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“O nascimento da crônica”, de Machado de Assis:

Originalmente a crônica limitava-se a relatos verídicos e nobres, pois tratava-se da compilação de fatos históricos,
apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo, como o dia-a-dia da corte, as histórias, os reis, seus
atos, etc. Mais tarde, entretanto, grandes escritores, a partir do século XIX passam a cultivá-la, refletindo a vida
social, a política, os costumes, o cotidiano, etc. do seu tempo em livros, jornais e folhetins.

Contemporaneamente, no jornalismo, em coluna de periódicos. Conforme a esfera social que retrata, recebe o
nome de crônica literária, policial, esportiva, política, jornalística, etc.

Quanto ao estilo, geralmente é um texto curto, breve, simples, de interlocução direta com o leitor, com marcas bem
típicas da oralidade. Quando predominantemente narrativa, possui trama, quase sempre pouco definida, sem
conflitos densos, personagens de pouca densidade psicológica, o que a diferencia do conto. Os motivos, na maior
parte, extrai do cotidiano imediato. Além do tipo narrativo, também pode ser do tipo argumentativo ou
expositivo, como textos de opinião sobre temas diversos de diversas áreas.

ATIVIDADE 1

Fernando Sabino:
“A crônica é algo para ser lido enquanto se toma o café da manhã, pois ela busca o pitoresco ou o irrisório no
cotidiano de cada um. É o fato miúdo: a notícia em que ninguém prestou atenção, o acontecimento insignificante, a
cena corriqueira. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano. Visava ao
circunstancial, ao episódico. Nessa perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de
uma criança, num incidente doméstico, torno-me simples espectador”.

1. O que você entendeu desse trecho?

2, Qual o papel do cronista e qual deve ser a postura do autor diante dos fatos cotidianos?

ATIVIDADE 2
Companhia aérea vai testar lugares para passageiros viajarem de pé nos aviões

Uma conhecida companhia aérea europeia, especializada em voos baratos, disse ter planos de oferecer lugares
para passageiros viajarem em pé em seus aviões, com passagens que custariam 4 libras (cerca de R$ 10).
A irlandesa Ryanair, que recentemente gerou polêmica ao anunciar que pretendia cobrar 1 libra (cerca de R$ 2,70)
pelo uso dos banheiros a bordo dos aviões, afirmou que pretende oferecer as passagens para viagens em pé
justamente com os recursos arrecadados na utilização dos sanitários.
O plano é remover as últimas dez fileiras de assentos dos 250 aviões da companhia e substitui-los por 15 fileiras
de assentos verticais. Dois banheiros da parte de trás também poderiam ser removidos.
De acordo com o presidente-executivo da Ryanair, Michael O'Leary, testes para avaliar a segurança dos assentos
verticais serão realizados no ano que vem. As mudanças ajudariam a incluir entre 40 e 50 passageiros a mais em
cada voo. Os passageiros continuariam usando cintos de segurança, que passariam por cima do ombro, assim
como os utilizados atualmente pela tripulação durante os voos.

1. Que tipo de texto você acabou de ler?

Uma notícia. Que apresenta um fato, buscando o máximo de veridicidade possível.

2. Qual o assunto relatado na notícia?

3. Quanto custaria uma passagem para viajar em pé?

4. Com qual objetivo a venda de assentos em pé será realizada pela empresa?

5. Que outra medida já foi tomada pela empresa para aumentar seus ganhos nos voos?

6. Que medidas de segurança serão tomadas para que os passageiros possam viajar em pé?
PREZADOS PASSAGEIROS,
desejamos chamar vossa atenção para a vantagem que representa viajar de pé em um avião, vantagem esta que
não se restringe exclusivamente ao menor preço da passagem. Não, queridos passageiros, há muito mais que
isso. Viajar de pé é um novo estilo de vida, uma celebração da espiritualidade.
Para começar, o passageiro que viaja em pé enxerga mais longe na aeronave, enquanto o passageiro comum,
sentado, tem sua visão bloqueada pelo assento à frente. Em pé, ele pode ver, por exemplo, dois conhecidos
executivos - de companhias concorrentes-, conversando em voz baixa. Não estará em curso uma fusão, com
repercussões na Bolsa de Valores?
O passageiro que viaja em pé tem mais dignidade. Trata-se, aliás, de uma antiga noção. Todos os poemas, todas
as canções que convocam os seres humanos falam nisso. Para ficar com um só exemplo, podemos citar o hino da
Internacional Comunista, que mobilizava as massas a buscarem a igualdade e a justiça social. E o que diz a letra
desse hino? Exatamente isso: "De pé, ó vítimas da fome". De pé, as vítimas já não são mais vítimas, são lutadores
destemidos, uma condição que as pessoas podem conquistar em nossos voos a preços módicos.
Finalmente, é preciso dizer: o passageiro que viaja em pé está, por óbvias razões, mais perto de Deus. Os
benefícios dessa posição são evidentes. Se, por exemplo, o avião atravessar uma zona de turbulência, todos
certamente clamarão pelo Senhor. Mas aqueles que estão em pé têm muito mais chance de ouvir uma voz grave
dizendo: "Não temas, meu caro, estou aqui, próximo a ti. Bem-aventurados os que viajam em pé".
E não será, tenham certeza disso, uma gravação."

1. Qual o assunto do texto?

2. Quem narra este texto?

3. Que argumentos são usados para tentar convencer os passageiros de que viajar em pé é uma boa ideia?

4. Você considera que o autor concorda que viajar de pé é o ideal?

5. Que semelhança há entre esse texto e o primeiro texto lido?

O tema tratado é o mesmo. Entretanto, no segundo caso, o autor não se preocupa com a veracidade do assunto.
Nele, é realizada uma crítica ao que as companhias aéreas pretendem fazer. Para isso, o autor se utiliza da ironia,
imitando um anúncio feito pela companhia aérea e usando de argumentos falsos para mostrar o quanto a ideia de
voar em pé é absurda.

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