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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE FARMÁCIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FARMÁCIA HOSPITALAR


(FFMU08)

Rio de Janeiro

2018
I - Sobre o Hospital

O estágio foi realizado na Maternidade Escola da UFRJ, localizada na Rua das


Laranjeiras n° 180, Laranjeiras, Rio de Janeiro.
A maternidade foi criada em 18 de janeiro de 1904 com a finalidade principal de
assistir às gestantes e às crianças recém-nascidas das classes menos favorecidas. Sua
importância no ensino da Obstetrícia, no Brasil, foi base para a formação dos cursos de
pós-graduação em níveis de mestrado e de doutorado em 1974.
Atualmente, a Maternidade Escola é uma unidade especializada, que dispõe de
assistência ambulatorial e hospitalar, multiprofissional, oferecendo linhas de cuidado
específicas na atenção à saúde de gestantes e recém-nascidos de alto risco. Possui
ambulatórios especializados na assistência pré-natal (hipertensão arterial, diabetes,
gestação gemelar, patologias fetais e adolescentes), programa de rastreio de risco para
gestantes no primeiro trimestre, planejamento familiar para mulheres de risco, genética
pré-natal e medicina fetal. A Maternidade Escola presta assistência integral à saúde da
mulher e da criança, com perfil multiprofissional, e atua dando ainda nos campos de
formação profissional, atividades de pesquisa e inovação tecnológica.

II - Estrutura da farmácia

A equipe responsável pela farmácia é formada por 7 farmacêuticos, 2 assistentes


administrativos e 2 técnicos. Em relação à estrutura física, possui uma área de dispensação,
uma sala administrativa e aquisição de medicamentos, uma área para a Central de
Abastecimento Farmacêutico (CAF), sala de fracionamento e uma cozinha para uso da
equipe.

De acordo com a PORTARIA Nº 4.283, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010 "A


infraestrutura física e tecnológica é entendida como a base necessária ao pleno
desenvolvimento das atividades da farmácia hospitalar, sendo um fator determinante para
o desenvolvimento da assistência farmacêutica, devendo ser mantidas em condições
adequadas de funcionamento e segurança. A infraestrutura física para a realização das
atividades farmacêuticas deve ser compatível com as atividades desenvolvidas, atendendo
às normas vigentes".
Uma vez que a farmácia da maternidade escola apresenta às áreas necessárias para
o desempenho de suas funções, pode-se considerar que ela encontra-se de acordo com o
previsto pela lei.

III – Setores da farmácia

 CAF
O CAF da Farmácia é composto por duas salas em que os medicamentos são
armazenados à temperatura inferior a 22°C, em prateleiras organizadas em ordem
alfabética. Há também uma área onde são armazenados saneantes e soros, estocados sobre
pallets. O CAF é o setor responsável pelo recebimento, estocagem e distribuição de
medicamentos.

O processo de aquisição de medicamentos é baseado no Consumo Médio, que visa


estimar demanda aproximada dos medicamentos necessários à maternidade. Os dados do
consumo médio são comparados com os valores de saída mensais do medicamento e
quantidade existente no estoque para então ser definida a quantidade de cada
medicamento será pedida para o mês. Devem-se salientar não necessariamente os pedidos
são realizados numa data fixa do mês, pois caso o estoque atinja 20% do valor do consumo
mensal para cada medicamento, ou seja, quando o ponto de ressuprimento é atingido, o
pedido do medicamento deve ser feito visando minimizar os riscos de falta do mesmo.

Em relação ao processo de compras a farmácia iniciou pela primeira vez no mês


de abril de 2018 a participação em pregões eletrônicos. Porém, até março de 2018 as
compras eram realizadas apenas por meio da utilização de ATAS que consistem em
documentos de pregões já aprovados por outras instituições federais que aprovam a
compra de medicamentos a partir de determinados fornecedores. Esses documentos têm
validade de 1 ano e apresentam informações como fornecedores, endereço, nome e valor
do medicamento.

Uma vez escolhidos os fornecedores, os mesmos são contatados para a verificação


da disponibilidade da empresa em fornecer o medicamento a farmácia para a
concretização da transação.
Alguns exemplos de medicamentos e correlatos mais utilizados pela farmácia são:
dipirona de 500mg comprimido e água para injetáveis. O consumo médio da dipirona gira
em torno de 1690 unidades mensais. Já a água para injetáveis de 10ml tem um consumo
médio em torno de 6000 unidades. Outro medicamento como a Simeticona 40mg
comprimido também é responsável por um elevado consumo médio, em torno de 540
unidades mensais.

Durante o meu estágio, passei por volta de 20% do tempo acompanhando o setor
de aquisição e estoque da farmácia.

 Dispensação ambulatorial
A dispensação ambulatorial não ocorre com muita freqüência no hospital sendo
normalmente para medicamentos de diabetes e hipertensão. Orientações básicas sobre
horário e posologia são dadas ao paciente. Há ainda um cuidado para a dispensação da
quantidade correta do medicamento.

 Dispensação

Os medicamentos são distribuídos em doses unitárias suficientes para um período


de 24h para cada paciente. As receitas são levadas por enfermeiros até a farmácia
diariamente e são posteriormente conferidas pelo farmacêutico responsável. Os
medicamentos são previamente fracionados para facilitar a dose individualizada e em
cada medicamento é colocada uma etiqueta com o nome do princípio ativo, forma
farmacêutica, concentração, lote e validade. Separa-se então o medicamento de cada
paciente em saquinhos plásticos que são selados e recebem o nome, leito da paciente,
registro, data e hora do fracionamento. Os medicamentos separados devidamente
embalados são presos à prescrição, sendo levados até os leitos por um funcionário da
enfermagem.

Em relação aos medicamentos controlados, o processo é o mesmo, entretanto tais


medicamentos são registrados no livro de controlados conforme estabelecido pela
Portaria/SVS Nº 344, DE 12 de maio de 1998. Há ainda a preparação da "maleta de
emergência", que contem ampolas de medicamentos e é enviada no início do dia para a
UTI Neonatal e Emergência com um lacre de cor verde e retorna à farmácia, com um
lacre de cor vermelha. A maleta é organizada conforme a foto em anexo 1.

Em relação à dispensação, o sistema pareceu adequado e eficiente, sendo capaz


de atender à demanda do hospital. Passei a maior parte nesse setor, juntamente com a
análise de prescrição.

 Triagem e Análise de Prescrições


Ao receber a prescrição o farmacêutico confere dados como: nome do paciente,
local do leito dose, data, assinatura do médico, nome do medicamento e posologia. Em
caso de dúvida o farmacêutico entra em contato ou com a equipe de enfermagem ou com
o médico. Em caso de letra ilegível a receita volta para esclarecimentos.
Os casos de interferência por parte do farmacêutico são quando ocorrem erros na
posologia ou dose na prescrição. O mesmo contata os médicos para esclarecimentos. Um
caso específico foi a prescrição de Metilprednisolona 500mg em 1mL IV com
reconstituição em Cloreto de Sódio 0,9%, porém de acordo com o fabricante para garantir
a estabilidade química e microbiológica é necessário que se faça a reconstituição em 8mL
do diluente específico composto por álcool benzílico. O farmacêutico percebeu e entrou
em contato com o médico responsável, que confirmou que se tratava de um erro, o qual
foi reportado ao Sistema de Gerenciamento de Risco, notificando a equipe responsável
pela prescrição e administração dos medicamentos.

 Manipulação de injetáveis

A farmácia não realiza manipulação de injetáveis. Esta atividade é realizada pela


equipe de enfermagem.

 Manipulação de antineoplásicos
A farmácia não realiza manipulação de antineoplásicos.

 Farmacovigilância

A farmácia incentiva notificações e compilação dos eventos adversos por meio do


programa de gerencia de risco. Este programa visa coletar informações e indicadores de
erros a fim de detectar os possíveis erros cometidos pela equipe da farmácia e
implementar estratégias de controle a fim de evitar que esses erros cheguem ao paciente.
Buscam ainda levantar estatísticas sobre a quantidade de medicamentos prescritos em
relação à quantidade de medicamentos dispensados pela farmácia para que haja um
entendimento de qual parcela de erros foi responsabilidade do setor. Mensalmente há uma
análise e reunião com os setores e a diretoria do hospital, a fim de debaterem sobre os
achados no programa de gerenciamento de risco. As notificações dos eventos são
realizadas por meio de ficha de cadastro que são disponibilizadas aos diversos setores do
hospital. Segue anexada a Ficha de notificação, bem como do panfleto e o cartaz de
divulgação do programa de gerenciamento de risco do hospital, Anexo II, III e IV
respectivamente.

Apesar do programa de gerência de risco, a farmácia não adotou nenhuma medida


baseada no mesmo, visto que os erros detectados pelo programa eram pontuais.

IV – Conclusão

A maternidade Escola da UFRJ possui uma farmácia bem estruturada, organizada


e com profissionais capacitados para atender com eficiência às demandas do hospital. O
estágio na farmácia foi de essencial importância para a minha formação como profissional,
uma vez que me permitiu conhecer o funcionamento de uma farmácia hospitalar e as
atribuições do profissional farmacêutico, despertando o interesse pela área de atuação.
Além disso, a vivência com os farmacêuticos permitiu um ambiente de grande troca de
conhecimentos, trazendo a ciência mais uma vez da importante atuação do farmacêutico
na sociedade.
V - Referências

PORTAL MATERNIDADE ESCOLA. Disponível em :


http://www.me.ufrj.br/index.php/instituicao/historia - Acessado em 11 de maio de 2018.

PORTARIA Nº 4.283, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010. Disponível em:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4283_30_12_2010.html -
Acessado em 11 de maio de 2018.

PORTARIA/SVS Nº 344, DE 12 DE MAIO DE 1998. Disponível em:


http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/PRT_SVS_344_1998_COMP.pdf
/a3ee82d3-315c-43b1-87cf-c812ba856144 - Acessado em 11 de maio de 2018.
ANEXO I

Maleta de Emergência
ANEXO II

Ficha de Notificação
ANEXO III

Panfleto de Segurança do Paciente


ANEXO IV

Cartaz de
Segurança do Paciente

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