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Iva Emanuelly Pereira Lima (1); Aline da Silva Ramos Barboza (2)
(1) Mestranda em Engenharia Civil, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, UFAL
(2) Professora Doutora, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, UFAL
Campus A.C. Simões, Rod. BR 104, km 14, Tabuleiro dos Martins – Maceió, Alagoas
Resumo
Os concretos com adição de fibras (CRF) são definidos como compósitos, cujas fases principais são o
concreto (matriz) e as fibras. A adição dessas fibras propicia ao compósito um aumento significativo na
resistência residual e o concreto passa a apresentar uma maior capacidade de carga no estágio de pós-
fissuração. Apesar disso, esse aumento só acontece se o concreto for dosado e aplicado de maneira
adequada e, para isso, existem códigos de referência que estabelecem aspectos para a utilização do CRF.
No entanto, nesses documentos, faz-se a consideração de que a carga máxima corresponde a carga de
fissuração, o que pode não se aplicar para concretos que possuam uma orientação preferencial das fibras.
Diante disso, e sabendo da significativa mudança que a orientação das fibras pode proporcionar ao
compósito, faz-se necessário um estudo referente a relação da carga máxima com a carga de fissuração. A
partir dessa problemática, e por meio do ensaio de flexão a três pontos normatizado pela EN 14651 (2007),
apresenta-se um estudo relacionado a relação existente entre a carga máxima com a carga de fissuração
de uma amostra de concreto reforçado com fibras de aço (CRFA) e outra amostragem produzida com fibras
poliméricas (CRFP). De acordo com o estudo realizado, verificou-se que o valor de carga máxima não
correspondeu ao mesmo valor de carga de fissuração para nenhuma viga em análise e, a partir de um teste
de hipótese, percebeu-se que as cargas não apresentam uma homogeneidade na amostragem, o que
evidencia que as amostras apresentam uma diferença estatisticamente significativa entre elas.
Palavra-Chave: Orientação Preferencial das Fibras; Carga Máxima; Carga de Fissuração; Estudo Comparativo.
Abstract
Fiber-added concretes (FRC) are defined as composites, whose main phases are concrete (matrix) and
fibers. The addition of these fibers provides the composite with a significant increase in residual strength and
the concrete starts to present a greater load capacity in the post-cracking stage. Despite this, this increase
only happens if the concrete is dosed and applied properly and, for that, there are reference codes that
establish aspects for the use of the FRC. However, in these documents, it is considered that the maximum
load corresponds to the cracking load, which may not apply to concretes that have a preferential orientation
of the fibers. Therefore, and knowing the significant change that the fiber orientation can provide to the
composite, it is necessary to study the relationship between the maximum load and the crack load. From this
problem, and through the three-point bending test standardized by EN 14651 (2007), a study is presented
related to the relationship between the maximum load and the crack load of a sample of concrete reinforced
with fiber steel (SFRC) and another sample produced with polymeric fibers (PFRC). According to the study, it
was found that the maximum load value did not correspond to the same crack load value for any beam under
analysis and, from a hypothesis test, it was noticed that the loads do not have a homogeneity in sampling,
which shows that the samples show a statistically significant difference between them.
Keywords: Preferential Fiber Orientation; Maximum Load; Cracking Load; Comparative Study.
2 Metodologia
Por meio da Figura 4, observa-se que pode-se obter a carga suportada pelo
compósito para determinadas aberturas de fissura e que, a partir de tempos
estabelecidos, obtém-se as suas cargas associadas. Ademais, durante a realização dos
ensaios, foram tiradas fotos referentes ao progresso de abertura de fissura dos corpos de
prova a cada 10 segundos, tempo pré-estabelecido em trabalhos anteriores definido pelo
Grupo de Concreto Reforçado com Fibras da UFAL (2020), com o objetivo de verificar o
tempo de fissuração para cada uma das vigas estudadas. Diante disso, verificou-se por
meio da aplicação do ensaio, a carga máxima suportada pelo compósito e a carga de
fissuração de todas as vigas, que foi determinada a partir do tempo de fissuração
visualizado por meio das imagens.
Tabela 4 – Resultados obtidos de carga máxima e carga de fissuração referentes as vigas de CRFA.
Identificação da amostra (kN) (kN)
V1 17,99 19,83
V2 16,24 17,33
V3 20,15 20,50
V4 20,15 20,33
V5 25,42 24,33
V6 16,45 16,83
V7 16,17 14,67
V8 17,58 16,67
Média 18,77 18,81
Desvio padrão 3,13 3,04
Variância 9,80 9,21
Coeficiente de variação (%) 16,68 16,14
Coeficiente de Skewness 1,02 0,38
Tabela 6 – Resultados obtidos de carga máxima e carga de fissuração referentes as vigas de CRFP.
Identificação da amostra (kN) (kN)
V1 16,92 6,33
V2 14,42 5,33
V3 14,92 4,42
V4 14,42 4,17
V5 15,17 4,17
V6 14,67 5,17
V7 14,33 5,33
V8 15,17 4,83
Média 15,00 4,97
Desvio padrão 0,84 0,73
Variância 0,71 0,54
Coeficiente de variação (%) 5,62 14,73
Coeficiente de Skewness 1,31 0,46
4 Conclusões
De acordo com a investigação feita, ao que refere-se ao CRFA, verificou-se que de
modo geral, a carga de fissuração apresentou valor superior e isso ocorreu devido ao alto
módulo de elasticidade que as fibras de aço apresentam. Esse fato colabora para
enrijecer o compósito no pós-fissuração, mostrando que mesmo após a ruptura da matriz,
pode ocorrer uma redistribuição de esforços, que promove um incremento na carga de
ruptura do compósito. Ademais, fazendo uma análise estatística referente aos dois
parâmetros mencionados para o CRFA, concluiu-se que a amostra provém de uma
população igualmente distribuída.
Em relação ao CRFP, pode-se notar que para todas as vigas analisadas, os
valores de carga máxima foram superiores, e isso ocorreu devido ao baixo módulo de
elasticidade que as fibras poliméricas apresentam, pois após o rompimento da matriz,
essas fibras dificilmente irão contribuir para que ocorra um aumento na resistência do
compósito. Esse comportamento aconteceu porque o módulo de elasticidade da fibra é
menor que o da matriz, o que gera um compósito de menor rigidez. Além disso, fazendo
uma análise estatística referente aos dois parâmetros mencionados, concluiu-se que a
ANAIS DO 62º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2020 – 62CBC2020 14
amostra não provém de uma população igualmente distribuída, o que mostrou que as
cargas não apresentam uma homogeneidade nas amostras.
Sendo assim, pode-se dizer que o presente trabalho alcançou as metas sugeridas
inicialmente, onde foi avaliada a variação e a relação existente entre a carga máxima com
a carga de fissuração de uma amostra de concreto reforçado com fibras de aço (CRFA) e
outra amostragem de concreto reforçado com fibras poliméricas (CRFP), onde verificou-
se que ao utilizar a orientação preferencial das fibras no compósito, o valor de carga
máxima não corresponde ao mesmo valor de carga de fissuração, mostrando que uma vai
ser maior que a outra a depender do módulo de elasticidade da fibra utilizada.
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