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ANTECEDENTES DA FUSÃO
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(11) 5085-4625
*Resumo
Este caso discute a necessidade de fusões entre empresas concorrentes, como forma de
enfrentar as oportunidades e desafios do novo ambiente global de negócios. A fusão entre a Brahma e
Antarctica é um bom exemplo disso. Se essas empresas não tivessem se unido, correriam o sério
risco de serem “engolidas” por um concorrente estrangeiro. No entanto, após a fusão, é a AMBEV
que passa a ameaçar os mercados dos fabricantes dos outros países. Há uma contradição entre as
leis antitruste e a nova realidade do mercado global. O futuro parece pertencer aos gigantes que
operam em escala mundial.
PALAVRAS-CHAVE: fusão, ambiente global de negócios, leis antitruste
*Abstract
This case discusses the need for merges between opposite companies, as an alternative to face
opportunities and challenges in a new kind of world business scenario. The merge involving the
companies Brahma and Antarctica is a good example of this. If those companies hadn´t merged,
they would have had the risk of being acquired by a foreign company. However, after the merge,
AMBEV is seen as a “threat” abroad. There is a contradiction between antitrust laws and the
actual global market reality, in the sense future seems to belong to giant companies that operate
worldwide.
KEYWORDS: merge, world business scenario, antitrust laws
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Estrutura do Case
1. Introdução
2. Principais cervejarias antes da fusão
3. Processo de Fusão
4. Conclusão
5. Anexos
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1. INTRODUÇÃO nários em particular e dos necessitados em geral.
Através dos anos, o processo de expansão manteve-
No dia 1º de julho de 1999, o mercado de cervejas se como prioridade, com a construção de novas fábri-
e refrigerantes foi surpreendido pelo anúncio da fu- cas e compra de concorrentes mais fracos, entre eles
são de duas grandes empresas do setor brasileiro, a Bohemia . Em 1970, a Antarctica produzia mais de
a Antarctica e a Brahma, formando a terceira maior 500 milhões de litros de cerveja e refrigerantes. Ao
cervejaria do mundo, a AmBev, Companhia de Bebi- final daquela década, a empresa começou a se ex-
das das Américas (American Beverage Company). A pandir internacionalmente, através da exportação do
união passaria a concentrar 73% do mercado de cer- Guaraná Antarctica.
veja, fato que desagradou a muitos no setor e levou o
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) Nos anos 80, foi formado o Grupo Antarctica com 22
a suspender a fusão até que fosse avaliado o impacto empresas coligadas. Em 1992, a Antarctica iniciou um
do acontecimento no mercado interno. profundo processo de modernização, para enfrentar
o mercado que se tornara mais competitivo. Nesse
A “guerra” foi mais visível e direta entre as marcas de processo, a empresa reduziu o quadro de funcioná-
cerveja, um segmento que é bastante promissor no rios, aumentou a qualificação de novos profissionais
Brasil, que é o quarto maior mercado do mundo. Po- contratados e ampliou sua linha de produtos.
rém, perto de outros países o consumo per capita de
cerveja no Brasil ainda é baixo, ficando em torno de Ao longo dos anos 90, o segmento de cerveja come-
44 litros, frente aos 100 litros per capita consumidos çou a ficar cada vez mais competitivo com o fortale-
na Alemanha e aos 80 litros consumidos nos EUA. cimento da Brahma e com o crescimento da Kaiser,
o que tornou o quadro desfavorável para a Antarc-
Apesar de toda a controvérsia, no final a fusão foi tica, que começou a perder fatias deste mercado.
aprovada, o que mudou totalmente o panorama com- Sua participação, que era de 32% em 1995,caiu para
petitivo nesse setor, no Brasil. Este caso coloca em 24% em 1997. A perda de participação se tornou
questão as razões pelas quais a fusão foi realizada, constante tanto no mercado de cervejas como no de
pede para que sejam levantadas alternativas à fusão refrigerantes; o grau de endividamento ficava cada
e também que se discuta a decisão do Cade. vez mais alto, chegando a 550 milhões de reais em
99 e o desânimo atingiu a todos do Grupo.
2.1 - Antarctica
Fundada em 1885 por sete empresários, a Antarctica
começou como uma pequena fábrica de gelo e comi-
da. Em 1888, passou a produzir cerveja, alcançando
dois anos mais tarde 4 milhões de litros produzidos.
No ano de 1893, Zerrener, Büllow & Cia assumiram o
controle da companhia, iniciando um forte processo Fonte: Economática.
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anos, o valor de mercado de ação da empresa caiu su- vejas. Os novos dirigentes adotaram uma adminis-
cessivamente. tração agressiva, implementando um profundo e ex-
tenso processo de expansão, modernização e busca
2.1.1. Portfólio de eficiência. A empresa mudou radicalmente suas
Cervejas Refrigerantes estratégias, passando a utilizar política agressiva de
Antarctica Pilsen (Extra e Extra Cristal) Guaraná Antarctica (Diet)
Antarctica Pilsener Chopp Soda Antarctica (Diet) promoção de vendas, de redução de custos, de au-
Malzibier Água Tônica (Diet)
Munchen Extra Pop Cola (Diet) mento da capacidade produtiva e de expansão inter-
Rio Cristal Pop Laranja (Diet)
Bavaria (Pilsen e Premium) Clube Soda Antarctica nacional. No início da década de 90, a participação
Budweiser Baré Cola
Bohemia Baré Tuti-Frutti somada da marca Brahma era de 38% superando a
Kronenbier Guaraná Frisante Polar
Serramalte da Antarctica. No ano de 1994, a Brahma incorporou
Original
Polar (Export, Pielsen) a Cia. Anónima Cervecera Nacional, na Venezuela, e
Niger
Chopp Antarctica inaugurou uma fábrica na Argentina. No ano seguin-
Polar
te, concluiu acordo com a norte-americana Miller
2.2 Brahma Brewing Company e passou a produzir e distribuir a
A Brahma teve origem em 1888, quando o imigran- cerveja Miller no Brasil.
te suíço Joseph Villiger inaugurou a “Manufatura de
Cerveja Brahma Villiger & Companhia” no Rio de Ja- A cerveja Brahma manteve-se líder de mercado por
neiro, com produção diária de 12.000 litros de cerve- quase toda década de 90; apesar disso tanto a marca
ja e 32 funcionários. Brahma como a Antarctica perderam fatias do mer-
cado devido ao crescimento de concorrentes como a
No ano de 1894, Villiger abriu uma nova sociedade cerveja Kaiser e Schincariol e da própria Skol, marca
no mesmo local da anterior: a empresa cervejeira associada ao grupo Brahma, que obteve um impres-
Georg Maschke & Cia. Dez anos mais tarde, nasceu sionante avanço, e chegou à liderança em 1998, com
a Companhia Cervejaria Brahma, resultante da fusão 27% do mercado.
entre a Georg Maschke & Cia. e a Preiss Häussler &
Cia. A produção naquele ano chegou a 6 milhões de No mesmo estudo realizado pelo professor Oscar
litros. Malvessi (citado no tópico anterior), no qual são ana-
lisados os resultados econômicos da Antarctica e da
Em 1965 iniciou-se o trabalho das primeiras reven- Brahma, antes da formação da AmBev, averiguou-se
das exclusivas da Brahma, realizadas em grande par- que a Brahma proporcionou ao seus acionistas um
te por antigos funcionários da Brahma. No ano de incremento de riqueza da ordem de R$ 1,8 bilhão.
1968, foi inaugurada sua Estação Experimental de Em termos de retorno, para cada R$ 1,00 investido
Cevada no Rio Grande do Sul, com a finalidade de os acionistas possuíam R$ 2,00.
testar novas variedades de cevada cervejeira e estu-
dar suas adaptações ao solo e clima da região. 2.2.1. Portfólio
Cervejas Refrigerantes Isotônicos Chás Águas
Bhama Chopp Guaraná Bhama (Light) Marathon Isotônico Marathon Ice Tea (Diet) Águas Fratelli Vita
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Nos anos 80, a estabilidade da economia havia criado 3. PROCESSO DE FUSÃO
um ambiente favorável ao surgimento de novos com-
petidores no mercado. Nesta época, a demanda era Duas semanas após o anúncio da fusão, o Cade
maior que a oferta, o que auxiliou o sucesso do lança- (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), ba-
mento da cerveja Kaiser em Minas. Assim, distribuido- seado na lei Antitruste (nº 8.884), havia suspendido
res de Coca-Cola de outras regiões também se uniram qualquer operação das duas empresas, que ficariam
ao empreendimento, e passaram produzir e comercia- impedidas de desativar fábricas, demitir pessoal ou
lizar a nova cerveja unificar suas estruturas, antes da avaliação das con-
seqüências da formação da AmBev no mercado bra-
Na distribuição e venda a Kaiser passou a praticar o sileiro de cervejas e refrigerantes.
processo de “venda casada”, também utilizado pelas Paticipação no mercado de cervejas (1999) Paticipação no mercado de refrigerantes (1999)
Outras
líderes do mercado, no qual a venda de cerveja era vin- Schincariol 5%
Skol
9% Outras Coca-Cola
27% 33%
culada à compra de refrigerante, usando os canais de Kaiser
49%
15%
Santa Cerva
Heineken
Com o slogan “multinacional verde-e-amarela”, a
Xingu
AmBev, já no dia 1º de julho, deixou claro que sua
intenção era expandir-se no mercado internacional
com a estratégia de distribuição mundial do Guaraná
2.4 Participação no mercado de cervejas 2
Antarctica, por meio da estrutura oferecida pela Pep-
si. O principal argumento a favor da fusão, anunciado
pelos grupos controladores da Antarctica e da Brah-
ma, era o seu fortalecimento para não serem presas
futuras do capital estrangeiro e da desnacionalização.
2
No gráfico as participações da Brahma/1997-1998, da Skol/1997 e da Antarctica/1998 são
Fonte: Nielsen e Panorama Setorial.
valores estimados.
3
Parágrafo retirado do artigo “A Guerra das Cervejas” publicado pela revista Exame em
janeiro de 2000.
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um disfarce da aquisição da Antarctica pela Brahma. redução de empregos no setor, restrição à possibi-
A Cervejaria apresentou cálculos que previam milha- lidade de escolha do consumidor (exclusividade no
res de demissões nas duas empresas. A Coca-Cola, ponto-de-venda); por outro lado, a união das duas
ligada à Kaiser, também se sentiu prejudicada pela empresas permitiria um aumento do bem-estar eco-
fusão, que tem como objetivo levar seu concorren- nômico por meio de ganhos de eficiência da ordem
te, o Guaraná Antarctica, para competir no merca- de R$ 177 milhões/ano4.
do internacional. Porém, os interesses da gigante
estrangeira não foram mencionados no processo. A AmBev conseguiu a aprovação do Cade, porém
3 Parágrafo retirado do artigo “A Guerra das Cervejas” foram impostas medidas para compensar os custos
publicado pela revista Exame em janeiro de 2000. econômicos do ato:
Decisão do Cade
No mês de novembro de 1999, foi divulgado o pa- Restrições principais:
Venda da marca Bavaria no prazo de oito meses, com a transferência dos contatos de fornecimento e
recer do primeiro fórum: a Secretaria de Acompa- distribuição da cervejaria. O comprador não poderá ter participação acima de 5% do mercado de cerveja.
Venda de cinco fábricas da Antarctica e da Brahma com capacidade total de 709 milhões de litros,
nhamento Econômico (Seae) recomendou a venda da também no prazo de oito meses, localizadas em Getúlio Vargas (RS), Ribeirão Preto (SP), Cuiabá (MT),
Salvador (BA), Manaus (AM).
A AmBev deverá compartilhar, por quatro anos, sua rede de distribuição com cinco pequenas empresas
Skol, a marca mais consumida no país, pertencente à (com até 5% de participação no mercado), uma em cada região.
marcas de cerveja da empresa (Antarctica, Brahma A Ambev não poderá obrigar a venda exclusiva de seus produtos nos pontos-de-venda.
A Empresa assinará com o Cade um termo de compromisso de desempenho com metas de redução de
custos e ganhos de eficiência que devem ser cumpridos por um período de cinco anos, sob pena de pagamento
ou Skol), além da venda de duas fábricas de cerve- de multa.
ja (uma em Manaus e outra em Cuiabá). Ambos os Na análise feita pelo Cade, foram avaliados os impac-
pareceres foram considerados pela AmBev inviáveis, tos de cada uma das possíveis decisões do caso, que
pois eliminariam os ganhos com a fusão. A decisão inclui os pareceres da Seae e da SDE:
do caso ficou sob os cuidados dos membros do Con- Decisão do Cade: Caso AmBev
Opções Alternativas Desvantagens
selho Administrativo de Defesa Econômica (Cade),
1. Aprovação sem restrições Perda de um concorrente se compensação
que teve um prazo de 60 dias para aprovar ou não a 2. Venda da marca Skol Não resolve o problema em todas as regiões;
inviabiliza o negócio; perda de eficiência.
AmBev. 3. Venda Skol ou Antartica ou Brahma Idem acima
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Segundo o Gesner de Oliveira, presidente do Cade, pra dos ativos da AmBev, por terem participação de
o novo quadro poderá garantir uma redução de 10% mercado superior a 5%. Para o presidente da Kaiser,
nos preços das cervejas para o consumidor. Ges- Humberto Pandolpho, os votos do Cade não foram
ner deixou claro que, se caso alguma das determi- técnicos; foram mais troca de opiniões entre os con-
nações do Conselho não fosse cumprida, a AmBev selheiros. Segundo ele, o relatório final era frágil e in-
estaria sujeita a multas diárias de até R$ 106 mil. conseqüente, acusando o procurador-geral do Cade,
Amauri Serralvo, de ter desprezados 177 páginas de
Mesmo com restrições à concretização da fusão, os informações baseadas em análises técnicas de seis
interesses da nova cervejaria não foram prejudica- procuradores do próprio Conselho, que elaboraram o
dos; das três principais condições impostas, apenas relatório sobre a AmBev.
uma não estava de acordo com o que a AmBev dese-
java e planejava: a que determinava que sua distri- A decisão do Cade gerou bastante controvérsia e nem
buição fosse compartilhada com outras cervejarias. todos saíram satisfeitos. No mesmo dia da decisão
do Cade, o Jornal Folha de S.Paulo publicou algumas
A união entre a Antarctica e a Brahma criou a tercei- opiniões de profissionais do mercado a respeito da
ra maior cervejaria do mundo e a maior da América formação da AmBev: O gerente nacional de vendas
Latina, em produção; e no mercado de bebidas mun- da Schincariol, Francisco Martins, afirmou que as con-
dial assumiu a quinta colocação. No Brasil, a AmBev dições impostas prejudicariam frontalmente os inte-
passou a concentrar 67% do mercado de cervejas, resses dos consumidores e das demais empresas que
passou a atuar em 18 Estados da Federação, além atuam no setor, sendo esta uma situação inadmissível
das fábricas no Uruguai, na Argentina e na Venezue- em uma economia de mercado, que defende mecanis-
la, e conta com franquias de refrigerantes no EUA, mos éticos de concorrência. Percival Maricato, presi-
Japão e Portugal. As operações de exportação das dente do conselho Deliberativo da Abredi (Associação
duas empresas juntas já se encontravam em mais de dos Bares e Restaurantes de São Paulo) declarou estar
25 países. bastante temeroso, pois a aprovação da AmBev leva
à formação de uma empresa muito forte, e um grupo
grande, sempre quer aumentar seu poder, portanto é
As maiores cervejarias do mundo obrigação da Abredi exigir que as autoridades cuidem
para que todos os pontos da decisão do Cade sejam
Empresa País Bilhões de litros
cumpridos. De acordo com Maricato, as pressões para
1 Anheuser-Bush EUA 12,1
2 Heineken NV Holanda 7,3 que haja, vendas casadas e aumento de preços es-
3 AmBev Brasil 6,2
tão ficando cada vez maiores, o que o setor não pode
4 Miller Brewing EUA 5,2
5 S. African Beweries África do Sul 4,3 suportar mais. Para Melquíades de Araújo, vice-pre-
6 InterBrew Bélgica 3,6
7 Carlsberg Dinamarca 3,3
sidente da Força Sindical, existem dois pontos posi-
8 Ceveceria Modelo AS México 3 tivos que podem ser destacados na decisão do Cade.
9 Kirin Japão 2,9
10 Foster’s Austrália 2,8 O primeiro é o da obrigatoriedade da venda da cer-
Fonte: Impact Databank Consultoria. veja Bavaria, o que diminui os riscos de cartelização.
O outro é a garantia da manutenção do emprego por
quatro anos. Ele espera que essa garantia se estenda
também aos trabalhadores terceirizados. O presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), Horácio Lafer Piva, considera a criação da Am-
Bev um processo positivo; o Brasil começa a criar suas
próprias multinacionais. Já Jorge Siqueira, gerente
comercial e de marketing da Santa Marina, empresa
fornecedora da Antarctica e da Brahma, afirmou que a
fusão cria um potencial exportador e isso deverá au-
Fonte: Nielsen mentar a demanda por seus produtos e melhorar tam-
bém a programação de fornecimento. Segundo ele, o
As principais prejudicadas na decisão do Cade foram lado negativo da união é que a Ambev poderá exercer
a Kaiser e a Schincariol, que foram excluídas da com- uma pressão maior durante as negociações.
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3.2. Ações pós-fusão canadense. No primeiro ano (2001) o faturamento
Com a aprovação da fusão, a AmBev iniciou suas líquido da Bavaria foi de cerca de R$ 210 milhões,
ações para cumprir as restrições impostas pelo Cade com uma produção de 300 milhões de litros. As cinco
no prazo de oito meses. Em maio de 2000, a cerve- fábricas empregam 750 funcionários. Para 2002, a
jaria assinou convênios com o Senai (Serviço Nacio- Molson planeja exportar uma nova marca, a Bavaria
nal de Aprendizagem Industrial) e o Sebrae (Serviço Export, para o Canadá. Serão 30 milhões de garrafas
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) (10 milhões de litros) por ano. Além disso, a Molson
para requalificação de funcionários. O primeiro ficou adquiriu no início de 2002 o controle da Kaiser, pas-
responsável pela elaboração de cursos de atualiza- sando a ter uma participação expressiva no mercado
ção e requalificação profissional e o segundo, pela brasileiro.
realização de cursos de desenvolvimento de novos
empreendedores. Os termos dos convênios tiveram
aprovação do Cade, os quais são orientados e su- 4. CONCLUSÃO
pervisionados pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE). O mercado mundial de cervejas é altamente con-
centrado, em muitos países uma ou duas cervejarias
No mês de junho, a AmBev contratou o banco de dominam mais de 70% do mercado, entre elas po-
investimentos norte-americano Donaldson, Lufkin & dem ser citadas a South African Breweries que detém
Jenrette Securities Corp. (DLJ), especializado em fu- mais de 90% do mercado da África do Sul e a Quinsa
sões e aquisições no mercado mundial. O grupo pas- que possui 73% do mercado argentino. O mercado
sou a cuidar do processo de negociações da venda brasileiro de cerveja não foge à regra, apesar de per-
da marca Bavaria e das fábricas. No final de julho, correr um longo processo as cervejarias Antarctica e
já havia 10 companhias estrangeiras interessadas Brahma conseguiram concretizar a fusão e passaram
na marca, entre elas foram citadas a South African a dominar 67% deste mercado.
Breweries (SAB) e Anheuser-Busch, nomes fortes do
mercado cervejeiro. Enfim, a formação da AmBev teve grande repercus-
são no setor e na mídia, deixando muitas questões
O DLJ manteve contato com as principais empresas em aberto. Com a leitura do caso e se julgar neces-
de bebidas do mercado internacional e investidores sário com pesquisa complementar, discuta:
financeiros. A melhor proposta foi apresentada pela
Molson Inc., cervejaria líder no mercado canaden- 1) Que outras alternativas Antarctica e Brahma te-
se com 45% de participação e 24º lugar no ranking riam? Analise, especialmente, a importância de eco-
mundial. As negociações foram concluídas em no- nomias de escala na indústria de cerveja e refrige-
vembro de 2000 e a marca Bavaria foi vendida à rantes e o seu impacto sobre as empresas do setor.
Molson Inc. por US$ 213 milhões, dos quais US$ 98
milhões foram pagos no fechamento do negócio e o 2) Analise as estratégias seguidas pelas duas em-
restante condicionado à performance da companhia. presas no período anterior ao da fusão (você prova-
velmente terá que realizar pesquisas em materiais
A operação obteve aprovação do Cade, a qual tam- suplementares a este caso para fazer isso) e compa-
bém envolveu a venda das fábricas de cerveja loca- re os resultados econômicos de cada uma das em-
lizadas em Ribeirão Preto (SP), Getúlio Vargas (RS), presas. Por que Antarctica e Brahma apresentavam
Cuiabá (MT), Manaus (AM) e Camaçari (BA). As uni- resultados tão diferentes?
dades foram e entregues pela AmBev em plena ope-
ração, que investiu cerca de R$ 17 milhões para a 3) Como as empresas do setor de bebidas(cervejas
venda, cumprindo a determinação do Conselho. No e refrigerantes) devem agir no novo cenário compe-
acordo, a AmBev se responsabilizou pela distribuição titivo que surgiu após a fusão?
da Bavaria por um período de 10 anos.
4) Opinião do leitor/ concorda ou discorda com a
Fundada em 1786, a Molson atuava até então apenas decisão do Cade? Se pudesse fazer o papel do Cade,
na América do Norte, a compra da Bavaria faz par- quais seriam suas medidas?
te de sua estratégia de internacionalização da marca
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5. ANEXOS (...)
TABELA I
1-Eficiência produtiva: Aquela que revela ganhos de
UF KAISER COM BRAHMA SKOL ANTARCTICA
FUSÃO produtividade decorrentes da sinergia entre os recur-
Alagoas 14,2 79,4 48,8 5,6 25,0
Bahia 10,9 71,9 31,0 11,7 29,2 sos tecnológicos de ambas as empresas.
Ceará 3,8 95,7 28,6 2,8 64,3
Distrito Federal 4,8 82,8 13,9 37,9 31,0 2-Eficiência alocativa: Aquela que se relaciona com a
Espirito Santo 9,9 73,7 30,6 29,8 13,3
Goiás 3,7 82,9 25,4 43,6 13,9 distribuição dos recursos na sociedade.
Mato G. do Sul 15,3 71,4 30,0 27,7 13,7
Mato Grosso 10,8 81,1 5,8 48,4 26,9
Minas Gerais 10,7 80,9 28,8 35,3 16,8
Pará
Paraná
11,9
27,2
58,4
55,1
5,8
11,5
3,7
23,2
48,9
20,4
Em termos econômicos, a análise das eficiências dá-
Piauí 4,7 94,7 33,3 20,5 40,9
Rio de Janeiro 3,9 81,2 15,6 39,5 26,1 se através de estudos econômicos, que mensuram,
Rio G. do Sul 17,9 67,8 21,9 20,9 25,0
Santa Catarina 17,9 70,7 26,2 28,9 15,6 ou buscam quantificar, os níveis de eficiência produ-
São Paulo 23,5 65,5 26,5 16,9 22,1
Sergipe 24,3 68,8 19,6 4,2 45,0 tiva e alocativa versus a redução da concorrência,
Média 16,0 73,2 24,5 23,4 25,3
Nacional a fim de verificar se há ou não ganhos líquidos, em
Fonte: AC Nielsen.
termos de bem-estar, para o mercado.
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Em tradução livre, temos: “Definição de ganhos de 5.2 Detalhamento da Tabela II:
eficiência. Um ganho de eficiência é a mesma coisa
que um ganho de produtividade. Resulta, ainda, na
redução de custos unitários. Pode envolver a utili-
zação de: menores recursos para produzir a mesma
saída de bens ou serviços; diminuição na qualidade
de recursos para a mesma saída de bens ou serviços;
os mesmos recursos para produzir mais; os mesmos
recursos para produzir bens ou serviços de qualida-
de mais elevada; os mesmos recursos para produzir
uma maior variedade de bens ou serviços.”
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