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SPECHT2000 Artigo Solose Rochas
SPECHT2000 Artigo Solose Rochas
ABSTRACT
Unconfined compression, splitting tension, resilient modulus, linear shrinkage, flexural strength, fatigue and
drained triaxial compression tests with local measurements of strain were carried out to evaluate the effects of
randomly distributed polymeric fibers inclusion, on the strength and deformability properties of a soil-cement
matrix. Searching such aims, a sandy soil was mixed with a rapid- hardening Portland cement and two kinds of
polypropylene fibers with different physical and mechanical features. The first kind of fiber (type I) is formed by
little filaments and the second type (II) has the format of a mesh. The cemented samples had 3,5 and 7,0%
cement content in relation to the weight of dry soil. Fibers 12 and 36 mm long were used, added in the mixture
with 0,25, 0,50 and 0,75% in relation to the weight of the soil-cement mixture. Multiple regression approach was
carried out to allow a more reliable interpretation of the tests results: (1) both fibers increase the ductibility and
the tenacity of the composite; (2) extensible fibers (type I) are more effective in the improvement of the post
peak characteristics of the composite; (3) the type II fibers, which are less extensive, are more effective in the
reduction of the deformability, increasing peak strength; (4) the effect of the inclusion of fibers is more evident
for longer fiber lengths; (5) the elasticity modulus change in a different way, depending on the used reinforced.
O solo, quando tratado com cimento, tem demonstrado grande aumento de resistência e
rigidez quando comparado ao solo natural, o que o torna um material de construção ideal para
várias aplicações: base de fundações superficiais, proteção de taludes, barragens e
principalmente quando aplicado como base e sub-base de pavimentos flexíveis. Entretanto, a
sua grande fragilidade e fissuração excessiva têm, muitas vezes, desmotivado o uso deste
material em pavimentação, levando o engenheiro a estipular critérios de projeto muito
conservativos. O que ocorre é que a porção inferior de uma camada artificialmente cimentada
executada sobre um solo menos resistente está, invariavelmente, submetida à
tensões/deformações de tração. Além disto, observa-se que se a rigidez da mistura cimentada
for muito elevada ou se as condições de cura não forem adequadas, deve-se esperar a
formação de trincas transversais de retração na camada cimentada. O surgimento de trincas,
sejam de tração ou retração, representam a perda da capacidade de suporte do solo
estabilizado, que transfere as cargas para o solo subjacente, onde inevitavelmente acontecem
deformações plásticas, bem como a reflexão de trincas de tração ou retração no revestimento
betuminoso.
2. PESQUISAS ANTERIORES
Em um recente trabalho publicado por Morel & Gourc (1997), são revisadas as
características gerais de solos reforçados com fibras relatadas em estudos prévios (Gray &
Ohashi, 1983; Gray & Al-Refeai, 1986; Maher & Gray, 1990). As fibras definitivamente
proporcionam um aumento de resistência e ductilidade do material. O comportamento do
compósito é basicamente governado pelo teor e pelas propriedades mecânicas e geométricas
das fibras. O aumento na resistência é uma função direta do teor de fibra até um determinado
patamar, além do qual o reforço torna-se menos efetivo. O mecanismo de ruptura do solo
reforçado com fibras mostrou-se dependente das tensões confinantes (Gray & Al-Refeai,
1986). Até um certo valor referido como tensão confinante crítica, a ruptura ocorre com o
deslizamento da fibra. Para tensões maiores que a tensão crítica, a ruptura é governada pela
resistência à tração da fibra.
Com referência a areias cimentadas reforçadas com fibras, Maher & Ho (1993)
concluíram que a inclusão de fibras proporciona um aumento significativo na resistência à
tração e a compressão de areias uniformes cimentadas, o qual é mais pronunciado para os
teores mais altos e para comprimentos maiores de fibras. A inclusão de fibras aumenta o
ângulo de atrito e o intercepto coesivo; contribui também para um aumento na resistência
residual, na fragilidade e na capacidade de absorção de energia da areia cimentada.
Quanto ao tipo de fibra utilizada, várias pesquisas têm demonstrado que o uso de
materiais de reforço com maior capacidade de alongação, fibras poliméricas principalmente,
tem conduzido a melhores resultados do que quando se utilizam fibras com módulo muito
elevado (fibras de aço) (Taylor, 1994). Algumas características relevantes devem ser
consideradas na escolha da fibra para reforço de materiais: a fibra deve ser quimicamente
neutra e não deteriorável, não sofrer ataque de fungos, bactérias ou álcalis e não ser
prejudicial à saúde humana, além de apresentar características físicas e mecânicas adequadas.
Os autores (Li & Mitchell, 1997 e McGown et al.,1978) que trabalharam com malhas
poliméricas, afirmam que o sucesso deste tipo de inclusão é devido ao seu maior
intertravamento entre as partículas da matriz e sugerem que seja necessário um movimento
relativo menor para que a resistência das fibras comece a ser mobilizada.
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL
O solo utilizado na pesquisa é uma areia fina siltosa, mal graduada, fracamente
plástica. Trata-se de um solo residual (horizonte C), substrato de arenito, pertencente à
denominada Formação Botucatu. A jazida de onde foram coletadas as amostras apresenta um
talude, de aproximadamente 20 m de altura, situado às margens da rodovia estadual RS-240,
na localidade de Vila Scharlau, município de São Leopoldo / RS.
3.2. Metodologia
a) b)
2000 2000
T C (k P a ) T C (k P a )
1800 1800
20
20
1600 1600
60
60
T e n s ã o d e s v io (k P a )
T e n s ã o d e s v io (k P a )
1400 100
1400
100
1200 1200
1000 1000
800 800
600 600
400 400
Figura 1. Curvas tensão x deformação axial e deformação volumétrica x deformação axial
200 200
0
a) solo compactado 0
4 b) matriz cimentada (PC4 = 7,0%)
D e f. v o lu m é tric a (% )
D e f. v o lu m é tric a (% )
2 2
0 0
Em relação
-2 -2
a
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
D e f. a x ia l (% ) D e f. a x ia l (% )
fragilidade da matriz cimentada, nota-se que, com o aumento da tensão confinante há uma
redução no If, corroborando assim com os estudos de Yoshinaka e Yamabe (1981) realizado
com amostras de rochas brandas.
a) b) c)
260 0 260 0 260 0
240 0 T C (k P a ) 240 0 T C (k P a ) 240 0 T C (k P a )
220 0 20 220 0 20 220 0 20
200 0 200 0 200 0
60 60
T e n s ã o D e s v io (k P a )
T e n s ã o D e s v io (k P a )
60
T e n s ã o d e s v io (k P a )
D e f. V o lu m é tric a (% )
D e f. v o lu m é tric a (% )
4 4 4
2 2 2
0 0 0
-2 -2 -2
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
D e f. a x ia l (% ) D e f. a x ia l (% ) D e f. a x ia l (% )
De maneira geral, observa-se que a inclusão deste tipo de fibra reduz sensivelmente a
tensão desvio de ruptura - qrup e aumenta a deformabilidade do compósito, caracterizada pela
deformação de ruptura (a(rup)) e módulo de deformação (Es). Quanto à tenacidade, verifica-se
um aumento expressivo na capacidade de absorção de energia da matriz reforçada,
proporcional ao comprimento da fibra. Percebe-se, também, uma redução bastante expressiva
no índice de fragilidade, o que caracteriza um comportamento mais dúctil do material,
também mais acentuado para o comprimento maior de fibra. O introdução da fibra tipo I
conduz a redução da dilatância do material, quando comparado com a matriz não-reforçada.
De maneira geral, a inclusão deste tipo de fibra aumenta a tensão desvio de ruptura
(qrup) e reduz a deformabilidade da matriz. Quanto à tenacidade, verifica-se um tímido
aumento na capacidade de absorção de energia da matriz reforçada, proporcional ao
comprimento da fibra. Percebe-se, também, uma redução no índice de fragilidade com o
aumento do comprimento da fibra.
60
T e n s ã o d e s v io (k P a )
T e n s ã o D e s v io (k P a )
60
180 0 1 800 1 800
160 0 100 100 1 600 100
1 600
140 0 1 400 1 400
120 0 1 200 1 200
100 0 1 000 1 000
80 0 800 800
60 0 600 600
40 0 a) 400 b) c)
400
20 0 200 200
0 0 0
6 8 6
D e f. V o lu m é tric a (% )
D e f. V o lu m é tric a (% )
D e f. v o lu m é tric a (% )
4 6 4
Figura 3. Curvas tensão4 x deformação axial e deformação volumétrica x deformação axial
2 2
2 a) matriz cimentada (PC = 7,0%)
0 0
b) matriz cimentada
0 reforçada com fibra tipo II (CF = 12 mm; PF = 0,5%)
-2 -2 -2
c) matriz cimentada reforçada com fibra tipo II (CF = 36 mm; PF = 0,5%)
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
D e f. a x ia l (% ) D e f. a x ia l (% ) D e f. a x ia l (% )
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
a) b)
3200
2800
2400
Valores observados
2000
1600
1200
800
800 1200 1600 2000 2400 2800
Valores previstos
Figura 4. Resultados da análise de regressão (fibra tipo I)
(a) Superfície de resposta qu x PC x PF2
(b) Comparação entre valores previstos e observados (kPa)
A Figura 5 (a) mostra a superfície de resposta, que é gerada a partir do modelo, para q u
quando PC e PF.PF variam, e a Figura 5 (b) confronta os valores previstos pelo modelo e os
valores experimentais.
a) b)
3000
2600
2200
Valores observados
1800
1400
1000
600
800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600
Valores previstos
Para a fibra tipo II (mais rígida), o que ocorre é que ela é facilmente arrancada da
matriz não podendo mobilizar sua total resistência à tração. Ambos os modelos estatísticos
indicam a importância do PF (efeito quadrático) e para a fibra tipo II a interação entre PF e
PC, indicando a importância da cimentação para este tipo de fibra (aumento da ancoragem).
Este tipo de comportamento onde o efeito benéfico da adição de fibra é mais pronunciado
para teores mais baixos de cimento, também foi encontrados por Consoli et al. (1999). Tal,
comportamento se deve, provavelmente, a uma menor rigidez da matriz, a qual possibilita o
carregamento prematuro dos elementos fibrosos, quando comparado com a matriz com 7,0%
de cimento.
Prietto et al. (1997) demostrou que a resistência dos solos cimentados, tanto naturais
quanto artificiais, podem ser adequadamente representados por uma envoltória de Mohr-
Coulomb linear definida pelo intercepto coesivo (c’), que é uma função somente do teor de
cimento, e do ângulo de atrito (’), que aparentemente não é afetado pela cimentação. A
Figura 6 apresenta a variação dos parâmetros de resistência c’ e ’ versus o comprimento de
fibra, para ambas as fibras estudadas.
Pode-se observar um mesmo comportamento para ambas as fibras no que diz respeito
a ’, onde as fibras menores aumentam de forma mais significativa o valor do ângulo de atrito
interno de pico. Maher & Ho (1994) acreditam que isto se deve ao fato de que, para o mesmo
teor de reforço, fibras mais curtas são mais numerosas dentro da matriz, e existe uma maior
possibilidade de elas estarem presentes junto à superfície de ruptura. Maher & Ho (1993) e
Consoli et al. (1998) concordam que a inclusão de fibras aumenta a resistência friccional do
solo cimentado.
a) b)
50 F ib r a T ip o I F ib r a T ip o I
450
48 F ib r a T ip o II 425 F ib r a T ip o II
46 400
c ' (K P a )
Ø ' (º)
375
44
350
42
325
40 300
0 12 24 36 0 12 24 36
C F (m m ) C F (m m )
Figura 6. Variação dos parâmetros de resistência do solo cimentado reforçado (PC = 7,0%)
a) variação de ’ com comprimento da fibra
b) variação de c’ com comprimento da fibra
Para o intercepto coesivo de pico, c’, pode-se observar um comportamento distinto,
onde a fibra do tipo II eleva sensivelmente o valor de c’ e a do tipo I o reduz levemente. A
provável explicação para este comportamento é que como a fibra tipo II, por ser mais rígida, é
solicitada a pequenas deformações, contribuindo para um acréscimo no valor de c’, esse
acréscimo é mais pronunciado para o comprimento de 36 mm, o qual proporciona melhor
aderência fibra-matriz. Nota-se que o aumento de qrup para fibra tipo II de 12 mm é motivada
pelo aumento de ambos os parâmetros de resistência, mas notavelmente pelo aumento
pronunciado de ’. Para fibras de 36 mm a situação é inversa, o aumento mais pronunciado é
no valor da coesão.
como adequado para representar os pontos experimentais dos ensaios apresentados, sendo o
R2ajust. igual a 0,910 e o erro padrão de estimativa, P, de 14 kPa. O modelo indica que os
fatores mais importantes que influenciam positivamente na variável de resposta, são a
porcentagem de cimento (PC) e a interação entre porcentagem de fibra (PF) e o comprimento
de fibra (CF) e, negativamente, o comprimento de fibra (CF). As Figuras 7(a) e 7(b)
apresentam, respectivamente, a superfície de resposta qut x PC x CF e a comparação entre os
valores previstos e observados.
a)
b)
320
240
220
200
180
160
140
140 160 180 200 220 240 260 280 300
Valores previstos
Para os ensaios de resistência à tração por compressão diametral para todos os níveis
realizados de PC, PF e CF em amostras cimentadas com inclusões de fibra tipo II a análise de
regressão múltipla indicou o seguinte modelo:
a) b)
420
380
340
Valores observados
300
260
220
180
140
140 180 220 260 300 340 380
Valores previstos
Outro fator bastante interessante observado no formato das curvas para as vigotas
reforçadas é que, logo após a ruptura da cimentação, há uma queda no valor de q uf, o qual é
recuperado quando a fibra entra em carga. Comportamentos análogos a este foram
apresentados por Taylor (1994) e Hannant (1994) em estudos teóricos para materiais
cimentados reforçados com fibras solicitados a esforços de tração na flexão.
1000
m a tr iz ñ - r e f. ( N º 2 5 )
800
m a tr iz ñ - r e f. ( N º 3 0 )
T e n s ã o T r a ç ã o n a F le x ã o ( k P a )
m a tr iz ñ - r e f. ( N º 3 1 )
m a tr iz r e f .F T I ( N º 0 6 )
600
m a tr iz r e f .F T I ( N º 0 7 )
m a tr iz r e f .F T I ( N º 0 9 )
400 m a tr iz r e f .F T I ( N º 1 0 )
m a tr iz r e f .F T II ( N º 0 5 )
m a tr iz r e f .F T II ( N º 0 6 )
200
m a tr iz r e f .F T II ( N º 0 8 )
0
0 1 2 3 4 5 6
D e s lo c a m e n to V e r tic a l ( % )
Quanto ao comportamento à fadiga, os resultados para as três misturas ensaiadas são
apresentados na Figura 10, onde podem ser observados os aumentos de f (tensão de tração na
flexão de ruptura) para um dado N (número de ciclos) , demonstrando o efeito benéfico da
adição fibrosa utilizada. Na Figura 11, os resultados encontrados são normalizados pela
resistência à tração na flexão da matriz, observa-se que a fibra tipo I, por sua melhor interação
com a matriz, formando um verdadeiro emaranhado com a mistura solo-cimento, suporta
proporcionalmente um maior carregamento, para os valores de N usualmente adotados em
projeto, por exemplo, para 90 ou 95% da tensão de ruptura estática, ela suporta um maior
número de ciclos N, quando comparada àquela sem reforço ou reforçada com fibras do tipo II.
800
700
T e n s ã o F le x ã o ( k P a )
600
Figura 9. Curvas tensão de tração na flexão x deformação vertical (PC = 7,0%)
M a tr iz ñ - r e f.
500 M a tr iz r e f. F II
M a tr iz r e f. F II
M a tr iz ñ - r e f. R ² = 0 ,7 1
400
M a tr iz r e f. F T I R ² = 0 ,6 9
M a tr iz r e f. F T II R ² = 0 ,7 0
300
1 .0 E + 2 1 .0 E + 3 1 .0 E + 4 1 .0 E + 5 1 .0 E + 6
Log N f
Figura 10. Comparação entre a tensão de tração aplicada nos ensaios de fadiga
e a vida de fadiga da matriz não-reforçada e reforçada com fibras
110
T e n s ã o fle x ã o / T e n s ã o r u p . e s tá tic a ( % )
105
100
95
90
M a tr iz ñ - r e f.
85 M a tr iz r e f. F I
M a tr iz r e f. F II
80
M a tr iz ñ - r e f. R ² = 0 ,7 1
75 M a tr iz r e f. F I R ² = 0 ,6 9
M a tr iz r e f. F II R ² = 0 ,7 0
70
Figura 11. Normalização
1 .0 E + 2 entre a1 . 0 tensão
E+3 de tração
1 .0 E + 4 aplicada
1 . 0 E +e5 tensão de
1 . 0 E ruptura
+6 estática da
matriz em função da vida de fadiga da matriz não-reforçada e reforçada com fibras
Log N f
A respeito da forma de ruptura observada pode-se afirmar que uma vez formada a
trinca nas vigotas reforçadas, as fibras passam a receber todo o carregamento, funcionando
como um elemento inibidor à propagação da trinca, mesmo com deformações bastante
superiores à deformação do surgimento da primeira trinca na vigota não-reforçada. Então, ao
contrário da viga sem reforço, as vigotas reforçadas não entram em colapso após o início da
primeira trinca, alterando, assim, a forma de ruptura, passando de frágil a dúctil. Isto tem o
efeito de aumentar o trabalho de fratura, que é definido como tenacidade. Resultados
semelhantes a estes foram observados por Vilches (1996) em vigotas de CBUQ com reforço
de geotêxteis testadas à fadiga.
10
8 F T I, T C = 2 0
F T II, T C = 2 0
6
If (a d m .)
F T I, T C = 6 0
4
F T II, T C = 6 0
2 F T I, T C = 1 0 0
0 F T II, T C = 1 0 0
0 12 24 36
C F (m m )
A adição
Figura 12. Resultados de índice de fragilidade versus comprimento da fibra
fibrosa do tipo II, apesar de demonstrar eficiência para o maior comprimento, aumentou o
índice de fragilidade da matriz quando reforçada com fibras de 12 mm; este tipo de resultado
aponta para a importância do comprimento da fibra no comportamento pós-pico do
compósito.
Vários autores (Crockford et al., 1993; Maher & Ho, 1993; Li & Mitchell, 1997;
Prietto et al., 1997; Consoli et al., 1998) têm observado o aumento da capacidade de absorção
de energia ou tenacidade de materiais artificialmente cimentados reforçados com fibras
quando comparados à matriz sem reforço. Para Taylor (1994), a tenacidade pode ser
aumentada com a utilização de fibras longas que apresentem alta deformação de ruptura,
como por exemplo, as fibras de polipropileno. A energia absorvida em uma amostra num
ensaio destrutivo é proporcional à área abaixo da curva tensão x deformação, o que na prática
representa a capacidade de resistir a propagação de trincas de fadiga. Entretanto, não existe na
literatura um consenso sobre até qual deformação deve ser medida esta energia. Na Figura
13(a) e 13(b), são apresentados, respectivamente, os valores de energia de deformação
medidos na ruptura e com deformação axial de 10% (Ulbrich, 1997; Montardo, 1999).
40 a)
F T I, T C = 2 0
30
E d e f r u p (k J /m ³)
F T II, T C = 2 0
20 F T I, T C = 6 0
F T II, T C = 6 0
10
F T I, T C = 1 0 0
F T II, T C = 1 0 0
0
0 12 24 36
C F (m m )
b)
200
F T I, T C = 2 0
150
E d e f 1 0 % (k J /m ³)
F T II, T C = 2 0
100 F T I, T C = 6 0
F T II, T C = 6 0
50
F T I, T C = 1 0 0
F T II, T C = 1 0 0
0
0 12 24 36
C F (m m )
Figura 13. Variação da tenacidade do solo cimentado reforçado (PC = 7,0%)
a) variação de Edef (rup) com comprimento da fibra
b) variação de Edef (10%) com comprimento da fibra
Crockford et al. (1993) propuseram em seu trabalho uma possível correlação entre
vida de fadiga e energia de deformação para estes tipos de materiais, neste sentido foram
testados correlações semelhantes neste trabalho. A Figura 14 mostra a relação existente entre a
capacidade de absorção de energia de pico e vida de fadiga. O valor de Nf (número de ciclos
necessário para ruptura à fadiga do material) foi calculado arbitrando-se a tensão, neste caso
foram utilizados os valores de 600 e 650 kPa por serem tensões médias dos três materiais
testados (ver Figura 10). Tentativas diferenciadas de correlacionar Nf com a capacidade de
absorção de energia medido a 10% de deformação são válidas apenas quando comparados um
dos materiais reforçados com a matriz cimentada. Os resultados aqui obtidos confirmam os
encontrados por Crockford et al. (1993), demonstrando que a capacidade de absorção de
energia e a fadiga são fenômenos relacionados quando se trabalha com compósitos baseados
em cimento Portland e reforçados com fibras.
1E+8
Tf = 600 kP a
1E+7
1E+6
Tf = 650 kP a
1E+5 M a tr iz ñ - r e f.
Nf
M a tr iz r e f. F T I
1E+4
M a tr iz r e f. F T II
1E+3
1E+2
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
E d e f r u p (k J /m ³ )
Figura 14. Relação existente entre a capacidade de absorção de
energia de pico e Nf para as mistura testadas à fadiga
5.2. Rigidez
F T I, T C = 2 0
3
F T II, T C = 2 0
D e f. ru p . (% )
2 F T I, T C = 6 0
F T II, T C = 6 0
1
F T I, T C = 1 0 0
F T II, T C = 1 0 0
0
0 12 24 36
C F (m m )
Figura 15. Influência do comprimento da fibra nos dos valores de a(rup) (%)
2500
2000 F T I, T C = 2 0
E (0 ,0 1 ) (M P a )
F T II, T C = 2 0
1500
F T I, T C = 6 0
1000
F T II, T C = 6 0
500 F T I, T C = 1 0 0
F T II, T C = 1 0 0
0
0 12 24 36
Figura 16. Resultados dos valores de módulo de elasticidade (0,01 % de a)
Baseado nos resultados obtidos nos ensaios de módulo de resiliência (3 repetições
cada amostra) para as matrizes reforçadas com fibras do tipo I, a análise de regressão múltipla
definiu o modelo
para estimar o módulo de resiliência do solo cimentado reforçado com fibras tipo II. O
coeficiente de determinação ajustado (R2ajust.) encontrado é igual a 0,934 e o erro padrão de
estimativa P, igual a 910 MPa. Como esperado, PC foi o fator de maior influência sobre Mr.
A contribuição do comprimento da fibra (CF) também é bastante expressivo, demostrando a
importância do uso de fibras mais longas para se atingir valores mais elevados de Mr,
enquanto o fator PF influenciou negativamente. O modelo apresenta ainda a interação
significativa e negativa entre CF e PC, ou seja, sozinhos eles contribuem de forma positiva;
entretanto, há uma interferência de CF sobre PC, e vice versa, de forma a reduzir o Mr.
Já era de se esperar a maior influência do PC sob esta variável de resposta, para ambas
as fibras, bem como a redução no valor do módulo com o aumento no percentual de fibra,
afinal estamos adicionando um elemento menos rígido dentro da matriz de solo-cimento. O
comprimento tende a aumentar o valor de Mr, o que pode ser resultado de uma melhor
ancoragem dentro da matriz.
a) b)
15000
13000
11000
Valores observados
9000
7000
5000
3000
3000 5000 7000 9000 11000 13000 15000
Valores previstos
a) b)
20000
18000
16000
Valores observados
14000
12000
10000
8000
6000
4000
6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000
Valores previstos
5.3.
Estado Último
Para avaliar a resistência última dos materiais compósitos estudados utilizou-se como
variável de resposta a tensão desvio última (qult), medida para 10% de deformação axial. A
influência do comprimento da fibra e variação dos valores de q ult são apresentados na Figura
19 para as três tensões confinantes utilizadas. Igualmente ao que ocorre com os valores de q rup
as fibras do tipo II se mostraram mais eficientes, bem como o maior comprimento de fibra.
1500
F T I, T C = 2 0
1000 F T II, T C = 2 0
q u lt ( k P a )
F T I, T C = 6 0
500 F T II, T C = 6 0
F T I, T C = 1 0 0
F T II, T C = 1 0 0
0
0 12 24 36
C F (m m )
Na Figura 20, é apresentada a variação dos parâmetros de resistência última ’ult e c’ult,
com comprimento da fibra CF. Nota-se um efeito inverso do tipo de fibra em relação aos
valores de ’ult e c’ult. Para os valores de ângulo de atrito último, a fibra tipo II mostra-se mais
eficiente (apesar de se acreditar em leituras errôneas no que diz respeito a esta variável de
resposta, devido a grande influência da TC no comportamento dúctil do material), já para os
valores de coesão a situação se inverte, o reforço do tipo I mostra-se mais eficiente.
a) b)
56 F ib r a T ip o I 200
F ib r a T ip o I
54 F ib r a T ip o II 150 F ib r a T ip o I I
52
c 'u l t ( k P a )
Ø ' u lt ( º )
50 100
48
46 50
44
0
42
0 12 24 36
0 12 24 36
C F (m m )
C F (m m )
Baseado nas informações acima, pode-se concluir que o comprimento tem maior
relevância quando se trabalha com fibras mais resistentes (tipo II). A forma idealizada de
dimensionamento de reforços fibrosos seria encontrarmos um comprimento tal que 50% dos
elementos fibrosos romperia por tração e outros 50% por deslizamento gradual da matriz, este
seria o equilíbrio de forças perfeito de modo a reduzir a quantidade de fibras necessárias para
que se obtivesse um mesmo material resultante. Da mesma forma poderia ser encontrado um
teor de cimento ideal, onde a metade das fibras teria um comportamento extensível e a outra
metade inextensível.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
(d) Com relação aos parâmetros de resistência do solo, coesão e ângulo de atrito, pode
ser verificado um leve aumento de ambos para a fibra tipo II. Com relação às matrizes
reforçadas com as fibras tipo I, praticamente não houve alteração de c’ e ’.
AGRADECIMENTOS
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