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PROJETO DE PESQUISA
VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE: ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E
HOMICÍDIOS NA REGIÃO METROPOLITANA DA CAPITAL SERGIPANA
PLANO DE TRABALHO
As organizações criminosas e a interferência nas taxas de homicídios na região
metropolitana de Aracaju
1 Introdução
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2. Justificativa
Mesmo com o dito combate ao tráfico ilícito de entorpecentes e prisões constantes da SSPSE,
aliada ao Estatuto do Desarmamento, os índices de homicídios foram crescendo entre 2011 a 2016,
tendo leve queda no período de 2017 ao início de 2018, como relatou a própria SSPSE a imprensa
sergipana.
Diante das informações e através da observação participante (o autor deste texto é membro
da Polícia Militar do Estado de Sergipe) achamos necessário descobrir como procedeu esse aumento
considerável na taxa de homicídios e se a atuação de facções (organizações) criminosas conhecidas
no sistema prisional sergipano tem influência direta ou não nos registros de mortes violentas por
arma de fogo ou por qualquer outro tipo de instrumento, por questões ligadas propriamente ao tráfico
e consumo ilícito de entorpecentes e a disputa de espaços na região metropolitana de Aracaju, além
de analisar dados dos indivíduos envolvidos, em sua maioria jovens negros de periferias.
Por ser um fenômeno social pouco ou quase não explorado em pesquisas sobre violência e
criminalidade, principalmente em Aracaju, achei necessário realizar uma pesquisa em que o foco
seria organizações criminosas na região metropolitana de Aracaju justamente para responder as
questões elencadas, além demonstrar o perfil social das vítimas das interferências destas facções.
3. Objetivos da Pesquisa
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3.2 Objetivos Específicos
Levantar junto a literatura das Ciências Sociais, seja nas áreas de Sociologia,
Antropologia e Direito, embasamento teórico que contribuam para a pesquisa;
Compreender o fenômeno a partir dos inquéritos policiais e das entrevistas;
Realizar entrevistas com autoridades da Segurança Pública do Estado de Sergipe que
possam esclarecer como atuam as organizações criminosas que atuam com o uso ilegítimo da
força, dentro e fora dos presídios;
Abrir fórum na internet relacionado a temática desenvolvida;
Caracterizar os sujeitos vítimas dos homicídios: faixa etária, escolaridade, cor da pele,
origem social, grupos sociais e etc.;
Descobrir como atuam as organizações criminosas no tocante a sua maior fonte de
capital financeiro, o tráfico ilícito de entorpecentes;
Identificar algumas destas organizações criminosas, principalmente as que mais detém
poder, seja no aumento ou no controle da violência;
Analisar as taxas anuais de mortes violentas na região estudada;
Preparar relatórios dos trabalhos, entrevistas e pesquisas de campo;
Realizar entrevistas e visitas no Sistema Prisional sergipano;
Identificar as áreas em que houve maior aumento de homicídios relacionados a disputa
de poder entre facções;
Debater a temática violência e juventude;
Analisar através dos inquéritos policiais as circunstâncias de determinados homicídios
que podem ter ligação com disputa de poder entre facções criminosas;
Discutir a temática Estado versus Crime Organizado.
Analisar dados de fontes oficiais (DESIPE; SSPSE)
4. Fundamentação Teórica
Não se pode negar que a violência e a criminalidade nos grandes centros urbanos
tornaram-se fenômenos sociais de grande visibilidade, ainda mais sendo divulgados pela
imprensa e compartilhado nas redes socias. Um dos crimes que mais repercutem são os
homicídios causados por instrumentos próprios de defesa ou ataque como punhal e espada, mas
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principalmente por arma de fogo, crimes estes muitas das vezes podem ter sido ocasionados por
disputas de poder e controle dos espaços por organizações criminosas.
Nossa hipótese parte do pressuposto do que diz Arendt onde “Violência” e “Poder” sempre
andam juntos. Desta forma queremos demonstrar nesta pesquisa, como a interferência do tráfico
ilícito de drogas na região metropolitana de Aracaju, promovidos pelas facções (organizações)
criminosas, influenciam no aumento das taxas de homicídios ou na diminuição, quando áreas
são controladas pelos “chefes”. Como esse fenômeno social se dá na região metropolitana da
capital sergipana, se tem origem exterior ao estado de Sergipe? A influência de organizações
criminosas como o PCC e CV pode ser resposta ao nosso problema de pesquisa.
Descobrir como as facções criminosas agem, quando elas surgiram, quem são os agentes
sociais envolvidos e como se processa esse fenômeno social moderno ligado a violência, pode
ter uma enorme relevância no meio acadêmico, haja vista escassez de estudos ligados a esse
tema relacionados ao estado Sergipe, justamente no campo das Ciências Sociais e no estudo da
violência e criminalidade visto e pesquisado por quem trabalha no combate a violência não
estatal. É necessário também procurar no sistema prisional algumas das causas que expliquem
o surgimento e fortalecimento das facções criminosas, como diz Alves (2010):
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identificar a atuação da delinquência estruturada, que visa ao combate de bens
jurídicos fundamentais para o Estado Democrático de direito
Acima de tudo é perceptível que o debate sobre crime e violência toma conta do nosso
cotidiano, seja pela imprensa ou outros meios de comunicação. Mas falar sobre crime não é
novidade nas ciências sociais e também poderemos utilizar pensadores clássicos para debater
com nossa temática como Durkheim com a classificação de anomia social ou mesmo Weber
(1970) “ diz que a violência é o aspecto em que se funda o Estado, apesar de não ser sua única
atividade”, porém como as organizações criminosas conseguem criar um “Estado” paralelo e
exercer uma espécie de “força” legítima para eles devido à ausência ou ao não alcance do
Estado em seus domínios?
Outros autores que trabalham questões como classes sociais violência, poder e juventude
são Adorno (2011), Reguillo (2012), Valenzuela (2015) autores que tratam de temáticas
relacionadas ao nosso tema e que estudam fenômenos sociais ligados a crime e violência
5. Metodologia
A delimitação da investigação gravitará em torno da interferência das organizações
criminosas no tocante à aos índices de homicídios da região metropolitana de Aracaju. Quem
são os sujeitos vítimas de homicídios e por que as facções usam tal prática criminosa como
forma de controle de indivíduos e espaços.
6. Referências
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WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva, Trad: Regis
Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. 4ª ed. – Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009.
MENEZES, João Eloy de. Inteligência Policial e Combate ao Crime Organizado. São Cristóvão:
(TCCP) 2004.
NUCCI, Guilherme de Souza. Organização criminosa. 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense, 2015.
REGUILLO, Rossana. De las violencias: caligrafía y gramática del horror. Desacatos, núm.
40, septiembre-diciembre, 2012, pp. 33-46. Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en
Antropología Social Distrito Federal, México.
BIONDI, Karina. Etnografia no movimento: Território, hierarquia e lei no PCC. São Carlos:
UFSCar, 2014.
7. Cronograma
ETAPAS
Levantamento
Bibliográfico
Fichamento de
Textos
Coleta de fontes
Análise de fontes
Organiza/Aplicação
Questionários
Tabulação de
Dados
Organização do
roteiro
Redação do
trabalho
Apresentação em
evento científico
Redação/Revisão
final/Entrega