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UNIVERSIDADE SANTO AMARO

Curso de Psicologia

Noberto dos Santos Silva

A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE BOXE E O TRANSTORNO DE


HUMOR DEPRESSÃO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

São Paulo - SP
2019
Noberto dos Santos Silva

A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE BOXE E O TRANSTORNO DE


HUMOR DEPRESSÃO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Psicologia da Universidade
Santo Amaro – UNISA, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Psicologia.

Orientadora: Prof.ª. Maristela dos Reis Souza

São Paulo - SP
2019
FICHA CATALOGRÁFICA
Noberto dos Santos Silva

A RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE BOXE E O TRANSTORNO DE


HUMOR DEPRESSÃO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Psicologia da Universidade


Santo Amaro – UNISA, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em
Psicologia. Orientadora: Prof. Maristela dos Reis Souza

Cidade 04 de outubro de 2019

Banca Examinadora

_________________________
Prof. Dr. ....................................

__________________________

Profa.Dra. ..................................

__________________________

Profa.Dra. .....................................

Conceito Final: ____________


DEDICATÓRIA

Agradeço de coração, a “minha


família” e “amigos” que dedicaram seu
valiosíssimo tempo ao meu lado.
Proporcionando este momento de
chegada nesta jornada acadêmica.
AGRADECIMENTOS

A Deus pai todo poderoso, criador do Céu e da Terra. A esta universidade,


seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje
vislumbro um horizonte superior. A minha orientadora Prof.ª Maristela dos Reis Souza,
pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
EPÍGRAFE

Quando pensar em desistir. Desista, mas do


pensar em desistir. Permita-se a concluir
seus objetivos. Se a depressão quer te
enfraquecer, utilize o boxe e aplique o
nocaute nesse transtorno.
RESUMO

Nos tempos atuais a depressão vem aumento mais a cada dia. Este transtorno
mental acomete milhões de pessoas pelo mundo, fazendo com que os pacientes
tendem a ficar mais isolados, perdendo o prazer e o interesse para realização de
atividades diárias. Por isso, muitos buscam o boxe como atividade esportiva, porque
adquirem uma resistência para frequentarem academias com certo número de
pessoas. O boxe permite que a pessoa deprimida busque essa atividade física
porque, envolve apenas duas pessoas e/ou a pessoa. Este estudo tem como
objetivo analisar a relação entre a prática do boxe e o transtorno de humor
depressão. A metodologia utilizada neste trabalho foi uma revisão bibliográfica feita
em vários documentos científicos. Pode-se concluir que o boxe proporciona vários
benefícios para o praticante,devido sua prática permitir vários movimentos e
exercícios físicos. Desta forma o indivíduo aumenta a endorfina que proporciona
uma grande sensação de prazer. Podemos relacionar o boxe ao transtorno de
humor depressão, porque quando o indivíduo está praticando desliga-se da sua
rotina diária e o leva há obter momentos de foco na execução dos movimentos que é
necessário para o aprendizado. Portanto é bastante relevante incluir o boxe como
uma ferramenta que auxilia o tratamento do transtorno de humor depressão.

Palavras-chave: Atividade Física, Boxe, Exercício Físico, Depressão, Saúde Mental.


ABSTRACT

In the present times depression comes increasing more every day. This mental
disorder affects millions of people around the world, making patients tend to become
more isolated, losing the pleasure and interest to perform daily activities. For this
reason, many seek boxing as a sport because they get the resistance to attend gyms
with a certain number of people. Boxing allows the depressed person to pursue this
physical activity because it involves only two people and / or the person. This study
aims to analyze the relationship between boxing practice and depression mood
disorder. The methodology used in this work was a literature review made in several
scientific documents. It can be concluded that boxing provides several benefits to the
practitioner because its practice allows various movements and physical exercises. In
this way the individual increases the endorphin which provides a great sense of
pleasure. We can relate boxing to mood disorder depression, because when the
individual is practicing, he or she disconnects from his or her daily routine and takes
him / her to obtain moments of focus on performing the movements that are
necessary for learning. It is therefore quite relevant to include boxing as a tool that
aids the treatment of depression mood disorder.

Key words: Physical Activity, Boxing, Physical Exercise, Depression, Mental Health.
Lista de Abreviaturas

a.C – Antes de Cristo.


CBBx – Confederação Brasileira de Boxe.
DM – Depressão Maior.
HPA – Hipotálamo-Hipófise-Adrenal.
ISRSs- Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina.
IBF – International Boxing Federation.
LILACS - Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde.
OMS – Organização Mundial da Saúde.
SCIELO - Scientific Eletronic Library Online.
WBA – World Boxing Association.
WBC – World Boxing Council.
Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1.Cap. I - Metodologia e Objetivos ........................................................................ 14
1.1. Metodologia................................................................................................... 14
1.2. Objetivos Geral e Especifico ....................................................................... 15
2.Cap. II – História do Boxe e seus fundamentos como prática esportiva......... 17
2.1.Onde tudo começou.......................................................................................17
2.2.O boxe e seus conceitos................................................................................19
2.3.Boxe no Brasil................................................................................................ 20
2.4.O boxe como prática esportiva......................................................................21
2.5.Fundamentos básicos do boxe......................................................................22
3.Cap. III – Transtorno de Humor Depressão: Conceitos básicos.......................27
3.1.História e conceitos da depressão................................................................ 27
3.2.Sintomas e possíveis causas da depressão.................................................29
3.3.Dados da depressão....................................................................................... 31
4. Cap. IV – Resultados e Discussão..................................................................... 34
4.1 Resultados.......................................................................................................34
4.2 Discussão – Atividade física e Depressão....................................................36
5.Conclusão..............................................................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................39
12

INTRODUÇÃO

As lutas fazem parte da humanidade desde a sua criação, os homens lutavam


pela sua própria sobrevivência, em busca de alimentos, contra animais ou mesmo
lutavam com tribos vizinhas para a obtenção de terras. Com o passar dos anos, as
lutas tomaram formas diferentes em cada canto do mundo. Porém, os idealizadores
das lutas como um esporte foram os gregos que as incorporaram nos jogos da
Grécia Antiga. Para Souza (2009) luta significa “combate com ou sem armas, entre
indivíduos”, diante disso o termo luta pode ser vinculado a qualquer combate entre
duas ou mais pessoas.
O boxe, como as lutas, não tem uma origem muito específica, o que sabemos
hoje é que os gregos criaram o pugilato ou pancrácio e o boxe moderno seria uma
vertente desses esportes, no entanto, de acordo com Elias (1995), o boxe praticado
na Grécia antiga não é a mesma modalidade de hoje em dia, portanto, o boxe,
antigamente, não era visto como um esporte, porém com o passar dos anos, a
modalidade se modificou e aderiu a diversas regras para que ele fosse, de fato,
qualificado como um esporte.
Os benefícios da atividade física são evidenciados através da redução dos
sintomas de ansiedade, da elevação da autoconfiança, favorecendo e motivando as
mudanças dos hábitos de vida em indivíduos com sintomas depressivos e
depressão diagnosticada (BLUMENTHAL et al., 1999; DALEY et al., 2008).
Diante do aumento de casos de depressão no cenário mundial, é de suma
importância que se busquem alternativas não medicamentosas ao tratamento da
depressão.
A depressão é um transtorno mental comum e uma das principais causas de
inabilidade nas pessoas (ANÍBAL e ROMANO, 2017). Para os estudiosos os dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS), trazem uma estimativa de que cerca de
350 milhões de pessoas pelo mundo, estão sofrendo com essa doença, sendo as
mulheres as mais afetadas na maior parte dos casos de incidência. Os principais
sintomas característicos nos pacientes são: tristeza, perda de interesse e prazer,
sentimento de culpa, baixo autoestima, distúrbios do sono e/ou do apetite, fadiga e
falta de concentração.
O objetivo específico da pesquisa é descrever a história do boxe como
atividade esportiva e seus principais fundamentos. Com a finalidade de inserir o
13

boxe como mais uma prática esportiva que contribui ao indivíduo, bem-estar,
qualidade de vida e inclusão social. Enquanto o objetivo geral irá analisar a relação
entre a prática de Boxe e o Transtorno de Humor Depressão.
Desta forma, buscar-se conceituar o boxe e apresentar os benefícios da
prática esportiva, apresentar conceitos básicos sobre a depressão e sua
epidemiologia, bem como os danos que causam aos indivíduos. E consenso que a
prática de atividade esportiva contribui para melhora da qualidade de vida, bem
como ameniza os sintomas do transtorno de humor. No entanto, o presente estudo
visa conhecer o impacto de uma modalidade em especial, o Boxe. Ela pode ser uma
importante ferramenta para tratamento da tristeza, perda de interesse e prazer,
isolamento social e baixa autoestima presentes na fase ativa da depressão.
O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada por meio
de levantamento de artigos científicos, relatórios técnicos, dissertações, projetos de
estudo em curso, atividade física e educação física, livros e manuais pesquisados
em bases de dados como Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS), na coleção Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Bireme e
outras literaturas de autores renomados que estudam e pesquisam sobre o tema ou
correlação com a área da saúde.
14

1. CAPÍTULO 1

 METODOLOGIA E OBJETIVOS

1.1 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que segundo Lakatos, Marconi (2009)


implica no levantamento de dados de modo indireto através de fontes secundárias
como livros, revistas, publicações avulsas, artigos científicos, dissertações,
monografias, de forma que o investigador tenha acesso a publicações relacionadas
ao assunto que o pesquisador estuda, podendo-se levantar novos questionamentos
dentro de uma pesquisa já realizada.
Para elaboração do estudo seguiu-se o caminho metodológico proposto por
Lakatos, Marconi (2009) que consiste nos seguintes passos: escolha do tema;
elaboração do plano de trabalho; identificação; localização; compilação; fichamento;
análise, interpretação e redação.
O passo seguinte consistiu na identificação e localização das fontes, com
obtenção do material por busca eletrônica. Depois de adquirir as fontes de
referência, partiu-se para organizar os dados em um quadro, levando-se em
consideração, as variáveis: cenário da pesquisa, autor, ano de publicação, tipo de
sujeitos, metodologia abordada e temática.
As bases de dados utilizadas foram: Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE/ PubMed); Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS); Scientific Electronic Library Online (SciELO), nos quais
foram levantados os estudos acerca da prática do boxe como auxilio no tratamento
da depressão, nos meses de julho e agosto do ano de 2019, utilizando os seguintes
descritores: Atividade Física, Boxe, Exercício Físico, Depressão, Saúde Mental.
Foram identificados estudos através das bases de dados: Pubmed = 680,
Scielo = 68, Lilacs = 130 totais de (N=878), entre os anos de 2006 e 2016. Foram
removidos (N=156) estudos por estarem em duplicidade.
Os estudos mantidos após análise de título e resumo foram num total de
(N=79). Após análise do título e do resumo excluíram-se (N=643) estudos da
pesquisa.
15

Estudos acessados na íntegra a partir dos critérios iniciais de elegibilidade


foram no total de (N=45). Os motivos de exclusões após leitura na íntegra foram:
que não avaliaram os efeitos da atividade física; que não utilizaram sujeitos com
depressão; em crianças e adolescentes; com intervenções curtas; estudos em
animais; artigos de revisão. Os estudos incluídos e que se enquadram na revisão
foram no total de (N=3).
Para a realização da análise e discussão dos dados identificados após a
leitura dos estudos, levou-se em consideração, o cenário da pesquisa, autor, ano de
publicação, tipo de sujeitos, metodologia abordada e temática. E partindo dessas
variáveis, foi possível destacar os seguintes resultados.

1.2 Objetivo geral e específico

Despertou-se o interesse por este estudo devido à preocupação presente de


haver poucos estudos e envolvimento das pessoas, jovens, adultos, homens,
mulheres e até mesmo pessoas idosas em atividades físicas e esportivas para
combater a depressão e o stress. Pesquisas têm evidenciado que o número de
inativos fisicamente tem se tornado cada vez maior (SEABRA et al., 2008), inclusive
no Brasil onde o sedentarismo entre os adolescentes varia de 39,0% a 93,5% nas
diferentes regiões do país (TASSITANO et al., 2007).
Este trabalho justifica-se ao observar à problemática acerca da relação entre
prática do boxe e o transtorno de humor depressão. Deste modo, dentro dos
inúmeros comportamentos de risco destaca-se a inatividade física (DRISKELL et al.,
2008; SEABRA et al., 2008).
O presente trabalho reforça a ideia dos benefícios da atividade física,
sobretudo os relacionados à saúde mental e social, e as mudanças proporcionadas
ao estilo de vida (MATIAS et al., 2009; BUCKWORTH e DISHMAN, 2001; COSTA,
SOARES e TEIXEIRA, 2007). De acordo com Miranda e Godeli (2003), os
benefícios psicológicos da prática de atividade física são muitos. A literatura destaca
que a prática regular de exercício físico traz resultados positivos aos aspectos
psicológicos e aos transtornos de humor, como a ansiedade e a depressão, além
disso, provoca alterações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas. Pode ser
considerada uma intervenção não-medicamentosa para o tratamento de distúrbios
relacionados aos aspectos psicobiológicos. (MELLO et al., 2005).
16

O proposto estudo mostra-se importante, principalmente quando relacionada


à saúde mental. A adolescência é um período importante na estruturação da
personalidade de um indivíduo, além disso, é nesta época da vida em que os
melhores indicadores de saúde, vitalidade e criatividade devem ser vividos,
permitindo que o adolescente se responsabilize pelas tarefas da vida adulta e
atreva-se em novos sonhos e perspectivas (AVANCI, 2007). Entretanto, conforme
relato do autor nem sempre é a realidade.
Benetti et al., (2007) trazendo uma revisão sobre saúde mental na
adolescência apresenta a magnitude e a importância da necessidade de atenção à
saúde mental desta faixa etária, principalmente considerando-se as estimativas, em
um dos estudos revisados, de prevalência de transtornos mentais de até 20% em
crianças e adolescentes. Em relação a esta demanda em saúde mental, Benetti et
al. (2007) indicam que este grupo etário está vulnerável à riscos como depressão,
transtornos de conduta, transtorno alimentares, drogas e violência.
Observa-se que as áreas da infância e adolescência não recebem igual
atenção em relação ao adulto. A ação em saúde mental está voltada quase que
exclusivamente para o atendimento do indivíduo ou grupo já identificado.
Por tanto, torna-se necessário pesquisar a relação da prática do boxe e o
transtorno de humor depressão, para que se possa demonstrar o quanto é benéfico
seus breves movimentos.
Com a finalidade de uma leitura na literatura levantada por esta pesquisa,
buscar-se através da mesma responder a todas as perguntas indagadas e
levantadas nas academias. Tendo em vista que a depressão atualmente é
considerada e apontada como o mal do século, é justo que se busquem meio de
combatê-la.
17

2. CAPÍTULO 2

 HISTÓRIA DO BOXE E SEUS FUNDAMENTOS COMO PRÁTICA


ESPORTIVA

2.1. Onde Tudo Começou

Os primeiros indícios da prática de lutas no período civilizatório da


humanidade são mostrados em pinturas de lutadores da Suméria – região da
Mesopotâmia –, representando diversas fases de luta, e datam de mais ou menos
3000 a.C. (ALVES JR, 2006; FEITOSA, LEITE & LIMA, 2006; SOBIERAJSKI, 1999).
Parece ter sido em Creta, no Período Arcaico – entre os séculos VIII e VI a.C
que as lutas evoluíram para uma forma de combate, conhecida no mundo antigo
como Pygme – do grego, que significa punho; no Império Romano foi chamada de
Pugilattus – do latim, e significa combate com os punhos. Alguns historiadores
mencionam esta prática de combate em Roma usando a palavra Pugillus, que
significa punho fechado em forma de soco. Essa modalidade, assim como outros
desportos de combate na Grécia, fazia parte dos Jogos Olímpicos Antigos, que
tiveram início em 776 a.C., mas somente em 688 a.C. o Pugilato foi incluído nos
jogos (ALVES JR., 2006).
O Pugilato tinha uma característica marcante: os golpes só podiam ser dados
com os punhos, tendo as mãos envoltas em tiras de couro1, não existindo assaltos e
nem categorias baseadas no peso dos atletas. O combate só terminava quando um
dos competidores ficava inconsciente ou levantava um dedo no arem sinal de
desistência.
A luta nasceu na Ásia, próximo ao Mar Mediterrâneo, tendo sido adaptada
pelos gregos provavelmente na época micênica. Tinha como Deus padroeiro,
Hermes.
Na luta grega era necessário causar, por três vezes, a queda do adversário
para se consagrar vencedor. Considerava-se que tinha ocorrido uma queda quando
as costas, ombros ou peito do adversário tocavam o chão. Antes de iniciarem a luta
os concorrentes untavam o corpo com azeite e deitavam um pouco de terra para

1
Em Roma, muito tempo depois, as tiras de couro que envolvia as mãos – manoplas – eram
chamadas de cestus e tinham chumbo em seu interior, imprimindo aos combates um contexto mais
envolvente e excitante (FEITOSA, LEITE & LIMA, 2006).
18

evitar que a pele se tornasse escorregadia. A prova não possuía um tempo limite.
Era permitido quebrar os dedos do adversário, mas não era permitido realizar
ataques na região genital ou utilizar mordidas.
A prática do pugilato na Grécia Antiga surgiu por volta de 668 a.C. Era
permitido apenas atacar com os punhos e os concorrentes envolviam as mãos com
tiras de couro. Não existiam rounds nem categorias baseadas no peso dos atletas. A
luta terminava quando um dos atletas ficava inconsciente ou apontava um dedo para
o alto em sinal de desistência.
O pancrácio2 era uma combinação da luta - livre e do pugilato, sendo o seu
resultado uma prova extremamente violenta, cujos concorrentes poderiam até
mesmo vir a morrer. Tudo era permitido, com exceção de enfiar dedos nos olhos,
atacar a região genital ou morder. A vitória ocorria quando um dos atletas já não
conseguia continuar a luta, levantando um dedo para que o juiz percebesse, e assim
encerrasse o combate. As lutas eram realizadas apenas por homens adultos e
jovens.
Em meados do século XVIII3, na Inglaterra, o Boxe era praticado a mãos nuas
e sem regras, por comerciantes de feiras e posteriormente por operários de fábricas.
O Boxe teve seu primeiro conjunto de regras4 por James Broughton (1743),
posteriormente aperfeiçoado pelo Marquês de Queensbury (1867), tornando-o
menos violento com o uso de luvas acolchoadas (FEITOSA, LEITE & LIMA, 2006).
Conforme citação de Gama (2006), atualmente, no Boxe profissional existem
quatro associações regendo sua organização: a World Boxing Association (WBA),
World Boxing Council (WBC), International Boxing Federation (IBF) e World Boxing
Organization (WBO).

2
Por análise histórica dos golpes e técnicas utilizadas, podemos dizer que o Pancrácio, existente na
Grécia Antiga (séc VII a.C.) é o ancestral conhecido do MMA, vulgarmente nomeado de Vale-Tudo no
séc. XX.
3
Grande multidão se juntava para assistir às lutas e realizar suas apostas, incluindo a aristocracia
inglesa, a qual agenciava os prize-fighters – os lutadores por prêmio; mais tarde o termo utilizado
para os lutadores foi boxer, do verbo inglês to box, que quer dizer bater com os punhos.
4
De acordo com a Confederação Brasileira de Boxe (CBBx, 2009), na atualidade, o Boxe se
configura como uma luta com os punhos recobertos por luva acolchoada, só sendo permitido alvejar o
adversário da cintura para cima. As lutas acontecem com divisão de pesos e limitação de rounds.
19

2.2. O boxe e seus conceitos

Segundo Molari (2016) Boxe é uma prática esportiva que está se destacando
de modo recreativo nas academias, por ser um esporte de grande queima de
calorias e aliviar as tensões do dia a dia. é preciso foco para desenvolver os
movimentos adequados dos golpes, já que uns estão ligados aos outros.
Para Silva (2014, p. 9) Boxe facilita Inclusão social, desenvolvimento físico,
mental e social:
Boxe permite manter a forma física, devido ser uma modalidade esportiva
conhecida desde o início do século XX, espalhando-se pelas academias e
conquistando novos adeptos ao longo dos anos. Os motivos da
popularidade do Boxe estão relacionados principalmente no fortalecimento
do corpo com a tonificação dos músculos, aumento da autoconfiança e um
maior desenvolvimento da percepção corporal e coordenação motoras
devidas uma melhor flexibilidade e reflexos, além de proporcionar equilíbrio
emocional e um desempenho cardiovascular satisfatório.

Como se pode verificar nessa citação, Boxe é aplicado no ringue, academias


ou em áreas públicas. Evidentemente a aplicação pode ser utilizada para
desestressa, distração ou competições.
Pode ser treinado ou praticado em diversos ambientes abertos ou fechados, o
treino do boxe envolve vários exercícios entre eles pula corda, flexões de braços,
corridas e encenação de luta com outro praticante. Cita-se, como exemplo, troca de
golpes sem atingir oponente.
Ainda para Silva (2014, p. 9)

Além de todos os benefícios físicos, o Boxe também promove o alívio do


estresse por meio dos golpes aplicados nos sacos de boxe, excelente forma
de se livrar da raiva e da frustração acumulada no dia a dia. Serve também
como ferramenta de defesa pessoal, caso necessário. Nesse sentido, Boxe
permite bem-estar ao praticante.

Logo, é importante compreender que o Boxe como atividade esportiva


direcionada ao lazer, é de suma importância na manutenção do bem-estar. Nesse
sentido, exemplificar boxe como prática esportiva completa envolve diversos
exercícios, possibilitando ao seu praticante várias formas de treinamento, podendo
ser praticada em poucos minutos com grande perca de calorias.
20

2.3. Boxe no Brasil

A primeira notícia do Boxe no Brasil foi dada pelos jornais de São Paulo em
1913, quando noticiaram com destaque que Luiz de Araripe Sucupira, remador do
Clube de Regatas São Paulo, perdeu uma luta para um rapaz muito mais franzino
que ele; era um jovem peso-pena francês que visitava o país.
Em 1919, um marinheiro de nome Góes Neto, havia feito várias viagens à
Europa, onde havia aprendido a boxear, retornou ao Brasil e resolveu fazer várias
exibições no Rio de Janeiro. Tais demonstrações ganharam a estima de Rodrigues
Alves, sobrinho do presidente da República, Epitácio Pessoa, levando-o a se
afeiçoar à chamada “Nobre Arte do Boxe”. Sem dúvida, o apoio de Rodrigues Alves
facilitou a difusão do Boxe, fazendo com que surgissem academias de treino desse
esporte; a luta ganhou a aura da “legalidade” e de esporte regulamentado
(FEITOSA, LEITE & LIMA, 2006).
Historicamente, é documentada a criação da primeira academia de Boxe no
Brasil – a Brasil Boxing Club5–, na cidade do Rio de Janeiro, em 1923. Essa escola
de pugilismo foi responsável por promover o Boxe na então capital do país. Mas em
1924 ocorre um acidente de percurso: o boxeador brasileiro Benedito dos Santos –
“Ditão” –, trava uma luta com o italiano Hermínio Spalla, campeão europeu de Boxe;
Ditão vai à lona no nono assalto e quase perde a vida. Esse fato repercute
negativamente para o Boxe e, com o auxílio da mídia, é iniciada uma campanha
contra a prática dessa luta no Brasil, ficando proibida sua execução em espetáculos
públicos. Adendo a isso, por quase dez anos os empresários brasileiros hesitaram
em trazer boxeadores estrangeiros ao país.
Após ser revogada, em 1925, a proibição de execução pública do Boxe, o
período de 1926 a 1932 é conhecido como a primeira fase de ouro do boxe nacional.
A Federação Carioca de Boxe (FCB) é criada em 1933 e representou o núcleo inicial
do que seria mais tarde a Confederação Brasileira de Boxe (CBBx).

5
No final da década de 1980, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) surgiu um ponto de
excelência para ensino e estudo do Boxe: a acadêmica na Escola de Educação Física e Desportos
(EEFD) dedicados à “Nobre Arte”. Nenhuma outra universidade brasileira repetiu esse processo,
produzido pelo professor de Educação Física Alberto de Latorre Farias, auxiliado pelo professor
Benedito Peixoto. Esses estudos e cursos de formação de Boxe estenderam-se até o início dos anos
1990, quando Latorre faleceu, porém permanece até hoje a disciplina de Boxe e Capoeira na EEFD
no Rio de Janeiro.
21

2.4.O Boxe como Prática Esportiva

O Boxe, como prática esportiva, é uma das atividades que mais traz
benefícios físicos, psicológicos e ajuda na socialização do praticante. Com
relação às vantagens físicas, o Boxe aprimora a força muscular, a resistência
cardiorrespiratória, bem como resistência muscular e flexibilidade (MEDEIROS,
2011).
Neste sentido, Medeiros (2011) afirma que o Boxe é uma prática esportiva
que alia defesa pessoal ao condicionamento físico, coordenação motora e o
fortalecimento da musculatura.Além disso, a atividade “manda o estresse para
longe”.
Desta forma, o boxe é unanimidade quando se trata de manter a forma
física, devido ser uma modalidade esportiva conhecida desde o início do século
XX, espalhando- se pelas academias e conquistando novos adeptos ao longo
dosanos.
Os motivos da popularidade do Boxe estão relacionados principalmente no
fortalecimento do corpo com a tonificação dos músculos, aumento da autoconfiança
e um maior desenvolvimento da percepção corporal e coordenação motoras
devidas uma melhor flexibilidade e reflexos, além de proporcionar equilíbrio
emocional e um desempenho cardiovascular satisfatório.
Por outro lado, os exercícios de treinamento do Boxe estimulam a amplitude
dos movimentos das articulações e melhoram o equilíbrio e a coordenação motora,
permitindo uma maior estabilidade e domínio corporal (VIEIRA; FREITAS, 2009).
De acordo com Vieira e Freitas (2009), o treino do Boxe busca melhorar a
resistência e força muscular, através de treinos com movimentos repetitivos,
desenvolvendo braços, pernas e abdômen através de exercícios como pular
corda, fazer abdominais, desferir socos em sacos de areia ou manoplas, correr e
usar agilidade de movimentos para sair ou entrar em golpes. Desta forma, o Boxe
é considerado um esporte completo, que trabalha diversos grupos musculares,
principalmente tríceps, costas, bíceps epanturrilha.
Além de todos os benefícios físicos, o Boxe também promove o alívio do
estresse por meio dos golpes aplicados nos sacos de boxe, excelente forma de se
livrar da raiva e da frustração acumulada no dia a dia. Serve também como
ferramenta de defesa pessoal.
22

2.5. Fundamentos básicos do boxe

Os fundamentos a seguir são à base do boxe olímpico moderno, todos com


sua razão de ser. Nada do que está neste manual faz parte de um método particular
ou de alguma vertente específica do boxe, estão todos infundados em aspectos
cinesiológicos, biomecânicos e fisiológicos. O objetivo aqui não é criar uma verdade
absoluta sobre como ensinar o boxe e sim, esclarecer os movimentos de um ponto
de vista científico, ficando a cargo de cada um, testar sua eficiência e procurar seus
aperfeiçoamentos.

Base: É o alicerce do lutador, a base correta auxilia a desferir um golpe efetivo e


com potência. Ao mesmo tempo, ajuda a assimilar golpes recebidos sem maiores
danos e sem perda de equilíbrio.
Posicionamento: É a chave para buscar os ângulos de defesa e ataque, durante a
luta.
Guarda: É o principal instrumento de defesa passiva do lutador.
Movimentação: É a busca de um melhor posicionamento, seja ele ofensivo ou
defensivo. Dentro deste item, temos o deslocamento em passos planos e os giros.
Passos planos: Basicamente em 4 direções, frente, trás, direita e esquerda.
Giros: São feitos em forma de compasso a fim de ganhar ângulos específicos na
movimentação do lutador. Também chamados de “pivô”.
Golpes: Retos e Curvos, temos 2 tipos e algumas variações dentre eles.

As sequências de golpes de um boxeador são infinitas. Mesmo sendo apenas


dois estilos de golpes os curtos e os longos. Que consiste em cinco golpes:

Jab: O Jab é um golpe de movimento tático, usado como preparação, para medir a
distância, para testar as reações do adversário e também para defesa. É o golpe
mais simples de ser executado e normalmente o mais utilizado. Em sua execução
não é usado movimento das pernas, nem transferência de peso do tronco.

Sequência Pedagógica
- Extensão do ombro
- Rotação interna do punho (Rádio-Ulnar)
23

- Extensão do cotovelo
- Leve rotação do tronco, projetando o ombro do lado preferencial para trás.

Fonte: do autor (2019).

Para lançar um Jab, arremesse seu punho esquerdo à frente numa linha reta,
girando seu braço para dentro até que ele chegue à extensão máxima.
Imediatamente recolha seu punho de volta para perto de seu queixo.

Sequência do Jab

Defesa do Jab

Fonte:https://bigboxe.blogspot.com/2013/09/golpes-de-boxe-muito-conhecidos.html
24

Direto: O direto é o golpe do lado preferencial do lutador, tem um poder de dano


maior do que o jab. Primeiro por ser executado pelo braço naturalmente mais forte.
Segundo por estar projetado atrás, o golpe tem uma trajetória maior de aceleração
até chegar ao alvo. E terceiro por ser impulsionado pela rotação de 3 articulações,
ombro, quadril e pé.
Sequência Pedagógica
- Rotação do tronco no eixo (plano transversal), sem inclinação lateral;
- Projeção do ombro e quadril na direção do pé da frente;
- Suspensão do calcanhar do pé de trás;
- Rotação do pé de trás (saindo da direção de 45º até apontar para frente);
- Extensão do ombro;
- Rotação interna do punho (Rádio-Ulnar);
- Extensão do cotovelo.

Fonte: do autor (2019).

Para o Direto de direita, comece com o seu punho direito quase tocando seu
queixo, cotovelo perto das costelas. Conforme você explodir o braço à frente e reto,
gire o lado direito de seu quadril à frente até que a perna direita fique reta, com a
parte da frente do seu pé direito no chão. Lance o soco e volte à postura básica de
defesa em um único movimento.
25

Cruzado: Golpe executado em curta distância, com um rápido movimento de braço


da esquerda para a direita (ou vice-versa) em uma linha reta em direção ao rosto do
oponente, mas também pode ser dado na linha de cintura (nas laterais da cintura) e
é chamado de Cruzado ao tronco. O boxeador gira seu peso e seu ombro direito
para frente para acrescentar potência ao golpe. A potência do Cruzado é tal qual ao
Direto, podendo ser utilizado tanto na linha da cintura, como na lateral do rosto do
adversário.

Defesa de cruzado

Fonte: https://bigboxe.blogspot.com/2013/09/golpes-de-boxe-muito-conhecidos.html

Para o gancho de esquerda, impulsione seu cotovelo para cima de maneira


que seu antebraço fique paralelo ao chão e então solte o soco, usando somente seu
corpo. Gire o tronco, começando das pernas e indo até os ombros, colocando toda a
força no gancho.

Gancho (Hook): Golpe aplicado na linha de cintura de forma quase que frontal (com
um pouco de inclinação de baixo para cima, para gerar mais potência) e visa atingir
o abdômen, estômago e plexo do adversário, ou seja, dado sempre na parte da
frente do corpo, diferente do Cruzado ao tronco que é dado na parte lateral. Esse
golpe pode ser desferido com qualquer uma das mãos.

Fonte: https://bigboxe.blogspot.com/2013/09/golpes-de-boxe-muito-conhecidos.html
26

Uppercut: É uma versão mais curta do golpe Gancho, é aplicado pelo boxeador de
baixo para cima em forma de alavanca em direção ao queixo do oponente, ou à sua
zona hepática; golpe muito perigoso e violento. É dado entre em ocasiões quando o
adversário usa o bloqueio frontal (com as luvas a frente da cabeça), pois nesse caso
Diretos e Cruzados seriam pouco eficientes (visto que parariam na defesa). O poder
no uppercut vem das pernas e anca. Este golpe pode ser um golpe devastador
porque, mesmo que não encontre exatamente o queixo do adversário, tende a
erguê-lo para cima, e deste modo proporciona um desequilíbrio momentâneo e
aumenta simultaneamente a zona de conexão dos golpes.

Fonte: do autor (2019).

Defesa de uppercut

Fonte: https://bigboxe.blogspot.com/2013/09/golpes-de-boxe-muito-conhecidos.html
27

3. Capítulo III

 Transtorno de Humor Depressão: Conceitos Básicos

3.1. História e conceitos da depressão

A depressão tem sido registrada desde a Antiguidade. A história do Rey Saul,


no Antigo Testamento, descreve uma síndrome depressiva, assim como a história
do suicídio de Ajax, na Ilíada, de Homero. Cerca de 400 a.C. Hipócrates usou os
termos "mania" e "melancolia” para perturbações mentais. Por volta do ano 30,
Aulus Comelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho De medicine como
uma depressão causada pela bile negra. O termo continuou a ser utilizado por
outros autores médicos, incluindo Arateus, Galeno e Alexandre de Talles, no século
VI. O médico judeu, Moses Maimonides, no século XII, considerou a melancolia
como uma entidade patológica distinta. Em 1685, Bonet descreveu uma doença
mental à qual chamou de maníaco-melancholicus. (KAPLAN, SADOCK, GREBB,
1997)
Em 1864, Jules Falret descreveu uma condição chamada de folie circulaire,
na qual os pacientes experimentam humores alternados de depressão e mania.
Emil Kraepelin, em 1899 descreveu a depressão, como sendo uma psicose
maníaco-depressiva que continha a maioria dos critérios usados atualmente pelos
psiquiatras, para o estabelecimento do diagnóstico de Transtorno bipolar.
A depressão é uma doença de desordem psíquica muito frequente
atualmente, muito mais até do que se imagina, com tendência a aumentar cada vez
mais, podendo acometer qualquer faixa etária, classe social ou cultural. Sua
incidência é estimada em aproximadamente 17% da população mundial. Estudos
mostram também que de 10 a 25% das pessoas que procuram os clínicos gerais
apresentam um ou mais sintomas dessa enfermidade. Essas porcentagens são
semelhantes ao número de casos de hipertensão e infecções respiratórias que os
clínicos atendem em seus serviços (ALMEIDA FILHO et al. 1997).
É uma das doenças que causam maior índice de incapacitação psico-fisio-
social à população geral, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS)
perdendo apenas para as doenças cardiovasculares quanto a esse índice. Ainda
28

segundo a OMS, em 2020, a depressão será das doenças com maior prevalência na
população em geral (DEL PORTO, 1999).
Caracterizada por manifestações afetivas anormais, a depressão é um
transtorno de humor, que varia em relação à sua intensidade, frequência e duração
na ocorrência dos sintomas, e podem incluir desde sentimentos como tristeza, crises
de choro, angústia e desesperança, baixa autoestima e baixa capacidade de sentir
prazer, culpa, desvaliam visões pessimistas do futuro, isolamento social e perda de
interesse, até alterações somáticas, envolvendo o sono, o apetite, a atividade
motora e a função sexual, sendo esses ainda mais acentuados em deprimidos
idosos do que em deprimidos jovens, contribuindo para o declínio cognitivo e
cardiorrespiratório nessa faixa etária (HOLLENBERG; HAIGHT; TAGER, 2003).
Num aspecto mais abrangente, caracteriza-se por um grande desinteresse
pela vida, falta de vontade de viver, existindo, por vezes, medos, sejam de enfrentar
algo, sejam apenas de viver a vida ou alguma situação da vida. É uma doença tão
séria, que em qualquer das situações a pessoa com depressão sente-se incapaz de
lidar com coisas básicas do seu dia-a-dia, ou sente que não vale a pena viver ou
lutar, e isso a leva a afastar-se de tudo e de todos, podendo levar ao suicídio ou a
uma incapacidade de funcionar, quer física, quer mentalmente. O impacto negativo
ultrapassa os limites do cotidiano do depressivo, e adentra a vida de seus familiares
(SIMON et al. 1995).
Atualmente, há disponibilidade de mais de oito classes de antidepressivos,
com aproximadamente 22 substâncias ativas no mercado mundial para o tratamento
farmacológico da depressão, mas somente 30 a 35% dos pacientes depressivos
respondem ou persistem no tratamento com psicofármacos (BLUMENTHAL et al.
1999).
Essa baixa adesão à medicação farmacológica antidepressiva ocorre por ser
esse um tratamento com diversos efeitos colaterais e de alto custo. Muitos
portadores de depressão não se dispõem sequer a fazer psicoterapia. A esses, os
psicólogos orientam, de maneira ainda mais insistente, a praticar exercícios físicos
com regularidade e a aumentar o número de atividades diárias capazes de lhes dar
prazer (SILVEIRA, 2001).
29

3.2. Sintomas e possíveis causas da depressão

A depressão é uma doença considerada psicossomática, significando que o


fluxo de influências para o seu surgimento é bidirecional, corpo e mente se
influenciam mutuamente, observando-se sintomas e possíveis desencadeadores
tanto orgânicos, quanto emocionais (BRAZ, 2001).
Ocorre que, em situações emocionais, o ser humano pode experimentar
basicamente três emoções principais, em resposta a uma situação ameaçadora:
raiva dirigida para fora (o equivalente à cólera), raiva dirigida contra si mesmo
(depressão) e ansiedade ou medo.
Encontrando-se em estado de alerta, o organismo reage com um
comportamento de fuga ou de ataque ao agente estressor. Ainda que esta reação
seja exacerbada com uma descarga de hormônios mais elevada, poderá ser
considerada normal, se logo após esta fase de excitação retornar ao seu estado de
equilíbrio. No entanto, esta fase pode perdurar, envolvendo outros processos
internos até a exaustão; desenvolve-se, então, uma patologia como, por exemplo, os
transtornos de ansiedade.
Os sintomas da depressão interferem drasticamente na qualidade de vida e
estão associados a altos custos sociais: perda de dias no trabalho, atendimento
médico, medicamentos e suicídio. Pelo menos 60% das pessoas que se suicidam
apresentam sintomas característicos da doença (DAVIDSON et al. 2002).
Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que primeiro
reconhecer seus principais sintomas, além de outras possíveis decorrências, como
abuso de álcool e drogas, lícitas e/ou ilícitas (ROZENTHAL; LAKS; ENGELHARDT,
2004).

Diagnóstico

O diagnóstico de depressão é realizado através da escuta atenta às queixas


do paciente e da busca ativa por sintomas que possam estar sendo negligenciados
ou não verbalizados. Vale ressaltar que a depressão é um fenômeno dimensional e
multifacetado. Dentro desse espectro, as classificações diagnósticas (Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) e Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-V, (5ª edição) apud American
30

Psychiatric Association (2014), definem categorias nosológicas a partir de


parâmetros clínicos como duração, persistência, abrangência, perturbação do
funcionamento psicológico e fisiológico e desproporção em relação a um fator
desencadeante.
O DSM-V, classificação mais recentemente publicada, estipula nove critérios
para depressão, dos quais cinco devem estar presentes. Para firmar um diagnóstico,
é necessário que os sintomas estejam presentes por pelo menos duas semanas,
representem uma alteração em relação ao funcionamento anterior e que um deles
seja obrigatoriamente (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer.

Presença de pelo menos cinco entre os nove critérios.


Sintomas devem persistir por pelo menos duas semanas e um deles deve ser
obrigatoriamente humor deprimido ou perda de interesse/prazer.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por
relato subjetivo (p. ex. sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por
outra pessoa (p. ex., parece choroso) (Nota: em crianças e adolescentes, pode ser
humorirritável).
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na
maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo
ouobservação).
3. Perdaouganhosignificativodepesosemestarfazendodieta(porexemplo,mudançademaisde
5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos
os dias. (Nota: em crianças, considerar o insucesso em obter o pesoesperado).
4. Insônia ou hipersonia quasediária.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos osdias.
6. Fadiga ou perda de energia quase todos osdias.
7. Sentimentosdeinutilidadeouculpaexcessivaouinapropriada(quepodemserdelirantes)quas
e todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estardoente).
8. Capacidadediminuídaparapensarouseconcentrar,ouindecisãoquasetodososdias(porrelat
o subjetivo ou observação feita por outrapessoa).
9. Pensamentosrecorrentesdemorte(nãosomentemedodemorrer),ideaçãosuicidarecorrente
sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
Fonte: American Psychiatric Association (2014)
31

Outros sintomas, ainda que não diretamente contemplados nas classificações


diagnósticas, podem estar presentes, como desesperança, pessimismo,
irritabilidade, retraimento social, esquecimentos, ansiedade, sintomas físicos sem
explicação, sintomas paranoides, sintomas obsessivos e compulsivos e baixa
autoestima.
O fato de o paciente preencher os critérios diagnósticos não encerra a
avaliação. Alguns itens são indispensáveis: avaliação do risco de suicídio, a
investigação de história prévia de mania/hipomania e a possibilidade de os sintomas
serem decorrentes de outra doença associada ou efeito colateral de medicamento.

Causas:

Segundo Melgosa (2009) ainda não se sabe ao certo como a depressão é


causada, no entanto há muitos componentes como a vulnerabilidade genética, (Se
uma pessoa tem depressão, as chances de um parente próximo de ter aumentam
em 20%. Nos casos de gêmeos idênticos essa estatística aumenta para 70%);
eventos do cotidiano quando ocorrem situações estressantes, como assaltos ou de
perda de ente querido; doenças físicas, tais como esclerose múltipla, derrame,
hepatite, apneia do sono, hipertensão, doenças terminais também são
determinantes. Assim como algumas drogas como a cortisona, anfetaminas, pílulas
anticoncepcionais, quimioterapia, álcool, maconha. Estas uma vez instaladas há
mecanismos bioquímicos, psicológicos e sociológicos que infamam ou perpetuam a
doença.

3.3. Dados da depressão

Nas últimas décadas a neuroquímica tem se desenvolvido bastante nas


pesquisas sobre a fisiopatologia da depressão. Isto começou com as revelações de
como agem os antidepressivos. Foram propostas hipóteses complexas no
funcionamento dos mecanismos das alterações nos neurotransmissores, e nas
adaptações celulares e moleculares aos medicamentos antidepressivos (LAFER et
al., 1999).
Das aminas biogênicas, a norepinefrina e a serotonina são os dois
neurotransmissores mais implicados na fisiopatologia dos transtornos do humor. A
32

correlação sugerida pelos estudos de ciências básicas entre a down regulation dos
receptores beta-adrenérgicos e as respostas clínicas aos antidepressivos é,
provavelmente, a evidência isolada mais convincente, indicando um papel direto do
sistema noradrenérgico na depressão. Com o forte impacto que os inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) – como a fluoxetina (Prozac) – têm
tido sobre o tratamento da depressão, a serotonina tornou-se a amina biogênica
associada com mais freqüência à depressão. (KAPLAN, SADOCK, 1997, p.575)
Cerca de 80% dos pacientes queixam-se de problemas para dormirem,
especialmente despertares nas primeiras horas da manhã e múltiplos despertares
durante a noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas. Muitos indivíduos
têm perda de apetite e perda de peso. Alguns, porém têm aumento do apetite,
ganho de peso e maior sono. A ansiedade é um sintoma comum, afetando 90% dos
indivíduos com depressão (KAPLAN, SADOCK, 1997).
As variadas mudanças no consumo alimentar e repouso podem agravar
doenças médicas coexistentes, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar
obstrutiva crônica e cardiopatia. Outros sintomas incluem anormalidades menstruais
e diminuição do interesse e desempenho sexual.
Os sintomas cognitivos incluem relatos subjetivos de incapacidade para
concentrarem-se e comprometimento do pensamento.
Em crianças, fobia à escola e apego excessivo aos pais podem ser sintomas
depressivos. Um baixo rendimento na escola, abuso de substâncias comportamento
anti-social, promiscuidade sexual, faltas injustificadas à escola e fugas de casa
podem ser sintomas de depressão em adolescentes (KAPLAN, SADOCK, 1997).
A depressão é mais comum em idosos do que na população geral. Pode estar
correlacionada com baixa situação socioeconômica, perda do cônjuge, doença física
concomitante e isolamento social.
Kaplan e Sadock (1997) relatam que o retardo psicomotor generalizado é o
sintoma mais comum, embora agitação psicomotora possa estar presente. A
apresentação clássica de um paciente deprimido envolve uma postura curvada sem
movimentos espontâneos e um olhar abatido e perdido. Quando exibem amplos
sintomas de retardo psicomotor se assemelham à esquizofrenia catatônica. Muitas
pessoas deprimidas apresentam uma redução da velocidade e intensidade da fala,
respondendo com monossílabos, quando perguntados, e demorando em responder.
Com frequência ocorre concentração comprometida e esquecimento.
33

Têm risco aumentado de suicídio à medida que começam a melhorar e


recuperar a energia necessária para executarem e planejarem um suicídio (suicídio
paradoxal). Kaplan e Sadock (1997) dizem que um erro clínico comum consiste em
prescrever a um paciente deprimido uma grande quantidade de antidepressivos
(especialmente antidepressivos tricíclicos).
34

4. CAPÍTULO IV

 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultados

Foram encontrados 878 (total de artigos considerando todas as bases de


dados) artigos científicos, sendo 68 na SCIELO, 680 na PUBMED e 130 na LILACS.
Retirados os estudos que não foram aceitos para esta revisão, restaram 3
estudos que enquadraram e foram usados para a revisão da literatura deste estudo.
Os estudos selecionados para esta revisão buscam determinar e validar o
possível impacto positivo da prática do boxe como atividade física no auxílio do
tratamento depressivo de populações variadas através de diferentes metodologias.
A dialética entre estes estudos é intermediada a seguir com o objetivo de transpor as
evidências coincidentes encontradas na revisão, apontar possíveis dissonâncias e
principalmente, possibilitar um olhar mais abrangente e conciso sobre os benefícios
da atividade física na depressão.
As três amostras de estudos selecionados como amostras deste estudo,
apresentaram informações significativas, evidenciando resultados similares quanto à
relação entre o exercício físico e a depressão, onde se percebeu um impacto muito
benéfico da prática de atividades físicas no tratamento da depressão maior.
Nos estudos de Thiago Sousa Matias (2010), participaram deste estudo 662
adolescentes de 14 a 19 anos de idade, estudantes do ensino médio, da maior
escola de educação pública de Santa Catarina, Brasil. A maior parte da amostra é
constituída de meninas (55,6%). Os adolescentes em geral, possuem média de
idade de 15,9 ± 1 e estão distribuídos nas séries de estudo como segue: 38,9% no
1º ano, 42,8% no 2º ano e 18,3% no 3º ano.
Este estudo teve como objetivo investigar a motivação para a prática de
atividade física e as relações com os estados de humor e depressão na
adolescência. Além das características gerais e das diferenças entre meninos e
meninas nas variáveis do estudo, foi discutido neste capítulo como comportamentos
auto determinados para a prática de atividade física estão relacionados com
melhores indicadores de saúde mental na adolescência.
Nos estudos de Guilherme Moraes Rodrigues (2017), o estudo buscou revisar
a literatura a fim de encontrar os possíveis benefícios da atividade física no
35

tratamento da depressão, identificar a extensão desses efeitos benéficos e por fim


apresentar fundamentação teórica à aplicação clínica do exercício físico no
tratamento da depressão por profissionais da educação física e outros da área da
saúde. Os três estudos abordados nessa revisão demonstraram resultados
significativos nos efeitos positivos da atividade física sobre a depressão, tanto na
forma de escores depressivos melhores em grupos com intervenções terapêuticas
de exercícios assim como em correlações negativas entre escores depressivos e
nível de prática de atividades físicas. Foram encontrados ainda parâmetros
importantes que podem validar e orientar uma prática clínica mais eficiente como: a
possível existência de um mínimo de atividade física para a redução dos escores
depressivos apontada pelo estudo de Vasconcelos - Raposo et al, 2009; a
importância da continuidade das atividades físicas na manutenção da melhora obtida
demonstrada no estudo de Vieira et al, 2007 e a melhor efetividade de programas
com intensidade mais altas e configurados de maneira progressiva, quando
comparados aos programas não progressivos de baixas intensidades, na melhora
dos escores depressivos, na remissão dos paciente e ainda na velocidade da
remissão a partir de 4 semanas já. Adicionalmente, é observada a necessidade de
se realizarem mais estudos na área, a fim de consolidar na literatura os benefícios
aqui sintetizados e encontrar mais parâmetros para viabilizar uma prática clínica
ainda mais eficiente.
Já nos estudos de Lucas Souto Gonçalves (2018), os trabalhos analisados ao
longo deste estudo abordam os efeitos dos exercícios físicos nos sintomas de
depressão e qualidade de vida principalmente em idosos depressivos. Com o
aumento da expectativa de vida e consequente aumento da população idosa, a
Depressão Maior (DM) passa a ser uma síndrome cada vez mais comum. Esse
transtorno de humor pode apresentar sintomas como solidão, tristeza, isolamento
social, entre outros. Vários estudos se propõem a examinar a eficácia dos exercícios
físicos em idosos com sintomas depressivos, podendo ser eles combinados com
intervenção medicamentosa ou não. Zuntini (2018) apud Cheike (2003) faz uma
diferenciação fundamental para o desenvolvimento dessa análise, destacando as
diferenças entre atividade física e exercício físico.
Os resultados obtidos pelos autores nos trabalhos indicam que existe sim uma
melhora real no estado de saúde, e aqui se considera fundamentalmente a saúde
psíquica, principalmente levando-se em consideração que durante a prática de
36

exercícios físicos o cérebro libera uma série de substâncias (hormônios) capazes de


amenizar vários sintomas da depressão, dores, provocando o relaxamento e
consequentemente melhorando a condição de vida daquele idoso.

4.2 Discussão - Atividade física e depressão

Recentemente, vários estudos bem delineados têm demonstrado a eficácia de


diferentes formas de tratamento não farmacológicos para a depressão. O exercício
físico tem estado entre a mais nova descoberta para o tratamento da depressão, de
leve a moderada, e seus efeitos antidepressivos têm recebido considerável atenção
(GRIMA, 1996; MARTINSEN, 1994; RANSFORD, 1982).
Como sugere Gonçalves (2018), a atividade física pode influenciar de duas
formas na depressão. Uma onde é utilizada como proteção contra o
desenvolvimento de sintomas depressivos, ou seja, um valor preventivo. A segunda
[e que a atividade física pode ajudar pessoas com depressão de mecanismos
psicológicos ou biológicos.
Interessantes benefícios foram observados e acompanhados através da
prática de exercício físico, no tratamento da depressão, principalmente diante da
continuidade da prática da atividade física. A literatura ainda associa, o exercício
físico às adaptações comportamentais positivas no engajamento dos indivíduos em
programas de treinamentos futuros e na manutenção dos esforços para a prática
continua da atividade (VASCONCELOS-RAPOSO et al, 2009).
O exercício físico evidenciou que diante das possibilidades de tratamento,
destacava-se pela inexistência de efeitos colaterais diretos associados (COSTA et
al, 2015), demonstrando uma economia relativa quando comparado às alternativas
medicamentosas, terapêuticas e gerando uma contribuição global na promoção de
saúde do indivíduo (WERNECK; BARA FILHO; RIBEIRO, 2006 apud COSTA et al,
2015), e podendo utilizar-se tanto como complemento aos tratamentos
convencionais, como substituto a alguns casos leves da depressão (RIBEIRO, 2013
apud COSTA et al, 2015).
Autores como Craft e Perna (apud COSTA et al 2015) em seus estudos,
proporcionam relatos em que se demonstram,
Os principais benefícios encontrados no exercício físico são: a diminuição
da insônia e da tensão, bem-estar emocional, imagem corporal positiva,
aumento da positividade e autocontrole psicológico, melhora do humor e
interação social positiva.
37

A atividade física tem como objetivo desenvolver variáveis de aptidão física


relacionadas à saúde como a resistência cardiorrespiratória, força e resistência
muscular, flexibilidade e equilíbrio possibilitar a promoção do desempenho motor por
meio do refinamento de habilidades motoras (locomoção, manipulação e
estabilização). Estas atividades permitem ainda promover aspectos psíquicos
saudáveis como melhora do autoconceito, da autoestima, sensação de competência
e de controle, autossuficiência. Desta forma, pode atuar sobre o comportamento
social por meio da percepção do sentimento de competência social, senso de
compromisso e de controle sobre eventos externos.
O exercício físico, por meio do mecanismo biológico, pode atuar como um
psicoestimulante leve e antidepressivo. O sistema motor ao ser estimulado pode
promover um aumento do aporte sanguíneo e do metabolismo ao sistema nervoso
central; ativando as estruturas do sistema límbico e do eixo Hipotálamo-Hipófise-
Adrenal (HPA) acarretando, assim, alterações nos sistemas de neurotransmissores e
opiláceos endógenos. Estas modificações levam a melhora dos sintomas
depressivos, alívio da dor, diminuição da hipertonia muscular, e redução do potencial
de atividade do músculo em repouso-relaxamento. A melhora da depressão, por
meio desse mecanismo, está associada às melhoras na aptidão física.
Quanto ao mecanismo psicológico, os efeitos dos exercícios são associados
positivamente à percepção do sentimento de capacitação e valorização individual
(autossuficiência, auto eficácia, autocontrole, autoconceito e autoestima), à distração
e ao desempenho cognitivo. Nesse sentido, as atividades lúdicas poderiam trazer
mais efetivamente um impacto positivo. Além disso, o exercício em grupo, também
promove benefícios psicológicos de uma experiência grupal, como o senso de
envolvimento, compromisso e propósito; o senso de controle sobre eventos
externos; a instilação de esperança, o altruísmo e a percepção de competência
social.
38

5. Conclusão

Observou-se que não existência estudos que tratam e trazem informações


entre a prática do boxe e o transtorno de humor depressão.
Mas existem muitos documentos informativos por parte de professores de
Educação Física, academias de ginásticas, academias fitness que abordam
trazendo muitas informações e explicações sobre a prática e a modalidade do boxe.
De acordo com os professores de boxe, um treino completo de boxe com
atenção ao domínio correto dos movimentos e técnicas dos golpes, agilidade,
velocidade e força é de alta intensidade e alta queima calórica.
Lembrando que homens, mulheres, crianças e idosos podem desfrutar de
todos os benefícios que o boxe promove. Porém, o público infantil e da terceira
idade também está crescendo por serem as faixas etárias que mais são
beneficiadas pelo aprendizado dos golpes, principalmente a esquiva, pois estimulam
os reflexos, coordenação motora e concentração. Os idosos, em especial, também
se beneficiam com o desenvolvimento e recuperação da agilidade promovida pelos
movimentos específicos do boxe. Já as crianças se beneficiam ainda com o
aprendizado de disciplina e respeito.
O benefício está no fato do exercício físico fazer o cérebro liberar
neurotransmissores, que ajudam a pessoa a se sentir melhor, após alguns minutos
ou horas de treinos.
Parece-nos que a lacuna encontrada se deve a um desinteresse acadêmico
especificamente pelo Boxe, o que impediu uma clara correlação entre as variáveis
propostas neste estudo. Para futuros estudos, sugerimos a inclusão do “Boxe” como
variável nos estudos acadêmicos, bem como a realização de pesquisas com
participantes que pratiquem boxe nas modalidades social, amadora e profissional a
fim de observar os efeitos da prática sobre os sintomas da Depressão.
39

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