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Resumo
1. Introdução
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Trabalho apresentado para a disciplina de Pesquisa em Jornalismo, sob a orientação do professor Filipe
Bordinhão
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Estudante de Graduação, 7º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, e-mail:
gui_coimbra94@yahoo.com.br
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ir para as ruas para comemorar conquistas como, por exemplo, os cinco títulos mundiais da
seleção brasileira de futebol, e também para lamentar tragédias como a morte do piloto Ayrton
Senna, em 1993, que abalou todo o Brasil. De conquistas memoráveis e tragédias lastimáveis,
esse sentimento de brasilidade nasceu de uma estratégia política, ainda no governo Getúlio
Vargas, que visava construir essa identidade de um povo através da seleção brasileira de
futebol. Curiosamente, em pleno Século XXI, essa estratégia continua dando certo. Nas
manifestações recentes que dividiram o país, era comum ver camisas da seleção pintando os
atos de amarelo, mostrando que, até os dias de hoje, ela ainda é o principal símbolo desse
patriotismo brasileiro.
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Segundo Máximo (1999), era uma antiga tradição inglesa, que consistia num jogo com duas equipes com cerca
de 50 pessoas para cada lado. Era disputado com bola de bexiga de boi, envolvida em couro, atirada pelo sapateiro
de Derby ao alto, na terça-feira de Carnaval (mais conhecida como terça-feira gorda), que deveria ser passada
pelas portas da cidade. Socos, pontapés e agressões eram permitidos.
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Clube de futebol da cidade de Rio Grande-RS, fundado em 19 de julho de 1900.
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Escravidão, ela seguia enraizada no povo brasileiro e fez com que o início do esporte no país
fosse restrito às elites. O football no Brasil foi direcionado à elite branca brasileira, seguindo os
passos do remo, esporte que até então era dominante e totalmente restrito aos negros e classes
mais pobres.
O panorama levou cerca de duas décadas para começar a mudar. Segundo Coelho
(2004), somente na década de 1920, quando o Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de
Janeiro, quebrou as barreiras raciais para apostar em atletas negros dentro do seu plantel e se
sagrou campeão da segunda divisão carioca, que as mudanças puderam ser vistas no horizonte.
No entanto, a decisão cruz-maltina repercutiu mal nos demais clubes guanabaras. América,
Botafogo, Flamengo e Fluminense, clubes da elite branca carioca, tentaram excluir o Vasco das
competições.
Nesse mesmo período, o futebol conquistou cada vez mais o seu espaço e se tornava o
principal esporte do país. Ainda praticado de forma amadora no Brasil, a profissionalização só
teve o início na década de 1930. E foi justamente nessa época que sua força política passou a
ser conhecida. Segundo Mostaro (2012), era um período de crescimento acelerado da
industrialização e da urbanização, após estímulo do governo de Getúlio Vargas para a transição
da população do campo para a cidade. Mesmo que governando de forma provisória e com a
Constituição de 1934, Vargas precisaria ainda mais da unificação de todo o povo brasileiro em
torno de seus ideais após instauração do Estado Novo em 1937.
Com isso, Getúlio Vargas ganhou dois grandes aliados nessa criação de uma identidade
nacional e valorização da pátria: o rádio e o futebol. Com o esporte cada vez menos elitista e se
tornando cada vez mais de massa, o governo passou a transformar a figura dos atletas em
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verdadeiros heróis. Mostaro (2012) afirma que, após a Copa Rio Branco em 1932, vencida pela
seleção brasileira sobre o Uruguai, por 2 a 1, os jogadores foram recebidos pelo presidente na
Capital Federal, no Palácio do Catete. Dois fatores importantes passaram a se fortalecer desde
então: a profissionalização do esporte e a utilização deste como ferramenta para criar uma nova
nação.
A criação da Copa do Mundo acelerou este processo. O Brasil fracassou nas duas
primeiras disputas, em 1930 e 1934, mas viajou para a França, em 1938, com uma grande
expectativa de conquista. Esse sentimento foi ampliado com a ajuda do rádio, então veículo
midiático mais popular, que pela primeira vez faria a cobertura de um Mundial direto do solo
francês para os lares brasileiros.
Fraga (2006) destaca que a Copa do Mundo de 1938 teve um papel importante para esse
processo de massificação do esporte no Brasil. Mesmo já tendo conquistado os corações das
multidões, o futebol se popularizou ainda mais por conta da transmissão do rádio e da grande
expectativa que gerou em todo o povo brasileiro com a campanha da seleção nacional.
o jogo de futebol eram transmitidos pelo mesmo lugar. A instantaneidade do rádio e a paixão
pelo esporte se tornaram ali grandes aliados do governo para botar em prática essa política de
instauração de um sentimento de patriotismo na população e assim a criação dessa identidade
nacional.
Mostaro (2012) conta que, buscando o sucesso de sua estratégia, Getúlio Vargas
denominou José Maria Castelo Branco como chefe de delegação do Brasil na Copa do Mundo,
fazendo com que algumas preleções fossem realizadas ao lado da bandeira nacional. Alzira
Vargas, sua filha, foi denominada madrinha da seleção brasileira, e, por fim, as autoridades
locais dispensavam seus trabalhadores em dias de jogos da seleção brasileira - o que acontece
até os dias de hoje em dias de partidas do Brasil pela Copa do Mundo.
A popularização foi um sucesso cada vez maior e se tornou uma das estratégias políticas
de Vargas mais efetivas. Franzini (1997) destaca que o objetivo principal do governo era
associar elementos de cultura popular para instigar o sentimento de orgulho patriótico no povo
brasileiro e enxergou no futebol uma grande potência para mobilizar, por se tratar de um
esporte extremamente popular e com intenso apelo. Isso fez com que o futebol não só se
firmasse cada vez mais, mas como se tornasse algo como uma religião para o brasileiro. Um
dos mais icônicos cronistas esportivos de todos os tempos, Nelson Rodrigues definiu esse
esporte como “a coisa mais importante entre as menos importantes”, em uma frase que
eternizou quando o assunto é futebol.
Esse tipo de tratamento dado ao futebol não foi por acaso. Vargas, que afirmava que
“quando perde a Seleção, perde o país”, percebeu o potencial de mobilização que esse
esporte tem e o usou para implementar a política nacionalista de seu Governo, criando
um patriotismo em torno do esporte, que dura até hoje na sociedade brasileira. Foi a
primeira Copa que todo o país acompanhou ao vivo pelo rádio, trazendo a emoção que
faltara nos dois mundiais. Essa Copa entra para a história não só pelas ambições de um
governante de se aproveitar do esporte, mas também por mostrar que pelo rádio um país
inteiro estava mobilizado por um ideal (MOSTARO, 2012, p.27).
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No entanto, dentro de campo, diante de 200 mil pessoas, a história foi diferente. O
Brasil chegou a abrir o placar, aumentando ainda mais a expectativa de que seria uma vitória
fácil. Mas o Uruguai estragou a festa brasileira. Em questão de minutos, os uruguaios
marcaram dois gols, viraram o placar e venceram a partida, desbancando o favoritismo
brasileiro e transformando a tarde que era para ser de festa em uma imensa tragédia.
A derrota catastrófica frustrou em partes o plano do governo de tentativa de afirmação
nacional, mas mostrou o imenso poder do futebol diante do povo, de causar sentimentos de
euforia em vitórias e de tristeza nas derrotas. Estava, de uma vez por todas, o futebol marcado
como um simbolismo da nação e a seleção brasileira como um dos maiores patrimônios do
país.
Ganhar uma Copa do Mundo passou a ser, desde nosso terceiro lugar na de 1938, uma
espécie de termômetro: era isso que iria dizer se éramos ou não uma grande nação.
Claro, não pensavam assim os mais lúcidos, os mais bem informados, os que viam o
Brasil com olhos que não os do torcedor. Mas para este, ser campeão mundial era o
atestado de nossa grandeza. Motivo de ter ele encarado como tragédia nacional a derrota
para os uruguaios em 1950, em pleno Maracanã erguido justamente para festejarmos a
vitória. Motivo também de duvidarmos de nosso talento, de nossos brios, de nosso
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Tradução do “Maracanazo”, como os uruguaios chamaram aquela conquista da seleção celeste e a trágica derrota
do Brasil na Copa do Mundo de 1950, fazendo alusão ao Estádio do Maracanã, palco da disputa.
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Muito tempo passaria até que o torcedor brasileiro começasse a perceber que a seleção
brasileira era uma coisa e o Brasil, outra. Que o futebol, eterna paixão, não era o que o
dramaturgo Nélson Rodrigues rotulou de “a pátria em chuteiras”. Era, sim, um
brinquedo levado muito a sério (MÁXIMO, 1999, p. 186).
Tal sentimento fez com que o povo vibrasse em conquistas históricas como o
tetracampeonato, em 1994, e o pentacampeonato, em 2002, como tratasse com frustração as
trágicas perdas, como em 1982, no fracasso daquela que é chamada por muitos até os dias de
hoje como a melhor seleção brasileira de todos os tempos. O vice-campeonato de 1998, na
derrota para a anfitriã França, por 3 a 0, na grande final, também foi outro acontecimento que
ficou marcado na memória do torcedor brasileiro como uma das grandes perdas da história do
esporte bretão.
5. Conclusão
símbolos do país, assim como a bandeira nacional. Não é difícil, em manifestações políticas,
ver pessoas trajando o uniforme da seleção como forma de patriotismo, mostrando o seu amor à
pátria e às cores da bandeira. Talvez, em um país cercado de problemas em sua estrutura
política, a seleção ainda seja uma das poucas ferramentas capaz de mobilizar todos os 200
milhões de brasileiros em prol de um único ideal.
Referências bibliográficas
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FRAGA, Gerson Wasen. Onde os jacarés não andam pelas ruas: A imprensa e os motivos da
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Acesso em: 24 de junho de 2018.
MÁXIMO, João. Memórias do futebol brasileiro. Revista Estudos Avançados, v. 13, n. 37, p. 179-
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ORTRIWANO, Gisela Swetlana. França 1938, III Copa do Mundo: O rádio brasileiro estava lá.
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SALOMÃO, Mozahir. A Copa de 1950 e o futebol como acontecimento midiático eletrônico. In:
RANGEL, Patrícia; GUERRA, Márcio (Org.). O rádio e as Copas do Mundo. Juiz de Fora: Juizforana
Gráfica e Editora, 2012. Cap. 2. p. 29-44.
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