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Após 67 anos, quermesse do Morro Nova Cintra é cancelada - A Tribuna http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/santos/apos-67-ano...

Era para ser a 68ª edição da Quermesse da Paróquia São João Batista, a tradicional festa junina
Paróquia São João Batista promovia o evento
do Morro da Nova Cintra, em Santos. No entanto, ao que tudo indica, a tradição chegou ao fim.
O padre Isac Carneiro da Silva, responsável pela igreja, confirmou ontem que a festividade não
será realizada. Pelo menos, não no modelo como vinha acontecendo.

O pároco explica que a festa, que acontecia sempre na Praça Guadalajara, ganhou grandes proporções. “Virou um evento de difícil
controle. Quem é que quer se responsabilizar? Para obter a autorização da Prefeitura, não é mais um CNPJ, é um CPF que pedem. É
uma pessoa que vai ser responsabilizada. Se acontecer alguma coisa, quem vai ser preso é o padre”, critica o religioso.

A comissão de eventos da paróquia fez circular um panfleto em que cita 12 “dificuldades” que inviabilizaram a realização da festa. O
documento tem data de 15 de abril e pede “paciência e entendimento de todos os envolvidos e interessados nesse evento”.

A diminuição drástica do poder aquisitivo da população, os aumentos nas taxas de água, luz e impostos, a desistência de barraqueiros, a
falta de subsídios por parte do poder público, as reclamações de moradores do bairro, o baixo retorno financeiro à paróquia, o aumento
de consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes que frequentam a festa e cada vez mais incertezas quanto à segurança
dos participantes são motivos apontados.

“Se recordarmos um pouco, essa festa perdeu o caráter religioso. Ela não tem nem o nome do padroeiro do morro, que é o São João
Batista. Esse é um momento para a gente repensar e refletir sobre o objetivo de evangelização dela”, complementa Carneiro da Silva,
jovem religioso de 33 anos que está à frente da paróquia há apenas sete meses.

O padre admite que a festa era uma importante fonte de verba para as obras sociais mantidas pela paróquia. “Deve haver outra
alternativa para ter essa renda. Temos o nosso próprio restaurante, vamos fazer uma festa menor lá. Mas tudo está sendo pensado, não
pelo padre, mas por uma comissão de eventos da paróquia”, explica ele, que recebeu A Tribuna neste domingo (3), no local.

Desentendimentos

A Reportagem apurou que a relação entre os comerciantes locais e o novo padre da Paróquia São João Batista não está em seus
melhores dias. O próprio comunicado que circula na igreja já criticava aqueles que “buscam somente seus próprios interesses”.

A festa durava 45 dias e contava com pelo menos 20 barraqueiros. Cada barraca dava trabalho para entre 10 e 15 pessoas, geralmente
do próprio Morro da Nova Cintra.

O documento feito pela paróquia ressalta que o dinheiro arrecadado com o evento não cobre o investimento necessário para a sua
organização.

A Reportagem conversou com um antigo participante da comissão de organização da festa e ele relatou o sentimento de declínio da
festividade. “A festa vem saindo da tradição. Era portuguesa, mas você não encontra mais um rancho folclórico. Por outro lado, dizer que

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ela não dá lucro é mentira. Sempre deu lucro, sempre manteve tudo”.

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