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PREPARAÇÃO PARA PROVAS NACIONAIS

DE PORTUGUÊS

EXPRESSÃO ESCRITA
- TIPOLOGIAS

• Ata
……………………………………………………………………………..
• Aviso …………………………………………………...
……………………..
• Autobiografia ………………………………………..
…………………….
• Carta ……………………………………………………....
………………….
• Comentário …………………………………………...
……………………
• Convite ………………………………………………..…..
…………………
• Crítica ………………………………………………..……….
………………
• Crónica ………………………………………………..……..
………………
• Descrição …………………………………………..…….
…………………
• Diálogo …………………………………………….……..
…………………
• Diário ……………………………………………………….
…………………
• Entrevista
……………………………………………………………………
• Notícia
……………………………………………………………………..…
• Postal
………………………………………………………………………….
• Programa ……………………………………………………………….
……
• Recado …………………………………………………………………..
……
• Resumo
………………………………………………………………………
• Retrato ……………………………………………………………….
………
• Texto argumentativo …………………………………………………
• Texto de opinião
………………………………………………………..
• Texto narrativo ……………………………………………..
……………

EXPRESSÃO ESCRITA
Passos a tomar ao escrever um texto:

1.º planificar - pensas acerca do texto que vais escrever; ideias soltas – palavras,
expressões:
◊ destinatário – para quem vou escrever este texto?
◊ intenção – para que é que vou escrever? Para informar? Para dar a opinião? Para
convencer alguém? Para contar uma coisa que aconteceu?
◊ tema e assuntos – sobre que é que vou escrever?
◊ tipo de texto – texto narrativo? Uma carta? Um texto de opinião? Uma biografia?
◊ tipo de linguagem – linguagem corrente? Linguagem formal? Linguagem familiar?
◊ tom – linguagem afetuosa? Insultuosa? Vou exprimir indignação? Desespero?
Exaltação?
◊ extensão – uma página? Posso incluir pormenores ou devo ser conciso?

2.º Redação: baseando-te no plano, tens de construir frases completas com sentido.

3.º Revisão: relês o teu texto (uma ou mais vezes) para:


◊ encontrares erros ortográficos, na pontuação e na construção de frases;
◊ localizares palavras repetidas várias vezes;
◊ teres a certeza de que as palavras forma bem escolhidas;
◊ verificares se o texto faz sentido, se as ideias estão bem ligadas e se não se repetem;
◊ tem especial atenção com as frases com mais de duas linhas.

Aspetos a teres em conta quando escreves um texto num teste ou exame:


◊ Gere o teu tempo da melhor forma possível. Guarda sempre o tempo suficiente para
o grupo da escrita (cerca de metade do tempo total da prova);
◊ Antes da prova, verifica quantas linhas (mais ou menos) tem um texto teu com 140-
240 palavras, para teres noção de quanto deves escreves na prova;
◊ Lê com muita atenção as instruções;
◊ Utiliza a folha de rascunho da melhor forma: regista ideias, faz um plano…;
◊ Nunca escrevas sem ter a certeza. Se não sabes bem o significado de uma palavra ou
a forma como se escreve, tenta dizer o mesmo de outra forma (por exemplo, através de
um sinónimo);
◊ Respeita as instruções que te dão. Fugir ao tema proposto é motivo para teres
ZERO;
◊ Inventa factos ou informações sempre que for preciso. O que é avaliado são as
competências de escrita e não a sinceridade;
◊ Faz uma letra legível e não ultrapasses as margens da folha;
◊Se achares que não tens tempo para fazeres uma primeira versão na folha de
rascunho, usa-a apenas para fazeres o plano e escreve o texto diretamente na folha de
prova, mas não te esqueças de voltar a ler com atenção o que escreveste. Mesmo na
folha de prova, podes riscar e acrescentar palavras, desde que se entenda o texto final.

Quando fizeres a revisão do teu texto, tem atenção ao seguinte:

1. Sujeito e predicado – não separar por vírgula


Os irmãos foram à caça.
Os irmãos, naquela tarde, foram à caça.

2. Subordinada vem antes da subordinante – colocar vírgula


Quando chegaram à mata, os manos descobriram o cofre.

3. Enumeração – usar dois pontos


Comprou vários artigos: alforges, vinho, capão …

4. Aposto e outras expressões (ou seja, isto é, quer dizer) – isolados por vírgula
Rui, o irmão mais avisado, foi o último a morrer.
Cada um traçou o seu destino, ou seja, a ganância levou-os à morte.

5. No fim da frase, colocar ponto final.


Rui, Guanes e Rostabal eram as personagens principais.

6. Uma vírgula não substitui um ponto final.


Os irmãos chegaram à mata e descobriram o tesouro. Aquele foi o momento mais feliz
que alguma vez tiveram.

7. Fala da personagem (diálogo) – parágrafo e travessão


(…) o rapaz gritou:
- Estamos ricos!
A rapariga nem queria acreditar naquelas palavras e levou as mãos aos céus, dizendo:
- Obrigada, meu Deus!

8. Vocativo – isolado por vírgula


A consulta, rapaz, foi adiada.
Quando tenho alta, senhor doutor?
Maria, vamos estudar.

9. Uso da letra minúscula e letra maiúscula inicial


a acção decorre na mata de roquelanes.

10. Sublinhar o título das obras


Os Lusíadas, Auto da Barca do Inferno

11. Repetições da mesma palavra


- apagar a palavra repetida (desde que o leitor entenda a que se refere).
- substituir a palavra ou expressão repetida:
◊ usando um pronome (pessoal, possessivo ou demonstrativo).
◊ utilizando um sinónimo ou expressão equivalente.
◊ empregando um termo mais geral (hiperónimo).
◊utilizando uma expressão que resuma uma ação ou um processo.

Exemplos:
Eça de Queirós

o escritor, o autor
Funchal

a cidade
Eusébio

o futebolista, o jogador, o atleta


Portugal

o país, o estado, a nação


Marte

o deus romano da guerra


Luís de Camões

o autor de Os Lusíadas, o príncipe dos poetas

ATA
A ata é um documento escrito de valor jurídico em que se registam de forma precisa as
ocorrências, resoluções e deliberações de uma reunião ou assembleia.

Na ata deves registar:


◊ Número da acta
◊ Data e hora exacta
◊ Local da reunião
◊ Identificação do(a) presidente
◊ as pessoas convocadas (presentes e ausentes)
◊ Ordem de trabalhos
◊ Registo dos acontecimentos (discussões, votações, deliberações, etc.)
◊ Fórmula de encerramento
◊ Assinaturas (Presidente e Secretário)

Normas a seguir:
◊ relatar os assuntos pela ordem em que foram tratados na reunião;
◊ reproduzir fielmente o essencial do que foi dito e decidido;
◊ utilizar a palavra «digo» para corrigir um engano;
◊ escrever os números por extenso;
◊ trancar os espaços em branco.

Exemplo:
Ata número um

-------Aos dois dias do mês de Março de mil quatrocentos e noventa e nove realizou-se,
pelas dez horas, no Olimpo, um Consílio dos Deuses com a seguinte ordem de
trabalhos:------------------------------------------
-------Ponto único - Deliberação sobre a ajuda a dar aos portugueses na descoberta do
caminho marítimo para a Índia.
----------------------------------------------------------------------------------A reunião foi presidida por
Júpiter e estiveram presentes todos os deuses convocados.
-------------.-------------------------------------------------------------------------------------
-------A abrir a sessão, Júpiter recordou à Assembleia os feitos heroicos já realizados
pelos portugueses. Referiu ainda que, no momento presente, enfrentava, com parcos
recursos mas, grande determinação, os perigos marítimos, tendo como objetivo chegar
às terras do Oriente. Declarou, também, que já lhe estava prometido pelo Fado eterno,
o domínio, por muito tempo, dos mares do oriente, tinham passado um inverno
rigoroso no mar e enfrentado duros perigos, os navegantes estavam exaustos, por
isso, decidira que a armada fosse amigavelmente recebida na costa africana, para
retemperar forças antes de prosseguir a viagem.----------------------------------------------------
-------Na sequência desta declaração, Baco manifestou a sua discordância, defendendo
que, se chegassem ao Oriente, os portugueses dominariam a região e os seus feitos
fariam esquecer famas anteriores. Ele próprio, Baco, deixaria de ser adorado e perderia
a sua glória.----------------------------------------------------------------------------------------------------
-------A deusa Vénus, discordando de Baco, apoiou a decisão de Júpiter,
argumentando com as qualidades do povo português, semelhantes às do povo
romano, descendente do seu filho.----------------------------------------------------------------------
-------O deus Marte, levantando-se para expor as suas razões, repôs a ordem na
reunião, e dirigindo-se a Júpiter incentivou-o a não dar ouvidos a Baco, pois as suas
opiniões não se baseavam na razão, mas em sentimentos mesquinhos como a inveja,
e aconselhou-o a não voltar atrás da decisão tomada, pois seria sinal de
fraqueza.--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------
-------Júpiter concordou com as palavras de Marte, fazendo um gesto de aprovação, e,
de seguida, espalhou néctar pelos deuses que se preparavam já para regressar aos
seus planetas.-------------------------------------------------------------------------------------------------
-------E nada mais havendo a tratar, deu-se por encerrada a sessão da qual se lavrou a
presente acta que, vai ser assinada nos termos da lei.---------------------------------------------

O Presidente: Júpiter
O Secretário: Mercúrio

AVISO
O aviso é um texto curto, com linguagem muito clara, que faz referência a uma
determinada situação ou acontecimento (corte de água, adiamento de um jogo…), e é
destinado a um público concreto (os alunos da escola, os munícipes de uma
determinada localidade, os atletas de um clube…).

No aviso deves indicar:


◊ a pessoa ou entidade que o emite;
◊ a quem se destina;
◊ assinatura (nem sempre é assinado).

Exemplo:
Escola EB 2/3 de Soutinho

AVISO
Avisam-se todos os alunos de que amnhã, sexta-feira, 02-05-2008, não serão servidas
refeições no refeitório por motivo de avaria na instalação eléctrica.

Agradecemos a compreensão de todos.


O Conselho Executivo

AUTOBIOGRAFIA

A autobiografia é a narração, pela própria pessoa, dos acontecimentos da sua vida.

Ao elaborar a autobiografia deves:


◊ ter em conta que a autobiografia é um texto em que o narrador relata a sua vida.
◊ utilizar a primeira pessoa.
Exemplo:
Autobiografia de Saramago

Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação
situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem
quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da
Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo
Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família
de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma
planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência,
serviam como alimento na cozinha dos pobres). Só aos sete anos, quando tive de
apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber
que o meu nome completo era José de Sousa Saramago... Não foi este, porém, o único
problema de identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo
no dia 16 de Novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois
dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao
pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal. (…)
http://www.josesaramago.org/saramago/detalle.php?id=677

CARTA

A carta é um documento escrito que se utiliza quando se pretende comunicar com


pessoas que estão longe. Existem diferentes tipos de carta, conforme o objetivo da
mesma: as cartas pessoais, comerciais, oficiais e administrativas. No entanto, cada uma
tem regras específicas, conforme o seu tipo.

Na elaboração da carta tens de:


◊ identificar o remetente (facultativo nas cartas pessoais).
◊ indicar o local e a data.
◊ utilizar a fórmula de tratamento adequada.
◊ no parágrafo inicial, saudar ou apresentar o objectivo da carta.
◊ no corpo da carta, expor o assunto principal e introduzir outros assuntos.
◊ no final, utilizar a fórmula de despedida conveniente e assinar.
◊ utilizar um nível de língua adequado ao destinatário e à situação.
◊ articular coerentemente as frases e os parágrafos.

Carta formal

Cabeçalho
Joana Fernandes
Av. do Brasil, 567, 4º Esq.
1700-023 Lisboa

Exmo. Senhor:
Dr. Pedro Faria Magalhães
Instituto do Emprego e Formação Profissional
Av. 24 de Julho, 541, 7º
1200 - 034 Lisboa

Lisboa, 5 de Maio de 2007

Assunto: Envio de documentação / ...

Abertura e texto inicial

Ex.mo Senhor / Ex.ma Senhora / Ex.mos Senhores:

• Junto envio a documentação referente ao...


• Venho enviar a documentação... / Envio em anexo o meu
Curriculum Vitae...
• Venho solicitar a V. Ex.a se digne conceder-me uma audiência...
• Solicito a atenção de V. Ex.a para o assunto que passo a expor:
• Em resposta ao anúncio publicado no jornal... do passado dia...,
venho apresentar a V. Ex.as a minha candidatura ao lugar de ...
• Na sequência da conversa telefónica com..., venho comunicar a
V. Ex.a a minha disponibilidade para...
• Venho informar V. Ex.a de que estou inteiramente ao vosso dispor
para uma possível colaboração com a vossa empresa.
• Como é do conhecimento de V. Ex.a, encontro-me atualmente a
desempenhar as funções de...
• Venho solicitar a atenção de V. Ex.as para os factos que passo a
expor.
• Vimos chamar a atenção de V.Ex.as para a seguinte situação.

Fecho
• Agradecendo antecipadamente a atenção de V. Ex.a, apresento
os meus melhores cumprimentos,
• Com os (meus/nossos) melhores cumprimentos,
• Atentamente,

Carta informal

Cabeçalho

Lisboa, 7 de Maio de 2008

Abertura

• Caro(a) amigo(a): / Caro(a) amigo(a), (menos informal)


• Caro Jorge: / Caro Jorge, (menos informal)
• Jorge: / Jorge, / Jorge e Mariana: / Jorge e Mariana,
• Olá, Jorge! / Olá, Jorge, (familiar)
• Querida mãe,
• Querido Jorge: / Querido Jorge, (muito íntimo)
• Querido(a) amigo(a): / Querido(a) amigo(a), (muito íntimo)
Fecho

• Saudações de amizade, / Saudações cordiais / Com amizade,


(relativamente formal)
• Um abraço, (informal)
• Um grande / forte abraço,
• Um beijinho, / Um beijo, / Muitos beijos, / Muitos beijinhos,
(familiar)
• Muitas saudades,
EXEMPLO - Carta formal:
Viagens de Sonho, S. A.
Rua dos Desportos Radicais, 46
4000 - 000 Porto
Ex.ª ma. Sra. Professora, Graça Machado
Escola E. B. 2/3 de Paranhos
Rua Augusto Lessa
4200-000 Porto

Porto, 1 de Junho de 2007


Distinta cliente,
Muito nos apraz apresentar-lhe um novo destino turístico que, pela sua qualidade e
atrativos, pode ser do seu interesse.
Trata-se de uma promoção especial de viagens à Grécia, em que selecionámos dois
itinerários, minuciosamente estudados por nós em todos os seus detalhes – voos,
hotéis, excursões, guias… – , para que possa eleger o que mais lhe agrada, com a
segurança a que a nossa agência já a habituou.
No folheto que anexamos, encontrará mais informações sobre as viagens que lhe
oferecemos. De qualquer forma, se tiver dúvidas, não hesite em contactar a nossa
agência pois receberá a nossa melhor atenção.
Com os melhores cumprimentos,
António Aventura
(Diretor de Marketing)
P.S. Não se esqueça de enviar o seu pedido até ao dia 15 de Junho.
Anexo: Folheto informativo de todas as nossas viagens classificadas com 5 estrelas.

EXEMPLO - Carta informal:


Porto, 26 de Novembro de 2010
Olá Cláudio,
Tudo bem? Como é que estás?
Eu estou bom e os estudos correm normalmente, apesar deste ano ter muito mais
trabalho. Sabes que estou a atinar com a Matemática? A setôra é fixe e muito gira, o
que também ajuda muito!...
Na semana passada, não pude telefonar-te porque fui ao Clube Alfa Romeo com o meu
pai. Foi muito divertido! Passámos pelo museu do Caramulo, vimos carros antigos,
lindos e potentes!
Após o almoço, fomos à Serra de Estrela. Estava coberta de neve. Eu nunca tinha visto
uma paisagem tão bonita! Era como se estivesse no céu, porque as nuvens estavam
tão perto, quase podia tocar com a mão.
Foi maravilhoso! Espero repetir outras vezes e, se quiseres, podes vir comigo.
Até breve. Cumprimentos aos teus pais e um beijo à tua prima Solange, que é uma
miúda cinco estrelas (só não gosto do nome!).
Um abração,
João
http://www.escolacomvida.com/textos/carta_informal.pdf (adaptado)

COMENTÁRIO

O comentário é um texto em que se exprime a opinião pessoal acerca de alguma


coisa, apresentando argumentos válidos que fundamentem a opinião formulada.
O que é que o texto diz? Como diz? O que me diz? - estas são as principais
perguntas a que temos de dar resposta quando pretendemos fazer um comentário de
texto.

Na elaboração do comentário deves:

◊ escolher um título sugestivo.


◊ fazer uma breve apresentação do facto, da ideia ou do objecto que suscita a crítica.
◊ incluir apreciações pessoais, utilizando uma linguagem valorativa ou uma linguagem
depreciativa.
◊ apresentar argumentos para fundamentar as opiniões formuladas e convencer o leitor.
◊ articular coerentemente as frases e os parágrafos.

Exemplos:
A união faz a força
O texto narrativo «Os Três Porquinhos» pretende mostrar ao leitor um exemplo de
vida e atitude em grupo. De um modo muito abrangente, o escritor mostra que, com
a união de forças, é possível alcançar um objetivo maior, neste caso, a sobrevivência
e a segurança.
Os porquinhos, desejados por um lobo faminto, com medo de serem devorados
resolvem de modo competitivo mostrar a sua independência, construindo cada um a
sua casa, que, aos poucos, foi mostrando suas imperfeições. Quando a casa de
palha é derrubada com o vento, o porquinho corre, procurando auxílio no lar do
segundo porquinho. Após a destruição da casa de madeira deste, os dois correm,
pedindo protecção ao terceiro porco, que usou, na sua casa, uma sólida construção
de tijolo. Juntos, os três porquinhos uniram as suas ideias e encontraram a melhor
maneira de vencer o lobo.
Deste modo, esta narrativa mostra, indubitavelmente, que «a união faz a força» e
esta lição poderá ser usada para aperfeiçoar projetos de grupo, por exemplo, nas
escolas ou nas empresas.

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20081130040556AA2PrsY
(adaptado)

Livro: A Lua De Joana de Maria Teresa Maia Gonzalez


(…) É interessante ler a vida desta personagem, como ela se transforma ao longo
dos dias e dos anos. Também é salientado a importância do diálogo entre os filhos e
os pais, pois a falta de diálogo, é muitas vezes a razão que leva os filhos a
procurarem outros caminhos, que, neste caso, é a droga.
Este livro mostra a realidade dos dias de hoje: o grande problema que a droga é para
todos – para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse
erro.
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_tr
abalhos/fichaleitura.htm
CONVITE

O convite escrito é uma mensagem curta que se destina a manifestar a vontade


de que alguém, amigo, familiar ou simplesmente conhecido, esteja presente num dado
acontecimento preparado por quem convida: festa (de aniversário ou outra), exposição,
concerto, conferência…

Na elaboração do convite deves mencionar:


◊ o nome de quem convida (geralmente, escreve-se no envelope).
◊ o acontecimento.
◊ a data e a hora.
◊ o local.

Exemplo – convite formal:

Convite

Bernardo Sousa tem o prazer de convidar V. Ex.ª a estar presente no lançamento do


seu novo livro História dos Bonecos de Neve, que se realizará na Livraria
Alfarrábio, no dia 20 de Maio, pelas 16 horas.

Exemplo – convite informal:

Convite

De: Paulo Jorge


Para: Mariana Serpa

Convido-te a estares presente na festa do meu aniversário, no próximo sábado, dia


03 de Junho, a partir das 17 horas, em casa da minha avó, no Sobralinho, Praceta
do Miradouro, n.º 3.

A festa já promete, contigo vai ser melhor! Não faltes!


CRÍTICA

A crítica é um texto de opinião acerca de alguma coisa, em que se recorre a


argumentos para fundamentar a opinião formulada.

Na elaboração da crítica deves:

◊ escolher um título sugestivo.


◊ fazer uma breve apresentação do facto, da ideia ou do objeto que suscita a crítica.
◊ incluir apreciações pessoais, utilizando uma linguagem valorativa ou uma linguagem
depreciativa.
◊ apresentar argumentos para fundamentar as opiniões formuladas e convencer o leitor.
◊ articular coerentemente as frases e os parágrafos.

Exemplos:
Manhãs Gloriosas

Estreou 24 de Março para variar, uma comédia com pés e cabeça, suportada por
estrelas de alto gabarito e um realizador com tudo no sítio. A prova de que nem todas as
comédias norte-americanas são lixo cinematográfico.
Sem pretensiosismo, mas recusando-se também a cair na banalidade do costume,
Manhãs Gloriosas afirma-se como uma obra equilibrada, elegantemente filmada por
Roger Michell, e detentora de interpretações que nos fazem rir às gargalhadas. Tal
como acontecia em Notting Hill, o público rapidamente se apaixona pelas personagens,
não conseguindo mais tirar os olhos do ecrã. E numa obra com estas características,
isso é meio caminho para o sucesso. Ao contrário de algumas das suas obras mais
recentes, Diane Keaton cai um pouco para segundo plano, num filme onde Rachel
McAdams e Harrison Ford são estrelas que brilham mais alto. É certo que, por vezes, a
Becky de McAdams sorri demasiado e o Mike de Ford é excessivamente monocórdico.
Mas em momento algum as suas personagens deixam de ser genuínas, algo que
constitui, porventura, a força maior desta aprazível obra cinematográfica.
Se estão à procura de alegria e de boa-disposição numa sala de cinema, Manhãs
Gloriosas é a escolha mais acertada. É, sem sombra de dúvida, uma das melhores e
mais bem pensadas comédias desde A Ressaca, estando muito longe da habitual
torrente de parvoíce de Hollywood produz e que nos inunda as salas de cinema à
velocidade da chita nos prados africanos.
Rui Madureira, Première, Maio 2011

Crítica aos livros da coleção «Uma Aventura…»

Os livros da coleção «Uma aventura…» reúnem todos os ingredientes para pôr a


gente nova com os olhos colados ao livro e, de vez em quando, dar uma gargalhada
bem alegre.
Talvez seja porque as autoras são professoras e sabem adicionar ao dom de
escrever os incidentes cómicos que lhes acontecem nas aulas. Ou talvez porque somos
parecidos com as personagens.
Talvez porque as ilustrações são engraçadas e cómicas. Nós às vezes
saboreamos tanto as folhas que até nos apetece engoli-las!
Aconselho a todos uma boa leitura, e depois digam-me se eu tenho ou não
razão.
Ana Cristina Fernandes, 12 anos

CRÓNICA

A crónica é um texto em que um jornalista comenta e avalia, numa perspetiva original,


um facto ou problema da atualidade. A crónica é um género que abarca textos muito
variados, de âmbito desportivo, político, cultural…

Ao elaborar a crónica:
◊ tem em conta que a crónica recria factos do quotidiano.
◊ não te esqueças que a crónica deixa transparecer a subjetividade do cronista.
◊ utiliza diferentes níveis de língua.
◊ utiliza a primeira pessoa.
◊ articula coerentemente as frases e os parágrafos.
Exemplo:

Querida Naná:

Vou contar-te uma novidade. Engraçada, por sinal. Tenho um pretendente.


Pensava que já não existiam pretendentes no século XXI, mas deve ser um fenómeno
imprevisível e intemporal, como os terramotos.
No tempo da minha avó, o meu avô andou a rondá-la durante três anos até
conseguir conquistá-la. Namoravam pela janela. Ela lá em cima, ele cá em baixo. Como
a minha avó vivia no segundo andar, a vizinha do primeiro andar tornou-se amiga dos
dois. Felizmente era gorda e nada bonita, pelo que não oferecia nenhum perigo ao
início do romance. Os meus avós foram casados 60 anos. E muito felizes. Tudo isto
graças a um namoro à janela. Pelo que, bem vistas as coisas, embora fossem outros
tempos, ele conseguiu conquistá-la.
A minha avó era linda, loira de olho azul, alta, com boa figura, chique a valer,
coquette dos pés à cabeça. Toda ela era vestidos, sapatos de salto alto e carteiras de
verniz e de crocodilo, casacos de pele e saídas de piscina do mais elegante que já vi. O
meu avô era baixo, careca, com os dentes ligeiramente salientes que lhe davam um
certo look cavalar, nariz grande e olhos de cão vadio. Mas tinha uma grande qualidade
que superava a sua fraca figura; era muito persistente. Apresentava-se todos os fins-de-
semana, quando saía do colégio militar, para conquistar a sua donzela, qual Príncipe
que namora com Rapunzel.
Nunca soube se chegou a subir por uma escadas de corda – a minha avó nunca
usou tranças compridas, o que inviabiliza a técnica engenhosa descrita no conto de
fadas – e imagino que a vizinha do meio a fazer de chapperon também não o teria
permitido.
O facto é que ao fim de alguns anos, a minha avó foi-se habituando à presença
daquele rapaz persistente e acedeu em casar com ele.
Diz esse grande poeta, Vinicius de Moraes, subvertendo a sabedoria popular que quem
feio ama, bonito lhe carece, e eu acho que ele está carregado de razão.
Embora feliz com o casamento, a minha avó nunca deixou de reparar em
bonitos rapazes como ela dizia, fossem eles amigos das filhas, das netas, netos, primos
e sobrinhos.
Uma vez, ao conhecer um namorado meu, exclamou:
- Lindo rapaz, minha querida! Muitos parabéns por teres um namorado tão bonito!
E, virando-se para ele, acrescentou:
- Sempre gostei de homens bonitos, e olhe, casei-me com aquela tampa de
açucareiro que ali vai.
A tampa de açucareiro era o meu avô e quando esta cena se deu, já eram casados
há mais de 40 anos.
Tudo isto para contar que o meu pretendente, embora bem na vida e com os
dentes direitinhos, me faz lembrar um pouco o meu avô, essencialmente pela falta de
estatura. A sabedoria popular também diz que os homens não se medem aos palmos,
mas eu sou como o poeta, gosto de subverter tudo à minha maneira e para mim os
homens medem-se por tudo e mais alguma coisa, da inteligência e educação à
generosidade, passando pela altura real. Um homem baixo será sempre um homem
baixo e daqui não saio, daqui ninguém me tira. Não acho nem bem nem mal, mas para
mim não serve.
Se calhar a minha avó apaixonou-se pelo rapaz que via lá em baixo na rua
exatamente por isto, porque nunca se apercebeu da altura dele. E como já não vou
viver 60 anos, para quê pensar em casar-me com este.
Nada disso, prefiro continuar como estou. A tal vizinha nunca casou, ainda é viva e
trata-se de uma das pessoas mais felizes e realizadas que já conheci.
Margarida Rebelo Pinto
http://margarida.clix.pt/cronica_texto.php?
op=4e732ced3463d06de0ca9a15b6153677

DESCRIÇÃO
A descrição é a parte da narrativa contém informações sobre as pessoas, o
espaço ou o tempo. Assim, a descrição enriquece os textos. Deve seguir uma estrutura
lógica: da impressão global para os pormenores, do alto para o baixo (ou vice-versa), do
mais próximo para o mais distante (ou vice-versa).

Antes de elaborar a descrição:


◊ escolhe o tipo de descrição (objectiva ou subjectiva, dinâmica ou estática).
◊ escolhe o ponto de observação (janela, miradouro, etc.) e o campo de
observação (primeiro/segundo plano; direita, esquerda).
◊ regista pormenores captados pelos sentidos (sensações visuais, auditivas,
olfactivas, tácteis, gustativas).
◊ organiza os dados recolhidos (do geral) para o particular; do plano mais
próximo para o mais distante ou vice-versa).

Na elaboração da descrição deves:


◊ construir parágrafos de acordo com a ordem das observações.
◊ utilizar advérbios e locuções adverbiais para localizar cada um dos aspectos
observados.
◊ utilizar adjectivos para caracterizar os diferentes aspectos.

DESCRIÇÃO PERSONAGEM

- aspetos físicos: a cor da pele, a idade, os cabelos, a altura, o peso, a voz, os traços
do rosto. Embora, a vestimenta não seja um traço físico, pode também ser mencionada,
pois marca um detalhe e, além disso, é ela que, muitas vezes, revela o verdadeiro estilo
de vida do personagem.

- aspetos psicológicos: o comportamento, os sentimentos, as atitudes, os gestos, as


ideias, o carácter, as preferências e a visão do mundo. Abaixo, uma listagem dos
principais padrões de comportamento:
Reservado, afetivo, tímido, sociável, quieto, falante, insensível, passional, discreto,
alegre, tranquilo, tenso, constante, instável, racional, emocional, seguro, inseguro,
realista, imaginativo, convencional, original, liberal, conservador, curioso, cruel, piedoso,
duvidoso, mesquinho, generoso, crítico, tolerante, rude, cortês, negligente, responsável,
preguiçoso, trabalhador, organizado, pontual, acomodado, ambicioso, otimista.
Exemplo:
Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O
rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco
amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás
da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não
tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido;
nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes
muito despegadas do crânio.
Eça de Queirós, O Primo Basílio

DESCRIÇÃO DE AMBIENTES
1º Parágrafo
Comentário de carácter geral.
INTRODUÇÃO
2º Parágrafo
Pormenores da estrutura global do ambiente: paredes (janelas e portas), chão, teto,
luminosidade e aroma (se houver).
DESENVOLVIMENTO
3º Parágrafo
Pormenores de objetos existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas...

4º Parágrafo
Observações sobre a atmosfera que paira no ambiente.
CONCLUSÃO

Exemplo:
O lugar e o tempo

Ao entrarmos na sala daquele casarão antigo, temos, no início, uma


desagradável sensação de abandono e de uma certa tristeza.
As paredes, já quase sem cor devido à ação do tempo, as duas janelas fechadas, com
suas venezianas carcomidas, situadas na parede oposta à porta, também velha, davam
a quem lá chegava a impressão de estar num museu abandonado. O chão já sem brilho
e o teto com um lustre luxuoso, mas empoeirado e com poucas lâmpadas em
funcionamento, confirmavam a impressão inicial. Sentimos também no ar o odor dos
tapetes embolorados.
Da porta, avistamos logo à frente alguns móveis em estilo colonial, muito antigos,
mas belíssimos - verdadeiras raridades. No centro da sala, uma mesa acastanhada
sobre um tapete persa de rara beleza. Mais perto da porta, uma poltrona revestida por
um tecido amarelo florido e, como os outros móveis, empoeirada. Nas paredes, quadros
de paisagens e retratos daqueles que algum dia habitaram o que deveria ter sido uma
casa esplendorosa.
Em toda a sala pairava uma atmosfera de desolação, de decadência, de
envelhecimento, que causavam em quem a contemplava uma sensação de nostalgia.
http://www.portaladm.adm.br/Portinstrumental/p2.htm (adaptado)

DESCRIÇÃO DE PAISAGENS
1º Parágrafo
Comentário sobre a localização ou qualquer outra referência de carácter geral.
INTRODUÇÃO
2º Parágrafo
Observação do plano de fundo: explicação do que se vê ao longe.
DESENVOLVIMENTO
3º Parágrafo
Observação dos elementos mais próximos do observador: explicação detalhada dos
elementos que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.

4º Parágrafo
Comentários de carácter geral, concluindo acerca da impressão que a paisagem
causa em quem a contempla.
CONCLUSÃO
Exemplo:
Um recanto especial

Nas proximidades da cidade existe um pequeno sítio. Situa-se num terreno inclinado
e arborizado quase na sua totalidade.
Ao olhar da casa construída bem no centro, vêem-se, até onde a vista alcança,
outros pequenos espaços com as mesmas características e, bem ao fundo, algumas
colinas cujo verde cintila pela ação dos poderosos raios de Sol.
Na parte mais baixa, existe um campo de milho que se estende até a casa de
paredes brancas e janelas enormes. Em frente à varanda há um jardim com flores
variadas, que exalam perfumes agradáveis e suaves. Ao lado da casa existe um poço e,
subindo um pouco mais, avista-se um pomar repleto de árvores de fruto. Na parte mais
alta, não cultivada, há uma gruta, onde as crianças costumam brincar e, de lá de cima,
contemplar toda a região.
Estar ali, no pomar ou no jardim, respirando aquele ar puro, com o leve aroma dos
eucaliptos que circulam a região, traz a qualquer um que frequente o local uma
profunda sensação de paz. Lá reinam o silêncio e a harmonia entre o homem e a
natureza.
http://www.portaladm.adm.br/Portinstrumental/p2.htm (adaptado)
DIÁLOGO
O diálogo é uma situação especial da narração, que consiste na troca de falas
entre personagens.

Na elaboração do diálogo:
◊ usa dois pontos para indicar que alguém vai falar.
◊ coloca o travessão antes da fala das personagens.
◊ faz parágrafo para indicar a mudança da pessoa que fala.
◊ utiliza verbos introdutores do discurso directo diversificados (dizer, afirmar,
perguntar, interrogar, responder, replicar, negar, contestar, exclamar, bradar,
pedir, solicitar, mandar, ordenar)

Exemplo:
(…) E então voltou para o pé da raposa e despediu-se:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem
com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se
esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca
mais se esquecer.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - afirmou a raposa. - Mas tu não te deves
esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste. Tu és
responsável pela tua rosa...
- Sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se
esquecer.
O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry

DIÁRIO
O diário é o conjunto de registos do nosso dia-a-dia, contendo os momentos mais
marcantes da nossa vida.
Ao elaborar a página do diário deves:
◊ ter em conta que um diário é um registo de reflexões, sentimentos, acontecimentos e
experiências vividas no quotidiano.
◊ indicar o local e a data.
◊ utilizar a primeira pessoa.
◊ utilizar predominantemente a função emotiva da linguagem.
◊ utilizar uma linguagem clara, simples e coloquial.
Articular coerentemente as frases e os parágrafos.

Exemplo:
Terça-feira, 11 de Abril de 1944

Querida Kitty:

Sinto como que marteladas na cabeça! Nem sei por onde começar. Sexta-feira
(Sexta-feira Santa) à tarde, e no sábado também, fizemos vários jogos. Esses dias
passaram-se sem novidade e bastante depressa. No domingo pedi ao Peter que viesse
aqui e mais tarde subimos e ficámos lá em cima até às seis horas. Das seis e quinze
até às sete horas ouvimos um belo concerto de música de Mozart; do que mais gostei
foi da «K'eine Nachtmusik». Não consigo escutar bem quando há muita gente à minha
volta, porque a boa música comove-me profundamente.
(…) Às nove e meia o Peter bateu à porta e pediu ao pai que subisse para lhe ensinar
uma frase inglesa muito complicada.
- Aqui há gato - disse eu à Margot. - Ele não está a dizer a verdade.
E tinha razão. Havia ladrões no armazém. Com rapidez, o pai, o Peter, o sr. van
Daan e o Dussel desceram. A mãe, a Margot, a srª van Daan e eu ficámos à espera.
Quatro mulheres cheias de medo não podem fazer outra coisa senão porem-se a falar.
Assim fizemos. De repente, ouvimos, lá em baixo, uma pancada forte. Depois, silêncio.
O relógio deu dez menos um quarto. Estávamos lívidas, muito quietas e cheias de
medo. Que foi feito dos homens? O que é que significava aquela pancada? Haverá luta
entre eles e os ladrões? Dez horas. Passos na escada. Entra primeiro o pai, pálido e
nervoso, depois o sr. van Daan.
- Fechem a luz. Subam sem fazer barulho. Deve vir a polícia.
Agora não havia tempo para medos. Fechámos a luz. Ainda peguei no meu
casaquinho e subimos.
Diário de Anne Frank
ENTREVISTA
A entrevista pretende dar a conhecer certas personalidades, saber as suas opiniões, as
suas ideias e os seus projetos.

Antes de realizar a entrevista deves:


◊ selecionar o tema.
◊ definir objetivos.
◊ escolher a pessoa a entrevistar.

Ao elaborar o guião da entrevista:


◊ tem em conta as expectativas do entrevistador e de possíveis leitores.
◊ formula perguntas de acordo com o tema e os objetivos da entrevista.
◊ adequa as perguntas ao entrevistado (personalidade, nível etário, nível sociocultural).
◊ constrói perguntas variadas.
◊ evita influenciar as respostas.
◊ ordena logicamente as perguntas.

Ao redigir a entrevista deves organizá-la em três partes:


◊ escreve uma introdução, onde fales do entrevistado e do tema, mas de forma breve e
esclarecedora.
◊ redige as perguntas e as respostas dadas pelo entrevistado.
◊ escreve uma conclusão, onde o entrevistador pode fazer o resumo da conversa e um
breve comentário pessoal.
◊ seleciona um vocabulário claro, acessível e rigoroso.

Exemplo:
Entrevista a Sophia de Mello Breyner

Sophia de Mello Breyner Andresen. Escritora consagrada, nasceu no Porto, a 6 de


Novembro de 1919. Frequentou o Colégio Sagrado Coração de Maria e a Faculdade de
Letras na Universidade de Lisboa. Ao longo da sua vida, escreveu inúmeros poemas e
contos e publicou um grande conjunto de obras. Esta entrevista terá como principais
temas a obra e alguns aspetos da vida da escritora.
Jornalista- O que a levou a escrever contos?
Sophia- Eu comecei a escrever histórias para crianças numa fase em que os meus
filhos estavam doentes, com sarampo. Em casa, comecei a ler-lhes histórias para os
entreter. Mas os livros que lhes lia, achei que estavam piegas demais, por isso resolvi
contar-lhes as minhas próprias histórias, nas quais recordo momentos da minha infância
e juventude.
Jornalista- Qual foi o primeiro livro que escreveu? Em que ano?
Sophia- Escrevi o meu primeiro livro em 1944, com o nome de “Poesia”.
Jornalista- Nos seus contos e poemas, é nítida a sua forte relação com o mar. Como
surgiu essa relação?
Sophia- Tenho uma forte relação com o mar, ele está muito ligado à minha infância.
Recordo-me dos imensos verões que passei na praia e é através destas recordações
que escrevo poemas e contos; é nelas que me baseio. (…)
Jornalista- O que é para si a poesia?
Sophia- Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre
um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso.
Jornalista- Considera que a sua vida e o modo como a viveu tenham sido, de alguma
forma, gratificantes?
Sophia- A vida ensinou-me o bom e o mau. Nela, experimentei sensações e
acontecimentos, uns melhores que outros. Sintetizando, considero que foi
extremamente gratificante, tanto na escrita como na política, porque fui recompensada e
congratulada e isso é uma grande satisfação pessoal.
Jornalista- Obrigada, Sophia de Mello Breyner pelo tempo que nos concedeu e pela
simpatia demonstrada.
http://soundwaves.blogs.sapo.pt/1305.html

NOTÍCIA
A notícia é o relato de factos verídicos atuais.
Ao elaborar a notícia tens de:
◊ ter em conta que uma notícia deve ser atual e de interesse geral.
◊ escolher um título curto e sugestivo.
◊ redigir o «lead» ou parágrafo-guia, tendo em conta as perguntas Quem? O quê?
Quando? Onde?
◊ desenvolver a notícia, acrescentando as respostas às perguntas Como? Porquê?
Para quê?
◊ utilizar uma linguagem clara, acessível e objetiva.
◊ usar um vocabulário corrente e simples.
◊ usar essencialmente frases declarativas e curtas.
◊ utilizar a terceira pessoa gramatical.
◊ articular coerentemente as frases e os parágrafos.
◊ evitar adjetivo.

Exemplo:

Lourinhã
Banhista desaparece no mar na Areia Branca
Um homem de 26 anos desapareceu hoje no mar quando tomava banho na praia da
Areia Branca, concelho da Lourinhã, que ainda está sem vigilância balnear, disse o
comandante da capitania de Peniche.
Patrocínio Tomas afirmou à agência Lusa que o jovem estava com mais dois amigos e,
devido à corrente forte, não conseguiu sair.
A praia da Areia Branca só começa a ter vigilância a partir de 15 de Junho.
O alerta do desaparecimento foi dado às 18:30.
As buscas estão a ser efetuadas por um helicóptero da Força Aérea e pela embarcação
salva-vidas de Peniche até ao pôr-do-sol, e serão retomadas no sábado ao amanhecer.
Na área de jurisdição da capitania de Peniche, entre Caldas da Rainha e Torres Vedras,
este é o primeiro caso de desaparecimento, segundo as autoridades marítimas.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1875562

POSTAL
O postal é semelhante a uma carta. O texto tem as mesmas características e a
mesma apresentação, mas é breve. Escreve-se um postal quando a mensagem que
queremos enviar é curta ou em circunstâncias especiais: felicitação por aniversário,
pequenas notícias de férias, boas-festas…
Exemplo:

Querida Cuca,
Roma é irreal. Os romanos, então, nem se fala. O Manel diz-me que sou uma atiradiça,
mas tu compreendes, com toda a certeza.
Os Algarves, que tal? Se vires a camada de ozono, nem que seja por uns minutos, dá-
lhe saudades minhas e diz-lhe que volte, está perdoada.
Beijos da crónica
Loló
Ana Saldanha, Doçura Amarga, Ed. Edinter

PROGRAMA
O programa é um texto informativo que dá a conhecer os pormenores de uma
festa, espetáculo, concurso…
Ao elaborar um programa deves indicar:
◊ o nome da festa,
◊ o local;
◊ a data;
◊ a lista e o horário dos vários acontecimentos que constituem a festa.

Exemplo:
Escola EB 2/3 de Sobreirinho
Festa de Natal
14 de Dezembro de 2008
Programa

9:00 h –

9:30 h –

10:00 h –

11:00 h –

11:45 h –

12:30 h –

14:00 h –

Sessão de abertura – palestra no anfiteatro, a cargo de um dos


elementos da organização
Abertura da exposição de presépios, com a presença de um representante da Câmara
Municipal
Onde está o Menino Jesus? – peça representada pelos alunos do Clube de
Teatro

Canções de Natal
• Canções tradicionais portuguesas (alunos 2.º ciclo)
• Canções inglesas (alunos 8.º ano)
• Canções francesas (alunos 9.º ano)

Tons e sons – atuação do grupo instrumental do 2.º ciclo

Almoço-convício
Ementa natalícia:
• Canja
• Peru com recheio de castanhas e arroz de forno
• Rabanadas
• Sonhos
• Filhós
• Ananás
• Frutos secos variados
• Sumos naturais de frutos variados

Chegada do pai natal – troca de presentes

O Natal não é o mesmo sem a tua presença.

Contamos contigo!

O grupo organizador

RECADO
O recado é um pequeno texto, geralmente manuscrito, destinado a transmitir a
alguém uma mensagem muito curta.
Ao elaborar um recado deves incluir:
◊ a pessoa a quem te diriges;
◊ a mensagem;
◊ a assinatura.

Exemplo:
Rui e Carlos,
Fui cortar o cabelo. Não venho almoçar a casa. De tarde vou acabar um serviço na
repartição. Está aí o dinheiro da vossa mesada.
Pai
António Mota, Fora de Serviço, Ed. Gailivro

RESUMO
O resumo é o texto que, no menor número de palavras possível ou na extensão
indicada, reproduz, com fidelidade, as ideias essenciais do texto original.
Antes de elaborar o resumo deves:
◊ ler bem o texto dado.
◊ apreender as ideias fundamentais.
◊ reconstituir o encadeamento das ideias.

Ao elaborar o resumo deves:


◊ selecionar as ideias principais essenciais do texto.
◊ suprimir os pormenores.
◊ utilizar formas abreviadas de exprimir as ideias do texto.
◊ não copiar frases do texto.
◊ respeitar a ordem pela qual os factos surgem no texto dado.
◊ transformar o discurso direto em indireto.
◊ articular coerentemente as frases e os parágrafos.
◊ respeitar o limite de palavras ou de linhas proposto.

Exemplo:

Resumo do conto: “O Tesouro” de Eça de Queirós


Nesta história é retratada a vida miserável de três irmãos de Medranhos, Rui,
Guanes e Rostabal. Esta pobreza em que viviam tornou-os mais miseráveis.
Certo dia, quando foram caçar e apanhar tortulhos, decidiram ir à mata de
Roquelanes, onde encontraram um velho cofre de ferro, com três fechaduras, cheio de
dobrões de ouro.
Rui, o mais velho, decidiu que o tesouro seria dividido pelos três e Guanes partiu
para a vila de Rortilho, levando consigo uma das chaves do cofre, para trazer de lá três
alforges de couro para transportar o ouro, três maquias de cevada, três empadões de
carne e três botelhas de vinho.
Enquanto esperavam pelo irmão, Rui convence Rostabal a matar Guanes com
uma espada e depois dividirem o dinheiro pelos dois. Assim sucedeu.
Depois, Rui assassinou Rostabal, espetando-lhe uma navalha no coração.
Na posse das três chaves do cofre e senhor de todo aquele tesouro, Rui decide
beber uma das duas garrafas de vinho que Guanes trouxera. De repente, sentiu um
grande ardor que lhe subia pela garganta. Desesperado, começou a gritar pelos seus
irmãos, até que compreendeu que bebera vinho envenenado e morreu.
O tesouro ainda está na mata de Roquelanes.

http://www.notapositiva.com/pt/apntestbs/portugues/09_tesouro_eca.htm#vermais
(adaptado)

RETRATO

Para a caracterização das personagens, pode-se recorrer ao seu retrato físico


e/ou psicológico.

Ao elaborares o retrato deves:

◊ identificar a personagem (nome, idade, profissão).


◊ escolher os traços dominantes para a presentação global da personagem (estatura e
corpulência).
◊ selecionar traços particulares distintivos, relativos a: aspeto físico (rosto, voz, mãos,
vestuário, movimentos, gestos), personalidade (ser tímido, corajoso…; estar triste…),
hábitos (gostar de desporto, leitura…).
◊ construir os parágrafos de acordo com a ordem das observações.
◊ caracterizar cada um dos aspetos selecionados.
◊ articular coerentemente as frases e os parágrafos.
◊ utilizar predominantemente verbos no presente e no pretérito imperfeito do indicativo.
◊ usar vocabulário sugestivo.
◊ utilizar recursos expressivos.

Algum vocabulário relativo ao retrato:


Físico - ASPECTO GERAL
Estatura e Corpulência
Alto, atarracado, magro, esguio, esquelético, gordo…
Vestuário
(que habitualmente usa)
Peças de roupa, cores, tecidos

Físico - PORMENORES IMPORTANTES


Rosto
Forma: oval, arredondado, quadrado, triangular, ossudo, largo, magro…
Cabelo
Curto, comprido, ondulado, liso, crespo, eriçado, macio, espetado, grisalho, ruivo,
loiro…
Pele
Aspeto e tom de pele: trigueiro, bronzeado, rosado, corado, avermelhado, pálido,
sardento, enrugado, liso…
Testa
Alta, estreita…
Olhos
Forma: pequenos, esbugalhados, amendoados…
Cor: claros, escuros, azulados…
Brilho: mortiços, brilhantes…
Nariz
Curvo, longo, abatatado, arrebitado, delgado…
Boca
Redonda, rasgada, grande, pequena…
Lábios
Forma: finos, grossos, recortados, entreabertos…
Cor: vermelhos, rosados…

Psicológico - ALGUNS ASPECTOS


Expressão
Alegre, marota, brincalhona, simpática, doce, medrosa, franca…
Olhar
Vivo, preocupado, triste, travesso, curioso…

Exemplo:
A menina dos cabelos de fumo
Era uma vez uma menina que tinha cabelos de fumo. Como o fumo não se penteia
(ninguém inventou pentes para o pentear), não tinha preocupações com a cabeleira,
que era fofa, linda, leve, e tinha a particularidade de mudar de cor conforme a
disposição da menina.
Se estava alegre os cabelos eram azuis; se estava triste eram cinzentos. Mas, se se
zangava, ficavam rubros! Sempre que o seu coração batia de esperança tornavam-se
verdes, e quando era carinhosa ficavam cor-de-rosa.
Como a menina facilmente mudava de humor, era engraçado ver o cabelo a mudar de
cor!
E também a mudar de aroma, porque o fumo era perfumado. (…)
A menina tinha vaidade na sua cabeleira invulgar.
Renata Gil, A Fada Desastrada

TEXTO ARGUMENTATIVO
O texto argumentativo defende uma tese, uma ideia, um ponto de vista,
apresentando razões, que, por um raciocínio lógico, levam a uma conclusão.

Um texto argumentativo obedece, regra geral, ao seguinte esquema:


- Introdução: expõe-se o tema ou o assunto e enuncia-se o ponto de vista que se vai
defender (tese).
- Desenvolvimento: indicam-se os argumentos a favor ou contra, dão-se exemplos,
citam-se autores e experiências que comprovem o nosso ponto de vista.
- Conclusão: reforça-se o ponto de vista pessoal, acabando de forma a não deixar
dúvidas no recetor.

Ao elaborar o texto argumentativo deves:


◊ explicar a origem da problemática (Fala-se hoje em dia muito de…).
◊ apresentar o tema (isto coloca o problema de …)
◊ anunciar as partes em que se divide a exposição.
◊ iniciar a exposição da problemática (comecemos por…).
◊ distinguir as várias etapas da exposição (passemos ao problema de…; após ter
sublinhado a importância de…).
◊ enumerar vários argumentos (em primeiro lugar; seguidamente; finalmente).
◊ salientar os aspetos mais relevantes (é preciso não esquecer que..).
◊ provar com exemplos as afirmações.

Exemplo:

O Papel da Televisão na Vida dos Jovens

A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e
dos jovens. Funciona como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva
ou negativamente.
A televisão difunde programas educativos edificantes, tais como o ZigZag, os
documentários sobre Historia, Ciências, informação sobre aactualidade, divulgação de
novos produtos…
Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos,
cujas características são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas
qualidades físicas são amplificadas, os defeitos esbatidos, criando-se a imagem do
herói / heroína perfeitos. Esta construção produz sentimentos de insatisfação do eu
consigo mesmo e de menosprezo pelo outro.A violência é outro aspecto negativo da
televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os comportamentos violentos
dos heróis, o que pode colocar em risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o
visionamento de cenas de sexo. As crianças formam uma imagem destorcida da sua
sexualidade, potenciando a prática precoce de sexo e suscitando distúrbios afectivos.
Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações detelevisão uma
restrição de exibição de material violento ou desajustado à faixa etária nas suas grelhas
de programação, dado que a exposição a este tipo de conteúdos é extremamente
prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois, tal como diz o povo,
“violência só gera violência”.
http://pt.scribd.com/doc/31355681/exemplo-texto-agumentativo

TEXTO DE OPINIÃO
Um texto de opinião é um texto através do qual o autor procura expor o seu
ponto de vista acerca de um assunto, geralmente atual, inquietante ou que interesse a
um grande número de pessoas.

Um texto argumentativo obedece, regra geral, ao seguinte esquema:


- Título – pode ser bastante direto (por exemplo: A necessidade de proteger a natureza)
ou menos revelador (por exemplo, para o mesmo tema: A nossa sobrevivência OU É
nossa obrigação).

- Introdução – parágrafo inicial (4-5 linhas bastarão): apresentação do tema e


justificação da sua importância (De que forma é atual? Porque é que vale a pena pensar
sobre este tema? Como é que afeta a nossa vida?...).

- Desenvolvimento – opinião pessoal e justificações, refutação de algumas opiniões


contrárias. Para que o leitor entenda o teu ponto de vista, é necessário que
fundamentes as tuas opiniões. Podes fazê-lo de várias maneiras: mencionando factos;-
recorrendo a exemplos; fornecendo explicações; considerando opiniões contrárias e
mostrando porque estão erradas.

- Conclusão – último parágrafo (4-5 linhas bastarão): pode ser um resumo da ideia
principal ou um comentário final. Não apresentar aqui novos factos relacionados
diretamente com o tema.

Expressões úteis:
• Acredito que…
• Creio que…
• Do meu ponto de vista,…
• Na minha opinião,…
• Estou convicto de que…
• Considero que…
• Penso que…
• Parece-me que…
• Sou completamente contra…
• É comum pensar-se que…
• É de salientar que…
• Não podemos ignorar que…
• Nunca é de mais lembrar…
• Reconheço que… mas…
Exemplo:
O papel dos idosos na nossa sociedade
O envelhecimento da população dos países ocidentais e, em particular, de
Portugal, implica mudanças económicas e sociais que não terão resolução fácil. No
entanto, isto não quer dizer que os idosos não possam desempenhar um papel
importante na nossa sociedade.
De facto, não nos podemos esquecer que muitos destes cidadãos trabalharam ao
longo de décadas, em condições nem sempre agradáveis, e contribuíram para o
desenvolvimento do nosso país. Por outro lado, parece-me que a grande maioria ainda
pode prestar às gerações mais novas um contributo significativo, quer transmitindo os
seus conhecimentos e experiências, quer continuando a trabalhar (em tempo total ou
parcial), se for essa a sua vontade.
É comum pensar-se que esta população é totalmente sustentada pelo Estado,
sem exercer uma atividade verdadeiramente útil. Esta ideia parece-me profundamente
desajustada da realidade, pois inúmeros idosos ainda desempenham atividades
socialmente relevantes (por vezes, mal remuneradas). Nunca é de mais lembrar que a
função dos avós é essencial ao crescimento equilibrado das crianças. Aliás, a ajuda que
estes dispensam é preciosa numa sociedade em que os pais deixaram de ter tempo
para criar os filhos.
Em síntese, longe de ser insignificante, o contributo dos mais velhos pode ser, nos
dias de hoje, extremamente válido. É forçoso que uma sociedade cada vez mais
obcecada pela beleza e juventude (e, simultaneamente, mais envelhecida) tome
consciência desse facto.
TEXTO NARRATIVO
O texto narrativo é o relato de uma história real ou imaginária narrada por um
narrador, cujas personagens se envolvem numa ação que decorre num determinado
espaço, durante um certo período de tempo. Neste tipo de texto, pode surgir a narração,
a descrição, o diálogo e mesmo algumas reflexões.

Antes da elaboração do texto narrativo, deves selecionar os seguintes elementos:


- acção (acontecimentos principais e secundários).
- personagens (papel e modos de caracterização).
- narrador (participante ou não participante; objetivo ou subjetivo).
- tempo.
- espaço.

Na elaboração da narrativa:
◊ escolhe um título adequado.
◊ respeita a estrutura do texto narrativo (introdução, desenvolvimento e conclusão).
◊ tem em conta os modos de expressão (narração, descrição, diálogo).
◊ tem em conta uma ordem lógica no relato dos factos.
◊ articula coerentemente o texto.
◊ tem em conta os modos e os tempos verbais.
◊ utiliza um vocabulário sugestivo e variado.
◊ utiliza recursos expressivos.

Exemplo:
A carteira de crocodilo
A Senhora Dona Francisca Júlia Sacramento, esposa do governador-geral,
excelenciava-se pelos salões, em beneficentes chás e filantrópicas canastas. Exibia a
carteirinha que o marido lhe trouxera das outras Áfricas, toda em substância de pele de
crocodilo. As amigas se raspavam de inveja, incapazes de disfarce. Até a bílis lhes
escorria pelos olhos. Motivadas pela desfaçatez, elas comentavam: o bichonho, assim
tão desfolhado, não teria sofrido imensamente? Tal dermificina não seria contra os
católicos mandamentos?
- “E com o problema das insolações, o bicho, assim esburacado, apanhando em cheio
os ultravioletas...
- “Cale-se, Clementina”.
Mas o governador Sacramento também se havia contemplado a ele mesmo.
Adquirira um par de sapatos feitos com pele de cobra. O casal calçava do reino animal,
feitos pássaros que têm os pés cobertos de escamas. Certo dia, uma das nobres damas
trouxe a catastrágica novidade. O governador-geral contraíra grave e irremediável
viuvez. A esposa, coitada, fora comida inteira, incluído corpo, sapatos, colares e outros
anexos.
- “Foi comida mas... pelo mando, supõe-se?
- “Cale-se, Clementina”.
Mas qual marido? Tinha sido o crocodilo, o monstruoso carnibal. Que horror, com
aqueles dentes capazes de arrepiar tubarões.
- “Um crocodilo no Palácio?
- “Clemente-se, Clementina”.
O monstro de onde surgira? Imagine-se, tinha emergido da carteira, transfigurado,
reencarnado, assombrado. Acontecera em instantâneo momento: a malograda ia tirar
algo da mala e sentiu que ela se movia, esquiviva. Tentou assegurá-la: tarde e de mais.
Foi só tempo de avistar a dentição triangulosa, língua amarela no breu da boca. No
resto, os testemunhadores nem presenciaram. O sáurio se eminenciou a olhos
imprevistos.
E o governador, sob o peso da desgraça? O homem ia de rota abatida. Lágrimas
catarateavam pelo rosto. O dirigente recebeu o desfile das condolências. Vieram
íntimos e ilustres. (…) Mia Couto

Resta-me desejar que tenhas reconhecido e relembrado estas tipologias


textuais e que as saibas aplicar quando te for pedido!!
BOM TRABALHO!

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