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FGV revisão -

PORTUGUÊS
B&E ASSESSORIA
Gênero discursivo: Crônica
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Crônica: Definição e usos

A crônica é um gênero discursivo no qual a partir da observação e do


relato de fatos cotidianos, o autor manifesta sua perspectiva subjetiva,
oferecendo uma interpretação que revela ao leitor algo que está por trás
das aparências ou não é percebido pelo senso comum. Nesse sentido é
finalidade da crônica revelar as fissuras do real, aquilo que parece
invisível para a maioria das pessoas, ajudando-as a interpretar o que se
passa à sua volta.
Os cronistas relatam um único fato (ou vários fatos que
ilustram uma tendência comum) e, a partir desse relato,
tecem comentários mais gerais sobre como o acontecimento
apresentado pode ser interpretado.

Escrito para ser publicado em jornais, esse gênero discursivo


se define por ser claramente opinativo. Em meio a notícias e
reportagens, em que deve prevalecer uma perspectiva
imparcial, a crônica oferece um contraponto para o leitor.
Torna-se uma espécie de avesso da notícia: em lugar da
objetividade e da imparcialidade que supostamente
caracterizam aquele gênero, a crônica se define como
subjetiva, opinativa, pessoal.
Crônica: Linguagem

A linguagem utilizada na crônica é marcada por certa informalidade.


Como se trata de um texto para publicação, espera-se que as regras do
português escrito culto sejam seguidas, mas admite-se o uso de um
registro mais informal da língua.

Essa aparente contradição é facilmente explicada: por trazer sempre


uma perspectiva fortemente subjetiva, a crônica configura-se como um
gênero discursivo no qual se espera a presença de um “eu”. É essa
perspectiva mais pessoal que introduz alguns toques de informalidade
ao texto.
Crônica: Estrutura
A estrutura da crônica não segue um padrão fixo, mas apresenta algumas
linhas gerais que costumam ser seguidas pela maior parte dos autores.

Consideremos a crônica “Felicidade sem ilha deserta”; podemos perceber as


seguintes partes:

1. O ponto de partida para a crônica é uma observação ou experiência de


caráter mais pessoal.
2. No segundo parágrafo, o autor introduz, a partir da experiência
pessoal, o tema da crônica.
3. No terceiro parágrafo, o autor faz uma conclusão geral de sua
reflexão pessoal.

4. No quarto parágrafo, o autor aprofunda a sua conclusão.

5. Por fim, o autor retoma a ideia central defendida ao longo do


texto para expressá-la de outro modo.
Exemplo
O amor por entre o verde

Não é sem frequência que, à tarde, chegando à janela, eu vejo um casalzinho de


brotos que vem namorar sobre a pequenina ponte de balaustrada branca que há no
parque. Ela é uma menina de uns 13 anos, o corpo elástico metido nuns blue jeans e
num suéter folgadão, os cabelos puxados para trás num rabinho-de-cavalo que está
sempre a balançar para todos os lados; ele, um garoto de, no máximo, 16, esguio,
com pastas de cabelo a lhe tombar sobre a testa e um ar de quem descobriu a
fórmula da vida. Uma coisa eu lhes asseguro: eles são lindos, e ficam montados, um
em frente ao outro, no corrimão da colunata, os joelhos a se tocarem, os rostos a se
buscarem a todo momento para pequenos segredos, pequenos carinhos, pequenos
beijos. São, na sua extrema juventude, a coisa mais antiga que há no parque,
incluindo velhas árvores que por ali espapaçam sua verde sombra; e as momices e
brincadeiras que se fazem dariam para escrever todo um tratado sobre a
arqueologia do amor, pois têm uma tal ancestralidade que nunca se há de saber a
quantos milênios remontam.
Vinícius de Morais
TEXTOS INSTRUCIONAIS

Como evitar a disseminação de notícias falsas? Como instalar um novo


aparelho eletrodoméstico? O que fazer em caso de incêndio em um
hotel o qual se está hospedado. Essas perguntas fazem referência a
situações completamente diferentes, mas a resposta para cada uma dela
será encontrada em textos instrucionais.

Os textos instrucionais se caracterizam pela apresentação de uma série de


procedimentos a serem seguidos em uma determinada circunstância. Por esse
motivo, estabelecem sempre uma interlocução direta com o leitor. Diferentes
gêneros discursivos exemplificam essa estrutura: receitas, manuais, regras de jogo,
guias de uso etc.
Estrutura dos textos instrucionais
Modo correto de entrar n’água (mulheres) 

1. Caminhe devagar até a água, ajustando


continuamente a parte de trás de sua tanga. 
2. Teste a temperatura da água com a ponta
dos pés. 
3. Entre uma onda e outra, caminhe até os
joelhos e se agache, molhando-se até a
bundinha. 
4. Reajuste a sua tanga. 
5. Quando a próxima onda chegar, prenda o nariz com os dedos e
mergulhe, voltando correndo para a beira antes da nova onda. 
6. Reajuste sua tanga. 
7. Incline o tronco e balance a cabeça para frente e para trás três vezes,
para tirar o excesso de água. 
8. Reajuste sua tanga ao voltar lentamente para seu lugar. 
Modo correto de dar um mergulho (homens) 

1. Corra para a água e mergulhe (ou dê uma


cambalhota), entrando no mar sem parar para
considerar a temperatura ou ligar para as
ondas. 
2. Nade ou pegue jacaré por vinte minutos. 
3. Saia da água e ajuste sua sunga. Balance a
cabeça para secar os cabelos. (Evitando assim a
semelhança com uma foca). 
4. Corra de volta para o seu lugar. 
5. Apesar de estar molhado, resista à tentação de
sentar na cadeira de praia. Um carioca
verdadeiro fica em pé observando o
movimento.
Nas divertidas instruções para quem deseja dar um mergulho no mar, que
acabamos de ler, podemos ver que a primeira característica estrutural dos textos
instrucionais é a apresentação de uma série de procedimentos (ou passos)
necessários para se alcançar um objetivo específico (no caso, mergulhar no
mar).

A segunda característica é o fato de os procedimentos serem ordenados em uma


sequência que deve ser respeitada. Só se pode eliminar o excesso e água do
cabelo, por exemplo, depois de ter mergulhado.
Linguagem

Do ponto de vista da linguagem, a característica mais evidente dos


textos instrucionais é o uso de verbos flexionados no modo imperativo.
Como vimos, os textos instrucionais são injuntivos, ou seja,
apresentam comandos a serem seguidos por seus leitores. Dentre os
modos verbais, o imperativo é aquele utilizado para expressar ordem,
comando, exortação ou conselho. Por esse motivo, é o modo verbal
mais frequente nos textos instrucionais.

Observe as orientações para preparo de uma musse de chocolate.

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