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Por
Francisco José Espínola
....................................................................................................... 30
Como ler este livre ................................................................................................. 48
Por que eu me considero capaz de escrever algo de valor sobre a criatividade ........ 50
O que esperar desta obra ........................................................................................ 56
O que eu espero deste livre .................................................................................... 59
INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 60
A Era das Mudanças Exponenciais......................................................................... 84
A comovente história resumida e aproximada (meio chutada) do desenvolvimento tecnológico 89
Prelúdio à criatividade – o que você precisa saber antes de entrar no assunto principal 117
No outono samurais não comem pêssegos ........................................................... 117
Degradando lenta a mente .................................................................................... 129
Nível de criatividade ............................................................................................. 137
Temet nosce ......................................................................................................... 170
Criatividade .......................................................................................................... 178
A cintilante história da paixão ardente entre Org e essa fadinha fogosa ................ 180
Definições para criatividade.................................................................................. 193
Cognição criativa .................................................................................................. 202
Meu humilde método criativo fodástico ............................................................... 217
Modelo Leonardo Darwinci para o Processo Criativo .......................................... 234
Uma mente silenciosa não mente ......................................................................... 247
Sabe o que sabia o maior sábio que já se soube existir um dia? ............................. 265
Intuição ................................................................................................................ 280
Entrando no fluxo ................................................................................................ 286
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Esse título é uma mentira. .................................................................................... 288
Capítulo 2 COMO VIVER CRIATIVAMENTE ................................................................................ 291
Pense bem enquanto pensa .................................................................................. 292
Pense como uma criança ...................................................................................... 294
Curiosidade .......................................................................................................... 304
Errar é errado....................................................................................................... 312
Sinto muito .......................................................................................................... 316
A verdade verdadeira............................................................................................ 320
Humor é coisa séria .............................................................................................. 324
Mantenha o hábito de não ter hábitos .................................................................. 326
Criando Crianças Criativamente ........................................................................... 328
Capítulo 3 Exemplos criativos em outras áreas do conhecimento........................................................ 338
Criptomoedas....................................................................................................... 340
Diplomacia........................................................................................................... 356
Artes Anais .......................................................................................................... 359
A Grande Busca: existem verdades inquestionáveis? (teaser do próximo livro) ................ 368
Capítulo 4 Agradecimentos ................................................................................................................. 389
Capítulo 5 Sobre o autor ..................................................................................................................... 391
Prefácio ............................................................................................................................................... 407
Apêndice ............................................................................................................................................. 408
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Prefácio
Mas ele existe, mora no Brasil e fala português, pra nossa sorte. Ao
contrário de Sócrates e Homero, Francisco José se dedicou ao mais
desprezado dos gêneros literários: o comentário de internet. Não há lugar
mais insalubre que uma caixa de comentários de portal: rivaliza com a
caixa de gordura. E foi desse terreno pantanoso que Francisco conseguiu
fazer nascer piadas já canônicas do século XXI. Sim, Francisco fez história
ao inventar um gênero literário surpreendente na forma, no conteúdo e no
veículo - nunca antes alguém tinha dedicado a extensão do seu talento a
esse terreno baldio.
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Nesse livro, que ele chama de livre, Francisco nos oferece, de graça,
as minúcias do seu engenho - como um mágico que revela seus truques.
Não espere objetividade, no entanto. Nem tampouco concisão. Aqui vocês
conhecerão o Francisco que eu conheci: anárquico, e imprevisível,
Francisco fala por parábolas - como os gênios costumam fazer. Portanto
não espere soluções fáceis pra criatividade. Não se trata de um mapa de
tesouro, nem de um manual de instruções, mas de um relato de viagem.
Por onde? Por dentro da cabeça de Francisco José. E que cabeça.
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FIM.
Seguindo os princípios do ser criativo, comecei pelo fim com a
finalidade de já iniciar criando uma forma de permitir a você ter a opção de
não correr o risco de perder seu tempo lendo esta obra, mesmo que, na
minha tão humilde opinião, seja de suprema importância para sua vida:
você nem precisa começar a ler, se não estiver a fim.
Esta obra é sobre criatividade, a começar pelo fim. Então o fim ser
só o início é um dos meios de se atingir este fim, até porque os últimos
serão os primeiros. Espero que este fim justifique os meios.
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PRELIMINARES
Para satisfazer o leitor, de maneira que ele possa gozar de uma boa
leitura, antes da introdução não posso deixar de fazer as preliminares.
Afinal, o mínimo que se espera de um escritor é que ele seja
habilidoso com a língua.
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Kagazaki Ninja
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Conteúdo do livre O Toque do Criador
Exercícios de criatividade.
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Por que esta obra é um presente?
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Pois bem, este livre é meu presente para você. Espero que encontre nele algo que
toque seu coração, e não faço para receber nada em troca, nem um trocadilho.
Inclusive, quanto mais distribuído for este livre, melhor para todo
mundo, também para mim.
Meu Pix:
fje.gcomentarios@gmail.com
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Oi! Meu nome é Bruno! Sejam bem-vindos.
Espero que vocês gostem do trabalho do meu papai, que me ama
muito!
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O que é esta obra?
Não é um livro, e-book, manual, folheto, apostila, conto, coletânea,
peruca, bucêca, trapezista, tramãozista, chapéu, cafebraçou, nada que tenha
um rótulo. Nem poderia ser, já que seu assunto deve ser expresso nele
mesmo. Mas como preciso (na verdade não, só navegar é preciso, eu só
resolvi que seria assim) chamar de algo que não seja “obra”, chamo de
“livre”, semelhante a um livro, mas livre de regras e padrões (com a
exceção do meu querido Padre Fábio de Melo). E as páginas serão
chamadas de imáginas. (Aí também não, né? Já é frescura demais). É...
Está certo. Imaginem que não viram. Vamos virar a página.
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Sem inibições, como me vem no momento (desinibidah). Opero
assim para ser o mais criativo possível (mas falhou pateticamente).
Vai falar o que agora, ô, gaiato dos parênteses? Alusão a toque retal?
Cresça e apareça, mané. (Mas... Você está nervoso?). Não tô, caralho! Eu
estou tentando escrever uma obra literária.
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Então, sei que você não faz por maldade, isso faz parte do arcabouço
sociocultural homofóbico em que você está imerso, e deve ser
desconstruído.
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Ô, pra quê tanta mágoa, Esquizo, estou tentando fazer uma coisa
legal aqui, e você vem fazer gracinha. Ainda diz coisa que ofende as
pessoas. Qual o limite do humor?
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Próprio para bruschetta.
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Ah, safado, estava fingindo que era hater (determinado tipo de pessoa
que fica espalhando seu ódio na internet, em uma língua diferente) só para
mostrar que o humor feito com amor não deve ser levado como ofensa.
Mas então, podemos voltar ao livre? (Ai, chega dói nos olhos esse ‘livre’.
Mas quem manda nessa bodega é você, infelizmente. Bora.)
Um livre! (Crianção...).
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Por que esta obra é importante para você?
Percebi que muitos ainda não se deram conta deste fato, e ainda
colocam criatividade como algo que, ou se tem, ou não se tem.
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Outros colocam sua importância abaixo de muitas outras, como
inteligência, raciocínio, imaginação, memória, conhecimento, sensibilidade,
comunicação, habilidades sociais, postar selfies, dançar tango, cozinhar
pamonha, trocar de biquíni sem parar, tatuar o escudo do Vasco (Gigante
da Colina!) nas nádegas, tricotar sapatinhos para capivaras, colecionar
embalagens de margarina, procurar o Velocino de Ouro, etc.
Mas a verdade que lhes estrago, e você perceberá neste livre, é que
entender e desenvolver a criatividade, e levar uma vida criativa, é a única
forma de sua mente ser capaz de aproveitar, se adaptar e conseguir
acompanhar as mudanças aceleradas, que acontecem num ritmo
exponencial, e mudam completamente o mundo e nosso modo de viver,
um tsunâmi de novidades tecnológicas que transformam o mundo em um
ritmo, ritmo de festa, tornando obsoletos hábitos, produtos, serviços,
gerando um mimimi danado, chatão, aff. E que pode tornar obsoleto até
mesmo você, e eu, somos um, caso sério.
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Este livre foi escrito por um cara simples, modesto, humilde, de
família, ingênuo, inocente, trabalhador, batalhador, bem-dotado, mentiroso
(mentira, eunuco minto), gênio máximo absoluto do universo, iludido,
libertino, que dedicou a vida ao estudo das fronteiras do conhecimento
humano (sinistro). Que, para ser mais criativo, sempre observou a própria
mente para entender e melhorar o método criativo. Que consegue
movimentar um olho sem mexer o outro. Que tem pânico de barata. Que,
por amar tanto a criatividade, entre ter relacionamentos e parar de mentir,
escolheu parar de mentir (lá na frente eu explico o que falar a verdade tem
a ver com poder cerebral).
As provas disso estão todas nesta obra, onde passo o mais importante
e valioso, de tudo que aprendi em uma vida e está maduro o suficiente
para ser útil à sociedade e, particularmente, a você que está me lendo
agora. Sinta-se abraçado por este amoroso e amigo autor, que agradece sua
atenção.
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Novo Mundo. O que a expressão Novo Mundo
lhe desperta? Ansiedade? Medo, excitação ou
curiosidade? No final do século 15, Colombo
descobriu a América. Que mistérios encerrariam
esse continente inexplorado? Criaturas exóticas,
fontes da juventude, gigantes das colinas, cidades
de ouro? Desfiles de Carnaval? Pastel com caldo
de cana? Mirra? Mundial do Palmeiras? Trata-se
do desconhecido, que se descortinava à frente
dos nossos antepassados.
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Nessa minha metáfora, o sentimento de encontrar um mundo novo,
desconhecido, cheio de perigos e riquezas que os grandes navegadores não
conheciam, repete-se agora, cada vez mais rapidamente.
FJE
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Eu tentei alertar, em 4 de abril de 2020, para uma solução possível e
que diminuiria ou retardaria a contaminação até que fosse disponibilizada
uma vacina. Agora parece óbvio, mas esta ação só começou quando era
tarde demais para muitos.
Quem quiser ser criativo vai ter que lidar com o fato de que você vê o
que os outros não veem, e a maioria acredita na maioria.
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Apesar de a nossa adaptação ter sido refinada para um ambiente que
era praticamente o mesmo ambiente em que nossos antepassados viviam,
agora as transformações do mundo ocorrem de forma acelerada.
Felizmente nosso cérebro possui uma função, uma capacidade, uma
ferramenta que podemos usar para diminuir o impacto que as novas
situações, os novos problemas, os novos desafios e as novas tecnologias
possam causar para nosso modo de viver.
CRIATIVIDADE.
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É uma técnica de acavalamento.
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Temida porque nossos genes foram selecionados para temer o que
não conhecemos, e, para criar algo que não existe, precisamos enfrentar o
desconhecido, ter a coragem de andar por um novo caminho, o qual
ninguém ainda trilhou. Correr riscos. Desbravar novos continentes.
Não sei, talvez seja importante, talvez não. Espero que sim, até
porque nem dá para trocar por outra.
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Que a única qualidade que pode nos ajudar na adaptação ao
desconhecido é a criatividade, e que nenhuma outra que o ser
humano possua é adequada para enfrentar o novo, as novas formas
de viver, as novas ferramentas e os novos problemas que teremos.
Inteligência, conhecimento, curiosidade, otimismo e alegria, são
qualidades que ajudam a ser criativo, mas só elas, sem a
criatividade, nunca conseguirão criar uma solução para um novo
problema. Que camiseta regata é terrivelmente brega, ninguém
gosta de ver sovaco.
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Segundo pesquisa do ITVI (Instituto Tireidocu-mentos Verídicos e
Importantes) realizada em Cancún, sobre o que as pessoas acham que é a
criatividade, qual a definição, qual sua importância, na maioria das vezes,
cada um tinha uma definição diferente. Nesse instante eu percebi o quanto
esta obra era urgente e necessária. O que para mim era algo tão perceptível
e urgente, a maioria das pessoas ainda não teve a chance de ser alertada.
Não entendem bem seu significado e, muitas vezes, acham que se trata de
um dom de algumas pessoas, sendo assim perda de tempo tentar
desenvolver a própria criatividade.
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E você ainda ganha: duas ideias para ficar bilionário, e, como licor de
cereja do bombom, cenas dos próximos capítulos do meu próximo livro,
A Grande Busca: existem verdades inquestionáveis?. É, caro leitor, este modesto e
humilde autor, além de ser engenheiro, humorista, autor, barbeiro de pêlos
de orelha, piloto de corrida de trens, tirador de caroço de azeitona
(certificado), também é metido a filósofo.
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Como ler este livre
Não tem uma ideia aqui que não tenha sido escrita com amor,
respeito e 1% de safadeza. Meu objetivo não é um discurso vazio, cheio de
frases d’efeito. Tento ser direto, sincero, amoral e leve.
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Por que eu me considero capaz de escrever algo de valor sobre a
criatividade
Como eu amo esta vida ingrata e cruel com todas as minhas forças,
embora só apanhe, sempre prestei uma atenção incomensurável,
estupefaciente, contrainconstitucionalissimamentezante, a esta ingrata fofa.
Há 6 anos acabei estabelecendo um exercício para desenvolver e entender
o que seria a criatividade, e como ela funciona. Entendi que é a qualidade
mais misteriosa que existe. Trazer uma ideia nova e que faça sentido para o
mundo parece ser algo fortuito, que acontece raramente, que alguns tem e
outros não, tão difícil e fora do nosso controle, que deixamos para lá.
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Obviamente é uma brincadeira. É muito importante perceber aqui
que a preocupação com o ego impossibilita o uso pleno das capacidades
cerebrais necessárias à criação. Estou sempre brincando comigo mesmo, e
não me preocupo com a autoestima. É normal que eu receba de outras
pessoas o falso e prejudicial conhecimento de que devemos amar primeiro
a nós mesmos para conseguir amar aos outros. Não temos que amar a nós
mesmos primeiro coisíssima nenhuma. O Amor Real não seleciona. Isso
só traz desvantagens, bloqueios, mimimis, textões, falta de criatividade,
mau humor, remela, ligações de São Paulo que desligam na sua cara, novo
álbum do Los Hermanos, sua fila anda menos que a outra, pega bicho-de-
pé, sequestro-relâmpago, seu porquinho-da-índia começa a falar latim com
voz grossa, barata voadora entra no banheiro quando você está com
diarreia. Só chateação.
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Mas esse não é o tema do capítulo. E não precisava ser, de fato.
eu estou escrevendo.
O que pretendo passar com esta obra são informações que serão úteis
para que você tenha uma vida criativa e horas mais leves, com algumas
bobeiras, mas bobeiras legais, como nos exemplos do que quero
demonstrar.
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O que esperar desta obra
Aumentar a
Manter a plasticidade conectividade entre os
Desenvolver sua
cerebral aberta para as neurônios, para que as
criatividade.
novas ideias. ideias fiquem mais
conectadas entre si.
Achar o Mundial do
Adaptar-se melhor às A Busca pela Palmeiras (brincadeira,
mudanças. Verdadeira Verdade. sou criativo, mas não
faço milagre).
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Esta é uma obra escrita com amor e humor, porque
Mas o principal objetivo é conseguir que, ao final deste livre, você passe a
viver criativamente, tornando sua mente plástica o suficiente para se
adaptar aos novos mundos que virão, criando soluções novas para
problemas novos, libertando seu pensamento para que ele não continue se
apegando a soluções já obsoletas, aproveitando novas oportunidades e
contornando novos desafios. Descrevo mais à frente o que tem a ver ser
criativo com a liberdade de pensamento.
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O que eu espero deste livre
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INTRODUÇÃO
Com seu consentimento, agora posso fazer a introdução.
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simples, muito simples. Mais simples
que andar na corda bamba de lambreta,
fazendo 69 com Maria Antonieta, ou
encontrar ovo no cabelo da cabeça de
um caro alho descoberto no Nepal. De
alto teor de sódio, é comida do capeta.
Quem abusa passa mal. Mais tranquilo que passar uma agulha
pelo buraco do camelo, cantando uma opereta de Vanusa para
sua musa, em Siracusa, com Vampeta no berimbau. Ou calçar o
sapato que um perneta nunca usa em um pé de cacau que
plantei no meu quintal. Mais fácil que catar piolho na Medusa,
fazer bariátrica no Nó Górdio, aprender japonês em baile funk.
Do que Hamlet decidir sério não ser, ou cortar o mal pela raiz
da hipotenusa, enquanto ela mostra as catetas sob a blusa, para
saber com quantas canoas se faz um pau. Mais simples que
batizar um saci em uma catedral, que pegar carona na cauda de
um cometa que, até Lisboa, te conduza, que o Palmeiras ter
Mundial (foi mal, aí já é punk pra casseta; o impossível até se
aceita, ir além é irreal).
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Quando aconteceu esse comentário inesquecível, em 2015,
eu não tinha ideia do caminho cheio de pedras no meio, no qual
começara a Andrade, e Drummonte de Carlos que existiam nos
meus pés. Lembro que estava no meio do abissal e perigoso mar
que espelhava o céu, em uma sonda de perfuração. Eu estava no
fundo do poço. Ficar 14 dias isolado é só para os fortes, e sou
forte como um dente-de-leão no furacão. Resistente como um
algodão-doce num tsunâmi. Como os passos do marido que
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chega em casa de madrugada, vindo da farra. Como a primeira
casa dos Três Porquinhos. Como uma rubra e cheirosa pétal...
(Chega!). OK. Olhando para o passado, percebo que existe uma
coincidência singular desse caminho com o que acabei
percorrendo nos anos que se seguiram. Mas vamos começar
pelo começo, ao contrário deste livre.
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Sempre fui apaixonado por arte e criatividade, mas,
achando que elas não me davam condição para um xaveco, ou,
quem sabe, namoro, casamento no xibiu e no libidinoso, filhos
com nomes criativos (Pivete Sangalo, Edite Piá, Molelke
Maravilha, etc.), chifre com o professor de ioga, divórcio
litigioso, alcoolismo e, finalmente, morte, por ingestão de manga
com leite, acabei calculando mal e segui a carreira de engenheiro,
por influência do meu pai, que foi um engenheiro de alto nível,
conhecido e respeitado pelos iraquianos do signo de Líbria. Meu
ídolo, me fascinava sua energia interior e o dom natural para
liderança. Foi um homem bom.
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Ficava fascinado com criações que tivessem aquele toque
mágico que emociona. Como eu me sentia emocionado ao ler
uma música de Djavan, lamber uma escultura de papel machê,
vestir uma fantasia do Clóvis Bornay, assistir ao filme Ghost, além
da vida, passar o papel higiênico e ele sair limpinho, acordar cedo
e lembrar que é sábado, a caixa da loja não perguntar se tem
trocado quando você paga com uma nota de cem, ser atendido
na hora que chega ao médico, e tudo o mais que tenha a ver
com novas formas de pensar.
Seguindo minha intuição, criei um exercício para estimular
e desenvolver a criatividade e o tamanho do pinto (só funcionou
para um deles): comentar notícias bizarras de maneira criativa
nas redes sociais.
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O objetivo era medir a qualidade criativa (Qc) do
comentário (eu que inventei), por meio do retorno em curtidas e
comentários de pessoas, que não me conheciam, e gentilmente
me ofendiam. Esse retorno era parte essencial e inovadora do
exercício de criatividade. Não eram opiniões parciais, porque
vinham de desconhecidos, e a correlação entre quantidade de
curtidas e respostas positivas com a qualidade criativa do
comentário era significativa (O Homem que Qual Cu Lava). Ou
seja, eu sabia, assim, o quanto eu fui criativo ou patético naquele
comentário (até hoje espera o dia de ser criativo).
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O retorno recebido, para a inveja do saudoso Tim Maia,
me ajudava a obter o modelo da mente coletiva contemporânea,
e, também, a entender o mecanismo da criação envolvido. A
criação exige liberdade de pensamento porque, só com uma
mente livre dos hábitos correntes encadeados Papaiz Mamãez,
que nos prendem ao modo rotineiro, seguro e eficiente que até
agora percorremos, é que podemos caminhar por trilhas
desconhecidas, olhar de fora o pensamento comum, e perceber
mais rapidamente, e com eficácia, que o caminho habitual
percorrido pela humanidade agora termina no despenhadeiro, e
nós somos os coiotes.
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Associações que fiz pensando que eram de alto Qc já
foram medianamente recebidas. Outras que imaginei serem
meio “água de lavar xuxu” viralizaram feito o corona em todo o
Brasil. Cada pessoa tem suas peculiaridades particulares privadas
pornográficas pervertidas pecaminosas patológicas permissivas
psicóticas, mas dá para intuir um modelo médio, e não desandar
a liberdade de pensamento para associações que sejam
consideradas sem sentido pela percepção brasileira atual (Faz
isso direto aqui no livro). “Livre”. Isso eu digo em relação aos
comentários que deixo públicos. Na minha mente, tento ser o
mais livre possível. Mas como vocês nunca saberão! Brincadeira,
minha vida é um livre aberto, na imágina errada (Pode escrever
‘imágina’, ‘livre’, o cabeçalho A4, que não estou nem aí mais.
Problema seu.)
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Pouco tempo depois, postei o comentário citado
anteriormente, o do “crime sem gravidade”. Fui beber um café
(ou defecar, não lembro), alguns minutos depois voltei para
verificar qual foi o retorno.
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E essa associação inusitada gera uma reação de humor.
Nosso cérebro recebe com alegria novas formas de conexão,
novas maneiras de pensar, e o sorriso é uma forma de sinalizar
que ele ficou grato pela nova ligação.
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Curta a vida.
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A Era das Mudanças Exponenciais
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Mas num mundo que apresenta cada vez mais mudanças
intensas, a única forma que existe para se adaptar ao que é novo
é criando formas de viver que se encaixem nessas novidades,
não como um surfista se encaixa num pombo-correio, mas
como o dinheiro se encaixa na carteira.
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A comovente história resumida e aproximada (meio
chutada) do desenvolvimento tecnológico
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Eis que, de repente, a vida começa a mudar, de uma
maneira cada vez mais evidente. Aquele bonequinho lá está já
entrando na subida da curva. Ele não está percebendo que está
fodido. A curva vai ficando mais íngreme, cada vez mais rápido.
Sua biologia foi adaptada pela seleção natural durante milhões de
anos para um mundo sossegado. Mas agora ele esqueceu o
celular desbloqueado na casa da namorada.
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Para ficar mais evidente, farei uma linha do tempo bem
resumida, só com os desenvolvimentos tecnológicos mais
relevantes:
Cidade de Roma no ano 1 d.C. Incenso valia ouro e Mirra, nem sei que porra é essa.
Roma
Aquedutos
Grandes cidades se desenvolvendo
Catapulta que pariu e engenhos mecânicos e borracheiros
Grandes construções
Canhão
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Inquisição
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Em 1.500 anos o mundo mudou lentamente. Às vezes eu
fico imaginando como devia ser morar em Roma, sem xampu
ou papel higiênico, nem paracetamol, chocolate, Sílvio Santos,
bancos 24 horas, pochete, pogobol, tirolesa, tamagóchi, Waldick
Soriano, travesseiro da Nasa, futebol de botão, a nova Tekpix,
esmalte branco, Paolla Oliveira, Mundial do Palmeiras (não
aconteceu nesta época remota) e muitos outros avanços
indispensáveis para se viver bem.
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Já Era da Renascença: de 1400-1700 d.C.
Renascença
Época de intenso desenvolvimento nas artes e ciência (fim
da idade média)
Grandes navegações
E pur si muove – a ciência batendo de frente com a religião
Mundial do Palmeiras (ops, também não foi nessa época)
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Foram-se 300 anos apenas, e, mais uma vez, o mundo
mudou completamente. Parecia que toda a energia criativa da
Idade Média, até então impedida de ser expressa, jorrou como
um maneta solitário ao finalmente alguém lhe dar uma
mãozinha.
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Revolução Industrial
Desenvolvimento filosófico
Motor a vapor
Locomotivas
Eletricidade
Mundial do Palmeiras (nossa, prometi uma segunda edição
revisada e erro de novo. Esqueçam, ainda não foi nessa
época a grande conquista do Verdão)
Agora, em 200 anos, o mundo muda de cara de novo, o
desenvolvimento se acelera muito com o motor a vapor, fábricas
fabricando febrilmente artigos antigos, que antes eram
manufaturados, e por isso, bem menos acessíveis.
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Já Era Moderna: de 1900-1970 d.C.
Antibiótico
Pílula anticoncepcional
Luz elétrica
Televisão
Bomba atômica
Telefone
Ar-condicionado
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Avião
Batata frita do McDonald’s (pelos 5 primeiros minutos)
Homem pisa na lua
Mundial do Palmeiras (gente, isso é bug do editor, eu não
escrevi isso!)
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Já Era da Informática: de 1970-2000 d.C.
Revolução da informática
Computador pessoal
Internet
Telefone celular
Doom (joguei muito)
Quanta computaria
Tênis Rebook e Calça Fiorucci
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Até que rima, Drummond por baixo e ela por cima.
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“Ah, verdade, mudou tudo. Mas ainda estamos no bonde,
pode continuar.”
Smartphone
Redes sociais
Computação em nuvem
Inteligência Artificial
Nanotecnologia
Genética
Spinner
XVideos
Mundial do Palmeiras. (acho que tem uma configuração que
eu fiz sem querer que aparece isso, não gente, ainda não
aconteceu este evento tão aguardado)
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Aqui já vejo pessoas inteligentes ficando para trás. Amigos
meus, com curso superior, intelectualmente capacitados,
começam a demonstrar que suas mentes seguem o modelo linear
de desenvolvimento tecnológico. Não aceitam que todo o
conhecimento que acumularam na labuta perdeu a luta contra a
força abrupta de uma mudança filha da Neide (te peguei), e
agora surta porque não mais desfruta relevância absoluta.
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Meus amigos me mandam artigos antigos dizendo que
certo avanço seria impossível, e eu retorno com notícias recentes
de que o avanço já ocorreu, mesmo que pareça incrível.
Infelizmente, a maioria das pessoas não consegue aceitar o
fato que estamos em mudança exponencial.
Veja o histórico aqui atrás. Não podemos negar o tsunâmi
que está vindo.
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E o futuro?
Esse é o X da quextão.
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A única forma de acompanhar esse bonde é focando em
desenvolver o quê? Ela mesma, novamente, mais uma vez,
gloriosa, toda plena, retumbante, amada, idolatrada, salve, salve:
A CRIATIVIDADE
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Prelúdio à criatividade – o que você precisa saber antes de
entrar no assunto principal
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Este pot-pourri de maluquices impregnadas nesta obra é o
produto de uma livre mente insana, mas não doentia, sim. Mas
também serve como exemplo do efeito que o nonsense causa na
gente, e de sua importância.
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Sou formado em Engenharia de Computação (lista de quem
quer saber:), e o tema do meu TCC foi sobre algoritmos
genéticos. O objetivo dos algoritmos genéticos é tentar
reproduzir o procedimento da seleção natural para resolver
problemas. A seleção natural apresenta certas regras para
resolver essa questão, de encontrar um indivíduo mais bem-
adaptado ao mundo, e, assim, mais capaz de propagar seu
código genético, que codifica a informação sobre a forma que o
indivíduo usou para se adaptar melhor.
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As mutações, junto com a combinação semialeatória, são
os Toques do Criador da seleção natural.
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Sai algo como (exemplo real): sacripanta, morcego,
Penélope, jurássico, chocalho, trigo, florim, Marcelo, quatorze,
vontade, paracetamol, sovaco, ipsilone, etc., sem esforço e sem
pensar, em um fluxo contínuo.
Tente tirar uns cinco minutos do seu dia para falar em voz
alta palavras sem prestar atenção naquilo que gera a palavra,
apenas observe e vá falando, sem julgamentos, só observando o
que aparece.
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Essa descoberta me foi surpreendente porque sempre achei
que falar uma sequência de ideias completamente desconectadas
fosse algo muito difícil em função das fortes ligações entre ideias
semelhantes. Com o gerador aleatório de ideias, podemos libertar a
mente da força dessas correntes e conceber ideias novas
desconectadas, ou pouco conexas.
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Degradando lenta a mente
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Assim funcionam as redes neurais. Quando algo sai como
esperamos, os neurônios que foram ativados para este resultado
recebem mais conexões, ou mais peso. Fica mais fácil de serem
acionados, não precisamos usar outras funções cerebrais para a
ação de lembrar qual andar eu trabalho agora. E existem mil
exemplos assim. De repente algo muda, mas continuamos
agindo da mesma maneira, no automático, como se não
houvesse ocorrido uma mudança. Lembre-se de que fomos
construídos para sobreviver num mundo estático (eu repito
porque sei que a gente se distrai com as figuras). Quando
solucionamos um enigma, deixamos essa solução bem fixada,
mesmo que o enigma varie e exija outra solução. Porque, num
mundo que muda pouco, uma solução não muda. Então, para
não ter retrabalho, fixamo-la como uma certeza. E não gastamos
mais energia procurando de novo a solução.
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Será que já falei sobre o cérebro ter sido construído para
um mundo quase constante? Acho que falo constantemente:
basta saber onde é perigoso, ou onde tem alguma coisa para
comer, tipo uma larva de mosca das cavernas ao molho de seiva
de sauroingueira, um saboroso australopetisco. Guarde na
memória e não precisa mais mexer.
Mas a aceleração das mudanças que as tecnologias que vão
surgindo e modificando o mundo não são compatíveis com esse
mecanismo cerebral.
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É exatamente isso que eu quero dizer como libertação da
mente. Não quero ficar preso em nenhuma vala. E para isso, eu
uso o princípio socrático do só sei que nada sei, e que os outros
também não sabem.
Para manter a mente ágil, plástica, adaptada ao presente,
precisamos estar sempre procurando novos caminhos, tentando
pensar, julgar, avaliar, observar, entender, sempre por vários
ângulos diferentes, mudando sempre o ponto de vista.
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Nível de criatividade
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A medida da criatividade de uma ideia é uma relação feita a
uma ou mais ideias, inversamente proporcional ao número de
pessoas que fizeram a mesma relação. Quanto menor o número
de pessoas que fizeram a relação que você fez, mais criativo
você é. Espero ter sido claro. Vou explicar melhor:
multiplicando pelo quadrado do cateto da hipotenusa, e
dividindo pela integral tripla da derivada da raiz de 3,1416
elevado à raiz de -1 (capital Teresina), você chega no seu
quociente de criatividade, que chamaremos de Qc.
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Acredito que poucos fariam esta associação entre uma
frase usada em momentos de transtorno, “era só o que me
faltava”, onde a palavra “só” é trocada pela palavra bem se
molhante “sol”, e tudo fica bem encaixado no tema.
Então essa ideia foi mais criativa que a associação entre chuva e
ficar molhado (tem maior Qc). Porque 99,99% das pessoas
(pesquisa feita pelo Instestinuto Tireidocu Mentos Verídicos
Inquestionáveis, com erro percentual de 2%, para cima ou para
baixo), em poucas tentativas de dizer uma ideia relacionada a
chuva, terão associado a frase com a ideia de “estar molhado”,
enquanto a do meu exemplo seria dita por no máximo 0% das
pessoas que não funcionarem igual a este humilde ser que
escreve, segundo pesquisa realizada pelo ITVI, com erro
percentual de 0%, para cima ou para baixo.
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Sobre humor, amor e ódio
Seleção Natural.
Nova geração.
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O ódio é como uma bomba burra (talvez por isso se diga
que alguém tomou bomba em alguma matéria escolar). Ele
destrói tudo o que está em volta, cegamente, incluindo parte de
quem odeia. Mas pelo menos destrói ou enfraquece a ameaça. E
isso era só o que se podia fazer ao ter a vida em risco: correr ou
destruir.
Criatividade.
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Que fique bem claro: não estou nem de longe dizendo pra
reprimir ou eliminar o ódio. Essa emoção está incrustada de
maneira incontrolável em nosso cérebro. É simplesmente
natural que o ódio apareça, e, em mim, aparece muitas vezes.
Inclusive agora recebi uma ligação e desligaram sem falar nada,
pense no ódio que senti. Que as pulgas de mil camelos infestem
o ânus do responsável por essas ligações! Que a Maldição do
Alce Azul de Macaé recaia sobre seus ombros, de maneira que
sua mala seja sempre a última a chegar na esteira do aeroporto!
Perdão, Senhor. Perdi o controle. Ah, achei, estava entre os
assentos do sofá, esse sofado.
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Vejam meus comentários, que representam a expressão do
que penso e sinto. Já devo estar na casa das dezenas de milhares
de comentários. Em nenhum deles podem-se encontrar sinais de
ódio. Zero. Quer dizer, exceto nos comentários sobre Los
Hermanos, porque eu sou humano, afinal de contas, e errar é
Hermano. Brincadeira, galera do Los Hermanos. (sei).
Mas em geral:
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Chega de falar sobre ódio. Vamos falar de coisa boa, como
a nova Tecpix com câmera VGA e 32 kb de memória. Eu não
tenho Tecpix, mas tenho pix. (Olha a cara de pau!).
Dizem que, uma vez, Buda foi dar uma palestra numa pequena
cidade da China setentrional da dinastia Doku Shai Shang, a
oeste de Teresópolis, e a leste da região metropolitana de Macaé.
A plateia era composta por mestres, gurus e coachs de toda a
região. Quando Buda apareceu, todos se calaram, ansiosos por
suas palavras, que os orientariam a alcançar a iluminação. Buda
sentou-se, pegou uma flor da decoração e ficou olhando pra ela
sem dizer uma palavra. O tempo passava, e nada de o Buda abrir
a boca, nem pra falar boa noite. Só olhava a flor. Depois de um
tempo, alguém da plateia, que já estava extremamente
incomodada achando que havia perdido um tempo precioso pra
ficar vendo aquele gordinho que nem devia ser iluminado,
começa a gargalhar. Buda olhou, sorriu e disse: ele entendeu.
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Não sei se essa história tem algo a ver, mas achei bonita e resolvi
contar.
Preste atenção na sua mente quando você vê algo ou
alguém que ama, tipo sua mãe, esposa, filho. Aprendi muito
sobre o amor com minha família.
Veja como é o amor que você tem para a pessoa que você
ama. Você presta mais atenção nela do que na aula de Semiótica
Escatológica dos Visigodos – Módulo 2 –, certamente. Você
gostaria que ela fosse mais forte, ou mais inteligente, mas você a
aceita just the way you are. (Essa eu entendi: justamente ou precisamente
do jeito que ela é. Graças a Barry White. Amém?). O imenso amor que
sinto pelo meu filho é equivalente à enorme atenção que dou a
ele, e é igual à minha grande aceitação dele do jeito que ele é.
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Essa atenção, que vem do amor que temos pela vida, nos
faz perceber detalhes tão pequenos, de nós dois, detalhes sutis,
que são usados pelo criador para trazer ao mundo algo que ainda
não existia. A atenção, o amor e a aceitação são o combustível
da curiosidade.
Só o amor constrói.
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(Mas você disse que amor é aceitação – se nós aceitamos, para que
vamos querer criar algo novo?). OK. Que motivação você teria para
inscrever seu filho na aula de taxidermia básica de suínos e
esquilos?
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Voltando para a historinha do Buda: prestar atenção na
flor, amar a flor como ela é, valia mais que milhares de palavras
para a audiência, pois com isso ele expressava algo que não pode
ser passado por meio de frases. Tome uma rosa, por exemplo.
Para mim a rosa é a maior manifestação de beleza da natureza,
depois dos seios femininos, e muito depois dos meus filhos. E
da Natalie Portman. Uma rosa tem aquele vermelho mágico, um
perfume transcendental, e espinhos. Muitas vezes tiramos os
espinhos da rosa para fazer um buquê. Quando a gente ama a
rosa como ela deve ser amada, não só aceita seus espinhos,
como vê a beleza que existe neles, uma proteção passiva que esta
linda flor tem contra quem a ameaça. Ela diz: “Sim, eu sou linda,
mas se você quiser me machucar, quem se machuca é você”.
Aceitar a rosa com suas pétalas vermelhas, perfume e espinhos é
amar a rainha das flores como ela merece ser amada. Ai,
emocionei agora.
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Agora, finalmente, falarei sobre o humor, o bom humor, o
sentimento que me tornou conhecido.
Existem vários tipos de humor. Inclusive o mau humor,
aliás. Mas no meu exercício para me tornar mais criativo, com a
mente mais plástica, mais capaz de se adaptar a mudanças, mais
livre, aconteceu este efeito colateral.
O meu humor é o humor da criatividade. E vice-versa.
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O sorriso que vem para alguém que lê um comentário
meu é para mim uma espécie de agradecimento por eu ter
chamado a atenção desse indivíduo para uma conexão de ideias
que ele ainda não tinha percebido. É natural que nosso cérebro
considere importantes as associações de ideias, porque quanto
mais associamos ideias na nossa mente, mais controle temos
sobre nosso mundo.
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significado, como em “só o rottweiler”. É como uma rima na
poesia do humor. Esse tipo de trocadilho é acessível a todos;
porém, existem os mais simples, tipo “cãopeão”, que as pessoas
geralmente não gostam porque eles são tão simples que não
acrescentam quase nada na mente do leitor. Já os mais
complexos nessa mesma categoria, que são os que eu procuro
fazer, como o do rottweiler, são associações de ideias que
demandam alto Qc. Percebe-se bem o que eu quero dizer se
compararmos, por exemplo, “só o rottweiler” com “pra ler, tem
que ter alfabetizacão” (sim, sem cedilha mesmo!).
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Os trocadilhos mais simples, e a repetição exagerada de
alguns como o “é pavê ou pacumê”, acabaram passando uma
imagem ruim para os trocadilhos. Surge a figura do tio do pavê,
um solitário e triste quarentão divorciado, barriguinha, meio
calvo, e provavelmente embriagado, que quer chamar a atenção
para sua miséria repetindo trocadilhos conhecidos.
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O fundamental é entender como funciona o mecanismo
que conecta ideias bastante diferentes entre si. Ao se conseguir
isso, cria-se uma ligação entre essas ideias, os neurônios se
conectam de uma nova forma. Para uma mente cheia de
estímulos – cada um, um verdadeiro impávido colosso de
conexões –, ao encontrar um novo problema, será mais fácil
usar as conexões para juntar ideias que ainda estavam
desconectadas, o que é bem mais complicado em quem não tem
essa plasticidade. Assim, fica mais provável criar uma solução ou
uma solução nova para o problema. Uma mente plástica é uma
mente muito conectada, que não privilegia ou privilegia pouco
algumas ideias. Comparando com a mente de um fanático, neste,
uma ideia recebe tanto privilégio de conectividade que se torna a
base rígida, mesmo havendo fatos que provam que essa ideia
não está correta, ou, no mínimo, existe a possibilidade de ela
estar errada, o que acontece sempre. Essa base rígida faz com
que o fanático se desligue do mundo são, por se apegar tanto a
uma ideia. Para ele é uma certeza inabalável, e acabará sendo
massacrado pelo rolo Bojador das mudanças exponenciais.
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Temet nosce
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O método mais eficiente para você evoluir sempre em seu
autoconhecimento é por meio do exercício diário da meditação.
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Todo mundo faz esta caralha. Mas você, prezado leitor,
que neste momento repousa em seu leito com lençóis de cetim,
comendo leitão com alecrim, cobrindo seu peito direito com um
suspeito colete carmim de escoteiro-mirim, você não é todo
mundo. Não aguenta um segundo, tem cansaço profundo, não
está muito a fim. Cansaço profundo é meu ovo trabalhar pra
cacete! Por favor me respeite, ou não respondo por mim (ah.
Desculpe. Hoje estou zen paciência, acabei perdendo a carma e
fiz malcriação, e este comportamento é muito ruim).
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É prático, é necessário, é simples, e funciona muito bem
em todos os aspectos de sua vida.
Só isso.
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Criatividade
A cena do cria-me.
E criamos.
Assim.
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A cintilante história da paixão ardente entre Org e
essa fadinha fogosa
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Acomodaram-se às margens de um riacho perto de um
barranco de pedras douradas, e pequenos insetos rubro-negros
venenosos, onde se formava uma cachoeira e um lago, de águas
tão transparentes quanto aquele seu tio que era tia. No fundo do
lago ainda dava pra enxergar os últimos vestígios de Atlântida,
uma antiga civilização que habitou a Terra, mas que se
autodestruiu logo após a invenção de uma terrível e cruel arma: a
famigerada feiquenius.
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Meio adormecido, Org ouviu um barulho e ficou atento.
Soltou um rosnado gutural para que seus filhos, que estavam
trepando, ficarem espertos. Quando seus filhos desceram da
árvore, Org atirou uma pedra. E algo mágico aconteceu: ele viu
algo que nunca tinha visto antes! A pedra bateu em algo e uma
ofuscante faísca pulou como uma estrela decadente, como o
brilho fugaz da paixão nos olhos da mulherídea amada, como
uma fada suicida, desaparecendo em instantes. Org começou a
pular e gritar para assustar aquele novo e possivelmente perigoso
fenômeno desconhecido. Sua família acordou com medo, e
começou uma grande algazarra que assustou os passaurinhos e
outros animais, como preás-tóricos e anta-passados. Como não
percebeu nenhuma ameaça, Org chegou mais perto para ver
onde estava aquela Sininho deprimida. Encontrou só uma
neymaranha, um aracnídeo que se desenvolveu bem desde a
última seleção; antes, a estratégia desta espécie era se fingir de
morta quando algum predador atacava, mas o treinador dessa
seleção quase a mandou para o vestiário.
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Org queria ver aquilo de novo, era bonito, era estranho,
era promissor, apresentava potencial disruptivo e possível
mudança do mindset evolutivo da humanidade.
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Org então bateu a pedra na outra, e saíram duas faíscas.
Ele e a família passaram a noite toda pulando, gritando e
batendo pedra. Foi assim que o homem descobriu o
Lollapalooza.
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A criação de soluções para problemas que antes eram
insolúveis – e contra os quais a única arma era o ódio, partir pra
cima e ver quem sobrevivia e quem era destruído, saindo cheio
de ferimentos, mesmo se sobrevivesse – revelou-se uma
vantagem competitiva tão gigantesca, que a seleção natural
começou a favorecer, acima de qualquer outra qualidade, um
cérebro mais capaz de usar fenômenos e objetos da natureza
como ferramenta.
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Definições para criatividade
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Por que “sua consciência”?
Você pode ter uma ideia nova para sua mente, mas é bem
provável que alguém na Manchúria, ou em Teresópolis, já a
tenha criado há milhares de anos. No entanto, você não precisa
ser o primeiro para ser criativo. Se não era do seu conhecimento,
você foi criativo. Você usou um fio de cabelo como fio dental?
Parabéns! Você foi criativo. E se você for careca, parabéns em
dobro. E se costuma raspar os pelos púbicos, parabéns treis veis.
Mas muita gente já deve ter pensado nisso lá em Teresópolis.
Uma mente criativa é uma mente livre dos grilhões (hah, palavra
bonita para dar uma valorizada) das certezas. Por mais sabedoria
que ela tenha acumulado, nenhuma a prende. É ver o mundo
com olhos de criança, encantando-se com todos esses mistérios
que vamos pouco a pouco deixando de perceber, na medida em
que os anos vão passando e as ideias vão se enrijecendo,
solidificando, aprisionando, encarcerando, limitando, trancando,
defumando, travesseirodanasarizando, enzogabrielizando, mico-
leão-douradizando.
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Nascemos, e do nada somos jogados num mundo cheio
de regras, leis, sentimentos, alegrias, dificuldades, tragédias,
amores, dores, vapores, lombadas, samambaias, mirras (ainda
não sei que porra é essa), tutores, mantimentos, Biotônicos
Fontouras, Los Hermanos, pudores, ciclovias, artesanato,
genitálias, atores, (lá vem você com o nonsense chato...). OK, e por aí
vai.
O Toque do Criador.
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Cognição criativa
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Não vamos ser tão radicais, não é? Mas é sabido que
quanto mais conhecimento, maior sua criatividade. Por exemplo:
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Há muitas décadas, em uma aula de ciências, a professora
ensinou que um dos ossos dos nossos antebraços se chamava
rádio. E muito tempo atrás eu ouvi uma música cuja letra era
“ela deu o rádio, e nem me disse nada, ela deu o rádio…”. As ideias,
completamente desconexas umas das outras, se uniram em um
trocadilho que se encaixou perfeitamente com a manchete.
“Quer dizer que para ser criativo vou ter que me lembrar
do nome de cada osso do corpo humano?”
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Calma, também não é assim. Minha mente lembrou do
nome do osso porque eu armazeno informações que me deixam
curioso. O nome de um osso ser “rádio” é curioso, e minha
mente é um grande armazém de curiosidades que fui
colecionando ao longo da vida. Cada um tem suas curiosidades
particulares, não dá para simplesmente falar: seja mais curioso,
OK? Tipo… Fique em frente ao espelho e diga: eu sou muito
curioso. Eu me amo. Eu sou capaz. Eu poderia limpar as
cavalariças de Áugias. Eu conseguiria tomar porrada do Gandhi.
Eu possuo um mindset disruptivo o suficiente para vender a
diabéticos camisas 100% algodão-doce. Eu não piso em peças
de Lego no escuro, são elas que pisam em mim. Eu sou a cebola
da sua salada de frutas. Eu sou a sopa que caiu na sua mosca.
Quando Deus me desenhou, ele estava sem borracha.
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Sempre ia tão a fundo, escrutinando as informações recebidas na
aula, que me cansava logo. Acabava pensando que não tinha a
facilidade que eu via nos outros alunos para assistir a aula. Mas a
verdade é que eu não conseguia simplesmente jogar uma
informação para dentro sem analisar bem. A nova ideia tinha
que ser armazenada de maneira que se conectasse ao maior
número possível de ideias semelhantes, que já haviam passado
pelo interrogatório.
Em poucas palavras, tinha que fazer sentido no espaço
VIP do meu cérebro.
O osso rádio, por exemplo. Comecei a pensar o motivo do
nome. Será que tem algo a ver com radiação? Ou com
radiofrequência? Teria o nome do osso aparecido primeiro que o
dos outros sentidos da palavra? Se sim, por que botar o nome de
um osso igual à palavra que nomeia uma forma de transmitir
informações por radiofrequência?
E a aula seguindo… Olha, vou lhe contar. Para mim,
receber informações era osso. Eram só perguntas que me
deixavam curioso e sem resposta, mas eu armazenava. A aula
acabava e eu estava viajando num rádio implantado no meu
braço – os alto-falantes devem ficar abafados, tenho que colocar
o volume no máximo... Senão não osso.
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E acabou que fiz o certo. Agora, quando aparece uma
nova ideia, percebo facilmente várias ideias relacionadas a ela.
Como aquela notícia do implante de pênis no braço. Silenciei a
mente, pensei nas informações da notícia – braço, por exemplo.
O que se liga a braço? Várias ideias vieram à minha atenção, e
dentre elas, o curioso nome do osso. Então pensei: será que tem
algo relacionando pênis e rádio? Pênis, relação sexual, dar, ela
deu o rádio. Opa, tem bagulho bom aí, João de Santo Cristo.
Então, como criar um comentário interessante com esta ideia?
Pênis, relação sexual... Como a namorada dele deve estar lidando
com isso? É engraçada a situação bizarra de uma moça tendo
relações sexuais no braço do fulano. Pronto. Heureca! A
namorada ficou feliz, deu no rádio.
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Em resumo, no que eu chamo de cognição criativa, a
forma de receber novas ideias é: sendo bastante curioso e
tentando entender a fundo o conceito – como foi imaginado,
não descartando nenhuma ideia por julgar incompatível com seu
pensamento, nunca tomando nenhuma como certeza, e
encontrando o lugar onde elas ficam mais conectadas a ideias
semelhantes, e também às ideias opostas, armazenando-a lá
junto das suas irmãs.
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Meu humilde método criativo fodástico
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Esse belíssimo e profissional fluxograma, disruptivo e
modificador de mindset, que eu fiz nas coaches, explica cada
etapa do processo. Tanto trabalho para fazer, e saiu essa derrota.
Também, estou fazendo tudo sozinho, poxa. Tenho filho para
cuidar, contas para pagar, séries para maratonar. Não é assim,
também. Derramei a Coca, o chão ficou todo pregando, encheu
de formiga. Meu sistema está nervoso, o Rivotril acabou e não
tem quem me venda receita. Preciso de um tempo para mim,
sabe? Olhar o mar, sei lá, chorar, sorrir, andar de mãos dadas,
receber um abraço de uma árvore... Aliás, por que é a gente que
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tem que abraçar uma árvore? Por que nunca, nem uma única
vez, elas cedrão ao trabalho de quebrar nosso galho? É muita
cara de pau, não é? Ficam lá, plantadas, mudas, esperando,
achando que devemos beijar seus pés... eu vou é seguir tocando
em frente a elas meu toquinho só pra dar o tronco.
Como um velho abacateiro que tomou Viagra Desabrocha
um dia, pera, manga-espada
Uvou
Frutificou
Florescer castanhas e dar pecãs
Desfrutar damascos e as romãs
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Quando eu vejo uma notícia bizarra como esta – bandido
COME DEDO de policial –, e o jornal ainda ajuda a iniciar a
brincadeira, “faminto por fuga”, vejo minha atenção se voltar
para as ideias envolvidas no título.
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E o parlamento sempre se une quando tem chance de
desenvolver a mente e parir ideias novas. O partido do ego sai
de fininho porque todos já sabem que eles consomem muito
combustível mental com suas vaidades, e nesta hora ninguém
mais percebe que ele existe. Mas os lugares não ficam vagos,
entram mais componentes do partido contrário, com poderes
um tanto quanto misteriosos, o partido da União. Essa força
prolífica é responsável por decretar estado de fluxo.
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225
No meu caso, a avaliação da qualidade criativa da ideia é
verificada pelo modelo mental que fiz de o quanto a ideia é
adequada. No final do processo eu apresento a ideia para o
modelo que tenho em virtude da avaliação externa. Ou seja,
entre outras coisas, esse modelo vai rejeitar ideias que possam,
de alguma forma, sugerir uma interpretação que dê chance para
os lacradores e haters (gente que, ao invés de valorizar e se
226
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A energia da mudança vem da força da alegria.
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O próximo passo é comparar a resposta do mundo para a minha
ação, com aquilo que pensei que seria a resposta dele, segundo
meu modelo da avaliação externa. É um trabalho contínuo de
aperfeiçoamento do modelo externo, que também está sempre
se modificando. Uso as diferenças para ajustar melhor, tanto
meu modelo de avaliação do Qc das ideias, quanto o modelo de
avaliação externa. Mas minha avaliação não é orientada para
melhorar a resposta externa; ela tenta entender que meu modelo
externo avaliou, por exemplo, uma ideia como tendo um Qc
médio, porque meu modelo avaliou como alto Qc, e a resposta
das pessoas indicou um Qc baixo.
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A resposta externa é a parte mais importante do sistema.
Porque, como a criatividade tem a ver com liberdade de
pensamento, pode acontecer de o criativo se desprender do
mundo externo, eliminando o modelo da resposta externa,
criando ideias que, para ele, têm alto Qc, mas para o
pensamento contemporâneo coletivo é algo sem sentido. Às
vezes o hipercriativo fica tão apaixonado pelo seu caminho que
não mais se preocupa com a resposta externa, porque ele
simplesmente se entregou de uma maneira tão intensa, que
eliminou o filtro do modelo externo, pensando que deve dedicar
toda a sua mente ao próprio modelo do que é uma ideia criativa.
Como por exemplo o Van Gogh, pelo que tenho ouvido dele
(brinqs).
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Modelo Leonardo Darwinci para o Processo Criativo
Uma montagem magnífica e profissional do que seria este ser divino que é a
combinação de Darwin com Leonardo da Vinci – adquira já sua camiseta
da seleção natural estampada com este mestre da criação em 4K, malha
100% linho fio grosso, por apenas 99 euros, promoção de fim de stuck.
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Proponho, neste capítulo, um modelo para o processo criativo
muito semelhante à teoria de Darwin para a seleção natural,
como sendo um processo que ocorre naturalmente, que
desenvolve um conjunto de informações capaz de construir um
ser vivo, de modo que esse ser esteja adaptado ao meio,
suficientemente, a ponto de ser capaz de transmitir esse
conjunto de informações ao longo de gerações. Por sua vez, esse
conjunto é modificado a cada geração, por meio de um processo
de combinação das informações com as de outro indivíduo, que
tenha tido a mesma capacidade de sobreviver pelo tempo
necessário para que pudesse realizar o processo de combinação
de informações. E a nova receita de construção pode, ou não,
ser modificada pelo processo aleatório de mutação.
Rapaz, parecia que essa explicação não ia acabar nunca…
Se não entendeu não perca tempo, devo ter errado alguma coisa.
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Por que Leonardo Darwinci?
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E Darwin? Darwin, porque permitia um bom trocadilho
com o nome de Leonardo: Leonardo Darwinci. Não ficou
bacana?
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O processo criativo funciona (Malbert Aistein, o correto é escrever
‘funcionaria’) assim:
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O Espaço Leonardo Darwinciano (ELD) da mente, que permite
a combinação e manipulação de memes, é populado com ideias
já existentes em nosso armazém cognitivo. Essas ideias são
escolhidas por terem conexão com os memes do enigma.
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ALGUNS TOQUES PARA DESENVOLVER A
CRIATIVIDADE
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Uma mente silenciosa não mente
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Um querido amigo, psiquiatra e escritor, dr. Celso, num grupo
que criei sobre espiritualidade uns 20 anos atrás, escreveu sobre
a meditação da higienização do ânus após o nº 2 – como limpar
o bumbum com consciência total. Seria uma “merditação
bundista”, tao vez.
O que ele queria dizer é justamente o que eu escrevi:
meditar é observar nossos pensamentos. Podemos fazer a
qualquer momento. É de extrema importância para o
autoconhecimento, principalmente para entender que nossa
mente é um grande e barulhento parlamento, com diversas
entidades exigindo nossa ação em prol de seus interesses, muitas
vezes conflitantes.
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250
Por exemplo: o partido do peido exige que você solte seus
gases imediatamente porque a cólica está forte. Já o partido do
sexo exige que você aguente o flato mais um pouco para não dar
vexame e acabar com o clima romântico, já que sua namorada
está num momento, bem... Tenho que usar um eufemismo:
abocanhando a gabiroba. Não sei se me fiz entender. (Já
aconteceu o inverso comigo. Aliás, os cachinhos do meu cabelo
encaracolado chegaram a balançar, e obviamente, como um
lorde da nobrisa deve se comportar numa hora dessas, mantive
o gás, impávido, colosso, em teu futuro espelha essa grandeza. E
agora, foi expirado pela boca. Mas eu não deveria expor
pubicamente este flato).
251
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Ah, o livre. Percebendo seus pensamentos, você vai se
conhecendo melhor, ou voltando à analorgia do parlamento,
você age como um verdadeiro democrata, dando atenção (amor,
aceitação) para a demanda emergencial do partido da coceira no
saco, explicando como se fosse um diplomata, que nesse
momento esteja conversando com a futura sogra). Ou, ainda,
como o Barrão no Rio, Branco como a tez da manhã,
negociando com o partido do cagaço, para que eles se acalmem
e ajam normalmente.
253
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Lembrando que um mais um é sempre mais que dois,
queremos que o partido do peido trabalhe junto com o do sexo,
ou, pelo menos, que ele fique em silêncio por alguns instantes
para não atrapalhar o trabalho dos outros. Ou até que você solte
o pum, mas sem barulho para ninguém perceber quem foi.
Hum... Melhor não, você vai usar grande porcentagem do
cérebro para controlar o esfíncter anal em busca desse silêncio.
Libere seu peido como você liberta sua mente. Como o
digníssimo Lema da Emcufedência: Libertas que Cheirar
Podrem. Bem, criar é muito mais nobre do que esse gás não
nobre. (O partido da vergonha alheia se tremendo todo enquanto você
escreve esses disparates). E pum é uma palavra que significa
trocadilho em uma língua estrangeira, então, aí é que eu vou
peidar mesmo. E não se preocupe se sair um peido molhado.
Foi só uma Frei Ada sem gravidade.
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Então você pode entender o sentido do título deste livre.
O Toque do Criador me lembra a pintura de Michelângelo, onde o
Criador se esforça para tocar o dedo do mal dot Adão. O amor
que existe pelo assunto do enigma faz com que você se esqueça
de si, e algumas capacidades de sua mente que, nem você, nem
ninguém percebem existir, são acionadas. Portas escondidas se
abrem, e de repente... Você transcende. Neste instante sagrado
nasce o novo.
261
262
Por exemplo: La Pietà, também de Michelângelo; a Torre
de Gustave Eiffel; o 14 Bis, de Santos Dumont; a penicilina, de
Fleming; Réquiem, de Mozart; Dom Quixote, de Cervantes; o
primeiro gol de Pelé contra a Suécia em 58; o segundo gol de
Pelé contra a Suécia em 58; o filme Blade Runner; a série Battlestar
Galactica; a pipoca de micro-ondas; a voz do Bob Esponja; o
sapatênis; a piscina de bolinhas; a caneta-relógio; a raquete
elétrica; a língua de sogra; peruca; catuaba; jogo de tarô; confete;
boneco de ventríloquo; espanador; peteca; touro mecânico... E
muitas outras obras de arte que abrem nossa mente para uma
nova forma de ver o mundo, expandindo nossa consciência.
Lembrando que ainda há muita coisa a ser criada, e dessas,
muitas ficarão para a história por manifestarem a transcendência
que só o toque do criador torna possível.
Só que como vimos, a criação necessita de muito poder
cerebral para surgir. Porque criar é seguir um caminho que não
conhecemos, então, temos que sair da vala que criamos por
sempre seguir pelo mesmo caminho, e, dependendo da
profundidade da vala, teremos que gastar uma energia ca valar
para sair dela. Mas vale a pena. Avalie com carinho. Mesmo que
você não concorde, o Bojador vai passar por cima, e isto é
inevitável. Vale avaliar bem.
263
264
Sabe o que sabia o maior sábio que já se soube existir
um dia?
Alerta: este capítulo, embora de suma importância, pode produzir uma certa sensação desagradável.
Sabendo disso, perdoe-me desde já. Não posso deixar essa informação de fora.)
Sócrates
“Sonhei que era uma borboleta, e quando acordei, vi que era um homem.
Agora não sei se sou um homem que sonhou ser borboleta, ou se sou uma
borboleta que sonhou ser um homem.” (Chuang Tzu)
265
266
“Só sei que nada sei”, disse o ateniense Sócrates – o
homem mais sábio da História – por volta de quatro séculos
antes do nascimento de Jesus.
Sócrates só sabia que nada sabia, por isso, ele tinha que
chutar. Acabou chutando tão bem que fez sucesso na Copa de
82.
267
Só sei que nadar sei.
268
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O que tem a ver “saber que nada sabe” com a criatividade?
Sejamos sinceros: temos várias certezas em nosso dia a dia.
Temos certeza de que a Terra gira em torno do Sol, certeza de
que vamos morrer, certeza de que o Palmeiras não tem Mundial.
E se alguém disser que alguma dessas informações pode não ser
uma certeza absoluta, com absoluta certeza acharemos que o
coitado é ruim da cabeça. Como você está me achando neste
momento. A-Ha, te peguei.
270
271
As certezas, apesar de aliviarem nossa insegurança em
relação ao mundo, limitam nosso pensamento. Todos tinham
certeza de que o Sol girava em torno da Terra até alguém se
permitir a pensar que poderia ser o contrário. E por pensar
diferente quase morreu. Mas agora todos podemos dizer com
certeza que a Terra gira em torno do Sol. Só que não. Nosso
planeta azul gira em torno do baricentro (centro de massa) do
sistema Sol-Terra. Só que não. Aí entra também a influência
gravitacional dos outros planetas, etc.
274
275
As certezas são as prisões da mente. Alguém que queira libertar
a mente deve se libertar de toda e qualquer certeza, mesmo que
isso possa nos aterrorizar. Se quiser ser um guerreiro para
conseguir sobreviver ao Cabo do Bojador passando você, livre
sua mente das certezas. Use o conceito de probabilidade. É
provável que a Terra gire em torno do Sol. Ou não.
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A morte perde carona.
277
(Quase) Tudo é incerto. Aprenda a aceitar a incerteza como
sendo o grande presente da vida, a liberdade da mente.
FJE
Castañeda).
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Intuição
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281
Assim como eu descobri essa nova funcionalidade, todos
nós temos capacidades desconhecidas. A maioria acaba
escondida na nossa misteriosa intuição.
282
283
Mas cuidado. Muitas vezes a voz do subconsciente se mistura
com os conselhos úteis da intuição. É importante saber de onde
vem este sentimento que quer influenciar na decisão que você
está tomando. Não que o subconsciente sempre esteja errado,
mas este é um conjunto de sentimentos reprimidos que estão
reprimidos por algum motivo, e às vezes eles tentam sair dessa
repressão sabotando você para chamar sua atenção (falou
Siguimundo Freud).
284
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Entrando no fluxo
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287
Esse título é uma mentira.
288
289
Não digo as mentiras que têm perna curta como meu
pinto. Ou seja, quando eu brinco dizendo que meu pau é
pequeno, não é algo que eu tenha que manter, com cuidado, na
memória. Não preciso lembrar de ter mencionado, no livre, que
sou maldotado, ao ir à praia, por exemplo, pois, na praia, corro o
sério risco de alguém ver meu gigante por imprópria natureza,
belo e forte, impávido colosso, na Praia do Futuro, sua grandeza
espelhada pelo elefantinho de sensacional volume transbordante,
acachapante e mesmerizante, protuberante e saliente, em minha
depravada sunga asa-delta vermelha indecente, e me acuse ser
um mentiroso de perna curta e penislongo, um grande picareta,
só mente.
290
Capítulo 2 COMO VIVER CRIATIVAMENTE
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Pense bem enquanto pensa
292
293
Pense como uma criança
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A criatividade é um dom, sim, mas um dom diferente, um
dom democrático, igualitário, um dom que todas as crianças já
nascem com ele. Mas vão perdendo com o tempo.
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Podemos reacender o brilho criativo em nossas almas?
Infelizmente a sua oportunidade já passou.
298
299
O bom humor, a alegria, o desapego ao ego, fazem parte de
ser um bom crianção. A humildade verdadeira – aquela que vem
da percepção de que na verdade nada sabemos.
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301
Alegria é nossa energia
302
Se percebemos algo errado no mundo, devemos mudar
com alegria. Não deixe que a tristeza mande em você.
303
Curiosidade
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305
No segundo, você sente que está perdendo seu tempo
quando poderia estar entrando no fluxo com algum assunto que
você ama. Você se força, tenta convencer o parlamento de que
precisa resolver o problema, mesmo não tendo a ver com seu
propósito. Eu me lembro da tortura de aulas em que eu não
tinha o menor interesse; entramos em uma distorção temporal,
segundos demoram minutos, e minutos, horas. O fogo do
inferno me queimava quando eu tentava prestar atenção nas
orações subordinadas substantivas indiretas adjuntas
comutativas no futuro do pretérito muito-mais-que-imperfeito –
uma verdadeira Tecpix gramatical –, na bacia hidrográfica do
Vale do Bruce Lee, no general Deodoro da Fonseca em suas
guerras, nas capitanias hereditárias do Tratado de Tordesilhas
afetando a produção de goiabada com queijo da região centro-
sul da Serra do Tabagismo Ecumênico de Arquimedes.
306
307
Quanto tempo de vida perdido nos dias mais claros da
minha vida. Ainda que até mesmo o conhecimento inútil um dia
seja útil, quanta coisa deixei de realizar por conta do medieval
sistema de ensino.
308
309
Voltando ao assunto, falei isso aí porque temos que
perceber que vamos ser mais ou menos criativos conforme o
enigma tenha mais ou menos a ver conosco, uma vez que nossa
curiosidade é difícil de ser controlada. Mas tem uma possível
solução. Podemos tentar ver onde podemos perceber uma
semelhança entre aquele assunto e os assuntos que nos
motivam. Após minha formação, linguística, história,
metabolismo mitocondrial dos mesopotâmios, observação de
esquilos e sapateado para valsas passaram a me fascinar. Irônico.
Trágico. Dramático. Polêmico. Pois é. Força, guerreiro. Levante,
que você tem muito caminho pra ser recuperado.
310
311
Errar é errado
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313
Meu exercício de criatividade, de comentar as notícias, foi
criado pensando nas respostas que eu receberia de
desconhecidos em relação ao que eu escrevia. Se alguém
criticava algo que postei, eu não pensava em acerto ou erro,
simplesmente analisava a crítica para extrair dela um
conhecimento maior sobre minha interação com o mundo.
Geralmente esse alguém era só um chato.
314
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Sinto muito
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Perceba o que não percebia, e entenda por que não
percebia.
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Veja que as crianças nascem sem certezas na mente, e olhe
ao redor quantas pessoas têm certezas diferentes das suas.
322
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Humor é coisa séria
Seja um crianção. Brinque como uma criança. Transborde
de alegria, dance na rua se quiser, faça piada boba, trocadilho
ruim.
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Mantenha o hábito de não ter hábitos
326
327
Criando Crianças Criativamente
Filhos, bênçãos da vida do Criador, nossos maiores Mestres do
Amor Absoluto e da Paciência Absoluta!
328
329
Criar os filhos não é, exatamente, uma ciência exata. Mas é uma
sabedoria inata, que, desde antiga data, há no gene do primata.
Geralmente, quando tomo decisões sobre como cuidar de meu
filho, eu sempre penso primeiro em como a natureza, por
intermédio da seleção natural, pode ter nos desenvolvido.
Tento imaginar como os índios fazem no cuidado com suas
crianças. Eu não sei, porque não tenho informação sobre eles,
mas pensar assim ativa em mim o instinto pré-histórico
instituído pela seleção natural em nossa genética, e pela intuição
sou instruído com a melhor maneira de criar esse pedacinho de
mim, evitando lambanças patéticas ou mal-entendidos nos meus
deveres com este tão indefeso ser, que tenho o dever, honra e
extremo prazer (não fui ensinado, a seleção natural me deu esta
vantagem) em cuidar com cuidado, amor e coragem, da minha
linhagem, até não mais precisar.
330
331
Por exemplo: os índios colocam o bebê em um quarto
separado? Posso não conhecer bem os hábitos desses nobres
povos, mas não me parece sensato achar que essa prática ocorra.
Imagine passar a madrugada índio e víndio até o quarto do bebê,
que atribulação do cacique.
“Ah, mas assim a gente perde a privacidade. Como nós vamos
transar se tiver um bebê no nosso quarto?”
Que maldade, que nunca alguém alertou você do que estou
dizendo, certeza verdadeira, preceito perverso: você não se
casou para continuar fazendo safadeza, guerreiro. Ou guerreira.
É conceito diverso, desde a Antiguidade.
Para adaptar o hábito natural de o bebê estar junto aos pais,
coloquei o berço encostado ao lado da nossa cama. Retirei a
parede da gaiola que fica direcionada para a cama, assim ele não
cairia para nenhum lado e a mãe o teria do lado o tempo todo.
Quando Bruno começava a querer chorar, a mãe nem precisava
acordar totalmente, virava de lado e dava de mamar.
Resultado da solução criativa: noites de sono mesmo com bebê
recém-nascido.
332
333
Outras dicas da intuição: leite materno deve ser oferecido por
mais tempo, o tanto quanto for possível. No meu caso tivemos
sorte, e Bruno pôde ser amamentado até incríveis três anos e
meio. O mamalandrinho só saiu porque realmente a mãe
(realmente se esforçou muito para ser uma boa mãe e teve
sucesso) não aguentava mais aquele fofo mosquitão. Resultado:
Bruno ficou muito poucas vezes doente, e todas as vezes que
ficou foi por muito pouco tempo, tanto que a gente nem tinha
termômetro em casa. Não tem alergia (não existia obsessão por
limpeza, tipo: Bruno deixou cair uma comida na calçada do
centro da cidade, pegou e continuou comendo. E foi tudo bem).
Outra coisa: cuidamos do Bruno com calma e serenidade.
Quando acontecia um acidente (pode ir se preparando, serão
muitos), não entrávamos em desespero. Agir assim fez com que
ele confiasse muito nos nossos cuidados. Já vi pais se
desesperando com quedas muito mais inofensivas que as do
meu filho. O filho fica aterrorizado quando isso acontece. Ele
pensa: os adultos que cuidam de mim não se garantem. Não
posso me sentir seguro com eles. Comigo o resultado foi bom
para ele e ruim para mim; ele confia tanto em mim, que se
jogava de cima de um brinquedo e eu que me virasse pra pegar.
334
335
Hoje em dia ele tem o maior respeito por tudo que eu falo. Ele
sabe que é mais importante para mim do que eu mesmo. Ajuda
também o fato de eu só falar a verdade para ele, seja o que for.
E gostei tanto disso, que estendi para tudo em minha vida.
Sempre tenham cuidado com o que vão me perguntar.
Aproveitando que estou metendo o nariz em tudo, proponho a
cada novo pai uma meditação bem rápida, que acredito que
ajude a aumentar o amor no mundo significativamente, melhora
a vida da família e resultará em novos seres humanos mais
felizes.
336
337
Capítulo 3 Exemplos criativos em outras áreas do
conhecimento
338
339
Criptomoedas
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341
ARTCOIN
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343
Muita gente cai nisso. No entanto, é obvio que uma
inflação de 10% ao ano, comparada com a variação
enlouquecida da moeda, não é nada, já que ela pode variar esses
10% pra cima ou para baixo num único dia.
Qual seria o valor? O que é valor? Esta não é uma pergunta que
as pessoas geralmente fazem. Mesmo porque não precisamos ir
a fundo no conceito filosófico de “valor”. Podemos viver nossa
vida, nosso cotidiano, normalmente, sem pensar nisso. Mas a
curiosidade do hipercriativo quer conhecer tudo, e mergulha no
conceito de valor.
Por exemplo, o valor do incenso e da mirra. A mirra eu não
sei nem que porra é essa. O incenso é baratinho.
346
347
Automaticamente entra em cena o método Leonardo
Darwinci, para pensar num valor menos vulgar, pra não dizer
idiota (já disse).
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Mas disse também para eu ser rápido, porque é uma ideia
tão simples, que a qualquer momento alguém também a teria.
350
351
Token de celebridades e fãs
352
353
A hierarquia seguinte teria mais tokens, mas com menos
privilégios, tipo, apenas um alecrim, um pack de cotovelo,
acesso a mim apenas por uma de minhas secretárias peitudas.
E assim vai. Vai, empreendedor. Essa dica é quente.
354
355
Diplomacia
356
Acabo de receber uma ligação (a cobrar) do presidente
eleito. Devo dizer que foi um gesto humilde e cordial que
denota grandeza de alma. Perguntou como estava o clima em
Buenos Aires, e disse que Pelé é melhor que Maradona.
Combinamos um encontro mais formol, até pela nossa idade
357
358
Artes Anais
Alalaô
Ô ô ô, ô ô ô
Contaminô
Ô ô ô, ô ô ô
Fui passear na Praia da Joaquina
359
Peguei coronavírus mesmo usando cloroquina
Vem, jardineira
Vem, meu amor
Não fique triste, seu palpite ela seguiu
Você é terraplanista
Acredita em fake news
Mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero mais ar
Mãe, me prometa
Mãe, me prometa
Mãe, me prometa: se eu morrer, não vá chorar
360
Dorme, filhinho do meu coração
Leva minha alma com você nesse caixão
Sem você não aguento, nem uma semana
Como vou viver, com essa vida desumana
361
Sinal Vermelho (esquete)
362
Mulher:
– Olha, não vou dar nada, não. E vê se para de usar este
bebê para tirar dinheiro dos outros. Não tá vendo que está
fazendo mal a esta criança? Porra, se eu te vir de novo por aqui
eu chamo o juizado de menores. Te manda, bruxa!
O carro arranca, a mãe fica paralisada e murmura:
– Deus te abençoe...
Ela suspira, olha para o filho, seus olhos se enchem de
vida e alegria. Logo essa energia muda. Ela fala cansada:
Mãe:
– Tenho ódio dessas pessoas, ódio! Pessoas que passam
por aqui em seus carros com ar refrigerado, envolvidos com
seus probleminhas, trancados e isolados da imundície das ruas,
bem vestidos, bem alimentados, com uma casa esperando, com
lençóis limpos. Ah, lençóis limpos e perfumados, branquinhos
como aquela nuvem lá no céu, filho, lá longe da gente... Mas
meu ódio desaparece como se o asfalto fervente o evaporasse. E
não sobra mais nada. Só um peso lá no fundo da minha alma,
como que arrastando ela para o fundo escuro da terra... Então
eu te olho e você me puxa pra cima como um anjo de asas me
carregando pro céu. Meu filho, filhinho querido da mãe. Não se
363
preocupe, lindinho. Hoje eu vou conseguir dinheiro pra gente
comprar seus remédios, dormir num hotel, comer um bife,
fortalecer meu leite. Sua mãe vai dar um jeitinho, não se
preocupe... Hum... Que cheirinho é esse...? Vou comprar
também uma fralda descartável limpinha pra você. Não este
trapo imundo. Você vai ver!
Começa a trocar a fralda do bebê por outro pano.
– Ah, como eu te amo, meu filhotinho! Como pode existir
algo mais forte que o amor da mãe pelo filho? Lembra quando
seu coraçãozinho começou a bater aqui na minha barriga? E
você? Você ouvia o meu, filhinho? Ele bateu tanto quando
soube que você ia vir, bateu até mais forte do que o seu pai
batendo em mim. Deus o tenha... É, lindo, nunca tive nada na
minha vida, e Deus me deu você! Tomei um susto quando te vi.
Mas quando eu te peguei em meus braços, eu senti como se eu
tivesse comido um doce, um brigadeiro daqueles bem gostosos,
que tem um caramelo que gruda nos dentes!
Ela ri.
– Aí você começou a mamar no meu peito. Doía. Mas foi
estranho. Soube naquele instante que minha vida era sua, meu
filho. Você indefeso como eu, nós só tínhamos um ao outro,
largados neste mundo esturricado, queimado pelo diabo!
364
A mãe volta para o sinal.
Mãe:
– Uma esmolinha pelo amor de deus, para eu comprar
remédio pro meu filho!
A moça passa pela fresta da janela 1 real, a mãe pega e
volta para a calçada. E ri.
Mãe:
– Viu, filho, viu aquela moça? Ela acha que fez a boa ação
dela, agora a consciência dela tá limpinha, agora ela se considera
uma pessoa boa, que merece tudo de bom, vai direitinho pro
paraíso, sem escalas e em ônibus executivo! Agora ela vai poder
encher a boca pra falar, se for vítima de alguma violência: “Que
injustiça! Por que isso foi acontecer com uma pessoa boa como
eu, que procura sempre ajudar os pobres?”. Ela vai chegar pro
namoradinho e dizer: “Hoje eu ajudei uma mãe a comprar
remédio pro filho doente no sinal. O namorado vai responder:
“Que belo gesto, fulaninha! Você é tão prestativa! Realmente
uma alma muito pura! É por isso que eu te amo, meu
chuchuzinho!”. E eu também te amo, meu totosinho! Eu só
queria que ela perguntasse seu nome... Ah, meu filho querido, já
estou até te vendo no futuro, se formando doutor, alto e forte
como um touro, jogando aquele chapéu quadrado pra cima, que
365
alegria! Você vai seguir um rumo diferente, se Deus quiser, meu
fofo! Vai poder acordar de manhã cedo em sua casinha, tomar
um café da manhã com pão fresco e leite quente com café. E
frutas! Muitas frutas de todas as cores, uma mesa cheia de frutas!
É... Acho que estou com fome! E você... Não quer mamar?
Não? Você não dá trabalho mesmo, minha joia. Sabia que você
é minha joia preciosa? Daquelas bem caras... Não tem nenhuma
pessoa no mundo mais rica do que eu, porque eu tenho a joia
mais valiosa do mundo, sabia?
Breve pausa.
Mãe:
– Que soninho gostoso, não é? Isso me lembra, hoje eu
tive um sonho, nem te contei! Foi um sonho daqueles bonitos,
daqueles que a gente quando acorda fica triste e quer voltar a
dormir para sonhar de novo de onde parou... No sonho a gente
estava no céu, no portão para entrar, aí, chegou a Virgem Maria
para nos receber... Ela olhou nos meus olhos, lá dentro. Sabe,
filho, nunca vi olhos tão doces, tão cheios de compaixão! Dava
uma calma, uma paz... De repente parecia que era eu que estava
olhando pelos olhos da Virgem! Uma coisa tão estranha, eu via
eu e você no meu colo. Me deu uma pena! A gente... Tão
366
magrinhos, sujos, malvestidos, naquele lugar tão lindo, não sei,
só sei dizer
que não combinava...
Breve pausa.
– Deu vontade de perguntar pra Virgem se tinha entrada
pelos fundos para o céu!
Outra pausa.
– A sensação passou e eu tava de novo olhando a Virgem.
Caiu uma lágrima cristalina dos olhos dela! Puxa, eu pensei, a
Virgem sofre. Como pode ela sofrer se ela está no céu? Então
ela fez um sinal e vieram dois querubins. Eles te pegaram com
carinho e levaram para tomar um banho bem gostoso. Como eu
fiquei feliz te vendo sorrindo e brincando com os anjinhos... Ah,
que pena. Não durou muito minha felicidade. Infelizmente eu
acordei neste mundo cão, para mais um dia duro e doloroso.
Mas com você ao meu lado tudo fica mais fácil, não é, filhinho?
Não quer mesmo mamar? Ah, filho. Fique tranquilo, meu
pequeno. Tudo vai melhorar, vou comprar seu remédio.
A mãe dá um longo suspiro. Algo a incomoda.
– E este mau cheiro, que não passa...
367
A Grande Busca: existem verdades inquestionáveis? (teaser
do próximo livro)
368
Meu caro leitor ou leitora. Devo fazer um mea-culpa aqui.
369
livro, surgiu do nada, da intuição, do Toque do Criador, como
um sussurro em meu ouvido:
Será?
370
Você tem certeza absoluta de estar consciente agora, mas
não pode ter certeza absoluta de que eu estou consciente agora.
Posso estar dormindo, anestesiado, posso ser uma simulação, ou
mesmo já ter falecido, quando você estiver lendo estas humildes
palavras.
Existe Consciência.
371
Esta é a primeira das três Verdades Fundamentais e
Absolutas que descobri e serão apresentadas em meu próximo
livro.
Por exemplo:
373
eu me recorde de algum início. E cujo fim é impossível, porque,
para ser percebido como o fim da consciência, a consciência
teria que estar consciente de não estar mais consciente. Uma vez
que percebo a consciência, ou seja, a consciência se percebe, a
consciência se percebe se percebendo, e esta recursividade, por
ser infinita, não tem início nem fim.
374
O uróboro
375
O uróboro, fora dos círculos herméticos, não é bem
compreendido. Seu significado varia de autor para autor.
Existe Consciência.
376
Como este livro não pretende ir fundo nesse tema, todas as
explicações e deduções vou deixar para fazer em meu próximo
livro, mas já vou adiantar aqui as três verdades que descobri:
377
378
(Este sistema é completo, e também consistente, mas não
contradiz os teoremas de Gödel, pois, na verdade, são sistemas
de hierarquia entrelaçada. Consciência existe porque a
Autoconsciência divide a Consciência nela, e em tudo que não é
ela; e o que não é a Consciência é a Consciência sem
Autoconsciência.)
379
Desse modo, acontecerá uma espécie de seleção natural
dos cientistas e a nova base se firmará como o melhor apoio e
ponto de partida para a humanidade avançar muito além do que
podemos imaginar.
380
Paradoxo do gato de Schroedinger observado por
dois observadores à mesma distância da caixa, e
distantes entre si
Quando eu estudava a mecânica quântica, me fascinava o
comportamento estranho das partículas subatômicas, que
exibiam um comportamento de onda antes de serem
observadas, e depois, um comportamento de partícula.
381
Quando a caixa se abrir e um observador vir o estado do gato,
essa definição ocorrerá.
382
Imaginei esta configuração:
Hipótese:lta tecnologia do
Ilustrações do querido Hélio Júnior – link para contato nos agradecimentos.
383
algum. Apenas eu, daqui da Terra, consigo ver, em meu
monitor, a imagem dela, que demorou dez anos para chegar até
mim. A caixa que eu vejo está no passado daquele planeta, os
ETs estariam vivendo o agora dez anos depois daquilo que estou
vendo.
384
Então, veja só: a minha observação do estado vital do gato
efetua o colapso da função de onda probabilística, não só em
um gato vivo ou morto, como também no destino da população
inteira do planeta dez anos depois!
385
Esta conclusão é inédita, prezado leitor. E revolucionária.
Muda toda a física como conhecemos e explica os paradoxos da
mecânica quântica.
386
Porém, também estou vendo o estado vital do gato em
meu presente. Isso significa que, quando a informação chega até
a mim, o evento quântico que estou observando deixa de ser
uma onda probabilística e se torna definido para todo o universo
em que o Francisco é o observando, ao mesmo tempo. Assim
como o ET de 20 anos.
É você.
387
Qualquer evento quântico que ocorre, em qualquer lugar
do universo, é definido agora, pois o observando não tem
presente nem futuro. Só o eterno agora.
388
Capítulo 4 Agradecimentos
https://www.instagram.com/gilsonvictor_oficial/
https://www.instagram.com/helio.gjunior/
389
390
Capítulo 5 Sobre o autor
Este cara sou eu.
391
392
Por causa da profissão do meu pai, domador de camelos e
engenheiro de petróleo, tive a oportunidade de morar no Iraque,
dos 7 aos 10 anos de idade. O Iraque, na época, era um país
muito fechado, e sua cultura milenar não havia sido modificada
por outras culturas de países dominantes. Como eu ainda estava
na fase de construção das bases mentais onde se apoiariam meus
futuros conhecimentos, por estar com 7 anos, absorvi aquela
cultura como o arroz absorve o caldo do feijão, que vai por
cima, percebendo que existem várias maneiras de se entender o
mundo, de entender as pessoas. Além disso, como diversão para
crianças, só havia um desenho animado de três em três dias,
importado da URSS, sobre uma criança que usava a criatividade
para ajudar o pai em sua fazenda.
393
394
O que é estranho causa receio. Assim, eu era excluído das
atividades sociais. Eu não entendia o que eu tinha de errado e
sofria por isso. Mas assim tive mais tempo e incentivo para
entender o mundo.
395
396
Passei um tempo nessa sociedade. E foi muito importante,
porque fiz amigos inteligentíssimos de outras áreas do
conhecimento, de mestre em artes marciais a hipnotizador.
Porém, percebi que a maioria que estava lá não parecia possuir o
que hoje eu entendo como inteligência. Isso me fez entender
que o teste selecionava as pessoas capazes de perceber padrões
em formas simples. Mas... E quanto a compreender padrões em
ideias complexas, como na arte, nas relações humanas, no
comportamento da sociedade, em todo ramo de conhecimento?
As poucas amizades que preservei do meu período lá têm essas
características, mas a maioria não.
397
398
Um dia me recomendaram um grupo no Facebook voltado
para publicitários e profissionais do marketing, e que funcionava
como um jogo. Eles postavam uma imagem fora do comum, e
nos comentários, os jogadores postavam um título para ela. O
título mais curtido seria o vencedor e o ganhador teria seu nome
postado sobre a foto com o título dele. Era um jogo de
criatividade. Eu genuinamente achava que não tinha como
competir com profissionais do ramo, mas era divertido, e
comecei a participar.
Exemplo:
que as relacionava.
403
404
De tanto criar comentários que as pessoas também tinham
como interessantes, vi que comecei a ser percebido como
detentor de uma capacidade criativa acima do normal. Acabei
até concedendo entrevistas para vários meios de comunicação
conhecidos em virtude dessa repercussão.
405
406
Prefácio
Francisco.
407
Apêndice
408
Na noite do meu aniversário ouvi a voz de Mefisto, no
escuro.
409
Aconteceu alguma coisa que não me lembro.
Espelhou
O céu.
411
Não criei essa história, ela apenas apareceu na minha
mente, no pior momento da catástrofe que passei.
412
Vou fazer uma lobotomia e arrancar você do meu cérebro.
No lugar vou encher de mirra, seja lá o que for essa porra, deve
ser melhor que você!
(Cuidado, se você errar vai acabar vendo uma tez da manhã vermelha
viu? Dá aqui um abraço.)
Sai daqui.
(Não saio.)
Sai sim.
Não quero.
(Quer sim.)
Livre!
(Livre!)
...
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