aquilo que fica do hímen para cima, do hímen para baixo, é
vulva ou vestíbulo vaginal (cópula vestibular ou vulvar é quando o pênis não
passa do hímen). Se não ultrapassar o hímen, não houve conjunção carnal,
mas ele passar, mesmo que incompletamente, já é conjunção carnal.
Existem hímens com uns perfuração, outros com várias, os aspectos dos
óstios são diferentes e em números diferentes.
O problema é que não podemos afirmar quanto tempo o hímen leva para
cicatrizar, variando de 3 a 30 dias. O perito só diz rotura recente ou
cicatrizada. Além disso, ela pode ter a conjunção mesmo sem a ruptura.
Tudo isso é para localizar a rotura no hímen. Mas para o operador é mais
importante se houve ou não a ruptura.
Tem que tomar cuidado para não confundir entalhe com rotura, porque
pode-se achar que a mulher não é virgem, quando ela é.
Assim, se achar esperma do hímen para dentro o perito pode indicar que ela
não é mais virgem (mas pode inclusive ocorrer de que o cara tenha
ejaculado do lado de fora da vagina e o esperma tenha entrado, daí ela seria
virgem – não é absoluta essa conclusão, como é a rotura do hímen).
Mas as vezes não e encontra nada disso, mas a mulher esta grávida, daí
você pode dizer que houve conjunção carnal. Mas o lance é que há
vertilização in vitro. Em tese, isso não é absoluto.
O perito não afirma que houve estupro, mas só conjunção carnal. O mesmo
com o atentado violento ao pudor, ele só demonstra que houve ato
libidinoso diverso da conjunção carnal.
Ato libidinoso é tudo aquilo que estimula a libido, que pode ser por
quaisquer um dos 5 sentidos. A libido em psiquiatria é para qualquer coisa
quede prazer, mas em direito penal a libido é voltada para o apetite sexual.
Para ser ato libidinoso, alguém tem que tocar em alguém, porque tem que
praticar. Fazer, ou deixar que se pratique, ou seja, que nela se faça. O
simples fato de ser presenciado o ato não enseja o ato libidinoso, sendo o
fato atípico.
Muito dos autos de libidinagens não deixam vestígios. Daí o perito não vai
poder fazer nada, devendo a prova ser produzida de forma testemunhal.
Mas, tendo em vista que os vestígios são complicados, as vezes o perito põe
a lesão como compatível com ato libidinoso, é muito temerário isso, mas
ocorre.
AULA 2
Infanticídio e aborto
Nesse momento, qualquer que se a doutrina, o feto ainda não nasceu, ele
ainda não respirou o ar ambiental, mas, mesmo assim, já seria homicídio ou
infanticídio. Ele é um feto nascente.
Qualquer coisa que eu faça com o embrião antes da nidação, hoje, é atípico.
O lance é que o embrião em laboratório, mesmo antes da nidação, tem
proteção de acordo com a lei 11.105/2005 – lei de biossegurança.
Para haver o aborto não é necessário que o feto seja expelido. Ele pode ficar
lá morto até mesmo por um longo tempo. O nome a que se dá isso é feto
macerado. Isso porque como ele está morto, começa um processo da pele
de soltar do corpo, ficando a derme sanguinolenta, as articulações ficam
moles, com uma amplitude de movimento muito maior. A maceração é um
fenômeno cadavérico, destrutivo, que decorre do feto ficar mergulhado
naquele líquido estando morto.
Quando ele é expelido, é visualmente perceptível que ele está macerado, daí
podemos afirmar que eles está morto dentro do útero há mais de 24 horas.
Quando a maceração está com mais de 7 dias, pode ocorrer que os ossos do
crânio se acavalem, fiquem uns em cima dos outros. A isso se dá o nome de
sinal de Spalding.
O aborto ocorre no momento que o feto morre, não no momento em que ele
é expelido.
O aborto só é legal se a única forma de salvar a vida for o aborto, e tem que
ser da mulher, quem tem que correr risco é a mulher. Gravidez de risco não
é motivo suficiente para tirar o feto. Também se admite o aborto
sentimental ou piedoso, que é o aborto de gravidez decorrente de aborto.
Infanticídio
Temos que saber qual dos estados do estado puerperal que é elementar do
tipo de infanticídio. Com certeza, durante o parto ela estaria sob o estado
puerperal. O problema é o logo após.
Toda mulher que tem um filho, assim que acaba o parto entra no puerpério,
é um estado natural, fisiológico. Só que o puerpério é aquele período pós-
parto, mas o infanticídio diz que até mesmo durante o parto ela já estaria no
estado puerperal. Alonga-se (para trás) a figura do puerpério no tipo.
Mas o que é que justifica que ela mate o filho com uma pena menor. Antes
era a desonra que justificava. Hoje não há mais. Daí se admite que no
estado puerperal a mulher poderia sofrer de depressão puerperal, psicose
puerperal, febre, infecção ou perturbação mental puerperal. O estado
puerperal do direito penal é uma ficção jurídica que entrou no direito penal
para substituir a desonra da gestante.
O médico só fala que ela está no puerpério, não da pra dizer se ela estava
sob o estado puerperal, no máximo atestar uma daquelas doenças acima
citadas. Assim, independentemente de ela ter uma dessas doenças, se ela
está no puerpério, ela vai estar para o direito no estado puerperal.
Não importa mais que dia que foi, quantos dias depois, o “logo após” dura
enquanto durar o estado puerperal. Por isso é muito difícil a mulher cometer
homicídio contra o filho recém nascido.
Mas para mulher matar o próprio filho, ele deve estar vivo na hora da ação.
Para isso existe um grupo de testes chamados docimasias. Elas podem ser
respiratórias pulmonares. Mas elas podem ser circulatórias também (ele
poderia estar vivo mesmo antes de respirar). As respiratórias podem ser
pulmonares ou extrapulmonares.
Outra coisa que pode acontecer é o feto respirar o líquido amniótico, daí nos
exames vai dar negativo porque vai afundar. Mas é um falso negativo. Por
isso a importância do exame microscópico.
Como o feto vem com o occipital (cacareco, coroa) pra frente, chama-se de
bossa cefálica occipital. Se ele tiver essa característica, é porque ele nasceu
vivo e se morreu depois é porque a mulher cometeu infanticídio e não
aborto.
A impotência tem varias espécies, 4 pra ser exato. Daí só algumas são
idôneas para anular o casamento.
AULA 1
E é preciso que esse problema mental seja grave, não basta ser leve.
A isso tem que se somar o fato de tais fatores gerarem um prejuízo no seu
discernimento, que é o juízo critico, capacidade de entender o que se passa,
ou então um prejuízo total da sua manifestação de vontade, capacidade de
escolha volitiva. Não basta ter um prejuízo, é necessário que esse prejuízo
prive totalmente o indivíduo de se manifestar ou compreender.
O incidente de insanidade mental deve ser argüido pelo juiz, MP, defensor,
curador, ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, devendo o
juiz autorizar. Assim, não pode o delegado requerer esse exame. Só o juiz
poderá ordenar (art. 149, CPP).
As medidas de segurança
A doença mental tem a característica de desestruturar os suportes psíquicos
do individuo. É o não dizer coisa com coisa. A doença mental retira a lógica
do pensamento, é rompido o arco intencional do raciocínio.
Esse avanço teve reflexos no âmbito do direito penal. Apesar de o cara ser
absolvido ele é remetido para medida de segurança, no qual ele é
compulsoriamente submetido a um tratamento que pode ser feito mediante
internação ou em regime ambulatorial.
Anamnese
AULA 2
- Identificação do periciado
- Exame psíquico
- Exame físico
- Diagnóstico médico
Toda vez que se fala em “ao tempo do crime” pode parecer que o perito faz
um exame em exercício de especulação. Mas não é assim, eles conseguem
fazer um diagnóstico fidedigno, com firmeza cientifica e segurança técnica.
Para ver isso analisamos vários elementos dos autos, como a denúncia, os
testemunhos, nos elementos contido em relatórios de autos (inquérito) e a
própria versão que o acusado oferece ao fato, porque ele fez aquilo. Daí vem
o primeiro sinal de patologia, pois quando o crime tem uma causa
patológica, o que nos vamos ver no ato é a falta de compreensividade, não é
compreensiva. Não tem qualquer motivo lógico, é uma motivação inusitada,
completamente esdrúxula.
Não é por ciúme, raiva, vingança, mas sem qualquer motivo plausível.
O crime do doente mental, quando não tem flagrante, normalmente não tem
autoria estabelecida. Isso porque a policia tenta estabelecer um nexo entre a
vítima e o possível autor, que inexiste nesse tipo de crime.
Ainda tem o perito que avaliar se há o nexo causal entre a doença e o delito
praticado, analisando o discernimento e auto-volição do agente. Na prática
eu vejo isso utilizando a criminogênese e dinâmica, para analisar a
motivação e a dinâmica do crime analisando profundamente os autos. O
momento do crime é nitidamente marcado por uma ação patológica quando
ele é praticado pelo maluco. O perito analisando esse selo é que vai poder
estabelecer o nexo, ele tem que saber ler as circunstâncias. Isso porque o
doidinho pode praticar o crime sem que haja influência da patologia,
podendo o doente mental cometer um crime que não tenha nenhuma
relação com a patologia, cometendo o crime mediante injusta provocação,
por exemplo.
O individuo quando está sob violenta paixão ou emoção pode ter uma reação
psicológica que realmente diminua a capacidade critica e de
autodeterminação. É o que se chamava de privação dos sentidos. Mas isso
mesmo que diminuindo a sua capacidade mental não é aceita pelo CP para
retirar a sua imputabilidade.
Assim, após analisarem ser o cara incidente no art. 26, p.ú., CP, os peritos
devem, ato continuo, indicar qual seria o tratamento adequado, o prisão ou
o especial tratamento curativo.
Há drogas lícitas e ilícitas. Mas mesmo as drogas licitas podem gerar crimes,
como vender álcool a menores.
Veja que parece muito com o art. 26, CP. O mesmo critério é utilizado nos
dois casos, o critério bio-psicológico. Não é só a embriaguez (fato biológico),
mas também a incapacidade de entender o caráter ilícito da conduta
(psicológico).
Aplica-se a teoria do actio libero in causa explica que aquele que tem
liberdade antes de se embriagar é responsável por seus atos. A culpabilidade
dessas pessoas é analisada de acordo com o momento anterior ao da
embriaguez voluntaria ou culposa.
O art. 28, CP, §2º, prevê uma redução de pena se o agente embriagado por
caso fortuito ou força maior, não possuía ao tempo da ação ou omissão a
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou se determinar
de acordo com esse entendimento.
Isso não pode ser confundido com dependência, a embriaguez por si só não
quer dizer dependência. O dependente pode ficar em estado de embriaguez,
mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Dependência é um quadro
crônico porque ela se manifesta após um uso continuado e repetitivo que
ocasiona uma ligação patológica entre a droga e organismo do individuo,
chegando numa fase que ele não consegue ficar sem a droga, ele tem
compulsão ao uso da droga. A tendência também é sempre aumentar o uso
da droga.
Por causa disso as drogas ilícitas foram colocadas sob uma legislação
especial. Mas com a lei 11343/2006 veio a despenalização do usuário de
drogas, só mantendo (e aumentando) a pena do traficante.
Veja que o legislador colocou duas coisas distintas no art. Uma coisa é
dependência, que é um quadro crônico, que é formada ao longo de um
tempo. A outra hipótese é o uso da droga em caso fortuito ou força maior,
no mesmo sentido que as drogas licitas do CP. Assim, nesses casos fica
afastada a imputabilidade.
O parágrafo único do art. 45, diz que quando absolver o agente por força
pericial das condições referidas no caput, poderá o juiz determinar o
encaminhamento do drogado para tratamento médico adequado.
- Identificação do periciando.