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C I D A DA N I A e
desenvolvimento
CRITÉRIOS DE ANALISE
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,, VOLUME 1
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Ac. 130760
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Scanned by CamScanner
Copyright © Fernando Guilherme Tenório
Ia edição - 2012
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-225-0929-4
CDD - 352
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ym
| Sumário
7
Prefácio
Joan Subirats 13
Introdução
Parte 1 19
Capítulo 1 - Escopo teórico
Fernando Guilherme Tenório
35
Capítulo 2 - Escopo metodológico
Lamounier Erthal Villela
Parte 3
Capítulo 10-0 Programa de Desenvolvimento Sustentável dos
Territórios Rurais pela ótica da cidadania deliberativa 181
Felipe Barbosa Sjim
Capítulo 1 1 - Participação e qualidade democrática: uma proposta
de critérios de qualidade 207
Carola Castellà e Marc Parés
Conclusões
253
Referências Bibliográficas
257
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1 I Escopo teórico
Fernando Guilherme Tenório
0P- cit.
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Por um lado, foi dada maior ênfase aos direitos sociais e, por outro, a se-
quência de aquisição dos direitos foi diferente no Brasil, dado que os direi-
tos sociais precederam os outros. E isso tem uma explicação: enquanto em
alguns países europeus a cidadania se desenvolveu a partir dos chamados
Estados-nação, onde a luta pelos direitos era uma luta política, posto que ser
cidadão era fazer parte de uma nação e de um Estado, no Brasil a cidadania
se deveu mais à ação dos próprios cidadãos. Assim, no
século XX, os primei¬
ros direitos a serem instituídos foram os sociais
(por Getulio Vargas), a seguir
expandiram-se os direitos políticos (ao término da
ditadura militar) e, por
último, os direitos civis. (Tenório, 2007:47)
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ESCOPO TEÓRICO
nados países. Na América Latina, vez por outra, os direitos políticos ainda
são cassados, e os demais, civil e social, são apenas descritos nos textos cons¬
titucionais, aquém de suas realizações. No Brasil, infelizmente, a prática
do trabalho escravo, apesar da sua abolição no final do século XIX, ainda
é vigente em certas localidades. Prática que ocorre não só no setor primá¬
rio da produção agricultura -, mas também nos setores secundário na
- -
Vale salientar o que diz Joana Fontoura quanto à atuação dos movi¬
mentos sociais no Brasil em prol de reivindicações originadas na socieda¬
de civil. Aqui reproduziremos aquelas ações que a autora destaca no final
do século XX.
21
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
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ESCOPO TEÓRICO
Isto supõe uma nova concepção dos interesses particulares, entendidos não
como uma preferência exclusiva e fixa, mas sim como algo que se
identifi-
3
Q
pressão
.
niem‘0
—Cornunitÿr*° ser entendido pelo conceito
P°de
eStÿ 'nfimamente ligada aos temas da ação e da
de comunidade cívica,
participação dos cidadãos na
fida púbjj '?Ue.
ma comunidade cívica pode ser caracterizada
idealmente como um espaço
de participar da
Político-t °naÿ clrcunscrito, composto dc cidadãos dispostos e capazes
fida púbj1Ca 2000:71). A “comunidade cívica
suas diferentes dimensões” (Fernandes, É
p°de Ser
e °r °ÿservada em unidades descentralizadas
do território de um país.
mútua dos
live! doJ eslado, regiào, cidade ou distrito que será possível a convivência
”° ,
Cm orSanhaÇÒes civis de toda natureza e a participação
direta mais intensa dos
cid*HÿU°S
adaos na Política” (Fernandes, 2000:93).
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[...], uma diferença
CIDADANIA
que
coletivo de discussão.
E DESENVOLVIMENTO LOCAL
O bm comum é o compartilhamento
mas que surge do
de determinado
mento das necessidades comunitárias. A participação política pressupõj
que não subordina a vontade
liberdade, entendida como o ato humano
outros. Como é um processo de
individual ao arroubo discricionário de
meio de esferas públicas, ou
compartilhamento, chega-se ao bem comum por
arranjos institucionais, que possibilitem aos
afetados colocarem a sua li.
o bem comum é aquilí
berdade sob a dialogicidade do processo. Portanto,
em dada comunidaÿ
que é partilhado entre os pertencentes ou envolvidos
de, é a prática da liberdade positiva que submete o bem pessoal ao coletivo.
Uma política pública compartilhada é uma atenção democrática aos an-
seios de uma sociedade.
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ESCOPO TEÓRICO
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I- plebiscito;
II - referendo;
CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO
I
e, do Parágrafo único, o fato
Assim, do artigo l2 destacaremos a cidadania
o seu poder de forma direta. P0r.
de que o povo brasileiro pode exercer
i
ursr -
no final do século república federativa, que
que a letriti™
xu amda carece de mecanismos institucionj
*ÿ'
* *** No
*
J
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ESCOPO TEÓRICO Universidade Federal do Cear;
Biblioteca do Campus
Elas [instituições] se sustentam na ideia, ou Carin/Juazeiro
melhor, na ficção de que
cidadãos são iguais e possuem o mesmo poder politic todos os
O, exercido por eles no
momento do voto - quer nas eleições, quer em
plebiscitos etc. A igualdade
jurídica postulada pelas constituições democráticas
e liberais esconde uma
realidade feita de desigualdade económica, social e política
- uma desigual-
dade que a igualdade jurídica protege e até foment
a, por exemplo, através da
defesa da propriedade privada não qualificada, ou
seja, de uma defesa geral
não leva em conta a origem e a justiça das
concretas relações de proprie¬
dade. (Pinzani, 2007:11)
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LOCAL
CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO
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ESCOPO TEÓRICO
(
tradficação e exploração social [bem como desenvolvem] plenamente o
Potencial de um pluralismo cultural” atuante “conforme a sua própria lógi-
Ca >
Potencial que, “sem dúvida alguma, é tão rico em conflitos e gerador de
e sentido”. (Tenório
apud Habermas, 2007:62-3)
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E DESENVOLVIMENTO LOCAL
CIDADANIA
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ESCOPO TEÓRICO
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO
LOCAL I
do momento eleitoral: fiscalizar ações governamentais nas mais diversa,
quanto a formulação e
áreas e de formas distintas; interceder abertamente
opiniões e interesses dos
implementação de políticas públicas, e canalizar
tema com o objetivo de
grupos politicamente organizados em determinado
controle social
ouvi-los quanto à execução de políticas. Em outras palavras,
neutro, embora objetive
diz respeito à possibilidade de o Estado (que não é
a igualdade jurídico-política e socioeconômica) ser controlado pelos mais
diversos grupos sociais que conflitam na sociedade. (Fonseca & Beuttenmul-
ler, 2007:75-6)
o “legislador constituinte
problema [“práticas sociais
2004:218)] pode ser atestadacentradas
quTsÿexdusi, 9Vamente
pelo fato de nãn ,
80’ no puro interesse”
Para com ***
SensÍbiUdade
(Vianna,
apenas as instituições da confiado a expressão da possibilidade
democracia renrp
definição constitucional de que a
° C
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I
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ESCOPO TEÓRICO
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
de
periodicamente praticados, mas, também, por meio ações delibera
tivas que possibilitem o alcance do bem comum. “O republicanismo n|0
é necessariamente democrático, mas é mais participativo no espírito (J0
que o liberalismo individualista” (Bottomore, 1966:661). Liberalise
que nos foi impingido nas últimas décadas. De outro lado, “enquanto o
republicanismo exige a democracia e dela faz parte, o liberalismo, pel0
menos em seu aspecto económico, se acomoda facilmente com regi.
mes ditatoriais” (Bignotto, 2004:20), experiência vivida por décadas na
8
América Latina entre os anos 1960 e 1990.
Assim, a partir deste escopo teórico fundamentado no republicanis¬
mo, pretendemos, no capítulo seguinte, delinear a maneira como foram
aplicados os Crileris, melodolofl.es i reflexions enlorn Pavaluació de la participado
ciutadana cm seis territórios nacionais.
8
O direito politico de votar foi uma conquista
fundamenta o processo democrático. Porém,
histórica dos povos, a democracia representative
como comenta André Singer, “a representação
precisa ser complementada pela participação direta
nos assuntos locais se quisermos ter
uma democracia revitalizada. Essa participação,
que deve ter um cunho cooperativo e
tendencialmente consensual, é decisiva para a
vida social. Combinar os princípios
participação direta e da representação parece ser um
caminho importante para superar a
crise democrática contemporânea” (Singer, 2000:49).
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2 | Escopo metodológico
Lamounier Erthal Villela
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
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ESCOPO
METODOLÓGICO
PASSOS, Anna de Meis. Gestão social e desenvolvimento local: um estudo sobre o Polo
ic Moda de
Petrópolis. 2009. Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvtmento
co!?3"1*' Universidade Estácio de Sá. . ,K4
no Banco o ias
‘ D °S Cláudio. Informação e Acesso a Financiamentos
e Pequen»
E! Envolvimento Loc al na Opinião de Empreendedores de Micro
"° 2009. Dissertaçao
‘""Srames dos APLs de Cabo Frio e Nova Friburgo/RJ.
Vr':m Eoonomia Empresarial) Universidade Cândido Mendes.
ZAN]
-alí desenvolvimento: A exclusão g— cp s
-
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
no Encontro Nacional de
o modelo foi discutido em oficina elaborada
Pesquisadores em Gestão Social - Enapegs
(Tenório et al., 2009)3 para
modelo foi manifesta na sua
43 participantes;4 6) a assimilação crítica do
realidades locais, como
capacidade para contribuir na interpretação de
situações; 7) ao aplicar os
será apresentado neste livro em seis diferentes
critérios construídos para interpretar os modos de
participação cidadã, os
suportes coletivos contidos nas realidades
locais vêm contribuindo para
sua capacidade de
demonstrar tanto a fundamentação do modelo como
transcendência conceituai.
O processo de adaptação dos critérios de cidadania deliberativa,
como dito anteriormente, teve como base o referencial norteador mo-
-
3
TENÓRIO, Fernando
Temática - Metodologia Guilherme; VILLELA, L. E., DIAS, Anderson
Critérios para Avaliação de Felisberto. Oficina
de Construção dos
Participativos Deliberativos na
de Pesquisadores em Implementação de Políticas Públicas. Processos Decisórios
Gestão Social, 2009, In:111Encontro Nacion
Políticas Públicas de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).
2009, v. l,p. 1-10. Desenvolvimento: Ações, Articulações es e A§enda.
Gestão Social c
4
Participaram da oficina Petrolina (PE): Univasf,
Federal do Vale do São pesquisadores em gestão
representantes de Francisco (Univasf), alunos social, professores da TJniversida<*e
do Pegs e posterior
ONGs. A oficina de graduação de
diversas instituiçõeS
consistiu
diálogo com o público, na apresentação dos critérios
resenhas sobre o modelo quando se pediu pelos pesquisad°re
apresentado. que diferentes
grupos elábotaSÿi
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ESCOPO METODOLÓG
ICO
de problemas através
Qualidade da informação: diversidade,
da autoridade ciaria e uálidade
da informação proporcionada aos
atores envolvidos.
negociada na esfera
Espaços de transversalidade: ec spaços
pública. Pressupõe que atravessam
setores com o intuito de integrar
igualdade de direitos e diferentes pontos de vista.
Pluralidade do grupo promotor: compartilhamento
é entendido como um da
liderança a fim de reunir diferentes potenciais atores.
espaço intersubjetivo
Órgãos existentes: uso de órgãos e estruturas já existentes
e comunicativo
evitando a duplicação das estruturas.
que possibilita o
Órgão de acompanhamento: existência de um órgão
entendimento dos atores
que faça o acompanhamento de todo o processo, desde sua
sociais envolvidos.
elaboração até a implementação, garantindo a coerência e a
fidelidade ao que foi deliberado de forma participativa.
Relação com outros processos participativos: interação
com outros sistemas participativos já existentes na região.
Abertura dos espaços de decisão: processos, mecanismos,
instituições que favorecem a articulação dos interesses dos
Inclusão: incorporação
cidadãos ou dos grupos, dando uma chance igual a todos de
de atores individuais e
participação na tomada de decisão.
coletivos anteriormente
Aceitação social, política e técnica: reconhecimento pelos
excluídos dos espaços
atores da necessidade de uma metodologia participativa,
tanto
decisórios de políticas
públicas. no âmbito social quanto no político e técnico.
dos cidadãos sobre
Valorização cidadã: valorização por parte
a relevância da sua participação.
Pluralismo: Participação de diferentes atores:
atuação de associações,
não
multiplicidade de atores como de cidadãos
movimentos e organizações, bem
(poder
Público, mercado organizados envolvidos no processo deliberativo.
e
SOciedade civil) que, a
Partir de seus Perfil dos atores: características dos atores em relação _
as suas
fcadedeCÍSÍ°
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Critérios
Categorias ‘
de representantes: métodos utilizados
Forma de escolha
Igualdade representantes.
participativa: para a escolha de de processos
Discursos dos
representantes: valorização
isonomia efetiva de exercidos por representantes.
atuação nos processos pardcipativos nos discursos
intervenção dos participantes no
de tomada de decisão Avaliação participativa:
das políticas públicas.
nas políticas públicas. acompanhamentoenaavaliação
idendficação da iniciativa das
Origem das proposiçoes:
com o interesse dos beneficiários
proposições e sua congruência
das políticas públicas adotadas.
com que as administrações
Alçada dos atores: intensidade
Autonomia: território, podem intervir na
locais, dentro de determinado
apropriação indistinta problemática planejada.
do poder decisório pelos em relação
Perfil da liderança: características da liderança
I diferentes atores nas à condução descentralizadora do processo de deliberação
e de
políticas públicas.
execução.
Possibilidade de exercer a própria vontade: instituições,
normas e procedimentos que permitam o exercício da vontade
política individual ou coletiva.
Bem comum: bem- Objetivos alcançados: relação entre os objetivos planejados
-estar social alcançado e os realizados.
através da prática Aprovação cidadã dos resultados: avaliação positiva dos
republicana. atores sobre os resultados alcançados.
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ESCOPO METODOLóGICO
fatiza a descentralização
dos poderes e é justificada
por identificar quais
atores locais participam das decisões. A quarta categoria elencada, igual¬
dade participativa, se justifica pela avaliação da isonomia das oportunidades
e de atuação efetiva dos atores locais nos processos de tomada de decisão.
A categoria autonomia é justificada pela identificação da capacidade de
avaliação e resolução de problemas locais pelas próprias comunidades.
Em relação ao bem comum, sexta e última categoria, esta é justificada pela
identificação dos benefícios tangíveis e/ou intangíveis refletidos nas me-
lhorias das condições de vida das comunidades analisadas.
É importante ressaltar que os critérios de análise de cidadania deli¬
berativa contribuem como um modelo na condução de uma pesquisa
que envolva avaliação de políticas públicas ou ações de esfera pública.
A priori são conhecidas as limitações dos critérios, que podem assunur
diferentes gradações segundo a situação pesquisada, a percepção dos
pesquisadores e a compreensão dos respondentes sobre aquilo que lhes
foi interrogado.
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
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ESCOPO METODOLóGICO
Ver wwW-ibge.gov.br.
6
Ver www.pnud.org.br.
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CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Microrregião dos
Lençóis Maranhenses
MA Microrregião de
Garanhuns
PE
0
- Microrregião de
MG
Coredc Mcdio
Alio Uruguai
Região da Bacia
Coredcs Noroeste do Rio Iiabapoana
Colonial c Celeiro
RS
W Mesonregiãão do
RtgBmEnuctodi»
Ccnlno> Fluimmense
.
Fonte: Ministério elo Meio Ambii'ime. 2007.
lUalwrado pd«* autora. 20012.
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ESCOPO
METODOLóGICO
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