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X Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental (REGEO 2023)

IX Congresso Brasileiro de Geossintéticos (Geossintéticos 2023)


Salvador, Ba, Brasil © IGS-Brasil/ABMS, 2023

Efeito da Distribuição Granulométrica e da Forma do Grão de Areia


na Eficiência do Reforço por Fibra Polimérica
Camilla Maria Torres Pinto
PPEC - UFBA, Salvador, Brasil, c.camillamaria@gmail.com

Murilo Pereira da Silva Conceição


PPEC - UFBA, Salvador, Brasil, pereiramurilosc@gmail.com

Sandro Lemos Machado


PPEC - UFBA, Salvador, Brasil, smachado@ufba.br

Miriam de Fátima Carvalho


PPEC - UFBA, Salvador, Brasil, miriam.machado@ufba.br

RESUMO: Este trabalho estuda o efeito da distribuição granulométrica e forma do grão de areia no comportamento
tensão-deformação de areias reforçadas com fibras de polipropileno, tendo como base resultados de ensaios de
compressão triaxial do tipo consolidado drenado (CD). Duas areias limpas com mesma densidade relativa (Dr 60%) e
com distribuição do tamanho e forma de grãos diferentes (arredondados e subangular) foram usadas para confecção de
corpos de prova de areia-fibra com dimensões de 200 mm de altura e 100 mm de diâmetro e com teores de fibras (Pf) de
0%, 0,5% e 1,0 % e diferentes comprimentos (12,5 mm, 25 mm e 51 mm). As areias reforçadas com fibras apresentaram
maior resistência do que as areias não reforçadas. O compimento das fibras apresentou-se mais efetivo no aumento da
resistência que o teor de fibras. A resistência das areias reforçadas foi afetada pela forma do grão da areia e gradação dos
grãos, onde os grãos subangulares atingiram valores de resistência superiores às areias reforçadas com grãos
arredondados.

PALAVRAS-CHAVE: Areia reforçada; SRF; Ensaio triaxial, Fibra Polimérica, Resistência ao cisalhamento

ABSTRACT: This paper studies the effect of granulometric distribution and sand grain shape on the stress-strain behavior
of sands reinforced with polypropylene fibers, based on the results of triaxial compression tests of the drained consolidated
type (CD). Two clean sands with the same relative density (Dr 60%) and with different grain size and shape distribution
(rounded and subangular) were used to make sand-fiber test specimens with dimensions of 200 mm of height and 100
mm of diameter and with fiber contents (Pf) of 0%, 0.5% and 1.0% and different lengths (12.5 mm, 25 mm and 51 mm).
Fiber-reinforced sands showed higher strength than unreinforced sands. Fiber length was more effective in increasing
strength than fiber content. The strength of the reinforced sands was affected by the sand grain shape and grain gradation,
where the subangular grains reached higher strength values than the reinforced sands with rounded grains.

KEY WORDS: Reinforced Sand; SRF; Triaxial Test, Polymer Fiber, Shear Strength

1 INTRODUÇÃO O comportamento mecânico das areias é


dependente de sua densidade relativa (Dr), que é
O emprego de solo reforçado em obras de engenharia governada pelo entrosamento entre as partículas,
requer o conhecimento do comportamento mecânico resultado da ação conjunta da distribuição
desse material compósito, formado pela união da granulométrica e formato dos grãos. Resultados de
matriz (solo) e do reforço (fibras, podendo ser de literatura apontam que o ângulo de atrito de uma areia
diferentes naturezas). De forma geral, os estudos de no estado mais compacto é da ordem de 7º a 10º
solos reforçados com fibra (SRF) realizam superior ao do seu estado mais fofo (Leonards, 1962;
comparações entre o comportamento do material Briaud, 2013). Além disso, considerando a mesma
reforçado com o do solo sem reforço, avaliando a Dr, o ângulo de atrito pode ser incrementado entre 4º
melhoria em propriedades específicas. a 6º para grãos com formato angulares em relação aos

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formatos arredondados (Leonards, 1962), isto devido areia média e 16% de areia fina foram classificadas
ao maior entrosamento entre eles. Para definição do como SP segundo a SUCS, areias mal graduadas e
formato dos grãos de uma areia leva-se em conta a muito uniformes. Para a mesma condição de
esfericidade (formato médio), o arredondamento densidade relativa (Dr =60%), a areia de rio
(formato dos cantos) e sua rugosidade. Não sendo apresentou ângulo de atrito na condição de pico
uma variável fácil de ser definida, podendo ser maior que a areia de duna (3º maior). Na figura 1
determinada por microscopia, segundo Oda (1972a e pode-se observar que a forma dos grãos e uma
b). Quanto mais bem distribuída distribuição mais variada leva a este maior valor de
granulometricamente a areia (maior o coeficiente de ângulo de atrito.
não uniformidade), melhor será o entrosamento
existente e, consequentemente, maior o ângulo de Tabela 1. Carcaterísticas das areias usadas.
atrito da areia. Parâmetros Areia de Rio Areia de Duna
No caso de compósitos areia/fibra, além das Forma de grão Subangular Arredondado
variáveis mencionadas anteriormente, o mecanismo d10 (mm) 0,43 0,176
d30 (mm) 0,59 0,250
de interação fibra/grão, bem como o teor, a dimensão
d50 (mm) 0,83 0,290
e a rigidez da fibra afetam o ganho de resistência d60 (mm) 0,96 0,315
(Diambra e Ibraim, 2015). Parece consenso que Cu 2,24 1,79
existe um teor mínimo de reforço para se alcançar um Cc 0,84 1,13
ganho de propriedades mecânicas desejadas, porém, γs (kN/m³) 26,50 26,57
há um limite nesse valor, determinado a partir da emáx 0,79 0,748
matriz que se deseja incrementar, pois o excesso de emím 0,520 0,523
fibras de reforço pode vir a se amontoar dentro da ϕpico (º) CP Dr 36,5 33,6
matriz, impedindo que o compósito trabalhe 60%
eficientemente (Teodoro, 1999).
Resultados de literatura mostraram, de forma
geral, que a inclusão de fibra como reforço no solo
ocasiona um ganho de resistência à tração e uma
ruptura mais dúctil, bem como aumento da
resistência ao cisalhamento e redução da perda de
resistência ao cisalhamento pós-pico, aumento da
capacidade de suporte e redução de propagação de
fissuras, (Gray e Ohashi, 1983; McGown et al., 1978;
Loehr, Romero e Ang, 2005; Gao, Lu e Huang,
2020).
Nesse contexto, o presente trabalho visa avaliar o
efeito das características da areia referente a
distribuição granulométrica e formato de grãos na
curva tensão - deformação de um SRF com diferentes Figura 1. Curva granulométrica e forma dos grãos das
teores e comprimento de fibra. areias estudadas.

A fibra usada foi fornecida pela empresa Viapol


2 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS sendo constituída de copolímero 100% virgem
(junção dos monômeros de etileno e propileno), com
2.1 Características das areias e da fibra comprimento de 51 mm, diâmetro médio de 0,51
mm, massa específica de 0,91 g/cm³, módulo de
Duas areias limpas, uma de rio (grão subangular) e elasticidade de 5 GPa e resistência a tração média de
outra de duna (arredondado) foram usadas como 500 MPa (parâmetros indicados pelo fabricante). Ela
material de matriz na pesquisa (Figura 1) e suas foi cortada manualmente para obter comprimentos de
propriedades índices, determinadas segundo as 12,5 mm e 25 mm e desfibrilada para uso nos
normas brasileiras (Análise granulométrica: NBR compósitos (Figura 2).
7181/2016; massa específica dos sólidos: NBR
6458/2016; determinação do índice de vazios
máximo de solos não coesivos: NBR 12004/1990;
determinação do índice de vazios mínimo: NBR
12051/1991) estão indicadas na Tabela 1. A areia de
rio com 10% de pedregulho fino, 62% de areia grossa
e 28% de areia fina e a areia de duna com 84% de

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material, prendendo a membrana ao cabeçote com
auxílio de borrachas de látex, garantindo a vedação
do conjunto, mantendo a sucção na base e aplicando-
a também no topo do CP, o que permite retirar o
molde metálico evitando a desestruturação do CP.
Com bomba de vácuo ainda aplicando a sucção, o
molde é removido tomando-se todas as precauções
para que não ocorra deformações no corpo de prova.
Fecha-se a célula triaxial e insere-se água na parte
externa da célula, aplica-se uma pequena pressão
externa no CP com um auxílio de um reservatório
para manter um leve confinamento na amostra e
fecha-se a válvula da aplicação de vácuo. A Figura 3
apresenta uma sequência de fotos do processo de
Figura 2. Fibra e comprimentos usados moldagem.
O CP segue para saturação por fluxo e avaliação
2.2 Preparação dos compósitos do coeficiente de permeabilidade, parâmetro adotado
como o indicador de qualidade do processo de
Foram ensaiados corpos de prova (CP) com areia moldagem, devido a ser um parâmetro muito sensível
pura e areia com adição de reforço (compósitos) em às variações no índice de vazios.
dois teores (0,5% e 1 %) e três comprimentos de fibra
(12,5 mm, 25 mm e 51 mm), o que permitiu avaliar a 2.3 Ensaios de compressão triaxial
interação e influência das fibras nas propriedades
mecânicas da areia. Foram realizados ensaios de compressão triaxial
As misturas areia/fibra foram realizadas consolidado isotropicamente drenado (CID), com
manualmente, com adição de cerca de 1 a 2% de água tensões confinantes de 50 kPa, 100 kPa, 200 kPa e
na composição para facilitar a aderência entre as 300 kPa, utilizando CP com teores de fibras de 0%,
fibras e o solo – moist tamping technique -, 0,5% e 1,0% e comprimento de 12,5 mm, 25 mm e
recomendada por Diambra et al. (2010). Tanto a água 51 mm. Todos os ensaios foram realizados em
quanto as fibras foram medidas em massa e duplicata.
adicionadas considerando a massa seca do solo. As Os procedimentos gerais adotados na preparação
fibras foram distribuídas e misturadas de forma e execução dos ensaios triaxiais seguiram os
pretensamente aleatória no solo, visando a simular princípios descritos por Head e Epps (2014). Os CPs
situações práticas de utilização do solo reforçado em que atenderam as variações do coeficiente de
campo. Os CP foram compactados em um molde permeabilidade, medidos após a saturação por fluxo,
bipartido de aço inoxidável (diâmetro interno de 100 seguiram para a saturação por contrapressão, com
mm e altura de 200 mm), fixado na base da célula medida do parâmetro B de Skempton (1954) superior
triaxial, onde o material foi acomodado em camadas, a 0,90. Procedeu-se o confinamento conforme a
buscando obter uma densidade relativa (Dr) de 60% tensão efetiva desejada e seguida da ruptura com uma
tanto nos CP de areia pura como nos compósitos taxa de carregamento de 0,667 mm/min num tempo
areia/fibra, de forma a garantir o mesmo índice de de cerca de 60 minutos. Maiores informações sobre
vazios inicial dos CPs. A fibra foi considerada como execução dos ensaios realizados podem ser
parte dos sólidos e calculou-se a massa específica dos encontradas em Conceição (2021) e Pinto (2021).
sólidos ponderada para cada combinação de
porcentagem de fibra nos compósitos (0,5% e 1 %).
A partir deste valor foram calculadas as massas secas 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
de fibras e solo para se atingir o valor de índice de
vazios para se ter a Dr desejada. A Figura 4 apresenta o efeito que a inclusão das fibras
Uma membrana de látex foi inserida no molde exerce nos valores de tensão desviadora de ruptura
metálico, bem como um geotêxtil em sua base. (σdf) para diferentes tensões confinantes. Cada ponto
Aplica-se uma sucção de 20 kPa pela base do CP com de (σdf) no gráfico representada a média de dois
o auxílio de uma bomba de vácuo e inicia-se a ensaios. Observa-se que a σdf é dependente da tensão
inserção da massa em 4 camadas, usando um funil confinante, teor e comprimento das fibras.
para o caso da areia pura e uma concha para a Comportamento similar foi reportado por Maher and
areia/fibra e procede-se a acomodação do material Gray, (1990); Shukla, (2017); Ghadr et al. (2022),
com uma sapata até obter a altura definida. Apoia-se dentre outros.
outro geotêxtil e o cabeçote sobre a última camada de

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Figura 3. Etapas de montagem dos CPs.

Observa-se que a σdf aumenta com o teor de fibra, moldagem Dr=60% foi empregada em todos os CPs.
sendo este aumento maior para as fibras maiores. Os corpos de prova da areia de rio, com grãos
Fibras mais longas apresentaram maior eficiência no subangulares, maior textura e granulometria menos
efeito reforço que fibras mais curtas (12,5 mm), uniforme, apresentaram maiores ganhos de
devido a maior possibilidade de se embricarem com resistência em relação à areia de duna, a qual posssui
os grãos, dobrando-se sobre os mesmos devido à grãos mais arredondados. Na areia de rio há
flexibilidade elevada da fibra, melhorando e condições para um melhor embricamento ou
eficiência do reforço. Também se pode observar que entrosamamento dos grãos, dificultando o
para tensões confinantes menores (50 e 100 kPa) o deslizamento e melhorando a interação solo/fibra.
ganho na tensão desviadora de ruptura é mínimo ou Estas diferenças podem ser melhor observadas em
inexistente, como por exemplo em compositos de termos da diferença entre a tensão desviadora do SRF
areia de duna com Pf=0,5% e L=25 mm, comparado e da areia sem reforço, como mostrado na Figura 5.
às tensões maiores (200 e 100 kPa). As tensões O ganho de tensão desviadora foi maior em quase
confinantes maiores melhoram a interação entre o todas as condições estudadas para os compósitos
solo e a fibra, promovendo uma ancoragem mais confeccionados com areia de rio em relação aos de
efetiva da fibra entre os grãos do solo. A melhor areia de duna. Os resultados obtidos nesta pesquisa
eficiência do reforço para as fibras longas é também estão em parte de acordo com Markou (2016), que
mais evidente para os maiores confinamentos. aponta que areias reforçadas e com grãos
Comparando-se resultados obtidos para a mesma subangulares atingiram maiores resistências que as
condição de confinamento e reforço, percebe-se a areias com grãos arredondados, contudo o autor
influência da granulometria e da forma dos grãos nos citado obteve também um aumento da resistência
valores de σdf, já que a mesma densidade relativa de com a diminuição do tamanho do grão.

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deixados pelos grãos maiores. O efeito da
uniformidade da granulometria parece se sobrepor ao
efeito relativo aos tamanhos dos grãos, já que
diferentes autores apontam maiores dilatâncias para
grãos maiores (Michalowski e Cermak, 2002 e Ghadr
et al., 2022),

a)

b)
Figura 4. Resultados de ensaios triaxiais CD para areia
pura e areia reforçada com diferentes teores e
comprimento de fibra. a) Compósitos com 0,5% de fibras;
b) Compósitos com 1% de fibras.

No que se refere às deformações axiais na ruptura,


para a maioria dos compósitos se obteve valores
variando entre 5 a 15%. Na Figura 6, resultados de Figura 5. Diferença entre a tensão desviadora na ruptura
para SRF com diferentes teores e comprimento de fibra.
ensaios para compósitos com 1% de fibra são
apresentados. Parece haver uma tendência de
compósitos com fibras mais longas (51 mm)
apresentarem picos de resistência para maiores
deformações axiais.
Na Figura 7 são apresentadas deformações
volumétricas na condição de ruptura (ponto de tensão
desviadora de pico) para os diversos compósitos
estudados. Como esperado, para um mesmo Dr, a
dilatância das areias diminui com o confinamento. A
inclusão do reforço promoveu uma redução na
dilatância, principalmente para as tensões maiores de
confinamento (200 e 300 kPa). Contudo, para o caso
da areia de duna, a redução da dilatância com o
reforço é menos evidente. Acredita-se que a maior
dilatância observada para a areia de duna esteja
relacionada a sua maior uniformidade, que diminui a Figura 6. Resultados de deformação axial na ruptura.
possibilidade de grãos menores ocupar os vazios

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Tabela 2. Parâmetros de resistência das areias e dos
compósitos devido ao incremento de fibra
Areia de duna Areia de rio
Material c’ Φ Δϕ c’ ϕ Δϕ
(kPa) (º) (º) (kPa) (º) (º)
Areia Pura
0 33,6 - 0 36,5 -
Pf=0
Pf=0,5%,
0 35,8 2,2 9,5 39,2 2,7
L=25mm
Pf=0,5%,
7,2 40,7 7,1 0 43 7,4
L=51mm
Pf=1%,
2,5 35,8 2,2 8,2 39,2 2,7
L=12,5mm
Pf=1%,
8,3 36 2,4 19,6 41,7 5,2
L=25mm
Pf=1%,
23,9 41,8 8,2 47,7 41,7 11,2
L=51mm
Figura 7. Resultados de deformação volumétrica na
ruptura obtidas de ensaios triaxiais CD para areia pura e
areia reforçada com diferentes teores e comprimento de 4 CONCLUSÕES
fibra.
A partir das análises dos resultados de ensaios
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento das triaxiais CD realizados, pôde-se concluir que:
areias e de todas as combinações de SRF estudadas
estão apresentados na Tabela 2, assim como os - A inclusão da fibra de copolímero nas areias
acréscimos na coesão (c`) e no ângulo de atrito (ϕ`). estudadas, proporcionou o desenvolvimento de
Da tabela, observa-se que tanto a coesão quanto o compósitos com novas propriedades mecânicas,
ângulo de atrito sofreram incrementos com a adição fortemente influenciadas pelo comprimento e teor do
das fibras, com exceção do compósito Pf = 0,5% e L= reforço. Nesta pesquisa, comprimento da fibra
25 mm com areia de duna e Pf = 0,5% e L=51 mm forneceu uma maior contribuição ao ganho de
com areia de rio que não apresentaram ganho de resistência, quando comparado ao teor, indicando que
coesão seguindo o melhor ajuste. o aumento do comprimento ocasionou uma
Entre os compósitos que apresentaram menores ancoragem mais efetiva da fibra com grão. Além
valores de contribuição aos parâmetros de disso, o aumento do teor acima de 1% foi
resistência, as areias reforçadas com Pf = 0,5% e L= impraticável devido a dificuldade de
25 mm apresentaram coesão levemente superior as homogeneização dos materiais.
areias reforçadas com Pf = 1,0% e L = 12,5 mm, e - Os compósitos confeccionados com areia com
mesmo ângulo de atrito. Observando ainda os grãos subangulares (rio) e maior d50 apresentaram
resultados obtidos para as areias reforçadas com Pf maiores ganhos de resistência em relação a de grãos
=1 % e diferentes comprimentos, observa-se uma arredondados (duna) e menor d50, considerando as
influência significativa nos parâmetros de resistência mesmas condições de ensaio (teor e comprimento de
em função do comprimento da fibra. fibra e densidade relativa de moldagem Dr=60%).
Nesta pesquisa, os resultados apontam que o Este fato pode ser explicado devido ao melhor
comprimento da fibra e formato subangular dos grãos embricamento e entrosamamento grãos
forneceram maiores contribuiçôes ao ganho de subangulares, dificultando o deslizamento e
resistência, quando comparado ao teor, o que pode melhorando assim o comportamento mecânico.
ser verificado tanto no comportamento tensão- - Para uma mesma areia, a inclusão do reforço
deformação dos compósitos (Figuras 4 e 5) quanto promoveu uma redução na variação volumétrica de
nos valores fornecidos na Tabela 2. expansão (dilatância) principalmente para as tensões
maiores de confinamento (200 e 300 kPa), sendo que
a areia de rio apresentou menores dilatâncias
comparada com a de duna.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CAPES e FAPESB pelas


bolsas de pesquisa concedidas e à Viapol pelo
fornecimento das fibras poliméricas.

REGEO/Geossintéticos 2023, Salvador/Ba, Brasil.


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REGEO/Geossintéticos 2023, Salvador/Ba, Brasil.

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