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1 - Introdução
Na natureza, a evolução dos organismos e das formas, nos mostra exemplos de resultados ótimos onde podemos
perceber sistemas de adequação ideal e dispêndio energético mínimo.
Desde os simples seres vivos unicelulares até os multi-complexos seres humanos, nota-se a marcante presença de
um “criador divino” ou “promotor da ordem máxima” ou ainda, o “otimizador transcendental”, que nós, por não
compreendê-lo, o denominamos de “deus”.
Exatamente pela impossibilidade de reproduzir a “obra divina” é que o homem, desde seus primórdios, passou a
aplicar ou copiar exemplos da natureza no seu cotidiano. Assim, surgiram as primeiras pontes suspensas com a
utilização de cordas de cipó entrançadas; a primeira tenda feita com peles de animais, e as primeiras colunas e vigas
arqueadas a partir de blocos esculpidas da rocha natural, etc.
Assim, com o passar dos tempos, a arte construtiva, antes uma só ciência, foi subdivida em engenharia e
arquitetura, hoje duas especialidades distintas, porém com o mesmo fim: a busca do sistema construtivo ideal
Modernamente, embora as primeiras pontes suspensas em cabo de aço já existissem por volta de 1930/1940, os
primeiros estudos científicos e as primeiras obras de coberturas usando-se elementos tensionados (cabo de aço) só
começaram a florescer a partir da década de 50 em diante.
Incentivado por um projeto do arquiteto Mattew Nowicki, o pavilhão de esportes de Raleigh, na Carolina do Norte,
EUA, iniciado em 1950 e terminado em 1953, o alemão Frei Otto, recém formado em arquitetura, iniciou seus
estudos de doutorado na pesquisa e desenvolvimento de soluções inusitadas de coberturas de grandes vãos
utilizando este novo tipo estrutural – o cabo de aço tensionado como elemento portante.
Mais tarde, associado a um engenheiro chamado Peter Stromeyer, iniciou suas primeiras obras, na forma de tendas,
cuja construtividade era mais simples. Desde então, sua obra tem tido lugar de destaque nas principais feiras e
eventos internacionais.
Em vários países do mundo, aeroportos, pavilhões de shows, quadras de esportes, e outros prédios, têm se utilizado
esse eficiente e elegante sistema de cobertura.
Como exemplos clássicos da aplicação de estruturas tensionadas em coberturas, entre outras, citamos: o estádio
olímpico de Berlin, 1970, e o parque olímpico de Munich ambos na Alemanha; o Aeroporto Internacional de Denver,
Colorado nos EUA e o Aeroporto Internacional de Jeddah na Arábia Saudita.
O próprio Frei Otto, associado a outro arquiteto, Rolt Gutbrod, foi vencedor em concurso para o pavilhão alemão na
EXPO 68 em Montreal, apresentando como solução de cobertura, este tipo de tecido.
3.1 – Características
Sistemas de membranas tensionadas, são hoje a forma mais leve de se prover arquitetonicamente uma cobertura ou
fechamento de uma edificação. Suas propriedades de alta resistência às tensões de tração ressaltam facilmente a
possibilidade de sua aplicação para a cobertura de grandes vãos, com o mínimo dispêndio de material.
A fabricação do tecido que compõe a membrana é feita em grandes painéis cujas dimensões são limitadas tão
somente pelo tamanho da unidade fabril que os produz, ou pela estratégia de montagem em campo. Por não terem
a rigidez à flexão, estes podem ser dobrados e transportados facilmente.
3.2 – Material
Existem hoje duas famílias de tecidos de alta resistência, que são utilizadas na confecção de coberturas tensionadas.
São elas:
a) A membrana de poliéster revestida com PVC, com garantia na faixa dos 15 anos com uma durabilidade estimada
entre 25 e 30 anos. Este é um tecido com boa flexibilidade, quanto às formas geométricas, e de menor custo
unitário. Existem vários níveis de qualidade nas membranas PVC, algumas com durabilidade bem menor. As
membranas PVC com acabamento PVDF (podem ser apresentadas como PVC / PVDF) têm durabilidade superior.
b) A membrana de fibra de vidro revestida com PTFE (teflon), com durabilidade mínima também de 25 anos e é um
material bem mais caro que o PVC. A durabilidade das membranas de PTFE, segundo os fabricantes, vai de 30 a 35
anos. Cada família de membrana têm referências que variam de gramatura e de resistência para atender a todos os
tipos de projetos: grandes e pequenos, com mais ou menos tensão aplicada ao material. As membranas de PVC não
são menos resistentes que as membranas de PTFE. Podem e são utilizadas em projetos de grandes dimensões,
cobrindo grandes vãos, característica comum às duas famílias de membranas.
Ambos os materiais são impermeáveis e antiestáticos evitando o acúmulo de umidade e poeira. As sujeiras ficam na
superfície das membranas e são mais fáceis de remover. As membranas também têm tratamento anti UV, antimofo e
anti capilaridade. São autoextinguíveis.
As membranas de PTFE são menos sensíveis à sujeira e mantém o tom de branco por mais tempo que as
membranas de PVC. Já nas membranas de PVC, os produtos são protegidos das agressões exteriores graças a um
tratamento de PVDF (solução fluoretada anti-aderência) em ambos os lados, que impede que a umidade e a poeira
penetrem no material. Elas também devem ser limpas para manter uma boa aparência. No caso das membranas
PVDF, essa manutenção é menos frequente e muito mais fácil, mas deve existir. A chuva pode ajudar mas não
substitui as limpezas.
3.3 – Resistência ao Fogo
Os tecidos sintéticos utilizados na fabricação de membranas tensionadas não propagam as chamas, são auto-
extinguíveis e não “pingam” se submetidos ao fogo. Enquadram-se no código europeu de resistência aos incêndios, e
tem a aprovação para sua utilização em qualquer tipo de edificação.
Os primeiros cálculos da geometria e dos esforços eram executados por meios de aproximações interativas, por
processos semi-automatizados, em grandes e “pesados” computadores disponibilizados somente para centros de
pesquisa de universidades ou grandes empresas, tornando a aplicação destes tipos estruturais difícil e dispendiosa.
3.5 – Fabricação
O mesmo sistema computacional, após ter gerado os resultados das informações geométricas, é integralmente
utilizado para o procedimento de planejamento e otimização da fabricação e corte do tecido.
Este é divido em grandes faixas que são posteriormente tecidas e costuradas entre si por processos de selagem
especial.
3.6 – Montagem
A montagem de estruturas em membrana, é bastante simples, requerendo porém, mão de obra bastante
especializada.
Áreas da ordem de 2.000 a 3.000m2 podem ser montadas em menos de 2 semanas, dependendo do tipo de suportes
projetados.
O equilíbrio da tensoestrutura, se dá com o esticamento ou tensionamento passo a passo dos cabos de estaiamento
e do tecido, em contraponto à compressão dos mastros, únicos elementos a resistirem a esse tipo de esforço, até
que o conjunto alcance a forma final para a qual a cobertura foi concebida.
3.7 – Vantagens
As coberturas tensionadas em tecidos, apresentam grandes vantagens em comparação com outros sistemas mais
convencionais:
Colaboração: Engenheiro Paulo André Brasil Barroso - Eng. Civil Consultor e projetista de estruturas metálicas desde
1975.
Data de publicação: 16/11/2009