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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA

UNIDADE JOINVILLE
DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO DE ENSINO
CURSO TÉCNICO EM ELETROELETRÔNICA

ELETRÔNICA II

Profª. Bárbara Taques


ÍNDICE

ÍNDICE..............................................................................................................................2
CAPÍTULO 1 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS – AMP OP.............................3
1.1 INTRODUÇÃO AOS AMPLIFICADORES OPERACIONAIS......................3
1.2 OPERAÇÃO DIFERENCIAL E MODO COMUM.........................................5
1.3 AMPLIFICADORES OPERACIONAIS BÁSICOS........................................7
CAPÍTULO 2 – APLICAÇÕES NÃO LINEARES COM AMP OP’s............................14
2.1 COMPARADORES.........................................................................................14
2.2 OSCILADORES..............................................................................................18
2.3 MULTIVIBRADORES...................................................................................21
CAPÍTULO 3 – FILTROS ATIVOS...............................................................................26
3.1 DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA......................................................................26
3.2 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA.................................................................26
3.3 CLASSIFICAÇÃO..........................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................34

2
CAPÍTULO 1 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS – AMP OP

1.1 INTRODUÇÃO AOS AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Os amplificadores Operacionais possuem algumas características básicas


como:
 Correntes nos dois terminais de entrada igual a zero;
 Impedância de entrada muito alta e
 Impedância de saída muito baixa.

1.1.1 Simbologia
AmpOp Ideal

Entrada 1
Entrada 1
+ +
Saída Vd AdVd Vo= AdVd
Entrada 2

Entrada 2 - -

1.1.2 Tipos de Entrada

 Sinal conectado a entrada positiva e a entrada negativa conectada ao terra:

Vo

Saída: Amplificada, com mesma fase da entrada.

3
 Sinal conectado a entrada negativa e a entrada positiva conectada ao terra:

Vo

Saída: Amplificada, com fase oposta ao sinal de entrada.

 Entrada Diferencia: Sinal conectado entre os terminais positivos e


negativos:

Vo

Saída: Amplificada, em fase com o sinal de entrada.

Exercício: Calcular a saída de um AMPOP com as entradas conectadas como mostrado


no desenho abaixo:

Vo

4
1.2 OPERAÇÃO DIFERENCIAL E MODO COMUM

Uma das características mais importantes de uma conexão de circuitos


diferencial existente em um AMPOP é a capacidae de o circuito amplificar muito pouco
(quase zero) os sinais comuns a ambas as entradas.
O AMPOP fornece um ganho de saída referente a amplificação da diferença dos
sinais opostos aplicados entre as suas entradas (Ad), e um ganho (que no caso ideal
deveria ser zero) que se deve a amplificação de mesmos sinais entre suas entradas (Ac).
Uma vez que a amplificação dos sinais de entrada opostos é muito maior que a dos
sinais de entrada comuns, o circuito fornece uma rejeição de modo comum descrita por
um parâmetro chamado de razão de rejeição de modo comum (CMRR- COMMON-MODE-
REJEITION-RATION).

ENTRADAS DIFERENCIAIS:

O sinal de diferença, quando entradas separadas são aplicadas ao AMPOP, é


dada por:
Vd=Vi1-Vi2

ENTRADAS COMUNS:

Quando os sinais de entrada são iguais, o sinal comum é dado pela média
aritmética entre os dois sinais:

1
Vc  Vi1  Vi 2 
2

TENSÃO DE SAÍDA

Uma vez que qualquer sinal aplicado a um AMPOP tem, em geral, componentes
tanto em fase como fora de fase, a saída resultante pode ser expressa como:

Vo=AdVd+AcVc

Considerando entradas opostas dadas por: Vi1=-Vi2=Vs, Vd é dada por:

Vd  Vi1  Vi 2  Vs    Vs   2Vs

Enquanto a tensão de modo comum resultante é:

1
Vc  Vs    Vs    0
2

De maneira que a tensão resultante é:

Vo  Ad Vd  AcVc  Ad  2Vs   Ac .0
Vo  2 Ad V s

5
Considerando entradas de mesma polaridade: Vi1=Vi2=Vs, Vd é dada por:
Vd  Vi 1  Vi 2  Vs  Vs  0

Enquanto a tensão comum resultante é:


1
Vc  Vi 1  Vi 2   1 Vs  Vs   Vs
2 2

Portanto, a tensão de saída resultante é:

Vo  Ad Vd  AcVc  Ad 0  Ac .Vs
Vo  AcVs

1.2.1 Razão de Rejeição de Modo Comum

A razão de rejeição de modo comum (CMRR) é definida pela seguinte equação:


A
CMRR  d
Ac
Este valor também pode ser expresso em termos logarítmicos como:
A
CMRR  20 log10 d (dB)
Ac
Obs.: a importância da utilização do ganho em decibéis (dB) justifica-se quando
são utilizados grandes valores para CMRR, por exemplo:
CMRR  10 3  CMRR(dB )  60dB
De modo geral:
CMRR  10 n  CMRR(dB)  20.n dB
A utilização em decibéis facilita a representação gráfica de muitas grandezas que
têm uma ampla faixa de variação.
O valor do CMRR varia com a faixa de freqüência de entrada. Por exemplo, o
valor de 90dB fornecido pelo fabricante do AMPOP 741, só é garantido até
aproximadamente 200Hz. Felizmente, a maioria dos ruídos industriais estão nesta faixa
(60Hz a 120Hz).

Exercícios:

1. Calcular CMRR para os circuitos mostrados abaixo:


-0,5mV -1mV

Vo=-8V -12mV
0,5mV -1mV

2. Determinar a tensão de saída de uma AMPOP para as tensões de entrada


Vi1=150µV, Vi2=140µV. O amplificador tem um ganho diferencial de
Ad=4000 e o valor de CMRR é:

a) 100
b) 105

6
1.3 AMPLIFICADORES OPERACIONAIS BÁSICOS

1.3.1 Modos de Operação do AMPOP

a) Sem realimentação: Também denominado operação em malha aberta e o seu


ganho é estipulado pelo próprio fabricante, ou seja, não se tem controle sobre o mesmo.
Este tipo é muito útil em circuitos comparadores.
Vi
Vo

b) Com realimentação positiva: Esse tipo de operação é denominado operação


em malha fechada. Apresenta como inconveniente o fato de conduzir o circuito a
instabilidade.
Uma aplicação prática deste circuito são circuitos osciladores.
R2

Vi R1
Vo

c) Com realimentação negativa: Neste modo de operação, a entrada do sinal é


aplicada na entrada negativa do AMPOP. Este é o modo mais importante em circuitos
com AMPOP.
R2

Vi R1
Vo

O ganho global deste tipo de circuito é dado por:


V0 Rf
 , desde que Av (ganho de tensão do amplificador em malha aberta)
V1 R1
seja bastante grande.
 As aplicações com este tipo de circuito são inúmeras, como:
 Amplificadores Inversores;
 Amplificadores Não- Inversores;
 Seguidor unitário;

7
 Amplificador Somador;
 Amplificador Diferencial.

1.3.2 Curto-circuito virtual e terra virtual

Em circuitos com realimentação negativa, o ganho total do circuito depende


somente dos valores das resistências de realimentação. Sendo assim:
Rf
V0   V1
R1
Considerando V0=AvVi

Rf Rf V1
AvVi   V1  Vi   
R1 R1 Av
Portanto, com valores de Av bastante grandes     , os valores de Vi  0 .
Com isso diz-se que, entre as entradas positivas e negativas do AMPOP, com
realimentação negativa, existe um curto-circuito virtual. Virtual porque em um curto-
circuito real tem-se V=0 e I≠0, mas no curto-circuito virtual tem-se V=0 e I=0.
No caso em que a entrada positiva está aterrada, considerando Vi=0, a entrada
negativa também terá valor zero. Sendo assim esta ligação é chamada de terá virtual,
pois este ponto não está ligado ao GND.

1.3.3 Tipos de Circuitos Amplificadores Básicos

1. AMPLIFICADOR INVERSOR

Rf

V1 R1
a Vo

V1  Va Va  V0
 0
R1 Rf

Considerando o terra virtual no ponto a: Va=0

V1 V V R
Portanto:  0 ,e 0  f
R1 Rf V1 R1

8
2. AMPLIFICADOR NÃO-INVERSOR

V1
a Vo

R1 Rf

0  V1 V1  V0 
 0
R1 Rf
 1 1  V
 V1    0
 R1 R f  Rf
 
Portanto:
V0  R1  R f  R1  R f
 Rf  
V1  R R  R1
 f 1 

V0 Rf
 1
V1 R1

Sendo assim, o amplificador não-inversor não apresenta defasagem no sinal de


saída.

3. SEGUIDOR DE TENSÃO (BUFFER)

Vo
Vi

Este circuito apresenta uma altíssima impedância de entrada e uma baixíssima


impedância de saída.
Suas aplicações são:
 Isolador de estágios;
 Casador de impedâncias, etc.

9
4. SOMADOR

Rf
V1 R1

V2 R2
Vo
V3 R3

Cada entrada adiciona uma tensão na saída, multiplicada pelo seu componente
fator de ganho:

 Rf Rf Rf 
V0   V1  V2  V3 
 R1 R2 R3 

5. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL OU SUBTRATOR

R2

V1 R1

R1 V0

V2

R2

Este circuito permite que se obtenha na saída uma tensão igual a diferença entre
os sinais aplicados, multiplicada por um ganho:

R2
V0  V2  V1 
R1

1
Exercícios:

1. Qual é a faixa de ajuste de ganho de tensão no circuito abaixo?

500kΩ

V1
Vo
10kΩ 10kΩ

2. Que tensão de entrada produz uma saída de 2V no circuito abaixo?


1MΩ

V1 20kΩ
Vo

3. Qual a faixa das tensões de saída no circuito abaixo?


200kΩ

V1 20kΩ
Vo
(0,1 a 0,5V)

4. Que tensão de saída resulta, no circuito abaixo, para uma entrada de Vi= -0,3V?
V1
Vo

12kΩ 360kΩ

1
5. Que faixa de tensão de saída é desenvolvida no circuito abaixo?

V1=0,5V
Vo

10kΩ 200Ω

10kΩ

6. Calcular a tensão de saída produzida pelos circuitos abaixo:

a)

Rf=330kΩ
0,2V 33kΩ

-0,5V 22kΩ
Vo
0,8V 12kΩ

b)

100kΩ

Vo
Vi=1,5V
20kΩ

1
7. Calcular as tensões de saída V2 e V3 no circuito abaixo:

100kΩ
20kΩ
V2

0,2V V3

200kΩ

10kΩ

8. Calcular a tensão V0.

Vi=0,1V 100kΩ
20kΩ

400kΩ V0
10kΩ
20kΩ

1
CAPÍTULO 2 – APLICAÇÕES NÃO LINEARES COM AMP OP’s

2.1 COMPARADORES

Considerando que o ganho do amplificador de malha aberta é muito grande, mesmo


para valores de tensão muito pequenos a saída será limitada pelo valor de saturação do
AMPOP. Como a saída é dada por: V0  AMA (V   V  ) , quando V+ for maior que V-, a
saída será +VSAT, e quando V- for maior que V+, a saída será –VSAT.

V1

V0
V2

O uso de um comparador pode ser exemplificado como Sensor de Nível. Quando o


nível estiver acima (ou abaixo) do normal (valor de referência), o comparador emite um
sinal de saída para o sistema controlador.

2.1.1 Comparador Não-Inversor

Vi V0
Vo +VSAT

0 Vi

-VSAT

 V , quando Vi  0  V1  0
V0   SAT   V0  AMAVi
 VSAT , quando Vi  0 V2  Vi

2.1.2 Comparador Inversor


V0
+VSAT
Vi
Vo 0 Vi

-VSAT

 V , quando Vi  0 V1  Vi
V0   SAT   V0   AMAVi
 VSAT , quando Vi  0  V2  0

1
2.1.3 Comparador com referência não nula

V0
+VSAT
Vo
+ 0 Vi
Vref Vi
_ Vref -VSAT

 VSAT , quando Vi  Vref


V0  
 VSAT , quando Vi  Vref
 V1  Vi
  V0  AMA (Vref  Vi )
V2  Vref

2.1.4 Comparador com tensão de saída limitada

Colocando-se um diodo Zener na saída do comparador, pode-se limitar V0 na tensão


de polarização reversa do diodo (normalmente 5,1V).
V1
V1

ou V0
V0
V2 V2

Vi

V0
5,1
-0,7

Outra forma de limitar a tensão de saída do comparador é colocando dois diodos


Zener catodo-contra-catodo. Assim pode-se limitar tanto tensões positivas como
negativas em 5,1V.
V1

V0

V2

1
2.1.5 Detector de faixa

A combinação de um comparador inversor e um não-inversor resulta num circuito


chamado detector de faixa. Este circuito verifica se uma certa tensão de entrada Vi está
dentro de uma faixa delimitada por Va(REF INFERIOR) e Vb (REF SUPERIOR).

Vb
V0

Vi

Va

Quando a tensão de entrada se encontrar dentro da faixa supramencionada, a tensão


de saída será zero, caso contrario, ela será igual a +VSAT.

Exercícios:

Desenhar as formas de onda de saída dos circuitos abaixo, nos mesmos gráficos
onde estão representadas suas respectivas entradas.
Vi
a)
Vi
Vo

b) Vi
Vi

Vo

c)
Vi

Vo
4V
+
4V Vi
_

1
Vi
d) V1
4V
V0

2V

Vi
e) V1

4V
V0

3V

f)
Vi
V1

4V
V0

-4V

g)
V0
9V

Vi

3V

1
2.2 OSCILADORES

2.2.1 Operação Básica dos Osciladores

Vi + V0
_ A
Vf

β
O ganho total de um circuito com realimentação positiva, é dado Af, como:

A
Af  ,
1  A

Já o ganho de malha é dado por:

Amf=Aβ

Os critérios para oscilação de um circuito realimentado, representado pela figura acima


são:

Amf(jω)=1, sendo: Amf  j  1 e Amf  j   0 

Se ωo for dado de forma que Amf  j   0 , então:


a) Amf  j  1 → O sistema não oscila


b) Amf  j  1 → O sistema oscila
c) Amf  j  1 → Oscilação Distorcida

2.2.2 Oscilador com Ponte de Wien

Um circuito oscilador utiliza um circuito RC em ponte, com a freqüência do


oscilador determinada pelos componentes R e C.Os resistores R1, R2 e os capacitores C1,
C2 formam os elementos de ajuste da freqüência, enquanto os resistores R3 e R4 formam
parte do caminho de realimentação.

18
C1 R1

Vo

C2 R2
R3
R4

O circuito de realimentação deste oscilador é mostrado na figura abaixo.

+ R1C1 +

Vo R2 C2 Vf

_ _
Sendo o ganho β do circuito dado por:

j R 2 C 2

1   R2 R1C 2 C1  j  R2 C 2  R1C1  R2 C1 
2

O como este é um circuito não inversor o seu ganho de realimentação negativa é:

R3
A  1
R4

Para satisfazer o critério de oscilação: Amf  j   0  , onde Amf=Aβ

1
A freqüência de oscilação será: f0  . Se R1=R2 e C1=C2:
2 R1 R2 C1C 2

1
f0 
2RC

A característica que garante o ganho de malha suficiente para o circuito oscilar é


que:

19
R3 R 1 C1
 
R4 R2 C 2

R3
Sendo assim, 2,
R4

Portanto, uma razão entre R3 e R4 maior que 2 oferece um ganho de malha suficiente
para que o circuito oscile na frequência calculada para fo.

Exercícios:

1. Calcular a freqüência de ressonância do oscilador com ponte de Wien da


figura abaixo.

0,001μF 51kΩ

Vo

0,001μF 51kΩ 300kΩ

100kΩ

2. Esboce os elementos RC de um oscilador com ponte de Wien, como na figura


do exercício anterior para a operação em fo=10kHz.

3. Calcular a freqüência do circuito oscilador com ponte de Wien, quando


R=10kΩ e C=2400pF.

4. Projetar um oscilador com ponte de Wien, de tal modo que a freqüência do


sinal de saída possa ser ajustada numa faixa de 100Hz a 1kHz. Fazer os dois
capacitores iguais a 0,01μF.

20
2.3 MULTIVIBRADORES

2.3.1 Operação Astável de um CI Temporizador 555

O CI 555 é o resultado de uma combinação de comparadores lineares e flip-flops


digitais, conforme mostra a figura 2.1.

Figura 2.1 – CI temporizador 555

Uma aplicação conhecida do CI temporizador 555 é como um multivibrador astável


ou circuito de clock. A análise seguinte da operação do 555 como um circuito astável
engloba detalhes das diferentes partes da unidade e de como as várias entradas e saídas
são utilizadas. A figura 2.2 mostra um circuito astável construído utilizando um resistor
externo e um capacitor para fixar o intervalo de temporização do sinal de saída.

Figura 2.2 – Multivibrador astável utilizando CI 555

21
O capacitor C carrega-se, tendendo ao valor VCC, através dos resistores externos RA e
RB. Como mostra a figura 2.2, a tensão do capacitor aumenta até ultrapasar 2VCC/3. Essa
tensão á a tensão limiar do pino 6, que leva o comparador 1 a disparar o flip-flop de
forma que a saída no pino 3 seja levada para nível baixo. Além disso, o transistor de
descarga é ligado, fazendo com que o capacitor seja descarregado através de RB pelo pino
7. A tensão do capacitor diminui, então, até cair abaixo do valor de disparo (VCC/3). O
flip-flop é disparado, a saída retorna para o nível alto e o transistor de descarga é
desligado, fazendo com que o capacitor possa novamente ser carregado através dos
resistores RA e RB pela fonte VCC.

Figura 2.3 – Formas de onda referentes a um circuito astável

A figura 2.3 mostra as formas de onda no capacitor e na saída referentes a um


circuito astável. Os cálculos dos intervalos de tempo nos quais a saída é alta e baixa
podem ser feitos utilizando as relações:
T ALTA  0,7 R A  RB  C

TBAIXA  0,7 R B C
O período total é:

T  período  T ALTO  TBAIXO

A freqüência do circuito astável é calculada então como:

1 1,44
f  
T  R A  2RB C

22
Exemplo: Para o circuito da Figura 2.2, considerando RA=RB=7,5kΩ e C=0,1µF.
Determinar a freqüência de saída do mesmo e desenhar as suas formas de onda.

Utilizando as equações que determinam os períodos baixo e alto da oscilação:

  
TALTA  0,7 R A  R B  C  0,7 7,5  10 3  7,5  10 3 0,1  10 6 =1,05ms
e
  
TBAIXA  0,7 RB C  0,7 7,5  10 3 0,1  10 6 =0,525ms

T=TALTA+TBAIXA=1,05ms+0,525ms=1,575ms

1 1
f  3
 635Hz
T 1,575  10

2.3.2 Operação Astável com AmpOp

A implementação de um multivibrador astável com Amplificador Operacional, além


de ser uma alternativa ao CI 555, é muito comum na prática. De fato, o circuito básico de
um multivibrador astável com AmpOp necessita apenas de um capacitor e três resistores
externos, conforme se vê na figura 2.4.

23
R1

R Vo

VZ1
C R3
VZ2
R2
Figura 2.4 – Multivibrador Astável com AmpOp

Este circuito possibilita a geração de um sinal quadrado. Para a limitação da tensão


de saída, que a princípio seria +VSAT e –VSAT, coloca-se dois diodos idênticos (VZ1=VZ2) e
em oposição, conforme mostra a figura 2.4. A freqüência de saída do sinal pode ser
variada através do potenciômetro R1. E a freqüência f do sinal pode ser calculada pela
seguinte fórmula:

1  2R 
T  2 R1C ln1  2 
f  R3 

Exemplo: Um projetista deseja determinar a relação entre R2 e R3 no circuito da figura


2.4, de tal modo que a freqüência do sinal de saída do multivibrador astável possa ser
1
calculada pela seguinte fórmula f  . Qual a relação procurada pelo projetista?
R1C

1
1  2R  f 
Se T   2 R1C ln1  2  , então  2R .
f  R3  2 R1C ln1  2 
 R3 
1 1

Portanto:  2 R2  R1C
2 R1C ln1  
 R3 
 2 R2  1
ln1  
 R3  2
R2
 0,3244
R3

24
Exercícios:

1. Para um circuito temporizador 555 conectado como um multivibrador astável,


com operação em 350Hz. Determinar o valor do capacitor C, necessário, utilizando
RA=RB=7,5kΩ.

2. Para um circuito temporizador 555 montado como mostrado na figura 2.1,


determinar os períodos TALTA e TBAIXA da forma de onda de saída; e a freqüência do
mesmo. Desenhar a forma de onda.

3. Para o circuito da figura 2.4 operar numa freqüência de 450Hz, se R3 for o dobro
do valor de R4, quanto será o valor de R1, considerando um capacitor C=0,001μF, ?

4. Qual será a freqüência de oscilação de um multivibrador astável, mostrado na


figura 2.4, fazendo R2=0,7R3; R1=22kΩ e C=0,1μF?

5. Qual será a relação entre R3 e R2, para que o circuito da figura 2.4 opere numa
freqüência de 246,63Hz , quando a relação R1C=0,01s?

25
CAPÍTULO 3 – FILTROS ATIVOS

Um filtro elétrico é um circuito capaz de atenuar determinadas freqüências do


espectro do sinal de entrada e permitir a passagem das demais.

3.1 DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA

Chama-se espectro de um sinal a sua decomposição numa escala de amplitude


versus freqüência. Isto é feito através de séries de Fourier.

Exemplo: Considerando uma entrada Vi=1V, temos como saída Vo o gráfico da


figura 3.1.

Vo

5V

2π10 2π100 2π1000 ω(rad/s)


Quando a entrada Vi possui uma freqüência abaixo de 10Hz ou acima de 1000Hz,
sua saída é quase que completamente atenuada.
Quando a entrada Vi possui uma freqüência de 100Hz seu ganho é máximo, sendo
Vo cinco vezes maior que Vi.

3.2 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA

A função de transferência de um circuito é a relação de ganho do circuito no


V o  j 
domínio da freqüência: H  j    A  jB
Vi  j 
Onde:

H  j   A  jB

B
H  j   tan 1  
 A

26
3.3 CLASSIFICAÇÃO

Os filtros podem ser classificados quanto à função que executa; quanto ao modelo
físico utilizado para sua execução e quanto a sua função resposta.

3.3.1 – Classificação quanto à sua função

 Filtro Passa-Baixas: São aqueles que só permitem a passagem de freqüência


abaixo de uma freqüência determinada fc (denominada freqüência de corte). As
freqüências superiores são atenuadas

 Filtros Passa-Altas: Só permitem a passagem de freqüência acima de uma


freqüência determinada fc. As freqüências acima são atenuadas.

 Filtros Passa-Faixa: Só permitem a passagem das freqüências situadas numa faixa


delimitada por uma freqüência de corte inferior fc1 e outra fc2. As freqüências
situadas abaixo da freqüência de corte inferior ou acima da freqüência de corte
superior são atenuadas.

 Filtro Rejeita Faixa: Só permite a passagem das freqüências situadas abaixo de


uma freqüência de corte inferior (fc1) ou acima de uma frequência de corte s
superior (fc2). A faixa de freqüência delimitada por fc1 e fc2 é atenuada.

Na figura 3.2 pode observar as curvas de resposta e freqüência para os quatro tipos
de filtros. Pode-se observar que existem as curvas ideais (que na prática são impossíveis
de serem realizados) e as curvas reais, que podem ser aproximações muito boas das
curvas ideais.

Figura 3.2
Para uma curva em freqüência existem algumas definições que devem ser
conhecidas:

27
Faixa de passagem: Faixa de freqüências que estão acima de 70,7% do ganho
máximo (definiu-se como ponto de corte o ponto onde a potência do sinal cai pela
metade). Esta redução de 70,7% também pode ser considerado como atenuação de 3dB,
 Vi 
onde o G  dB   20 log  .
 Vo 
Faixa de transição: Faixa de freqüência entre a freqüência de corte e a freqüência
de passagem.

Faixa de Corte: Faixa de freqüências que estão abaixo de 10% do seu valor
máximo.

A figura 3.3 mostra uma curva com estes valores usando como exemplo um filtro
passa-baixas.

Figura 3.3

3.3.2 – Classificação quanto ao modelo físico utilizado

Quanto ao modelo físico utilizado são considerados três tipos de filtros:

 Filtros passivos: São aqueles construídos apenas com elementos passivos,


tais como: resistores, capacitores e indutores. Tais filtros são inviáveis em
baixas freqüências, pois exigem indutores muito grandes.

 Filtros Ativos: São aqueles construídos com alguns elementos passivos


associados a elementos ativos (válvulas, transistores e amplificadores
operacionais).

 Filtros Digitais: Tais filtros utilizam componentes digitais como elementos


construtivos. Os sinais analógicos são convertidos em sinais digitais. Estes

28
são processados digitalmente com softwares em componentes digitais ou
computacionalmente e então convertido novamente para sinais analógicos.

Os filtros também são classificados por sua ordem, isto é pela ordem do polinômio
do denominador da sua função de transferência.

Exemplo: Filtro Ativo Passa-Baixas de primeira ordem:

Vi Vo
R1

C
R2 R3

Figura 3.4

R2
Para o circuito da figura 3.4 o ganho K é dado por: K  1 
R1
Enquanto que a relação da tensão de saída pela tensão de entrada é dada por:

 1 
Vo  K  Vi
 1  jR1C 

Portanto, seu ganho é dado como:

Vo 1
 H  j   K
Vi 1  jR1C

Para que H  j   0 , isto é, freqüência completamente atenuada (situação ideal),


com K≠0, o denominador da função de transferência deverá tender a infinito. Como isto
na prática é impossível, considera-se como freqüência de corte a freqüência na qual a
amplitude de ganho se reduz em 0,707 (como mencionado anteriormente), para isto o
denominador do módulo de H(jω) deverá ser igual a 2 , ou seja:

1   R1C  
2
2

Para isto, faz-se: R1C  1 , como   2f

1
fc 
2R1C

29
Para freqüências maiores que a freqüência de corte, o ganho será cada vez menor,
tendendo a zero.

Quanto maior a ordem do polinômio, ou seja a ordem do filtro, menor será a faixa
de transição do filtro real.

3.3.3 – Classificação quanto à função-resposta

Para que a à função resposta do filtro seja melhorada, além da ordem do


polinômio também podem existir diferentes tipos de polinômios no denominador do
mesmo, mudando assim a sua função de transferência. Para isto existem três tipos de
filtros com diferentes características:

Filtros Butterworth:

k PB
H  j  
2n
  (aproximação para um filtro passa-baixa)
1   
 c 

n=1,2,3,...

Onde n é a ordem do filtro, kPB é o ganho do filtro PB quando a freqüência é nula


e ωc é a freqüência de corte (ωc=2πfc).

A figura 3.5 mostra diferentes respostas em freqüências para diferentes ordens de


um filtro Butterworth Passa-Baixa.
A resposta Butterworth possui uma resposta plana (nenhum tipo de ondulação) na
faixa onde ω<ωc, sendo mais plana na região próxima à ω=0.
 
A taxa de atenuação destes filtros será de: TA  20n log  , ou seja a cada
 c 
década de freqüência o filtro sofre uma atenuação de 20dB, para um filtro de primeira
ordem, 40dB por década para segunda ordem e assim por diante.

30
Figura 3.5

Filtros Chebyshev:

Estes filtros possuem uma taxa de atenuação muito maior que os filtros
Butteworth, porém possuem ondulações (ripples) na faixa de passagem. São
caracterizados pela seguinte função de transferência:

k PB
H  j  
  (aproximação para um filtro passa-baixa)
1  E 2 C n2  
 c 

n=1,2,3,... e (0<E≤1)

Onde kPB é o ganho para do filtro PB para freqüência nula; ωc é a freqüência de


corte; E é uma constante que define a amplitude (PR) dos ripples presentes na faixa de
passagem, e Cn é o chamado polinômio de Chebyshev, dado por:

Cn(ω)=2ωCn(n arc cosω)

A taxa de atenuação para os filtros Chebyshev é dada por:

 
TA  20 log E  6 n  1  20n log 
 c 
E a amplitude dos ripples (PR) em decibéis está relacionada com E através da
seguinte expressão:
PR ( dB )  20 log 1  E 2

31
O valor de PR é utilizado para caracterizar o filtro de Chebyshev. Por exemplo:
filtro Chebyshev 0,5dB, filtro Chebyshev 1dB, etc. O máximo valor permitido para PR é
3dB (E≈0,99763).
A figura 3.6 mostra a curva de resposta em freqüência do ganho para vários
valores de n para os filtros Chebychev.

Figura 3.6

Filtros Elépticos:
Os filtros Elípticos apresentam ripples tanto na faixa de passagem como na faixa
de corte. Todavia, são os que têm melhor definição em termos de freqüência de corte. Em
outras palavras, a sua faixa de transição é bastante estreita. Esse tipo de filtro é muito
utilizado em equipamentos que exigem alta precisão no ponto de corte, bem como uma
atenuação acentuada na faixa de corte.
A figura 3.7 mostra a curva de resposta para um filtro Elíptico PB de quinta
ordem, com ωc=1rad/s.

Figura 3.7

32
Exercício: Para os circuitos abaixo achar a sua respectiva função de transferência.

1.

Vi Vo
C

R1
R3
R2

2.

Vi R1 Vo
C
C
R3 R1
R2 R2 R3

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 PERTENCE JÚNIOR., A. Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos. Porto


Alegre:Bookman, 6 Ed., 2003.

2 BOYLESTAD, RL; NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de


Circuitos. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 8ª Edição, 2004.

3 BERLIM, HM. Projetos com Amplificadores Operacionais. São Paulo: Editora


Técnica Eletrônica Ltda.

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