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INTERDISCIPLINARIDADE: UMA CONCEPÇÃO EMERGENTE NO


ENSINO DO DIREITO

Letícia de Sousa Serra

TAVARES, Everkley Magno Freire; BEZERRA, Gilvanete Correa.


Interdisciplinaridade: uma concepção emergente no ensino superior
do direito.

Trata-se de um artigo científico feito por Everkley Magno Freire Tavares – mestre
em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pelo Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento em Meio Ambiente (PRODEMA) e Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte (UERN), professor da Universidade Potiguar (UnP) e da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e cientista Social – e por Gilvanete Correa Bezerra
– mestre em Educação pela Universidade do Rio Grande do Sul (UFRS), professora da
Universidade Potiguar (UnP) e da Faculdade do Vale do Jaguaribe (RVJ), graduada em
Direito e pedagoga.

É abordado a importância da interdisciplinaridade no contexto cultural-educacional


como forma de buscar uma interação entre conhecimentos, visando romper com a visão
fragmentária dos fatos e sendo utilizada como meio de buscar respostas à problemas atuais
que a sociedade apresenta.

O ponto de partida consiste na colocação de que o mundo está em constante


mudança, em que as incertezas prevalecem, assim como a complexidade dos problemas
atuais. Surge a partir daí, uma incapacidade em dar soluções e respostas mais consistentes,
articuladas e organizacionais a tais problemas. É voltado mais especificamente a
demonstrar que essas mudanças decorrentes das realidades multidimensionais e complexas
repercutem de forma direta no Direito – este, entendido como mecanismo de viabilização
da vida em sociedade.

Os autores se consubstanciam na ideia de que as disciplinas que integram o


currículo dos cursos de Direito estão fechadas em si mesmas – não só do curso de Direito,
mas os de graduação como um todo. Assim, há a necessidade de o direito rever sua
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estrutura científica e pragmática, através da articulação interdisciplinar de saberes, com


intuito de buscar uma melhor compreensão e proporcionar respostas mais ajustadas aos
problemas da sociedade.

O artigo demonstra a importância do conhecimento interdisciplinar ser trabalhado


no Ensino Superior, numa dimensão abrangente e contribuindo para a formação integral do
futuro profissional, sendo possível através da postura interdisciplinar e investigativa dos
professores, de modo a ensejar o debate, a extensão e a produção científica articulada sobre
objetos determinados, ou seja, por meio de projetos interdisciplinares que possibilitem uma
formação global, qualitativa e crítica.

A interdisciplinaridade então, seria a interação de diferentes focos de percepção,


discussão e análise de uma problemática, promovendo a capacidade de pensar e agir na
busca articulada de respostas às indagações que o conhecimento promove e os diferentes
contextos requerem.

Diante dos desafios impostos à educação, os autores tratam de quatro aprendizagens


fundamentais que, segundo eles, constituem os pilares do conhecimento e também
contribuem para a desmistificação da finalidade da educação, que dizem respeito a todo o
processo de aprendizagem. São elas: aprender a conhecer, aprender a conhecer, aprender a
viver juntos e aprender a viver com os outros, e por fim, aprender a ser.

Torna-se evidente a necessidade da articulação entre professores alunos, instituição


e sociedade, resultando assim, numa nova postura acadêmica, na qual o conhecimento é
compreendido em suas múltiplas relações e a realidade social é analisada numa perspectiva
de contexto. A partir daí, os autores relatam uma experiência desenvolvida pelo curso de
Direito da Universidade Potiguar – RN, mostrando como aconteceu, seu objetivo e
resultados.

A conclusão dos autores consiste na compreensão de que a interdisciplinaridade só é


possível quando existir uma equipe comprometida em que alunos e professores fazem parte
de um mesmo processo de construção de saberes e responsabilidade com a divulgação do
conhecimento, e rompendo com velhos paradigmas.
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O artigo trata de um tema interessante – qual seja, a importância da


interdisciplinaridade no ensino do Direito – de forma concisa e acessível a muitos leitores,
pois parte da ideia de que não precisa de conhecimentos anteriores específicos para sua
compreensão. É feito o diálogo entre muitos autores, como Colaço (2006), Fazenda (1999),
Morin (2001) e Perrenoud (1997), entre outros.

De maneira geral, é explicado o conceito, as características, importância e meios


para conseguir implementar a interdisciplinaridade no ensino, e ainda, é importante
ressaltar que os autores não se limitaram à simples teoria, mas demonstraram na prática
como é possível – a partir do relato da experiência contada de forma minuciosa pelos
mesmos.

O tema discutido e exposto no artigo em nenhum momento mostrou-se exaustivo,


visto que, é trabalhado com uma linguagem clara, precisa e coerente, e estabelecendo uma
ordem lógica e sistematizada para a argumentação e constatação dos fatos.

Em tese, o público alvo são os estudantes e profissionais do direito, mas como a


interdisciplinaridade não se trata de um assunto restrito e exclusivo ao direito, visto que há
a necessidade de sua implementação no ensino de um modo geral, o artigo pode vir a
tornar-se objeto de estudo de muitas outras pessoas.

Sem dúvida, contribui para a compreensão de que há a possibilidade e a necessidade


de implementação da interdisciplinaridade no ensino do Direito, visando um aprendizado
mais amplo e total, e também, porque exige-se dos operadores do direito um olhar
interdisciplinar ante às problemáticas decorrentes da realidade atual.

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